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Dissertação Marilda-A5-07.09.16-1

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1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA


CENTRO SOCIOECONÔMICO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
UNIVERSITÁRIA

MARILDA NAIR DOS SANTOS NASCIMENTO

AS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DAS PRÁTICAS


INTEGRATIVAS COMPLEMENTARES DO PROJETO
AMANHECER (HU-UFSC)

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Florianópolis
2016
1

Marilda Nair dos Santos Nascimento

AS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DAS PRÁTICAS


INTEGRATIVAS COMPLEMENTARES DO PROJETO
AMANHECER (HU-UFSC)

Dissertação apresentada ao Programa de


Pós-graduação em Administração
Universitária do Departamento de
Administração da Universidade Federal de
Santa Catarina como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em
Administração Universitária.

Orientador: Prof. Ph.D. Rudimar Antunes da Rocha.

Florianópolis
2016
2

Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,


através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.
3
5

MARILDA NAIR DOS SANTOS NASCIMENTO

AS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DAS PRÁTICAS


INTEGRATIVAS COMPLEMENTARES DO PROJETO
AMANHECER (HU-UFSC)

Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de


“Mestre em Administração Universitária”, e aprovada em sua forma
final ao Programa de Pós-Graduação em Administração Universitária do
Departamento de Administração da Universidade Federal de Santa
Catarina.

Florianópolis, 04 de julho de 2016.

____________________________________________
Prof.ª Drª. Alessandra de Linhares Jacobsen
Coordenadora do PPGAU-UFSC

BANCA EXAMINADORA:

____________________________________________
Prof. Ph.D. Rudimar Antunes da Rocha
PPGAU-UFSC - Orientador

_____________________________________________
Prof.ª Dr.ª Alessandra de Linhares Jacobsen
PPGAU-UFSC - Membro

____________________________________________
Prof. Dr. Martin de La Martinière Petroll
PPGAdm-UFSC - Membro Externo

____________________________________________
Prof. Dr. Andreas Dittmar Weise
PPGEP-UFSM - Membro Externo
7

Dedico este trabalho à minha família


que, em todos os momentos,
incentivaram para a conclusão desta
dissertação.
9

AGRADECIMENTOS

Ao universo e a Deus nele contido, pela vida e determinação para


a conclusão deste desafio.
Aos meus pais Elpídio (in memoriam) e minha querida mãe Nair,
pelas suas orações e palavras de consolo e incentivo nos momentos mais
difíceis.
Ao meu marido Anísio, amor da minha vida, pelo incentivo,
paciência e tolerância, especialmente durante o período de realização
deste trabalho.
Aos meus queridos filhos, Mateus e Mariana, presente de Deus,
pela compreensão da ausência e pelos aprendizados que me
proporcionam, contribuindo para meu crescimento pessoal e espiritual.
Amo vocês!
Aos meus irmãos Gilson, Gilmar, Gilberto, Gildo (in memoriam)
e Marilza, pela presença forte em minha vida, isso me faz feliz.
Às minhas amigas Eva e Rosana, pelo incentivo e confiança
motivando-me do começo ao fim.
Ao meu Orientador, Professor Rudimar Antunes da Rocha PhD.
Que me acompanhou na construção deste trabalho, pacientemente, não
me deixou desistir nos momentos de medo e desânimo que fizeram parte
desta minha jornada.
A todos os voluntários do Projeto Amanhecer pelo carinho,
confiança, respeito e dedicação ao trabalho que realizam. Vocês me
inspiram!
Aos usuários do Projeto Amanhecer pelo apoio, confiança e força
de vontade para transformar suas realidades.
Aos bolsistas que passaram e aos que fazem parte do meu
cotidiano, muita obrigada pelo empenho e incentivo.
Aos colegas de turma, pela parceria e incentivo nos momentos de
convivência durante este período. Gratidão!
11

RESUMO

O presente estudo destaca e analisa a percepção dos usuários e dos


profissionais voluntários (PV), em relação às contribuições sociais das
Práticas Integrativas e Complementares (PICs), bem como a forma de
gestão do PA-HU-UFSC, em 2014 e 2015. O tipo de pesquisa foi o
estudo de caso de natureza aplicada, com abordagem quantitativa e
qualitativa. A coleta de dados foi executada em duas etapas; a primeira
com os usuários e, segunda com os PVs, nos meses de agosto a
novembro de 2015. A amostra foi de 161 usuários e de 30 PVs do PA-
HU/UFSC. O instrumento de coleta de dados utilizado com os usuários
foi o questionário fechado Estilo Likert, ancorado no Google Docs, com
convite por e-mail do banco de dados do PA. A coleta de dados com os
PVs foi feita presencial no projeto, com roteiro de entrevista não
estruturado, com 13 questões. Os resultados dos usuários indicaram que
139 são do sexo feminino, 111 da faixa etária de 18 a 28 ou de 28 a 38
anos, ainda que, 47 são graduandos, 91 só se tratam no PA, 33 foram
indicados por amigos, 91 procuraram o PA pela ansiedade, que a
Apometria Quântica é a terapia com mais demanda e que 78% julgaram
as TICs, como bom ou ótimo. Os dados dos PVs indicaram que 22
utilizam o PA-HU-UFSC há mais de 02 anos, tem escolaridade
predominante de 3º grau, que a maioria aplica as terapias de Apometria
e Reiki e relataram o PA, como: “profundo”, “maravilhoso”,
“um aprendizado” e sua gestão em organizada e comprometida. Os
resultados indicaram o desejo de ampliação do número de atendimentos,
para melhor atender a sociedade que necessita das TICs, bem como a
ampliar a interação com o HU e a UFSC. Sobre a gestão, percebeu-se
uma simbiose entre os Modelos de gestão universitária na perspectiva
da administração pública com a perspectiva da gestão social, porém
pode-se constatar que grande parte dos respondentes aprovou a forma
de gestão do PA, de 2014-2015. Concluiu-se que o PA-HU-UFSC é
relevante à comunidade, haja vista que contribui significativamente com
a redução da problemática da crise na saúde brasileira, com o
acolhimento dos usuários e promoção de terapias não convencionais que
unem as dimensões do corpo, da mente, das emoções e do espírito.

Palavras-chave: Projeto Amanhecer. HU-UFSC. Contribuições sociais.


Práticas Integrativas e Complementares.
13

ABSTRACT

This study highlights and analyzes the perception of users and


volunteers professional (PV) concerning to the social contributions of
Integrative and Complementary Practices (ICPs) and also the
management style of the PA-HU-UFSC in 2014 and 2015. The kind of
research done was a case study of applied nature, using quantitative and
qualitative approach. The collection of data was performed in two
stages; the first with users and second with PVs, from August to
November 2015. The sample consisted of 161 users and 30 PV PA-HU /
UFSC. The instrument for data collection from users was a closed
questionnaire Likert style, anchored on Google Docs, the invitation was
sent by e-mail from PA database. As for the PVs data collection it was
made in person at the project, the non structured interview script
consisted of 13 questions. The users results showed that 139 are
women, 111 of them are aged 18-28 or 28-38 years old, 47 are college
students, 91 of them came to the PA only for the sake of getting
treatment, 33 were referred by friends, 91 sought the PA due to anxiety.
The study also showed that Quantum Apometry therapy gets most of the
demand and 78% evaluated ICTs as good or excellent. Data from the
PVs showed that 22 of them used the PA-HU-UFSC for over 02 years,
most of them are graduated, and work with Quantum Apometry
therapies and Reiki, and the PA was reported as "deep", "wonderful ", a
"learning opportunity" and the management as organized and
committed. The results indicated a desire to increase the number of
sections available in order to better serve the people in need of ICPs, as
well as to increase the interaction with the HU and UFSC. About the
management, it is seen as a symbiosis between the university
management models from the perspective of public administration and
the prospect of social management. However it was found that most of
the respondents approved the PA management style, 2014-2015. It was
concluded that the PA-HU-UFSC is relevant to the community, given
that it contributes significantly to the reduction of the crisis in the
Brazilian health by receiving users and promoting non-conventional
therapies that seek to unite the dimensions of body, mind, emotions and
spirit.

Keywords: Projeto Amanhecer. HU-UFSC. Social contributions.


Integrative and Complementary Practices.
15

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Modelo ecológico social para avaliação do Processo


Terapêutico de Saúde-Doença ............................................................... 35
Quadro 2 - Modelos de Gestão Pública e Gestão Social ...................... 36
Quadro 3 - Atendimentos e profissionais voluntários do PA-HU-
UFSC/2014............................................................................................ 71
Quadro 4 - Modelos de Gestão Pública e Gestão Social. ...................... 71
Quadro 5 - Profissionais voluntários PA – HU-UFSC 2014-2015 ...... 104
Quadro 6 - Modelos de gestão pública e gestão social. ....................... 113
17

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Faixa etária e o gênero dos respondentes relacionados


ao seu grau de escolaridade. .................................................................. 80
Tabela 2 - Situação Profissional, tipo de recomendação e
atendimento médico convencional. ....................................................... 82
Tabela 3 - Motivos para procurar o Projeto Amanhecer ....................... 84
Tabela 4 - Terapias feitas pelos respondentes ....................................... 85
Tabela 5 - Atividades realizadas em grupo no PA-HU-UFSC .............. 86
Tabela 6 - Cursos feitos pelos usuários do PA-HU-UFSC.................... 86
Tabela 7 - Satisfação dos usuários sobre os atendimentos nas
PICs PA-HU-UFSC 2014-2015 ............................................................ 87
Tabela 8 - Satisfação dos participantes sobre a gestão do PA-HU-
UFSC2014-2015 ................................................................................... 88
Tabela 9 - Percepção do bem-estar x faixa etária dos participantes
PA-HU-UFSC 2014-2015 ..................................................................... 90
Tabela 10 - Nível de confiança sobre o atendimento no
PA-HU-UFSC (2014-2015) .................................................................. 93
Tabela 11 - Percepção do bem-estar daqueles que procuraram
atendimento médico .............................................................................. 94
Tabela 12 - Nível de confiança no atendimento PA-HU-UFSC por
tempo de tratamento .............................................................................. 95
Tabela 13 - Contribuição para solução psicológica do participante
PA-HU-UFSC por tempo de tratamento ............................................... 94
Tabela 14 - Opinião de pessoas próximas dos usuários de
atividades em grupo PA-HU-UFSC 2014-2015 .................................... 94
Tabela 15 - Opinião de pessoas próximas dos participantes de
cursos do PA-HU-UFSC 2014-2015 ..................................................... 95
Tabela 16 - Solução pelas terapias dos participantes PA-HU-UFSC
2014-2015 ............................................................................................. 95
Tabela 17 - Diferença na opinião de pessoas próximas com base
no número de terapias ........................................................................... 96
Tabela 18 - Nível de confiança por situação ocupacional dos
participantes PA-HU-UFSC 2014-2015 ................................................ 96
Tabela 19 - Satisfação sobre o agendamento PA-HU-UFSC
2014-2015 versus faixa etária ............................................................... 97
Tabela 20 - Satisfação sobre as informações adquiridas por gênero
PA-HU-UFSC 2014-2015 ..................................................................... 98
Tabela 21 - Satisfação por grau de escolaridade sobre o
agendamento do PA-HU-UFSC ............................................................ 98
18

Tabela 22 - Acolhimento em relação na forma como conheceu o


PA-HU-UFSC ....................................................................................... 99
Tabela 23 - Relação com os PVs com a forma que conheceu o
PA-HU-UFSC ....................................................................................... 99
Tabela 24 - Diferença com relação à Localização com Base no
Tempo em que está no PA .................................................................... 99
Tabela 25 - Acolhimento na ótica de quem faz atividades em grupo
PA-HU-UFSC ..................................................................................... 100
Tabela 26 - Diferença com relação aos Esclarecimentos Recebidos
com Base no Tratamento que faz ........................................................ 100
Tabela 27 - Satisfação sobre o agendamento de quem faz
atividades em grupo PA-HU-UFSC .................................................... 101
Tabela 28 - Diferença com relação aos Esclarecimentos Recebidos
com Base na Situação Ocupacional .................................................... 101
19

LISTA DE SIGLAS

AAHU Associação Amigos do Hospital Universitário


CAGP Coordenadoria Auxiliar de Gestão de Pessoas
CNS Conselho Nacional de Saúde
HU-UFSC Hospital Universitário da Universidade Federal de
Santa Catarina
MS Ministério da Saúde
MTC Medicina Tradicional Chinesa
OMS Organização Mundial da Saúde
ONGs Organização Não Governamental
PA Projeto Amanhecer
PICs Práticas Integrativas e Complementares
PNPIC Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares
PPGAU Programa de Pós-Graduação em Administração
Universitária
PV Profissional voluntário
SUS Sistema Único de Saúde
TCU Tribunal de Contas da União
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
21

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 23
1.1 OBJETIVOS 25
1.1.1 Objetivo geral 26
1.1.2 Objetivos específicos 26
1.2 Justificativas 26
1.3 Estruturação do trabalho 27
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA 29
2.1 A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 29
2.2 GESTÃO SOCIAL 32
2.3 A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA 37
2.4 OS HOSPITAIS 40
2.5 A MEDICINA E AS PRÁTICAS INTEGRATIVAS
COMPLEMENTARES 44
2.5.1 A saúde pública no Brasil 49
2.5.2 A concepção de saúde e de doença 55
2.5.3 Concepção do usuário das terapias 60
2.6 O PA–HU-UFSC 65
2.6.1 Caracterização e objetivos do Projeto Amanhecer (PA) 65
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 67
3.1 Tipo de Estudo 67
3.2 Delimitação da Pesquisa 68
3.3 Especificação do problema 68
3.3.1 Perguntas de pesquisa 68
3.3.2 Relação das variáveis 69
3.3.3 Definição constitutiva das variáveis 69
3.3.4 Definição operacional das variáveis 70
3.4 População, amostra, nível e unidade de análise 71
3.5 Tipos, técnicas de coleta e tratamento dos dados 72
3.5.1 Tipos de dados 72
3.5.2 Técnica de coleta de dados 73
3.5.3 Tratamento dos dados 74
3.6 LIMITAÇÕES DA PESQUISA 74
4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DO
PA-HU-UFSC 2014-2015 75
4.1 O PROJETO AMANHECER – PA-HU-UFSC 75
4.1.1 As terapias oferecidas pelo Projeto Amanhecer 76
4.1.2 O público alvo 78
4.1.3 Voluntariado 79
22

4.1.3.1 O voluntário no PA-HU-UFSC 78


4.2 ANÁLISE DOS PARTICIPANTES DAS PIC’s do
PA-HU-UFSC 2014-2015 79
4.2.1 Análise das PICs recebidas no PA-HU-UFSC 86
4.2.2 Análise da Gestão do PA-HU-UFSC 88
4.2.3 Testes de diferença 89
4.2.3.1 Hiatos no Atendimento com PICs 90
4.2.3.2 Testes de diferença das médias do modo de gestão do
PA-HU-UFSC 96
4.3 ANÁLISE DOS PROFISSIONAIS VOLUNTÁRIOS DO
PA-HU-UFSC 102
4.4 INTERRELAÇÃO DAS PERCEPÇÕES DOS USUÁRIOS E
DOS PVs/PA-HU-UFSC 116
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES
COMPLEMENTARES 119
REFERÊNCIAS 125
APÊNDICE A – Questionário para os usuários do PA 145
APÊNDICE B – Roteiro de Entrevistas com os Terapeutas
(voluntários) 147
APÊNDICE C – TICs oferecidas pelo PA-HU-UFSC 146
23

1 INTRODUÇÃO

O homo sapiens é um ser social por natureza e uma das práticas


mais antigas da humanidade, independentemente das filosofias
religiosas imperantes, tem sido o ato de se relacionar de forma afetiva e
de cuidar de seus semelhantes. Por séculos, esta postura humanitária não
se vinculava a nenhum sistema de saúde, tampouco tratada como
profissão, porém com as mudanças tecnológicas, socioeconômicas e
culturais da atual sociedade, a propensão ao cuidar apontou inúmeras
tarefas e atividades realizadas por profissionais de várias áreas do
conhecimento. Dessas mudanças, surgiu à necessidade de perceber o
homem como um ser integral, como já afirmava o médico-filósofo
Grego Hipócrates, enquanto cuidava de seus pacientes, “o homem é uma
parte integral do cosmo e só a natureza pode tratar seus males”,
buscando mostrar que as pessoas adoeciam por causas naturais e não
pelas punições divinas como se acreditava até então. (SOALHEIRO;
NUNES, 2004).
O homem é um ser multidimensional, em que o corpo físico é um
dos componentes de um sistema dinâmico maior, composto de mente,
de corpo e de espírito, agindo de forma equilibrada, dinâmica e contínua
às esferas energéticas superiores (TROVO; SILVA, 2002), em que “a
ciência mais que provou a intrínseca relação entre mente e corpo e suas
consequências para a saúde humana. [...] está claro que isolar uma parte
do corpo e desconsiderar o resto é receita segura para efeitos colaterais
inesperados” (SOALHEIRO; NUNES, 2004). E os registros da
evolução da medicina tradicional destacam que o cuidado em saúde tem
vários modelos, organizados de acordo com o contexto e bases culturais
e materiais de cada época, sendo o biomédico o modelo ocidental atual
(OTANI; BARROS, 2011).
Por sua vez, as crises institucionais, na maioria dos países, têm se
caracterizado em formas alternativas para as ações da sociedade
organizada ou organizações sociais. Elas estão situadas fora do domínio
do Estado e não tem vínculo com sindicatos ou partidos políticos,
dedicando-se às causas e problemas sociais sem o objetivo do lucro, mas
privilegiando o bem-estar social (MALLMANN et al., 2012), em que
um dos espaços destas organizações são os hospitais, principalmente os
de caráter público universitário.
Por milênios, a gestão social foi confundida como postura
administrativa filantrópica, associada a doações ou caridade religiosa à
saúde do ser humano, em especial pela origem na interpretação mística
24

de que a doença é a manifestação dos deuses, sendo o ser humano um


agente da vingança, como diziam “Heródoto (484-424 anos a.C.) e
Tucídides (460-400 anos a.C.)”, a “influenza”, o ato de desagrado
sobrenatural causador dos males dos humanos (GAARDER, 1995, p.
68) e, a saúde um “[…] fenômeno multidimensional, que envolve
aspectos físicos, psicológicos e sociais, todos interdependentes”
(CAPRA, 1982, p.315).
Na atualidade, várias pesquisas sobre gestão social têm
contribuído à compreensão da sociedade civil organizada que, por meio
de iniciativas espontâneas, oferecem alternativas crescentes à demanda
da população como na área de saúde, que, na ótica de Castellà e Parés
(2012, p. 235-236), sugerem que processos gerenciais usados por estas
associações se ajustam, “sob a forma de gestão social, na qual as
decisões são compartilhadas entre sujeitos, num espaço em que todos
têm direito à voz, sem coerção; há um amplo envolvimento e
diversidade dos participantes e representações de atores”. Dentro desta
lógica, a Gestão Social é configurada como aquela das “demandas e
necessidades do social”, ganha força à medida que a sociedade se
articula em torno de questões que afetam sua qualidade de vida,
tornando fundamental o papel desempenhado pelas organizações sociais
na vida das pessoas e para o desenvolvimento da sociedade
(SCHOMMER; FRANÇA FILHO, 2008, p. 66), com o cerne na
participação voluntária, com aumento da solidariedade e transformação
da realidade social.
Há de se tratar as características da gestão social, pois Godim,
Fischer e Melo (2006) diferem as organizações tradicionais públicas ou
privadas, com destaque ao objetivo, ao valor, à racionalidade, às
protagonistas, à comunicação ao processo decisório, à
operacionalização, à esfera e autonomia; e, o poder (PIMENTEL;
PIMENTEL, 2010, p. 8). A literatura destaca que até 1960 os países
industrializados ocidentais consideravam a medicina complementar,
uma prática terapêutica restrita a alguns grupos sociais, mas na década
de 1980 houve acréscimo destas terapias e os pesquisadores começaram
a perceber mudanças que culminaram, no Brasil, em 2006, no Conselho
Nacional de Saúde (CNS) efetiva a Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares (PNPIC), sancionada pela Portaria nº
971 (MS, 2006). Essa legislação incentiva o uso de recursos terapêuticos
que abordem mecanismos naturais de prevenção e recuperação à saúde,
com a integração do ser humano ao meio-ambiente e à sociedade
(BRASIL, 2006; TEIXEIRA; BELO; MUSSO, 2011) que acarretou o
aumento da demanda pelas PICs no SUS (BRASIL, 2006).
25

Por sua vez, no âmbito das organizações prestadoras de serviços


de saúde ou hospitais, a dicotomia do conhecimento científico, ao
conhecimento tácito ou terapias complementares à saúde tem
explicações desencontradas. De um lado, estão aqueles que defendem a
supremacia do diagnóstico científico e tecnológico para elucidar as
enfermidades do ser humano, e, no outro extremo, os que entendem que
ações paralelas a este aprendizado têm espaço na cura de doenças
psíquicas e na melhoria da qualidade de vida do indivíduo. Dessa
complexidade para a implantação de Práticas Integrativas e
Complementares, a sociedade vem se mobilizando e tentando suprir as
necessidades que as políticas públicas têm dificuldades de atender,
dando espaço para que as organizações sociais se fixem para promover o
bem-social, por meio da dedicação às causas e problemas coletivos.
Nesse cenário emergiu o Projeto Amanhecer (PA) na forma de extensão
em 1996, vinculado ao Hospital Universitário, da Universidade Federal
de Santa Catarina (HU/UFSC), com o objetivo de ofertar às
comunidades universitária e geral PICs, por meio de profissionais
voluntários.
No seio das universidades, a gestão social, quer como concepção
científica, quer como práticas de administração, tem merecido atenção.
As possibilidades são diversas, porém muitas delas estão focadas nos
hospitais universitários, cuja política operacional tem sido realizada por
meio de projetos de extensão, como é o PA. Este projeto estabelece
preceitos de Práticas Integrativas e Complementares muito usadas em
diversos países, destacando a relevância para o compromisso que existe
entre os profissionais voluntários e a sociedade, com aproximação ética
que contribua à igualdade social, em um espírito voluntário (PROEX,
2014). Assim, a pesquisa foi realizada no PA, do Hospital
Universitário Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal
de Santa Catarina (PA-HU-UFSC) e, tem como questão norteadora:
Qual é a percepção dos usuários e dos profissionais voluntários
(PV), em relação às contribuições sociais das Práticas Integrativas e
Complementares (PICs) e da forma de Gestão do PA-HU-UFSC,
considerando-se o período 20141 - 2015?

1.1 OBJETIVOS

Da pergunta de pesquisa supramencionada, estabeleceu-se como

1
Em 2014, foi o ano do último relatório de atividades e pesquisa do Projeto Amanhecer
(HU-UFSC).
26

objetivo geral:

1.1.1 Objetivo geral

Compreender a percepção dos usuários e dos PVs, sobre as


contribuições sociais das PICs e da forma de gestão do PA-HU-UFSC,
em 2014 e 2015.

1.1.2 Objetivos específicos

Para o alcance do objetivo geral, definiram-se quatro objetivos


específicos:
a) Relatar as PICs e os preceitos sociais do PA-HU-UFSC;
b) Interpretar a percepção dos usuários do PA, sobre as PICs nos
anos de 2014 e 2015;
c) Avaliar a percepção dos PVs sobre as contribuições sociais das
PICs e a gestão do PA-HU-UFSC, em 2014 e 2015;
d) Inter-relacionar essas percepções e propor melhorias à gestão
do PA-HU-UFSC.

1.2 JUSTIFICATIVAS

A Portaria n° 971, de 03 de maio de 2006, que regulamenta a


Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC),
evidencia o interesse e o reconhecimento do Ministério da Saúde em
promover a inserção das Práticas Integrativas e Complementares (PIC)
no Sistema Único de Saúde (SUS), o que vem ocorrendo ainda muito
lentamente. Assim, esta pesquisa justifica-se pelo aumento na demanda
das PICs e de profissionais voluntários que desejam atuar no PA,
somada ao desejo de legitimar as PICs, no HU/UFSC, sendo que, a
realização da pesquisa vai ao encontro do objetivo do PA, que deseja
institucionalizar, revitalizar e promover a cidadania no HU-UFSC, em
que o HU tem, “a missão cidadã da universidade” (UFSC, 2014).
A razão de ordem técnica está na necessidade de se conhecer a
percepção dos profissionais voluntários e dos usuários sobre os
benefícios das PICs e como está a gestão do PA que ofereceram
subsídios ao desenvolvimento de estratégias, a partir de preceitos
teóricos e práticos da gestão social. Com relação às questões éticas e
legais, o estudo justifica-se pela contribuição na garantia a integralidade
na atenção à saúde, “nos campos da prevenção de agravos e da
promoção, manutenção e recuperação da saúde baseada em modelo de
27

atenção humanizada e centrada na integralidade do indivíduo”


(BRASIL, 2006, p. 4), principalmente porque a coordenadora do PA-
HU-UFSC é a autora da pesquisa, por isso tem o interesse em usar as
descobertas científicas desta dissertação.
Finalmente, o estudo tem contribuições para a ciência, pois o HU
é uma das unidades com funções múltiplas e pluralidades de
aprendizagem, com a formação alunos da saúde, Serviços Social,
Ciência Tecnológica e Ciências Sociais Aplicadas, como Administração.
No caso do PA, o eixo médico ganha um desafio extra, pois não trata de
terapias convencionais, mas complementares e contributivas à saúde e
bem-estar dos usuários. Portanto, a justificativa para esse pilar é, antes
de tudo, o retorno à origem dos conhecimentos da Ciência Médica,
permitindo imersão em técnicas complementares de saúde orientais,
ocidentais, psicológicas.

