MONOGRAFIA EstudoTécnicasDisposição
MONOGRAFIA EstudoTécnicasDisposição
MONOGRAFIA EstudoTécnicasDisposição
ESCOLA DE MINAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MINAS
OURO PRETO – MG
2018
CAROLINA VIVIAN DE SOUZA
OURO PRETO - MG
2018
S729e Souza, Carolina Vivian de.
Estudo das técnicas de disposição de rejeitos de mineração [manuscrito] /
Carolina Vivian de Souza. - 2018.
CDU: 622.7
Catalogação: ficha@sisbin.ufop.br
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por me guiar e me dar força para a realização deste sonho.
Aos meus pais, por me incentivarem a buscar sempre o melhor em minha vida, e por
acreditarem que eu chegaria aqui.
A minha irmã Lívia, por sempre acreditar em mim e me impulsionar. Por todo o
amadurecimento conjunto e por me mostrar o quão grande pode ser o amor entre irmãs.
A minha avó Graça, por todo amor e por acreditar em mim em todos os momentos.
Minha eterna gratidão a você.
A meu tio Sidney, pelo carinho, incentivo e apoio incondicional.
Aos amigos de São João del Rei, Ouro Preto e do CSF - Austrália por me
proporcionarem momentos únicos e que jamais serão esquecidos.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Hernani Mota de Lima, pelo suporte e orientação no
pouco tempo que lhe coube.
A UFOP, a UWA, a Fundação Gorceix, aos professores e a gloriosa Escola de Minas,
por proporcionarem a realização desse sonho e por todo conhecimento transmitido a mim.
A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito
obrigado.
Por fim, agradeço infinitamente a República Drosófila, por todos os bons momentos,
por me acolherem e por se tornarem minha família.
“O seu trabalho vai ocupar grande
parte da sua vida, e a única maneira de ser
realmente satisfeito é fazer aquilo que você
acreditar ser um ótimo trabalho. A única maneira
de realizar um ótimo trabalho é amar aquilo que
você faz.”
Steve Jobs
RESUMO
The increase in the need for extraction of deeper and lower grades of ore has resulted in a
higher production of tailings, sterile rocks and has increase the need of water, affecting the
development of the mine in several places. Therefore, mining companies are seeking for new
tailings disposal alternatives, in order to reduce the environmental impacts, risks and costs
associated with water recovery. This paper presented the risks and aspects associated with
conventional tailings dams and some of the alternative tailings disposal methodologies,
including: the disposal of tailings using the hydraulic landfill technique, the disposal of
thickened (dewatered) and / or paste tailings, the disposal of filtered tailings in dry stacks, co-
disposal and shared disposal of tailings and sterile rocks, the disposal of tailings in exhausted
surface mines, the disposal of tailings in previous underground worked out voids as fill
material, and the disposal of tailings offshore. Some limiting factors associated with different
methodologies include energy supply, climate, production rates, costs, topography, seismicity,
water, operational predictability, among others. Thus, even with the advancement of water
recovery methods, the tailings disposal methodology to be applied should take into account, in
particular, the specific conditions and requirements of each mine.
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 12
2 OBJETIVOS ....................................................................................................... 14
5 CONCLUSÃO................................................................................................... 702
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 74
GLOSSÁRIO............................................................................................................... 77
12
1 INTRODUÇÃO
Técnicas de disposição de rejeitos desaguados vêm sendo muito estudadas, visto que o
maior problema de estabilidade em barragens está relacionado ao confinamento de água
residual. Além da busca por maior estabilidade, tais técnicas proporcionam maior
reaproveitamento de água e aumenta a disponibilidade de área para disposição
(FIGUEIREDO, 2007). Dentre estas técnicas destacam-se a disposição de rejeitos filtrados,
espessados e/ou em pasta.
Outra metodologia alternativa importante é a co-disposição ou disposição combinada
de rejeitos e estéreis em regiões já mineradas, como no caso de cavas exauridas, ou depósitos
específicos (barragens de contenção, pilhas, etc.) (FIGUEIREDO, 2007).
