1) O documento discute distúrbios da hemostasia, com foco em plaquetopenias. 2) As principais causas de plaquetopenia incluem pseudoplaquetopenia, transfusão, sequestro e destruição plaquetária. 3) A Púrpura Trombocitopênica Idiopática (PTI) é a causa mais comum de distúrbio plaquetário, podendo ser adquirida após infecção ou de forma idiopática.
1) O documento discute distúrbios da hemostasia, com foco em plaquetopenias. 2) As principais causas de plaquetopenia incluem pseudoplaquetopenia, transfusão, sequestro e destruição plaquetária. 3) A Púrpura Trombocitopênica Idiopática (PTI) é a causa mais comum de distúrbio plaquetário, podendo ser adquirida após infecção ou de forma idiopática.
1) O documento discute distúrbios da hemostasia, com foco em plaquetopenias. 2) As principais causas de plaquetopenia incluem pseudoplaquetopenia, transfusão, sequestro e destruição plaquetária. 3) A Púrpura Trombocitopênica Idiopática (PTI) é a causa mais comum de distúrbio plaquetário, podendo ser adquirida após infecção ou de forma idiopática.
1) O documento discute distúrbios da hemostasia, com foco em plaquetopenias. 2) As principais causas de plaquetopenia incluem pseudoplaquetopenia, transfusão, sequestro e destruição plaquetária. 3) A Púrpura Trombocitopênica Idiopática (PTI) é a causa mais comum de distúrbio plaquetário, podendo ser adquirida após infecção ou de forma idiopática.
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REVISÃO DE HEMATOLOGIA - N2
➔ Introdução aos distúrbios da
hemostasia
Quando se tem um paciente localizado geralmente a causa é
com sangramento, deve-se pensar em uma alteração no vaso sanguíneo, 3 motivos para isso estar acontecendo: enquanto que sangramento local problema vascular, problema associado a hematomas, equimoses plaquetário ou problema na ou outros sinais de sangramento coagulação. Quando o sangramento é sistêmico, a causa pode ser uma devido a uma alteração plaquetária, os alteração plaquetária ou da sinais e sintomas mais frequentes são: coagulação). gengivorragia, epistaxe, menorragia, Os exames utilizados como hematúria, petéquias e equimoses, ou provas de hemostasia são: seja, predomina na pele e nas mucosas - Contagem plaquetária: (outra característica é a persistência do indivíduos com número de sangramento após cortes superficiais, plaquetas < 50.000 estão após extração dentária etc). Quando o sujeitos a um alto risco de sangramento é devido a uma sangramento. Se houver uma coagulopatia, os sinais e sintomas mais trombocitopenia significativa frequentes são: hemartrose, (< 50.000) com TAP/INR e hematomas musculares, TTPa normal, as principais retroperitoneais ou em órgãos internos, hipóteses diagnósticas são: ou seja, predomina nos órgãos e PTI, PTT, SHU, anemia tecidos internos. aplásica, leucemia, Todas as vezes que um hiperesplenismo etc. paciente sangra, é necessário - TTPa: está alargado nas questioná-lo sobre 5 situações: coagulopatias da via intrínseca. passado cirúrgico; história pessoal; Se apenas o TTPa estiver história familiar; uso de medicamentos alterado, as principais (AAS - altera as plaquetas hipóteses diagnósticas são: qualitativamente -, heparina, marevan); uso de heparina ou de local de sangramento (sangramento anticorpo anti-fator VIII (causas adquiridas); Willebrand. hemofilias e doença de Von OBS1: se o TAP/INR e o TTPa Willebrand (causas estiverem alterados, o INR “puxa” o congênitas). Pacientes que resultado, logo, deve-se pensar nas fazem uso de heparina devem causas que alteram o INR. manter o TTPa entre 2 e 3 (se OBS2: CIVD cursa com TAP/INR for realizar alguma cirurgia, alterado e plaquetopenia. deve-se suspendê-lo 6 horas OBS3: exames de coagulação antes). normais não excluem coagulopatias. - TAP/INR: está elevado nas coagulopatias da via extrínseca. ➔ Plaquetopenias Se apenas o TAP/INR estiver alterado, as principais Todas as vezes que um hipóteses diagnósticas são: paciente sangra, é necessário uso de marevan, deficiência questioná-lo sobre 5 situações: de vitamina K, problemas no passado cirúrgico; história pessoal; fígado, CIVD (causas história familiar; uso de medicamentos adquiridas); deficiência de (AAS - altera as plaquetas fatores II, VI, IX e X (causas qualitativamente -, heparina, marevan); congênitas). Pacientes que local de sangramento (sangramento fazem uso de marevan devem localizado geralmente a causa é uma manter o INR em torno de 2 a alteração no vaso sanguíneo, enquanto 3 (se for realizar alguma cirurgia, que sangramento local associado a deve-se suspendê-lo 5 dias hematomas, equimoses ou outros antes e substituir por heparina). sinais de sangramento sistêmico a - Tempo de sangramento: só causa pode ser uma alteração pode ser realizado em plaquetária ou da coagulação). pacientes com contagem de Quando se fala em causas de plaquetas > 50.000. Se o sangramentos provenientes das paciente apresentar tempo de plaquetas, deve-se pensar em 2 sangramento e TTPa alterados, alterações: quantitativas e com TAP/INR e plaquetas qualitativas. Os valores normais de normais, a principal hipótese plaquetas são entre 150.000 e diagnóstica é a doença de Von 450.000. Abaixo de 150.00 considera- paciente se apresentará com se como estado de plaquetopenia, esplenomegalia. As principais porém ocorre risco de sangramento causas para isso são: processos quando as plaquetas estão abaixo de infecciosos, processos 50.000. reumatológicos (inflamação), O sangramento de causa congestão (problema plaquetária geralmente é agudo e de hepático crônico levando a aspecto sistêmico, em que o uma congestão no baço), paciente cursa com petéquias, doenças malignas (câncer de equimoses, sendo normalmente um fígado colédoco, pâncreas), sangramento que não para. Os anemias hemolíticas exames que costumam ser (falciforme, esferocitose, utilizados para auxiliar no doença do G6PD), doenças de diagnóstico são: hemograma (para depósito (ex: avaliar a contagem de plaquetas), mucopolissacaridoses, doenças tempo de sangramento (está de Gaucher). contraindicado em plaquetopenias - Diminuição da produção: o graves), TAP/INR e TTPa (estes problema está na medula. últimos são utilizados para Geralmente o paciente se descartar alterações da apresentará com bi ou coagulação). pancitopenia. As principais Sempre que o paciente se causas para isso são: apresentar com plaquetopenia, deficiência de B12, deve-se investigar 5 causas aplasia/álcool/drogas, principais: quimio/radioterapia, - Pseudoplaquetopenia: o infiltração/leucose, infecção paciente irá se apresentar com viral (parvovírus, varicela), plaquetopenia, porém ele é causas congênitas (nesse assintomático. caso, só a série plaquetária - Transfusão: o paciente que está alterada), síndrome repõe hemácias sem repor mielodisplásica. Vale plaquetas apresentará uma ressaltar que pacientes com plaquetopenia dilucional. bi ou pancitopenia e SEM - Sequestro: geralmente o causa definida para isso é mandatório realizar um compensar essa perda acelerada. mielograma. Em até 65% dos casos de PTI - Destruição: nesta situação o infantil, a trombocitopenia ocorre 1- paciente destruirá suas 4 semanas após uma infecção viral plaquetas por algum motivo, respiratória ou exantemática e, sendo as causas para isso as menos comumente, após a vacinação. mais diversas, como: Embora plaquetometrias inferiores a PTT/SHU/CIVD, autoimune, 20.000/mm3 sejam encontradas com induzida por heparina (o frequência, manifestações paciente ao invés de hemorrágicas graves NÃO SÃO anticoagular tem uma comuns na PTI infantil. No adulto, o resposta imune que o faz início da PTI é insidioso e uma coagular e consumir história de sintomas hemorrágicos plaquetas), IAM, PTI (é a causa de gravidade variável geralmente é mais comum de distúrbio relatada, mas de forma geral não há plaquetário), drogas, antecedentes de infecção e não colagenoses/vasculites, costuma haver esplenomegalia. Os infecções virais (HIV, sinais hemorrágicos mais comuns hepatites, CMV, EBC, dengue são as petéquias. O diagnóstico de etc), leucoses, circulação PTI é essencialmente de exclusão, extracorpórea, síndrome devendo ser considerado em HELLP. pacientes com trombocitopenia, Na púrpura trombocitopênica geralmente inferior a 50.000/mm3, e: idiopática (PTI), as plaquetas são esfregaço periférico demonstrando destruídas prematuramente devido à número reduzido de plaquetas, existência de autoanticorpos que se ausência de esquizócitos, blastos ou ligam à superfície de suas qualquer outro achado que aponte para membranas. Ou seja, na presença outra etiologia da trombocitopenia; desses autoanticorpos a vida média ausência de causas