1.3 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

A dissertação está dividida em cinco capítulos. O primeiro


capítulo foi reservado à introdução, na qual é contextualizada a
problematização da pesquisa, questão de pesquisa, objetivo geral e
objetivos específicos, justificativas teórico-práticas, bem como a
estruturação desta dissertação. O capítulo dois traz a revisão de
literatura, destacando-se os conhecimentos que envolvem a
administração pública, a universidade, o hospital universitário, a
extensão universitária, as práticas integrativas e complementares e,
ainda gestão social. O capítulo três destaca os procedimentos
metodológicos que alicerçaram o estudo. A apresentação e a análise dos
resultados estão no quarto capítulo, e, o capítulo cinco destaca
considerações finais e recomendações a futuros trabalhos.
29

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA

Este capítulo foi reservado para a fundamentação teórico-


empírica com temáticas que serviram de base ao desenvolvimento do
estudo, como: a administração pública, a gestão social, a extensão
universitária, hospitais, a medicina e práticas integrativas
complementares.

2.1 A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A administração pública é um conjunto de conhecimentos e


estratégias em ação para prover os serviços públicos, voltados ao ser
humano em suas dimensões numa sociedade articulada politicamente,
podendo ter três modelos: a velha administração pública; a nova
administração pública; e, o novo serviço público (SALM;
MENEGASSO, 2006). No modelo da velha administração pública, a
gestão é considerada ineficiente e lenta ao atender as necessidades dos
cidadãos e as mudanças do meio. Quase sempre é responsável por
prejudicar o desenvolvimento e o crescimento econômico, centrando-se
nos processos burocráticos “não havendo incentivos à participação
cidadã e consequentemente a coprodução dos serviços públicos”
(MAGALHÃES; SOUZA, 2015, p. 153).
A nova gestão pública surgiu do esgotamento das soluções
apresentadas pelo modelo anterior, bem como por pressões de várias
áreas como: econômica, política, social, financeira, sendo que este
modelo foi introduzindo ferramentas de gestão da iniciativa privada,
visando à eficiência para a melhoria do serviço para o cidadão “[...] com
interesse de diminuir os custos e enxugar a máquina pública do Estado”
(MAGALHÃES; SOUZA, 2015 p. 153).
Por outro lado, na década de 80,emergiu no Brasil o novo serviço
público que trouxe reformulações no modelo de administração pública,
levando em consideração o bem-estar da coletividade, por meio da
participação e compartilhamento de responsabilidades na promoção de
serviços públicos, no qual a “noção do Novo Serviço Público contribui
na remodelação do Estado, para uma mudança de mentalidade na busca
de uma gestão mais participativa”, a luz de uma teoria democrática que
articula envolvimento entre os cidadãos e os seus governos
(DENHARDT, 2004, p. 175).
Posteriormente, em meados da década de 1990, nasce a corrente
da Gestão Social como um novo paradigma para a Administração
30

Pública, na qual a sociedade organizada passa a ser coprodutora do


serviço público, sendo que “As exigências são de que a sociedade, por
meio de seus diferentes atores, dialogue e delibere no atendimento de
suas carências, deixando de ser objeto e/ou recursos para ser sujeito do
processo” (TENÓRIO, 2012, p. 2). As reformas administrativas no setor
público ainda enfrentam a ineficiência para atender aos anseios
crescentes por maior qualidade dos serviços, avançando do modelo
organizacional burocrático Weberiano, quanto às disfunções, para ir em
direção de avanços democráticos e se distancie para sempre do modelo
tradicional burocrático.
No entanto, os impulsionadores do movimento das reformas na
Administração Pública brasileira são múltiplos, dentre eles: a crescente
complexidade, a dinâmica e diversidade das sociedades, os quais
colocam os sistemas de governo diante de novos desafios; a ascensão de
valores neoliberais e o chamado esvaziamento do Estado, em que a
incapacidade do Estado em lidar com problemas coletivos são
fragilizados e criticados, exigindo mudanças nas estratégias e práticas
gerenciais (SECCHI, 2009), sendo as reformas da Administração
Pública “alvos das mais ásperas críticas” (SECCHI, 2009, p. 349), em
função de não acompanhar a evolução da sociedade, de suas estruturas
sociais, econômicas, tecnológicas, inovações, bem como devido a esta
carência. Até agora, os modelos mostram-se obsoletos em razão de sua
ineficiência por não atender as necessidades demandadas pelos
cidadãos.
Em estudos sobre a história da Administração Pública brasileira,
Paula (2005) destaca dois modelos de gestão: a Administração Pública
gerencial, implantada a partir do governo de Fernando Henrique
Cardoso, em meados dos anos 1990, e, a Administração Pública Societal
em pleno desenvolvimento, caracterizada por enfatizar “a eficiência
administrativa e se baseia no ajuste estrutural, nas recomendações dos
organismos multilaterais internacionais e no movimento gerencialista”,
que privilegia as “dimensões econômico-financeira e institucional-
administrativa”, sendo “participativo no nível do discurso, mas
centralizador no que se refere ao processo decisório” (PAULA, 2005, p.
35). O segundo modelo surgiu dos movimentos sociais da
redemocratização do país e, “manifesta-se nas experiências alternativas
de gestão pública, como os Conselhos Gestores e o Orçamento
Participativo”, ressaltando a “dimensão sociopolítica”, a “participação
social”, viabilizando a participação popular, através da ótica da “gestão
social [...] focalizadas nas demandas do público alvo” (PAULA, 2005, p.
35-41).
31

Em concordância desse raciocínio, Denhardt (2011) alerta que é


necessário melhorar o desempenho do Estado na prestação de serviço
público, bem como criar novos padrões de relação entre Estado e
sociedade, corroborando a relevância das dimensões política e
institucional das reformas. Nesse movimento, Denhardt (2012) diz que o
cidadão é visto como aquele que assume um papel positivo em prol da
sociedade e, não sendo apenas cidadão, mas trabalhando para a
cidadania. Assim, para facilitar o alcance de objetivos públicos, a opção
pela governança pública disponibiliza plataformas organizacionais, “tais
como o envolvimento de cidadãos na construção de políticas, fazendo
uso de mecanismos de democracia deliberativa e redes de políticas
públicas” (SECCHI, 2009, p. 360).
No prisma de Salm e Menegasso (2010, p. 03), a coprodução “é
uma estratégia para a produção dos serviços públicos por meio do
compartilhamento de responsabilidades e poder entre agentes públicos,
agentes privados e cidadãos”, ou então, como apregoa Dowbor (2013,
s.p), na construção,

Dessas parcerias envolvem o setor estatal,


organizações não governamentais e setores
abertos do empresariado. Surgem com força
conceitos como responsabilidade social e
ambiental do setor privado. O chamado terceiro-
setor aparece como uma alternativa de
organização que pode, ao se articular com o
Estado e assegurar a participação cidadã, trazer
respostas inovadoras. As empresas privadas
ultrapassam a visão do assistencialismo, para
assumir a responsabilidade que lhe confere o
poder político efetivo que têm [...] dessa forma o
interesse direto do cidadão pode ser capitalizado
para se desenhar uma forma desburocratizada e
flexível de gestão social, apontando para novos
paradigmas que ultrapassam tanto a pirâmide
estatal como o vale-tudo do mercado.

Por sua vez, Salm e Menegasso (2006) alertam que a estrutura do


chamado Novo Serviço Público surge como complemento dos demais
modelos de Administração Pública, em que os objetivos como justiça,
32

equidade, responsabilidade, respeito, empowerment2 e compromisso são


importantes para que os órgãos públicos atendam ao interesse da
coletividade, cujos enfoques reforçam as lógicas interpretativas da
gestão social, como exposto na sequência.

2.2 GESTÃO SOCIAL

Neste início de Século XXI, a Gestão Social no Brasil pode ser


evidenciada nas experiências alternativas de Gestão Pública. Sua
principal referência é a vertente social, uma vez que tem origem nas
mobilizações contra a ditadura e a favor da redemocratização do país,
entre as quais se destacam os movimentos sociais, os partidos políticos
de esquerda e centro-esquerda. Sabe-se que, desde a década de 1980,
começaram a se constituir os primeiros centros populares, que passaram
a serem chamadas de Organizações Não-Governamentais - ONGs
(PAULA, 2005), as quais, pela independência e especificidades nas
defesas de causas distintas, multiplicaram-se pelo planeta, quer pela
defesa do ecossistema quer pelo enfoque humanitário.
A gestão social, configurada como o gerenciamento de demandas
e necessidades do social, ganha espaço à medida que a sociedade se
articula em torno de questões que afetam sua qualidade de vida,
destacando-se os bens de uso coletivo, como o transporte, a habitação, o
abastecimento de água, o saneamento básico, a saúde e educação
(SCHOMMER; FRANÇA FILHO, 2008). Esse cenário amplia a
concepção da importância de se implantar projetos com a participação
de atores sociais nas decisões políticas e da utilização de instrumentos
que ampliem o controle social, portanto, “deve ser determinada pela
solidariedade, guiada pela concordância, na qual o outro deve ser
incluído” (PIMENTEL; PIMENTEL, 2010, p. 5).
Há uma linha de argumentos utilizados contra a participação
cidadã nos processos de políticas públicas do Governo, como o fato de a
população, na maioria das vezes, não querer participar e que, quando
participa, o faz de forma inconstante, e, ainda, que as pessoas dispostas a
participar são sempre as mesmas, muitas vezes só representam a si
próprios e aos seus próprios interesses (TENÓRIO, 2012), haja vista que
a lógica que norteia a gestão social é da equidade ou horizontalidade dos
interesses público e privado, reduzindo o fortalecimento da pressão de

2
Empowerment ou empoderamento “é o processo pelo qual os indivíduos, comunidades e
organizações ganham controle sobre as suas próprias vidas” (MINKLER, 1992 apud
MACHADO, 2008, p.53).
33

grupos organizados com interesses distintos ao social, também


conhecido de coalizão dominante. Por isso, “a gestão social está
buscando novos espaços em termos políticos, econômicos e
administrativos. Não é mais apenas um setor, mas sim, é uma dimensão
humana do próprio desenvolvimento” (DOWBOR, 2013, s.p.).
Uma das principais características do modelo de gestão social das
organizações é a racionalidade comunicativa, em que seus sujeitos
devem trabalhar as propostas de modo que todos os atores possam
expressar suas posições e seus argumentos sem que haja imposição de
ideias sobre esta questão, sobre a qual, Tenório (2002) enfatiza que esse
tipo de gestão se contrapõe à Gestão Estratégica, à medida que tenta
substituir a gestão tecno-burocrática e monológica, por um
gerenciamento mais participativo e dialógico, no qual o processo
decisório é exercido por meio de diferentes sujeito social.
Acrescenta Tenório (2006) que o adjetivo social deve ser
entendido como um espaço privilegiado de relações sociais, no qual
todos têm o direito à fala, sem nenhum tipo de coerção. Nesse contexto,
a participação da sociedade e a eficiência seriam concebidas como
conceitos cada vez mais complementares, em vez de contraditórios.
Além disso, admite ser social a relação entre pessoas em vez de ação para
pessoas; a relação de cooperação, solidária ou negociada entre os
envolvidos na ação; a relação sujeito/sujeito e não sujeito/objeto e,
tampouco, objeto/objeto, que não apresenta como principal objetivo o
retorno econômico, e sim, o atendimento às demandas da sociedade civil
(TENÓRIO et. al., 2010).
No entender de Dowbor (2013, s.p.), “a dimensão social do
desenvolvimento deixa de ser um complemento, uma dimensão
humanitária de certa forma externa aos processos econômicos centrais,
para se tornar um componente essencial do conjunto da reprodução
social” afirmando ainda que “a atividade econômica é um meio, o bem-
estar social é o fim”.
Quando se enfoca a gestão social, há um forte elo com a
expressão cidadania, na qual o conceito de cidadania está vinculado à
participação social nas políticas públicas ou, como diz Demo (1993), a
cidadania pressupõe o estado de Direito, que parte, na teoria, da
igualdade de todos perante a lei e do reconhecimento de que toda a
pessoa humana e a sociedade são detentores de direitos e deveres, sendo
a cidadania a qualidade social de uma sociedade organizada, sob a forma
de direitos e deveres majoritariamente reconhecidos.
Na ótica de Tenório (2004, p. 41), a “Cidadania Deliberativa”
significa, em linhas gerais, a legitimidade das decisões políticas com
34

origens em processos de discussões, orientados pelos princípios da


inclusão, do pluralismo, da igualdade participativa, da autonomia e do
bem comum, em que ele realça ser,

O significado de cidadania deliberativa procura


superar a concepção liberal assim como a
republicana por meio da soberania popular. No
primeiro caso os indivíduos cedem ao poder
público, parte de seus direitos, e esse tem a função
de arbitrar os conflitos entre os interesses privados
e os sociais. No segundo, o poder político é o
administrador e fiador da soberania do povo e
instrumento de construção da sociedade
(TENÓRIO, 1999, p. 158).

A Cidadania Deliberativa é compreendida como uma ação


política deliberativa, na qual o indivíduo deve participar de um
procedimento democrático, decidindo na diferente instância de uma
sociedade e em diferentes papéis, o seu destino social, como pessoa
humana, quer como eleitor, trabalhador ou consumidor (TENÓRIO,
1999). No outro extremo, tem-se que no modelo ou processo gerencial
deliberativo, os atores participam da construção de soluções, atendendo
às demandas que se apresentam relevantes para esses sujeitos.
Já, a cidadania deliberativa, de acordo com Tenório (2012),
pressupõe a inexistência de privilégios nos processos decisórios
originados do poder público e dos agentes econômicos. A prática
deliberativa contribui, portanto, para evitar a manutenção da divisão da
sociedade entre superiores e subordinados, políticos e eleitores,
produtores e consumidores, entre outros. Nesse sentido, não é possível
trabalhar cidadania deliberativa em uma realidade em que prevaleçam os
interesses pessoais, em que se enxergam somente seus direitos e não
suas responsabilidades, o que se torna um grande desafio.
Para Font e Blanco (2003 apud TENÓRIO, 2012, p. 210), “é
preciso contar com os cidadãos na hora de tomar decisões coletivas, e,
por isso, é necessário habilitar espaços de participação cidadã para a
tomada de decisões públicas”, isto é, a participação cidadã como
“qualquer atividade dirigida a influir direta ou indiretamente nas
políticas públicas” (TENÓRIO, 2012, p. 210).
Já, Gutmann e Thompson (2004 apud TENÓRIO, 2012)
destacam cinco características que devem estar presentes em toda
experiência deliberativa: a) as decisões para se justificarem, devem ser
debatidas; b) o intercâmbio deve ser compreensível e acessível para os
35

cidadãos que estão convidados a participar da experiência; c) as decisões


originárias de um processo deliberativo devem ser vinculantes; d) o
processo deve ser sempre dinâmico; e, e) deve ser regido pelo princípio
da economia moral da discordância, no qual fortalece o respeito mútuo e
minimizam-se as diferenças existentes. Nessa linha, conclui-se que a
cidadania deliberativa permite e articula interesses dos cidadãos além de
ampliar e qualificar suas condições no processo de tomada de decisão
(TENÓRIO, 2012).
Alguns modelos tratam em avaliar a gestão e processos
terapêuticos direcionados para o desafio contemporâneo da melhoria da
qualidade de vida da população, por meio de organizações públicas e da
participação da sociedade, por isso, optou-se por salientar o Modelo
Ecológico Social e o Modelo de Gestão Pública e Gestão Social, por
atender aos objetivos desta dissertação.

a) Modelo Ecológico Social

O Modelo Ecológico Social tem o cerne interpretativo na


identificação das barreiras estruturais que podem interferir de forma
significativa no bem-estar de usuários em relação ao tratamento
recebido (Quadro 1).

Quadro 1 - Modelo ecológico social para avaliação do Processo


Terapêutico de Saúde-Doença
Categoria Subcategoria
Trata do conhecimento, atitude, crenças e traços de
Dimensão intrapessoal
personalidade do usuário;
São os processos interpessoais com os grupos primários
(família, colegas, redes sociais, associações) que
Dimensão interpessoal
fornecem identidade social e definição do papel do
indivíduo;
Dimensão São as regras, regulamentos, políticas e estruturas
organizacional ou informais (como os locais de trabalho, escolas, grupos
institucional religiosos);
Referem-se aos fatores relacionados com as redes
Dimensão comunitária sociais, as normas ou padrões da comunidade que
restringem ou promovem os comportamentos;
São os fatores relacionados com o sistema, com as
Dimensão político-
políticas e leis que regulam ou apoiam o comportamento
estrutural
desejado.
Fonte: MaCleroy, et al (1988).
36

Há cinco dimensões inter-relacionadas que percorrem dos aspectos


intrínsecos do ser humano, social-organizacional até a sua participação
político e estrutural, sendo que todas possuem relevância ao processo
terapêutico da preservação da saúde ou prevenção à doença.

b) Modelo de Gestão Pública e de Gestão Social

Pimentel e Pimentel (2010, p. 8) defendem à adaptação de


categorias em dois estágios como Modelo de Gestão Pública e Gestão
Social, como se visualiza no Quadro 2.

Quadro 2 - Modelos de Gestão Pública e Gestão Social


Categorias de Gestão Universitária na Gestão Universitária na
Análise de perspectiva da perspectiva da Gestão Social
Conteúdo da Administração Pública que
Extensão incorpora princípios e
práticas da Gestão
Estratégica
Interesse Público. Interesse Coletivo de Caráter
Objetivo
Público.
Normativo. Cooperação Intra e
Valor
interorganizacional.
Racionalidade Instrumental; Burocrática. Substantiva/comunicativa.
Protagonistas Estado; Universidade. Sociedade Civil Organizada.
Monológica/Dialógica, Dialógica, com pouca ou
vertical com algumas nenhuma restrição ao direito de
Comunicação
horizontalidades; em tese fala.
sem restrição à fala.
Centralizado/top down Descentralizado, emergente e
Processo
com possibilidade de participativo/surge como
Decisório
participação (bottomup). construção coletiva.
Estratégica, com foco em Social, com foco em
Operacionalização indicadores acadêmicos e indicadores qualitativos e
sociais. quantitativos.
Pública, Estatal. Pública, Privada, Social e
Esfera
demais esferas.
Há coerção normativa Não há coerção, todos têm
Autonomia e
entre os atores envolvidos. iguais condições de
Poder
participação.
Fonte: Adaptado de Pimentel e Pimentel (2010, p. 08).

Neste sentido, busca-se compreender aspectos da gestão


estratégica e da gestão social, como alternativas para a administração
pública e para a gestão universitária, enfatizando a participação da
37

sociedade civil, por meio de atividades de extensão, no âmbito das


universidades públicas.

2.3 A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

O papel da universidade pública frente às questões sociais e à


participação da sociedade são fundamentais, haja vista que, “a
universidade pública sempre foi uma instituição social, isto é, uma ação
social, uma prática social fundada no reconhecimento público de sua
legitimidade”, essencialmente, depois da Revolução Francesa, “a
universidade concebe-se a si mesma como uma instituição republicana
e, portanto, pública e laica”, assumindo, a partir do século XX, a missão
de “constitutiva da cidadania e, portanto, como direitos dos cidadãos” e
como uma “instituição social inseparável da ideia de democracia e de
democratização do saber” (CHAUÍ, 2003, p.5-6).
Assevera ainda a supra citada autora que acompanhando as
transformações sociais, “a universidade como instituição social
diferenciada e autônoma só é possível em um Estado republicano e
democrático” (CHAUÍ, 2003, p. 6). Entretanto, com a reforma do
Estado, a natureza da universidade foi alterada, pois “a educação, a
saúde e a cultura” foram consideradas “no setor de serviços não
exclusivos do Estado”, significando que “a educação deixou de ser
considerado um serviço público, e passou a ser considerado um serviço
que pode ser privado ou privatizado”. Assim, “a reforma do Estado
definiu a universidade como uma organização social e não como uma
instituição social”; enquanto “a instituição social aspira à
universalidade”, e “tem a sociedade como seu princípio e sua referência
normativa e valorativa”, a “organização tem apenas a si mesma como
referência, num processo de competição com outras que fixaram os
mesmos objetivos particulares” (CHAUÍ, 2003, p.6).
Na visão de Santos (1997, p.187), a universidade encontra-se
“duplamente desafiada, pela sociedade e pelo Estado [...] não parece
preparada para defrontar os desafios, tanto mais que estes apontam para
transformações profundas e não para simples reformas parcelares”. No
entender de Santos (2004) “A Universidade do século XXI: para uma
reforma democrática e emancipatória da Universidade”, na qual ocorre
uma crise tríplice da universidade frente às transformações ocorridas nos
últimos anos. Para Santos e Almeida Filho (2008, p.5), a crise tríplice é
formatada em três elementos interligados: crise de hegemonia, crise de
legitimidade e crise institucional.
38

Crise de Hegemonia: “resultante das contradições


entre as funções tradicionais da universidade e as
que, ao longo do século XX lhe tinham sido
atribuídas. [...]. De um lado, a produção de alta
cultura, pensamento crítico e conhecimentos
exemplares, científicos e humanísticos; [...]. De
outro, a produção de padrões culturais médios e
de conhecimentos instrumentais [...] exigida pelo
desenvolvimento capitalista”;
Crise de Legitimidade: “provocada pelo fato de a
universidade ter deixado de ser uma instituição
consensual em face da contradição entre a
hierarquização de saberes especializados, através
das restrições do acesso e da credenciação das
competências, por um lado, e as exigências sociais
e políticas da democratização da universidade e da
reivindicação da igualdade de oportunidades para
os filhos das classes populares, por outro”;
Crise Institucional: “contradição entre a
reivindicação da autonomia na definição dos
valores e objetivos da universidade e a pressão
crescente para submeter esta última a critérios de
eficácia e de produtividade de natureza
empresarial ou de responsabilidade social”
(SANTOS; ALMEIDA FILHO, 2008, p.13-14).

Por sua vez, Pires (2004, p. 1071-1072) explica que a crise


tríplice da universidade pública foi agravada nas últimas décadas:

i) pela sua deliberada descapitalização (na


esteira do recuo do Estado do Bem-Estar Social);
ii) pela conversão das novas tecnologias da
informação e da comunicação em instrumentos
pedagógicos que prescindem da copresença e
questionam de um modo ainda não compreendido
a relação tradicional entre professor-aluno;
iii) pela tendência de transnacionalização do
ensino superior (tomado como mercadoria como
qualquer outra); e,
iv) pelo fato de os caminhos escolhidos para
enfrentar a crise estarem passando
predominantemente, senão quase que
exclusivamente, pelo enfrentamento do seu
39

aspecto institucional, que é o mais visível, porém o


menos promissor para oferecer respostas às
inúmeras e complexas questões que a crise
envolve.

Pires (2004, p. 1073) sublinha ainda que a recuperação da crise da


universidade, entre outras medidas, passa pela necessidade de seguir
procedimentos participativos de avaliação e rever os mecanismos
internos e externos de democratização. Já, quanto à Extensão
Universitária, Santos e Almeida Filho (2008, p.66) indicam que no
esforço de reconquistar a legitimidade, “a área de extensão vai ter no
futuro próximo um significado muito especial”, para possibilitar às
universidades uma participação mais ativa na construção da coesão
social, no aprofundamento da democracia, na luta contra a exclusão
social e a degradação ambiental e na defesa da diversidade cultural.
No entanto, a Extensão Universitária, como “processo educativo,
cultural e científico que articula o ensino e a pesquisa de forma
indissociável e viabiliza a relação transformadora entre Universidade e
Sociedade”, precisa encontrar uma “nova concepção”, diante do
assistencialismo, “que vai além de sua compreensão tradicional de
disseminação de conhecimentos [...], prestação de serviços [...] e difusão
cultural” (FORPROEX; SESU/MEC,2000/2001, p. 3-5). Neste sentido,
a:

Extensão deve ser entendida, precisamente, como


extensão de pesquisa e ensino. Não o contrário:
devemos vigiar para que a pesquisa e o ensino não
se transformem em uma extensão de serviços e
convênios, sendo por eles determinados, no
conteúdo, na forma e [...] nos recursos e
manutenção. (MORAES, 2001, p.70, grifo
nosso).

Cabe o alerta de Freire (2006, p. 25), ao denunciar o processo de


“invasão cultural” da “extensão educativa como prática de
domesticação” em que há a superioridade da universidade e o educador
como sujeito ativo, em um processo verticalizado de transmissão,
enquanto o cidadão é passivo, em uma relação que coisifica o homem.

Educar e educar-se, na prática da liberdade, não é


estender algo desde a “sede do saber”, até a “sede
da ignorância” para “salvar”, com este saber, os
40

que habitam nesta. Ao contrário, educar e educar-


se, na prática da liberdade é tarefa daqueles que
sabem que pouco sabe - por isto sabem que sabem
algo e podem assim chegar a saberem mais – em
diálogo com aqueles que, quase sempre, pensam
que nada sabem, para que estes, transformando
seu pensar que nada sabem em saber que pouco
sabe, possam igualmente saber mais (FREIRE,
2006, p. 25).

Portanto, a universidade deve assumir seu papel social frente às


demandas da sociedade concebendo um vínculo “de interação e não de
transferência de tecnologias, destoadas das realidades vividas, sendo
necessário criar, permanentemente, um ambiente institucional que
reforce o caráter indissociável da Extensão, do Ensino e da Pesquisa”
(RTS, 2010, p.12-13). Os Hospitais Universitários desempenham papéis
relevantes para a sociedade na área da saúde, pois atuam de forma
dinâmica na assistência, ensino e pesquisa, nos quais os projetos de
extensão reforçam a função social da universidade.

