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Trabalho Epistemologia

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Alfredo Júnior Cumbi;

Arnaldo António Faduco

Luís Carlos Neves

Renato Tiago Batata

Fenomenologia: A Epoché Fenomenológica do Fenómeno Social

Licenciatura em Direito

Universidade Save
Maxixe
2024
Alfredo Júnior Cumbi;

Arnaldo António Faduco

Luís Carlos Neves

Renato Tiago Batata

Fenomenologia: A Epoché Fenomenológica do Fenómeno Social

Trabalho de investigação apresentado ao


departamento de Direito, Delegação da
Maxixe para efeitos de avaliação, na
Cadeira de Epistemologia da Ciências
Sociais.

Docente: Ma. Delfino Banze.

Universidade Save
Maxixe
2024
Índice
Introdução....................................................................................................................................1
Objectivo Geral...........................................................................................................................1
Objectivos específicos.................................................................................................................1
Metodologia de trabalho..............................................................................................................1
Estrutura de Trabalho..................................................................................................................1
Fenomenologia: A Epoché Fenomenológica do Fenómeno Social.............................................2
Contexto histórico do surgimento da fenomenologia..................................................................2
Fenomenologia............................................................................................................................2
Conceito.......................................................................................................................................2
A intencionalidade da consciência..............................................................................................3
Teses fundamentais da fenomenologia........................................................................................4
A intuição eidética.......................................................................................................................4
O método fenomenológico..........................................................................................................6
Epoché: a redução fenomenológica do fenómeno social............................................................7
Conclusão....................................................................................................................................9
Referências bibliográficas.........................................................................................................10
1. Introdução
O Presente Trabalho versa sobre fenomenologia, a epoché fenomenológico do fenómeno
social, onde do princípio abordaremos a contextualização histórica da fenomenologia, a qual
nasceu como filosofia a partir dos estudos de HUSSERL, no início do século XX para
revitalizar a racionalidade ocidental. De seguida falaremos do conceito da fenomenologia,
como sendo o método de análise e evidenciação das formas da consciência ideal e lógica e por
conseguinte o estudo das essências, e todos os problemas.
Outrossim, será feita uma abordagem sobre a epoché como sendo a operação pela qual a
existência efetiva do mundo exterior é posta entre parênteses, para que nossa investigação se
ocupe apenas com as operações realizadas pela consciência, sem entrar na questão se as coisas
visadas por ela existem ou não independentemente dela. Portanto, para mais detalhes
convidamos a apreciação ou a leitura do corpo do trabalho.

2. Objectivo Geral
 O presente trabalho tem como objectivo fenomenologia: a epoche fenomenológico do
fenómeno social.
3. Objectivos específicos.
 Procurar entender quando e como surgiu a fenomenologia;
 Procurar entender o que é fenomenologia;
 Procurar perceber sobre a intencionalidade da consciência;
 Refletir sobre as teses fundamentais da fenomenologia;
 Refletir em relação a intuição eidética;
 Procurar perceber quais são os métodos fenomenológico;
 Procurar entender o que é epoché: a redução fenomenológica do fenómeno social.

4. Metodologia de trabalho
Para a materialização do presente trabalho, o grupo recorreu as pesquisas bibliográficas e nas
referências bibliográficas constantes no Plano Analíticos que consiste em reunir as
informações e dados que servirão de base para a construção da investigação proposta a partir
de determinado tema.

5. Estrutura de Trabalho
Exceptuando-se a introdução e a conclusão, o presente trabalho nove subtítulos,
nomeadamente: Fenomenologia: a epoché fenomenológica do fenómeno social; contexto
histórico do surgimento da fenomenologia; fenomenologia; Conceito; a intencionalidade da

1
consciência; teses fundamentais da fenomenologia; a intuição eidética; o método
fenomenológico; epoché: a redução fenomenológica.
Fenomenologia: A Epoché Fenomenológica do Fenómeno Social
Contexto histórico do surgimento da fenomenologia.
A fenomenologia nasceu como filosofia a partir dos estudos de HUSSERL (1967) 1 no início
do século XX para revitalizar a racionalidade ocidental, portanto, o autor realizou uma crítica
ao psicologismo, ao relativismo e ao historicismo que alastrou-se no fim do século XIX. E,
por mais que esse filósofo nunca se tenha disposto a desenvolvê-la como um método de
realização de pesquisa empírica qualitativa, isso posteriormente aconteceu, fazendo com que a
fenomenologia tenha passado a ser vista dessa forma dual.

