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Do Pluralismo Religioso Ao Princípio Pluralista
Do Pluralismo Religioso Ao Princípio Pluralista
Do Pluralismo Religioso Ao Princípio Pluralista
Resumo: O estudo trata-se de uma revisão bibliográfica que pretende refletir sobre o
Pluralismo Religioso defendido por Peter Berger, bem como, as origens, bases
conceituais e aplicações do Princípio Pluralista proposto por Cláudio Ribeiro. O exame
evidencia que a temática é muito debatida e passou a ser uma preocupação de vários
estudiosos, além de ser abordado em vários campos do saber, o pluralismo religioso
ganhou destaque no campo de estudos da(s) Ciência(s) da(s) Religião(ões) e na
Teologia. Ambos os autores buscam, em diferentes caminhos, problematizar a
pluralidade religiosa presente no globo. Berger, o sociólogo, lança mão do paradigma
do pluralismo religioso para explicar as mudanças ocasionadas pela modernidade no
tocante a religião. Ribeiro, o teólogo, propõe como método hermenêutico de análise
teológica dessa realidade plural e religiosa o Princípio Pluralista.
Abstract: The study is a bibliographical review that intends to reflect on the Religious
Pluralism defended by Peter Berger, as well as the origins, conceptual bases and
applications of the Pluralist Principle proposed by Cláudio Ribeiro. The examination
shows that the subject is much debated and has become a concern of several scholars, in
addition to being addressed in various fields of knowledge, religious pluralism has
gained prominence in the field of studies of the Science(s) of Religion(s) and Theology.
Both authors seek, in different ways, to problematize the religious plurality present on
the globe. Berger, the sociologist, uses the paradigm of religious pluralism to explain
the changes brought about by modernity in terms of religion. Ribeiro, the theologian,
proposes as a hermeneutic method of theological analysis of this plural and religious
reality the Pluralist Principle.
Introdução
1
Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião – PPCIR/UFJF. Juiz de Fora - MG.
E-mail: ernanineto.psi@gmail.com
Apesar de poder ser abordado por via de múltiplos registros - não raro,
com lógicas argumentativas cruzadas - é, como se disse, no plano da
abordagem política que o pluralismo se encontra mais desenvolvido e
sistematizado, o que substancialmente se explica pelo facto desta
noção - que é também cultural, religiosa, étnica, moral - se encontrar
ancorada nos princípios intrínsecos à democracia.[...] Em
consequência disso, foi no campo da ciência política que se
efectuaram as primeiras aproximações científicas. No registo
científico encontra-se ainda o termo pluralismo, no âmbito da
discussão epistemológica dos anos setenta. Por essa data, passa a usar-
se a expressão "pluralismo metodológico" para dar conta da situação
competitiva entre teorias epistemológicas e paradigmas que competem
pela primazia numa determinada ciência, neste caso a sociologia.
(VILAÇA, 2003, p. 22-23)
As escolhas são uma temática chave na teoria do estudioso. Ele acreditava que
consolidadas pelas estruturas dos sistemas capitalistas, áreas diversas da vida que eram
tidas como verdadeiras e estavam fadadas, agora se tornaram uma arena de escolhas
quase que infinitas. Como efeito, sustentou que o pluralismo relativiza e com isso
enfraquece muitas das certezas com as quais os seres humanos costumavam viver. Posto
de maneira diferente, a certeza se torna uma mercadoria escassa (BERGER, 2017).
Pensando o pluralismo religioso, Oliveira (2012, p. 15) descreve que “o momento
era de um contexto social totalmente novo, em que o processo de secularização, ao
Um campo que não se absteve das discussões sobre a temática do pluralismo foi
o da Teologia. No Brasil, destacam-se nesse campo de discussão: Faustino Teixeira;
Cláudio Ribeiro; Gilbraz Aragão; Roberlei Panasiewicz; Giovani Catenaci, entre outros.
Teixeira (2005) narra que houve um crescimento no número de teólogos no Brasil e na
América Latina que defendem as noções de pluralismo religioso proposto por Claude
Geffré. O autor explica que essa posição teológica se manifesta contra uma tendência
até então dominante de considerar o pluralismo religioso como um dado conjuntural
passageiro, que estava fadado a fim em uma única tradição religiosa tida como
verdadeira, o cristianismo.
