Karoline Santos
Karoline Santos
Karoline Santos
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KAROLINE SANTOS
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Para a professora Amanda Jacobsen,minha irmã jackeline e
a todas as mulheres que antes de mim lutaram e lutam até
hoje para conseguir mostrar sua história ao mundo .
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SUMÁRIO
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Capítulo 1
Zaya e Johnny
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Abraço meu pai, ele sente o aconchego e o carinho que eu levo em meus braços,
eu sinto então, minha cabeça molhada, porque as lágrimas escorriam seu rosto
avermelhado me deixando triste, mas não a ponto de chorar também. Ele me olha e
encosta a testa na minha e diz sussurrando:
-Eu tenho muita sorte de ter você, minha menina preciosa, eu sei que não é fácil
sem sua mãe…
-Ela faz falta, e você vai fazer também. Digo com a voz trêmula.
-Eu sei, mas eu volto, eu quero te pedir um favor, cuide da casa para mim enquanto
eu não estiver…
-Eu não posso, não consigo sem você… Eu só tenho 19 anos. Digo com negação,
porque era extremamente contraditório oque ele me pedia.
-Você pode e consegue, não precisa de mim nem de ninguém, porque você é
independente, forte, corajosa e acima de tudo é uma mulher jovem e linda como sua
mãe, sabe o'que vocês duas têm em comum?
-Oque?. Digo curiosa.
-Vocês não desistem nunca do que vocês amam! Até o final… -Ele diz sussurrando
como se fosse um segredo que nem as formigas pudessem escutar. Colocando a
mão nos meus ombros continua a falar. -Eu quero te pedir outro favor, se alguma
coisa acontecer… -fez uma pausa -Se eu não voltar… -Ele fala segurando as
lágrimas- Proteja o seu irmão, ele só tem 8 anos, eu sei que você vai conseguir,
prometa pra mim que vai fazer isso!
-Eu prometo, vou dar meu melhor… não vou te decepcionar!
Ele dá um sorrisinho: -Você começa amanhã, na Universidade, sabe a combinação
do cofre, não tem muito mais tem o suficiente para o tempo que estarei fora.
-Não posso aceitar - Digo franzindo a testa. -São suas economias, eu posso ajudar
de outra forma ! Por favor.
-Faça o'que eu peço! Querida, não quero que sofra enquanto eu não estiver, use
oque tem lá com responsabilidade - Ele põe a mão no bolso grande de seu cansaço
preto e retira um colar, com uma pedra arredondada cintilante, era um diamante!
-O colar da mamãe! você consertou, estava quebrado. Meu rosto se apresentou
surpreso e contente.
-Ela queria que eu entregasse a você, como um pedaços dela e uma parte minha.
Eu sempre estarei com você e seu irmão, esta casa guardar cada lembrança que
passamos juntos. -Fez uma pausa - É o nosso refúgio, cuide bem dele. Ele beija
minha testa, a doçura de um beijo de uma pai carinhoso pela sua filha, é tão
preciso, parecia que seria o último, me sentia protegida, era como provar uma
comida deliciosa, como um sono numa noite chuvosa, como um banho refrescante
em um dia de verão.
Ele se agacha e beija meu irmãozinho na cabeça, que estava desgostoso com tudo
aquilo, de cabeça baixa olha para meu pai e diz sussurrando:
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-Não vá, por favor !
-Ei soldado. -Era assim que ele o chamava. -Pode chorar isso não vai te destruir!
- Homens e soldados não podem chorar papai. -Disse meu irmãozinho convencido.
- E claro que podem! Isso não muda quem você é, pelo contrário, te torna mais
forte.
Com seu bracinho esticado ele abre a mão e mostra um pequeno botão vermelho
de seu cardigan.
-Assim você não vai esquecer de mim. Disse ele, a ponto de chorar.
- Obrigado, vou guardar com carinho, assim eu sempre vou lembrar de você e sua
irmã.
Ele colocou o botão em um fio de barbante amarrando-o no pescoço, abraçou
depois outra vez eu e meu irmão .
A buzina toca, da um sorriso, enxuga as lágrimas se levanta até a porta e diz:
-EU AMO VOCÊS
Então ele corre até o carro preto, com outros homens junto a ele, acenando e dando
beijos, eu retribuo de volta, e continuou acenando com meu irmão até ele sumir nas
montanhas,
Olho para meu irmão e ele começa a chorar, então abraço ele com força até ele se
acalmar, eu sentia que agora não seria fácil mas ficaria bem, porque fiz uma
promessa a meu pai e não vou descumpri-la, eu sou forte, sou corajosa e acima de
tudo, sou mulher.
-Acha que ele vai voltar Zaya? Diz meu irmão com o rosto vermelho.
-Ele vai voltar Johnny, ele sempre volta, eu te prometo. Agora, temos que ficar
juntos.
-Eu estou com medo Zaya, de perde ele também, assim como a mamãe.
- Ei! Eu estou aqui, eu prometi pro papai que nunca ia deixar nada de ruim
aconteceu com você, eu vou te proteger
-Mas quem vai proteger ele?
Fico pasma com a pergunta de meu irmão, ele nunca fizera uma pergunta tão
perplexa em toda minha vida, mas tinha certeza de que meu pai voltaria e não
queria preocupá-lo pois ele era só uma criança.
-Não se preocupe, vai dar tudo certo, mas agora, você é tudo que eu tenho.
-E o cosmo ! Disse ele, associando o cachorro como membro da família, o'que eu
apoiava.
-Sim o cosmo, eu e você somos um todo.
-Tudo bem !
Ele sai correndo para dentro com um sorrisinho, agora está mais calmo. Mas antes
de fechar a porta continuo pensando no que meu pai me disse “proteja seu irmão”
“cuide da casa” Estava destinada, com um propósito e não iria decepcionar minha
família.
Fecho a porta e quando me viro, vejo Cosmo, um golden de meia idade com uma
orelha preta, era fofo e engraçado, não era estranho, não para mim. O Cosmo ama
o Johnny e odeia vê-lo triste, sempre tenta animá-lo, assim como eu.
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Não havia só nos na casa, outras pessoas convivem entre nós como a empregada
Betty, a cozinheira Fátima e a jardineira Paula, eles trabalhavam na casa, estão
conosco desde que moramos no Brasil, pra falar a verdade sou Brasileira e não me
envergonho por isso. Vivemos agora, em Amsterdam apesar de tudo de belo que há
por aqui, nunca sai de minha casa querida, pois depois de tudo que aconteceu com
minha mãe, o cheiro dela ainda esta aqui, era como se ainda estivesse viva e
quando o silêncio abrigava casa, dava para ouvir as músicas que ela cantava para
nós, ecoando de parede a parede, sim, era a felicidade, dava para sentir até o
gosto, posso sentir a cada passo que dou. Foi minha mãe que me educou e me
ensinou tudo que sei, só estudei em uma escola até os 12 anos, depois fui ensinada
em casa. Além da educação básica, ela nunca me ensinou a ser uma dona de
família ou de cuidar de uma casa, isso aprendi com meu pai, como limpar, costurar
e cozinhar, costumam até dizer, que éramos opostos, porque não fazia sentido um
homem limpar a mulher trabalha, mais para nós éramos iguais a todos, só tínhamos
nosso jeito de fazer as coisas, o'que era divertido e tornava cada momento único.
Mamãe me ensinou a encarar o mundo e eu amo lembrar de todos os momentos
que passamos juntas, ela sempre me dizia que o mundo não merece as mulheres.
Johnny tem olhos castanhos, que eram aspectos que lembram ela .
Ando pela casa e sinto cheiro agradável, lembranças me vem à cabeça, os cheiros,
os perfumes do Brasil, aquele pão fresquinho da padaria e aquele aroma das frutas
nas feiras, cheirinho de nostalgia, era agradável tão agradável que senti a saliva
escorrer sem querer. Olho e vejo a cozinheira Fátima fazendo biscoitos de polvilho,
aqueles biscoitos que lembravam a infância, era alegrador, peguei um, estava
quente, havia saído do forno a pouco tempo, saio sem ela me ver, era minha forma
de provar o'que ela fazia de delicioso, porque não deixava ninguém comer antes da
hora. Sempre divido um pedaço com meu irmão, não é justo comer tudo sozinha .
O telefone toca, uma voz grave mais amigável soa, era meu pai:
-Já sentiu minha falta? Diz ele animado.
-Só faz algumas horas. Mais claro, sinto muita falta.
-Pelo que o coronel disse, ficarei pouco tempo, não vou demorar- O barulho do
carro batendo nas pedras atrapalhava nossa conversa.
-Pai eu esqueci de dizer uma coisa quando você saiu!
-oque minha querida?