Porém, se é verdade que “o método fenomenológico nasceu no contexto da especulação


filosófica, e sua transposição para o conjunto da pesquisa empírica forçosamente cria
problemas”2.

Frequentemente, quando se referem ao chamado “método fenomenológico”, os autores em


Administração “[...] estão simplesmente se referindo aos dados ou resultados obtidos,
supostamente reais, profundos e que espelham melhor o fenómeno em estudo”3.

Fenomenologia
Conceito
A fenomenologia define-se, antes de tudo, como método de análise e evidenciação das formas
da consciência ideal e lógica4.

Enquanto para BELLO, entende que a fenomenologia se define, como uma reflexão sobre um
fenómeno ou sobre aquilo que se mostra 5.
Portanto, se define fenomenologia como um conjunto de fenómenos que se manifestam
através do tempo e do espaço. Podendo ser considerado como um método que estuda a ciência
das coisas e como elas são percebidas no mundo6.

Segundo BRIONES, Guillemo7, actualmente entende-se por fenomenologia a doutrina


desenvolvida por Edmund Husserl, entendida como um método e maneira de ver o mundo.
1
HUSSERL, Edmund, Ideias, Ideias gerais para pura Fenomenologia, 1967; p. 51.
2
MOREIRA, Daniel Augusto, O método fenomenológico na pesquisa, ed. Pioneira, Thomson, Learning, 2004,
pág. 5.
3
Ibdem, MOREIRA, Daniel Augusto, O método fenomenológico na pesquisa, ed. Pioneira, Thomson, Learning,
2004, pág. 6.
4
SANTOS, José Henrique, Do Imperismo à fenomenologia, São Paulo, Laola, 2010, pág. 305.
5
BELLO, A., A. introdução a fenomenologia, Bauro, São Paulo: Edusc, 2006, pág. 18.
6
Idem, BELLO, A., A. introdução a fenomenologia, Bauro, São Paulo: Edusc, 2006, pág. 18
7
BRIONES, Guillemo, Epsistemologia de las ciências sociales, Colombia, Arfo editores, 2002.
2
Entretanto, HUSSERL se opõe ao positivismo e ao pragmatismo “realismo e empirismo”,
embora reconheça um valor limitado à primeira escola, ele também rejeita a crença em uma
filosofia absoluta8.