secundárias de das plaquetas passa de 7-10 dias para PTI (drogas, HIV, LES, LLC). Por tal somente algumas horas. Como motivo, diz-se que o diagnóstico de PTI consequência, ocorre uma deve ser cogitado no paciente que expansão megacariocítica na apresenta “plaquetopenia e mais medula óssea na tentativa de nada”. O tratamento da PTI é feito com corticoides; a transfusão de ristocetina, porém agrega com o fator plaquetas está reservada apenas de VW), síndrome de Bernard Soulier para os casos em que há hemorragia (não agrega com ristocetina nem com o grave/risco de morte. fator de VW), trombastenia Sempre que o paciente estiver Glanzmann (agrega com ristocetina, sangrando porém estiver com todos mas não agrega com adrenalina, ADP os exames complementares e colágeno), doença pool plaquetário normais, é necessário pensar em (não agrega ou agrega pouco com algumas causas específicas para ristocetina). isso: - Deficiência de fator XIII e ➔ Coagulopatias doença de Von Willebrand: Todas as vezes que um geralmente o paciente tem paciente sangra, é necessário hematomas ou hemartrose questioná-lo sobre 5 situações: associadas. passado cirúrgico; história pessoal; - Alteração vascular. história familiar; uso de medicamentos - Desordens fibrinolíticas. (AAS - altera as plaquetas - Desordem de função qualitativamente -, heparina, marevan); plaquetária. local de sangramento (sangramento O paciente que apresenta localizado geralmente a causa é uma desordem de função plaquetária alteração no vaso sanguíneo, enquanto geralmente apresenta que sangramento local associado a macroplaquetas ao esfregaço hematomas, equimoses ou outros sanguíneo. As principais causas sinais de sangramento sistêmico a adquiridas para isso são: uremia (o causa pode ser uma alteração fator de VW não consegue se ligar à plaquetária ou da coagulação). Os proteína GP1B, logo, não adianta dar exames que costumam ser utilizados plaqueta, tem que fazer diálise), para auxiliar no diagnóstico são: hepatopatia, CEC, doença hemograma (para avaliar a contagem mieloproliferativa, AAS (inibe a de plaquetas), tempo de sangramento função das plaquetas), enquanto que (está contraindicado em as principais causas congênitas plaquetopenias graves), TAP/INR e para isso são: doença de Von TTPa. Willebrand (não agrega com Sempre que o paciente se já aplicou o fator em casa?; em apresentar com TTPa alterado deve- seguida, a conduta vai variar se avaliar se é uma causa congênita conforme o grau de sangramento e o (hemofilias e DVW) ou adquirida tipo de hemofilia: (uso de heparina, de anticorpos - Sangramento leve/moderado: antifosfolípide e anticardiolipina). se for hemofilia A faz 20 U/kg Pacientes com hemofilia e doença de fator VIII e se for hemofilia de Von Willebrand (DVW) cursam B faz 40 U/kg de fator IX. com TTPa alterado e TAP/INR e - Sangramento grave: se for plaquetas normais. hemofilia A faz 50 U/kg de Geralmente as hemofilias são fator VIII e se for hemofilia B diagnosticadas ao nascimento, então faz 100 U/kg de fator IX. quando o paciente chega procurando OBS1: paciente hemofílico com dor atendimento ele já sabe que é abdominal em FID, febre e vômito a hemofílico. As hemofilias podem ser primeira hipótese a se pensar não é classificadas em leve, moderada e apendicite e sim hematoma do grave, porém o sangramento do músculo psoas. Essa hipótese deve paciente hemofílico também pode ser investigada com o uso do ser classificado em leve/moderado ultrassom (tem que pedir ao médico (hemartrose, epistaxe, hematúria, para fazer uma avaliação do psoas); hematoma, ou seja, são caso haja dúvida no ultrassom, pode- sangramentos em que não há risco se fazer uma TC. de vida) e grave (hematoma de OBS2: quando um paciente psoas, TCE, síndrome hemofílico vai passar por uma compartimental, hematoma de cirurgia é necessário que ele receba pescoço ou assoalho da língua, o fator imediatamente antes de cirurgias, sangramento iniciar a cirurgia, pois a cada hora gastrointestinal, sangramento que passa o fator vai se degradando. dentário, ou seja, são sangramentos Após o retorno da cirurgia, deve-se em que há risco de vida). Quando o fazer metade da dose de 08/08 horas paciente hemofílico se apresenta ao por 3 dias e do 4º ao 7º dia faz-se PS com sangramento é necessário apenas 1 vez ao dia. fazer as seguintes