Trab de Campo de MIC
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Índice
1. Introdução.................................................................................................................................3
1.2. Metodologias.............................................................................................................................3
2. Fundamentação Teórica............................................................................................................4
2.3. O Conhecimento........................................................................................................................5
3. Conclusão................................................................................................................................11
4. Referências bibliográficas.......................................................................................................12
1. Introdução
O presente trabalho referente a cadeira de Métodos de Investigação Científica visa debruçar sobre
a Ciência e Construção do Conhecimento. Conhecer é incorporar um conceito novo, ou original,
sobre um facto ou fenómeno qualquer. O conhecimento não nasce do vazio e sim das
experiências que acumulamos em nossa vida cotidiana, através de experiências, dos
relacionamentos interpessoais, das leituras de livros e artigos diversos. Entre todos os animais,
nós, os seres humanos, somos os únicos capazes de criar e transformar o conhecimento; somos os
únicos capazes de aplicar o que aprendemos, por diversos meios, numa situação de mudança do
conhecimento; somos os únicos capazes de criar um sistema de símbolos, como a linguagem, e
com ele registrar nossas próprias experiências e passar para outros seres humanos. Essa
característica é o que nos permite dizer que somos diferentes dos gatos, dos cães, dos macacos e
dos leões.
1.2. Metodologias
De acordo com Lakatos & Marconi (1986), metodologia científica é um conjunto de abordagens,
técnicas e processos utilizados pela ciência para formular e resolver problemas de aquisição
objectiva do conhecimento, de uma maneira sistemática.
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Contudo, no que diz as metodologias neste trabalho privilegiou-se a pesquisa bibliográfica que
correspondem aos documentos que nos permitiram uma confrontação de ideias e
posicionamentos teóricos adoptados por vários estudiosos em que se assenta este estudo.
2. Fundamentação Teórica
2.1. Definição dos conceitos de Ciência e Conhecimento
A ciência e o conhecimento científico são definidos de maneiras diferentes pelos diversos autores
que se lançam à tarefa de refletir sobre eles. Algumas definições são bastante semelhantes, outras
levantam algumas diferenças. Contudo, a maior parte dos que buscam definir a ciência concorda
que "ao se falar em conhecimento científico, o primeiro passo consiste em diferenciá-lo de outros
tipos de conhecimento existentes" (Lakatos & Marconi, 1986, p.17).
A palavra ciência deriva do latim scire que significa «saber», oferecendo o mesmo conteúdo
etimológico que conhecimento, do latim cognosci, que significa «conhecer» (Freixo, 2011).
As palavras de Martins (2006), aproximam-se ao conceito que Bazzo (2003), apresenta sobre
ciência. Esta seria entendida como processo social que gera uma forma de conhecimento. Ela se
distingue das outras formas de construir o conhecimento (crenças religiosas, mitos, esoterismo,
etc), pressupondo que existe uma coleção de habilidades com um suporte instrumental e teórico,
um conjunto heterogêneo de métodos que se aproximam do ideal para alcançar fins particulares.
Sob este ponto de vista, a ciência é um processo de produção de verdades transitórias e o trabalho
dos cientistas é uma reorganização das experiências em um esquema racional para a produção
dessas “verdades” (Lopes, 2007).
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Esta concepção sobre ciência é apenas uma dentre diferentes possibilidades descritas na
literatura. A importância de se conhecer concepções cientifica é fundamental para o trabalho de
qualidade do cientista. A ciência de qualidade só pode ser construída pelo cientista que conhece
os limites dos resultados de seus experimentos e dos modelos construídos.
2.3. O Conhecimento
Para Serrano & Fialho (2005), o conhecimento é um recurso intangível, que possui a
característica de dinamismo e que mediante a formação contínua das pessoas e a aprendizagem se
renova e adapta a novas situações. Estes autores, citando Nonaka (1994), definem conhecimento
como uma crença justificadamente verdadeira.
Morin (2003), afirma que o conhecimento opera porselecção de dados significativos: separa
(distingue ou desune) e une (associa, identifica); hierarquiza (o principal, o secundário) e
centraliza (em função de um núcleo de noções mestras). Estas operações, que utilizam a lógica,
são de facto comandadas por princípios de organização do pensamento ou paradigmas, princípios
ocultos que governam a nossa visão das coisas e do mundo sem que disso tenhamos consciência.
