Nothing Special   »   [go: up one dir, main page]

Trabalho PD FrANCE

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 18

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE ENSINO A DISTÂNCIA (IED)

CENTRO DE RECURSOS DE PEMBA

A INFLUÊNCIA DA EDUCAÇÃO E DO AMBIENTE FAMILIAR NO


DESENVOLVIMENTO DA MORALIDADE E DA EMPATIA EM CRIANÇAS.

Nome do Estudante: Francelina Americo Utumali

Código de Estudante: 708236889

Curso: Licenciatura em Ensino de Biologia


Disciplina: Psic. de Desen. Humano
Ano de Frequência: 4º Ano
Regime: Ensino a distância
Tutor: Orlando José Francisco

Pemba, Agosto de 2024


FOLHA DE FEEDBACK
Classificação
Categorias Indicadores Padrões Pontuação Nota do
Subtotal
máxima tutor
 Capa 0.5
 Índice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura
organizacionais
 Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
Introdução  Descrição dos
1.0
objectivos
 Metodologia adequada
2.0
ao objecto do trabalho
 Articulação e domínio
do discurso académico
Conteúdo (expressão escrita 2.0
cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e
 Revisão bibliográfica
discussão
nacional e
internacionais 2.
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos dados 2.0
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos paragrafo,
Formatação 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas

Normas APA 6ª Rigor e coerência das


Referências edição em citações/referências
4.0
bibliográfica citações e bibliográficas
bibliografia
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_______________
ÍNDICE
INTRODUÇÃO..............................................................................................................................3

1.1.OBJECTIVOS DO TRABALHO...........................................................................................3

1.1.1.Objectivo geral:.....................................................................................................................3

1.12. Objectivos específicos:..........................................................................................................4

1.2.Metodologias do trabalho........................................................................................................4

2.REVISÃO DA LITERATURA..................................................................................................5

2.1.Conceitos básicos.....................................................................................................................5

2.1.1. Família......................................................................................................................5

2.1.2. Moralidade...............................................................................................................5

2.1.3. Empatia.....................................................................................................................5

3. INFLUÊNCIA DA EDUCAÇÃO E DO AMBIENTE FAMILIAR NO


DESENVOLVIMENTO DA MORALIDADE E DA EMPATIA EM CRIANÇAS................7

3.1.Factores internos de desenvolvimento: neurológicos, genéticos e de temperamento........7

3.2.Factores externos de desenvolvimento: imitação, estilos parentais e relacionamento


entre paise filho..............................................................................................................................9

3.3.A Influência dos Estilos Parentais no Desenvolvimento da Empatia................................10

3.3.1.Estilo parental permissivo..................................................................................................10

3.3.2.Estilo parental autoritário.................................................................................................10

3.3.3.O estilo autoritativo............................................................................................................11

CONCLUSÃO..............................................................................................................................15

Referência bibliográfica..............................................................................................................16
INTRODUÇÃO

O presente tem como tópico central: A influência da educação e do ambiente familiar no


desenvolvimento da moralidade e da empatia em crianças.

A formação moral se constitui enquanto um importante elemento ao desenvolvimento humano


em geral, e, especificamente, em se tratando da criança em seus primeiros anos de vida. Essa
formação é fundamental para o desenvolvimento sadio em relação a si mesma e com os outros.
Compreende-se que a educação moral é uma grande teia de significados, entre eles: saber quais
valores são significativos para si e ser capaz de tomar decisões tendo em vista os aspectos
pessoais e sociais da decisão.

A educação e o ambiente familiar desempenham papéis cruciais no desenvolvimento da


moralidade e da empatia em crianças. A educação fornece às crianças conhecimentos e valores,
ajudando-as a desenvolver uma compreensão mais profunda do mundo ao seu redor. Por
exemplo, em sala de aula, as crianças podem aprender sobre diferentes culturas, tradições e
crenças, o que pode ajudá-las a desenvolver uma maior apreciação e respeito por outras pessoas.
Além disso, a educação também pode ensinar às crianças a importância de serem responsáveis,
respeitosos e empáticos em relação aos outros.