No entanto, o que HUSSERL apresentou ao mundo foi um método de pensamento que ele
acreditava poder livrar a filosofia de construções filosóficas inconsistentes e fantásticas que se
desfaziam no ar, conceitos mal formulados e falsos problemas. Pois, o seu objectivo era
fundamentar a fenomenologia como “ciência de essências”, mas uma ciência rigorosa,
voltando a Filosofia novamente para as coisas9.
No entanto, as referias coisas se concentra em dois objectivos, a destacar: o de expor os
principais conceitos da fenomenologia e de seu método; e o de expor as críticas de Husserl ao
Positivismo, que foram muito influentes no século passado, particularmente na Psicologia10.
Portanto, fenomenologia é o método de análise e evidenciação das formas da consciência ideal
e lógica e por conseguinte o estudo das essências, e todos os problemas, pois, resumem-se em
definir essências. A título de exemplo, a essência da percepção, a essência da consciência.
A intencionalidade da consciência
A intencionalidade da consciência é o conceito central da fenomenologia que, depois de
surgido no pensamento ocidental, se tornou central no debate filosófico 11. No entanto, este não
surge com Husserl, e sim com o mais directo antecessor da fenomenologia, o filósofo Franz
Brentano.
Entretanto, BRENTANO (1838-1917)12, afirmava que a consciência se caracteriza por sempre
tender para algo diferente de si. Entendia que, o sentido de intencionalidade difere do
sentido usualmente concedido ao termo pelo senso comum; pois ele vai ser buscado no termo
intentio, da filosofia escolástica, que significava o conceito enquanto tendia para algo
diferente de si mesmo.
Portanto, afirma BRENTANO, que é a característica da intencionalidade que tipifica os
fenómenos psíquicos: eles sempre se referem a algo de outro. Esse algo pode variar, mas
continuará havendo algo para o qual tende qualquer actividade consciente. Por isso, o conceito
de intencionalidade da consciência se refere ao facto de que a consciência é intencional, é
sempre consciência de algo.
HUSSERL (1973) mostra que quando alguém percebe, imagina, pensa ou recorda, sempre
percebe, imagina, pensa ou recorda alguma coisa. Por isso, diz ele, apesar de formarem uma
8
HUSSERL, Edmund, apud., BUNGUELE, Ângelo Pelembe, Epistemologia das Ciências Sociais, pág. 89.
9
CASTAŇON, Gustavo, Introdução à Epistemologia, pág. 51.
10
Idem, CASTAŇON, Gustavo, Introdução à Epistemologia, pág. 51.
11
CASTAŇON, Gustavo, intencionalidade da consciência é o conceito central da fenomenologia que, depois de
surgido no pensamento ocidental, (…) pág. 51;
12
BRENTANO, apud., CASTAŇON, Gustavo, Introdução à Epistemologia, pág. 51.
3
certa unidade, a distinção entre sujeito e objecto é dada imediatamente: o sujeito é um eu
capaz de actos de consciência (perceber, imaginar, pensar ou recordar), já o objecto é o
que se manifesta nestes actos13.
No entanto, devemos distinguir o aparecer de um objecto do objecto que aparece; como
veremos adiante, a fenomenologia se propõe a ser uma ciência do aparecer dos objectos, uma
ciência dos fenómenos14. Entretanto, HUSSERL (1973) dá o nome de noese o ter consciência
e noema aquilo de que se tem consciência.
Teses fundamentais da fenomenologia
HUSSERL, na sua obra “Investigações lógicas”, apresentou duas teses, a destacar:
 Para compreender o fluxo e conteúdo da consciência devemos nos limitar a descrever o
que nela se apresenta, sem ser condicionados por teorias apriorísticas sobre esse
conteúdo;
 A exposição acima mostra que o fluxo da consciência ocorre, isolado dos objectos
concretos, mas mediante “essências ideais”.
Portanto, a consciência, para HUSSERL, é sempre uma consciência intencional, ou seja, a
consciência de alguma coisa, isso implica uma relação com um objecto 15. Todavia, para aceder
à essência contida nos fenómenos que ocorrem na consciência é necessário purificar o
fenómeno mediante um procedimento metodológico de redução eidética denominado
epoche16. Essa redução significa isolar todo o individual e contingente que aparece no
fenómeno conferido pela intuição empírica ou por imagens da fantasia, para manter a essência
do fenómeno.

A intuição eidética
HUSSERL (1973)17 distingue dois tipos de noemas: os factos e as essências. Entretanto, a
raiz desta distinção cinge-se entre verdades de facto e verdades de razão, ou entre as
proposições obtidas da experiência e as proposições universais e necessárias. No entanto, na
base desses dois tipos de proposições está a intuição de um dado de fato e a intuição de uma
essência.

A intuição eidética (eidos – essência) é a intuição das essências. Portanto, é a intuição da


essência universal de cada facto particular18. HUSSERL (1973)19 acredita que o conhecimento
sobre o mundo começa com a experiência de dados, aqueles mesmos factos cotidianos dos
13
HUSSERL, apud., CASTAŇON, Gustavo, Introdução à Epistemologia, pág. 51.
14
CASTAŇON, Gustavo, Introdução à Epistemologia, pág. 51.
15
HUSSERL, Edmund, apud., BUNGUELE, Ângelo Pelembe, Epistemologia das Ciências Sociais, pág. 90.
16
Idem, HUSSERL, apud., BUNGUELE, Angelo Pelembe, Epistemologia das Ciências Sociais, pág. 90.
17
HUSSERL, apud., CASTAŇON, Gustavo, Introdução à Epistemologia, pág. 52.
18
CASTAŇON, Gustavo, Introdução à Epistemologia, pág. 52.
19
HUSSERL, Edmund, (1973). Investigações Lógicas, São Paulo, Abril Cultural.
4
quais também se ocupa a ciência experimental. Um facto é algo contingente, ou seja, pode ser
ou não ser, não é algo necessário.