perguntas: qual OBS3: o tratamento profilático das seu tipo de hemofilia? tem inibidor? hemofilias consiste no uso do fator na dose de 25-50 U/kg de 2 a 3 vezes por a profilaxia com o fator VIII:C na semana. Isso diminui as quantidades dose de 20-40 U/kg de 2 a 3 vezes por de sangramento. semana. Na suspeita de DVW é Sempre que o paciente se necessário dosar fator VIII e fator de apresentar com TAP/INR alterado VW, pois nessa doença haverá deve-se avaliar se é uma causa redução desses dois fatores, adquirida (uso de marevan, enquanto que na hemofilia A ocorre deficiência de vitamina K, problemas redução apenas do fator VIII e na no fígado e CIVD) ou congênita hemofilia B não ocorre redução de (deficiência de fatores II, VII, IX e X). nenhum dos dois, já que quem está Pacientes em uso de marevan, reduzido nesse caso é o fator IX. deficiência de vitamina K ou com Quando se tem um paciente com problemas no fígado cursam com fator VIII baixo e com sangramento TAP/INR alterado e TTPa e plaquetas de mucosas deve-se pensar em normais. A coagulação intravascular DVW, pois nessa doença há um disseminada (CIVD) cursa com problema na adesão plaquetária, o consumo de plaquetas, gerando que leva ao aparecimento de plaquetopenia, e TAP/INR alterado, sangramento de mucosas e podendo também alterar o TTPa. As petéquias. O tratamento consiste na principais causas de CIVD são: administração do fator VIII:C e a infecções, complicações dose vai variar conforme o quadro: obstétricas, grandes queimados, nos casos de cirurgia ou câncer, hipóxia, TEP, IAM, acidente sangramento grave, a dose é de 50 ofídico, hemólise intravascular. U/kg (manter de 80/100 U/dL por 2 dias Paciente com TAP/INR e/ou e após isso manter 50 U/dL por 5-7 TTPa alterado só precisa de dias); nos casos de cirurgia cesária tratamento caso apresente sintomas ou dentária, a dose é de 30 U/kg relacionados a essa deficiência, ou (manter 30 U/dL por 5-7 dias); nos seja, sangramento. O tratamento casos de sangramento espontâneo, pode ser feito por meio da raquianestesia ou parto normal, a administração de: dose é de 20/40 U/kg em dose única; - Plasma sanguíneo: pode ser nos casos de sangramento feito de 06/06h enquanto estiver importante repetitivo, deve-se fazer sangrando, na dose de 10 mL/kg. redução/inibição da apoptose para - Crioprecipitado: é usado para ele não morrer facilmente ou pacientes com deficiência de estímulo de crescimento muito alto e fibrinogênio, com CIVD e o clone mutado tem que ter uma fibrinogênio baixo ou para alteração no amadurecimento ou na deficiência do fator VIII ou fator função celular. Geralmente nas de VW caso estes fatores leucemias agudas o clone mutado liofilizados estejam quase não terá amadurecimento e na indisponíveis. leucemia crônica ele terá algum grau - Anti-fibrinolítico (transamin). maior de amadurecimento, porém - Complexos pró-trombóticos. com menor função. - Fator VII, se deficiência; fator As células-tronco se dividem I, se deficiência; fator VIII, se na série mieloide e linfoide, que são deficiência. justamente os setores onde há a ocorrência de leucemias. O que ➔ Leucemias caracteriza as leucemias como agudas As mutações pontuais ou é o acúmulo de progenitores de anormalidades cromossômicas (perda, linhagem linfoide ou mieloide, células duplicação, recombinação, etc) podem que recebem a denominação de promover redução de genes blastos (blasto = célula jovem). As supressores tumorais e/ou aumento da leucemias crônicas, em contrapartida, expressão oncogênica, assim, essas são caracterizadas pelo acúmulo de mutações podem gerar perda da células maduras ou quase maduras de inibição do crescimento e/ou apoptose linhagem linfoide ou mieloide; essas celular e/ou estímulo à divisão celular, células podem ser derivadas de clones levando a uma interrupção da neoplásicos mais jovens que seguiram diferenciação e/ou maturação celular. o processo normal de maturação. Dependendo da velocidade do Quando se tem uma leucocitose crescimento dessas mutações, têm-se muito intensa (acima de 20.000) as chamadas leucemias agudas associada com anemia ou (crescimento rápido) e leucemias plaquetopenia (leucemia aguda) ou crônicas (crescimento lento). Então o trombocitose (leucemia crônica), clone mutado tem que ter uma hepato ou espleno ou adenomegalias e