Para Lakatos e Marconi (1986), o senso comum, também denominado conhecimento vulgar ou
popular, é um modo corrente e espontâneo de conhecer que "não se distingue do conhecimento
científico nem pela veracidade nem pela natureza do objeto conhecido: o que os diferencia é a
forma, o modo ou o método e os instrumentos do 'conhecer'". (p.18)
A caracterização do senso comum como uma forma de conhecimento acrítica, que não reflete
sobre si mesmo, e assistemática, pois não tem a preocupação de uma sistematização e
organização de idéias num conjunto coerente, consistindo antes uma série de conhecimentos
dispersos e desconexos, também é destacada por Demo, para quem o senso comum:
"não possui sofisticação. Não problematiza a relação sujeito/objeto. Acredita no que vê.
Não distingue entre fenômeno e essência, entre o que aparece na superfície e o que existe
por baixo. Ao mesmo tempo, assume informações de terceiros sem as criticar." (Demo,
1985, p.30)
Ainda sobre o senso comum, deve-se destacar seu caráter imediatista, colado às necessidades
imediatas, a "dose comum de conhecimentos, da qual dispomos para nossas atividades rotineiras"
(Demo, 1985: 31) e o fato de ele ser "transmitido de geração para geração por meio da educação
informal e baseado em imitação e experiência pessoal" (Lakatos & Marconi, 1986, p.17).
Embora sem métodos críticos e sem sistematização, mas sendo colado às necessidades imediatas
e fruto da intuição e da experiência, o conhecimento derivado do senso comum existe numa
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constante tensão entre os pré-conceitos, os modelos consagrados que se transmitem ao longo das
gerações sem o devido questionamento de sua validade ou de suas reais relações de causa e
efeito, e o dinamismo e a espontaneidade que formulam a todo momento novas teorias e novos
modelos explicativos. Enfim, apresenta as duas dinâmicas de conhecimento: a abertura e a
cristalização.
Uma outra forma de conhecimento destacada por diversos autores é o pensamento religioso, que
inclusive acompanha a humanidade desde os seus primórdios:
"Um dos processos mais antigos e, ao longo dos séculos, mais comumente adotado pelo
homem, na busca de conhecimento e verdade, é o do apelo à autoridade ou à tradição e
aos costumes. A autoridade estava nas mãos de chefes de tribo, dignatários religiosos, de
políticos ou sábios; a verdade seria o que afirmavam os que detinham o
poder." (Gressler, 2003, p.26).
O conhecimento religioso pressupõe um sujeito que a tudo conhece e tudo sabe e, portanto, o
desafio do conhecimento colocado para os sujeitos não é o de conhecer e produzir verdades sobre
o mundo, mas sim compreender uma verdade que já está pronta, revelada, concedida. O homem é
menos sujeito do conhecimento, na medida em que não pratica experimentações ou busca novas
formulações, mas apenas busca compreender cada vez mais um corpo de conhecimentos que se
lhe apresenta já organizado, sistematizado, com regras, hierarquias e leis.
Ao mesmo tempo, trata-se de um tipo de conhecimento não falseável, isto é, que não permite a
verificação porque vem da transcendência. E, exatamente por essa característica, representa uma
forma de conhecimento que evolui muito lentamente, tende a ser estacionário.
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Uma boa demonstração dessa concepção é a frase de Santo Agostinho que diz que "aquilo que a
verdade descobrir não pode contrariar aos livros sagrados, quer do Antigo quer do Novo
Testamento" (Aranha & Martins, 1993, p.101).
Para Teixeira (2000), considera que o conhecimento filosófico é aquele que “estabelece uma
concepção racional do universo e da vida”. É a partir desse conhecimento que oser humano é
capaz de elaborar os pressupostos e os princípios norteadores da sua vida. (p.14).
Mais ligado à construção de idéias e conceitos. Busca as verdades do mundo por meio da
indagação e do debate; do filosofar. Portanto, de certo modo assemelha-se ao conhecimento
científico - por valer-se de uma metodologia experimental -, mas dele distancia-se por tratar de
questões imensuráveis, metafísicas. A partir da razão do homem, o conhecimento filosófico
prioriza seu olhar sobre a condição humana.
Preza pela apuração e constatação. Busca por leis e sistemas, no intuito de explicar de modo
racional aquilo que se está observando. Não se contenta com explicações sem provas concretas;
seus alicerces estão na metodologia e na racionalidade. Análises são fundamentais no processo de
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construção e síntese que o permeia, isso, aliado às suas demais características, faz do
conhecimento científico quase uma antítese do popular.
Segundo Teixeira (2000), este tipo de conhecimento dá-se a “medida que se investiga o que fazer
sobre a formulação de problemas, os quais exigem estudos minusiosos para seu equacionamento”
(p.15).