2.4 OS HOSPITAIS

O termo hospital originou-se do latim hospitium, isto é, local


reservado à hospedagem de doentes, peregrinos e viajantes, com relatos
da existência dos hospitais, das hospedarias e dos hospícios bem antes
de Cristo, cuja atividade era exercida em templos que serviam para
receber os necessitados da época (RIBEIRO, 1993). Para Antunes
(1991), os hospitais permaneceram, durante a Idade Média, com suas
características de estabelecimentos de assistência social, voltados “a
outras obrigações tidas como de interesse coletivo: albergue dos pobres
e doentes desprovidos e contenção de grupos populacionais
considerados perigosos à vida das cidades, mendigos, imigrantes,
portadores de moléstias repulsivas ou contagiosas" (ANTUNES, 1991,
p.75-76).
O hospital era simplesmente uma instituição de assistência ao
pobre doente, com o objetivo de impedir este do contato com outros e,
evitando o perigo de contágio, o qual estava sob a responsabilidade dos
religiosos e leigos em medicina, tendo também como a missão no
atendimento espiritual (FOCAULT, 1981).

Esta é a função essencial do hospital [...] e o


pessoal hospitalar não era fundamentalmente
41

designado a realizar a cura do doente, mas


conseguir sua própria salvação. Era um pessoal
caritativo, religioso ou leigo, que estava no
hospital para fazer uma obra de caridade que lhe
assegurasse salvação eterna (FOUCAULT, 1981.
p.101-102).

No século XVIII, inicia-se a era do hospital como dispositivo de


cuidado com a função de curar e tratar a doença, e foi necessário
desconstruir a imagem que ele carregava como de isolador e de domínio
religioso, cuja nova interpretação, agora como “um objeto complexo de
que se conhecem mal os efeitos e as consequências, que age sobre as
doenças e é capaz de agravá-las, multiplicá-las ou atenuá-las”
(FOUCAULT, 1996, p. 100).
Na ótica de Castelar (1995), o hospital emergiu para combater e
reduzir a propagação de doenças, já que no início, os atendimentos
ocorriam por parte de quem tinha o interesse individual em desenvolver
a caridade ligada à religião, e eram centrados nas Santas Casas de Saúde
que atendiam pessoas com enfermidades físicas e mentais, como
também serviam de abrigo aos economicamente desfavorecidos, sendo
que, a exceção eram as doenças infectocontagiosas e epidemias, as quais
exigiam isolamento dos cidadãos do convívio social.
Na visão de Pitta (1991), o novo hospital define-se como espaço
em que as pessoas são percebidas, tratadas e curadas de suas
enfermidades, cujo local se destina a outro tipo de doente e não serve mais
como local de isolamento.

Da profana incumbência de sequestrar pobres,


moribundos, doentes e vadios do meio social,
escondendo o incómodo e disciplinando os corpos
e guardando-os até a morte, à nobre função de
salvar vidas, o hospital tem percorrido um
caminho complexo e tortuoso em busca do
tecnicismo científico adequado às suas novas
funções (PITTA, 1991, p.41).

No século XIX, surge a medicina moderna, em que a


racionalidade médica torna-se científica com “as descobertas em
diversos campos das ciências da natureza, como a biologia, anatomia,
bacteriologia e outras disciplinas, começam a afastar a medicina do seu
empirismo e construir o hospital científico moderno” (RIBEIRO, 1993,
p. 25).
42

Na atualidade é comum entender as organizações hospitalares


como o espaço institucional destinado a procedimentos investigativos e
terapêuticos, conjugado a disponibilização de hotelaria que provê leitos,
alimentação e uma rotina aos enfermos. Martins, Fernandes e Gonçalves
(2012), Nogueira (2003) e Romão (2010) compreendem o hospital como
uma organização complexa, nos quais os serviços de saúde têm
características que geram exigências particulares, em termos de
organização e de gestão. Já, Ribeiro (1993, p. 31) diz que a missão dos
hospitais passou da função de cuidado do doente para assumir uma nova
missão, incorporando tecnologias.

O hospital contemporâneo não é apenas uma


instituição que evoluiu. É muito mais, é uma
instituição nova. Suas missões são outras,
conquanto resguardadas algumas que precederam.
Mudaram suas características, suas finalidades,
sua administração, seus sujeitos, seus instrumentos
e processos de trabalho. O elemento mais constante
dessa trajetória tem sido o homem que sofre e
morre.

O primeiro hospital brasileiro foi fundado por Braz Cubas, em


São Paulo, no ano de 1543, denominado de Santa Casa de Misericórdia
de Santos, de orientação religiosa católica com objetivos filantrópicos
nos moldes das Santas Casas de Misericórdia criadas em Portugal e
distribuídas até o Século XX, como assistência médica gratuita no país
(ANTUNES, 1991).
Desde então, alertam Araújo e Leta (2014), os hospitais passaram
por várias mudanças conceituais e organizacionais. Dentre elas, chama
atenção a exigência de criação de hospitais próprios vinculados às
escolas médicas. A partir daí, origina-se um novo conceito de hospital: o
hospital de ensino (médico), que quando vinculado a uma universidade é
denominado hospital universitário (HU)3.
Nas palavras de Medici (2001), o hospital universitário, em sua
concepção tradicional, é uma instituição caracterizada por um

3
Hospital Universitário: “[...] são centros de formação de recursos humanos e de
desenvolvimento de tecnologia para a área de saúde. A efetiva prestação de serviços à
população possibilita o aprimoramento constante do atendimento e a elaboração de
protocolos técnicos para as diversas patologias. Isso garante melhores padrões de
eficiência, à disposição da rede do Sistema Único de Saúde (SUS)”.
http://portal.mec.gov.br/hospitais-universitarios. Acesso em 22 de maio de 2016.
43

prolongamento de um estabelecimento de ensino em saúde por prover


treinamento universitário na área de saúde; por ser reconhecido
oficialmente como hospital de ensino e, por propiciar atendimento
médico de maior complexidade a uma parcela da população. O
Ministério de Educação e Cultura (MEC), um dos órgãos reguladores e
mantenedores dos HUs, realça a missão dos HUs: ensino, assistência e
pesquisa.
Os hospitais universitários são centros de
formação de recursos humanos e de
desenvolvimento de tecnologia para a área de
saúde. A efetiva prestação de serviços à população
possibilita o aprimoramento constante do
atendimento e a elaboração de protocolos técnicos
para as diversas patologias. Isso garante melhores
padrões de eficiência, à disposição da rede do
Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, os
programas de educação continuada oferecem
oportunidade atualização técnica aos profissionais
de todo o sistema de saúde. Os hospitais
universitários apresentam grande heterogeneidade
quanto à sua capacidade instalada, incorporação
tecnológica e abrangência no atendimento. Todos
desempenham papel de destaque na comunidade
onde estão inseridos. (BRASIL, 2012).

Em pesquisa recente, Araújo e Leta (2014, p. 38) alertam que


"apesar de a maioria dos HUs já ter introduzido formalmente a atividade
de pesquisa junto às missões de ensino e assistência, na prática, o
binômio ensino-assistência prevalece como marca dessas instituições”,
como é o caso do HU-UFSC.
O HU-UFSC, objeto desta pesquisa, foi fundado pelo Prof.
Polydoro Ernani de São Thiago, em 02 de maio de 1980, ocupando no
organograma a posição de órgão suplementar vinculado ao Gabinete do
Reitor com a finalidade de desenvolver atividades de ensino, pesquisa,
extensão e assistência, como também, responsável pela formação
acadêmica na área da saúde e servindo de campo de estágios para
diversos cursos da UFSC, como: Enfermagem, Farmácia, Medicina,
Odontologia, Serviço Social, Psicologia e Nutrição, com campo de
estágio curricular de profissionais do Programa de Residência
Multiprofissional (HU, 2014).
Além da formação de profissionais, produzir e socializar
conhecimentos com ética e responsabilidade social, também tem a
44

missão de preservar a vida promovendo a saúde (UFSC, 1992), tendo a


visão de ser um centro de referência em alta complexidade, com
excelência no ensino, pesquisa, assistência e gestão, pautado na
integralidade de atenção à saúde e no trabalho interdisciplinar. Seus
valores permeiam os princípios da humanização, ética, com perfil
público e gratuito, inovação, valorização, qualificação e competência
profissional, compromisso social, articulação, ensino, pesquisa, extensão
e assistência, como o respeito aos princípios do SUS: de integralidade,
de universalidade, de equidade e de resolutividade (UFSC, 1992).
Na data de realização do presente estudo havia 280 leitos nas
áreas de Clínica Médica, Cirúrgica, Tratamento Dialítico, Terapia
Intensiva, Pediatria, Ginecologia, Obstetrícia e Neonatologia, além do
Serviço de Emergência Adulto e Infantil, Ambulatório especializado,
Centro Cirúrgico, Centro Obstétrico, Centro de Incentivo ao
Aleitamento Materno e Centro de Esterilização.

2.5 A MEDICINA E AS PRÁTICAS INTEGRATIVAS


COMPLEMENTARES

A atividade médica existiu na antiga Grécia, na civilização


egípcia, na China e outros locais, sendo a Medicina considerada uma das
ciências antigas do mundo. No início, os tratamentos eram naturais e
holísticos, tendo por base as práticas da medicina chinesa e oriental,
mas, ao longo do tempo, ela expandiu para uma visão mais científica e
experimental aproximando-se da dimensão de ciência, aprimorando
técnicas, medicamentos e instrumentos baseados na racionalidade, e em
pesquisas científicas e, a medicina moderna apoiou-se na cultura grega,
observando o princípio da razão.
O campo da medicina chinesa é muito amplo e continua a ser
aplicada há muitos séculos, sendo um sistema completo, dando maior
significado aos aspectos da enfermidade e das suas causas dentro de
uma abordagem mais humanista e global do ser humano. Já, nas últimas
décadas, a medicina oriental começa a ganhar mais poder e
simpatizantes, e, são incorporadas práticas mais alternativas para
resolver os problemas de doenças, tais como yoga, meditação e o
consumo de substâncias mais naturais.
As Práticas Integrativas e Complementares compreendem um
conjunto de “sistemas médicos complexos e recursos terapêuticos, os
quais são também denominados pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) de Medicina Tradicional e complementar/alternativa” (BRASIL,
2006). Por sua vez, a OMS/WHO (2013, p.31) considera que o
45

profissional de medicina tradicional e complementar (MTC) pode ser


“práticos de medicina tradicional ou medicina complementar,
profissionais da medicina convencional e agentes de atenção sanitária
[...] ou outros profissionais da área da saúde”, enquanto as práticas de
MTC:

[...] incluem medicamentos terapêuticos e


tratamentos de saúde baseados em procedimentos,
por exemplo, a base de ervas, naturopatia,
acupuntura e terapias manuais tales como a
quiropraxia, a osteopatia e outras técnicas afins,
incluindo qigong, tai chi, yoga, medicina termal e
outras terapias físicas, mentais, espirituais y
psicofísicas (OMS/WHO, 2013, p.31).

A OMS, no documento “Estratégias da OMS sobre Medicina


Tradicional” (OMS/WHO, 2013, p.7), para o período 2014-2023,
considera ainda que, “em todo o mundo, a medicina tradicional é o pilar
principal de prestação de serviços de saúde” (OMS/WHO, 2013, p.11),
que a Medicina Tradicional e Complementar (MTC) vem recebendo
interesse maior das pessoas, “ganhando caráter global” e “crescente
importância econômica”. No entanto, é “com frequência subestimada
pelos serviços de saúde” (OMS/WHO, 2013, p.18).
A MTC recebe várias denominações tais como práticas
tradicionais, populares, não ocidentais, complementares, holísticas,
brandas, alternativas e integrativas, contrapondo os parâmetros da
medicina hegemônica, que entende o corpo humano como um “grande
engenho” fisiológico e anatômico de base mecanicista, com ênfase na
enfermidade, uso exacerbado de medicamento, utilização frequente da
tecnologia e forte especialização.
Entretanto, há o reconhecimento de contribuições e avanços para
a saúde pública. Tesser e Barros (2008), Martinez, (2003), em seus
estudos, mostram que as medicinas alternativas e complementares têm a
concepção do organismo humano como um “campo de energia”, numa
visão “integrativa e sistêmica”, necessitando de terapia
multidimensional e um movimento multidisciplinar no processo
saúde/doença/cura. Portanto, o aumento mundial previsto na
mortalidade motivada por doenças crônicas “é o motivo mais urgente
para desenvolver e fortalecer a colaboração entre setores da medicina
convencional e a medicina tradicional e complementar” (OMS/WHO,
2013, p.40).
46

Desse modo, isso exige “um enfoque coerente e integral da


atenção à saúde” e uma “estratégia mundial destinada a promover a
integração, regulamentação e supervisão apropriadas da medicina
tradicional e complementar”. Assim, o documento recomenda o
“aproveitamento da contribuição potencial da medicina tradicional e
complementar” e a “promoção da sua utilização segura e eficaz por
meio de regulamentação e pesquisa, incorporando produtos,
profissionais e práticas nos sistemas de saúde” (OMS/WHO, 2013, p.7 -
11).
Em levantamentos mundiais da OMS, ficou constatado que as
pessoas procuram a medicina tradicional e complementar em função de
diversos fatores, como “a cultura, importância histórica e a
regulamentação” (OMS/WHO, 2013, p. 27), e também motivadas por
crescente insatisfação com os serviços de atenção à saúde existente, e
interesse renovado pela ‘atenção integral das pessoas’ e prevenção de
enfermidades (OMS/WHO, 2013, p.28).
No Brasil, há um crescente uso dessas práticas. A avaliação da
Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC),
no período de 2006-2010, mostra que houve “avanços para a saúde no
país, pela normatização e institucionalização das experiências com essas
Práticas na rede pública” (RODRIGUES et al., 2011, p. 39), sendo
recomendada entre outras medidas, a inclusão de “ações e recursos
específicos voltados ao ensino, serviço e pesquisa das Práticas
Integrativas e Complementares” e “definição, no âmbito do MS, de
incentivo para estados e municípios no sentido de estimular a inserção
das Práticas Integrativas e Complementares (PICs) no SUS”
(RODRIGUES et al., 2011, p.41).
Já, Ischkanian e Pelicioni (2012, p.233), ao realizar uma pesquisa
para investigar os conhecimentos, opiniões e representações sociais dos
gestores e profissionais de saúde sobre as PICs no Sistema Único de
Saúde em unidades básicas de saúde em São Paulo, apuraram que “os
gestores não estavam preparados para a implantação da PNPIC no
SUS”, e que a “divulgação das PICs não tem sido suficiente para que
profissionais e usuários as conheçam”, e que ainda “prevalece o modelo
biomédico nos atendimentos”.
Outras avaliações feitas por profissionais que atuam no setor
apontam a PNPIC, como práticas contra hegemônicas, enquanto o SUS
é “voltado para uma racionalidade da medicina tradicional [...];
relaciona-se a uma lógica de caráter quantitativo, que não se aplica às
práticas integrativas.”; assim, o modelo biomédico adota uma lógica de
avaliação que desconsidera “mecanismos naturais de cuidado e cura e a
47

ideia de que a doença envolve corpo/mente/espírito” (BATALHA,


2013, p.26).
Sobre esta questão, especialistas apontam que a “necessidade de
superar o preconceito e desconhecimento sobre as práticas”, a, “[...]
formação de profissionais de saúde centrada na racionalidade biomédica
[...]; desconhecimento e [...] falta de apoio por parte dos gestores em
relação à potencialidade dessas práticas no cuidado com as pessoas; [...]
são entraves à expansão do acesso e insuficiência de uma linha de
financiamento para as Práticas Integrativas e Complementares”; também
destacam o fato de que “é preciso dar à população o direito de saber que
não existe uma só medicina [...]. Em cada momento da vida o cidadão
deve poder escolher” (BATALHA, 2013, p.25).
Santos e Martins (2013) dizem que uma das características da
racionalidade médica da biomedicina é o desprezo por outras
abordagens do processo saúde-doença, ignorando outras práticas e
rotulando-as de charlatanismo, desconsiderando por não ter apoio em
métodos tradicionais da ciência positivista. Já, a pesquisa de Schveitzer
e Zoboli (2014, p.188) que buscou, “identificar a compreensão dos
profissionais de saúde quanto ao papel das práticas complementares na
Atenção Básica”, com avaliação de 22 casos de 1986 a 2011,
constataram “três estilos de prática: medicina convencional, práticas
integrativas e medicina integrativa”, admitindo que, “o processo de
trabalho na Atenção Básica apresenta dificuldades para a realização de
cuidado integrativo e holístico”. Outro dado da problemática no campo
das PICs consiste num “debate [...] inserido nas questões que envolvem
o Ato Médico, o que seriam as competências exclusivas do médico”
(LUZ, 2013, p.28), traduzindo-se em “problema também que contribui
para emperrar a implementação da PNPIC”.

A PNPIC é uma política multiprofissional e


interdisciplinar, na medida em que existe uma
diversidade de saberes envolvidos e de profissões
que lidam com esses conhecimentos. [...]. Assim,
há [...] uma multidão de leigos portadores de
saberes que não existem nos livros e que devem
ter seu lugar como atores sociais da saúde. ‘Há
lugares para eles no SUS?’(LUZ, 2013, p.28).

Neste caso, o Ministério da Saúde admite a existência dos saberes


e de “terapeutas tradicionais” como “direito à diferença” ao considerar:
48

Outra possibilidade, importante no caso de


atenção à população étnica ou culturalmente
diferenciada, como indígenas, negros ou ciganos é
considerar a provável existência de recursos e de
atores sociais que atuam como terapeutas
tradicionais, que compõem o universo
sociocultural desses segmentos da população. [...]
O diálogo respeitoso sobre essa possibilidade
configura condição indispensável tanto da
aproximação à lógica das concepções e práticas
sobre o processo saúde-doença afeitas ao sujeito
doente e à sua rede social, como de possíveis
negociações terapêuticas no objetivo de atingir
resultados que combinem maiores chances de
eficácia biomédica com aceitabilidade cultural
(BRASIL, 2007, p.26).

Esta situação se configura em “encontros e tensões entre a


medicina hegemônica e as medicinas alternativas” (MADEL, 2005,
p.165) e, ressalta que:
De um lado, [...] o sucesso social e institucional
das medicinas alternativas, bem como os
obstáculos que encontram no caminho de seu
reconhecimento [...]. a) Está havendo um encontro
cultural das medicinas tradicionais com as novas
representações e concepções [...] de saúde,
adoecimento e cura, e relações homem/natureza,
presentes atualmente na sociedade civil [...]. Essa
pressão tende a encontrar, no entanto, a
contrapressão oriunda da corporação médica, que
geralmente se opõe à legitimação de medicinas
alternativas [...]. b) As medicinas alternativas vêm
funcionando como um modelo atraente de relação
terapeuta/paciente. [...]. c) Há um crescimento
progressivo, nos últimos quarenta anos, de
concepções e teorias psicossociais do
adoecimento [...]; uma busca de superação da
clássica dicotomia corpo/mente da cultura
ocidental. [...]. d) Há uma incorporação crescente
pelo saber médico [...] na etiologia das doenças no
século XX [...], favorecendo as abordagens
terapêuticas menos medicalizadoras [...]. e) A
tudo isto deve se acrescentar a mencionada dupla
49

crise, da saúde e da medicina (MADEL, 2005,


p.169).

Este contexto, conforme Madel (2005, p.169-170), “tende a [...]


superar o modelo puramente medicalizador”, de tal modo que os, “[...]
médicos especialistas têm aceitado contribuição das medicinas
alternativas; contudo, programas e atividades de medicinas alternativas
[...] continuam institucionalmente isoladas, quando não são bloqueadas
pelos profissionais médicos”. Entretanto, a incorporação das “medicinas
ditas tradicionais, ditas alternativas”, tem evoluído lentamente, em um
“cenário otimista, as medicinas alternativas tenderiam a conviver com a
medicina hegemônica” como “recursos terapêuticos válidos e elegíveis
como direito de cidadania”. Assim, a “terapêutica retomaria seu lugar” e
“a arte de curar retomaria sua função de finalidade básica da medicina”
(MADEL, 2005, p.170).
Esta convivência apresenta um risco “de ‘sincretismo médico’,
com possível perda de sua racionalidade para as medicinas alternativas,
em proveito da biomedicina”; mas, há um ganho, a “re-situação do
paciente como centro de seu objeto de investigação e objetivo de
intervenção terapêutica, valorizando-se novamente o agir do médico, a
ser visto mais como um terapeuta que como o investigador de
patologias” (MADEL, 2005, p.170-171).

2.5.1 A saúde pública no Brasil

A História da Saúde Pública no Brasil é marcada por sucessivas


reorganizações administrativas desde a época colonial, mas somente no
período republicano que se efetivou. (FUNASA, 2016; MARQUES,
2016). A saúde Pública até o início do século XX estava indisponível
para a minoria da população, pois poucos tinham acesso aos serviços de
saúde. O período de 1900 a 1920 foi marcado pelo desenvolvimento
econômico devido à expansão das indústrias e a chegada dos imigrantes,
logo, o Sistema Público de Saúde é resultado de décadas de luta de um
movimento que se denominou Movimento da Reforma Sanitária.
(MARQUES, 2016).
O Sistema Público de Saúde foi instituído pela Constituição da
República Federativa do Brasil (CRFB) de 1988 e consolidado pelas
Leis n° 8.080 e n° 8.142, cujo Sistema foi denominado Sistema Único
de Saúde (SUS), sendo que, algumas características desse sistema de
saúde, começando pelo mais essencial, dizem respeito à colocação
50

constitucional de que Saúde é Direito do Cidadão e Dever do Estado


(CARVALHO, 2013).
No Brasil, nestes primeiros quinze anos do Século XXI, a saúde é
considerada caótica. Notícias são amplamente divulgadas pela mídia que
relatam o sistema público de saúde em crise. Na concepção de Salomão
(2014, n. p.), conforme a pesquisa realizada pelo instituto Datafolha e o
Conselho Federal de Medicina (CFM), “93% dos eleitores brasileiros
avaliam os serviços público e privado de saúde como péssimos, ruins ou
regulares”, e, “entre os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), 87%
dos entrevistados declararam insatisfação com os serviços oferecidos”.
Para o Tribunal de Contas da União (TCU), os problemas são
financeiros e de infraestrutura.

Na raiz da crise estão o desequilíbrio no


financiamento e a desigualdade na distribuição da
infraestrutura e dos serviços entre regiões —
informa o Tribunal de Contas da União. Há uma
década o governo federal bancava 59% das
despesas na saúde pública [...]. O governo federal
reduziu sua parte, que hoje corresponde a 45%
dos gastos com saúde. [...]. Nos últimos três anos
o orçamento do SUS restringiu os gastos por
habitante ao patamar de R$ 2,5 por dia. [...]. A
tabela de pagamentos do SUS está defasada há 20
anos. [...]. O país campeão das preocupações com
saúde tem um SUS subfinanciado e mal gerido, e
é o segundo maior mercado de planos privados do
mundo (ABRASCO, 2014).

A crise no sistema público de saúde afeta os 4.870 hospitais que


atendem ao Sistema Único de Saúde (SUS), fazendo com que o
agravamento da crise na saúde chegue aos tribunais do país: “o
Judiciário virou uma ‘segunda porta’ de acesso ao SUS, intervindo na
administração das filas para internação ou acesso a medicamentos”; isto
fez com que “os gastos do Ministério da Saúde por conta de sentenças
judiciais subissem 1.400% nos últimos seis anos” (CASADO, 2014,
n.p.). Assim, o orçamento destinado à saúde pública é escasso para
atender a demanda, excluindo grande parte da população,
principalmente nos procedimentos eletivos, sendo o Sistema Único de
Saúde (SUS), criado em 1988, com objetivo de universalizar os
atendimentos não se concretizou na realidade.
51

Em decorrência, a situação se reflete nas pesquisas de opinião


pública. Levantamento realizado pelo IBOPE, em novembro de 2013,
aponta que a “saúde é o principal problema do Brasil, na opinião de
58% dos entrevistados”, enquanto que a pesquisa Retratos da Sociedade
Brasileira - Problemas e Prioridades para 2014, promovida pela
Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o IBOPE,
aponta que “quase metade da população brasileira (49%) diz que
melhorar os serviços de saúde deve ser prioridade para o governo
federal em 2014”. (ANDRADE, 2014; n.p.). Outro dado da
problemática mostra alta no consumo de remédios: a “venda de
medicamentos cresce 13% em relação a 2013. [...] As vendas de
genéricos foram 12% maiores que as do ano passado”
(SCARAMUZZO, 2014).
Tesser (2006, p.61) considera que “o processo de medicalização
social no Brasil é intenso e importante para o SUS (especialmente o
PSF) e a Saúde Coletiva”, afirma que:
A medicalização transforma culturalmente as
populações, com um declínio da capacidade de
enfrentamento autônomo da maior parte dos
adoecimentos e das dores cotidianas. Isso
desemboca num consumo abusivo e contra
produtivo dos serviços biomédicos, gerando
dependência excessiva e alienação. (TESSER,
2006, p.61).

Illich (1975, p. 62-63) chama atenção ao problema, como “parte


integrante de sua institucionalização industrial”, considerando a
“medicalização da sociedade industrial reforça seu caráter imperialista e
autoritário” e, “medicalização da vida” como “malsã” por três razões.