sintomas de febre, fadiga e perda de peso (sem causa é a mesma da anemia aplásica, sendo aparente), tem que se pensar em este o diagnóstico diferencial mais causas específicas e investigar mais importante, principalmente quando não detalhadamente. Se o paciente tiver houver leucocitose no hemograma. A essas alterações com a presença de febre pode ser decorrente de dois células jovens no hemograma, tem mecanismos: neutropenia ou disfunção que se pensar na possibilidade de neutrofílica, que favorece infecções leucemias agudas ou crônicas. Se o bacterianas e fúngicas sistêmicas paciente tiver a presença de linfócitos (mecanismo mais comum); febre atípicos, deve-se pensar em Epstein- neoplásica, consequente à rápida barr, CMV ou HIV). Se o paciente tiver proliferação clonal. A mais de 50% de linfócitos no hepatoesplenomegalia é uma hemograma, com mais de 5000 manifestação frequente e pode linfócitos maduros, tem que se diferenciar clinicamente a leucemia pensar em leucemia linfóide crônica. aguda de uma anemia aplásica (que O diagnóstico de leucemia é não cursa com hepatoesplenomegalia). confirmado pelo mielograma e a A esplenomegalia da leucemia aguda diferenciação entre mieloide e não é tão proeminente quanto a da linfoide é feita pela LMC. A linfadenopatia pode ocorrer, imunofenotipagem. embora seja mais comum na LLA. A A LMA (leucemia mieloide dor óssea (também mais comum na aguda) é a leucemia mais comum no LLA) é um sintoma decorrente da mundo como um todo, devido à sua expansão medular pela proliferação maior incidência em populações dos blastos ou da invasão do orientais. Sua incidência começa a se periósteo. O hemograma de uma elevar a partir dos 15 anos e tende a leucemia aguda é caracterizado pela aumentar progressivamente com a presença de anemia + plaquetopenia idade. Assim, um adulto com (bicitopenia), com leucometria leucemia aguda provavelmente tem variável. A leucocitose é um achado LMA. A tríade sintomática da comum, embora alguns casos leucemia aguda é: astenia, abram com leucopenia. Quase hemorragia e febre, que são sempre os blastos são encontrados sintomas relativos à insuficiência no esfregaço de sangue periférico, hematopoiética medular. Essa tríade podendo ser contados no hemograma. A presença dos ao da LMA, contudo, algumas bastonetes de Auer é patognomônica diferenças devem ser destacadas: a da LMA. A hiperuricemia está presente dor óssea é muito frequente (80% em 50% dos pacientes, pelo aumento dos casos); adenomegalia cervical na produção de ácido úrico decorrente ou generalizada é mais frequente da hiperproliferação celular. O (75% dos casos); podem ocorrer diagnóstico de leucemia deve massas mediastinais no subtipo de sempre ser confirmado pelo células-T do timo; o acometimento mielograma, sendo necessária a do sistema nervoso central e dos presença de mais de 20% de blastos testículos (especialmente na entre as células nucleadas do recidiva) é mais comum; a febre aspirado para confirmação. Para neoplásica é mais comum (70% dos diferenciar se é uma leucemia casos); a hiperplasia gengival não linfoide ou mieloide, é necessário faz parte do quadro clínico. O realizar uma imunofenotipagem. A critério diagnóstico para LLA é a terapia específica da LMA deve ser presença de linfoblastos na medula feita com quimioterapia de alto poder óssea em proporção ≥ 25% do total mielotóxico, para tentar destruir de células nucleadas. O subtipo L1 é completamente o clone mieloblástico. o mais comumente encontrado na O transplante alogênico de células LLA infantil (80% dos casos), hematopoiéticas é um importante item apresentando o melhor prognóstico da terapia, sendo a única chance de e resposta à terapêutica. A terapia de cura em alguns pacientes. suporte é exatamente a mesma A LLA (leucemia linfóide descrita para a LMA, a diferença é a aguda) é a leucemia mais comum na menor mielotoxicidade do esquema infância (90% dos casos), tendo um indutor de remissão da LLA infantil com pico de incidência entre 2-10 anos critérios prognósticos favoráveis (não (maior aos 4 anos). É mais comum na usa antraciclinas nem ara-C), e a raça branca e tem discreta necessidade de profilaxia com predominância no sexo masculino sulfametoxazol-trimetoprim contra a (57%). A LLA infantil responde muito pneumocistose, devido ao uso de altas