-Se cuide, por favor, por mim .
- Eu irei, por você, por nós e por todos, te amo minha menininha. Quando for pra
universidade não vai arrumar encrenca. Ele fala brincando.
-Eu prometo que vou me comportar.
-Amarelo! Flores! O'Que você vê?
Olho pela janela - Sol se pondo.- O'Que você vê? Era a nossa brincadeira quando
ficamos entediados.
-Cuida bem de tudo e lembra do que eu te disse.
Depois nos despedimos e ele desliga ,e bem na hora, me assusto com o barulho do
relógio sinistro no corredor, anunciando que já era hora do jantar, odeio esse
relógio, além de assustador e irritante, mas era da mamãe e ela gostava dele .
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Depois de jantar, eu e meu irmão fomos nos aprontar para dormir nós escovamos
os dentes juntos com graças e brincadeiras, eu via que ele crescia, pois a algum
tempo ele ainda ficava na ponta dos pés para alcançar a pia, agora estava normal,
depois fomos dormir, toda noite antes de dormir eu deito do seu lado, até ele ficar
confortável com tudo, ele pega seu urso de pelúcia,( que era branco mas por algum
motivo estava amarelo), porque não conseguia dormir sem ele, e sempre me pede
pra contar uma história e toda noite a mesma história ALICE NO PAÍS DAS
MARAVILHAS, ele amava a história da menina que persegue o coelho até um terra
de maravilhas e curiosidades e que tudo o'que ela viu era um sonho, quando dava
conta ele estava dormindo abraçado ao urso, saia da cama e ia para a meu quarto,
ao lado do dele…Quando me deito começo a pensar na universidade, Será que iam
me achar estranha? O que vai acontecer amanhã? Será que vou desmaiar? Será
que vou morrer? porque não paro de pensar nisso? Será que meu pai está bem?
Será que vou ser feliz? Será que vou ter algum amigo? Será que vou sentir o cheiro
bom dos pães e biscoitos outra vez? O'que vai acontecer? Olho para cima vejo o
teto com rachaduras, depois de uns minutos fecho os olhos e durmo, esperando o
amanhã, o misterioso amanhã.
O sol reflete em meus olhos quando acordo, e a empregada Berry abre as cortinas
brancas grandes da janela de meu quarto e vem até mim :
-Ei menina, acorde, seu dia é longo hoje, não? Fala com sua voz suave, oque me
dava mais sono.
-Me diz que não é segunda-feira!
-Felizmente senhorita, hoje é segunda e já está atrasada, vamos! Levante da cama -
Ela me chama batendo palmas e me sacudindo na cama .
Então ela faz uma coisa que eu considero um sofrimento, ela puxa o lençol que
estava embrulhada, e sou obrigada a sair da cama. Agora era hora de me arrumar
para a universidade. Quando tomo banho a água está suavemente quente, o'que
tirava do meu corpo a sensação de frio da noite, as paredes do banheiro com
azulejos preto e branco me lembram um tabuleiro de xadrez e as tardes que jogava
com meu pai no jardim da casa. O sabonete tem cheiro de macadame e eu amava
aquele aroma agradável com a espuma que fazia, era relaxante.
Depois do banho, vou me vestir, mais fico preocupada com oque vão pensar da
minha aparência, me visto como uma nerd ou uma garotinha mesquinha, eu não
pensava assim, só queria ser eu mesma, então coloco um vestido amarelo básico e
uma sapato preto, amarro meu cabelo com um coque simples e desço as escadas
até a cozinha, sentindo o cheirinho de café feito na hora e pão de queijo fresquinho,
meu irmão já estava tomando seu café quando me sentei junto a ele.
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-Bom dia Johnny! Digo animada.
-Bom dia Zaya! Ele retribui normalmente com um sorriso.
-Você vai ficar bem sem mim? Pergunto.
-Vou sim, hoje tem aula de pintura - Ele fala também animado.
Ele retira outro botão, desta vez de sua jaqueta e entrega para mim.
-Obrigada Johnny - Fico mais animada ainda e vou até ele e o abraçado, e o beijo
escutando as gargalhadas de um garotinho. Então a buzina do motorista toca e nos
apressamos, sem saborear as gostosuras da culinária de Fátima, coloco a mochila
nas costas de meu irmão e corremos até o carro, o motorista se chama Carlos, mais
o chamo de Carl, ele me chama de Majestade porque dizia que era da realeza,
sempre abrindo a porta para mim.
Ele deixa primeiro meu irmão na escola, mas antes dou mais um abraço e um beijo
na cabecinha dele, descendo do carro e despedindo-se com acenos. Depois de
alguns minutos, olhei pelo vidro do carro e vi a belíssima paisagem esverdeada,
depois azulada, amarelada, rosada, mas continuo pensando em como me
apresentaria as pessoas.
-A majestade está Animada?- Disse Carl no caminho.
- Eu nem sei mais, o que vão pensar quando chegar lá?
-Olha eu acho que vão ficar pasmos de conhecer uma moça tão linda e talentosa
como a vossa majestade -Ele fala com a intenção de aumentar minha auto estima.
-Você acha mesmo que vão gostar de mim? -Falo criando expectativas.
-Eu tenho certeza, você é tão doce quanto sua mãe - Diz sorrindo - Chegamos
Majestade!- Ele sai e abre a porta para mim como sempre.
-Obrigada Carl!
-Não há de que! Tenha um ótimo dia.
Me abraçado e me dando uma reverência, ele entra no carro buzina e vai embora.
Quando me viro, vejo a imensidão que há por um lugar que chamam de
universidade, era grande, me sentia irrelevante, insignificante e tudo de inútil, mais
havia comigo força e um botão do meu irmão que me encorajava.
Subo as escadas e vejo vários outros jovens, uns me olhando outros não, alguns
eram altos outros baixos, alguns eram animados, outros mais quietos, mas eu
estava animada mas não queria demonstrar isso, mas saia sem eu perceber, meu
sorriso invasor, que me envergonha em meio ao público, Será que estavam falando
de mim?
Comecei a me sentir desanimada, meu sorriso se esvai, e minha animação ia junto,
ai papai como queria você aqui com seus conselhos, e mamãe pra me dar aquele
abraço que só você tinha, sinto sua falta mas não vou deixar a tristeza me abalar
vou tentar, eu tenho que tentar.
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Capítulo 2
Zaya e Med
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Para mim Mary é nome de bolsas chiques, daquelas feitas de couro ou banhadas a
ouro, que são caríssimas, mas era o nome dela o que.
-Eu soube que morou no Brasil! Deve ser bem legal e tropical por lá!
-É sim é bem tropical -Digo sorrindo
De repente, entra na sala uma garota loira alta, deveras bonita, com uma mecha do
cabelo vermelha e com o estilo de uma garota fora dos padrões estudantis, uma
calça justa preta e uma blusa da Bandeira dos Estados Unidos, ela me olhou dos
pés a cabeça com sensatez e me viu como uma celebridade famosa, que precisava
de alguém para protegê-la.
-Essa Zaya e a Madeleine, ela vai com todo prazer, te apresentar o instituto não é
mesmo Madeleine? -Disse a diretora, me apresentando ela com entusiasmo.
- Prazer Zaya- disse Madeleine.
-Igualmente! - disse apertando sua mão firmemente
-Olha eu acho que vocês vão se dar super bem, quem sabe viram amigas não é
mesmo?
A diretora estava realmente animada.
-Tanto faz! -disse Madeleine - vem logo tenho que te mostrar a escola antes que
essa mulher me deixe louca!
Ela puxa meu braço da porta ao corredor.
-Ufa! Ela me sufoca - disse ela, agora estava deveras animada - Pode me chamar
de Med, minha mãe me deu esse nome comprido? Parece nome de cachorro.
-Você é engraçada! - solto gargalhadas - Porque você não gosta da diretora Mary?
-Garota você é bem desorientada! Ela é minha mãe! - disse franzindo a testa.
-Nossa eu não sabia! Me desculpa, vocês são bonitas -disse coçando a cabeça.
-Você é da onde Garota? Perdão! Zaya.
-Eu so do Brasil, mais moro aqui a 4 anos
-Nossa! Uma brasileira - ergueu as sobrancelhas com surpresa - onde esteve
estudando todo esse tempo?
-Eu estudei só até o quinto ano, depois fui educada em casa pelos meus pais.
-Que sortuda! Acredite em mim, é horrível- disse colocando a mão no meu ombro -
você até que é gatinha, ficaria com você se não gostasse de outra pessoa.
-Você é …
-Gay! E sim minha mãe já sabe, mas as pessoas desse lugar criaram uma
raiva,como se fosse problema delas, mas é meu, então não julga -Disse me
interrompendo.
