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Acidente Vascular Cerebral

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ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) OU ACIDENTE VASCULAR

ENCEFÁLICO (AVE).

1.0 INTRODUÇÃO

O acidente vascular encefálico (AVE) se trata de uma síndrome


neurológica complexa que envolve uma anormalidade usualmente súbita
do funcionamento cerebral que pode ser decorrente de uma interrupção
da circulação cerebral ou de uma hemorragia. Além da alta taxa de
mortalidade, sendo responsável por mais de 90 mil óbitos por ano no
Brasil, é também uma doença altamente incapacitante sendo
responsável por sequelas motoras, de fala e de deglutição. De acordo
com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o AVE é a segunda
principal causa de morte no mundo todo e tende a ocorrer
predominantemente em adultos de meia idade e idosos. No ano de
2005, a doença foi responsável por 5,7 milhões de mortes no mundo
todo, o que equivale a 9,9 % de todas as mortes. A maior parte dessas
mortes ocorreu em habitantes de países de baixa e média renda e 2/3
ocorreram em pessoas com mais de 70 anos de idade.

O AVE pode ocorrer de duas maneiras distintas: isquemia (85%)


ou hemorragia (15%). O AVE isquêmico é aquele que ocorre quando
falta suprimento de sangue no cérebro, essa falta de suprimento pode
ocorrer devido a formação de uma placa aterosclerótica ou pela
presença de um coágulo que chega através da circulação de uma outra
parte do corpo. A chamada trombose cerebral refere-se à formação ou o
desenvolvimento de um coágulo de sangue ou trombo no interior das
artérias cerebrais, ou de seus ramos, que se deslocam e causam a
oclusão e isquemia. Já o AVE hemorrágico ocorre devido à ruptura de
um vaso sanguíneo que gera extravasamento do sangue. Essa
hemorragia pode ser intracerebral ou subaracnoidea. Em ambos os
casos, essa falta de suprimento sanguíneo causa infarto na área suprida
pelo vaso e as células morrem.

1.1 FATORES DE RISCO


Sobre os fatores de risco para do AVE, estes são divididos
em dois grupos, os considerados tratáveis e os não tratáveis. Os não tratáveis
são idade maior que 60 anos, raça negra, histórico familiar de AVE prévio. Já
os tratáveis envolvem hipertensão arterial, doença cardiovascular, diabetes,
tabagismo, etilismo, obesidade e sedentarismo.

1.2 SINTOMAS

Os sintomas do AVC incluem dificuldade para andar, falar e


compreender, bem como paralisia ou dormência da face, do braço ou da
perna, fraqueza de um lado do corpo, fraqueza muscular, músculos
rígidos, perda temporária da visão em um olho, súbita perda de visão ou
visão embaçada, dificuldade de fala ou fala arrastada, tontura ou
vertigem, formigamento ou redução na sensação de tato, além de
confusão mental ou incapacidade de fala ou entender o próprio idioma.
Também é comum afasia de Wernicke, dor de cabeça muito forte,
sobretudo se acompanhada de vômitos, movimento involuntário dos
olhos.

2.0 PROCEDIMENTOS

Foi realizado um estudo descritivo em que foram avaliados, em um


período de 6 meses, 100 pacientes admitidos no Hospital Público Regional de
Betim com diagnóstico de AVE (dado pelo neurologista responsável). Tais
pacientes foram estudados entre os meses de maio e novembro de 2008,
sendo avaliados todos aqueles que foram admitidos e diagnosticados como
AVE nesse período, com autorização própria ou de seus responsáveis. A
fonoaudióloga também estava presente diariamente e foi responsável por todas
as avaliações.

A primeira avaliação era realizada em beira de leito, nas primeiras 48


horas após o AVE ou quando o paciente mostrava estado clínico favorável. No
momento da alta hospitalar, uma nova avaliação era realizada, para observar a
evolução dos parâmetros clínicos durante todo o período de internação. Dados
clínicos e sócio-demográficos foram coletados do prontuário e/ou através de
entrevistas com o paciente.
2.1 RESULTADOS

Participaram da pesquisa, 100 adultos, sendo 54 do sexo feminino


e 46 do sexo masculino, com idade média de 62,6 anos. 58% dos pacientes
estudados eram casados e 32,9% referiu escolaridade entre 1 a 4 anos.