Desta forma, é importante a realização de uma análise detalhada das condições do
rejeito e suas características tecnológicas, considerando a grande variabilidade operacional da
planta de beneficiamento e fatores econômicos, de forma a avaliar a aplicabilidade de cada
método de disposição. Diante disto, este trabalho visa apresentar alguns dos métodos de
disposição de rejeitos, destacando-se as vantagens, desvantagem e fatores que determinam a
aplicação de cada método, na tentativa de minimizar os riscos relacionados à etapa de
disposição de rejeitos nas atividades de mineração.
14
2 OBJETIVOS
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
influenciam na maneira como uma barragem é projetada, construída, operada e fechada. Por
essa razão, uma série de métodos alternativos de armazenamento e descarga de rejeitos deve
ser considerada antes de se projetar uma barragem, o que pode ser alcançado através de
estudos para avaliar fatores de risco, ambientais, sociais, econômicos e operacionais com um
nível mais alto de confiança (RITCEY, 1989).
O processo de beneficiamento de minérios e posterior descarte em instalações de
armazenamento expõem os minerais ao intemperismo acelerado e pode consequentemente
aumentar a taxa de mobilização destes elementos. A adição de reagentes no processo de
beneficiamento pode também alterar as características químicas e as propriedades físicas do
rejeito (ENGELS, 2006). Um exemplo disto ocorre no beneficiamento de minérios sulfetados,
onde os minerais sulfetados oxidam mais facilmente, devido à exposição dos rejeitos ao ar e à
água, ocasionando em uma geração de ácido que entra em contato com o ambiente através de
escoamentos ou infiltrações. Na mineração este evento é conhecido como Drenagem Ácida de
Mina (DAM). Técnicas alternativas de armazenamento podem ser aplicadas para controlar a
oxidação de sulfetos e mobilização de metais (RITCEY, 2005).
disposição dos rejeitos, visto que reagentes dosados em pequenas quantidades podem ser
consumidos, retidos no processo ou descartados com os rejeitos (RITCEY, 1989).
Figura 2 – Descarga de rejeitos por multiplos pontos na mina de ouro de Jundee, Austrália (ENGELS, 2006).
Figura 3 - Métodos de descarga de rejeitos a) por múltiplos pontos e b) descarga pontual (RAFAEL, 2012).
21
A descarga pontual pode fazer com que os rejeitos se depositem em camadas bastante
espessas, fazendo com que estes permaneçam saturados por anos, caso não sejam
devidamente drenados antes que novas camadas sejam depositadas (NORMAN, 1998).
Figura 4 - Zonas de diferentes permeabilidades causadas por segregação hidráulica (RAFAEL, 2012).
22
Tabela 1 – Transformações físicas experimentadas por rejeitos durante o ciclo de operabilidade de uma barragem
(RAFAEL, 2012, modificado).
Rejeitos
Estado Fenômeno
Finos Médios Granulares
Influi no Pouca influência no
Sedimentação Influi no processo
processo processo
Predominante no Influi no Pouca influência no
Durante o Adensamento
processo processo processo
tempo de
construção Compressão Pouca influência no Influi no Predominante no
Imediata processo processo processo
Predominante no Influi no
Comportamento Dessecação Não aplicável
processo processo
ao longo do
tempo Pouca influência no Influi no Predominante no
Desaturação
processo processo processo
As barragens de rejeito ainda são mais utilizadas que outros métodos de disposição de
rejeitos, e podem ser definidas como estruturas construídas com o objetivo de reter e
armazenar os rejeitos provenientes dos processos de beneficiamento mineral. Cada barragem
tem características diferentes dependendo do tipo de rejeito, suas características
23
Figura 5 - Evolução no tempo das atividades relativas a barragens de rejeito (LOZANO, 2006).