Neste trabalho explorou-se os factores internos e externos que influenciam o desenvolvimento da


empatia, enfocando principalmente os estilos parentais e o relacionamento entre pais e filho.
Através de uma revisão narrativa da literatura, onde são descritos e discutidos o desenvolvimento
de tal assunto baseado na literatura publicada em livros, revistas científicas e na análise crítica
dos autores consultados.

1.1. OBJECTIVOS DO TRABALHO

1.1.1. Objectivo geral:


 Avaliar a influência da educação e do ambiente familiar no desenvolvimento da
moralidade e da empatia em crianças.

3
1.12. Objectivos específicos:
 Explicar influência da educação e do ambiente familiar no desenvolvimento da
moralidade;

 Identificar os factores externos de desenvolvimento: imitação, estilos parentais e


relacionamento entre pais e filho;

 Descrever A Influência dos Estilos Parentais no Desenvolvimento da Empatia.

1.2. Metodologias do trabalho


O presente artigo foi realizado através de pesquisa bibliográfica, consultando trabalhos e autores
que dialogam sobre a influência da educação e do ambiente familiar no desenvolvimento da
moralidade e da empatia em crianças. O arcabouço teórico foi de pesquisas realizadas em
bancos de dados digitais (google académico, Scielo e repositórios institucionais) por meio de
termos que se interrelacionassem com o objecto de estudo, como: “moralidade e
desenvolvimento infantil e empatia”; “práticas educativas parentais” e “processo histórico da
família”, buscando respaldo para nosso trabalho em outros estudos.

4
2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Conceitos básicos

2.1.1. Família
Segundo Minuchin (1985-1988), a família é um complexo sistema de organização, com crenças,
valores e práticas desenvolvidas ligadas directamente às transformações da sociedade, em busca
da melhor adaptação possível para a sobrevivência de seus membros e da instituição como um
todo.

O sistema familiar muda à medida que a sociedade muda, e todos os seus membros podem ser
afectados por pressões interna e externa, fazendo que ela se modifique com a finalidade de
assegurar a continuidade e o crescimento psicossocial de seus membros.

Cahalil, (2003, p.467) A família (do latim: família) é um agrupamento humano formado por
duas ou mais pessoas com ligações biológicas, ancestrais, legais ou afectivas que, geralmente,
vivem ou viveram na mesma casa.

2.1.2. Moralidade
Young, Fox, e Zahn-Waxler, (1999). “A moral é um conjunto de convenções sociais
estabelecidas com o objectivo de alcançar a boa convivência social. A origem da moral está na
tentativa de orientar os comportamentos para uma boa convivência social devido à
interdependência humana”.

Segundo Cotrim (2002) a Moral é o conjunto de normas, princípios e costumes que orientam o
comportamento humano, tendo como base os valores próprios a uma dada comunidade ou grupo
social. (P. 66).

Com autores a cima citados pode se compreender que moral é um conjunto de normas que
regulam o comportamento do homem em sociedade, e estas normas são adquiridos pela
educação, pela tradição e pelo cotidiano.

5
2.1.3. Empatia
A definição elaborada pela American Psychological Association (2010), visto que abrange os
principais pontos comumente enfatizados em estudos sobre este tema, Assim:

Empatia é: Compreender uma pessoa a partir do quadro de referência dela e não do


próprio, experimentando de modo vicário os sentimentos, percepções e pensamentos
dela. A empatia não envolve em si mesma a motivação para ajudar, embora possa
transformar em consideração pelo outro ou sofrimento pessoal, o que pode resultar em
acção (pp. 335).

A empatia é um elemento importante para o desenvolvimento de habilidades interpessoais e


melhora na qualidade das relações, pois motiva cuidados e comportamentos em prol de outro
sujeito (Denham, 1998).

Ela está positivamente relacionada com: comportamento pró-social aceitação pelos pares, saúde
mental, resolução pacífica de conflitos e diminuição no comportamento agressivo (Miller &
Eisenberg, 1988).