A título de exemplo, são as marcas gráficas no papel que você está lendo agora: elas poderiam
por exemplo não existir, nada impediria isso: é perfeitamente imaginável um mundo onde
estas marcas específicas não estivessem impressas neste papel. Porém, quando um facto (estas
marcas gráficas ou o som de um automóvel de longe que porventura estejas escutando agora)
se apresenta à nossa consciência, juntamente com o facto captamos uma essência, a essência
desse facto em particular: no caso de uma impressão visual (marcas gráficas), a cor; no caso
de uma impressão sonora (o ruído do automóvel, o timbre de um instrumento), o som; e assim
por diante.

Entretanto, no facto, sempre se capta uma essência. O individual contingente sempre se


anuncia à consciência através do universal. Quando a consciência capta um facto aqui e agora,
ela capta também a essência deste facto particular: a cor deste papel é um caso particular da
essência “cor”. Portanto, em outras e mais específicas palavras: as essências são o modo
típico de aparecer dos fenômenos20.

HUSSERL (1973) demonstra a vacuidade da concepção empirista de que nós dispensemos as


essências da comparação entre coisas semelhantes, porque a semelhança já é a essência. É
pelo facto de dois fenômenos aparecerem do mesmo modo típico que os consideramos
semelhantes: a capacidade de perceber a essência do fenômeno é anterior a ele 21.

Por exemplo, nós não excluímos a ideia ou essência de um triângulo da comparação entre
muitos triângulos, nós comparamos muitos triângulos porque já os percebemos a todos como
casos particulares de uma mesma essência, da ideia de triângulo. Para comparar muitos
triângulos é preciso já ter captado um aspecto em comum pelo qual todos esses fenômenos são
comparáveis. Essa “captação” é intuição.

Portanto, o conhecimento das essências é intuição. Pois, é ela que HUSSERL 22 chama de
intuição eidética, a intuição da essência. Aqui temos um ponto importante e sutil. A
Fenomenologia é ciência de experiência, não, porém, de dados de facto. Ela é ciência da
experiência que tem a consciência com os dados de facto, ela é ciência dos fenômenos. O
objecto de estudo da Fenomenologia são as essências dos dados de facto, são os universais
que a consciência intui quando a ela se apresentam os fenómenos. Contudo, é nisto que
consiste a intuição eidética.
20
CASTAŇON, Gustavo, Introdução à Epistemologia, pág. 52.
21
HUSSERL, Edmund, (1973). Investigações Lógicas, São Paulo, Abril Cultural.
22
Idem, HUSSERL, Edmund, (1973). Investigações Lógicas, São Paulo, Abril Cultural.
5
O método fenomenológico
O método através do qual se pode chegar à essência de um fenômeno é chamado por
HUSSERL (1973)23 de “método da variação eidética”. Entretanto, REALE & ANTISIERI
descrevem esse método da seguinte maneira 24: “Toma-se determinado exemplo de um
conceito que se quer explicar e depois, pouco a pouco, se introduzem variações nas
propriedades, as quais são submetidas a variações até se chegar a um ponto em que não se
pode mais variar, caso contrário já não se teria a ver com o mesmo conceito.” (1991, p. 561).

Assim, a essência é o limite invariável dessa variação eidética. Um exemplo desse método,
nos é dado muito antes de HUSSERL, porém de forma somente intuitiva, por Descartes. Isso
se dá quando em suas “Meditações” ele se pergunta qual é a essência das coisas corpóreas.
Recorrendo a um pedaço de cera, que tem um certo cheiro, uma certa cor e uma forma precisa,
Descartes o faz variar. Levando-o perto do fogo, diz Descartes, veremos que seu cheiro, cor e
forma, ou seja, essas suas propriedades, irão variar. No entanto sabemos que sua essência não
variou, ou seja, ela continua sendo uma coisa corpórea25.

Entretanto, sobre a extensão, diz Descartes26, a propriedade pela qual ela ocupa dado espaço.
No entanto, baseado neste raciocínio é que Descartes afirmou que a extensão é a essência da
matéria.

O método da variação eidética é o método em que imaginariamente fazemos variar uma a


uma as propriedades de um fenômeno, de forma a descobrir sua propriedade invariável, sua
essência. Podemos generalizar esse exemplo e veremos que o resultado não variará: se a coisa
corpórea ao invés de cera for um automóvel, podemos pintá-lo, atirá-lo contra um poste, até
explodi-lo: seus restos ocuparão algum lugar no espaço, uma extensão qualquer. Essa, pois é a
essência do facto de ele ser corpórea27.