-Claro que não, eu respeito bastante, até apoio se precisar, mesmo não entendendo
muito do assunto! - Eu a apoiava apesar de não a conhecer. Dando um sorriso ela
diz:
-Minha mãe estava certa, acho que seremos ótimas amigas, ela apoia o braço no
meu pescoço e sorri outra vez- Vem, vou te mostrar o lugar. Ela me leva a diversos
lugares diferentes, como o refeitório, as salas de aula, o laboratório, a quadra de
esportes e o lugar mais incrível do mundo, a Biblioteca, como era grande tinha todos
os livros que eu queria ler e mais. Era maravilhoso, fiquei paralisada, em choque,
não conseguia me mexer…
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-Zaya! Ei! - Ela começa a me sacudir - tá tudo bem? O sinal já tocou, temos que ir
pra sala.
-An? A sim a aula … vamos, eu me distraí um pouco.
-Garota você é bem distraída! Vamos logo.
Começamos a correr pelo corredor até a sala de aula, foi aí que as pessoas
começaram a me olhar, como um alienígena invasor, me senti constrangida e
envergonhada.
-Ei tá tudo bem?- Med parecia preocupada comigo.
-Eu estou sim, só um pouco cansada da correria.
-Vai se acostumando! Senta aqui perto de mim.
Eu me sentei e o professor chegou, era um homem alto e moreno, usava óculos
arredondados e roupas dos anos 60, deveras elegante para mim.
-Esse é o sr Fred, ele ensina muito bem! - disse Med sussurrando.
-Ola turma! sejam bem vindos de volta, e parece que temos uma nova aluna, pode
vir aqui e se apresentar, sinta-se à vontade se precisar - disse me chamando
simpaticamente.
Eu não tinha reação, estava nervosa, meu coração batia rápido e forte, dando pra
ouvir minha respiração, era ofegante, minhas mãos ficaram trêmulas e geladas,
comecei a apertá-las com força, olhei para frente e comecei a falar:
-Meu nome é Zaya Montana Mendes, eu sou do Brasil, mas estou morando aqui a
mais de 4 anos, gosto de literatura… e moro em uma casa enorme, tenho um
irmãozinho chamado Johnny e um cachorro chamado Cosmo. Meu pai é Médico no
exército, então passa a maior parte do tempo viajando, mais sempre tem um tempo
pra mim e pro meu irmão, minha mãe morreu de uma bala perdida quando
estávamos viajando, gosto de filmes preto e branco não ando armada, nunca fui o
museu van Gogh… acho que falei demais, então desculpa estou nervosa.
Então me sento rapidamente com cochichos e risadinhas.
-Isso foi impressionante Zaya! Prazer, seja bem vinda e sinto muito pela sua perda!
Mas não estamos aqui pra ficar tristes, estamos aqui pra falar de literatura …Disse
ele mudando de assunto.
Minha cabeça estava pesada, minhas mãos estavam frias, apertei-as com mais
força para esquentá-las, Med olhou pra mim preocupada, então segurou as minhas
mãos para aliviar minha ansiedade, tentando prestar atenção no que o professor
dizia .
Começou a escurecer, mais Med me falou que éramos amigas agora, e já que não
sabia como funcionava o ensino na universidade, ela ficou do lado de fora até Carl
chegar, me despedi dela e fui embora, estava feliz por ser um ótimo dia, ter feito
uma ótima amiga e ter uma otima familia.
-Como foi o dia Majestade?-Perguntou Carl.
-Foi ótimo Carl! Você tinha razão, eu fiz uma amiga.
-Isso é incrível! Daqui a pouco estarei vendo-a com um namorado…
-Não Carl, isso fica para os livros.
-Como quiser!
Chego em casa e vejo meu irmão, me esperando na porta, ele me abraça e me
aperta com sua força de crianças.
-Sentiu minha falta? Disse ele sorrindo.
-Eu não! Porque eu tinha um botão, que um certo alguém me deu para eu não sentir
falta dele. Mais claro, senti muita, muita falta sua soldado - comecei a fazer
cócegas nele e ele ri alto e contente.
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Entro e vejo o Cosmo correndo até mim, me derrubando e me enchendo de saliva
com sua língua enorme passando pela minha cara .
O relógio sinistro toca e eu vou até a cozinha, e sinto cheiro de uma só coisa
FEIJOADA, como eu amo, uma delícia, eu e meu irmão fazemos graça um com o
outro quando comemos, mais depois vamos assistir filmes juntos, e chamamos
todos da casa para assistir conosco, era a segunda de Filmes. Quando o filme
acaba, vamos nos aprontar para dormir, leio a mesma história para meu irmão e vou
deitar, agora, pensando em como seria outro dia, agora que estava feliz, antes de
fechar os olhos o meu celular toca:
-Oi minha menininha! -Era meu pai.
-Pai, como está aí?
-Como sempre! Eu soube que hoje foi seu primeiro dia e aí como foi?
Contei tudo a ele e não dei conta que o tempo passou rápido.
-Que ótimo querida, eu fico feliz por você. E Johnny, ele está bem?
-Sim, ele está ótimo!
-Perfeito …Ei! Branco Lua cheia! O’que você vê?
-Estrelas cintilantes -Dou um sorriso -Boa noite pai.
-Boa noite .
Ele desliga e sinto um sono tomar conta de mim, sentindo minhas pálpebras
pesadas e se fecharem lentamente para o teto rachado, e sentindo o aconchego e
a maciez da cama, até me aprofundar mais e mais. Enquanto escuto a música que
minha mãe cantava, ecoando pela casa na noite silenciosa, fazendo a doçura de
sua voz me adormecer.
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Capítulo 3
Zaya e Vince
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-Você vai então! obrigada amiga - ela me
abraça - Você é a melhor
Continuamos andando até a sala, apesar de
conhecer a Med a pouco tempo, eu não queria
perder a minha única amiga que eu tinha, se ela
tinha um romance com todo mundo, o'que eu
podia fazer, acho que ela faria o mesmo por
mim.
Ao entrar na sala, a aula foi sobre títulos
literário, quando uma aula é chata parece que o
tempo anda se arrastando, tão devagar, tão
lento, eu passei a aula pensando nos livros que
eu lia sobre aventuras e ficção, ficava sonhando
acordada até o sinal finalmente tocar, e eu sair
daquela sala e viver a minha vida fora de quatro
paredes.
Depois do almoço, aí para a biblioteca, ate Med
me parar do nada:
-Ei! Aonde você vai?
-Pra biblioteca!
-Não, agora você tem aula de pintura!
-Sério! Eu vou, só não entendo porque tem que
ser eu.
-Porque, você é maravilhosa e sabe pintar, eu
nem sei fazer boneco de palito.
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-Tabom! Ok eu vou - digo rindo.
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perto dos cavaletes. Disse Sra Katherine
animada.
Ela colocou um jarro de tulipas coloridas na
nossa frente, (já que era um círculo de
pintores). E começamos aos som de
Beethoven, em uma caixinha de som, cada
pincelada era única, Eva estava perdida,
trocava-mos as telas sem a professora ver,
quando acabei a minha entreguei a Eva para
dizer que era dela, e ela me entregou a sua
inacabada e saiu da sala para o encontro com
Med, fiquei sozinha, mas pintar era relaxante,
até Vicente me cutucar:
-Pode-me emprestar o seu vermelho por favor?-
disse ele
-Claro!- entreguei a tinta
-Posso te fazer uma pergunta? - Disse ele
sussurrando
-Pode sim!
-Porque estava trocando sua tela com a outra
garota?
-Digamos que ela tinha um compromisso e
precisava de ajuda.
-Entendi! - Ele se calou
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Olho e vejo a bela pintura que ele fazia,
lembrava o estilo de algum pintor.
-O seu quadro está muito bom -digo a ele-
Lembra muito o estilo de Va…
-Van Gogh! Todos falam isso. Mas tem uma
coisa que ninguém sabe…Eu sou neto dele! -
disse ele sussurrando com um sorriso de canto.
-Sério! Ele não se matou ou algo assim?
-Isso é o que circulou, mas o que ninguém sabe
é ele conheceu uma linda moça, que teve uma
filha chamada Katherine, e essa moça se casou
e teve um filho que deu o mesmo nome que seu
pai Vincent, e aqui estamos nós - disse ele
pintando.
-Essa é a história mais maluca que eu já ouvi -
disse querendo rir - mas tudo bem, você é
engraçado.
-Desculpa, eu não sei o seu nome! - Disse ele
depois de dar um sorriso.
-É Zaya!
Ele não parava de olhar, de olhar pra mim, e eu
não parava de olhar pra ele, por um instante o
tempo parou e olhar pra ele me acalmava, e eu
me sentia bem. Mas era estranho, a tinta estava
secando e eu queria ir embora.