A medicalização da vida é malsã por três motivos:


primeiro, a intervenção técnica no organismo,
acima de determinado nível, retira do paciente
características comumente designadas pela palavra
saúde; segundo, a organização necessária para
sustentar essa intervenção transforma-se em
máscara sanitária de uma sociedade destrutiva, e
terceiro, o aparelho biomédico do sistema
industrial, ao tomar a seu cargo o indivíduo, tira-
lhe todo o poder de cidadão para controlar
politicamente tal sistema.
52

Assim, para Illich (1975, p. 104 e 211) “a Medicina


institucionalizada transformou-se numa grande ameaça à saúde”, na qual
ocorre a “alienação da dor”; a “civilização moderna transforma a
experiência da dor. Retira do sofrimento seu significado íntimo e
pessoal e transforma a dor em problema técnico”, emergindo
“medicalização da dor [que] reduz a capacidade que possui todo homem
de se afirmar em face do meio e de assumir a responsabilidade de sua
transformação, capacidade em que consiste precisamente a saúde”. O
próprio Ministério da Saúde no texto “Clínica Ampliada, Equipe de
Referência e Projeto Terapêutico Singular”, reconhece o problema:

Infelizmente o mito de que os tratamentos e


intervenções só fazem bem é muito forte. Ocorre,
entretanto, com relativa frequência, o uso
inadequado de medicações e exames, causando
graves danos à saúde e desperdício de dinheiro.
Os diazepínicos e antidepressivos são um
exemplo. [...]. O uso abusivo de antibióticos e a
terapia de reposição hormonal são outros
exemplos. Quanto aos exames, também existe
uma mitificação muito forte. [...] A noção de
saúde como bem de consumo (“quanto mais,
melhor”) precisa ser combatida para que
possamos diminuir os danos. O real significado e
as expectativas das pessoas quando procuram um
serviço de saúde precisam ser trabalhados na
clínica ampliada, para diminuir o número de
doenças causadas por tratamento e para não iludir
as pessoas. (BRASIL, 2007, p.18-19).

Este documento traz como fator comum em doenças crônicas, a


“Medicalização da vida é quando a doença torna-se preocupação central
na vida do usuário”, sendo recomendado que a equipe de profissionais
da saúde procure “adequar as propostas terapêuticas aos investimentos
afetivos do usuário [...] para que a doença e o tratamento não se tornem
o seu objeto de investimento central”, de modo a “equilibrar as
preocupações e ações de combate à doença com as preocupações de
produção de vida” (BRASIL, 2007, p.24).
Já, Ceccim e Merhy (2009, p.539) chamam a atenção para a
“transição tecnológica do campo da saúde”, que fez surgir uma
“medicalização social intensamente mais sofisticada”, em que “um
universo novo de patologias vai sendo construído”.
53

A indústria de medicamentos alia-se a [...]


farmacoprevenção, da orientação ao corpo doente
a ser curado, para o corpo saudável que deve ser
tratado (preventivamente) para não adoecer, para
não correr o risco de ter de consumir atos de saúde
custosos segundo o modelo médico-hegemônico
do corpo de órgãos, que ambiciona o uso
ambulatorial de atos profissionais de saúde, não
mais os atos médico-hospitalares. Surgem
maciçamente medicamentos para manter a
normalidade do corpo biológico; o risco de
adoecer passa a ser medicamentalizado. Surgem
preocupações em empresas de seguro e planos de
saúde pela promoção e prevenção e pela produção
de hábitos de vida que possam minorar processos
de adoecimento. [...]. A patologização de certos
sofrimentos, sob a ótica do modelo médico-
hegemônico (clínica do corpo de órgãos), com a
finalidade de patrocinar cuidados individuais e
coletivos e o consumo de inúmeros atos
profissionais de saúde centrados em tecnologias
duras ou leve-duras, objeto de estratégias
disciplinares das profissões clássicas da saúde e
da saúde pública em geral, agora, sob a clínica de
um corpo que não tem órgãos a serem
perscrutados e tratados, instaura um olhar que
patologiza os modos de viver a vida, individuais e
coletivos - em um corpo ex-órgãos (corpo sem
sintomas) [...]. Vem agora operar uma clínica sem
o limite disciplinar do corpo de órgãos, uma
atuação dirigida à produção do desejo ali onde se
modulam as formas de viver. Vêm agregar-se
estratégias de controle sobre os modos de cuidar
de si. [...] A vida é explicada pelo laboratório.
Medicamentos, alimentos e atividades podem
ensejar o corpo do laboratório. (CECCIM;
MERHY, 2009, p.539).

Sinalizam que “sem essa problematização, de fato, não


construímos a possibilidade de um devir à humanização, no bojo dos
princípios e diretrizes do SUS”, sendo necessário, pautar a “produção da
saúde como produção de vida, um modo autopoiético e solidário de
invenção das práticas de atenção”, e ainda à “construção de um agir
54

micropolítico e pedagógico intenso: apoiar as desobediências ao


instituído/vigente/hegemônico que as humanizações ensejam”
(CECCIM; MERHY, 2009, p.541). A problemática da medicalização
social, no entender de Souza e Luz (2009, p.397), apresenta a crise da
saúde em duas fases, sendo que a primeira, “refere-se a problemas de
natureza sanitária, cuja causa se relaciona a questões socioeconômicas
decorrentes da evolução recente do capitalismo”, enquanto a segunda,
está relacionada “à síndrome social coletiva denominada [...] pequena
epidemiologia do mal-estar”, caracterizada por “um mal-estar difuso em
grande parte da população urbana trabalhadora, desempregada ou
aposentada”.
A crise da medicina, nas palavras de Luz (2005, p.151), “não
significa absolutamente uma crise em seu modelo de produção de
conhecimento”, pois, como ‘ciência das doenças’, a medicina vai muito
bem e, explica em vários planos:

No plano ético imediatamente ligado à prática


médica, na medida em que destaca a perda ou a
deterioração atual da relação médico-paciente,
com a objetivação dos pacientes e a
mercantilização das relações entre o médico e seu
paciente [...]. No plano da eficácia institucional
médica, no qual deve ser destacada a perda, pela
medicina atual, de seu papel milenar terapêutico,
isto é, de sua função de arte de curar em proveito
da diagnose, com o avanço das ciências do campo
biomédico [...]. Em seguida, [...] a grave questão
da bioética, implicada na investigação biomédica,
[...] em progressão quase exponencial no âmbito
microanalítico jamais alcançado pela ciência: [...]
mais uma vez sem uma cuidadosa consideração
do sujeito humano. [...]. Também o plano
corporativo, isto é, o da profissão médica, que
implica não apenas a questão da ética profissional
em termos das relações intra categorias [...] as
relações inter categorias da área de atenção à
saúde [...] que chegaram atualmente a um nível de
grave competição, perceptível nos serviços
públicos de saúde. Aqui também deve ser
destacada a questão das relações entre
profissionais médicos e cidadãos, [...]
caracterizada muitas vezes por conflito ou
hostilidade. [...]. Outros planos poderiam também
55

ser destacados. [...]: no planejamento de saúde: o


plano econômico, dos custos crescentes da
tecnologia médica e seus efeitos institucional e
social; o plano da irracionalidade da organização
da medicina, centrada num modelo de atenção
médica hospitalar, em detrimento das
necessidades de atenção primária da população,
entre outros (LUZ, 2005, p.149-151).

Luz (2005, p.151), amplia o raciocínio e destaca o plano de


Racionalidade Médica, em que “o próprio paradigma que rege a
medicina contemporânea afastou-se do sujeito humano sofredor como
uma totalidade viva em suas investigações diagnósticas, bem como em
sua prática de intervenção”. Já, Souza e Luz (2009, p.397; grifos nossos)
sintetizam a crise da medicina, caracterizada como uma convivência
contraditória de tripla cisão:

Entre ciência das doenças e arte de curar


(episteme/tékhne), desenvolvida no pensamento
médico ao longo dos últimos três séculos; entre
diagnose e terapêutica (práxis), na prática médica
de combate às doenças, desenvolvida sobretudo a
partir do final do século XIX; e no interior do agir
clínico (tékhne), da unidade relacional
médico/paciente, pelo progressivo
desaparecimento do contato com o corpo do
doente, pela interposição de tecnologias ‘frias’
diagnósticas e terapêuticas, verificada a partir da
segunda metade do século XX. (SOUZA; LUZ,
2012, p.400).

Esta situação coloca o Brasil em último lugar no ranking sobre


eficiência de sistemas de saúde, conforme levantamento da consultoria
Bloomberg feito em 48 países que têm PIB per capita acima de US$
5.000 (POLATO, 2013; n.p.).

2.5.2 A concepção de saúde e de doença

Se o sistema de saúde brasileiro já não dá conta para atender


prevenção da doença, que pode ser explicada pela carência de recursos,
precariedade dos serviços públicos e ineficiência do SUS, a situação
ainda é pior se se considerar o conceito de promoção da saúde, que
exige maior atenção, cuidados e recursos. Albuquerque e Oliveira
56

(2002; n.p.) informam que “saúde e doença não são estados ou


condições estáveis, mas sim conceitos vitais, sujeitos a constante
avaliação e mudança” e comentam a revolução histórica que alterou o
conceito de saúde e doença.

O desenvolvimento do Modelo Biomédico [séc.


XVII; visão mecanicista e reducionista do Homem
e da Natureza; relação causal linear entre uma
causa simples e uma doença; omissão da
autonomia conceitual da pessoa]: se centrara na
doença; a Primeira Revolução da Saúde [a partir
de meados do século XX; desenvolvimento das
modernas medidas de saúde pública] se centrara
na prevenção da doença; e a Segunda Revolução
da Saúde [a partir de 1979] [...]. Salientam-se dois
conceitos centrais, específicos e inovadores:
"promoção da saúde" e "estilo de vida".
(ALBUQUERQUE; OLIVEIRA, 2002). (grifos
nossos).

Em consequência, emerge o reconhecimento ao direito à saúde e


da obrigação do Estado na promoção e proteção da saúde, sendo que,
surge após a Segunda Guerra Mundial, a criação da Organização das
Nações Unidas e da Constituição da Organização Mundial de Saúde
(OMS) de 1946, que define a saúde como “um estado de completo bem-
estar físico, mental e social, que não consiste apenas na ausência de
doença ou de enfermidade” (OMS/WHO, 1946; n.p.), e, em 1974,
surgiu no Canadá o conceito de “campo da saúde”, formulado por Marc
Lalonde, abrangendo a biologia humana, o meio ambiente, o estilo de
vida e a organização da assistência à saúde (SCLIAR, 2007).
No Brasil, o conceito de saúde foi considerado em “sentido mais
abrangente” na 8ª Conferência Nacional de Saúde (CNS) realizada em
março de 1986, na qual, no relatório final se pode ler: “a saúde é a
resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda,
meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e
posse da terra e acesso a serviços de saúde.” (BRASIL, 1986, p.4). Já, a
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 no seu artigo
196 preconiza o princípio que norteia o Sistema Único de Saúde (SUS):

A saúde é direito de todos e dever do Estado,


garantido mediante políticas sociais e econômicas
que visem à redução do risco de doença e de
57

outros agravos e ao acesso universal e igualitário


às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação. (BRASIL, 1988; n.p.).

Assim, enquanto o conceito de saúde, para a OMS, foca o bem-


estar e não consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade,
para a Constituição brasileira, e, em consequência, para os sistemas de
saúde e o SUS, as ações de saúde visam reduzir o risco de doença. A
problemática da operacionalização do conceito de saúde é apontada por
Scliar (2007):

A amplitude do conceito da OMS (visível também


no conceito canadense) acarretou críticas, algumas
de natureza técnica (a saúde seria algo ideal,
inatingível; a definição não pode ser usada como
objetivo pelos serviços de saúde), outras de
natureza política, libertária: o conceito permitiria
abusos por parte do Estado, que interviria na vida
dos cidadãos, sob o pretexto de promover a saúde.
Em decorrência da primeira objeção, surge o
conceito de Christopher Boorse (1977): saúde é
ausência de doença. (SCLIAR, 2007, p.37, grifo
nosso).

Vianna (2012) diz que a “saúde e doença não são duas faces de
uma mesma moeda”,

De fato, se considerarmos um sistema de saúde, por


exemplo, o SUS, é possível verificar que as
ações voltadas para o diagnóstico e o tratamento
das doenças são apenas duas das suas atividades.
Inclusão social, promoção de equidade ou de
visibilidade e cidadania são consideradas ações de
saúde. O entendimento da saúde como um
dispositivo social relativamente autônomo em
relação à ideia de doença, [...] abrem novas
possibilidades na concepção do processo saúde-
doença. (VIANNA, 2012, p.9).

Para Demarzo (2011, p.6), “para a prevenção, evitar a doença é o


objetivo final. Para a promoção, o objetivo contínuo é um nível ótimo de
vida e de saúde. Portanto a ausência de doenças não é suficiente”.
Vianna (2012, p.9) explica que conforme a Organização Mundial de
58

Saúde, “a saúde deve ser entendida em sentido mais amplo, como


componente da qualidade de vida” e como “um bem comum, um bem e
um direito social [...] componente e exercício da cidadania”, sendo o
“que o processo saúde-doença representa o conjunto de relações e
variáveis que produzem e condicionam o estado de saúde-doença de
uma população”.
Tesser (2009) relata que na I Conferência Internacional sobre
Promoção da Saúde promovida pela Organização Mundial da Saúde
realizada em 1986 no Canadá, foi formalizada a Carta de Ottawa, que
define a promoção de saúde como o “processo de capacitação da
comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde,
incluindo uma maior participação no controle deste processo” (WHO,
1986, n.p.).
Já, Heidmann (2006, p.356), ao destacarem que a Carta de
Ottawa de 1986 é uma referência da promoção à saúde, lembram a
importância de “compreender que a promoção à saúde constitui-se num
modo de ver a saúde e a doença, e sua abordagem pode trazer
contribuições relevantes que ajudam a romper com a hegemonia do
modelo biomédico”, e defende que a Carta de Ottawa reafirmou um
conjunto de valores para a promoção da saúde como “vida, saúde,
solidariedade, equidade, democracia, cidadania, desenvolvimento,
participação e ação conjunta, entre outros”. Com a Carta, a saúde passou
a ser concebida como a construção pelo “cuidado de cada um consigo
mesmo e com os outros, pela capacidade de tomar decisões e de ter
controle sobre as circunstâncias da própria vida e pela luta para que a
sociedade ofereça condições que permitam a obtenção de saúde por
todos os seus membros” (HEIDMANN, 2006, p.353- 354).
Por sua vez, Albuquerque e Oliveira (2002; n.p.) informam que
os principais conceitos da Segunda Revolução da Saúde, contemplada na
Carta de Otawa de 1986, está centrada em capacitar às pessoas para
aumentarem o controle sobre a sua saúde e para alcançar a melhoria de
sua saúde, o “que significa devolver à população o poder em matéria de
saúde, retirando-o das instituições, dos dirigentes, dos profissionais e da
tecnologia”, com o “objetivo primordial da promoção da saúde [...] de
facilitar a transferência de recursos importantes na saúde [...] para a
comunidade”. No entanto, “a adoção de estratégias de promoção da
saúde e dos princípios a ela subjacentes encerra um conflito potencial”:

Embora muitos profissionais e gestores da área da


saúde afirmem defender a ideia de devolver mais
poder à comunidade, na prática poucos estão
59

dispostos a fazê-lo. A justificação destes


profissionais é a de que eles é que "sabem melhor"
o que fazer, podendo afirmar-se que esta constitui
a filosofia dominante entre estes profissionais.
(ALBUQUERQUE; OLIVEIRA, 2002; n.p.)

A realização das conferências internacionais e regionais trouxe


avanços para a saúde em todo o mundo. Entretanto, os resultados
também têm sido contraditórios, em razão das diversas políticas e
práticas de promoção à saúde que podem ser sintetizadas em dois
grandes grupos:

A primeira com enfoque comportamental


expressa, em ações que visam à transformação de
hábitos e estilos de vida, pontuando fatores de
risco e transferindo a responsabilidade ao
indivíduo. A segunda considera fundamental o
papel protagonista dos determinantes gerais sobre
as condições de vida e de saúde estando
diretamente relacionada à qualidade de vida
individual e coletiva. (VERDI; CAPONI, 2005,
p.82).

Considerando esta situação:

Um dos riscos mais evidentes trata da


possibilidade de políticas públicas de saúde de
serem construídas de modo reducionista,
transformando problemas sanitários complexos
em desvios de conduta individuais, deslocando
tanto o cerne da questão do corpo social para o
corpo biológico ou físico, quanto a
responsabilidade da produção de respostas
efetivas do nível do Estado para o próprio
indivíduo. Este reducionismo ajudaria a explicar
porque tantos programas de promoção de saúde
orientam suas estratégias para a promoção de uma
conduta sadia. (VERDI e CAPONI, 2005, p.85).

Ponderando esta realidade, Heidmann (2006) concluem que


apesar dos avanços resultantes das ações da OMS e das Conferências,
60

ainda permanece uma visão simplificada de promoção à saúde, em que,


entre outros aspectos, a prevenção da doença é sinônimo de promoção à
saúde.
Portanto, o processo saúde-doença, como um instrumento para a
apreensão da saúde e da doença é interpretado de modo diferente pelos
sistemas de saúde e pelos indivíduos: “as pessoas, suas famílias e grupos
sociais experimentam o sofrimento [...] que não corresponde
necessariamente à concepção de doença que orienta os provedores da
assistência, como os profissionais da Estratégia Saúde da Família”.
Assim, por exemplo, desconsidera “a dimensão do bem-estar um
conceito ainda mais amplo, no qual a contribuição da saúde não é a
única e nem a mais importante” (VIANNA, 2012, p.8).
Além disso, o processo terapêutico precisa considerar que “as
pessoas não se limitam às expressões das doenças de que são
portadoras”, sendo necessário evidenciar “a complexidade dos Sujeitos
que utilizam serviços de saúde e os limites da prática clínica centrada na
doença” (BRASIL, 2007, p.9). Deste modo, a clínica não se resume à
prescrição de remédios ou solicitação de exames, “uma prática muito
comum nos serviços de saúde”, causando a “redução dos usuários a um
recorte diagnóstico ou burocrático” (BRASIL, 2007, p. 9).
Alicerçados no Método Clínico centrado na pessoa de Helman
(2009), Gonçalves e Fiore (2011, p. 6) asseveram que “a pessoa nos traz
a enfermidade, carregada de experiências e expectativas”, e ainda que o
“profissional de saúde, carregado de conhecimento científico,
racionaliza a queixa e a traduz em uma doença, para enquadrá-la no
código da Classificação Internacional de Doenças (CID)”, isto é, um
“processo que muitas vezes não considera os aspectos pessoais,
familiares e sociais associados à doença, perdendo a capacidade de
diagnóstico global da avaliação da enfermidade”.
Fiorati e Saeki (2012) fazem uma reflexão crítica sobre a forma
de elaboração e gestão do serviço de saúde, em que “os projetos
terapêuticos são referenciados pelos profissionais como decorrentes das
diretrizes provenientes de instâncias gestoras ou das orientações técnicas
próprias a cada categoria profissional”, fazendo com que os
procedimentos não sejam “atividade de construção representativa de
uma filosofia de trabalho da equipe de saúde” e, em desta cultura, não
resulta de “ação comunicativa orientada para o entendimento mútuo e
intersubjetivo entre membros da equipe do serviço”, evidenciando “a
dificuldade das equipes dos serviços em organizarem-se dialogicamente
para a construção coletiva do projeto terapêutico” (FIORATI; SAEKI,
2012, p. 587-588).
61

O Projeto Terapêutico parte de necessidades dos usuários para


promover a saúde e segue vários caminhos e vários profissionais,
compreendendo procedimentos que incluem o agendamento, a consulta,
o acolhimento, a escuta, o diagnóstico e a prestação do tratamento, com
medicação, internação e outras medidas, numa dimensão singular que
inclui a concepção de ser humano para alcançar e criar produtos de
saúde, de modo que, “a terapêutica não se restringirá [...], somente a
fármacos e a cirurgia; há mais recursos terapêuticos do que esses, como,
por exemplo, valorizar o poder terapêutico da escuta e da palavra, o
poder da educação em saúde e do apoio psicossocial” (PINTO, 2011, p.
494).
Avaliando que a organização burocrática pode trazer eficiência, o
documento “Clínica Ampliada, Equipe de Referência e Projeto
Terapêutico Singular” do Ministério da Saúde (BRASIL, 2007),
exemplifica a problemática e seus efeitos para os usuários:

No caso das organizações de saúde, quando o


usuário vai transitando entre as caixinhas quase
como numa ‘linha de montagem’ (com os tais
‘encaminhamentos’ no sistema, e com as
‘interconsultas’ nos hospitais), isso não funciona
muito bem. Ao final da linha o usuário fica sem
alguém que seja responsável por ele como um
‘todo’, como se costuma dizer. Cada profissional
faz a sua ‘parte’ e não há quem ‘junte as partes’.
[...] E nesta lógica, ocorre com maior facilidade o
que se chama de ‘desresponsabilização’, além da
sobreposição de atividades (de exames, por
exemplo), das iatrogenias [erros da conduta
médica] [...] e uma maior probabilidade de haver
abandono de tratamento sem que os serviços
sequer percebam (BRASIL, 2007, p.32-33).

Neste caso, “o usuário muitas vezes fica com uma sensação de


desamparo”, enquanto “o trabalhador se distancia da possibilidade de
ver o resultado final do seu trabalho para o usuário, identificando-se
preponderantemente como partes do processo (reforçando a chamada
redução do objeto de trabalho)” (BRASIL, 2007, p.33). O Ministério da
Saúde diz ser necessário incorporar a dimensão subjetiva e social na
questão de adoecer, incluindo ações que visem o aumento da autonomia
do doente, com atenção às práticas centradas nas doenças e em
procedimentos e tarefas que não abordam o ser humano de modo
62

integral, configurando práticas fragmentadas restritas a uma pequena


parcela do processo terapêutico, que geram alienação e desmotivação do
profissional de saúde (BRASIL, 2004).

2.5.3 Concepção do usuário das terapias

A história e a crise da medicina atual minimizam o ser humano a


um objeto, alienado como paciente em sua cidadania, na qual “a prática
de cuidados [...] não eram dependentes de um sistema, menos ainda
pertenciam a uma profissão”, e buscavam “assegurar a vida e recuar a
morte”. Com mudanças na sociedade, o processo de saúde passou a se
distinguir pelo “reducionismo biológico, o mecanicismo e o primado da
doença sobre o doente”, e “as práticas de cuidados foram divididas” e,
“o próprio objeto dos cuidados também foi isolado, parcelado, fissurado
e separado das dimensões sociais e coletivas” (SCHVEITZER; ESPER;
SILVA, 2012, p.443). Hoje, esta questão é criticada e problematizada na
procura por cuidado holístico, sistêmico e interdisciplinar em um
movimento social ressurgido de medicinas alternativas focadas em
“racionalidades e práticas que partilham de uma perspectiva vitalista,
centrada na experiência de vida do paciente, com ênfase no doente e não
na doença; e integradora, de caráter não intervencionista”
(SCHVEITZER; ESPER; SILVA, 2012, p.443).
Souza e Luz (2009, p.400) [grifos nossos] ponderam sobre a
evolução histórica e a crise da medicina com olhar no agir terapêutico.

A cisão não se encontra mais entre o pensamento


e a prática médica, mas sim no próprio interior da
prática, no agir terapêutico, que passa a ser
imposto ao médico por tékhne pré-constituída,
institucionalizada, voltada para a diagnose das
doenças e limitando o espaço para o exercício da
arte da cura. A invasão tecnológica na prática
médica contribuiu para a formação da última
importante cisão, agora no interior da milenar
unidade relacional terapeuta/paciente. O uso da
tecnologia médica mostra sua face obscura ao
interpor-se entre o médico e o corpo do paciente,
induzindo o alheamento entre os dois, a alienação
do paciente em relação a seu próprio corpo e a
fetichização dos equipamentos médicos, incluindo
os fármacos.
63

Canguilhem (2005, apud NOGUEIRA, 2010, n.p.) formulam


críticas à razão médica na sociedade contemporânea e diz que “a
medicina se empenhou para se tornar uma ciência das doenças”,
provocando “a dissociação progressiva entre a doença e o doente,
tratamento dos doentes como objetos e não como sujeitos de sua
doença”, e, ainda, o “desinteresse pelas tentativas de compreensão do
papel e do sentido da doença na experiência humana”.
Tesser (2009), ao fazer considerações sobre a “má medicina”,
explica que o paradigma da biomedicina e do autoritarismo médico, está
na herança cultural e psicossocial enraizada no procedimento médico,
desde o surgimento do hospital sendo considerado como uma instituição
quase total, a exemplo dos manicômios, conventos e prisões, com
reflexo na relação médico-paciente e no próprio conceito de paciente.