Portanto, como aplicamos esse método para encontrar as essências de fenômenos


compreensivos como esses (coisas corpóreas), HUSSERL (1973) 28 mostra que podemos
aplicá-lo a todas as modalidades típicas de fenômenos: fenômenos morais, fenômenos
religiosos, fenômenos naturais, fenômenos sociais.

Epoché: a redução fenomenológica do fenómeno social

23
HUSSERL, Edmund, (1973). Investigações Lógicas, São Paulo, Abril Cultural.
24
REALE, G. & ANTISIERI, D. (1991). História da Filosofia. São Paulo: Ed. Paulinas.
25
CASTAŇON, Gustavo, Introdução à Epistemologia, pág. 53.
26
DESCARTES, apud., CASTAŇON, Gustavo, Introdução à Epistemologia, pág. 53
27
CASTAŇON, Gustavo, Introdução à Epistemologia, pág. 53.
28
HUSSERL, Edmund, (1973). Investigações Lógicas, São Paulo, Abril Cultural.
6
No conjunto do método fenomenológico, temos um movimento inicial fundamental, que é o
último conceito básico da Fenomenologia que é a epoché, ou redução fenomenológica29.

Portanto, a epoché é a operação pela qual a existência efetiva do mundo exterior é posta entre
parênteses, para que nossa investigação se ocupe apenas com as operações realizadas pela
consciência, sem entrar na questão se as coisas visadas por ela existem ou não
independentemente dela30.

Para Daniel A. Moreira, entende que a redução apresenta duas vertentes: a fenomenológica e a
eidética. Remetendo à suspensão do julgamento (em grego, epoché), a redução
fenomenológica significa que, de forma radical, o filósofo deve “colocar entre parênteses”, ou
seja, deixar de lado quaisquer opiniões, assim como suas crenças na tradição, nas ciências, e
acerca da existência externa dos objectos31.

Já a redução eidética tem seu nome derivado da palavra grega para forma: eidos. Ela prega
que o filósofo deve se mover da consciência de objectos individuais e concretos para o
domínio trans empírico das ciências puras 32. No entanto, ao fazê-lo, ele atinge a intuição
daquilo que existe na estrutura essencial e invariável de uma coisa, separado de tudo que lhe
seja contingencial.

HUSSERL (1973)33 afirma que essa redução tem por objectivo suspender a “tese natural do
mundo”, ou seja, a crença espontânea de que as coisas exteriores existem tais como se as vê.
Portanto, a epoché é a suspensão do juízo sobre tudo o que afirmam as doutrinas, a filosofia e
o senso comum, de forma a encontrar pontos sólidos, evidentes e indubitáveis sobre os quais
se possa construir a filosofia como ciência rigorosa.

Entretanto, a redução fenomenológica, que encontra paralelo claro com a dúvida cartesiana,
não quer absolutamente afirmar que o mundo não existe34. Quer, antes, suspender qualquer
julgamento sobre esta questão, para primeiramente investigar como a consciência funciona.
As crenças ordinárias sobre o mundo e mesmo sobre a existência dele devem ser colocadas de
lado no início do caminho filosófico porque justamente não possuem absoluta necessidade
racional35.

29
CASTAŇON, Gustavo, Introdução à Epistemologia, pág. 54.
30
CASTAŇON, Gustavo, Introdução à Epistemologia, pág. 54.
31
MOREIRA, Daniel Augusto, O método fenomenológico na pesquisa, ed. Pioneira, Thomson, Learning, 2004,
pág. 9.
32
Idem, MOREIRA, Daniel Augusto, O método fenomenológico na pesquisa, ed. Pioneira, Thomson, Learning,
2004, pág. 9.
33
HUSSERL, Edmund, (1973). Investigações Lógicas, São Paulo, Abril Cultural.
34
CASTAŇON, Gustavo, Introdução à Epistemologia, pág. 54.
35
Idem, CASTAŇON, Gustavo, Introdução à Epistemologia, pág. 54.
7
Embora essas crenças possam ser úteis e razoáveis, e o filósofo não duvide delas, ele não as
pode utilizar como fundamento de sua filosofia, já que a filosofia, para ser a “ciência rigorosa”
que HUSSERL (1952)36 pede, é que só pode ter como fundamento o que é indubitavelmente
necessário e evidente. Ou seja, alguém pode efetivamente acreditar que o mundo existe,
porém desta crença ele não pode deduzir qualquer proposição filosófica, porque nada pode
provar que o mundo existe fora da minha consciência.