Teixeira (2012) argumenta que a teologia das religiões ou do pluralismo
religioso se constitui um novo campo de estudos no qual seu estatuto epistemológico vai
sendo definido progressivamente. Trata-se de um fenômeno típico da modernidade
plural que provoca a crise das estruturas fechadas e convoca a sistemas abertos de
conhecimento. Dentre os vários fatores que contribuíram para a sua emergência ele
destaca: a comunicação e interdependência crescente entre vários povos e culturas; a
consciência mais viva da pluralidade de religiões; a relação de proximidade inédita do
cristianismo com outras religiões, favorecida pelo avanço das comunicações nos últimos
tempos; o crescente dinamismo de certas tradições religiosas e seu poder de atração e
inspiração no ocidente; a nova consciência e sensibilidade em face dos valores
Assim, o pluralismo religioso passou a ser usado não apenas como um conceito
que traduz a realidade plural e religiosa contemporânea, mas também como um
paradigma, uma forma de leitura para a situação religiosa do mundo moderno e
globalizado. O paradigma do pluralismo religioso é uma forma de traduzir a realidade
social ilustrando a dinâmica religiosa. Todavia, é preciso considerar que para além dessa
realidade era necessária a formulação de um método de compreensão, um instrumento
de análise dessa mesma realidade.
Podemos observar que o princípio pluralista ainda está em construção. Isto pode
ser verificado no desenvolvimento de sua obra. Desde sua primeira menção até os dias
atuais, observa-se uma constante produção, haja vista a significativa bibliografia que lhe
constitui: artigos, relatórios, dossiês, livros, e produções diversas que sustentam tais
ideias. Vejamos algumas delas a seguir.
Em conformidade com Ribeiro (2020b, 2020c, 2021a), a formulação deste
princípio se deu em variados ambientes acadêmicos em que ele esteve inserido, contudo
encontrou força no Grupo de Trabalho “Espiritualidades contemporâneas, pluralidade
religiosa e diálogo”, da ANPTECRE/SOTER, liderado por ele e pelos professores
Gilbraz Aragão (UNICAP), Roberlei Panasiewicz (PUC-Minas).
Em Como cheguei à formulação do princípio pluralista, Ribeiro (2021a)
descreve que a expressão “princípio pluralista” foi usada pela primeira vez em uma
conferência no Programa de Pós-Graduação em Teologia, da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, PUC-SP, realizada no dia 17 de agosto de 2017, cujo tema foi
“Pluralismo Religioso na América Latina”. O autor conta que após a conferência, o
Programa da PUC teve a gentiliza de publicar o texto em sua Revista de Cultura
Teológica, intitulado “O princípio pluralista: bases teóricas, conceituais e possibilidades
de aplicação” (2017a). No mesmo ano, o Instituto Humanitas Unisinos publicou em
seus Cadernos Teologia Pública, com o título “O princípio pluralista” (2017b), neste
segundo, um aprofundamento maior do texto inicial, o qual teve boa circulação e
aceitação em alguns setores dos estudos de religião (RIBEIRO, 2021a).
No ano de 2020, Claudio Ribeiro publica o Dicionário do Pluralismo Religioso.
Nesta obra, o autor apresenta vários verbetes produzidos por pesquisadores do meio
acadêmico e religioso brasileiro. Esses verbetes estão recheados de sínteses, descrições,
análises e perspectivas acerca do pluralismo religioso brasileiro e da nossa diversidade
religiosa. Na obra, Ribeiro (2020a) ainda relata que a elaboração do princípio pluralista
é resultado de duas décadas de pesquisas sobre temas ecumênicos em chave teológica
latino-americana e de análises da realidade de pluralidade religiosa que marca o tempo
atual.
2
Aula ministrada na disciplina Temas de Religião I (O princípio pluralista e o quadro religioso no Brasil)
no Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora, em
julho de 2021.
Considerações Finais
Referências bibliográficas
A BÍBLIA. Atos dos Apóstolos. Tradução em português da vulgata Latina por Pe.
Antônio Pereira de Figueiredo. São Paulo: DDI, 2010. 892 p. Velho Testamento e Novo
Testamento. 2010.