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-Porque você não para de olhar pra mim?- digo
rindo
-Você tem lindos olhos.- diz ele devagar.
-Obrigada você também!
-Sabe o'que Zaya significa? - ele continua
pintando
-Oque?- continuo pintando também
Pode ser sorte, flores que florescem, mas o
correto é que Zaya, significa destino.
-Nossa! destino, eu não fazia ideia, obrigada
por me contar - dou um sorriso.
-Denada! - Ele retribui com outro sorriso.
A sra Katherine parecia feliz de ver eu e Vincent
conversando, veio até nós, e olhou nossas
pinturas
-Belo trabalho! Muito bom Zaya, Vince querido
está ficando ótimo parabéns - Ela sai e olha o
dos outros alunos.
-Vince?- digo querendo rir
-Eu não tenho culpa, sabe como são as mãe!
-Sei, melhor eu sabia antes da minha mãe…-
Quanto mais eu falava mas a animação
desaparecia.
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-Zaya, eu não queria tocar no assunto,sinto
muito. Diz ele colocando a mão melada de tinta
em meu ombro .
-Tudo bem,já faz anos,ela que me ensinou a
pintar assim
-Foi minha mãe que me ensinou a pintar
também…
De repente o sinal toca e a aula chega ao
fim,todo aquele clima de perda foi embora,antes
de sair alguém me chama,era a sra Katherine
me chamando,então vou até ela
-Oi Zaya!Eu vi que você pinta muito bem, e vi
que se deu muito bem com meu filho- Ela falava
com sotaque francês e era relaxante de ouvir .
-Sim ele é…interessante.
-Eu sei que parece besteira e que mal nos
conhecemos, mais, vai haver um festival no
parque no domingo, e eu queria que você
fosse,só por diversão e pode levar quem você
quiser.
Eu não queria ir,mas o rosto belo da professora
não me fazia soltar a negação,fazendo eu
aceitar. Ela estava agora feliz, e eu feliz por
fazê-la feliz.
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Chegando em casa depois de um dia cansativo
percebi que era sexta-feira e passaria o final de
semana.com meu irmão.Mais ao deitar nao
parava de pensar na professora,no meu pai,no
Johnny, e no Vincent,apesar de não o
conhecer, ele era bem interessante, mas não
importa, estava com sono e queria dormir até
não poder mais.
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Capítulo 4
Zaya e Johnny
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-Você venceu,estou acordada,agora deixa eu
tomar banho que jaja eu desço.
Ele acena com a cabeça com aprovação,então
vou ao banheiro para me aprontar para o
café,desço as escadas e dou bom dia a todos.
Vou lá fora primeiro e vejo Paula mexendo no
canteiro de tulipas
-Está ficando lindo- digo me abaixando um
pouco.
-Obrigada,logo logo elas estarão mais bonitas.
Paula era uma senhora já idosa que não se
importava com o dinheiro só queria plantar
flores e cuidar do jardim da minha casa ela era
super amigável.
Saio depois de conversar um pouco com ela
sobre as flores e entro para ver como vai as
delícias que Fátima estava fazendo.
-Já falei que não quero você nem seu irmão
aqui na cozinha- disse ela sentindo eu chegar
perto dela.
-Eu sei Fátima mais não dá pra aguentar sua
comida é muito boa- digo eu quase pegando um
bolinho
-Ok pode pegar já está pronto mesmo e chame
os outros para comer com vocês.
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Fátima era de meia idade cabelos longos
escuros e ondulados tinha olhos cor de mel,e
rosto esbranquiçado que brilhava a luz do
sol.Era carinhosa mas super apegada a sua
culinária quando tentavam invadir seu território
ela não gostava.
Fomos tomar café,mas não gosto de tomar e
ver outros trabalhando então chamo todos para
aproveitar a refeição juntos.Depois que todos
terminam,meu irmão e eu vamos para a
biblioteca jogar alguns jogos.
-Zaya!- disse ele parando o jogo de cartas
-Diga Johnny- olho pra ele
-Depois que terminar o jogo, podemos brincar lá
fora?
-Claro!-fiz uma pausa- Você quer fazer alguma
coisa depois?
-Tocar piano e assistir filmes !- disse levantando
os bracinhos.
-Tudo bem- continuamos jogando
Depois de jogar baralhos, dominó e xadrez
fomos para fora brincar de bola, se balançar no
balanço e correr.Passar um tempo com meu
irmão,era divertido, ele não fazia qualquer
travessura, era um garotinho doce como a
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mamãe, passar um tempo tocando piano com
ele, era relaxante,tranquilo e calmo, era
maravilhoso,ele sempre deixava eu escolher o
filme,mais nunca um que fosse pesado demais
pra ele nao era a segunda de filme, mais eu
gostava de ter todos pertos de mim, me sentia
segura.
Meu Celular toca,era a sra Katherine
-Ola Zaya! Espero não estar incomodando.
- Não,imagina! O que a senhora deseja?
- Só queria confirmar o passeio de amanhã,
você vai?
-Vou V…Vou sim. Estarei lá
-Me mande seu endereço e Vincent vai buscá-la
-Ok .Desligo o telefone.
Depois de um tempo conversando percebi que
seria melhor passar um tempo com outras
pessoas, passar um tempo com meu irmão não
era ruim, mas eu amava sair e encontrar
pessoas novas.
Olhando para o meu irmão agora, vejo que ele
está crescendo e que não terei mais tempo para
ficar com ele, aqueles cabelinhos ondulados
escuros, me lembrava uma doce criança que
corria pelos lugares mais altos, e agora está
32
crescida, mas não me arrependo de passar
tempo com você.
Depois de contar a sua história favorita e dando
um beijo em sua testa, depois do doce boa
noite,desligo a luz e saio do seu quarto, vendo
aquela criança que cresce a cada dia,
adormecendo o sono da noite. Olho o meu
celular e está cheio de mensagens da Med
falando como foi a noite com Eva, deve ter sido
divertido, meu pai me manda várias fotos
cuidando dos soldados, e eu deito na minha
cama olhando para o teto rachado outra vez,
sentia falta do meu pai perto de mim, sentia
falta dos bons momentos que passamos juntos,
e que podia ter sido melhor, mas adormeço no
sono e sonho com as lembranças que
passamos juntos, na nossa casinha querida em
meio a sorriso as gargalhadas que ecoavam
por todo lugar e a nostalgia tomava conta de
mim.
33
Capítulo 5
Zaya e Vincente
38
- Tudo bem,Vince! Até que a nossa conversa
está andando muito bem, você se veste
elegantemente sabia!
- Obrigada puxei do meu avô-disse ele
brincando outra vez.
-Você sabe pintar,é engraçado o'que mais você
faz?- pergunto olhando para cima também.
-Eu toco piano e gosto de ler também.
-Nossa! Eu também, mas sou fascinada pelos
livros- digo entusiasmada.
-isso é legal, eu também gosto muito! Vem, ali
naquela árvore,quero fazer uma pausa,não
aguento mais andar- disse ele apontando para
uma árvore.
Nos sentamos na grama, que tinha vista para o
lago e para as brincadeiras no parque, olha
para Vince e vejo ele ao meu lado, ele não
parava de olhar para mim, dava um sorriso, e
eu não parava de olhar para ele, ele era
hipnotizante, o cabelo dele a luz do sol, brilhava
reluzente.
-Por que você não para de olhar para mim!-
Perguntou sorrindo.
- Eu não sei- fez uma pausa- Você é tão linda!
39
Fico vermelha, porque nenhum menino disse
isso para mim, a não ser meu irmão, meu pai e
os empregados da casa, mas, ouvir isso dele,
foi tão profundo, tão real, fiquei tímida e feliz ao
mesmo tempo,não parava de mexer nas minhas
mãos, então, o que eu faria agora?
- Mas é verdade! você é muito bonita Zaia, você
nunca ouviu isso de mais ninguém,não? -disse
ele olhando ainda para mim
Ele tinha olhos tão lindos, tão claros e tão
azuis,não parava de olhar para ele e ele não
parava de olhar para mim.