Crianças que apresentam altos níveis de empatia para emoções negativas tendem a ter menos
problemas de comportamentos externalizantes e maior competência social). Baixos níveis de
empatia, por sua vez, representam diminuição dos comportamentos pró-sociais e aumento de
comportamentos agressivos.

Desta forma, a partir da empatia, o sujeito é capaz de prever a dor que pode causar com seus
comportamentos agressivos e, com isso, avaliar sua reacção de agredir ou não. Entre as
patologias relacionadas com prejuízos na empatia estão Transtorno de Conduta, Transtorno de
Personalidade Antissocial e Autismo (American Psychiatric Association, 2010).

O desenvolvimento de empatia e consideração pelo outro se mostra como um factor de protecção


contra problemas de comportamento.

Dentre as influências encontradas para o desenvolvimento de empatia estão os estilos e


práticas parentais. As práticas associadas ao desenvolvimento positivo de empatia: o
comportamento dos pais, suas expressões emocionais, cognições e atitudes direccionadas
ao filho, como presença de apoio, instruções claras, limites e expressão de raiva e afecto
(Denham et al., 2000).

6
Diferentes factores influenciam o desenvolvimento da empatia, destacando-se (a) factores
internos (factores genéticos, aspectos do desenvolvimento neural e variáveis de temperamento), e
(b) factores externos ou de socialização, como imitação, estilos parentais e relacionamento pais e
filho (McDonald & Messinger, 2011).

3. INFLUÊNCIA DA EDUCAÇÃO E DO AMBIENTE FAMILIAR NO


DESENVOLVIMENTO DA MORALIDADE E DA EMPATIA EM CRIANÇAS.

A família é um grande motivador das condutas morais e um agente no desenvolvimento de


valores e interesse pelo bem-estar social comum. O desenvolvimento da moral é um processo
que se inicia na infância através de múltiplos pilares, como a interacção com os pares e a
intervenção dos pais em explicitar as regras sociais e as regras particulares da família.

Ortiz Barón (2008) salienta que na base para os aprendizados morais está a identificação que os
filhos têm com os pais, o que os faz tomar para si os valores elencados como importantes para
aquela família. Assim, a relação de confiança entre pais e filhos faz com que haja uma
identificação de valores e motivação para seguir as intervenções dos pais sobre os
comportamentos dos filhos.

A autora destaca alguns preditores familiares que constituem o fundamento do desenvolvimento


de comportamentos morais e internalização da mesma, como: afecto, aceitação, comunicação
moral, intervenção moral, transmissão de valores e dedicação ao cuidado dos filhos.

Desse modo, a boa relação dos pais com os filhos é fundamental não apenas ao crescimento
saudável dos filhos, mas também ao desenvolvimento da moralidade, componente fundamental
na relação consigo e com os outros, tendo que vista que a moral é uma reguladora de
comportamentos com potenciais ofensiva e motivadora de comportamentos pró-sociais.

3.1. Factores internos de desenvolvimento: neurológicos, genéticos e de temperamento.


Os componentes emocionais e cognitivos da empatia, ainda que complementares para a
compreensão e identificação da emoção sentida por outra pessoa, se desenvolvem de maneira
distinta (Hoffman, 1984).

7
A empatia emocional depende da activação dos sistemas límbico e paralímbico, já a empatia
cognitiva acciona áreas do lobo temporal e córtex pré-frontal. Considerando que o sistema
límbico se desenvolve rapidamente por ser mais primitivo e as estruturas de lobo temporal e
córtex pré-frontal são umas das últimas a atingirem a maturação, esta distinção neurológica
aponta para a diferença entre os caminhos neurais de desenvolvimento destes componentes
(Singer, 2006).

Corroborando este desenvolvimento neurobiológico diferenciado, Zahn-Waxler e colaboradores


(1992b), a partir de um estudo que compara gémeos monozigóticos e dizigóticos entre 14 e 20
meses, encontraram que, enquanto o componente emocional apresenta maior influência genética,
o componente cognitivo não apresenta o mesmo padrão de influência genética com o passar do
desenvolvimento.

Em estudo similar, Knafo e colaboradores (2008) mostram que esta contribuição genética
aumenta com o passar do tempo para ambos componentes, sendo maior em bebés de 24 e 36
meses, do que em bebés entre 14 e 20 meses.