Figura 7 - Desvantagens do método de montante: a) linha freática elevada; b) superfície provável de ruptura
passa pelos rejeitos; c) risco de ruptura por “piping” (SILVEIRA & READES, 1973).
28
Uma vantagem é que as seções alteadas podem ser projetadas para ter porosidade
variável para solucionar algum problema com a superfície freática da barragem. O que pode
ser útil quando a planta de beneficiamento faz alterações para aumentar a eficiência e como
resultado altera as características do rejeito. Isto pode acarretar em maior quantidade de água
sendo bombeada pra barragem ou alterar as características de drenagem dos rejeitos recém-
depositados (ENGELS, 2006).
A principal vantagem do método é que o projeto pode ter alturas variáveis, visto que
cada alteamento é estruturalmente independente dos rejeitos. Outras vantagens deste método
incluem: é um método cuja operação é relativamente simples; pode ser aplicado em ambientes
com vibrações e/ou alta sismicidade, visto que, se compactados os rejeitos do “underflow”, a
susceptibilidade de liquefação é reduzida; viabiliza a compactação de todo o corpo da
barragem; possui maior segurança devido aos alteamentos controlados; as probabilidades de
“piping” e de rupturas horizontais são inferiores; e o estéril proveniente da lavra pode ser
utilizado nos alteamentos (LOZANO, 2006).
A principal desvantagem é o custo de alteamento, pois a quantidade de material
necessário aumenta exponencialmente a cada alteamento, e como consequência aumenta
também a necessidade de grande área ao redor da barragem (VICK, 1990). Embora o método
não tenha restrições quanto à altura, sua altura final fica restrita a área disponível a sua volta.
Outra desvantagem é que exige sistemas de drenagem eficientes, havendo
probabilidade de sedimentação dos finos (VICK, 1990). Além disso, é possível que os rejeitos
a jusante não sejam compactados devidamente em zonas ou épocas de alta pluviosidade, e não
possibilita a proteção com cobertura vegetal do talude de jusante, bem como não permite a
drenagem superficial durante a fase construtiva, devido à superposição dos rejeitos
(LOZANO, 2006).
Quadro 1 - Comparação entre as características dos métodos de alteamentos de barragens de rejeito (VICK, 1990,
modificado).
Figura 10 - Comparação de volumes para os tipos de barragem: (a) Método de montante; (b) Método de jusante;
e (c) Método da linha de centro (VICK, 1990, modificado).
É muito importante a análise de uma série de fatores para a escolha do melhor método
a ser aplicado, como por exemplo: a topografia, hidrologia e hidrogeologia, custos envolvidos,
tipo de processo industrial, características geotécnicas, necessidade de reserva de água,
necessidade de controle de água percolada e sismicidade (ARAUJO, 2006).
Segundo Chammas (1989) apud Rafael (2012), as três etapas de comportamento que o
rejeito em forma de polpa experimenta, são as seguintes:
Comportamento de lâmina líquida, com floculação das partículas menores;
Quando em processo de sedimentação, apresentam comportamento semilíquido e
semi-viscoso;
Na etapa de adensamento, comportam-se, no ponto de vista geotécnico, como um solo
(características de baixa resistência ao cisalhamento). Ressaltando-se que o rejeito não
é propriamente um solo.
33
Figura 11 - Caixas de armazenamento de água na barragem da mina de cobre Kennecott, localizada nos EUA
(ENGELS, 2006).
Segundo Vick (1990), a barragem de rejeitos deve estar instalada a uma distância de
quatro a cinco quilômetros da usina de beneficiamento, exceto em casos especiais que exijam
o descarte de grandes volumes de rejeitos ou quando fatores do local impedirem a construção
de uma instalação próxima.
O dimensionamento do sistema de tubulação (comumente HDPE) deve levar em conta
a velocidade mínima de fluxo necessária (que geralmente varia entre 1.5 a 3.0 m/s), de forma
a evitar a sedimentação das partículas sólidas presentes no rejeito, que podem vir a obstruir a
tubulação (RAFAEL, 2012).