bem à quimioterapia, com chance de doses de corticoide. cura em torno de 90%. O quadro A LMC (leucemia mieloide clínico da LLA é muito semelhante crônica) é uma síndrome mieloproliferativa crônica, bastões, metamielócitos, mielócitos juntamente com a policitemia vera, e, eventualmente, raros mielofibrose idiopática e a mieloblastos (< 5%). Os eosinófilos trombocitemia essencial. As síndromes e basófilos encontram-se elevados, mieloproliferativas formam um grupo pois também são granulócitos. Os de neoplasias hematológicas que se monócitos e as plaquetas podem se originam da célula-tronco (stem cell) ou elevar (monocitose, trombocitose), de um progenitor próximo a esta em porém a hematimetria tende a se sua maturação. Porém, ao contrário reduzir (anemia) por conta da das leucemias agudas, esse clone ocupação medular neoplásica, inibindo segue o curso normal de maturação a eritropoiese. Muitos pacientes com até as células finais (granulócitos, LMC são descobertos em uma fase hemácias, plaquetas), logo, não há assintomática da doença através de bloqueio de maturação. O pico de exame físico mostrando incidência da LMC é na fase adulta, esplenomegalia e/ou hemograma por volta dos 55 anos, porém pode revelando leucocitose neutrofílica ocorrer em crianças (até 2% das acentuada, com desvio para esquerda leucemias da infância). O clone até mielócito ou mieloblasto. Então o neoplásico da LMC provavelmente é marco da LMC é justamente a uma célula-tronco (stem cell). Por associação laboratorial de anemia + razões desconhecidas essas células hiperleucocitose neutrofílica adquirem uma anomalia citogenética acentuada com desvio à esquerda + denominada cromossomo Filadélfia trombocitose e, ao exame físico, que, na verdade, é uma translocação esplenomegalia de grande monta. entre os braços longos do cromossomo Os sintomas mais comuns de 9 (banda 34) e 22 (banda 11), apresentação da doença são representada por T (9;22). Cerca de decorrentes do estado 95% dos pacientes com LMC hipercatabólico, da esplenomegalia, apresentam o cromossomo da anemia e/ou da disfunção Filadélfia ou T(9;22). A diferenciação plaquetária, tais como: febre, perda ocorre preferencialmente para a ponderal, astenia, sudorese noturna, série granulocítica, levando ao desconforto abdominal no acúmulo na medula óssea e no hipocôndrio esquerdo, saciedade sangue periférico de neutrófilos, precoce, palpitação, dispneia, equimoses. A maioria (90-95%) dos superior a do linfócito B normal, pacientes com LMC é diagnosticada provavelmente pelo fato de ainda na fase crônica da doença. Após apresentarem um bloqueio de um período médio 3-5 anos, maturação. A evolução da doença é o virtualmente todos os pacientes com acúmulo desses linfócitos clonais LMC não tratada evoluem para a na medula óssea, passando em chamada crise blástica, uma leucemia seguida para o sangue periférico e aguda rapidamente fatal (sobrevida atingindo os linfonodos, baço e média de três meses), sendo a causa fígado. O diagnóstico é confirmado mais comum de óbito na doença. por um dos seguintes critérios: A LLC (leucemia linfoide linfocitose persistente > 10.000/mm3 crônica) representa cerca de 30% + aspirado de medula óssea com > das leucemias, acometendo 30% de linfócitos (normal: até 10%) caracteristicamente a população ou linfocitose persistente > idosa (> 60 anos), com uma 5.000/mm3 + aspirado de medula predominância de 2:1 no sexo óssea com > 30% de linfócitos + masculino. Trata-se de uma imunofenotipagem revelando neoplasia hematológica de curso marcadores de linfócito B maduro indolente, cujo clone neoplásico é em conjunto com o marcador CD5. um linfócito B maduro, porém OBS: um desvio escalonado fala a bloqueado em uma fase de favor de infecção e um desvio não diferenciação que impede a sua escalonado fala a favor de leucemia. transformação em plasmócito, a célula produtora de anticorpos. A A policitemia vera (PV) é uma citometria de fluxo desordem mieloproliferativa (imunofenotipagem) além da neoplásica, de curso insidioso, que importância para o diagnóstico geralmente acomete indivíduos na dessa patologia também tem grande faixa etária ente 50-80 anos, com valor na avaliação prognóstica. discreto predomínio no sexo Diferente das outras leucemias, a LLC masculino. Na PV, o clone é uma doença “cumulativa” e