16972-Texto Do Artigo-41869-1-10-20131019
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Resumo
Abstract
This article aims to walk the path of liberating education in the social reality of Brazil,
reflecting on the need to rethink their actions in the current context. By making the link
between the realities of time that liberating education was born with the aim to respond to
calls for release of these people with the reality of the times and its implications, one way to
search for the answers to the questions of its action at present. When treated the functions of
the educational process within the context of a society, need to do is consider the approaches
that account for every situation. The theme of this challenge is enormous, because this
conception of education goes beyond the academic environment with the human being as a
reference. For this work, we used a literature search and consultation papers.
Keywords: Awareness, Emancipation, Education Liberating
1
Mestre em Teologia da PUC/PR. E-mail: terezinhasuelirocha@yahoo.com.br
2
Doutor em Ciência da Religião, líder do grupo de Pesquisa Educação e Religião. E-mail:
srjunq@uol.com.br
Introdução
Na década de 1950, surgiu com George Friedman, a expressão: escola paralela. Este
sociólogo francês concebeu esta expressão, como sendo o conjunto das informações e
mensagens cognitivas, proporcionadas pelos meios de comunicação de massa. Na época, a
escola paralela acontecia através do cinema, rádio, televisão, livros, discos, desenhos
animados e imprensa em geral. Hoje os avanços tecnológicos proporcionam para toda a
humanidade, a vida em tempo real. Essa realidade extraescolar, extraeducacional e muitas
vezes extraoficial, a escola paralela, produz mudanças pontuais na atualidade. E o que mais
preocupa é que promove verdadeiras mutações chegando a interferir na essência dos
mecanismos de percepção e conhecimento, assim como também afeta diretamente as relações
humanas, que passam a ser fragilizadas e isso constitui um grande desafio à cultura e à
estrutura educacional, especialmente quando se luta pela liberdade e dignidade da vida dos
seres humanos.
A educação sendo entendida como o esforço das pessoas em vista da conquista de sua
humanidade, retoma a questão de como pensar o processo de libertação na sociedade atual.
Colocada essa questão na perspectiva de detectar possibilidades existentes no real processo de
libertação, pergunta-se, que instrumental teórico possibilitaria a compreensão da sociedade
atual com probabilidades de uma práxis libertadora e emancipatória? Dalmo Dallari
escrevendo sobre a caminhada histórica da convivência humana afirma: “que tem havido uma
complexidade crescente da vida social. A convivência humana se tornou complexa, porque o
próprio ser humano complicou essa convivência. Progressos, conquistas e avanços
tecnológicos acabaram se convertendo em fatores de dependência.” (DALLARI, 1989, p. 75)
O que seria um salto de qualidade para a vida da humanidade, pode acabar desvirtuando o seu
objetivo. O que fazer para mudar essa situação?
O sentido e a finalidade da vida é o objetivo mais sublime que o ser humano pode
alcançar e conforme escreve Brighenti: “A pessoa é um ser que comporta em si mesmo um
destino a uma finalidade. É o eterno do temporal, o infinito do finito, o espírito da matéria. E
tudo isso por causa da liberdade que lhe é constitutiva e o torna sujeito de responsabilidades.”
(BRIGHENTI, 2006, p. 160) A liberdade dignifica a vida das pessoas e a educação tem essa
grande missão. Entendida no seu sentido dignificante e transcendental, a educação
transforma-se em instrumento de crescimento pessoal e de aprendizagem para a vida.
liberdade, que nos assemelha ao próprio Deus, pela qual a pessoa humana estabelece relações
com o mundo, com os outros e com o próprio Deus.” (ANTONCICH, 1982, p. 58)
É certo que a educação contribui marcadamente para a inserção social do ser humano
dentro da sua realidade. É certo também que a sociedade influi sensivelmente na vida de cada
cidadão. E tanto a educação, quanto a sociedade caminham lado a lado dentro da realidade, e
é somente na realidade que poderão fazer acontecer a transformação, sem fugir dela e muito
menos dispensá-la. Portanto é importantíssimo achar o fio condutor destes dois pontos fortes e
assim trabalhar corretamente para o bem da humanidade. Diversas foram as formas
experimentadas nesse sentido, ao longo dos anos, mas um dos fatores que conseguiu fazer
frente aos desafios educacionais e sociais, durante mais de duas décadas, foi a união de duas
forças: educação libertadora e planejamento participativo que deram sua grande contribuição
aos processos educacionais. Estas duas forças valorizam a reflexão e a ação na sua
metodologia, propiciando a transformação da realidade.
pensar dos cidadãos de hoje.” (COMBLIN, 2002, p. 9) Dentro do método ver julgar e agir, é
possível averiguar as possibilidades e os limites da ação, dando visibilidade ao conceito de
cidadania e libertação.
