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Artigo O Dia - Abril 14

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O componente social na decisão do voto

Cristiane Batista – Diretora da Escola de Ciência Política da UNIRIO.

Queremos mais saúde e educação! Esse parece ser o lema da sociedade brasileira.
Talvez seja a frase mais pronunciada nas discussões políticas informais, em rodas de amigos e
familiares. Sempre presente nas manifestações populares, ainda que não diretamente
motivadas pelos problemas das áreas. Toma fôlego em 2014, ano da Copa no Brasil (‘esse
gasto monumental deveria ir para a saúde e educação’, verbera) e ano eleitoral. Andam
sempre acompanhadas, como se formassem uma única palavra: ‘Saúdeducação’.

Desnecessário frisar sua importância para qualquer sociedade. Fornecer saúde e


educação de qualidade, acessível a toda a população, com profissionais bem remunerados,
não é chavão. Além de dever constitucional do Estado, e claro, partilhado com os demais entes
da federação, é passaporte para uma sociedade menos injusta e desigual, seja no campo
moral, econômico ou cultural, para ficarmos apenas nesses.

Desconheço qualquer campanha eleitoral que ignore as áreas. Rendem voto. Sim, e
depois? Estamos em ano de eleição para cargos do executivo nacional e federal. Muitos dos
atuais chefes do executivo concorrerão à reeleição, outros tentarão emplacar seus sucessores.
Para ajudar na decisão individual do voto do eleitor, tão atento às áreas, o legado prévio entra
como componentes da sua análise estratégica. O que os candidatos fizeram ou ajudaram a
fazer nesses campos?

Se observarmos apenas o estado do Rio de Janeiro, podemos verificar, a partir dos


dados do Tesouro Nacional, um crescimento considerável do gasto em saúde e educação ao
longo dos anos 2000. O gasto em saúde do estado passou de 1 bilhão para 4 bilhões de reais
entre 2002 e 2012. Na educação, o salto foi de 2,8 bi para 7,6 bi, nos mesmos 10 anos. A boa
notícia é que este comportamento positivo dos gastos se repete em outros estados da
federação. Em São Paulo, por exemplo, o gasto em saúde passou de 4,7 bi para 16,9 bi no
período, enquanto o gasto em educação foi de 11,6 bi para 25,7 bi. Em Minas Gerais, passou
de 1,5 bi para 6 bi, na saúde, e de 3,6 bi para 6,4 bi, na educação.

Claro que o gasto por si só não diz nada sobre a sensação de melhoria da população,
mas imagino ser um indicador importante. Um investimento relevante, somado a uma gestão
competente, são caminhos para resultados satisfatórios. O contrário não é verdadeiro. Em
nada adianta contar com profissionais competentes e qualificados se a verba para as ações
necessárias são escassas.

(...)
Não há quem discorde desse ponto de vista. Se observarmos o balanço anual dos
estados brasileiros, disponibilizados pelo Tesouro Nacional, desde o início da
redemocratização, percebemos o aumento no gasto nessas duas áreas, em todos os estados
da federação. Contudo, tal aumento não acompanha o crescimento da sua receita total.

Se ficarmos somente na região Sudeste,

Como se comportam os gastos estaduais... e o futuro governador deverá investir para


reduzir o ‘gap’, entre o gasto social e a receita estadual, que já foi menor no início dos anos
2000. Aumentou o gasto em saúde e educação, aumentou a receita, mas reduziu a proporção
destinada a ambas as áreas.

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