não neoplásico derivado da stem cell dá “proliferativa”. Os linfócitos B origem a progenitores da linhagem neoplásicos CD5+ são células de eritroide capazes de se proliferar turnover lento, com uma meia-vida bem mesmo na ausência de eritropoietina. A não dependência da dosagem vier alta, tem que se eritropoietina permite uma proliferação investigar: cisto renal, estenose arterial excessiva e desregulada dos renal ou tumores (feocromocitoma). Se progenitores e precursores eritroide. o paciente apresenta uma saturação Além da expansão eritroide, a normal e eritropoetina normal, tem policitemia vera também pode que se fazer um estudo citogenético cursar com a proliferação dos para ver se há a presença de JAK2, progenitores e precursores das V617F ou Exon 12, pois se vier essa outras linhagens de células alteração está fechado o diagnóstico hematológicas na medula, cursando de policitemia vera. Como o paciente frequentemente com aumento na com PV tem muitas hemácias contagem de granulócitos circulantes, o seu sangue fica muito (neutrófilos, basófilos e eosinófilos) “grosso” e, por conta disso, haverá e trombocitose. Em um paciente algumas repercussões sistêmicas, com suspeita de PV, a primeira coisa como: aumento de citocinas a fazer é investigar se não foi um (paciente apresentará cansaço, erro laboratorial ou algo que induziu sudorese noturna, dor muscular e a isso (eritrocitose relativa), como: prurido), hiperviscosidade desidratação, grandes queimados, uso sanguínea (levando a de diuréticos, feocromocitoma. cefaleia/tontura, desconforto Descartadas possíveis alterações respiratório, zumbido, problemas de relativas, a policitemia pode ser visão, dormência, formigamento) primária ou secundária. Assim, esplenomegalia (devido ao grande deve-se olhar, em primeiro lugar, a número de hemácias circulantes. saturação de oxigênio, pois se o Laboratorialmente, o diagnóstico de paciente tiver uma doença cardíaca ou PV é feito pela presença de alteração pulmonar crônica, fuma ou tem apneia da quantidade de hemoglobina e do sono, é possível que essas doenças grande aumento no hematócrito; estejam fazendo estímulo para a mielograma com hipercelularidade proliferação da série vermelha, fazendo eritrocitária, granulocítica e com que o paciente apresente uma megacariocítica; estudo saturação baixa. Se o paciente tem citogenético com alteração da JAK2, uma saturação alta ou normal, tem que V617F ou exon 12; baixo nível de se dosar sua eritropoetina e se essa eritropoetina (critério menor). Em pacientes de alto risco (pacientes > Descartada essas 6 possibilidades, 60 anos ou história de trombose), o sobrará como possibilidade tratamento é feito com aspirina diagnóstica apenas trombocitemia (AAS) em baixa dose e flebotomia essencial (TE) e leucemia mieloide (manter hematócrito < 45%). Caso o crônica. A leucemia mieloide crônica paciente apresente aumento de apresentará no estudo genético leucócitos e plaquetas, aumento do alteração de T(9;22) ou BCR/ABL, já a baço, não controle de sintomas ou não trombocitemia essencial apresentará tolere flebotomia, tem que se partir no estudo genético uma mutação para o tratamento com citorredução chamada de JAK2. Ao mielograma, o (hidroxiureia e IFN-alfa). Em pacientes paciente com TE apresentará de baixo risco (< 60 anos, sem megacariócitos agrupados e passado de trombose), pode-se aumentados, o que chama a atenção optar apenas por fazer a flebotomia no exame, diferentemente da LMC como tratamento, porém, em alguns que não apresentará essa alteração. casos, recomenda-se o uso de AAS, O clone neoplásico derivado da stem devendo-se pesar o risco/benefício cell (célula-tronco) se diferencia para isso. preferencialmente em megacariócitos, A trombocitemia essencial assim, o aumento na produção de (TE) tipicamente acomete adultos plaquetas é o grande marco da doença. velhos (50-60 anos), com predileção Para fechar o diagnóstico de pelo sexo feminino. De todas as trombocitemia essencial, o paciente desordens mieloproliferativas, é a que precisa ter: > 450.000 plaquetas por acarreta melhor prognóstico. O mais de 2 meses; biópsia medular paciente com trombocitemia mostrando aumento dos essencial apresentará trombocitose, megacariócitos, maduros e grandes; logo, deve-se investigar possíveis ausência de critérios para