- Você tem quantos anos- digo mudando de
assunto
- Eu tenho 19 anos! eu sei, eu sou velho
demais- ele faz graça
- eu tenho 18 - digo- acho que eu sou velha
também!- faço graça, -não!- ele disse fazendo
uma pausa - eu não acho, você ainda tem muito
que aproveitar,você já foi nos museus daqui?
nos pontos turísticos? São lindos e pelo mundo
tem mais, parece que somos jovens, mas
quanto mais tempo passa, envelhecemos a
cada dia e a cada dia fica difícil de
aproveitarmos mais a vida, que é tão curta, e
40
tão insignificante, mas,quando aproveitamos,
aquela insignificância passa a valer a pena,
porque aproveitamos o tempo, o nosso tempo
-nossa! que profundo - digo - eu nunca Visitei
no museu-nem a casa da Anne Frank, nunca
saí da minha casa, desde quando vim para cá ,
-eu posso te mostrar,se você quiser. Amanhã,
depois da aula, eu tenho certeza que você vai
gostar bastante, você e eu temos gostos
parecidos, e também, vai ter um concerto,e eu
queria muito que você fosse, se você quiser,
-Eu quero assim. Obrigada Vince,você é um
ótimo amigo
Ele sorri.
-Porque você tá rindo?
- Você disse, que eu sou seu amigo, eu nunca
tive uma amiga, as pessoas não gostam de
mim, porque eu sou estranho
- Eu não acho você estranho, pelo contrário
você é bem legal. Eu vou com você, ao
conserto também, eu gosto de música clássica,
e passar um tempo fora de casa, pode ser um
ótimo jeito de aproveitar o tempo que temos,
não é mesmo? -Digo sorrindo timidamente
41
- Então amanhã a gente…!- Ele dá um sorriso
contente .
Então ele para de falar e continua olhando para
mim, dando um sorriso, tão lindo que não
consigo ficar séria, mas vejo que já está
escurecendo e tenho que ir para casa, então eu
levanto -Já está ficando tarde!
- Eu te levo até em casa!- diz ele se levantando
também.
Obrigada!- digo na volta
Como já estava escurecendo, estrelas
começaram a aparecer no céu cada pontinho
iluminava uma noite, além da brisa dos
perfumes, do barulho da bicicleta, era tudo tão
lindo, fazia valer a pena. Tudo tão tranquilo tão
calmo, as minhas mãos passando pelos pelas
galhos das árvores, a lua brilhar no céu, com as
estrelas, até elas me levarem a minha casa,
desço da bicicleta e agradeço
Obrigada! Gostei de conversar com você, se
tiver na próxima talvez eu possa ir?
-Claro! Ele fez uma pausa - Te vejo amanhã!
Tenha uma boa noite.
- Para você também é claro, agradeço e entro
em casa
42
Meu irmão me abraça outra vez, o cosmo me
lambe e me enche de pelo. Passar a noite com
pessoas que você conhece e gosta, te faz sentir
melhor, eu gostei aquele dia, foi como lembrar
da minha família junta e agora que eu vejo o
Johnny crescer, eu tenho que aproveitar,
porque o tempo passa rápido que num piscar
de olhos, tudo pode mudar,principalmente
depois desse dia. Não parei de pensar no fim
na nossa conversa, nossa troca de olhares, eu
não sabia o que era aquilo, eu não consegui
dormir, porque quando fechar os olhos, e viu o
rosto dele,porquê? Fico me perguntando, eu
queria tanto entender, mas até agora todos
estava bem assim tudo estava indo muito bem.
43
Capítulo 6
Zaya e Vince
46
especial, mas ele vai me levar ao museu hoje,
e em um concerto, de que ele vai tocar.
-Ok estão, mais nao esqueca o'que eu disse,
“homem são a pior espécie” - e foi almoçar com
nova companheira
Até que aula chegou ao fim, e Vince aparece
na porta dizendo que era a hora de irmos, então
eu subo outra vez naquela bicicleta
desconfortável e vou olhando o caminho,
sentindo o vento gelado da tardinha e
passamos pela ponte, pela praça, pelos lugares
floridos, até chegarmos primeiro no
concerto,ele me mostra onde fica o lugares, e
corre para o camarim, depois de um tempo ele
sobe no palco com roupa de maestro o que eu
não entendia, eu me sentei na frente para vê-lo
melhor trocando uma melodia de beethoven,
tão linda, encantadora os faróis do palco
brilhavam pra ele, como ele tocava bem mais o
tempo passava, não queria sair dali, porque era
lindo, cada nota era encantadora eu não parava
de olhar pra ele, pra aquele piano e quando ele
finalmente terminou, todos da plateia aplaudiu
de pé. E novamente estava vermelho, quando
ele saiu, dei os parabéns a ele
47
- você foi muito bem parabéns- digo feliz dando
um abraço nele
- obrigada eu agradeço muito - disse ele com a
voz tímida
Depois, ficamos passeando de bicicleta e eu via
aquela passagem tão linda outra vez,
-Zaya?-ele pergunta fazendo pausa- O que
você acha de mim?
- Eu te acho uma pessoa muito boa… mas pra
falar a verdade, eu acho que você é brilhante,
cantador, sabe tocar e encantar todo mundo
com a sua arte, as pessoas achariam estranho
se fosse eu só porque sou mulher…
ele me interrompeu
- porque? vocês são incríveis, todas as
meninas, grandes, altas, magras e gordas,
voces nao se importam com nada, vocês lutam
pelos direitos iguais e pra terem salários iguais
aos dos homem, que não querem que vocês
lutem, vocês cuidam das pessoas, e sem vocês
eu acho que o mundo não funcionaria como é
hoje, você luta, você quer, você faz tudo pra
conseguir melhorar, vocês querem ter uma vida
boa e feliz, mas o mundo não deixa vocês
serem livres, você não são um prêmio nem um
48
objeto, vocês têm o valor especial, cada uma
lutando pela indiferença porque vocês são
espaciais,e tornam a vida especial.
- nossa! você pensa diferente - digo surpresa
- eu fui criado por mulheres!- disse ele fazendo
graça
eu quero te mostrar uma coisas Zaya
Ele me levou ao museu,eu nunca vi um museu
como aquele, era tão lindo. Ele me levou
especificamente na exposição de Van gogh,
que ele dizia ser seu avô, os tons,os pontos por
estampa, a vida colocada em cada quadro, nós
andamos pela exposição, vendo cada obra e
suas maravilhas, até que ele segurou minha
mão, e me levou ao retrato pintado de Van
gogh
- olha as tonalidades! Em tantos lugares que ele
pintou,-ele continuava olhando e segurando
minha mão - ele aproveitou a vida do jeito
certo, ele colocava a dor, alegria, todos
sentimentos dele na forma de pinturas. Ele era
incrível, eu não consigo fazer isso eu não
consigo colocar as minhas emoções no que eu
faço, pintar com cada tom de tinta diferente, em
cada minúsculo detalhe, queria poder fazer,mas
49
eu não consigo, eu tento, tanto, jogar do meu
jeito, pinturas, música, estilo de vida, mas não
consigo, eu tento viver que nem ele mais eu
fracasso comigo.
- você não fracassou- digo- você foi incrível,me
mostrou lugares onde a nem sequer pensei em
visitar você me mostrou como a vida é
boa,obrigada tudo que você fez por mim, você é
uma pessoa boa, você demonstra a suas
emoções que você tem e pra falar a verdade
você tá saindo muito bem,obrigado por tudo que
você fez, foi incrível de hoje, passear com você
pelos lugares, ouvir a música que você toca,
pintores que entraram pra história e entram
todo dia, obrigado pelo que você fez, quem
sabe o'que você ainda vai fazer! Então o
motorista chega, nos despedimos e eu vou pra
casa, chegando em casa e deitando na minha
cama paro pra pensar, como foi tão mágico
aquele dia.
50
CAPÍTULO 7
Zaya e Med
51
johnny não parava de olhar pra ela, estava bem
cantado pela sua beleza e não parava de olhar
pra ele.
Pedir para Fátima fazer algumas especiarias
do Brasil,como pão de queijo, coxinha e
brigadeiro.
Eu não queria fazer Johnny dormir agora então
deixei ele ver filmes com a gente, quando
percebi ele já estava dormindo, Levei ele pra
sua cama e como sempre cachorro junto,desço
as escadas e vou até Med.
-seu irmão é um fofo!- disse ela
-Ele te achou você bem bonita pra falar a
verdade
-ele é um doce! Mas fala aí, como foi o passeio
com garotos?
- nossa eu nem sei dizer! Foi encantador, ele
me deixa sem fala, ele entende, compreende as
mulheres assim como você, dizendo ele que foi
criada por elas, então você sabe como a gente
se sente,não tem vergonha de falar e
compreender a gente, eu nao sei, eu não
consigo parar de pensar nos olhos dele, a cor
dos olhos, sorriso doce, aquele rosto em
52
encantador, ele segurou a minha mão enquanto
caminhava pelo museu,
-Zaya, eu não acredito que vou dizer isso! Mas
acho que você está gostando dele.