A realidade das desigualdades sociais do país pode ser vista não só, mas também, a
partir da perspectiva da modernidade que detêm o controle econômico, político e cultural e o
mais grave é que mantém a situação da maioria marginalizada, sem acesso às conquistas
abertas pela modernização da sociedade. Existe uma perplexidade muito grande em relação ao
período de transição, inovação e transformação social. Transição que vem carregada de
potencialidades positivas para a sociedade, porém caracterizadas por tensões, rupturas e
quedas de valores, provocando insegurança, por se fazer presente em todas as áreas da
sociedade. Outro aspecto preocupante é o de inclusive transformar a concepção de vida de
muitas pessoas, que passam a viver os conceitos de uma sociedade sem solidez. Os valores se
desfazem, e as pessoas sobrevivem na sociedade com o sentimento de isolamento, onde o
comum é deixar o outro em último plano.
Existe uma racionalidade técnica que tem a primazia sobre a relação e o universo das
experiências humanas, essa racionalidade resolve os problemas sociais e deixa ao ser humano
a responsabilidade de procurar um sentido para sua vida. Sobre essa relação, João Batista
Libânio escreve o seguinte:
físicos enquanto ficam à deriva ações comunicativas referentes à vida humana, ao mundo da
vida. Necessário e interessante seria que a sociedade como um todo, face a estas dificuldades
pudesse construir novas formas de relações mais verdadeiras, mais solidárias, mais
participativas e de maior qualidade, no sentido da fraternidade. Seriam estes, os fatores
educacionais de grande importância para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna.
da vida digna, são os aspectos mais relevantes para a defesa da dignidade humana. Nas
palavras de Antoncich: “A dignidade da pessoa é inseparável de suas condições de vida. Por
isso a defesa da pessoa é a defesa da vida.” (ANTONCICH, 1992, p. 87) A compreensão dos
fatos da vida, suas causas e consequências, vão permitindo a apreensão da realidade em sua
múltipla dimensionalidade, possibilitando a ação, a articulação e a veiculação de suas
implicações. Aqui cabe a reflexão sobre a educação libertadora que concentra em sua
metodologia muitas destas características e, portanto reúne grande número de quesitos para
atender as demandas da sociedade moderna, atual.
A cada momento aparece na sociedade uma novidade que ganha espaço rapidamente
e, se a pessoa não consegue acompanhar essa dinâmica, acaba perdendo espaço na vida do
grupo social, ficando à margem dos acontecimentos advindos daí. Um dos aspectos de maior
preocupação para a maioria das famílias é o fator transitório na vida atual. Tudo passa muito
rápido, não há vínculos, não há compromissos, não há responsabilidades, tudo vai se
esvaindo, se perdendo como a água entre os dedos. Tudo passa a ser descartável! E a
sociedade passa a viver na incerteza das situações e na precariedade das relações.
O universo está sujeito a um número enorme de crises reais e uma delas é a crise da
vida precária, a vida sem continuidade, causando insegurança na vida da humanidade. Essa
crise de incertezas ganha o cenário mundial e provoca reações de preocupação na sociedade
mais conscientizada. A análise de Zygmunt Bauman sobre as características da vida na
sociedade chamada por ele de vida líquida, que transforma em precária a vida até então
aparentemente segura, mostra que a diferença entre o sólido e o líquido, está no fato de ter o
sólido a dimensão especial que neutraliza o impacto. O líquido por sua vez, não mantém sua
forma, ficando propenso às mudanças: “A vida líquida é uma vida precária, vivida em
condições de incerteza constante.” (BAUMAN, 2005b, p. 8) A modernidade que oferece um
leque de ideologias consistentes produzindo segurança existencial, com objetivos a serem
atingidos, perde espaço para a sociedade líquida que vem com falta de solidez,
inconsequência das ações e irresponsabilidade dos atos.
realidade seria trabalhar para resgatar a dignidade e a felicidade que vem a partir da liberdade,
em busca da sua identidade perdida através da massificação. Fazendo a reflexão de
importantes assuntos, especialmente os que se referem mais à vida humana, e agindo
conscientemente nesse sentido, poderão ser dados grandes passos na construção de uma
sociedade justa, fraterna e solidária.