outras causas para isso. Quando se têm doenças (PV, mielofibrose, SMD, e valores de plaquetas > 650.000, tem LMC); alteração genética mostrando que se descartar 6 possibilidades: JAK2, V617F ou outro compatível. infecções, esplenectomia, Como o grande problema desses neoplasias (outras que não pacientes é uma possível trombose leucemia), doenças reumatológicas, pelo grande número de plaquetas, o doenças inflamatórias, ferropenia. tratamento consiste em hidroxiureia para pacientes com > 60 anos ou linfonodos para outro grupo, e o risco ou trombose; AAS para Linfoma não Hodgkin, que se pacientes com < 60 anos ou sem espalha de maneira não ordenada e risco. pode começar em qualquer lugar do corpo. ➔ Linfomas Os linfomas não Hodgkin, muito Os linfomas constituem um mais comuns, também são grupo de neoplasias originárias do predominantemente derivados de tecido linfoide (ou linfático), linfócitos B, sendo que apenas cerca representado principalmente pelos de 10% dos casos originam-se de linfonodos (ou gânglios linfáticos). Ao linfócitos T ou NK. Ao contrário do contrário das leucemias linfocíticas, linfoma de Hodgkin, os linfomas não os linfomas “nascem” no tecido Hodgkin não têm um tipo celular linfoide e, eventualmente, infiltram a característico, apresentando medula óssea e outros tecidos, expressiva heterogeneidade enquanto as leucemias linfocíticas morfológica, imunofenotípica e fazem a rota inversa, isto é, se genética. A diferença entre eles está originam na medula óssea e podem na característica das células acometer os linfonodos encontradas no tumor. Os linfomas secundariamente. O tecido linfoide é o podem aparecer em qualquer fase da local onde habitam as células vida, mas os linfomas de Hodgkin são imunológicas (linfócitos B, linfócitos T e mais comuns entre os 15 e 40 anos, células NK ou natural killer), atingindo maior frequência entre 25 e responsáveis pela resposta imune 30 anos. A incidência dos não-Hodgkin (antígeno-específica). Embora a maior duplicou nos últimos 25 anos, em parte do tecido linfático encontre-se especial entre as pessoas com mais de nos linfonodos, as amígdalas, o timo e 60 anos. o baço também apresentam esse Os linfomas de Hodgkin têm tecido. Assim como a leucemia, o origem exclusiva no linfócito B e são linfoma também é classificado em linfomas que surgem mais em região subgrupos: os Linfomas de cervical, mediastinal e Hodgkin, que se espalham de forma supraclavicular. Eles apresentam ordenada de um grupo de evolução indolente, com mais sintomas B (febre, sudorese e perda de peso). Os fatores de risco para MALT; agressivos (crescimento esse tipo de linfoma são: genética, muito rápido); burkitt, linfoblástico e HIV e EBV. Os tipos de linfoma de grandes células Hodgkin são: esclerose nodular O tratamento dos linfomas é (mais comum), celularidade mista feito com quimio ou radioterapia de (mais comum), depleção linfocítica acordo com o grau de estadiamento (pior prognóstico) e predomínio da lesão, a qual é subdividida em: linfocítico. Os linfomas de Hodgkin - Estágio 1 A: acometimento de apenas uma cadeia linfonodal. são uma das únicas neoplasias em que - Estágio 2 A: acometimento de geralmente há poucas células mais de 1 cadeia linfonodal. - Estágio 3 A: 2 ou mais cadeias neoplásicas, porém elas conseguem acometidas, sendo 2 delas em atrair um grande número de células ao lados diferentes do diafragma (lado superior e inferior). redor que acabam gerando a sua - Estágio 4 A: infiltração de massa. tecido não linfonodal (osso, fígado e medula). Os linfomas não-Hodgkin têm Caso o paciente apresente sintomas origem nos linfócitos B e T e são B (febre, sudorese e perda de peso), ele deixa de ser estágio “A” e passa linfomas que surgem mais em região a ser estágio “B”. abdominal, mediastinal e supraclavicular. Eles apresentam evolução mais rápida e os sintomas B são menos comuns (costumam ter hepatoesplenomegalia), porém podem apresentar obstrução abdominal, síndrome da veia cava e compressão mediastinal. Os fatores de risco para esse tipo de linfoma são: solventes e benzeno; quimioterapia e radioterapia; imunodeficiências; infecções (Epstein Barr, HIV, CMV, Hepatite C - linfoma esplênico -, H.Pylori - MALT - e HTLV). Os tipos de linfoma de não- Hodgkin são: indolentes (crescimento lento); folicular e