- você acha Med? Eu não tenho, só passamos
três vezes juntos, não quero antecipar e
chamar isso de paixão
54
Capítulo 8
Zaya e Vince
56
pintura esperando que estivesse lá, a sra
Katherine parecia feliz de eu estar lá.
Me sentei do lado de Eva, ajudem ela com a
pintura, e ela saiu mais cedo, hoje, para ver a
namorada, eu fiquei na sala com ele e com os
outros alunos também, estávamos pintando
uma espécie de quadro, moldura, 1 moldura
pintando uma moldura, era estranho não dava
para entender, até o sinal tocar, Vince levantar,
me esperar até eu organizar meu
material.Depois de me organizar, ele vai ate a
mae dando-na tchau, seguido de um beijinho
na sua bochecha.Nós saímos,montei na
bicicleta dele e ele me levou ao Lago, onde
conversamos pela primeira vez ,sentamos perto
da mesma árvore ,ele parecia nervoso, e
começou a dizer
-Eu nunca conheci uma garota como você, você
é tão alegre e hipnotizada pelo mundo, eu te
mostrei os quadros e toquei no piano e você via
luzes Maravilhas, e desde o momento em que
eu te vi, eu não parei de pensar em você, não
parava de olhar para você, ouvir a sua voz me
fazia sentir ,mas vontade, de te ver. Eu não sei
se você sente o mesmo por mim, mas você é
57
minha inspiração, você que me fazia levantar
da cama todo dia, porque eu sabia que eu ia te
ver. Você, sempre foi fascinada pelo mundo, e
eu sempre fui fascinado por você, eu quero te
conhecer melhor, eu quero ficar com você,
Zaya, eu gosto mesmo de você, e eu espero
que você gosta de mim, do mesmo jeito, porque
você, é a nota musical mais pura e mais linda
que eu já vi. Ouvir aquilo dele, me deu um
branco repentino,eu não sabia o que dizer,
estava paralisada de medo, e de alegria, porque
eu senti o mesmo mas não sabia se aquilo era
amor ou admiração
-Vince, eu gosto de você, eu não parei de
pensar em você também, desde os momentos
que eu olhei para você, os seus olhos, e seu
sorriso me encantaram, você foi a pessoa que
me fez pensar nos bons momentos que eu
passei com a minha família, me mostrou
lugares lindos que eu nunca queria ver, e eu
quero retribuir, mas eu gosto de você também,
mas eu gosto de verdade -faço uma pausa- eu
não sei retribuir isso de outra forma, a não ser
ficar com você, e já que você confirmou que
também gosta de mim, eu não tenho outra
58
escolha eu não sei aceitar, você é tudo que eu
sempre sonhei,eu quero ser feliz quero amar
alguém que me ame do mesmo jeito, e sentir
que as coisas que nos trazem dificuldade,não
nos abalaram porque sempre estaremos juntos.
Capítulo 9
Zaya e Vince
64
-Eu sei! É que eu não consigo parar de olhar
para você Zaya, eu estou apaixonada por você-
disse- Eu não consigo nem esconder isso,você
é a melodia que toca no meu coração, e a
pintura mais bonita que eu já vi na minha vida,
seu irmãozinho tem sorte de ter você,
provavelmente a sua mãe também-fez uma
pausa- Eu tinha esquecido, a sua mãe morreu
não foi?... Você nunca me contou como foi isso.
Eu fico angustiada só de lembrar como foi,
contei para ele, mas não gosto de lembrar
daquele dia.
Eu estava andando com minha mãe, com meu
pai e meu irmão, meu pai carregava meu irmão
nas costas e eu era uma criança de 12 anos,
andava pela rua feliz e contente, minha mãe
ria, aquela risadinha dela tao doce, estava tão
feliz, eu girava e girava, todos estavam vestidas
de branco, pois era fim de ano, andava pela
calçadão da praia, e de repente, quando paro
de rodar e olha para trás, vejo minha mãe
parada, ela tinha parado de rir, aquele seu
vestido branco rodado, no meio do seu peito
estava se espandindo o vermelho sangrento
mais e mais, ela havia levado um tiro, de uma
65
bala perdida, cai no chão, o meu pai coloca
meu irmão em meus braços rapidamente que
começa a chorar, ele pede socorro,mas a
ambulância não chega a tempo, não chega
tempo porque minha mãe se agonia de dor, a
dor estremece tão forte que ela não consegue
falar, nem consegue dizer palavras, não
conseguia respirar, olha para mim, queria dizer
algo, eu não consegui gritar, porque eu não
entendi o que era aquilo, desce uma lágrima do
olho dela, a pupila sei dilata, e meu pai
finalmente perceber que a minha mãezinha
querida, estava morta, e eu estava lá com meu
irmãozinho acalmando-o. Ate todos se
aproximarem do desastre que mudou a minha
vida.
Não gosto de lembrar desse dia, nem de
qualquer outro que me faça lembrar da dor que
senti, porque depois que isso aconteceu com
meu pai, não havia a legria que ele tinha antes.
Vince, ele me entendia também, quando eu
contei para ele, ele ficou triste por mim, ele
sentiu a minha dor
-Eu sinto muito mesmo - disse ele - Se alguma
coisa acontecer, eu sempre vou estar aqui para
66
o que der e vier, eu te amo! O amor supera
todas as coisas, e até agora está tudo bem-
passa a mão no meu rosto, e sinto a doçura
dele entrando nas minhas veias, ele se
aproxima, e me aproxima dele, ele continua
olhando para mim, mas dessa vez estávamos
mais perto um do outro sentia, o carinho dele
por mim, eu o amava agora, eu tinha certeza
que eu amava de verdade. Ele veio com uma
esperança, como destino traçado, ele vai se
aproximando de mim, e sinto a respiração,
ouço os batimentos acelerar, mas eu me sentia
calma e tranquila porque ele estava ali, até ele
me beijar, o toque dele, o beijo dele, um beijo
meu, um beijo dele, eu amava de verdade ele.
Sorri para mim.
-Eu sempre vou te amar -disse ele para mim
tirando meu cabelo do rosto.
-Eu também!
Estar com quem você ama, com certeza te faz
sentir melhor, eu não sentia borboleta no meu
estômago no dia, ou nervosismo, ficar perto
dele, me fazia abraçada,protegida, tinha um
guarda costa, sabia que ele me protegeria.
Queria que a mãe estivesse aqui, queria que
67
meu pai tivesse aqui, “te amo” eu ouvi do meu
pai, “te amo” eu ouvi do meu irmão, e eu “te
amo” nos beijamos novamente, mas naquele
dia não houve mais do que isso, porque ele
queria me ver segura. Então, me levou para
casa aquela noite,abraço e me despeço, ele
beija minha mão com a sua doçura, e sai, na
noite escura, mas a vista das estrelas o
guiarão até em casa.
Chegando em casa, meu telefone toca, e eu
ouço a voz do meu querido papai, depois de
muito tempo, ele diz que já estaria de folga na
próxima semana, mas que queria que fossemos
até lá, porque amigos da família queriam nos
ver onde ele estava, então naquele final de
semana, eu e meu irmão iríamos até onde meu
pai estava servindo, para passarmos o dia com
ele e voltamos para casa juntos, onde era o
nosso lugar, estava feliz, animada para
reencontrar o meu pai. Aviso o Johnny, ele se
anima também, mas o cosmo não poderia ir
com a gente, ele tomaria conta da casa como
um cão fiel.
- Como você está, minha querida?- pergunta
meu pai.
68
- Eu estou muito bem papai, eu até conheci
alguém.
-Sério? E eu posso saber, quem é o cara de
sorte, que está com a minha doce garotinha… -
Ele é super gentil, o nome dele Vincente…
Quando você voltar, eu vou te apresentar a ele,
mas eu vou mandar foto dele para você.
Mandou então a foto de Vince para ele.
- parece ser um cara bem boa pinta!- Disse meu
pai
- ele é perfeito pai, ele lembra a mamãe -Digo
como vai esse trem trêmula
- Que bom filha, eu fico feliz que você não
esteja mais sozinha… Eu tenho que desligar
agora, mas antes, Verde! Grama, o que você
vê?
-Verde! Tapeçaria antiga.
- Boa noite minha querida diz meu pai
-Boa noite papai !
- Boa noite meu filho!- disse meu pai para
Johnny.
Então desligamos e vamos dormir como
sempre, depois da nossa rotina querida, eu
deitei na cama, não parava de pensar no beijo,
ele era tão educado, ele não queria me
69
machucar, ele não queria tocar onde não me
fazia bem, ele segurava as minhas mãos mas
deixava tocar o meu rosto, e deixava toca a o
dele, ele era tão maravilhoso, mas ao mesmo
tempo eu sonhava em rever o meu paizinho, eu
queria estar perto dele, e agora tudo está bem,
até agora posso dizer, está tudo bem.