De acordo com os relatados acima apontam para a influência genética e biológica no


desenvolvimento da empatia durante os primeiros anos de vida. Entretanto, estudos com
metodologias semelhantes percebem que o comportamento pró-social de ajuda sofre maior
influência ambiental do que genética.

Sugerindo, então, uma importância significativa da qualidade da relação pais e filho para o
desenvolvimento desta resposta empática (Knafo & Plomin, 2006; Knafo et al., 2008).

Avaliar a influência do temperamento no desenvolvimento da empatia também é uma forma de


avaliar a influência genética, considerando que o temperamento é uma série de características
biológicas que servem de base para a personalidade, presentes desde o nascimento.

Young, Fox e Zahn-Waxler (1999) constataram que o nível de empatia presente aos dois anos
pode ser previsto pelo padrão do nível de alerta a estímulos novos aos quatro meses de idade. Os
indivíduos que apresentam baixo nível de alerta quando bebés também tiveram baixos níveis de
alerta quando um estranho demonstrou sofrimento e apresentaram níveis mais baixos de empatia
global com dois anos de idade.
8
Estes achados corroboram com estudos que mostram a relação entre baixos níveis de alerta e
empatia em sujeitos com comportamento antissocial.

Cornell e Frick (2007) observaram que crianças comportamentalmente inibidas, entre três e
cinco anos, inesperadamente, eram avaliadas por suas mães como mais empáticas que as outras
crianças. Porém, em outros estudos, crianças inibidas se apresentaram menos empáticas e menos
pró-sociais com estranhos.

Este contraste nos achados mostra que as atitudes empáticas se manifestam diferentemente
quando a pessoa em sofrimento é a mãe ou um estranho. Os estudos sugerem que a resposta
empática de consideração pelo outro direccionada à mãe é directamente influenciada pela relação
mãe-filho, não sendo tão influenciada pelos factores genéticos e de temperamento (Young et al.,
1999).

3.2. Factores externos de desenvolvimento: imitação, estilos parentais e relacionamento


entre pais e filho
A primeira resposta empática observada em bebés é o sofrimento pessoal. Dentre estas primeiras
manifestações de empatia está o choro reactivo, ou seja, quando um bebé chora ao ouvir o choro
de outro. A capacidade de perceber o choro de outro bebé e identificá-lo como tal gera a resposta
de chorar também, o que é considerado como um precursor rudimentar da empatia (McDonald &
Messinger, 2011).

A resposta ao ambiente externo, mesmo que por reflexo, ajuda o indivíduo a construir o conceito
de que os outros existem e respondem ao meio de maneira própria. A imitação de expressões
faciais é um importante mecanismo inato para compreender a emoção de outro. A imitação
automática de expressões faciais e postura cria no sujeito sinais corporais que o ajudam na
compreensão dos sentimentos que ele observa (McDonald & Messinger, 2011).

Outro factor externo que influencia o desenvolvimento emocional das crianças desde o
nascimento é a constituição de apego e vínculo afectivo na relação pais e filho especificamente
para o desenvolvimento da empatia, aponta-se o comportamento dos pais, suas expressões
emocionais e atitudes direccionadas ao filho como importantes as variáveis desta relação e
processo de desenvolvimento (Denham et al., 2000).
9
3.3. A Influência dos Estilos Parentais no Desenvolvimento da Empatia
Os estilos parentais são padrões gerais de características da relação entre pais e filho, incluindo
comportamentos directivos, tais como práticas educativas, e comportamentos espontâneos, tais
como tom de voz, gesticulação e expressão emocional. Estes comportamentos irão gerar um
padrão emocional de relacionamento (Darling & Steinberg, 1993).

Na literatura revisada, são utilizados instrumentos que avaliam as características parentais que
descrevem esses estilos e também outras variáveis como sua empatia e incentivo à tomada de
perspectiva do outro.

No sentido de vermos a interligação das práticas parentais e ambiente familiar no


desenvolvimento da moralidade da criança, é importante abordar os estilos parentais, que são as
formas que os pais escolhem, consciente ou inconscientemente para educar os filhos.