34
Tabela 2 - Fatores que influenciam na escolha do local para barragens de rejeito (VICK, 1990, modificado).
Parâmetro Efeitos
Arranjo da barragem.
Especificações de deposição e preenchimento da
Topografia
barragem.
Facilidade de mudança na disposição.
Figura 13 - Represamento a meia encosta: (a) simples e (b) múltiplos (VICK, 1990).
36
Represamento em bacia:
Neste tipo de represamento os rejeitos são retidos por uma barragem perpendicular ao
fluxo da bacia, e posicionada em uma depressão topográfica de forma simples ou segmentada,
como mostra a Figura 14. Este tipo de represamento requer boa drenagem para controle da
água, especialmente se os alteamentos da barragem forem construídos utilizando o método da
montante (VICK, 1990).
Represamento em vale:
Este tipo de represamento pode ser considerado como a junção do represamento em
bacia e a meia encosta. Pode ser construído de forma simples ou em múltiplas etapas, como
apresentado na Figura 15, e é aplicado quando o vale é muito largo e possui em suas margens
áreas apropriadas para a construção de barragens, de forma que não interfira na drenagem
natural (VICK, 1990).
Quadro 2 apresenta alguns critérios que para Ritcey (1989) são relevantes para a seleção e
preparação do local de implantação de uma barragem.
Quadro 2 - Critérios para seleção e preparação do local para implantação de uma barragem de rejeitos (RITCEY,
1989, modificado).
38
Tabela 3 - Fases e tarefas do processo de seleção do local de implantação de barragens de rejeito (ROBERTSON,
1982, modificado).
Tarefas Fases
1 Investigação regional
2 Identificação de locais
3 Análise de características desfavoráveis
4 Investigação dos locais restantes Fase 1: Avaliação
5 Avaliação qualitativa e classificação Preliminar
Figura 16 - Falhas em barragens de rejeito entre 1960-2010 (CHAMBERS & HIGMAN, 2011, modificado).
Figura 17 - Principais causas de ruptura em barragens de rejeito entre 1915 – 2016 (THYGESEN, 2017,
modificado).
Como o projeto requer que a magnitude dos eventos hidrológicos e sísmicos sejam
considerados máximos, existe uma tendência em fazer suposições que são economicamente
favoráveis, de curto prazo e assumindo-se que as atuais e futuras tecnologias podem e irão
minimizar os riscos de longo prazo associados ao projeto, operações e fechamento da
instalação (CHAMBERS & HIGMAN, 2011). Porém, as estatísticas apontam e sugerem que
estas questões precisam ser abordadas adequadamente.
Acidentes relacionados à estabilidade de taludes, fundações e estruturas são
comumente atribuídos ao projeto ou falhas na construção, e podem ser solucionados com
melhores práticas durante o projeto e construção, adotando-se maiores margens de segurança
(CHAMBERS & HIGMAN, 2011).
Apesar da maior disponibilidade de tecnologias para o projeto, operação e construção
de barragens de rejeitos, acidentes ainda continuam acontecendo, e como consequência tem-se
grandes perdas econômicas, degradação ambiental e em alguns casos, perdas humanas
(ICOLD, 2001).
42
Figura 18 - Balanço hídrico de uma barragem de rejeitos convencional (VICK, 1990, modificado).
(ICOLD & UNEP, 2001). Os níveis de água no reservatório podem subir rapidamente e pode
ocorrer galgamento se os planos de contingência não forem implementados (ENGELS, 2006).
As lagoas de recuperação (ou lagoas de decantação) armazenam a água que está sendo
decantada. Fica localizada em uma área fora da barragem de rejeitos e sua água é enviada para
tratamento ou bombeada de volta a usina de beneficiamento para reutilização. Deve ter
tamanho e volume suficientes para equilibrar os fluxos de água determinados no projeto, e
devem ser revestidas para impedir a contaminação de aguas subterrâneas (ENGELS, 2006).