Capítulo 10
Zaya e Pai
72
- eu também, minha querida!- disse ele- não
posso esperar para estar em casa!
-Azul! Céu-.eu digo
- azul! olhos do seu irmão-diz ele apontando
para Johnny
- azul! blusa- disse meu irmão pegando em sua
blusa.
Meu pai percebe, que não tinha muitas cores
ali onde estávamos, então, fazia sentido usar
cores que haviam ali perto
-preto!botas, o'que você vê?
-preto! seu cabelo.
Meu irmão disse apontando para o céu
-Preto! passarinho.
Olhamos para ver o passarinho que meu irmão
viu, mas o que havia no céu não era um
passarinho, era uma bomba, vindo em nossa
direção, eu fiquei assustada, o meu pai ficou
assustado, ela estava vindo rápido demais, eu
queria ter impedido aquilo, queria ter mudado o
destino, eu corri, eu corri, mais rápido que pude,
o meu pai correu junto comigo, o meu irmão
correu para mim, eu queria que ele tivesse
chegado até mim, para poder abraçar e não
soltar mais, e dizer que tudo iria ficar bem. Até
73
aquela pomba explodir, e nos arremessar a 5
metros de distância, eu não conseguia falar,
mais sangue, sangue espirrado estava perto de
mim, -vermelho! Sangue- Eu não vejo meu
irmão, eu não vejo meu pai, eu não consigo ver
ninguém, só a fumaça , o fogo e a destruição
que aquela bomba causou na minha vida.
74
-Zaya!-Faz uma pausa olhando para o chão-
você precisa ser muito forte agora.
Rapidamente o meu rosto estava vermelho,
vermelho de tristeza e meio de raiva, vermelha
de agonia de tudo aquilo, eu queria gritar mas
aquele tubo não me permitia, porque eu acabei
de ouvir que o meu pai tinha acabado de
morrer numa explosão, de uma bomba inimiga.
Eu estava em pranto, mas eu queria agora
saber do meu irmão, queria saber onde ele
estava, queria saber se estava bem, se ele não
estava morto. O médico falara que ele estava
numa cirurgia de alto risco, ele foi resgatada
com hemorragia, mas que era possível de ser
salvo, eu queria ver-lo, eu queria abraça-lo e
queria beija-lo, mais eu queria rever meu pai,
sim, eu queria poder estar lá para impedir
aquela bomba, eu queria ter ficado mais tempo
com você, queria poder brincar e conversar
com você mais vezes, ficar nos seus braços e
você dizer para mim que tudo ia ficar bem, eu
queria você perto de mim agora, mas eu estava
sozinha. Fiquei agitada, nervosa, queria sair
daquela cama, tentei tirar aquele tubo da minha
75
garganta,mas estava tendo uma convulsão, e
tudo ficou preto de repente.
Med, apareceu no hospital três dias depois, ela
segurou a minha mão durante todo o tempo que
eu passei sedada, não saindo do lugar. No
outro dia Vince chegou, ele estava preocupado
comigo, ele me abraçou e me beijou na testa,
ele não saiu de perto de mim por nenhum
instante, estava com tanto sono, ele apertava
minha mão, mas não tinha força para retribuir,
meu olhos estavam fechados,mais sentia o
perfume da Med, e ele cantando para mim, a
música que eu cantava para o meu irmão, a
música que meu pai cantava para mim quando
íamos dormir a noite. A noite era segura, agora
não era mais. Eu ainda estava entubada, eu
queria falar com ele, queria dizer que eu
amava-o, queria dizer que eu era estúpida, que
era insignificante, que poderia ter salvado meu
irmão, que descompri a promessa que meu pai
tinha me dado de proteger ele, e eu não protegi.
76
Capítulo 11
Zaya e johny
78
Eu queria ter passado mais tempo com você,
queria ter te dado mais beijos, eu queria ter te
contado mas histórias repetidas da Alice nos
País das Maravilhas, eu queria ter te abraçado
mais vezes. Foi eu que te abraçava naquelas
noites de tempestade que você não conseguia
dormir, você foi a minha maior alegria, eu te
pedi todos os dias para minha mãe, eu insisti
porque eu estava em luto, meu gatinho tinha
acabado de morrer, e eu te pedi como consolo,
te abracei quando você veio para cá, e dei o
primeiro banho, eu te ensinei a falar, eu fui a
primeira pessoa que você chamou de mãe, eu
te abracei quando você tomou a primeira
vacina, eu cuidei dos seus machucados quando
você caia, e dizia: “tudo vai ficar bem” mas não
ficou nada bem, porque eu não te protegi
quando você mais precisa, eu não vou te ver
conhecer alguém especial e não vou te ver
ganhar o primeiro jogo, eu não vou te ver com
seu primeiro diploma, eu não vou poder te ver
ir para o baile, eu não vou poder te ver formar
uma família, eu não vou poder te ver crescer,
eu te perdi, você morreu e eu não conseguia
pensar em mais nada naquele momento. Eu
79
tirei as agulhas que perfuram o meu corpo, saio
da cama, e corro ao quarto onde ele tava, os
médicos correm até mim para me impedir, mais
no meu rosto, eu só sentia as lágrimas
descendo, lembranças boas e felizes se tornam
em lembranças tristes, eu chego ao quarto, eu
vejo corpinho dele gelado, eu abraço-o pela
última vez, eu queria voltar no tempo. Naquela
hora, me desabo em lágrimas
- me desculpa! desculpa!-soluço alto- por não
ser uma irmã, boa para você, desculpa por
não ter impedido aquela bomba - choro o
abraçando.
Eu tava com raiva,com raiva de mim e do
destino estúpido,minha tristeza era tanta, que
os médicos e enfermeiros locais choraram
também, a minha tristeza se espalhou como
uma doença. Os médicos chegam a tentar me
tirar de perto dele, mas eu não queria deixá-lo,
não queria sair daí, eu só queria ficar perto
dele. Até tudo ficar escuro, percebi que eles
tinham me anestesiado.
A vida tem seus segredos, a morte, os seus
mistérios,o amor a sua doçura,a alegria a sua
ternura, mas o luto leva uma dor que rasga até
80
o íntimo, nos faz esquecer quem somos,e nos
aprisiona na solidão. Vince, eu quero você perto
de mim agora, porque eu não tenho mais
ninguém pra me amar, além de você.
Capítulo 12
Zaya e Vince
81
Eu estava de luto, eu não conseguia comer, não
conseguia conversar com ninguém, os
empregados da casa tentaram falar comigo,
mas depois do enterro do meu pai e do meu
irmão, eu não queria ver ninguém.
Passei um tempo sozinha, três semanas sem
ver ninguém, olhava para cima, para as
paredes, para aquela casa, tudo lembrava eles.
Acordava de manhã, desci as escadas e ele
não tava lá na mesa de café, ia para biblioteca
e meu pai não tava falando ninguém, fiquei
cansada de pensar nisso, tentei fazer de tudo
para me distrair, eu contava as listras da
parede, “uma parede 104 listras pretas, contava
as bolinhas do meu vestido 220 bolinhas azuis,
contava as pétalas de flores do jardim 615
pétalas vermelhas.
A campainha tocou, alguém estava na porta,
era Vince, ele vê como eu estou de luto. Me
abraça,vamos até o banco do jardim, coloco a
cabeça no ombro dele, e começo a chorar,
-eu não consegui proteger ele, eu fracassei com
tudo...
82
-Você vai ficar bem! Você é forte - ele me
lembrou, a frase que meu pai me disse quando
ele saiu
-Não! Eu não sou forte- digo a ele- eu sou fraca,
eu não mereço viver…
- você merece sim- diz ele me interrompendo-
eu tô aqui para te ajudar, eu não consigo
imaginar a dor que você tá sentindo agora Zaya
- Não,você não sabe mesmo, o nível da dor que
eu estou carrendo - começo a falar alto - porque
eu estou acabada, eu estou triste, ninguém
nunca vai saber a dor que eu estou sentindo,
porque é uma dor como se você enfiasse uma
faca no meu peito, e enfia novamente, e de
novo ,e de novo e toda vez que você enfia, você
joga sal em cima, e dói mais ainda, você quer
que pare, mas ela não vai parar, você quer que
essa dor pare, eu quero que ela pare, ninguém
nunca vai saber, nem você, você nunca vai
entender essa dor, você nunca vai entender o
que eu tô passando, e ninguém nunca vai
entender esse sofrimento, então por favor, sai
daqui Vince, eu não quero te ver, eu não quero
ver ninguém, não quero ver ninguém nunca
83
mais - faço uma pausa - eu só quero cicatrizar
o'que eu tô sentindo, por favor
-Você tem razão, eu não tenho ideia dessa dor,
porque eu não tô sofrendo que nem você está,
eu quero te ajudar, eu quero te abraçar e dizer
que vai ficar tudo bem, porque eu vou fazer ficar
tudo bem, porque eu disse que eu ia te
proteger, eu quero fazer isso por você, porque
eu te amo, eu te amo sem pensar, eu não ligo
se você gritar comigo, se o universo não
corresponde ao que queremos, se o tempo é
relevante e que tem gente que não merece a
vida, mas você é ótima em tudo, você ta
sofrendo e eu também porque você ta sofrendo,
e eu quero ajudar, mas você tem que deixar
Zaya porque eu te amo, e eu me importo com
você
- Você vai me ajudar, se você for embora por
favor!