As comorbidades clínicas da população estudada são: AVE prévio


(20,0%); diabetes mellitus (24,5%); hipertensão arterial (82,7%); doenças
cardíacas (30,6%); doença de Alzheimer (1%); doença de Parkinson (4%);
doença de Chagas (2%); inatividade física (57%); tabagismo (28,1%); uso de
bebidas alcoólicas (19,8%).

A comorbidade mais encontrada foi a hipertensão arterial, seguida de


doenças cardíacas e diabetes mellitus.

2.2 AVALIAÇÕES FONOAUDIOLÓGICAS

De acordo com dados da pesquisa, 35% dos pacientes possuíam dentes


em bom estado e a maioria não apresentou alteração de órgãos
fonoarticulatórios após o AVE. Verificou-se também que 52,1% dos pacientes
não apresentaram alteração na comunicação após o AVE. Observaram
também que houve melhora em todos os itens avaliados na investigação
preliminar da deglutição. Na alta hospitalar, 100% dos pacientes avaliados
estavam em alerta, 99% tinham tosse voluntária e/ou limpeza faríngea, 100%
deglutiam saliva com êxito e apenas 1% tinha mudança vocal após a deglutição
de saliva.

Embora alguns pacientes tenham apresentado recuperação da disfagia


(dificuldade para engolir alimentos ou líquidos), alguns dias após o AVE, é
necessário que eles sejam avaliados em sua deglutição, a fim de detectar o
risco disfágico, prevenir complicações pulmonares e desnutrição e permitir
intervenções terapêuticas, possibilitando alimentação por via oral segura.

3.0 PONTOS IMPORTANTES

Para conseguir identificar um possível AVE, deve-se pedir para a vítima:


Sorrir: neste caso, a pessoa pode apresentar a face ou apenas a boca
torta, sendo que um dos lados dos lábios permanece caído.

Levantar um braço: é comum que a pessoa com AVE não consiga


levantar o braço por falta de força, parecendo que está transportando algo
muito pesado.

Falar alguma frase: pode pedir para que a pessoa repita alguma frase
curta, para verificar se ela apresenta fala arrastada ou embolada.

3.1 PRIMEIROS SOCORROS

Antes de iniciar os primeiros socorros, é importante checar o ambiente


ao redor. Se a vítima estiver na rua, certifique-se de que o ambiente é seguro,
se não há fluxo de pessoas ou automóveis. É importante também evitar
aglomerações ao redor da vítima, para que a mesma possa se manter o mais
calma possível.

1- Manter a calma;
2- Chamar imediatamente a ambulância;
3- Deitar a pessoa de lado, para evitar que a língua obstrua a
garganta ou que a vitima engasgue caso desmaie ou vomite;
4- Não dar comida ou bebida, para evitar engasgos;
5- Cobrir a vítima com um cobertor;
6- Identificar as queixas da vítima, tentando saber se tem
alguma doença ou faz uso de medicamentos;
7- Aguardar a chegada da ambulância.

Caso a vítima perca a consciência e pare de respirar, é


importante:

1- Iniciar as massagens cardíacas;


2- Fazer duas respirações boca a boca a cada 30 massagens
cardíacas;
3- Manter as manobras de reanimação até que chegue a
ambulância.
É importante destacar que a vítima deve ser socorrida
imediatamente, a fim de evitar sequelas graves.

4.0 CONCLUSÃO

1- A frequência de disfagia após o AVE foi elevada (50%);

2- Não foi identificada associação entre dados sociodemográficos,


clínico-fonoaudiológicos, comorbidades clínicas, localização e fisiopatologia do
AVE e a disfagia;

3- Entre a avaliação inicial e a de alta hospitalar, observaram-se


mudanças significativas no grau da disfagia e na possibilidade de alimentação
dos pacientes após o AVE.

Parte importante do tratamento após o AVE é a reabilitação, que muitas


vezes começa no próprio hospital, a fim de que o paciente se adeque mais
facilmente a sua nova situação e restabeleça sua mobilidade, habilidades
funcionais e independência física e psíquica. A reabilitação começa geralmente
um ou dois dias após o ocorrido, que é quando a pressão arterial, o pulso e a
respiração do paciente se estabilizam. O processo que reabilitação é conduzido
por neurologistas, enfermeiros, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais. É um
processo que exige paciência tanto do paciente quanto de seu cuidador.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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Study Group. The New England Journal of Medicine 1995; 333:1581-7.
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9. Cohen H. Neurociências para fisioterapeutas. Manole 2001. 58

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disserta_o_final.pdf

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