Normalmente, a borda livre mínima é determinada pela legislação nacional/local e/ou
pelas políticas da empresa, levando em conta o balanço de água e as condições médias e
extremas para evitar sua perda durante a operação. Para promover uma boa drenagem, a lagoa
sobrenadante deve estar o mais longe possível dos aterros (manter uma borda livre alta e uma
praia larga), e idealmente deve possuir pequena área, para minimizar a infiltração (ENGELS,
2006).
O fluxo de escoamento através dos rejeitos armazenados no depósito é inevitável. Por
essa razão, o controle da infiltração é um requisito tão importante no gerenciamento da água,
tanto durante as fases operacionais quanto pós-operacionais (DME, 1999). O projeto de uma
instalação de armazenamento de rejeitos deve levar em consideração o controle de infiltrações
para garantir que a instalação permaneça estável e que as regulamentações ambientais sejam
cumpridas (ENGELS, 2006).
Inspeções visuais de uma instalação de rejeitos podem determinar as operações
superficiais (por exemplo, controle de lagoas, gerenciamento de descarga, integridade das
tubulações), mas o desempenho interno de uma instalação só pode ser identificado pelo
monitoramento de mudanças e anomalias dos efluentes de escoamento (ENGELS, 2006).
A superfície freática é definida como a posição entre a zona de saturação e a zona de
aeração (EC, 2004). Para a estabilidade em longo prazo, aterros de rejeitos dependem do
rebaixamento da superfície freática e, portanto, devem existir sistemas adequados de
drenagem (ENGELS, 2006). Todas as zonas de drenagem instaladas durante a construção do
aterro precisam ser adequadas às características particulares dos efluentes e dos rejeitos.
De acordo com Fourie (2003), reduzir a quantidade de água presente nos rejeitos
(rejeitos espessados, em pasta ou empilhamento a seco, por exemplo) ajuda a reduzir a
infiltração e eliminar os requisitos de gerenciamento de água, reduzindo-se as perdas por
infiltração e a contaminação do lençol freático, uma vez que há menos umidade presente nos
rejeitos depositados e, geralmente, nenhuma lagoa sobrenadante.
45
Atualmente, existe uma preferência pela disposição de rejeitos em superfície, visto que
a disposição subterrânea é aplicada no preenchimento de cavidades subterrâneas previamente
lavradas. A disposição de rejeitos em barragens convencionais (barragens de terra compactada)
ainda é o método mais aplicado atualmente. Sua construção pode ser feita em etapas, com
alteamentos ao longo do tempo. Para rejeitos com granulometria grossa (acima de 0,074 mm),
a técnica mais utilizada é a de aterro hidráulico (FIGUEIREDO, 2007). Nesta técnica, o
transporte do material do aterro é feito através de tubulações contendo aproximadamente 85%
de água (DE SOUZA, 2013).
Nesta seção, serão apresentadas metodologias alternativas (consideradas não
convencionais quando comparadas a barragens convencionais) para disposição de rejeitos. A
aplicação de novas alternativas para a disposição de rejeitos provindos de atividades de
mineração vem sendo estudada e tem sido assunto de grande interesse por parte de empresas
de mineração, que vem buscando a redução dos impactos ambientais e custos relacionados
aos processos de contenção e recuperação de água do processo.
Tabela 4 - Estados físicos dos rejeitos e correspondente teor de sólidos esperado (WATSON et al. 2010).
Polpa 25 a 45
Espessados 50 a 70
Pasta 70 a 85
Torta > 85
Rejeitos filtrados, conhecidos como torta, “wet cake tailings” ou “dry cake
tailings”, devido a seu caráter saturado (ou parcialmente saturado) ou insaturado,
respectivamente e, além disso, não podem ser submetidos a bombeamento.
