METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS Cap 2 Problemas e Hipoteses
METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS Cap 2 Problemas e Hipoteses
METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS Cap 2 Problemas e Hipoteses
teoria e prática
Capítulo 2
Problema e Hipótese
Uma investigação envolve sempre um problema, seja ele (ou não) formal-
mente explicitado pelo investigador. De uma maneira geral, na investigação
que adota uma metodologia de cariz quantitativo, a formulação do problema
faz-se via de regra numa fase prévia, seja sob a forma de uma pergunta (inter-
rogativa), seja sob a forma de um objetivo geral (afirmação).
Quando a investigação adota uma metodologia qualitativa, menos estrutu-
rada e pré-determinada, o problema pode ser formulado de uma forma muito
geral, como queí(emergindo” no decurso da investigação. Como, nestes planos,
nem sempre "... há uma teoria de base que guie o estudo, porque as existentes
são inadequadas, incompletas òu mesmo inexistentes” (Creswell, 1994, p. 10), o
problema tem a importante função de focalizar a atenção do investigador para o
fenómeno em análise, desempenhando o papel de “guia” na investigação.
Assim sendo podemos concluir que, formulado ou emergente, o problema de
investigação é fundamental porque:
Centra a investigação numa área ou domínio concreto;
Organiza o projeto, dando-lhe direção e coerência;
Delimita o estudo, mostrando as suas fronteiras;
Guia a revisão da literatura para a questão central;
Fornece um referencial para a redação do projeto;
Aponta para os dados que será necessário obter.
Para Punch (1998), uma hipótese é uma previsão de resposta para o problema
da investigação. Sendo uma previsão de explicação de um fenómeno que está
expresso no problema a investigar, resulta óbvio que o papel da hipótese numa
investigação dependerá da perspetiva ou paradigma - quantitativa/positivista
ou qualitativa/interpretativa - em que se insere a investigação propriamente
dita.
Na investigação quantitativa, que visa explicar os fenómenos a definição de
hipóteses faz sentido mas não deixa de colocar algumas questões: em que se
baseia o investigador para fazer uma previsão de resultados? Porque esperar
encontrar isto e não aquilo? Para Punch (1998) a resposta está na teoria que,
num processo de raciocínio dedutivo, explica a hipótese. Neste caso, levando a
cabo a investigação e testando a hipótese, no fundo o que se testa é a teoria que
está por detrás dela e a sustenta.
Este é o modelo de investigação hipotético-dedutivo positivista clássico, que
na opinião de Karl Popper (1957), permitiu o progresso científico pondo à prova
a qualidade das teorias, mantendo-se em vigor apenas aquelas que
conseguiram resistir à refutação das hipóteses mais exigentes (falsicacionismo
popperiano). É este modelo que sustenta as metodologias experimentais,
preocupadas em explicar os fenómenos sociais e em que o papel da hipótese é
determinante e inseparável do problema a investigar (Black, 1993,1999; Punch,
1998).
Radicalmente distinto o papel da hipótese na investigação qualitativa: fará
algum sentido formular uma hipótese para um problema que emergirá no
decurso da investigação? A ausência, em muitos casos, de hipóteses formal-
mente explicitadas é uma das caraterísticas mais marcantes da investigação não
quantitativa que permite delimitar fronteiras entre diferentes paradigmas da
investigação em CSH (Bisquerra, 1989; Strauss, 1987). No entanto, em estudos
qualitativos, podem ser formuladas hipóteses indutivas, que nascem das
observações do investigador, como forma de orientar o processo de recolha de
dados (Cardona Moltó, 2002).
research: An introduction. London: SAGE Publications.Macmillan, J. H., & Schumacher, S. (1997) Research in
Black, T. (1999). Doing quantitative research in Education: a conceptual introduction. New York:
Longman.
the Social Sciences: An integrated approach to
research design, measuremenl andstatistics. London: Punch, K. (1998). Introduction to Social Research:
Sage Publications. quantitative & qualitative approaches. London: SAGE
Cardona Moltó, M. C. (2002). Introduccion a losStrauss, A. (1987). Qualitative analysis for social
métodos de investigación en Educación. Madrid: scientists. Cambridge: Cambridge University Press.