Baumrind (1971) desenvolveu uma das teorias pioneiras sobre os estilos parentais, definindo-os
em três estilos: (1) o permissivo, (2) o autoritário e (3) o com autoridade ou autoritativo.

3.3.1. Estilo parental permissivo


O estilo parental permissivo, caracterizado por práticas de disciplina inconsistente, é considerado
como prejudicial para o desenvolvimento de empatia quando o filho tem temperamento
extrovertido. No entanto, a disciplina inconsistente não apresenta influência quando o
temperamento infantil é de inibição (Cornell & Frick, 2007).

Estes comentários dos autores a cima citados apontam para a influência do temperamento
mediando a relação entre estilos parentais e o desenvolvimento da empatia.

3.3.2. Estilo parental autoritário


No estilo autoritário a pesquisadora identifica um alto nível de autoritarismo e um baixo nível de
afecto, aceitação e demonstrações de amor. Este estilo provoca nos filhos uma resposta
emocional de medo e coerção, em que seguem as regras não a partir da internalização e
identificação com os genitores, mas por medo de punições.

10
Além do estilo autoritário. para a autora, há ainda o permissivo, em que os desejos das crianças
são valorizados em excesso. Em um estudo longitudinal com crianças acompanhadas dos quatro
aos dez anos, observaram que os filhos de mães autoritárias tendem a demonstrar menos
consideração pelos outros. Da mesma forma, a prática de punição corporal mostra-se como
prejudicial para o desenvolvimento da empatia independente do temperamento do filho (Cornell
& Frick, 2007).

3.3.3. O estilo autoritativo


O autoritativo, no qual o controle e o apoio são dados de forma equilibrada; neste estilo, o
diálogo é o principal elemento. No estilo não – envolvido, a principal característica é a
indiferença às acções dos filhos, ou até mesmo a rejeição.

No estilo autoritário Baumrind (1971) identifica:

Um alto nível de autoritarismo e um baixo nível de afecto, aceitação e demonstrações de


amor. Este estilo provoca nos filhos uma resposta emocional de medo e coerção, em que
seguem as regras não a partir da internalização e identificação com os genitores, mas por
medo de punições. Além do estilo autoritário, para a autora, há ainda o permissivo, em
que os desejos das crianças são valorizados em excesso; o autoritativo, no qual o controle
e o apoio são dados de forma equilibrada; neste estilo, o diálogo é o principal elemento.

No estilo não envolvido, a principal característica é a indiferença às acções dos filhos, ou até
mesmo a rejeição.

Os pais com autoridade dão limites aos seus filhos, justificando o porquê de o estarem fazendo e
seus filhos têm o direito de expressar sua opinião quando não concordam. Eles também dão
suporte para a livre expressão das emoções e orientam os filhos ao utilizarem estratégias
efectivas de resolução de problemas.

Desta forma, eles mantêm a autoridade sem retirar a liberdade de expressão de seus filhos e
estimulam a independência deles.

Hastings e colaboradores (2000) observaram que as mães com estilo parental com autoridade e
que junto demonstram menos afecto negativo têm filhos com mais empatia, responsabilidade
interpessoal e comportamento pró-socia.

11
A diferença entre autoridade e autoritarismo fica clara nos dois principais estilos parentais
mencionados (autoritário e autoritativo). Os pais são, naturalmente, figuras de autoridade, aos
quais os filhos recorrem como modelos de condutas, comportamentos. Em uma relação familiar
saudável os adultos possuem autoridade sem fazer o uso do autoritarismo, que, entre outros
aspectos, não promove o desenvolvimento da consciência moral e da autonomia (força motriz
para o agir moral).

O desenvolvimento cognitivo e de linguagem são factores importantes para que o indivíduo


construa a noção da existência de outro, essencial para a empatia cognitiva (Hoffman, 1984).

Como suporte para esta teoria, encontra-se na literatura que a idade está relacionada com a
capacidade de tomada de perspectiva e que as práticas de estímulo ao desenvolvimento cognitivo
são preditoras de empatia (Tong et al., 2012).