Desnecessário enfatizar que o autoritarismo [...] é


vivido e praticado no ambiente, nas regras, nas
relações e está embutido no imaginário social
hospitalar, cristalizado em regras e normas
inflexíveis. O médico, ao prescrever num hospital,
não tem o paciente à sua frente, não fala com ele,
não precisa explicar os diagnósticos e as condutas.
[...] feita à prescrição, ela será automaticamente
executada sobre um doente paciente e submisso,
que receberá da enfermagem, uma curta resposta
às suas perguntas sobre o tratamento: é para a dor,
é contra a infecção. [...]. A atenção hospitalar é
voltada para o risco biológico, e pouco tem a ver
com a vida do doente pré-internação ou pós-alta.
(TESSER, 2009, p.276-277).
Tendo em vista a necessidade de melhor compreender a situação
usual do sujeito-usuário, Narvai et. al. (2008, apud VIANNA, 2012)
explicam que as mudanças no processo saúde-adoecimento resultam não
apenas de aspectos biológicos, mas das dimensões individual e coletiva,
assim a condição de saúde precisa ser orientada em três dimensões:
individual, sub-individual (nível biológico e orgânico, fisiológico ou
fisiopatológico) e coletivo, entendendo a saúde-adoecimento como um
fenômeno clínico e sociológico vivido culturalmente.
Já, Ceccim e Merhy (2009), ao avaliarem as práticas de atenção à
saúde, compreendem as vivências em forma de sensação, sintoma,
aflição, sofrimento e doença que busca cuidado profissional de saúde, e
denunciam a nova oferta da medicalização, em que a humanização do
corpo na saúde com as reificações na clínica, que paralisam a produção
64

de singularidade da vida. Neste sentido, lançam um desafio aos


profissionais de saúde:

Em lugar de normalizar a vida, os trabalhadores


de saúde podem participar da produção da vida,
ali onde cada um pode gerar um cuidar de si, não
para construir um jeito protocolar de viver, mas
para construir seu modo original de viver. Essa
seria uma clínica do corpo sem órgãos, onde cada
indivíduo se sabe e seus cuidadores se sabem e o
sabem em redes de fluxos, em redes intercessoras,
em efeitos de encontro. No fio da navalha,
portanto, outra proposta de corpo sem órgãos. Do
corpo sem forças, débil, desvitalizado (ex-órgãos)
para o corpo que corre riscos, que sente a vida de
todas as maneiras. Na contemporaneidade, esse
corpo humano pede socorro, não para sobreviver,
mas para viver. (CECCIM e MERHY, 2009,
p.540).

Merhy (2006, p.76-77) considera a humanização das práticas de


atenção lembra que “cuidado é um acontecimento autopoiético”,
utilizando a categoria da autopoiese para a compreensão da
“micropolítica dos encontros” nos “processos relacionais entre sujeitos,
individuais e/ou coletivos”, relações entre “cuidador-cuidado”.
Autopoiese (do grego autos que significa auto e do grego poíésis,
criação, fabricação), é uma definição que põe, “a autonomia do ser vivo
no centro da caracterização da biologia”, criando a “possibilidade de
considerar os seres vivos como dotados de capacidade interpretativa
desde sua origem própria” (MATURNA; VARELA, 1997, p. 53). Deste
modo, com a noção da autopoiese é possível “ressignificar as cenas dos
encontros na produção do cuidado em saúde, que passam a ter novos
sentidos” abrindo possibilidades, tempo e espaços ao “caminhar de um
vivo/vida, que se produz em vida”, em “um movimento que tem que
construir o sentido de um viver de modo contínuo, senão a sua
característica de ser vivo se extingue” (MERHY, 2006, p.76-77).
Outro aspecto da concepção do usuário como ser humano em sua
integralidade é a dimensão espiritualidade não reconhecida na medicina
convencional ou alopática no ocidente. Entretanto, a “tradição da
medicina oriental, por outro lado, busca integrar de forma explicita as
dimensões religiosa e espiritual ao binômio saúde/doença” (FLECK et
al, 2003, p.447).
65

A inclusão do eixo não material ou espiritual de saúde é foco da


Organização Mundial de Saúde (OMS) (PANZINI et al., 2007), e muda
o olhar clássico para “um estado dinâmico completo de bem-estar físico,
mental, espiritual e social e não meramente a ausência de doença”
(WHO/MSA/MHP/98.2, 1998, p.4; WHO/WHA/52, 1999, p.4; grifo
nosso). A espiritualidade também é reconhecida pela OMS, no
instrumento “World Health Organization Quality of Life” (WHOQOL-
100), que avalia Qualidade de Vida em 100 questões em seis domínios
que agregam, “espiritualidade, religiosidade, crenças pessoais” (FLECK,
1999).

2.6 O PA–HU-UFSC

Na próxima seção, é apresentado o panorama geral do PA.

2.6.1 Caracterização e objetivos do Projeto Amanhecer (PA)

O PA foi concebido em 1996, no interior do Hospital


Universitário (HU) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),
por iniciativa da Drª. Beatriz Beduschi Capella, Diretora de
Enfermagem do HU, e da Naturóloga Maria Alice Sturpp. Inicialmente
denominado “Cuidando de Quem Cuida”, o programa tinha por objetivo
geral oferecer terapias alternativas aos profissionais de enfermagem, que
exerciam suas funções na Emergência do Hospital, devido às
características do trabalho neste setor, visando melhorar qualidade de
vida por meio das técnicas terapêuticas e, consequentemente, prestassem
melhor atendimento aos pacientes. Em 2004, assumiu sua coordenadoria
a Naturóloga e servidora do HU, Gilvana Pires Fortkamp. A partir desse
momento, o PA passou a ter por objetivo geral despertar o olhar dos
profissionais de enfermagem para o seu interior, com a intenção de
despertar suas potencialidades, para que trabalhassem e vivessem
melhor. Nesse momento, as terapias passaram a ser oferecidas não
somente aos profissionais de enfermagem, mas à comunidade
universitária da UFSC.
Nos dias atuais, o PA está vinculado à Coordenadoria Auxiliar de
Gestão de Pessoas do HU que disponibilizou uma servidora técnico-
administrativa para coordenar o projeto.
O projeto tem por objetivo contribuir para o reequilíbrio da saúde
física, mental, emocional e espiritual de seus participantes. Mais
especificamente, o projeto visa a alcançar aos seguintes objetivos:
66

a) Oferecer um atendimento multidisciplinar com


práticas interativas e complementares à
comunidade universitária da UFSC, constituída
por docentes, discentes e servidores técnico-
administrativos em Educação e sociedade civil;
b) Incentivar a valorização do trabalho
voluntário, identificando-o como uma forma de
compromisso com a sociedade;
c) Implantar programas de educação e de
prevenção à saúde;
d) Promover cursos e eventos científico-culturais
na área da saúde;
e) Dar suporte aos participantes do Programa
Núcleo da Terceira Idade, (NETI) e aos
Voluntários da Associação dos Amigos do HU
(AAHU), a empresas terceirizadas do HU e
fundações vinculadas à Universidade e
comunidade em geral. (HU, UFSC, 2012)

O projeto, além de oferecer PICs, tem três grupos de pesquisa:


Apometria Quântica, Acupuntura e Laboratório de autoconhecimento.
Todas as PICs são realizadas por profissionais voluntários.
67

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os procedimentos metodológicos adotados para o alcance do


objetivo desta pesquisa são destacados nesta etapa da dissertação,
permitindo ao leitor entender como foi realizado o estudo e subsidiar
futuros estudos que queiram replicar o presente tema.

3.1 TIPO DE ESTUDO

Quanto à natureza, esta pesquisa é classificada como aplicada,


pois segundo Silva e Menezes (2005, p. 20), visa a “gerar
conhecimentos para a aplicação prática dirigida à solução de problemas
específicos”. Em relação à abordagem, caracteriza-se como quali-
quantitativa, privilegiando-se o processo interpretativo analítico-
descritivo que possibilitou descrever, analisar e correlacionar dados,
fatos ou fenômenos de duas populações para o estabelecimento de
relações das variáveis (GIL, 2010). De acordo com Roesch (1999),
pesquisas qualitativas são indicadas na proposição de planos ou
melhoria da efetividade de projetos de gestão, usando quase
interpretações e descrições de fenômenos de gestão, quer da estrutura
quer de processos organizacionais, enquanto, para Barbetta (2010), as
pesquisas quantitativas permitem mensurar certo tipo de reação às
variáveis selecionadas para o estudo por meio de técnicas estatísticas de
análise dos dados. Do ponto de vista dos seus objetivos, a pesquisa
descritiva permite “[...] descrever as características de determinada
população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre
variáveis” (SILVA; MENEZES, 2005, p. 21).
Quanto ao procedimento técnico, é um estudo de caso que, nas
palavras de Gil (2010, p. 72), é “caracterizado pelo estudo profundo e
exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu
conhecimento amplo e detalhado [...]”, ou em Yin (2001, p. 24), que
adverte que o estudo de caso é um tipo de pesquisa que permite
conhecer de forma profunda fenômenos organizacionais, e “[...] em
muitas situações, para contribuir ao nosso conhecimento dos fenômenos
individuais, grupais, organizacionais, sociais, políticos e relacionados”,
ou ainda, como alerta Dyniewicz (2009) estudo de caso é um relevante
método para tratar casos novos ou raros à comunidade científica. Além
disso, a pesquisa foi de caráter empírico, construída por estudo de
campo, diálogos e relações sociais com as pessoas (GIL, 2010).
68

3.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

A pesquisa foi delimitada ao PA, do Hospital Universitário


Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa
Catarina (PA/HU/UFSC), para se coletar dados e gerar informações para
descrever e analisar as categorias no próprio ambiente, identificando-se
as características dos atores no processo saúde-doença e projetos
terapêuticos do PA-HU-UFSC. Os sujeitos da pesquisa foram os
usuários4 ou participantes das terapias oferecidas em 2014 e 2015 e os
profissionais voluntários5 que executam as TICs, mas não com enfoque
na essência das técnicas terapêuticas do referido projeto.

3.3 ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA

Os estudos científicos consideram ritos para dar ao pesquisador


caminhos que sejam aceitos pela academia, podendo ser representado
por uma questão de pesquisa ou hipóteses de estudo (SELLTIZ;
WRIGHTSMAN; COOK, 1987). Para esta pesquisa, optou-se por
utilizar questão de pesquisa que, “[...] mostra uma situação necessitada
de discussão, investigação, decisão ou solução” (KERLINGER, 1980,
p.35), ou, “[...] significa um encaminhamento, com maior clareza, da
teoria que alimenta o esforço do pesquisador” (TRIVIÑOS, 2006, p.
96).

3.3.1 Perguntas de pesquisa

As perguntas que nortearam o estudo estão relacionadas na


sequência.
a) Quais foram as PICs e os preceitos sociais disponibilizados
pelo PA-HU-UFSC, nos anos de 2014-2015?
b) Quais foram as interpretações dos usuários do PA-HU-UFSC,
sobre as contribuições sociais das PICs e a gestão deste
projeto no período supramencionado?
c) Quais foram as avaliações dos PVs sobre as PICs e a gestão do
PA-HU-UFSC?
d) Há ajustes relevantes à melhoria da gestão do PA-HU-UFSC?

4
O instrumento de coleta de dados aplicado com os usuários pode ser verificado no
APÊNDICE A.
5
O instrumento de coleta de dados aplicado com os Profissionais Voluntários pode ser
visualizado no APÊNDICE B.
69

3.3.2 Relação das variáveis

A Gestão e as Práticas Integrativas e Complementares integrantes


do PA do HU-UFSC foram os laboratórios desta pesquisa do PPGAU-
UFSC. Optou-se por estabelecer uma relação biunívoca para esclarecer
as interrogações que norteiam este estudo. Para tanto, considerou-se
como variável independente em Gestão Social, e, variável dependente e,
Práticas Integrativas e Complementares, que poderão ter
interveniências, tanto do HU quanto da UFSC, pois as terapias
realizadas no âmbito do PA, em sua maioria, não estão contempladas
pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares
(PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS). A literatura especializada
alerta que a variável independente exerce influência sobre uma ou
diversas variáveis dependentes (KERLINGER, 1980; LAKATOS;
MARCONI, 2010), como se pode visualizar na Figura 1.

Figura 1 - Relação das variáveis

Fonte: elaborado pela autora (2015).

3.3.3 Definição constitutiva das variáveis

Gestão Social: relaciona-se com o conjunto de processos sociais


em que a ação gerencial se desenvolve por meio de uma postura
negociada entre seus atores, perdendo o caráter burocrático em função
70

da relação direta entre o processo administrativo e a múltipla


participação social e política (TENÓRIO, 2006, p. 7) e, é praticada em
qualquer sistema social (TENÓRIO, 2008). Tem sido encontrada mais
sob os enfoques de “políticas sociais, de organizações do terceiro setor,
do combate à pobreza e até ambiental”, em prejuízo da “discussão e
possibilidade de uma gestão democrática, participativa” (TENÓRIO,
2006, p. 1.146) e, precisa “enfatizar [...] as demandas do público-alvo”,
destacando a “participação social [...] e a dimensão sociopolítica”
(PAULA, 2005, p. 4l).
Práticas Integrativas e Complementares: abordam as terapias
contra hegemônicas ao modelo biomédico da medicina convencional
(BATALHA, 2013) e, definidas como conjunto de “sistemas médicos
complexos e recursos terapêuticos, os quais são denominados pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) de medicina tradicional e
complementar e alternativa” (BRASIL, 2006, n.p.). As terapias
alternativas consistem em práticas terapêuticas centradas em
“racionalidades médicas e práticas que partilham de uma perspectiva
vitalista, centrada na experiência de vida do paciente, com ênfase no
doente e não na doença; e integradora, de caráter não intervencionista”
(SCHVEITZER; ESPER; SILVA, 2012, p. 443).
Projeto Amanhecer: Projeto de extensão do HU-UFSC entendido
como “um processo educativo, cultural e científico que articula o ensino
e a pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora
entre Universidade e Sociedade” (FORPROEX, 1987, p.11), com eixos
nos seguintes objetivos:
a) Oferecer um atendimento multidisciplinar com práticas
interativas e complementares à comunidade universitária da
UFSC, constituída por docentes, discentes, servidores técnico-
administrativos em educação, terceirizados e a comunidade
externa.
b) Incentivar a valorização do trabalho voluntário, identificando-
o como uma forma de compromisso com a sociedade.
c) Implantar programas de educação e de prevenção à saúde.
d) Promover curso e evento científico-cultural na área da saúde.

3.3.4 Definição operacional das variáveis

Gestão Social: espaço público de deliberação, processo decisório


deliberativo consensual, intersubjetividade, defesa de interesses comuns,
participação de todos os atores sociais, interesse coletivo de caráter
71

público, contexto democrático, livre desenvolvimento, autointeresse,


responsabilidade e solidariedade.
Práticas Integrativas e Complementares: promotora da autocura,
saúde, emancipação, inclusão social, promoção de equidade ou de
visibilidade e cidadania.
Projeto Amanhecer: assistência, educação e pesquisa em práticas
integrativas e complementares e voluntariado.

3.4 POPULAÇÃO, AMOSTRA, NÍVEL E UNIDADE DE ANÁLISE

A população estudada foi estratificada de profissionais voluntários


e de participantes ou beneficiários das TICs, segundo os dados do
Relatório PA-HU-UFSC/2014 (Quadro 3).

Quadro 3 - Atendimentos e profissionais voluntários do PA-HU-


UFSC/2014
Dados dos atendimentos 2014
Participantes/atendimento Quantidade Voluntários/atuação Quantidade
Comunidade interna da 420 Espaço Coletivo 45
UFSC
Comunidade externa da 215 Atendimento 28
UFSC Individual
Não informou 064 Atividade em grupo 18
Total 699 Total 91
Fonte: Relatório PA-HU-UFSC 2014.

As duas amostras foram aleatória probabilística das populações do


Quadro supracitado, adotando-se os procedimentos estatísticos
definidos em Barbetta (2010, p. 57-60), Richardson (2007, p. 169-171) e
Lopes (2016). O cálculo da amostra dos participantes do PA-HU-UFSC,
foi realizado por meio da fórmula disponibilizada no site de Lopes
(2016), conforme se pode visualizar na Figura 2.

Figura 2 -Cálculo da amostra dos participantes das TICs– PA-HU-UFSC


2014-2015

Fonte: Lopes (2016).

N = x usuários do “Projeto Amanhecer” – HU-UFSC/2014-2015;


n = Amostra probabilística simples
72

Z (α/2) = 1,96 (valor tabelado / distribuição normal padrão);


P = 0,50 (percentual estimado ou de sucesso);
q = p – 1 (complemento de p ou percentual de fracasso);
e = 7% (Erro Amostral); e,
α = 0,05 (Nível de Significância).

Portanto,
Z (a/2) = 1,96 Valor tabelado (Distribuição
Normal Padrão)
P= 0.5 Percentual estimando
q = 1-p 0.5 Complemento de p
e= 0,07 Erro amostral
α= 0,05 Nível de significância
População 699
Amostra mínima 154

3.5 TIPOS, TÉCNICAS DE COLETA E TRATAMENTO DOS


DADOS

Os tipos de dados, a técnica de coleta e o tipo de tratamento


foram os seguintes:

3.5.1 Tipos de dados

Os dados coletados foram de dois tipos:


a) Dados primários: são os dados coletados pela primeira vez,
que para Mattar (2005, p. 159), ainda não foram coletados antes e são
obtidos com o objetivo de atender às necessidades específicas da
pesquisa em andamento, utilizando-se, neste estudo, o questionário
semiestruturado para a coleta dos dados dos participantes e um roteiro
de entrevista para a coleta das informações dos profissionais
voluntários.
O questionário utilizado foi composto de 24 questões, com 23
questões fechadas e 1 aberta, no qual as questões fechadas seguiram a
Escala de Likertem: excelente, bom, regular, ruim ou péssimo
(APÊNDICE A). As 24 questões foram estruturadas: as perguntas de 01
até 13 elaboradas para conhecer o perfil, tempo de participação e a
terapia que o participante optou para a melhoria de sua saúde; as
questões 14 a 18 tratam a satisfação com o atendimento com as PICs; as
73

questões de 19 a 23 para saber a opinião da gestão do projeto e,


finalmente, a 24 – aberta - para sugestões à gestão do PA-HU-UFSC.
Por sua vez, o roteiro da entrevista com os profissionais voluntários
foi elaborado com 13 perguntas (APÊNDICE B).
As técnicas mencionadas têm base em Gil (2010, p. 117), quando
diz que, na coleta de dados, o investigador “[...] se apresenta frente ao
investigado e lhe formula perguntas, com o objetivo de obtenção dos
dados que lhe interessam a investigação [...], é uma forma de diálogo
assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a outra se
apresenta como fonte de informação”.
b) Dados secundários: utilizaram-se documentos que deram
sustentação histórica, normas de funcionamento, portarias e resoluções e
relatórios do PA-HU-UFSC.

3.5.2 Técnica de coleta de dados

Para a coleta dos dados dos participantes, foi aplicado um pré-


teste com dez usuários de anos anteriores ao definido para a pesquisa
para corrigir falhas que prejudicassem o estudo e se ter a confiabilidade
dos dados (RICHARDSON, 2007), tendo-se ajustado 4 perguntas. O
primeiro passo foi enviar 699 e-mails, solicitando aos usuários
cadastrados responder questionário no Google docs, o que foi
monitorado para se fechar a coleta de dados no mês de novembro de
2015, com garantia de anonimato do respondente. Já, a entrevista com
os voluntários foi pré-agendado e feito nas dependências do PA-HU-
UFSC, adaptado do Modelo de Gestão Pública e de Gestão Social de
Pimentel e Pimentel (2010), que defende dois estágios (Quadro 4).

Quadro 4 - Modelos de Gestão Pública e Gestão Social.


Categorias de Gestão Universitária na Gestão Universitária na
Análise de perspectiva da perspectiva da Gestão Social
Conteúdo da Administração Pública que
Extensão incorpora princípios e
práticas da Gestão
Estratégica
Interesse Público. Interesse Coletivo de Caráter
Objetivo
Público.
Normativo Cooperação Intra e
Valor
interorganizacional.
Racionalidade Instrumental; Burocrática. Substantiva/comunicativa.
Protagonistas Estado; Universidade. Sociedade Civil Organizada.
74

Monológica/Dialógica, Dialógica, com pouca ou


vertical com algumas nenhuma restrição ao direito de
Comunicação
horizontalidades; em tese fala.
sem restrição à fala.
Centralizado/top down com Descentralizado, emergente e
Processo Decisório possibilidade de participativo/surge como
participação (bottomup). construção coletiva.
Estratégica, com foco em Social, com foco em
Operacionalização indicadores acadêmicos e indicadores qualitativos e
sociais. quantitativos.
Pública, Estatal. Pública, Privada, Social e
Esfera
demais esferas.
Há coerção normativa entre Não há coerção, todos têm
Autonomia e Poder os atores envolvidos. iguais condições de
participação.
Fonte: Adaptado de Pimentel e Pimentel (2010, p.8).

Este modelo serviu de base para análise do estudo qualitativo


desta pesquisa, no qual, apoiamos nas categorias elencadas por Pimentel
e Pimentel, para elaboração da entrevista com os PVs em relação ao
modo de gestão do Projeto Amanhecer e retomaremos no capítulo de
apresentação dos resultados.

3.5.3 Tratamento dos dados

Os dados do questionário foram tratados estatisticamente com o


uso do SPPS v. 20, utilizando medidas de tendência central e de dispersão.

3.6 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

As limitações da pesquisa são em relação ao tipo de estudo, pois


Estudo de Caso não permite a generalização dos resultados, bem como
os resultados sobre a satisfação dos usuários e terapeutas em relação à
gestão e sobre as do TICs são válidos para PA-HU-UFSC, dos anos
2014-2015.
75

4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DO PA-HU-


UFSC 2014-2015

Este capítulo foi reservado para a apresentação e à análise dos


resultados da pesquisa. Ele foi dividido em quatro partes. Inicia-se com
a descrição do PA por ser o laboratório da pesquisa. Na segunda parte,
interpretam-se os resultados da coleta de dados aplicados aos usuários
das PICs. A terceira parte traz as interpretações das respostas dos
voluntários sobre a gestão do PA. Complementam-se com a inter-
relação das respostas dos usuários e os voluntários das PICs sobre o
PA-HU-UFSC 2014-2015.

4.1 O PROJETO AMANHECER – PA-HU-UFSC

O PA iniciou as atividades em 1996, dentro do Hospital


Universitário, da Universidade Federal de Santa Catarina, por iniciativas
da Diretora de Enfermagem da época do HU e da professora de
especialização em Naturologia, e nos primeiros quatro anos, foi
chamado: Cuidando de Quem Cuida. O objetivo geral era oferecer
terapias alternativas aos profissionais de enfermagem que exerciam as
suas funções na Emergência do HU, em decorrência de cansaço,
estresse, dores generalizadas e carência de atenção que sentiam, para
que conquistassem melhor qualidade de vida por meio das técnicas
terapêuticas e, assim, prestassem melhor atendimento aos pacientes. Os
voluntários do programa eram alunos do curso de Especialização em
Naturologia. Em 2004, assumiu a coordenação uma Naturóloga e
servidora do HU (PROJETO AMANHECER, 2015).
Daquele momento, o PA-HU-UFSC passou a ter por objetivo
geral o de despertar o olhar dos profissionais de enfermagem para o seu
interior, com a intenção de dinamizar suas potencialidades, para que
trabalhassem e vivessem melhores. Tempos depois, o PA adaptou seu
modelo assistencial ao contexto acadêmico da UFSC, por meio do
trabalho voluntário e de uma equipe multiprofissional em saúde, visando
a desenvolver a atenção básica em saúde, atividades de extensão e de
pesquisa. As terapias passaram a ser ofertadas para a comunidade
universitária da UFSC (PROJETO AMANHECER, 2015).
O PA-HU-UFSC reviu o objetivo geral para ser o de contribuir
para o reequilíbrio da saúde física, mental, emocional e espiritual de
seus participantes e, também, de implantar programas de prevenção e
manutenção da saúde, promover cursos e eventos científico-culturais
76

ligados à área da saúde, desenvolver pesquisa no campo das terapias


integrativas, identificando-o como um compromisso com as mudanças
necessárias a uma sociedade mais justa, humana, ética e igualitária.
No ano de 2006, o PA ficou inviabilizado de funcionar devido à
realização de obras no espaço que ocupava no prédio de capacitação
técnica do HU-UFSC, retomando em 2007. Neste mesmo ano, a Direção
Geral do HU e a Secretaria do Estado de Santa Catarina firmaram
parceria para utilização dos consultórios do PA, ao Programa de
Residência Médica Psiquiátrica do Instituto de Psiquiatria de Santa
Catarina, por três dias semanais, em meio período, para atendimento de,
cerca de, vinte e quatro pacientes com transtornos psiquiátricos.
O PA está vinculado à Coordenadoria Auxiliar de Gestão de
Pessoas (CAGP-HU), e, além de oferecer Práticas Integrativas e
Complementares (PICs), constitui três grupos de estudos: a) Apometria
Quântica, b) Acupuntura e, c) Laboratório de autoconhecimento.
Em 2012, assumiu a coordenação do PA a servidora técnico-
administrativa, Marilda Nair dos Santos Nascimento, lotada na CAGP-
HU, autora dessa pesquisa, sendo a responsável pelos contatos diários
com os voluntários e o acolhimento aos participantes, o agendamento, a
organização do espaço físico e pelas reuniões com os voluntários e
colegiado gestor. O PA está localizado no Prédio anexo do HU-UFSC
(FIGURA 3).

Figura 3 - HU e PA-HU-UFSC

Fonte:http://www.hu.ufsc.br/?galeria_de_fotos=hospital-universitario-professor-
polydoro-ernani-de-sao-thiago

A coordenadoria conta com dois bolsistas, de vinte horas


semanais, que dão suportes às atividades administrativas do PA.