O espessamento é a principal etapa de recuperação de água em uma usina de
beneficiamento mineral. Promove a separação entre sólido-líquido de polpas geralmente
muito diluídas através da sedimentação por gravidade, e tem como produto de “underflow”
polpas ou pasta mineral. Os rejeitos produzidos pelo espessamento podem ser classificados de
acordo com o grau de desaguamento e espessamento obtido, em rejeitos de baixa, média e alta
densidade (ENGELS, 2006). Na figura 20 podemos observar as diferentes consistências de
pastas derivadas do processo de espessamento.
Figura 21 - Ângulos de disposição para polpas de alta densidade e para pasta, para diferentes tipos de terreno
(OSORIO, 2005).
Figura 22 - Tipos de espessadores para adensamento de polpas de minério de ferro (GUIMARÃES, 2011).
Tabela 5 - Custos relativos aos diferentes sistemas de disposição de rejeitos (FIGUEIREDO, 2007).
Espessado ou
0,6 - 3,5 50 6
em pasta
Quadro 3 - Vantagens e desvantagens da disposição de rejeitos espessados e/ou em pasta (ENGELS, 2006).
Vantagens Desvantagens
Não necessita de grande barragem
Maior consumo de energia
inicial
Menores custos de reabilitação e de
Requer mão de obra especializada
fechamento
Baixa quantidade de água incorporada Custos operacionais e associados à infra-estrutura
ao rejeito e baixa permeabilidade, necessária para instalação de bombas de
limitando a infiltração e reduzindo o deslocamento e tubulações de transporte são
volume de percolação na pasta relativamente altos
Maior recuperação dos reagentes A taxa de produção deve ser pertinente com a
utilizados no processo de tratamento tecnologia de espessamento adotada
54
Figura 23 - Empilhamento a seco de rejeitos usando caminhões como transporte (ENGELS, 2006).
55
Figura 24 - Empilhamento a seco de rejeitos utilizando correias transportadoras na mina La Coipa, no Chile
(ENGELS, 2006).
É importante ressaltar que rejeitos filtrados e empilhados à seco são rejeitos que
passaram por processos de desaguamento e podem não mais apresentar características de
rejeitos saturados, como por exemplo, podem apresentar poropressões negativas (sucção) e
comportamentos distintos de rejeitos saturados (ENGELS, 2006).
Para que a filtragem aconteça necessita-se que uma força incidente atue sobre as
partículas, esta força pode ser alcançada através da gravidade, vácuo, pressão ou
centrifugação (GUIMARÃES, 2011). O Quadro 4 apresenta os tipos de filtragem, suas
respectivas características principais, os modelos de filtro e fornecedores para cada tipo.
56
Davies (2011) apresenta estatisticamente, como mostra Figura 25, que a técnica de
filtragem de rejeitos vem se tornando uma prática comum ao redor do mundo, inclusive vem
sendo mais aplicada que a disposição de rejeitos em forma de pasta e a co-disposição de
rejeitos, tornando esta prática uma possível alternativa para outros métodos de disposição.
Quadro 5 - Vantagens e desvantagens da disposição de rejeitos em pilhas secas / rejeitos filtrados (ENGELS,
2006, modificado).
Vantagens Desvantagens
Figura 26 - Bacias de rejeito construídas no depósito de estéril (LEDUC & SMITH, 2003, modificado).
A vantagem deste método são os baixos custos operacionais quando comparado aos
outros métodos de co-disposição, entretanto, deve-se atentar a construção de diques e
formação de lagoas de forma a impedir a formação de poropressões e comprometimento da
estabilidade dos taludes.
Mistura de rejeito e estéril (geralmente por meios mecânicos) durante o
processamento e transporte (caminhões e/ou correias transportadoras), ou dentro
da própria instalação de armazenamento, promovendo preenchimento dos vazios,
gerando material homogêneo e aumentando a densidade do material;
A mistura de rejeitos e estéreis diretamente na instalação pode ocorrer criando-se um
único fluxo de deposição no topo do deposito, próximo a crista do talude, como mostra a
Figura 27, ou através de correias transportadoras.