É necessário então, buscar formas alternativas capazes de fazer frente aos domínios da
massificação, procurando preservar a originalidade e a singularidade e provocando ao mesmo
tempo, uma exaltação da autenticidade, na luta contra o esvaziamento do verdadeiramente
pessoal. Libertando o ser humano dos empecilhos no exercício de sua autonomia, consegue-se
alcançar os objetivos propostos para uma sociedade mais solidária. Conforme escreve Rossa:
“Sempre que surgem dificuldades na compreensão da própria identidade, é normal voltar ao
passado em busca de fundamentos para legitimá-la e para avançar sob o dinamismo das
mudanças temporais, no respeito às aspirações da origem.” (ROSSA, 2005, p.18)
Todos esses fatores interferem de alguma forma nos processos educativos, tornando
essas ações merecedoras de reconhecimento quando realizadas na verdade, pois exige do
cidadão um comprometimento sério e desprendido de resultados satisfatórios, porque muitas
vezes os resultados frustram os responsáveis por essas realizações. A educação e o
desenvolvimento do ser humano é a busca das pessoas e dos grupos, no sentido de descobrir
sua identidade e a educação libertadora propicia o encontro da verdadeira identidade. Por isso,
é nesse processo libertador que o ser humano e os grupos vão se humanizando, se
personalizando e crescendo no compromisso e na aquisição de meios para atuar na construção
de uma sociedade justa, solidária e fraterna em sua essência. O ponto de referência da
educação libertadora é a transformação do ser humano na busca da nova e verdadeira
sociedade permeada de valores evangélicos.
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Com essa nova forma de entender o mundo, o que não se pode perder de vista são os
valores humanos, a proposta do Evangelho de Jesus Cristo e seu projeto de vida e missão que
leva em conta tão somente o resgate da dignidade de vida e vida em plenitude, o sonho de
Deus para a humanidade. A solidariedade precisa ser colocada como uma das prioridades em
todos os espaços educativos, a fim de que esse valor seja vivido na sua integridade e a
exclusão social, aos poucos, possa ir perdendo forças na sociedade. É relevante e necessário
elaborar linguagens sobre a dignidade humana, que sirvam para encaminhar consensos acerca
de melhorias concretas na sociedade.
Surge então com maior ênfase, a necessidade de uma educação que trate o educando
como sujeito ativo, ciente de seu conhecimento e consciente da sua ação transformadora. Esta
é a dinâmica de uma educação que liberta, tendo como objetivo conscientizar a comunidade
sobre os problemas da desigualdade social, criar autonomia e buscar os meios de superação
desses problemas, a fim de resgatar a importância, a razão e o significado da vida e da vida
em fraternidade, despertando para a dimensão humana da fé. Assumir esta educação é assumir
uma proposta pedagógica gerada nos valores evangélicos e geradora de valores de acordo com
a proposta de Jesus Cristo.
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Este artigo quer contribuir com esta caminhada de esperanças e sonhos de ver a
educação e a sociedade no patamar que merecem, acreditando que a dinâmica da educação
libertadora é a que mais se aproxima deste ideal. Portanto uma das missões da comunidade é,
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juntamente com a evolução tecnológica, primar por uma educação que resgate os valores
fundamentais da vida humana e criar ambiente propício onde a solidariedade possa ser
vivenciada e a justiça seja buscada. A esperança seja preservada e seja projetado um Brasil
socialmente justo, culturalmente plural, politicamente democrático e ético, espiritualmente
aberto ao transcendente e às dimensões da dignidade, da fraternidade e do respeito a todo o
ser humano.
Considerações Finai s
E como fica a resposta ao amor infinito de Deus para com a humanidade? Essa
resposta manifesta-se pela busca de dignidade, pelo exercício da liberdade iluminada pela
inteligência e no indispensável convívio com os semelhantes. Nesse sentido, a educação é
considerada um dos principais meios de transformação e libertação. E a transformação é o
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elemento chave da educação que tem como objetivo libertar e transformar. A grande missão
educacional libertadora é transmitir a Boa Nova e assim contribuir com o projeto de vida
digna que Jesus Cristo veio trazer para a humanidade.
veio trazer ao mundo. Ideal de vida em plenitude para cada pessoa, amada por Deus até as
últimas consequências.
Referências
ANTONCICH, R. Direção dos exercícios: uma resposta aos problemas do nosso meio latino-
americano. São Paulo: Loyola, 1982.
BOFF, L. Saber cuidar – Ética do humano- Compaixão pela terra. Petrópolis: Vozes, 2001.
LIBÂNIO, J. B. Crer num mundo de muitas crenças e pouca libertação. São Paulo: Paulinas,
2003.
SOUZA, H. J. de. Betinho. Como se faz análise de conjuntura. Petrópolis: Vozes, 2000.
SPEYER, A. M. Educação e campesinato: uma educação para o homem do meio rural. São
Paulo: Loyola, 1983.