- Tudo bem - ele suspira - respeito a sua
decisão, mas por favor pensa, eu não vou te
deixar, nunca!
Ele sai, então eu começo a chorar, mais e mais,
porque poderia ter acabado com o único
homem que eu já amei.
84
CAPÍTULO 13
Zaya e Med
85
Já acordo pensando em ontem, em como foi
cruel, com Vince, eu queria pedir desculpas,
mandei mensagem para ele, mas ele não
estava respondendo, mandei mensagem para
senhorita Katherine, e ela também não está
respondendo, eu queria entender o que estava
acontecendo agora. Eu deito no sofá e então a
campainha toca outra vez, fico dentro das
esperança, de que dessa vez seria Vince, para
poder me desculpar com ele, e dizer que fui
cruel demais, mas era Med. Ela me abraçou
assim que ela entrou, se sentou comigo no
sofá e queria me ouvir
-Como você tá se sentindo amiga?diz com a
voz meiga
-Quero me jogar de um prédio,mas a chance
de eu morrer é de 99%
-E esse 1%?- Pergunta a ela
-É a chance de alguém me impedir- Digo
fazendo graça
-Eu sei que você tá passando por um momento
difícil Zaya, mas eu quero que saiba que eu a
Eva e o Vince, nós estamos aqui para te ajudar,
nós não queremos ver você aqui, você já
perdeu tantos dias na Universidade, a gente
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quer viver bem, mas não dá, porque quando
você tá triste, eu fico triste também, a gente é
amiga não é?
- A gente é amiga! - Eu digo - Mas eu não
consigo, porque tudo me lembra minha família e
eu sinto que eu sou fraca, porque eu não fiz
nada direito.
- Porque você tá falando isso? Uma mulher, tá
falando que é fraca, mas você não é fraca, você
sempre foi forte, mesmo você dizendo que
nunca foi forte, você é guerreira, você protegeu
o seu irmão até onde pode, você não conseguiu
salvar ele, mas você tentou, você cuidou dele a
sua vida inteira, você deu um lar e carinho para
ele, deu alegria e ele foi uma criança tão feliz,
você é uma mulher que não precisa de
resposta, porque você já tem ela na palma da
mão, e as pessoas que querem te ajudar você
não quer ajuda, porque você sabe que pode se
ajudar sozinha, é por isso que eu elogio de
você, você é uma guerreira, uma querida
mulher, e se deixar de ser guerreira, onde a
gente vai ter fé?
- Eu sei e sinto muito, se você estava muito
preocupados comigo, mas eu tava tão triste
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-Todo mundo fica triste uma vez na vida, eu
fiquei triste uma vez, porque eu não consegui
pegar a balinha que tava na minha bolsa- disse
ela fazendo gracinha
-Você é engraçada! Me faz sentir melhor
-Mas tem outra pessoa que tá preocupada com
você, mais do que eu, ele queria te botar numa
bolha se fosse capaz, ele quer te ver também e
ele te ama tanto, aí você não tem ideia, fala
tanto de você, ele até te desenhou, uma das
pinturas dele.
Na hora que vi a pintura que ela trouxe, ela
me mostrou uma belíssima pintura feita por ele,
e como no estilo do do Van Gogh, os traços a
beleza, ele me pintou segurando o pincel, como
se ele tivesse na aula junto comigo, ele me
pintou enquanto me via pintar, “o que está
pintado é o que estão pintando”
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Eu abraço ela, e ela se despede de mim, me
dando um abraço forte. Ela sai pela porta e vai
até o carro dela, então pego meu celular e
tento outra vez ligar para Vince, na esperança
de que ele me atenda.
Capítulo 14
Zaya e Vince
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Eu ligo, ele não atende, ligou outra vez e ele
não atende, o que está acontecendo hoje? Eu
ligo outra vez, caixa postal, ligou outra vez,
chama mais desliga, ligo para professora, ela
não atende, a minha única opção que restava
era sair de casa e ir até ele.
Chegando na casa dele, estava tudo muito
silencioso. Na porta ninguém atende, bato outra
vez, ninguém atende, até a vizinha do lado me
dizer oque estava acontecendo
-Não adianta bater! Eles estão no hospital-
disse ela
-No hospital?Como assim?- Fico duvidosa
-É, o filho da mulher que mora aí,teve uma
crise, uma coisa muito séria, até as
ambulâncias apareceram aqui para levar ele.
Eles foram para o hospital daqui perto, eu
posso te dar o endereço…
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não quer fazer, ele não quer fazer por você, ele
disse que não quer te deixar sozinha…
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-Desculpa! -Desse uma lágrima de seus olhos
claros- Desculpa, eu não queria te fazer sofrer
mais do que você tava sofrendo, eu não queria
te ver triste de novo. Por favor, me desculpe de
verdade…
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-Você não vai me fazer sofrer, nem chorar, se
fizer a cirurgia ou deixar de fazer, vou saber
que você vai voltar para mim de qualquer jeito.
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Capítulo 15
Zaya e Vince
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-Vince! - digo surpresa - E bem de repente
mais,sim, claro que eu caso com você, e iremos
conhecer o mar como você quer, vamos
conhecer o mar juntos, andar de mãos dadas
na praia , dançar a noite toda, e vamos morar
numa casa linda na praia, e vamos ser felizes
lá…
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-Você é a minha luz no fim do túnel
Capítulo 16
Zaya e Vince
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Eu prometi te amar até o fim, eu prometi que
sempre ia fazer de tudo para estar perto de
você, e eu estava lá quando você deu a última
crise,você teve uma convulsão muito forte. Foi
tão rápido, em meio a noite para aquele
hospital, quando eu te vi daquele jeito, com
médicos enfiando agulhas em você. Estava tão
ruim, um ano e meio passa tão rápido, a gente
nem percebe, e passar um tempo com você foi
tão bom.
Eu fiquei naquela recepção por 12 horas
esperando. Até aquele médico aparecer e dizer
que você tava morrendo,e que você queria me
ver, com tantas lágrimas nos olhos, vi você
negar aquilo anestésico só para olhar sua mãe,
não aguentava te ver assim, ela já estava
chorando tanto, ela estava naquela cadeira do
seu lado te abraçando, e você olhava para ela
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-Obrigado, obrigado por me fazer o homem
mais feliz do mundo. Obrigado por me mostrar
que ser diferente é uma coisa boa, que não sou
insignificante, que posso amar alguém e que
essa pessoa pode me amar também.
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-A gente vai se casar, Zaya? Você casa
comigo? - Ele me mostra o'que estava na mão
dele, um anel.Ele estende para mim
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eu deitei na grama percebi que a pessoa que eu
amava tinha morrido.
Capítulo 17
Vince
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Depois que o corpo foi enterrado, Sra Katherine
me convidou para ir para casa dela, porque
queria me mostrar uma última coisa que eu
Vince deixou para mim. Entrando na casa dela,
eu senti ainda o cheiro dele pelo ar.
Capítulo 18
Zaya
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mesmo estava deitado na cama do meu irmão,
estava triste.
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irmão tão doce como você, e Cosmo por ser um
cachorro tão fiel. Obrigada Fátima por ter sido
uma cozinheira fenomenal. Obrigado Beth por
sempre acordar cedo quando eu precisei.
Obrigado Paula por ter me mostrado o perfume
das flores quando você plantava elas no quintal.
Obrigado Carl, todos os dias me levando ao
destino.
Obrigado a vida, por ter sentido o gostinho de
viver, de amar, sorrir, chorar, gritar, e de sentir
alegria nas pequenas coisas, que podem mudar
pontos de vistas das belezas que você nos
traz.
Termino a apresentação do professor de
literatura, em meio a classe,Med e Eva que me
aplaudem de pé com lágrimas nos olhos, e
sorrisos, e todos seguem aplaudindo e gritando
meu nome, depois me abraçaram, até me sentir
aconchegada nos braços de várias
pessoas,menos dos seus.
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Epílogo
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116