4.1.1 As terapias oferecidas pelo Projeto Amanhecer

O agendamento para as terapias oferecidas pelo Projeto é


realizado quatro vezes a cada ano. A comunidade é informada sobre as
77

datas dos agendamentos no início de cada bimestre, por meio digital


(www.hu.ufsc.br/projamanhecer) e por divulgação nos e-mails da
comunidade universitária. A seleção é realizada por ordem de chegada à
sede do Projeto nos dias de inscrições, quando são solicitadas aos
participantes doações de cremes de massagem, incensos, óleos
essenciais, aromatizador de ambiente e suprimentos, como, biscoitos e
cafés, que são utilizados no dia a dia do Projeto. Caso o número de
interessados exceda o número de consultas disponíveis, é aberta uma
lista de espera que contempla uma média de trinta solicitantes, que são
atendidos quando os inscritos cancelam suas consultas.
Estão vinculados ao Projeto cento e vinte terapeutas voluntários
de várias áreas, que oferecem terapias alternativas individuais e
coletivas, bem como atividades em grupo. Dentre as terapias individuais
estão: massagem; reflexologia; geoterapia; auriculoterapia; cromoterapia;
reiki; apometria quântica; crâniosacral; psicologia; parapsicologia;
astrologia; e, osteopatia. Por sua vez, as terapias coletivas são: reiki;
apometria quântica; e, laboratório de autoconhecimento. As Terapias em
grupo são: yoga; dança meditativa; ginástica holística; biodanza;
acroyoga; om healing; amor em movimento; vivência de autocura e cura
planetária; e, programa coração saudável. O PA oferece também três
cursos bimestrais, quais sejam: tao yoga, reiki e astrologia vivencial.
As terapias oferecidas pelo projeto estão classificadas em dois
tipos: Energossomática e consciencial. A primeira trata da constituição
somato-energética, referindo-se à reeducação sobre o corpo e o campo
de energia. Nesse sentido, o usuário acessa modalidades terapêuticas de
medicina complementar ou da Naturologia, que possibilitam a integração
de métodos naturais, focando a promoção, a manutenção e a recuperação
da saúde, a melhoria da qualidade de vida e o seu equilíbrio com o meio
em que vive por meio de técnicas terapêuticas com a aplicação de
florais; fitoterapia; massoterapia; acupressura; reflexologia;
aromaterapia; cromoterapia; arteterapia; argiloterapia; homeopatia;
osteopatia; dentre outras.
Além disso, são disponibilizadas terapias energéticas como o
Reiki e a Apometria Quântica. O Reiki é um método japonês de
harmonização energética, a aplicação dessa técnica equilibra o corpo
físico e espiritual, restaurando a saúde, proporcionando bem-estar tanto
físico, como mental e emocional. O significado da palavra Reiki consiste
em Rei, “energia universal”, e Ki, “energia vital”, que flui em todos os
organismos vivos, enquanto que a Apometria Quântica é uma prática de
diferentes técnicas e sistemas terapêuticos, que visam o desenvolvimento
do ser, com a finalidade de auxiliar e ajudar a restabelecer o equilíbrio e
78

a harmonia emocional, mental, espiritual e energética beneficiando, dessa


forma, a saúde física como um todo. O ser humano é formado por um
campo quântico no qual a matéria, a energia, as emoções, os
pensamentos, a mente, a alma e o espírito interagem em uma estrutura
chamada consciência. Com a aplicação das técnicas pode-se projetar
campos de energia de harmonização e equilíbrio, os quais tem a
capacidade de interagir integralmente na estrutura do “campo quântico”
do ser. Já, a terapia consciencial abrange a área psíquica, sendo que as
modalidades para acompanhamento do usuário são: psicoterapia
(abordagens: comportamental, sistêmica, Gestalt, entre outras),
psicanálise e parapsicologia clínica, podendo incluir métodos que
trabalhem em conjunto a unidade somato-energética. (HU, UFSC,
2012).

4.1.2 O público alvo

O PA foi fundado com o objetivo de atender às necessidades


físicas, psicológicas e emocionais dos profissionais de enfermagem do
Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC). Diante da demanda existente, passou a oferecer terapias
alternativas e complementares à comunidade universitária, composta por
docentes, discentes e Servidores Técnico-administrativos em Educação.
Em 2007, o PA realizou 1.980 consultas, das quais 80% dos
participantes eram mulheres e 20% homens, 7,14% docentes, 24.13%
discentes, 50,19% Servidores Técnico-administrativos em Educação e
19,54% outros (FORTUNATO; CIDRAL FILHO; FORTKAMP, 2007).
No ano de 2010 foram agregadas as terapias coletivas: yoga, dança
meditativa, arteterapia.
Conforme registros do PA, de março a novembro de 2012, foram
realizadas 4.571 consultas. Desses participantes, 82% eram mulheres e
18% homens, sem limite de idade. Desse quantitativo, 2.874 consultas
foram individuais, das quais 4,5% dos participantes eram docentes, 33%
discentes, 21,5% Servidores Técnico-administrativos em Educação e
41% comunidade em geral. Além disso, foram prestadas, nesse período
de tempo, 1.697 consultas coletivas de Reiki e Socorro Apométrico. Em
2013, foram realizadas 4.031 consultas individuais e 3.592 atendimentos
no espaço coletivo em macas individuais, com práticas de Apometria
Quântica e Reiki, totalizando 7.623 atendimentos. Foram 105 vagas para
as atividades em grupo distribuídas entre: Dança Meditativa, Yoga,
Programa Coração Saudável e Vivência de Autocura e Cura Planetária
(HU, UFSC, 2014).
79

Além dos atendimentos individuais nos consultórios, também


ocorre o atendimento com práticas energéticas em um espaço coletivo em
que são oferecidas as modalidades de Apometria Quântica e Reiki,
precisamente nas quartas-feiras, em que usuário é atendido por ordem de
chegada em um espaço no qual estão organizadas 12 macas e que conta
com vários terapeutas para atendimento individual dos participantes.
São disponibilizadas 36 vagas para o Reiki e 60 vagas para atendimento
com Apometria Quântica semanalmente.

4.1.3 Voluntariado

O voluntariado tem sua origem vinculada às entidades religiosas,


devido aos seus princípios de caridade e ajuda aos mais necessitados e
às virtudes cristãs, ou seja, que seria mais virtuoso dar que receber.
Dessa forma, o serviço voluntário apresenta-se como uma manifestação
da sociedade civil organizada, com vistas a contribuir com a
transformação social. Conforme Tenório e Rozenberg (1997 apud
TENÓRIO, 2004), a participação que se espera deve obedecer aos
pressupostos da consciência sobre atos, à forma de assegurá-la e à
voluntariedade. Em relação à consciência sobre atos, uma participação
consciente é aquela em que o envolvido compreende o processo que está
vivenciando, do contrário, é restrita. Quanto à forma de assegurá-la, a
participação não pode ser forçada nem aceita como esmola, não
podendo ser, assim, uma mera concessão. Na voluntariedade, o
envolvimento deve ocorrer pelo interesse do indivíduo, sem coação ou
imposição. Por sua vez, para a Associação Internacional de Esforços
Voluntários (International for Volunteer Efforts - IAVE), o voluntário
refere-se a um serviço comprometido com a sociedade e se alicerça na
liberdade de escolha, promovendo um mundo melhor e se tornando um
valor para todas as sociedades.
A Organização das Nações Unidas (ONU) define o sujeito
“voluntário como aquele que, devido ao seu interesse pessoal e espírito
cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração, a diversas formas
de atividades, organizadas ou não, de bem-estar social ou outros
campos” (CORULLÓN, 1996, p. 3). O voluntário, nesse sentido, é uma
pessoa que oferece seu trabalho, suas potencialidades e seus talentos em
prol de uma ação de natureza social. Ao analisar o significado de
voluntariado, quatro conceitos podem ser identificados: qualificação,
satisfação, doação e realização. Eles estão entre os princípios
fundamentais do trabalho voluntário: o reconhecimento a todos os
cidadãos de se associarem, independentemente de sua raça, religião,
80

condição física, social e material; o respeito à dignidade e à cultura de


todo ser humano; o dever de oferecer ajuda mútua de forma
desinteressada e com espírito de fraternidade; a realização do trabalho
como forma de realização pessoal; a atenção às necessidades das
pessoas e da comunidade, bem como o estímulo ao espírito de
responsabilidade social e encorajamento da solidariedade familiar e
comunitária. O trabalho voluntário, na perspectiva da Gestão Social,
apresenta uma série de desafios que precisam ser compartilhados, com
vistas ao desenvolvimento de uma responsabilidade que o mantenha na
perspectiva de gestão voltada ao bem comum.

4.1.3.1 O voluntário no PA-HU-UFSC

O trabalho dos voluntários do PA é regido pela Resolução


Normativa n.º 034/2008, do Conselho Universitário da UFSC. De
acordo com essa resolução, “considera-se serviço voluntário atividade
não remunerada vinculada à área administrativa do Hospital
Universitário, prestada por pessoa física” (UFSC, HU, 2008, n.p.). Esse
serviço “deve ser realizado de forma espontânea, sem a percepção de
contraprestação financeira ou de qualquer remuneração e não gerará
vínculo empregatício com a Universidade, nem obrigações de natureza
trabalhista, previdenciárias ou afins” (UFSC, HU, 2008).
Esta Resolução foi elaborada para regulamentar o trabalho dos
voluntários da Associação Amigos do Hospital Universitário/AAHU,
voluntário social, e dos profissionais em saúde que atuam nas unidades
do HU, voluntário profissional. Essa normativa exige que os voluntários
apresentem, além do plano de trabalho, os seguintes documentos:
Diploma do curso de graduação; Certificado de Conclusão de
Residência Médica, quando for o caso; documento de identidade;
comprovante de inscrição no conselho regional da profissão, quando for
o caso; bem como Curriculum Vitae documentado. Mesmo não
referenciando neste documento, aos voluntários do PA foi orientado a
utilização deste documento para assegurar o trabalho a que se propõem
em Práticas Integrativas e Complementares.
No geral, os voluntários se interessam em participar do PA de
duas maneiras: a) por meio do contato com outras pessoas que
participam ou já participaram do Projeto, que o indicam. b) pelo fato de
eles próprios terem sido atendidos pelos voluntários do Projeto
anteriormente, haja vista o estímulo ao empoderamento, à autonomia,
responsabilidade e reflexão quando do seu processo de reequilíbrio.
Posteriormente, realizam cursos para capacitação em determinada
81

técnica ou terapia que tenha conhecimento e afinidade. Ao manifestar


interesse em atuar como voluntário, geralmente, via e-mail, é solicitado
apresentação de carta de intenção, currículo e documentos acerca da
prática oferecida. É agendada uma reunião coletiva com todos os
interessados, na qual são discutidos os seguintes aspectos: as
expectativas de ambas as partes, se o trabalho voluntário oferecido está
de acordo com os objetivos do Projeto, o significado do trabalho
voluntário e esclarecimentos das Normas de Funcionamento.
Os voluntários dizem seus objetivos, bem como as demandas para
o desenvolvimento de suas atividades, por meio de um simples projeto.
Dando continuidade ao processo de ingresso no PA, são programadas
reuniões individuais com os interessados em voluntariar, objetivando o
encaminhamento da atividade propriamente dita, ou seja, o voluntário é
encaminhado a atuar no consultório individual para atendimento à
comunidade externa e, à comunidade interna, na qual o atendimento será
direcionado aos próprios voluntários, ou acompanhando o trabalho de
outro voluntário. Eles assinam o Termo de Adesão ao Programa de
Serviço Voluntário no HU-UFSC (Resolução Normativa n.º
034/CUn/2008), que dispõe sobre a prestação de serviço voluntário
no âmbito do Hospital da UFSC. Após a assinatura do termo, são
providenciadas as agendas para as inscrições às terapias e, no início do
ano, é organizado o calendário com todas as reuniões.

4.2 ANÁLISE DOS PARTICIPANTES DAS PIC’s do PA-HU-UFSC


2014-2015

A percepção da Gestão e dos resultados das terapias das PIC’s do


PA-HU-UFSC na ótica dos participantes são relatados nesta etapa da
pesquisa. Dos 166 instrumentos de coleta de dados devolvidos dos
respondentes, foram considerados válidos 161 questionários para esta
análise, ultrapassando-se os 154 questionários definidos no
procedimento metodológico descrito no capítulo anterior. Os descartes de
cinco instrumentos de coleta de dados foram feitos, ou porque foi
assinalado em somente um dos extremos das alternativas, ou por ter a
mesma resposta do questionário anterior, razões pelas quais estes
descartes se fizeram necessários para se resguardar o rigor científico.
Destaca-se que não foram entrevistados participantes com menos
de 18 anos, haja vista que os trâmites burocrático-legais à realização de
estudos com menores de idade são lentos e não há garantia de aprovação
ou liberação destes estudos pelo comitê da UFSC que possibilitasse a
concretização da dissertação de Mestrado, porém dados secundários
82

(APÊNDICE C) permitem supor que não ocorreu prejuízo ao estudo em


questão. Do mesmo modo, salienta-se que a coleta de dados foi efetuada
no mês de novembro de 2015.
O PA-HU-UFSC atende seus participantes de forma integral, isto
é, como ser humano nas dimensões biopsicossocial. Trata-os não somente
sobre doença, mas os sintomas relatados por eles que podem contribuir
no processo saúde-doença, considerando a qualidade de vida, resiliência,
aspectos culturais e profissionais à solução das causas pela procura de
tratamento e criando a capacidade de superação frente aos
acontecimentos. Foi identificado no perfil dos 161 respondentes, que 66
afirmaram que fazem TICs no PA-HU-UFSC há menos de 1 ano, que 48
de um ano a dois anos, enquanto 47 já estão no projeto há mais de 2 anos,
sendo que destes 14 há mais de 4 anos.
Na Tabela 1 verifica-se a inter-relação da faixa etária e gênero com
o grau de escolaridade dos respondentes, na qual 139 são do sexo
feminino e 22 do sexo masculino, e também que as faixas etárias de 18 a
28 e, de 28 a 38 anos, representam 69% (111/161) dos entrevistados do
PA-HU-UFSC e, ainda que, destas faixas etárias, 86% são mulheres
(96/111= 86,49%). A tabela mostra que 47 (29,19%), 31 (19,25%) e, 27
(16,77%) dos participantes do PA-HU-UFSC são graduandos ou estão
cursando ou se pós-graduaram na UFSC ou em outra IES,
respectivamente, sendo 30, 21 e 8 do sexo feminino. Outro dado relevante
é que só dois respondentes homens têm escolaridade fundamental
incompleto.

Tabela 1 - Faixa etária e o gênero dos respondentes relacionados ao seu


grau de escolaridade.

Fonte: Elaborado pela autora (2015)


83

Resultados encontrados por Gatti et al. (2015) apontaram o perfil


de pacientes de um hospital privado que tinha terapias alternativas-
complementares, no qual dos 237 pesquisados, 57,0% eram da faixa
etária de 41 a 70 anos, portanto acima da faixa etária desta pesquisa.
Supõe-se que o fato da gratuidade e o ambiente universitário do PA-HU-
UFSC justifique essa a diferença de faixa etária.
Já, o estudo no Centro de Apoio ao Paciente com Câncer
(CAPC), hospital terapêutico-religioso de Florianópolis testou a eficácia
de terapias complementares e espirituais e constatou que a faixa etária
dos usuários oscilou de 27 a 60 anos e média em 53
anos (AURELIANO, 2013). Supõe-se que a idade não representa a forma
de segmentação, mas a gratuidade e o ambiente em que as TICs são
disponibilizadas.
Quanto aos resultados sobre gênero dos respondentes do PA-HU-
UFSC (Tabela 1), os dados não são distantes aos apresentados por Gatti
et al. (2015), em que identificaram que de 237 pacientes, 61,0% eram
mulheres ou, ainda quando Pennafort (2015), alicerçado em dados da
Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE, revelou serem 78% as mulheres
que fazem uma consulta médica, no mínimo, no ano estudado, contra
63,9% dos homens.
Esta diferença pode estar associada às amarras culturais que
concebe o homem como másculo, invulnerável e forte, e, assim procurar
o serviço de saúde lhe associa à fraqueza, medo e insegurança, além do
receio do diagnóstico de doença grave, resistência à exposição do corpo
para o profissional de saúde e dificuldade em sincronizar seus horários
vagos (GOMES; NASCIMENTO; PROVENZI, 2007; TONELI;
SOUZA; MULLER, 2010; CAMPANUCCI; LANZA, 2011).
Destaca-se que o resultado encontrado por Gatti et al
(2015) identificou que 70,0% dos entrevistados tinham graduação ou
pós-graduação, enquanto, no presente estudo, viu-se que 91 (56,52%)
dos usuários têm Ensino Superior, Pós-graduação completo ou são pós-
graduando, sendo justificável porque o PA-HU-UFSC está no Campus
da UFSC.
A Tabela 2 realça a situação profissional dos participantes e às
formas que tomaram conhecimento do projeto e descobrir quantos
fazem tratamento médico convencional.
84

Tabela 2 - Situação Profissional, tipo de recomendação e atendimento


médico convencional.

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

A Tabela 2 mostra que 70 entrevistados têm acompanhamento


médico convencional e participam do PA-HU-UFSC, enquanto 91
(56,53%) tratam-se somente no PA, e destes, 71 (44,09%) são alunos e
20 (12,42%) são funcionários da UFSC, mas há expressiva demanda do
público externo à Universidade. Além disso, a maioria dos pesquisados
foi indicado por amigos, isto é, 33 (20,49%), sendo 13 estudantes e 8
funcionários da UFSC e que, também, têm atendimento médico
convencional, enquanto 55 (34,16%) só estão em tratamento no PA-HU-
UFSC. Chama atenção que 21 obtiveram informação pela Internet.
Os números reforçam o fato do PA-HU-UFSC ser no Campus
Universitário Trindade e gratuito. Verifica-se que médicos, posto saúde
e clínicas recomendaram TICs do PA-HU-UFSC, indo ao encontro do
estudo de Külkampet al. (2007) feito com 197 alunos de Medicina para
avaliar o conhecimento e aceitação das PICs, sendo que eles afirmaram
conhecer e, ainda, que mais de 50%, recomendariam as PICs aos futuros
pacientes, ou na pesquisa de Machado, Czermainski e Lopes (2012),
realizada com 15 coordenadores de unidades de saúde para saber suas
percepções sobre as PICs, descobrindo que 10 já tinham indicado ou
prescrito aos seus pacientes.
No outro lado, Gatti et al. (2015), em sua pesquisa, viram que
apenas 29,0% dos usuários foram encaminhados por profissionais da
saúde, enquanto que Thiago e Tesser (2011, p. 251) realçam que os
85

profissionais de saúde, especialmente médicos, “desconhecem as


terapias complementares, apesar do interesse em conhecê-las e de
aprovarem sua inclusão nos serviços públicos de saúde ou em cursos da
área da saúde”.
A supracitada tabela mostra ainda que a maioria dos entrevistados
não havia passado por atendimento médico, indo na direção das palavras
de Soalheiro e Nunes (2004) que dizem que “as abordagens alternativas
não existem para curar doenças, mas para preveni-las e para
complementar um tratamento convencional”, porém, que o “ideal é não
adotar uma postura radical, do tipo eu jamais vou a um médico
convencional”.
Contudo, o médico Paulo de Tarso Lima, coordenador do Grupo
de Medicina Integrativa do Hospital Israelita Albert Einstein, assevera
em seu livro Medicina Integrativa: a cura pelo equilíbrio, em entrevista
dada a Bueno (2013), que “a medicina integrativa resgata práticas
antigas, sem negar os avanços da medicina convencional, e, que [...] a
medicina integrativa não é a defesa de uma terapia complementar, mas
sim a integração de vários esforços pensando no bem-estar do paciente”.
Todavia, este resultado pode ser interpretado como uma
demonstração do atual cenário da saúde, ou seja, a dificuldade
encontrada pelos pacientes para a realização de uma consulta médica,
levando-os a buscar as alternativas disponíveis ou de mais fácil acesso.
Destaca-se a necessidade de orientar os pacientes que as TICs não
substituem o diagnóstico e o tratamento médico e, que muitas terapias
feitas no PA-HU-UFSC não estão entre as definidas no PNPIC.
A Tabela 3 – Motivos para procurar o Projeto Amanhecer -
permite ver as causas de demanda pelas TICs oferecidas no PA-HU-
UFSC 2014-2015. A lista foi pré-selecionadas dos principais sintomas
disponíveis na ficha de acompanhamento ou dados secundários do PA,
sendo assim possível relacioná-los para os entrevistados assinalarem um
ou mais causas que fizeram buscar atendimento no projeto, totalizando
486 respostas.
Observa-se que a ansiedade foi assinalada por 91 (18,72%) dos
respondentes, seguido do autoconhecimento 82 (16,87%), estresse 73
(15,02%), desânimo 57 (11,73%), depressão 47 (9,67%), dores no corpo
42 (8,64%), cansaço 30 (6,17%), curiosidade 26 (5,35%), insônia 22
(4,53%) e síndrome de pânico 16; (3,29%). Cinco respondentes, além
destas opções, escreveram que o objetivo era enfrentar o término de um
relacionamento.
86

Tabela 3 - Motivos para procurar o Projeto Amanhecer


Múltipla Escolha Respostas / Nº de Entrevistados
Sindrome
Nº Absoluto % %
Ansiedade 91 18,72 56,52
Autoconhecimento 82 16,87 50,93
Estresse 73 15,02 45,34
Desânimo 57 11,73 35,40
Depressão 47 9,67 29,19
Dores no Corpo 42 8,64 26,09
Cansaço 30 6,17 18,63
Curiosidade 26 5,35 16,15
Insônia 22 4,53 13,66
Sindrome de Pânico 16 3,29 9,94
Total 486 100,00 486 / 161 (301,67)
Fonte: Elaborado pela autora (2015)

Este resultado corrobora com os achados de Brandtner e Bardagi


(2010) que avaliaram os sintomas de ansiedade e depressão em 200
estudantes universitários e constataram que todos apresentavam altos
índices de ansiedade, ou em Bueno (2013), quando indica que os
transtornos mentais atingem cerca de 700 milhões de pessoas no mundo
e representa 13% do total das doenças. A ansiedade é caracterizada pelo
excesso de pensamentos negativos, sensação de aflição, incapacidade de
relaxar, tensão e preocupação exagerada e atinge com frequência
mulheres por motivos hormonais que afetam o cérebro e o corpo
(VARELA, 2015).
Quando se olha a Tabela 4, constatam-se quais são as maiores
demandas pelas TICs oferecidas no PA-HU-UFS. Para se conhecer
essas demandas, foi solicitado aos respondentes assinalar as TICs que
faziam, pois alguns fazem mais que uma terapia. Observa-se que a
Apometria Quântica foi citada 114 vezes (24,78%), seguida do Reiki, 88
(19,13%), Floral, 45 (9,78%), Astrologia, 40 (8,70%), Psicologia, 37
(8,04%), Massoterapia, 23 (5,00%), Osteopatia, 21 (4,57%), Crânio
Sacral, 15 (3,26%), Parapsicologia, 13 (2,83%), Homeopatia, 13
(2,83%), Reflexologia, 12 (2,61%), Auriculoterapia, 12 (2,61%),
Frequência de Brilho, 8 (1,74%), Terapia Holística, 7 (1,52%),
Qualidade de vida, 6 (1,30%), Programação Neuro-Linguística, 4
(0,87%), Geoterapia, 2 (0,43%), e EMF Balancing não foi citada,
acredita-se pelo curto período de tempo que foi disponibilizada pelo PA
e, ainda, que 15 citaram outras atividades como dança do ventre, amor
em movimento e astrologia vivencial.
87

Tabela 4 - Terapias feitas pelos respondentes


Múltipla Escolha Respostas / Nº de Entrevistados
Tipo de Terapia(s) Escolhida(s)
Nº Absoluto % %
Apometria Quântica 114 24,78 70,81
Reiki 88 19,13 54,66
Floral 45 9,78 27,95
Astrologia 40 8,70 24,84
Psicologia 37 8,04 22,98
Massoterapia 23 5,00 14,29
Osteopatia 21 4,57 13,04
Crânio Sacral 15 3,26 9,32
Parapsicologia 13 2,83 8,07
Homeopatia 13 2,83 8,07
Reflexologia 12 2,61 7,45
Auriculoterapia 12 2,61 7,45
Frequência de Brilho 8 1,74 4,97
Terapia Holística 7 1,52 4,35
Qualidade de Vida 6 1,30 3,73
Programação Neuro-Linguística 4 0,87 2,48
Geoterapia 2 0,43 1,24
EMF Balancing 0 0 0
Total 460 100 460 / 161 (285,72)
Fonte: Elaborado pela autora (2015)

O predomínio na realização de Apometria Quântica e Reiki era


esperado pela grande quantidade de terapeutas voluntários especialistas
nestas áreas, portanto, há disponibilidade de vagas abertas às inscrições,
tanto para comunidade universitária como para sociedade geral, sendo
disponibilizadas as modalidades: individual e coletiva. São oferecidas
cerca de 90 vagas para Apometria Quântica e 43 vagas para Reiki,
respectivamente, com tempo de 30 e 60 minutos cada sessão.
Por sua vez, a Tabela 5 demonstra as demandas pelas terapias
realizadas em grupo. Verifica-se que 36 (30,25%) participantes fazem
Yoga, 16 (9,93%) participam da Dança Meditativa, 14 (8,69%)
Acroyoga, 13 (8,07%) Vivência de Autocura e Cura Planetária, 7
(4,34%) Biodanza, 6 (3,72%), Om Healing, 5 (3,10%), Ginástica
Holística, 4 (2,48%) Programa Coração Saudável, 3 (1,86%).
As atividades em grupo do PA-HU-UFSC são feitas de manhã,
tarde e noite. Como os frequentadores destas atividades são alunos e/ou
funcionários da UFSC, verifica-se que os três turnos contribuem para a
democratização do projeto, até mesmo porque dados secundários
mostram que os cursos de Yoga noturno são os de maior demanda.
88

Tabela 5 - Atividades realizadas em grupo no PA-HU-UFSC


Múltipla Escolha Respostas / Nº Entrevistados
Atividades Grupais
Nº Absoluto % %
Yoga 36 30,25 22,36
Dança Mediativa 16 13,45 9,94
Acroyoga 14 11,76 8,70
Vivência de Autocura e Cura Planetária 13 10,92 8,07
Biodança 7 5,88 4,35
OmHealing 6 5,04 3,73
Ginástica Holística 5 4,20 3,11
Programa Coração Saudável 4 3,36 2,48
Roda da Cura 3 2,52 1,86
Outras (diversas) 15 12,61 9,32
Total 119 100,00 119/161 (73,91)
Fonte: Elaborado pela autora (2015)

Já, a Tabela 6 realça a demanda pela realização de cursos no PA-


HU-UFSC. Os dados mostram que 16 pessoas cursaram Tao Yoga, 14 de
Astrologia Vivencial, 11 de Reiki, 01 de Life Coaching, 120 não
realizaram nenhum curso e 4 afirmaram terem feito outros cursos.