Portanto, todas as doutrinas filosóficas, todos os resultados das ciências, todas as crenças da
atitude natural, são inúteis para constituir pontos de partida indubitáveis37.

No entanto, o que pode resistir a epoché é a consciência. Pois, a consciência é a qual se


manifesta os fenômenos, é a qual se manifesta tudo o que aparece. Outrossim, a consciência é
o resíduo fenomenológico que resiste a epoché. Temos aqui apenas uma variação do cogito
cartesiano.

Conclusão
Após o término da pesquisa e desenvolvimento do trabalho, cujo tema versa sobre
fenomenologia, a epoché fenomenológico do fenómeno social, concluímos fenomenologia
nasceu como filosofia a partir dos estudos de Edmund Husserl, no início do século XX para
revitalizar a racionalidade ocidental, portanto, o autor realizou uma crítica ao psicologismo, ao
relativismo e ao historicismo que alastrou-se no fim do século XIX. Outrossim, concluímos
que quando se fala de fenomenologia, refere-se ao método de análise e evidenciação das

36
HUSSERL, Edmund, (1952). A Filosofia como Ciência de Rigor. Coimbra: Ed. Coimbra.
37
Idem, HUSSERL, Edmund, (1952). A Filosofia como Ciência de Rigor. Coimbra: Ed. Coimbra.
8
formas da consciência ideal e lógica e por conseguinte o estudo das essências, e todos os
problemas, pois, resumem-se em definir essências. A título de exemplo, a essência da
percepção, a essência da consciência.

Entretanto, concluímos ainda que o método da variação eidética é o método através do qual se
pode chegar à essência de um fenômeno. Pois, é por isso que se diz que tomar-se determinado
exemplo de um conceito que se quer explicar e depois, pouco a pouco, se introduzem
variações nas propriedades, as quais são submetidas a variações até se chegar a um ponto em
que não se pode mais variar, caso contrário já não se teria a ver com o mesmo conceito.

Contudo, deu para entender que no conjunto do método fenomenológico, temos um


movimento inicial fundamental, que é o último conceito básico da Fenomenologia que é a
epoché, ou redução fenomenológica. Pois, a epoché é a operação pela qual a existência efetiva
do mundo exterior é posta entre parênteses, para que nossa investigação se ocupe apenas com
as operações realizadas pela consciência, sem entrar na questão se as coisas visadas por ela
existem ou não independentemente dela.

Enfim, é por isso que se diz que o que pode resistir a epoché é a consciência, pois, a
consciência é a qual se manifesta os fenômenos, é a qual se manifesta tudo o que aparece e,
também, a consciência é o resíduo fenomenológico que resiste a epoché.

Referências bibliográficas
BELLO, A., A. Introdução a fenomenologia, Bauro, São Paulo: Edusc, 2006;

BRIONES, Guillemo, Epistemologia de las Ciências Sociales, Colombia, Arfo editores, 2002;

BUNGUELE, Ângelo Pelembe, Epistemologia das Ciências Sociais, 1ª Ed., Universidade


Pedagógica, Maputo, 2017;

9
CASTAŇON, Gustavo, Introdução à Epistemologia, Proposta de publicação, maio de 2007,
recuperado em
https://auriusfilosofia.wordpress.com/wp-content/uploads/2013/11/introduc3a7c3a3o-c3a0-
epistemologia-gustavo-castac3b1on.pdf, no dia 25.04.2024, pelas 20h:30 minutos;

HUSSERL, Edmund, Ideias, Ideias gerais para pura Fenomenologia, 1967;

HUSSERL, Edmund, (1973). Investigações Lógicas, São Paulo, Abril Cultural;

MOREIRA, Daniel Augusto, O método fenomenológico na pesquisa, ed. Pioneira, Thomson,


Learning, 2004;

REALE, G. & ANTISIERI, D. (1991). História da Filosofia. São Paulo: Ed. Paulinas.

SANTOS, José Henrique, Do Imperismo à fenomenologia, São Paulo, Laola, 2010.

10

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