Figura 27 - Mistura de rejeito com estéril no topo do depósito (LEDUC & SMITH, 2003, modificado).
61
Este método tem a desvantagem de requerer equipamentos para mistura dos rejeitos e
estéreis e para acerto das camadas e face dos taludes, mas por outro lado, apresenta
flexibilidade e controle da mistura do material.
Injeção de rejeitos em depósitos de estéreis através de furos e tubulações de
perfuração instalados no topo do deposito;
A disposição dos furos pode ser: furos inclinados (Figura 28) e/ou furos verticais
(Figura 29). Conforme aconteça o avanço do depósito, a extremidade das tubulações estará
diretamente conectada ao sistema de distribuição dos rejeitos.
Figura 28 - Injeção de rejeito em furos verticais no topo do depósito de estéril (LEDUC & SMITH, 2003,
modificado).
62
Figura 29 - Injeção de rejeito em furos inclinados no topo do depósito de estéril (LEDUC & SMITH, 2003,
modificado).
Tem como desvantagem a necessidade de bombas de alta pressão para que os rejeitos
penetrem adequadamente no deposito. Uma vantagem é que não necessita de equipamentos
moveis para manuseio do material.
Disposição de rejeitos e estéreis em camadas finas independentes, permitindo que
os rejeitos penetrem naturalmente nos vazios das rochas estéreis. Adicionando-se
outra camada de rochas e criando-se um ciclo de camadas de deposição.
A espessura das camadas de rejeito varia de 0,2 a 0,5 metros para que ocorra a
dissipação das poropressões geradas no interior do maciço de rejeitos e infiltração natural nas
camadas de estéril, cujas espessuras variam entre 1 e 5 metros, como mostra a Figura 30.
Tem a desvantagem de possibilidade de aplicação não uniforme dos rejeitos no
depósito, o que poderia comprometer a estabilidade do deposito através da geração de
excessos de poropressões.
63
Figura 30 - Disposição de rejeito em camadas finas no topo do depósito (LEDUC & SMITH, 2003, modificado).
Figura 32 - Deposição em cavas: (a) Extração do minério total; (b) Deposição feita ao mesmo tempo que a
extração do minério (RITCEY, 1989, modificado).
65
Vantagens Desvantagens
Fornece suporte para a mina Altos custos
Mão de obra extra e gerenciamento de
Pilares ricos podem ser extraídos
equipamentos
5 CONCLUSÃO
Necessidade de compactação
Não Sim/Não Não
do rejeito após disposição
REFERÊNCIAS
BRAWNER, C. O.; CAMPBELL, D. B. The tailings structure and its characteristics - a soil
engineer's viewpoint. International Tailings Symposium, Miller Freeman Publications,
Tucson, p. 59-101, 1973.
CHAMBERS, D. M.; HIGMAN, B. Long term risks of tailings dam failure. Seldovia, 34 p.
2011.
DAVIES, M.P. Filtered dry stacked tailings – the fundamentals. Tailings and Mine Waste
Conference, Vancouver, 9 p. 2011.
GIPSON, A. H. Tailings disposal - The last 10 years and future trends. Fort Collins,1998.
ICOLD & UNEP. Tailings Dams - Risk of Dangerous Occurrences: Lessons learnt from
practical experiences. Paris, 2001.
LEDUC, M, P.; SMITH, P.E. Tailings Co-Disposal: Innovations for Cost Savings and
Liability Reduction. Austrália, 2003.
ROBERTSON, A. M. Site selection and design for uranium mine waste and plant tailings.
Council of Mining and Metallurgical Institutions Congress. Johannesburg, p. 861-886,
1982.
VICK, S. G. Planning, Design, and Analysis of Tailings Dams. BiTech Publishers Ltd,
Canada, 369 p. 1990.
VICK, S. G. Siting and design of tailings impoudments. Mining Engineeging, Nova York,
n.6, v.33, p. 653-657, 1981.
GLOSSÁRIO