O desenvolvimento cognitivo e de linguagem são variáveis da criança que têm grande


importância para a qualidade da interacção mãe e filho, visto que para a disponibilidade materna
beneficiar a empatia apresentada por seu filho é preciso considerar o desenvolvimento cognitivo
e de linguagem deste (Moreno et al., 2008).

A qualidade da relação mãe e filho mostrou ser um factor importante para a frequência e
intensidade das respostas empáticas direccionadas a um estranho. Crianças que respondem
melhor as interacções realizadas por sua mãe demonstram mais empatia pela pessoa
desconhecida (Moreno et al., 2008).

O vínculo seguro com a mãe e o bom nível de empatia anterior também beneficia o quanto a
criança irá responder empaticamente ao estranho.

É importante observar que, de modo geral entre os 16 e 22 meses, a empatia direccionada ao


estranho tende a diminuir e a direccionada à mãe tende a aumentar.

Quando o temperamento infantil se caracteriza por medo e inibição, as práticas maternas de


protecção e sensibilidade se mostram prejudiciais para o desenvolvimento de respostas empáticas
de consideração pelo outro, direccionadas a um estranho (Moreno et al., 2008).

12
No entanto, estas práticas parecem ser positivas quando as respostas empáticas se direccionam a
mãe desta forma, entende-se que protecção e sensibilidade fortalecem a relação mãe e filho,
porém mantém a inibição e o medo do desconhecido, diminuindo as respostas empáticas da
criança e seu relacionamento interpessoal, podendo gerar dependência da relação com a mãe.

Piaget, sobre o processo de construção moral, assim como nas fases do desenvolvimento
humano, delimita fases do desenvolvimento da moral, que se inicia na infância e se estabelece no
final da adolescência até a fase adulta.

Desse modo, Moreno et al., (2008) subdivide a moral em autónoma e heterónoma, ou moral de
coacção e cooperação, precedidas ainda pela anomia, que é a ausência de moral. Sendo assim, a
criança pequena ainda não tem noção das suas atitudes e interferência dela nas suas relações, por
que está centrada.

Para o autor, e outros estudiosos da área da educação moral, nesta fase, a moral corresponderia a
obediência, intermediada pela autoridade e relação de forças (Moreno et al., 2008).

Neste sentido, na moral heterónoma a consciência de obrigação seria precedida por uma relação
de respeito unilateral pelas figuras de autoridade, em que se predomina a submissão as regras, e,
posteriormente, com a maturidade, essa relação se tornaria mútua, sendo predominante a relação
de cooperação.

Outros autores colaboram sobre esta questão, salientando a riqueza da vida moral na infância,
sem ser obrigatoriamente necessária a mediação da figura de autoridade. Nesta visão, haveria na
criança uma capacidade de realizar juízo do certo e errado a partir da abstracção precoce das
regras para o mínimo do bom convívio social e também uma sensibilidade precoce ao bem-estar
alheio.

La Taille (2006a) afirma a importância da generosidade na génese da moralidade infantil, para


ele, a generosidade seria um elemento desencadeado de sucessivas descentrações e por isso deve
ocupar um lugar de destaque no universo moral da criança.

13
Desse modo a moral da criança pequena não se resume a uma obediência por coacção, mas, ela
tem a capacidade de querer corresponder às expectativas das pessoas ao seu entorno, ou seja,
descentrar-se, através de actos de generosidade.

Ortiz Barón (2008), a relação familiar bem estruturada, harmoniosa, além de promover atitudes
pró-sociais nos filhos, fomenta a superação da moralidade heterónoma, pela autoridade
autónoma através da cooperação ou reciprocidade, em que a criança busca realizar boas atitudes
ou atitudes generosas para corresponder à expectativa das figuras a quem respeita. Esta
capacidade é um traço da autonomia moral, segundo a tese de Piaget, um dos factores que leva a
desenvolver-se moralmente é a sua vontade corresponder às expectativas dos seus entorno.