Tabela 6 - Cursos feitos pelos usuários do PA-HU-UFSC


Múltipla Escolha Respostas / Nº de Entrevistados
Cursos Realizados no PA-HU-UFSC
Nº Absoluto % %
Tao Yoga 16 34,78 9,94
Astrologia Vivencial 14 30,43 8,70
Reiki 11 23,91 6,83
Life Coaching 1 2,17 0,62
Outros (diversos) 4 8,70 2,48
Total 46 100,00 46 / 161 (2,48%)
Fonte: Elaborado pela autora (2015)

Salienta-se que os cursos de Life Coaching e Astrologia


Vivencial foram feitos no período matutino, Reiki nas manhãs e tarde
dos sábados e o Tao Yoga no período noturno. O número expressivo de
usuários que afirmaram não ter realizado nenhum curso era esperado,
dada pela baixa oferta de cursos que ocorre, na sua maioria, uma vez ao
ano. É oportuno mencionar que não é a finalidade do curso formar
profissionais e, sim, contribuir ao autoconhecimento dos participantes.

4.2.1 Análise das PICs recebidas no PA-HU-UFSC

Aos usuários do PA-HU-UFSC foram feitas cinco questões


relacionadas com as PICs. Na análise da Tabela 7, visualiza-se que as
médias são altas, lembrando que a escala varia de péssimo a excelente e
89

que foi transformada em uma escala intervalar de 1 a 5. Por essa razão,


pode-se afirmar que há uma boa satisfação com relação às impressões
dadas pelos usuários do PA. A variável que atingiu maior média foi
nível de confiança de atendimento realizado (M= 4,70, e, d.p.= 0,501),
sendo que a menor nota foi 3. Além disto, a questão de alterações de
bem-estar sentidas pelos usuários com as PICs (M= 4,50 e, d.p.= 0,593)
tem moda e mediana de 5, indicando que mais da metade dos
respondentes assinalaram como excelente essas questões (Tabela 7).

Tabela 7 - Satisfação dos usuários sobre os atendimentos nas PICs PA-


HU-UFSC 2014-2015
Atendimentos nas PICs (PA-HU-UFSC) Média Desv. Pad. Mediana Moda Mínimo Máximo
Nível Confiança. Atend. 4,7 0,501 5 5 3 5
Alterações de Bem Estar 4,5 0,593 5 5 3 5
Nível de Solução 4,4 0,606 4 4 3 5
Nível de Superação 4,24 0,657 4 4 2 5
Opinião de Pessoas Próximas 4,18 0,641 4 4 2 5
Fonte: Elaborado pela autora (2015)

Estudo realizado por Gatti (2015) constatou que 78% dos


usuários julgaram as terapias realizadas como bom e ótimo. As demais
questões também tiveram médias altas. O nível de solução, em relação
ao motivo da consulta, após atendimento com as Práticas Integrativas
Complementares teve média de 4,40 (d. p.= 0,606). Essa questão
também teve como menor avaliação nota de 3 (regular), e as demais
tiveram como mínima 2 (ruim). As questões eram o nível de superação,
considerando ocorrências semelhantes em relação ao motivo pela
consulta anteriormente tratado (M= 4,24, d. p.= 0,657) e a opinião das
pessoas próximas a você sobre as mudanças em seu modo de viver (M=
4,18, d. p.= 0,641).
Este efeito era esperado, pois o resultado das terapias também
depende do usuário e do quanto ele está aberto à mudança. Souza et al
(2011, p. 686), em estudo realizado com o objetivo de investigar a
contribuição da terapia comunitária no processo saúde-doença dos
usuários, concluíram que as práticas terapêuticas contribuem no
processo saúde-doença por valorizar a promoção da saúde e a prevenção
de doenças, e por ser uma ferramenta que “possibilita uma escuta
qualificada do sofrimento psíquico dos participantes, contribuindo para
o seu alívio e um maior empoderamento daqueles que dela participam. ”
O PA, ao disponibilizar terapias alternativas individuais e em
grupos e na forma de atendimento terapêutico em espaço coletivo,
90

acolhendo cerca de 90 terapeutas voluntários, vem contribuindo de


modo singular às necessidades das pessoas, em suas dimensões
biopsicossocial e espiritual, priorizando a saúde e a emancipação dos
usuários. O Projeto incorpora racionalidades específicas, tais como: o
paradigma centralizado na saúde e não na doença; singularidade do ser
humano autopoiético como o centro do projeto terapêutico; a concepção
do usuário como um ser humano biopsíquico, social e espiritual;
autonomia do usuário no processo de autocura; promoção do
autoconhecimento e da autoeducação, favorecendo o processo de
reconstrução da própria saúde; relação humanizada terapêutica-cuidador
e usuário-cuidado.

4.2.2 Análise da Gestão do PA-HU-UFSC

As próximas sete perguntas estão relacionadas à maneira como


cada usuário percebe o impacto da gestão do PA-HU-UFSC em alguns
aspectos. A Tabela 8 revela que as médias dessas questões são altas,
assim como as médias da bateria de questões mencionadas
anteriormente. Nesse caso, algumas questões tiveram médias menores
do que quatro.

Tabela 8 - Satisfação dos participantes sobre a gestão do PA-HU-


UFSC2014-2015
Gestão do PA-HU-UFSC Média Desv. Pad. Mediana Moda Mínimo Máximo
Acolhimento 4,72 0,604 5 5 1 5
Terapeutas Voluntários 4,66 0,547 5 5 3 5
Esclarecimentos Recebidos 4,36 0,703 4 5 2 5
Localização 4,17 0,826 4 4 1 5
Espaço Físico 4,11 0,698 4 4 2 5
Informações Adquiridas 3,94 0,804 4 4 1 5
Modo de Agendamento 3,78 1,018 4 4 1 5
Fonte: Elaborado pela autora (2015)

A questão mais bem avaliada foi com relação ao acolhimento no


PA (M= 4,72, d. p.= 0,604), com mediana e nota 5, a maioria assinalou
nota máxima com relação a esse item. Uma pessoa assinalou a nota
mínima (1) nesse item. Logo após, vem a avaliação de terapeutas
voluntários (M= 4,66, d. p.= 0,547). Esse item tem menor média que o
anterior, mas ninguém avaliou esse aspecto como péssimo ou ruim. As 2
questões tiveram mais pessoas apontando excelente de nota do que a
soma de todas as outras, 126 para acolhimento e 113 para avaliação dos
91

terapeutas voluntários. A questão sobre esclarecimentos recebidos com


relação às práticas que fez no PA teve média de 4,36 (d. p.= 0,703).
Questões mais logísticas como de localização (M = 4,17, d. p. =
0,826) e espaço físico do PA (M = 4,11, d. p. = 0,698) receberam
médias parecidas. Ambas tiveram o valor de bom como o mais apontado
(moda = 4). As questões de pior avaliação, mas ainda assim bem
avaliadas, foram com relação às informações adquiridas sobre o
funcionamento do PA (M= 3,94, d. p.= 0,804) e com relação ao modo
de agendamento das terapias (M= 3,78, d. p.= 1,018). Isso demonstra que
esses aspectos podem ser trabalhados para aumentar ainda mais a
avaliação de seus usuários.
Para Barreto (apud BATALHA, 2013, p.18), é necessário abordar
o aspecto não somente da cura e do tratamento, mas do acolhimento ao
sofrimento humano, asseverando que “muitas práticas complementares
focam a atenção no acolhimento do sofrimento, na dor da alma,
permitindo que as pessoas possam digerir uma ansiedade que se não for
metabolizada traz grandes riscos para a saúde”, corroborando
Schveitzer, Esper e Silva (2012) ao destacarem que o cuidado que
promove o resgate pelo indivíduo da sua capacidade natural de
autopromoção de saúde deve ser humanizado.
Já os terapeutas Gatti et al (2015) discorrem que o preparo do
terapeuta e a relação interpessoal mediada pela comunicação podem
contribuir para aumentar a satisfação do paciente com o tratamento,
além de criar uma expectativa de resultado positivo. É relevante que os
terapeutas busquem o bom relacionamento com os usuários. Com
relação aos esclarecimentos recebidos acerca das práticas terapêuticas
realizadas, sobre o funcionamento do PA e com relação ao modo de
agendamento das terapias, este resultado era esperado, uma vez que o
PA possui como colaboradores na área administrativa, os bolsistas. Eles
podem ter somente dois anos para ficar com a bolsa e, caso não se
adaptem ao serviço, podem sair a qualquer momento, o que culmina em
uma alta rotatividade. Além disso, há a necessidade de atualizar o site,
incluindo todas as terapias oferecidas. No que se refere à localização e o
espaço físico, este resultado era esperado. A localização não tem projeto
de mudança, mas, para o espaço, há possibilidades de ampliação com a
saída de alguns serviços que funcionam ali temporariamente.

4.2.3 Testes de diferença

Para melhor entender as diferenças existentes nas avaliações


sobre o PA, foram feitos testes ANOVA para entender se algumas
92

informações sobre os respondentes impactam na forma como se


posicionam com relação a algumas questões. A análise de variância será
o teste que buscará entender se as médias são diferentes com relação aos
grupos analisados. Em um primeiro momento, são relatadas cinco
questões que avaliaram o atendimento das PICs e, no transcorrer da
dissertação, são interpretadas as sete respostas sobre a qualidade da
Gestão do PA-HU-UFSC.
O Teste ANOVA no contexto serve para verificar se existe
alguma diferença na média da avaliação de um item, levando-se em
consideração um grupo ou categoria que ela pertença (HAIR et al.,
2009). Os testes consideram o valor p igual ou menor a 0,05, como linha
de corte, ou seja, se o teste tiver esse valor, será uma diferença
considerada significativa. Optou-se por apresentar somente os casos em
que há diferença significativa ou que ficou próximo disso. As
recomendações de pressupostos do teste são para alertar para que não
haja poucos elementos dentro de uma categoria que impacte nos
resultados. Com exceção de escolaridade, os demais grupos têm ao
menos 20 respondentes. O teste post hoc utilizado foi o de DMS, e as
questões sobre o gênero, escolaridade e o fato de ser ex-aluno ou não da
UFSC não tiveram casos de diferença e, portanto, não são apresentados.

4.2.3.1 Hiatos no Atendimento com PICs

a) Diferença de Atendimento com Relação à Faixa Etária

Com relação à faixa etária dos usuários respondentes, apenas a


questão de percepções de bem-estar apresentou diferença (Tabela 9). Os
mais jovens na pesquisa perceberam um bem-estar maior (M= 4,67, d.
p.= 0,513), enquanto quem tem entre 28 e 38 anos (M= 4,42, d. p.=
0,563) e de quem tem mais de 38 anos (M= 4,42, d. p.= 0,673).

Tabela 9 - Percepção do bem-estar x faixa etária dos participantes PA-


HU-UFSC 2014-2015
N Média Desvio Padrão F valor p
ab
De 18 até 28 anos 52 4,67 0,513 3,245 0,042
a
Mais de 28 até 38 anos 59 4,42 0,563
b
Mais de 38 anos 50 4,42 0,673
Total 161 4,5 0,593
Fonte: Elaborado pela autora (2015)
Sendo: a = p < 0,027 e, b = p < 0,031.
93

A diferença apontada nos resultados pode estar relacionada ao


fato de que, conforme os registros documentais do PA-HU-UFSC,
muitas das buscas são motivadas por problemas emocionais e, assim
sendo, os jovens, em geral, tem maior facilidade de obter resultados
positivos com terapias, enquanto que os que tem mais idade possuem
problemas há mais tempo, por vezes, crônicos, que pode levar mais
tempo para resultados positivos. Outrossim, pressupõe-se que os adultos
são mais carregados de crenças.
Sobre isso, o estudo feito por Faqueti (2014), com objetivo de
entender a percepção de usuários das TICs, conclui que todos os
entrevistados apontaram melhoras e alívios dos sintomas, mesmo
temporariamente. Alguns dos usuários relataram outros efeitos positivos
associados, como bem-estar, diminuição das preocupações, estresse e
ansiedade e melhora da angústia, tristeza e do sono. É oportuno citar que
não foram encontrados na literatura pesquisada estudos que
justificassem este resultado.

b) Diferença de Atendimento em Relação à Forma que


conheceu o PA-HU-UFSC

Quando se dividem os respondentes entre aqueles que tomaram


ciência do PA-HU-UFSC por recomendação de amigos e por outros
métodos, o resultado é que aquelas pessoas que tiveram recomendação
por amigos deram uma nota maior (M= 4,82, d. p.= 0,417) do que quem
teve conhecimento do PA por outros métodos (M= 4,56, d. p.= 0,549)
com relação ao nível de confiança do atendimento, conforme se
visualiza na Tabela 10.

Tabela 10 - Nível de confiança sobre o atendimento no PA-HU-UFSC


(2014-2015)
N Média Desvio Padrão F Valor p
Amigos 83 4,82 0,417 11,111 0,001
Outro Método 78 4,56 0,549
Total 161 4,5 0,593

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

A referida tabela revela que o fato de os participantes terem sido


indicados por amigos contribuiu para que a avaliação fosse maior em
relação aos que vieram por outros métodos, como: indicado pelo
Hospital Universitário ou Internet. Fica evidente que o foco das
94

habilidades de comunicação, troca de experiências, amizade, empatia,


carinho e vontade de ajudar o outro, apresentam-se como fundamental
neste caso e contribui para a credibilidade do programa.

c) Diferença de atendimento com relação a tratamento médico


anterior

A Tabela 11 permite visualizar os dados referentes à percepção


do bem-estar dos que buscaram atendimento médico. Quanto ao fato se o
usuário do PA-HU-UFSC que já tinha procurado atendimento para o
motivo que levou essa pessoa ao projeto, nenhum dos itens produz
resultado significativo com p< 0,05. A percepção de alterações de bem-
estar dá um resultado marginalmente significante (p< 0,072), indicando
que há evidência de que a amostra de que quem não buscou tratamento
médico anterior (M= 4,58, d. p.= 0,539) percebeu um maior aumento de
bem-estar daqueles que buscaram algum tratamento anterior (M= 4,41,
d. p.= 0,649).

Tabela 11 - Percepção do bem-estar daqueles que procuraram


atendimento médico
N Média Desvio Padrão F Valor p

Sim 69 4,41 0,649 3,299 0,071


Não 92 4,58 0,539
Total 161 4,5 0,593
Fonte: Elaborado pela autora (2015)

Este resultado era esperado, pois como citado anteriormente, os


problemas emocionais são os que mais motivam a busca pelas terapias
do PA. Quando chega ao PA-HU-UFSC, o interessado é acolhido e as
terapias são feitas, o que, consequentemente, aumenta a sensação de
bem-estar, mesmo sem ter buscado atendimento médico, havendo
consenso de que algumas PICs são efetivas para certos tratamentos
(OTANI; BARROS, 2011; THIAGO; TESSER, 2011; MACHADO;
CZERMAINSKI; LOPES, 2012; GRANDO et al,2013). Realça-se que
não foi objetivo desta dissertação se buscar saber detalhadamente a
relação de cada uma das TICs na ótica dos respondentes, porém, esta
investigação pode ser efetivada em outros trabalhos.
95

d) Nível de atendimento com relação a tempo que faz o curso

A Tabela 12 traz os resultados da inter-relação de tempo que o


respondente tem atendimento no PA-HU-UFSC. Quando se leva em
conta o tempo que o participante faz as atividades e os cursos do PA-
HU-UFSC, três itens apresentaram diferenças significativas, levando em
consideração esse tempo. O primeiro foi o nível de confiança no
atendimento (F= 4,309, p< 0,0151). Os participantes que estão há menos
de um ano em tratamento têm a avaliação menor (mesmo sendo
elevada), isto é, (M = 4,56, d. p. = 0,585), do que quem é usuário acima
de um ano (M= 4,77, d. p.= 0,425), quanto quem estava há mais de dois
anos (M= 4,81, d. p.= 0,398).

Tabela 12 - Nível de confiança no atendimento PA-HU-UFSC por


tempo de tratamento
N Média Desvio Padrão F Valor p
ab
Menos de 1 ano 66 4,56 0,585 4,309 0,015
a
De 1 a 2 anos 48 4,77 0,425
b
Mais de 2 anos 47 4,81 0,398
Total 161 4,7 0,501

Fonte: Elaborado pela autora (2015)


Sendo: a = p < 0,026 e, b = p < 0,010.

Este resultado era esperado, pois, na medida em que o


participante vai fazendo uso das TICs, ele vai conhecendo não apenas a
terapia como os seus resultados, permitindo supor que o funcionamento
do projeto deve ser a chave para o aumento de confiança.

e) Nível de Solução com Base no Tempo que Recebe


Atendimento no PA

Já, a Tabela 13 permite ver o nível de solução dos problemas


psicológicos procurados nas TICs do PA-HU-UFSC. Verifica-se que,
apesar do valor p de 0,061, testes posteriores indicaram que a média de
quem está há menos de um ano (M= 4,27, d. p.= 0,646) é inferior
somente para aqueles que estão em TICs há mais de dois anos (M= 4,53,
d. p.= 0,546).
96

Tabela 13 - Contribuição para solução psicológica do participante PA-


HU-UFSC por tempo de tratamento
N Média Desvio Padrão F Valor p
Menos de 1 ano* 66 4,27 0,646 2,853 0,061
De 1 a 2 anos 48 4,46 0,582
Mais de 2 anos* 47 4,53 0,546
Total 161 4,4 0,606
Fonte: Elaborado pela autora (2015)
Sendo: * p < 0,026.

Ao que parece a opinião das pessoas próximas sobre o seu modo


de viver traz efeito após dois anos, como visto na Tabela 12, pois como
se viu: quem está no projeto há mais de dois anos avaliou melhor do que
quem está há menos de um ano.

f) Satisfação sobre o atendimento em relação a quem faz


atividade de grupo

Na Tabela 14 questiona-se sobre as opiniões de pessoas


próximas: aqueles que fizeram alguma atividade em grupo indicaram
marginalmente uma melhor avaliação (M= 4,59, d. p.= 0,546) do que
quem respondeu não fazer nenhuma atividade em grupo (M= 4,42, d.
p.= 0,624).

Tabela 14 - Opinião de pessoas próximas dos usuários de atividades em


grupo PA-HU-UFSC 2014-2015
N Média Desvio Padrão F Valor p
Nenhuma 85 4,42 0,624 3,29 0,072
Alguma 76 4,59 0,546
Total 161 4,5 0,593
Fonte: Elaborado pela autora (2015)

g) Diferença de atendimento com relação a quem faz outro


curso

A Tabela 15 demonstra que há indícios que quem faz algum


curso (M = 4,33, d. p. = 0,650) apresenta maior avaliação de pessoas
próximas sobre as mudanças no modo de viver após atendimento com as
PICs do que quem não faz nenhum curso (M = 4,13, d. p. = 0,632).
97

Tabela 15 - Opinião de pessoas próximas dos participantes de cursos do


PA-HU-UFSC 2014-2015
N Média Desvio Padrão F Valor p
Nenhum 119 4,13 0,632 3,291 0,072
Algum 42 4,33 0,65
Total 161 4,18 0,641
Fonte: Elaborado pela autora (2015)

h) Diferença de atendimento com relação à quantidade de


terapias realizadas

Na Tabela 16, agrupou-se a quantidade de terapias feitas pelos


respondentes para verificar se a quantidade de terapias impacta em
alguma das avaliações feitas.

Tabela 16 - Solução pelas terapias dos participantes PA-HU-UFSC


2014-2015
N Média Desvio Padrão F Valor p
1 Terapia* 37 4,39 0,599 2,363 0,097
2 Terapias* 48 4,08 0,794
3 ou Mais Terapias 76 4,26 0,574
Total 161 4,24 0,659

Fonte: Elaborado pela autora (2015)


Sendo: * = p < 0,036.

Uma das diferenças observadas foi o nível de superação, pois


quem fez duas terapias (M= 4,08, d.p. = 0,794) tem percepção positiva
maior do seu nível de superação, do que quem fazia apenas uma terapia
(M= 4,39, d.p. = 0,599), recordando a Tabela 4 que mostrou que em sua
maioria quem fez apenas uma terapia, fez Apometria Quântica.

i) Diferença na opinião de pessoas próximas com base no


número de terapias

Na Tabela 17, visualizam-se os resultados para opiniões de


pessoas próximas que reforçam a diferença que há entre quem faz duas
terapias e quem faz três ou mais. Especificamente, quem faz mais
terapias (M = 4,28, d. p. = 0,685) refere perceber uma melhor opinião
das pessoas próximas a ela do que quem faz duas terapias (M = 4,00, d.
p. = 0,619).
98

Tabela 17 - Diferença na opinião de pessoas próximas com base no


número de terapias
N Média Desvio Padrão F Valor p
1 Terapia 37 4,22 0,54 2,877 0,059
2 Terapias* 48 4 0,619
3 ou Mais Terapias* 76 4,28 0,685
Total 161 4,18 0,643
Fonte: Elaborado pela autora (2015)
Sendo: * = p < 0,021.

j) Diferença de atendimento com relação à situação


ocupacional atual

Na Tabela 18, pode-se observar que apenas uma diferença


emerge, quando se fala da situação ocupacional dos usuários do PA-HU-
UFSC. A divergência surge com relação ao nível de confiança no
atendimento dos participantes, quando se visualiza os estudantes (M=
4,81, d. p.= 0,398) que apresentam maior confiança do que funcionários
da UFSC, no momento da coleta de dados (M= 4,52, d. p.= 0,602).

Tabela 18 - Nível de confiança por situação ocupacional dos


participantes PA-HU-UFSC 2014-2015
N Média Desvio Padrão F Valor p
Estudante* 67 4,81 0,398 2,562 0,057
Funcionário da UFSC* 21 4,52 0,602
Autônomo/Proprietário 21 4,57 0,507
Demais 52 4,71 0,504
Total 161 4,71 0,484

Fonte: Elaborado pela autora (2015)


Sendo: * p < 0,020.

4.2.3.2 Testes de diferença das médias do modo de gestão do PA-HU-


UFSC

A próxima fase foi verificar se as avaliações relacionadas à


qualidade da forma de gestão do PA-HU-UFSC variam de acordo com
os grupos e atividades que os respondentes assinalaram. Dentro do
mesmo princípio da seção anterior, são apresentadas as situações em que
apresentam indícios que as médias variam entre os grupos. Não há
diferenças se o usuário é ou era aluno da UFSC e se já tinha procurado
atendimento médico, razões pelas quais, não há seção para essas
variáveis.
99

a) Diferenças de avaliação do modo de gestão com relação à


faixa etária

A Tabela 19 permite visualizar a avaliação por faixa etária em


relação à qualidade e à forma de gestão do PA-HU-UFSC. Em geral,
não há diferenças significativas na forma como os usuários se
posicionaram nas faixas etárias para avaliarem o modo de gestão do
projeto. O ponto que chama atenção foi sobre o modo de agendamento,
na ótica das pessoas de 28 a 38 anos (M= 3,56, d. p.= 1,071) e daquelas
com mais de 38 anos (M= 3,98, d. p.= 3,98). O grupo de faixa
intermediária na pesquisa tem a pior avaliação, do que a do grupo mais
experiente.

Tabela 19 - Satisfação sobre o agendamento PA-HU-UFSC 2014-2015


versus faixa etária
N Média Desvio Padrão F Valor p
De 18 até 28 anos 52 3,83 0,944 2,447 0,09
Mais de 28 até 38 anos* 59 3,56 1,071
Mais de 38 anos* 50 3,98 1
Total 161 3,94 0,804
Fonte: Elaborado pela autora (2015)
Sendo: * p < 0,033.

Este resultado expressa em números o observado na prática, ou


seja, a insatisfação dos usuários com relação ao modo de agendamento.
Tem-se ciência dessa insatisfação e, encontra-se em estudo outro modo
de inscrição, porém o que dificulta é que, dado o número de terapias
ofertadas e a possibilidade de inscrição em mais de uma terapia, busca-se
evitar que o usuário tenha que se dirigir ao PA-HU-UFSC mais de
uma vez nos bimestres para a inscrição.

b) Diferenças de avaliação do modo de gestão com relação ao


gênero

Por sua vez, a Tabela 20 revela uma diferença que emergiu,


quando foram feitos os testes em relação ao gênero dos respondentes
sobre a qualidade e estilo de Gestão do PA-HU-UFSC. Os testes com
relação a essa variável precisam ser tomados em cuidado, porque, na
amostra, há um número baixo de homens, isto é, 22. Os resultados
mostram que as mulheres têm uma maior satisfação (M= 3,99, d. p.=
100

0,854), do que os homens sobre as informações adquiridas dos cursos


(M= 3,59, d. p.= 0,785).