É o conhecimento racional, sistemático, exacto e verificável da realidade. Sua origem está nos
procedimentos de verificação baseados na metodologia científica. Podemos então dizer que o
Conhecimento Científico:
Exemplo:
- Descobrir uma vacina que evite uma doença; descobrir como se dá a respiração dos batráquios.
- Além dos conceitos aristotélicos e platônico, o conhecimento pode ser classificado em uma
série de designações/categorias.
Torna-se mais fácil compreender a ciência após a delimitação das outras formas de
conhecimento. Afinal, o conhecimento científico nasce da proposta de um conhecimento
diferente dos demais, porque busca compensar as limitações do conhecimento religioso, artístico
e do senso comum. A busca de um conhecimento mais confiável da realidade está presente desde
a pré-história:
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Contudo, a maior parte dos autores que definem ciência a identificam com um momento
específico da história da humanidade:
De acordo com outro autor, "a ciência tem as suas origens nas necessidades de conhecer e
compreender (ou explicar), isto é, nas necessidades cognitivas" (Maslow, 1979, p.206). De um
conhecimento difuso, espalhado, assistemático e desorganizado, passa-se a um trabalho de
arranjo segundo certas relações, de disposição metódica. Esse processo é fundamental para a
composição de campos específicos do conhecimento.
Serres (1989), no tratado que organiza sobre a história da ciência, apresenta as principais eras
científicas ou do conhecimento, isto é, eras marcadas por uma grande sistematização dos
conhecimentos: a Matemática no Egito Antigo e Mesopotâmia, a Grécia Clássica, a
Intermediação Árabe, a Teologia da Idade Média e a Ciência Moderna (que, em sentido estrito, é
a única forma de conhecimento que realmente pode ser classificada como "científica").
Embora se possa dizer que "não existe um 'lugar de nascimento' daquela realidade histórica
complicada que hoje chamamos de ciência moderna" (Rossi, 2001, p.09), uma vez que a nova
forma de conhecimento é fruto do trabalho de autores de diversas nacionalidades e contextos,
existe uma força de agregação do projeto científico que é sua orientação marcada pelo
racionalismo de Descartes e pelo empirismo de Bacon e Galilei (Lara, 1986).
Contudo, uma análise do processo de fortalecimento das disciplinas que queira ir além da visão
da ciência "como um processo absoluto e de modo algum histórico" (Fourez, 1995), vai
incorporar toda a dimensão política, sociológica e histórica que levou à consolidação do
conhecimento científico como forma de conhecimento. O ponto de partida para essa visão é a
análise de Rossi, que aponta para o fato de que as universidades não estiveram no centro da
pesquisa científica:
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"A ciência moderna nasceu fora das universidades, muitas vezes em polêmica
com elas e, no decorrer do século XVII e mais ainda nos dois séculos sucessivos,
transformou-se em uma atividade social organizada capaz de criar as suas
próprias instituições." (Rossi, 2001, p.10)
A criação das academias e posteriormente dos institutos de pesquisa (p.337-386) representa não
apenas o movimento de "renúncia ao trabalho solitário" (p.371) como, principalmente, o
fortalecimento do saber científico, com a reunião daqueles que partilhavam interesses, conceitos
e métodos, e sua distinção em relação a outros.
3. Conclusão
Contudo, embora sem métodos críticos e sem sistematização, mas sendo colado às necessidades
imediatas e fruto da intuição e da experiência, o conhecimento derivado do senso comum existe
numa constante tensão entre os pré-conceitos, os modelos consagrados que se transmitem ao
longo das gerações sem o devido questionamento de sua validade ou de suas reais relações de
causa e efeito, e o dinamismo e a espontaneidade que formulam a todo momento novas teorias e
novos modelos explicativos.
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4. Referências bibliográficas
Aranha, M.L.; Martins, M.H. (1993). Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna
Fourez, G. (1995). A construção das ciências: introdução à filosofia e à ética das ciências. São
Paulo: Unesp
Freixo, Manuel João Vaz (2011). Metodologia Cientifica: Fundamentos, Métodos e Técnicas., 3ª.
Ed. Institup Piaget: Lisboa.
Laborit, H. (1988). Deus não joga dados. São Paulo: Trajetória Cultural.
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Morin, E. (1987). O método III: o conhecimento do conhecimento. Lisboa: Publ. Europa-
America.
Serrano, António; Fialho, Cândido (2005). Gestão do Conhecimento: O novo paradigma das
organizações. 3ªed. FCA: Lisboa.
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