Desse modo, para facilitar esse desenvolvimento na criança, a família deve dar lugar a práticas
que prezem pelo diálogo, respeito, e desenvolvimento da autonomia, em oposição a práticas
autoritárias e permissivas, para que a criança se desenvolva integralmente e alcance a fase adulta
com valores, autonomia de pensamento e acção bem definidos, sabendo que, as práticas
educativas parentais têm forte influência sobre a vida do indivíduo.

Fica clara a contribuição e influência dos pais na construção de diferentes pilares na vida das
crianças, mas, sobretudo na construção da moralidade em todos os seus significados e
condicionantes. A família vem se constituindo em um importante agente nas vivências próprias
da infância desde o processo de visibilidade da infância na idade moderna.

14
CONCLUSÃO
A moral constantemente é compreendida como um conjunto de regras que devem ser seguidas e
transmitidas aos mais novos, em que é preciso introjectar hábitos, costumes e formas de ser.
Constatamos que a moral também deve ser entendida como um processo que auxilia o ser
humano a decidir, com base em um discernimento que provém do conhecimento dos valores que
fazem sentido para si, sendo imprescindível, portanto, a capacidade de pensar de maneira
autónoma.

O ambiente familiar também desempenha um papel importante no desenvolvimento da


moralidade e da empatia em crianças. O ambiente familiar é onde as crianças passam a maior
parte do seu tempo e onde elas aprendem a maior parte do que sabem. Se o ambiente familiar for
positivo e de suporte, as crianças são mais propensas a desenvolver valores morais e empatia.
Por exemplo, se os pais ou cuidadores de uma criança demonstram empatia e compaixão em
relação aos outros, a criança é mais propensa a fazer o mesmo.

Para terminar, a educação e o ambiente familiar desempenham papéis cruciais no


desenvolvimento da moralidade e da empatia em crianças. Ambos fornecem às crianças as
ferramentas e o suporte necessários para desenvolver essas qualidades importantes.

Desse modo, espera-se que esse trabalho venha contribuir para que a família se aproprie desta
responsabilidade e ambiente privilegiado que possuem para possibilitar um vasto repertório
moral às crianças. Também se ressalta o papel da escola de colaborar com a família para que esta
construção se efective, seja na parte que lhe compete, directamente com as crianças, ou na
orientação dos pais quanto a esta importância desta formação.

15
Referência bibliográfica
A TAILLE, Yves de. (2006ª). A importância da generosidade no início da génese da moralidade
na criança. Psicologia: reflexão e crítica, v. 19, p. 9-17,

Baumrind, D. (1966). Effects of authoritative parental control on child behavior. Child


Development, 37, 887-907. doi: 10.2307/1126611

Denham, S. A. (1998). Emotional development in young children. New York: The Guilford
Press.

Hoffman, M. L. (1984). Interaction of affect and cognition in empathy. In C. Izard, J. Kagan, &
R. Zajonc (Eds.), Emotions, cognition, and behavior (pp. 103-131). New York:
Cambridge University Press

Knafo, A., Zahn-Waxler, C., Hulle, C. V., Robinson, J. L., & Rhee, S. H. (2008). The
Developmental Origins of a Disposition Toward Empathy: Genetic and Environmental
Contributions. Emotion, 8, 737–752. doi: 10.1037/a0014179

Miller, P. A., & Eisenberg, N. (1988). The Relation of Empathy to Aggressive and
Externalizing/Antisocial Behavior. Psychological Bulletin, 103, 324-344. doi :
10.1037//0033-2909.103.3.324

Moreno, A. J., Klute, M. M., & Robinson, J. L. (2008). Relational and Individual Resources as
Predictors of Empathy in Early Childhood. Social Development, 17, 613-637. doi:
10.1111/j.1467-9507.2007.00441.x

ORTIZ BARÓN, María José et al. (2008). Predictores familiares de la internalización moral en
la infancia. Psicothema,

Young, S. K., Fox, N. A., & Zahn-Waxler, C. (1999). The relations between temperament and
empathy in 2-year-olds. Developmental Psychology, 35, 1189-1197. doi: 10.1037//0012-
1649.35.5.1189

16

Você também pode gostar