Tabela 20 - Satisfação sobre as informações adquiridas por gênero PA-


HU-UFSC 2014-2015
N Média Desvio Padrão F valor p
Feminino 139 3,99 0,785 4,863 0,029
Masculino 22 3,59 0,854
Total 161 3,94 0,804
Fonte: Elaborado pela autora (2015)

c) Diferenças de avaliação do modo de gestão com relação ao


grau de escolaridade

A Tabela 21 indicou duas diferenças no teste. Elas ocorreram


quando se considerou o grau de escolaridade dos respondentes, pelo fato
de os participantes, 15 respondentes, não terem ensino superior. O ponto
central é no modo de agendamento, haja vista que quem tem até Ensino
Médio apresenta melhor avaliação (M= 4,40, d. p.= 0,828), do que quem
tem Ensino Superior completo (M= 3,67, d. p.= 0,965), dos que tem
Pós-Graduação (M= 3,75, d. p.= 1,066). É possível que este resultado
esteja relacionado ao pequeno número de usuários sem Ensino Superior.
Entretanto, supõe-se que o senso crítico está atrelado ao nível de
conhecimento, isto é, quanto maior a escolaridade, maior deve ser o
nível de conhecimento e, consequentemente, mais crítico o usuário.

Tabela 21 - Satisfação por grau de escolaridade sobre o agendamento do


PA-HU-UFSC
N Média Desvio Padrão F valor p
ab
Até Ensino Médio Completo 15 4,4 0,828 3,326 0,038
a
Até Ensino Superior Completo 69 3,67 0,965
b
Pós-Graduação 77 3,75 1,066
Total 161 3,78 1,018
Fonte: Elaborado pela autora (2015)
Sendo: a = p < 0,012 e, b = p < 0,025.

d) A forma que conheceu o PA-HU-UFSC em relação à sua


Gestão

A Tabela 22 considera a forma como o participante teve contato


com o PA-HU-UFSC. A primeira diferença fornece indícios em relação
101

ao acolhimento recebido pelas pessoas que vieram por recomendação de


amigos, pois tiveram avaliação maior (M= 4,81, d. p.= 0,480), daqueles
que vieram por outros métodos (M= 4,63, d. p.= 0,705).

Tabela 22 - Acolhimento em relação na forma como conheceu o PA-


HU-UFSC
N Média Desvio Padrão F Valor p
Amigos 83 4,81 0,48 3,587 0,06
Outro Método 78 4,63 0,705
Total 161 4,72 0,604
Fonte: Elaborado pela autora (2015)

A Tabela 23 reforça os dados da tabela 24, porque expõe a


avaliação dos participantes sobre os terapeutas voluntários, pois ela foi
maior de quem foi recomendado por amigos (M= 4,77, d. p.= 0,477),
supondo-se que quem foi recomendado por amigos, vem mais motivado.

Tabela 23 - Relação com os PVs com a forma que conheceu o PA-HU-


UFSC
N Média Desvio Padrão F valor p
Amigos 83 4,77 0,477 6,723 0,01
Outro Método 78 4,55 0,595
Total 161 4,66 0,547
Fonte: Elaborado pela autora (2015)

e) Avaliação do Modo de Gestão com Relação ao Tempo no


PA

A Tabela 24 traz as diferenças considerando o tempo de


participação nas atividades do PA-HU-UFSC, sendo que quem está há
mais de dois anos pontua melhor (M= 4,45, d. p.= 0,583), do que quem
está há pouco tempo nessas atividades (M= 3,94, d. p.= 0,926).

Tabela 24 - Diferença com relação à Localização com Base no Tempo em


que está no PA
N Média Desvio Padrão F Valor p
*
Menos de 1 ano 66 3,94 0,926 5,644 0,004
De 1 a 2 anos 48 4,23 0,805
Mais de 2 anos* 47 4,45 0,583
Total 161 4,17 0,826
Fonte: Elaborado pela autora (2015)
Sendo: * p < 0,002.
102

f) Avaliação do modo de gestão em relação às atividades


feitas em grupo no PA

As atividades realizadas em grupo apresentaram várias diferenças


relacionadas à avaliação do modo de gestão do PA-HU-UFSC. A
diferença é idêntica em todos os testes, mas aqueles que pontuaram fazer
alguma atividade em grupo, tiveram uma avaliação maior do que quem
acenou não fazer nenhuma dessas atividades, como se verifica na Tabela
25, que trata do acolhimento, comparando-se quem faz alguma atividade
em grupo (M= 4,82, d. p.= 0,423) e, quem comunicou não fazer
nenhuma dessas atividades (M= 4,64, d. p.= 0,721).

Tabela 25 - Acolhimento na ótica de quem faz atividades em grupo PA-


HU-UFSC
N Média Desvio Padrão F valor p
Nenhuma 85 4,64 0,721 3,639 0,058
Alguma 76 4,82 0,423
Total 161 4,72 0,604
Fonte: Elaborado pela autora (2015)

Por sua vez, a Tabela 26 revela os esclarecimentos recebidos por


participantes das PICs, que tem valor maior entre aqueles que fizeram
algum curso (M= 4,47, d. p.= 0,683), do que os que não participaram de
cursos (M= 4,26, d. p.= 0,710).

Tabela 26 - Diferença com relação aos Esclarecimentos Recebidos com


Base no Tratamento que Faz
N Média Desvio Padrão F Valor p
Nenhuma 85 4,26 0,71 3,812 0,053
Alguma 76 4,47 0,683
Total 161 4,36 0,703
Fonte: Elaborado pela autora (2015)

A outra questão que apontou a diferença foi sobre o modo de


agendamento, como é visualizado na Tabela 27. Quem fazia alguma
atividade em grupo estava mais satisfeito (M= 3,95; d. p.= 1,018), do
que aqueles participantes que não fizeram nenhuma dessas atividades
(M= 3,62, d. p.= 1,000).
103

Tabela 27 - Satisfação sobre o agendamento de quem faz atividades em


grupo PA-HU-UFSC
N Média Desvio Padrão F valor p
Nenhuma 85 3,62 1 4,137 0,044
Alguma 76 3,95 1,018
Total 161 3,78 1,018
Fonte: Elaborado pela autora (2015)

g) Avaliação do modo de gestão com relação à situação


ocupacional do PA

Quando se comenta a situação ocupacional, o resultado é que


apenas alguns pares apresentam diferenças entre elas (Tabela 28).
Quanto à relação dos esclarecimentos recebidos das PICs, há uma
pequena diferença entre os estudantes (M= 4,43, d. p.= 0,679) e
autônomos (M= 4,10, d. p.= 0,768).

Tabela 28 - Diferença com relação aos Esclarecimentos Recebidos com


Base na Situação Ocupacional
N Média Desvio Padrão F valor p
Estudante* 67 4,43 0,679 1,519 0,212
Funcionário da UFSC 21 4,48 0,68
Autônomo/Proprietário* 21 4,1 0,768
Demais 52 4,35 0,635
Total 161 4,37 0,682
Fonte: Elaborado pela autora (2015)
Sendo: * = p < 0,049.

Em relação aos testes de diferença, os hiatos no atendimento com


PICs indicam que os mais jovens na pesquisa perceberam um bem-estar
maior, enquanto que os respondentes que tomaram ciência do PA-HU-
UFSC por recomendação de amigos fizeram uma avaliação melhor do
tratamento recebido. Já, quem não buscou tratamento médico anterior às
terapias percebeu um maior aumento de bem-estar e aqueles
participantes que tem mais tempo nas atividades e cursos do PA-HU-
UFSC, referem maior nível de confiança no atendimento. Assim como
fizeram uma melhor avaliação do PA-HU-UFSC, aqueles que realizam
atividade em grupo e, quem faz duas terapias tem uma percepção
positiva maior do seu nível de superação, do que quem fazia apenas uma
terapia.
104

Os estudantes apresentam maior confiança no PA-HU-UFSC do


que funcionários da UFSC. Estes resultados corroboram com os
encontrados por Otani e Barros (2011), Thiago e Tesser (2011),
Machado, Czermainski e Lopes (2012) e, Grando et al. (2013).
Com os testes de diferença das médias sobre o modo de gestão do
PA-HU-UFSC, os resultados apontam que o grupo pesquisado
pertencente à faixa etária intermediária tem pior avaliação para o
agendamento do que o grupo mais experiente e, que as mulheres têm
uma maior satisfação sobre as informações adquiridas dos cursos do que
os homens. O modo de agendamento apresentou melhor avaliação por
aqueles que possuem até Ensino Médio. A segunda etapa foi a de
entrevistar Profissionais Voluntários (PV) para compreender a
relevância das TICs e da forma de gestão do PA-HU-UFSC 2014-2015
relatado a seguir.

4.3 ANÁLISE DOS PROFISSIONAIS VOLUNTÁRIOS DO PA-HU-


UFSC

Na segunda etapa da presente pesquisa, foram entrevistados 30


(32,9%) dos 91 PVs, que emprestaram seus conhecimentos
especializados nos anos de 2014-2015, cujo perfil destes respondentes
pode ser visto no Quadro 5. Relembra-se que esta coleta de dados
originou-se de entrevista de um roteiro de entrevista composto de 13
questões realizadas no ambiente físico do PA, no mês de novembro de
2015. Para garantir o anonimato dos PVs respondentes, optou-se por
substituir seus nomes por letras e números, isto é, Profissional
Voluntário PV 01 a PV 30.
O Quadro 5 permite visualizar o perfil dos Profissionais
Voluntários que ofereceram terapias em 2014-2015. Ele traz o tempo de
trabalho de cada PV, bem como a escolaridade, situação profissional e a
especialidade terapêutica que disponibiliza no PA-HU-UFSC. Os dados
mostram que 22 PVs entrevistados estão no PA-HU-UFSC há mais de 02
anos. A escolaridade predominante é o 3º grau; apenas 06 são
aposentados e que a maioria atua na aplicação da Apometria e Reiki. Em
estudo feito por Selli, Garrafa e Junges (2008) para relatar a percepção
dos voluntários sobre os beneficiários do trabalho voluntário no setor de
saúde hospitalar, 41,9% dos voluntários tinham formação superior,
e, Machado (2014), ao definir o perfil dos voluntários, constatou que a
maioria eram mulheres com alto nível de escolaridade, que dedicam em
média 21 horas semanais e realizam atividades em organizações
religiosas e filosóficas. Acredita-se que as pessoas com maior
105

escolaridade, dada a sua consciência, que as faz desenvolver o


sentimento de solidariedade em relação aos mais necessitados,
apresentam maior probabilidade de se tornarem voluntárias (SOUZA;
LAUTERT; HILLESHEIN, 2010). Para se constatar o significado de
trabalho voluntário no PA-HU-UFSC, foi perguntado aos PVs como
definem esta atividade no PA-HU-UFSC. As respostas expressam o
sentimento de prazer e gratidão por estar contribuindo para o bem-estar
das pessoas. Por exemplo, o PV 06 definiu como “Profundo, causal e de
efeito permanente. [...] este trabalho sendo realizado no PA,
gratuitamente, é o começo do acesso universal ao tratamento e
recuperação, da sanidade e cura da tristeza e ausência de sentido de
vida”.
Já, o PV 10 disse que é “uma maneira de devolver para o
universo tudo aquilo que há de bom e que ele me deu quando eu estava
fraca, física e emocionalmente”, enquanto o PV 26 um “Importante
trabalho com retorno das pessoas atendidas, é fantástico pelo resultado
que é visto e trazido pelos usuários”. O PV 27 ressaltou esta atividade
como “Grande aprendizado, contato com as pessoas, aprende com elas,
o contato é como um livro, por consequência ajuda as pessoas”, e, para
o PV 30 é “maravilhoso”. Portanto, constata-se nos comentários que há
paixão pelo voluntariado. Os comentários relatados corroboram com os
descritos por Oliveira e Pinto (2010, p. 7), em estudo realizado com o
objetivo de estimular a uma reflexão os estudantes a respeito da
realização do trabalho voluntário e no qual constataram que “[...] a
existência de uma relação de reciprocidade, onde tanto o voluntário
quanto o beneficiário saem ganhando e há um sentimento de
compartilhamento entre eles. [...] uma experiência de vida”.
Ao serem questionados sobre como conheceram o PA-HU-UFSC,
constatou-se que a forma mais comum foi por meio de indicação de
amigos, como salientou o PV 01 que veio, “através de indicação, queria
fazer o trabalho voluntário por um período, aí fiz os cursos e vi a
oportunidade”, enquanto o PV 20 conheceu “[...] através de outro
terapeuta”, e de modo idêntico o PV 10 conheceu “[...] por meio de uma
amiga”, e PV 27 foi “[...] convidada por alguém do projeto”. Alguns PVs
vieram para o PA-HU-UFSC como pacientes e, passaram a atuar como
voluntários, como salienta o PV 26 que disse “[...] cheguei como usuária
e procurei fazer cursos para poder trabalhar, fiz estágio para me
capacitar para depois trabalhar como voluntária”. Este fato confirma
Aureliano (2011), que pesquisou o Núcleo Espírita Nosso Lar (NENL) e
o Centro de Apoio ao Paciente com Câncer (CAPC) ao identificar que a
maioria dos voluntários foi paciente da instituição.
106

Quadro 5 - Profissionais voluntários PA – HU-UFSC 2014-2015


Profissionais Voluntários PA-HU-UFSC 2014-2015
Tempo Escolaridade Atuação Profissional Atual Terapia ou Terapias
PV 01 4 anos Superior completo Professora Apometria quântica
PV 02 2 anos Psicologia Psicóloga Psicologia
PV 03 3 meses Terapeuta naturopata curso de extensão Terapeuta Naturopatia e reiki
PV 04 2 anos Administração Terapeuta e facilitador de cursos e vivência Terapias Corporais Integradas, Amor em Movimento, Psicoterapia
PV 05 4 anos Bacharelado em Artes Cênicas e Cursando Antropologia Aposentada por acidente de trabalho Apometria Quântica e Reiki
PV 06 6 anos Direito, Ed. Amb. e Des. Sustentável, Mestre Educ. Parapsicologia Clínica Parapsicólogo clínico e psicoterapeuta, Tao Yoga e Tai Chi Chuan
PV 07 1 ano Administração e Terapeuta Administradora UFSC / terapeuta Apometria quântica.
PV 08 6 anos Pós-Graduação em engenharia civil Do Lar Apometria Quântica
PV 09 13 anos Acadêmica Naturologia Aplicada Profissão: Naturóloga Reflexologia podal, Aurículo, Florais Saint Germain, Massoterapia
PV 10 1 ano Licenciada em Matemática e Engenharia Civil Aposentada como Professora Universitário Reiki
PV 11 1 ano Licenciatura em Inglês Astrológa Astrologia leitura do mapa astral
PV 12 7 anos Ensino médio Representante Comercial Apometria e Reiki
PV 13 5 anos Engenharia civil Engenheiro Civil Apometria quântica
PV 14 2 anos Matemático Terapeuta holística, Craniossacral Biodinâmica Terapia de Craniossacral Biodinâmica
PV 15 3 anos Engenharia elétrica Aposentado e consultor de coaching Qualidade de vida
PV 16 3 anos Engenharia química Terapêuta Reiki, terapia transpessoal
PV 17 2 anos Psicologia Psicológa – psicoterapeuta Psicologia - Gestalt terapia
PV 18 2 anos Ensino médio Terapeuta Religação Divina e Reprocessamento de Memórias Traumáticas
PV 19 1 ano Bacharel em Direito. Servidor público Reiki
PV 20 2 anos Serviço Social Reiki Reiki
PV 21 3 meses Nível médio Terapeuta Reiki e Florais st. Germain Reiki
PV 22 8 meses Letras Aposentada Apometria
PV 23 5 anos Administração Astróloga e terapeuta transpessoal Astrologia e Florais de Bach
PV 24 3 anos Doutor em História Professora aposentada Reike
PV 25 2 anos Biologia Terapeuta Frequência de Brilho
PV 26 5 anos Superior completo Professora Apometria quântica
PV 27 12 anos Superior incompleto Terapeuta Apometria quântica
PV 28 6 anos Economia Terapeuta Apometria quântica
PV 29 2 meses Ciências Contábeis Servidor público justiça federal Apometria e Reiki
PV 30 6 meses Médio incompleto Aposentada Reiki
Fonte: Elaborado pela autora (2015)
107

Buscou-se saber o que motivou os entrevistados a desenvolver o


voluntariado no PA-HU-UFSC. As respostas bifurcam como o desejo de
ajudar o próximo, manter e/ou ampliar rede de contatos e manter-se
atualizado, como salientou o PV 02 que foi motivada pela “[...]
Possibilidade de trabalhar e aperfeiçoar”, enquanto o PV 04 disse que o
desejo de “[...] ajudar as pessoas que precisam, e assim aprimorar minha
atuação, experimentar e aperfeiçoar novas abordagens e técnicas”, e de,
“[...] tornar o trabalho mais conhecido, energizar e vitalizar o
movimento de PICS, colaborar com o crescimento e consolidação do
PA, etc.”. PV 17 também foi motivada pela “[...] oportunidade de
crescimento e desenvolvimento de experiência profissional”. Por sua
vez, o PV 05 citou duas motivações para o exercício do voluntariado,
“[...] Em primeiro lugar é participar de um grupo cujo trabalho melhora
a vida das pessoas na questão da saúde, do bem-estar, da motivação,
etc., em segundo lugar, é a busca por conhecimento na área das Terapias
Complementares, dentre vários outros”.
Para o PV 06 a motivação central estaria em “[...] uma só coisa:
libertar a humanidade do sofrimento e ensinar a ciência do Yôga como
método para a auto sustentação da paz de espírito e de uma vida de
sentido, felicidade e simplicidade. Emancipação do espírito”, sendo que
o PV 10 foi motivado pela vontade de “[...] proporcionar para outras
pessoas o bem que recebi dos terapeutas do projeto”. O PV 24 relatou
que sua motivação está associada ao “[...] Verdadeiro trabalho, que não
envolve dinheiro, ninguém espera nada em troca, acredito ser o caminho
para saúde física, mental e espiritual”, enquanto para PV 25 e PV 29 a
motivação foi à “[...] divulgação de outras formas de cura não só
tradicional e o ancoramento da energia amorosa no planeta”, e
acrescentaram, “[...] aprimorar as terapias para colocar as teorias em
prática”, respectivamente.
Esse resultado vai ao encontro das cinco categorias de motivação
para o voluntariado apresentadas por Silva e Feitosa (2002): a
assistencial (ajudar o outro), Humanitária (auxiliar o próximo), Política
(exercício da cidadania), Profissional (aplicar conhecimentos) e Pessoal
(busca pela busca de relacionamento interpessoal), e, também confirma
Moraes, Silva e Cavalcante (2014) em estudo feito para identificar
relações entre motivação e felicidade no trabalho dos voluntários do
Projeto Acesso Cidadão, viram que o fator altruísta, composto por
respostas como “ajudar os outros” teve a maior média dentre os perfis
analisados. Mesmo que não exista ganho material, há um ganho pessoal
no exercício da atividade voluntária, como: desenvolvimento,
aprendizado e experiência; reconhecimento social (respeito e
108

valorização); mudança de valores pessoais (desprendimento e revisão de


preconceitos); senso de utilidade e importância pessoal (ocupação do
tempo e contribuição para o grupo); satisfação (prazer pessoal);
superação dos próprios problemas e dificuldades, realização de projeto
de vida, conquista e ampliação do círculo social. (MONIZ; ARAUJO,
2006; SOUZA; LAUTERT; HILLESHEIN, 2010).
Outro aspecto investigado foi a avaliação dos PVs acerca do PA
estar inserido em uma instituição pública. O PV 01 avaliou “[...] excelente
e muito corajosa”, e o PV 06 disse “[...] libertária [...]. O Projeto
Amanhecer é o espírito do HU, a alma do HU, é donde vem toda a
melhor energia e suporte de amparo universal para esta Instituição e
UFSC”, e dentro deste mesmo raciocínio, o PV 10 defende que, “[...]
deveria ser expandida para outras instituições”, e ainda que “deveria ser
apoiada pela Administração”, semelhante posição do PV 26, que disse
que “[...] as práticas alternativas já são oferecidas em várias instituições,
mas é preciso ter mais interação, principalmente com o HU. Mas, é
necessário maior estrutura e o reconhecimento pela academia dos
resultados alcançados com as terapias alternativas”. Por sua vez, o PV
12 considera que “[...] esta iniciativa abre caminho para o
reconhecimento das terapias integrativas”, e, sintetiza o PV 25 como,
“[...] oportunidade para todos”. As respostas mostram o quanto esses
profissionais reconhecem a relevância do PA e do pouco apoio recebido
do HU e UFSC.
Desejou-se saber a opinião dos PVs sobre a importância do PA
para a sociedade. Na ótica do PV 04 é “[...] Importantíssimo. É uma
semente, para o que deve ser o SUS no Brasil e o que deve ser a saúde
no mundo todo”, e, o PV 05 vai além, afirmando, “[...] não consigo ver a
UFSC e o HU sem o Projeto Amanhecer. O Projeto colabora para o
bem-estar geral das pessoas que vem até aqui buscar atendimento,
sempre colaborando com o tratamento que muitas vezes o paciente já
está realizando” e, respondeu o PV 06 que “[...] a sociedade necessita do
Projeto Amanhecer. É o porto seguro de muitas pessoas”, ou nas
palavras do PV 10 que considera que o PA “[...] tem uma grande
importância. Os benefícios que ele traz são muito grandes. Os
tratamentos de saúde alopáticos são bons, mas geralmente trazem
muitos efeitos colaterais, eles consertam um órgão doente, mas podem
estragar outros. [...]. Não me lembro onde li, mas essa frase ficou
marcada para mim: “quando a doença aparece no corpo, é porque ela já
está na alma”. As terapias oferecidas no PA curam a alma das pessoas,
por isso, o PV 14 considera que “[...] essa importância está diretamente
relacionada à divulgação dos benefícios proporcionados pelas terapias
109

complementares e integrativas na saúde integral do ser humano, bem


como um incentivo à fraternidade e ao trabalho solidário”. Conforme o
PV 22, a importância do projeto está relacionada ao atendimento a
pessoas carentes “[...] na medida que proporciona essas terapias
alternativas a pessoas carentes”, e por sua vez, o PV 25 avalia como
“[...] maravilhoso, as pessoas estão tendo a oportunidade de se curar, e
também de ter um olhar diferente, cuidadoso, mostrando a importância
das pessoas saírem do seu centro e olhar para fora, a partir do momento
que se cura começa a olhar o outro, oportunidade de auto cura”,
enquanto o PV 30 expressa a preocupação com a qualidade do
atendimento e a sua ampla divulgação, pois julga “[...] fundamental
mais acesso melhorar o relacionamento, solidariedade, colaboração, bem
como colocar folders em pontos de ônibus, supermercados, cartazes nos
prédios, caixa de correio”.
No que se refere ao desenvolvimento de trabalho voluntário na
área da saúde, PV 10 cita que “[...] gosto muito. Considero como a
valorização do ser humano”, enquanto o PV 14 disse que as “[...]
pessoas com algum grau de sofrimento, seja físico ou psicoemocional,
tem uma abertura maior à ajuda que recebe de outros seres humanos.
Considero uma oportunidade abençoada”, enquanto que o PV 27
considera que fazer voluntariado na área da saúde “[...] tem que ter
certos cuidados, principalmente aqui no projeto que existem diversos
diagnósticos, é necessário preparação. Preparações como: cultura geral,
a terapia oferecida, fisiologia, ética, não trabalhar com achismo, sem ter
opiniões sem fundamentos, livre de crenças”. Esta avaliação positiva do
desenvolvimento de atividade voluntária na saúde reforça Crippa,
Isidoro e Feijó (2014) quando afirmaram que os benefícios trazidos pelo
voluntariado à área da saúde são positivos, tanto na perspectiva
fisiológica, quanto psicológica comprovada pelos pacientes, ou, no
estudo de Selli, Garrafa e Junges (2008) que descreve a percepção dos
voluntários sobre os beneficiários do trabalho no setor de saúde
hospitalar.
Foi indagado aos PVs, como eles compreendiam o retorno de
bem-estar das TICs na vida das pessoas atendidas no PA-HU-UFSC. De
modo geral, os respondentes apontaram-nas como favoráveis à
autoestima dos participantes. Merece realce o PV 05 que afirmou, “[...]
no consultório mesmo a pessoa já sai melhor do que entrou. Quando
retorna geralmente está melhor e mais feliz”, indo ao encontro do que
assinalaram tanto o PV 06 que disse, “[...] o retorno é em lucidez, em
expansão da lucidez”, quanto o, PV 08 “[...] a gente vê a melhora no
110

rosto das pessoas em seu retorno, seu ânimo melhora, é tudo de bom”,
ainda sobre esta questão o PV 10 destacou que:

[...] Eu sempre converso um pouco com elas antes


de aplicar o Reiki, perguntando como estão se
sentindo, se tem alguma parte do corpo ou
algum problema que está afligindo no momento.
Durante a aplicação do Reiki, fico atenta e às
vezes tenho intuições sobre algum fato que seria
interessante comentar com a pessoa depois da
aplicação. Na maior parte das vezes, o que sinto
ou pressinto, tem fundamento. Isso de certa forma
cria um laço entre o terapeuta e o atendido.
Geralmente, num próximo atendimento, eles
procuram ser atendidos novamente por mim. Daí
vem o retorno, eu querendo saber como ele passou
a semana, como vão os seus estudos, como vai a
família, etc. Acho que as pessoas se sentem
acolhidas no PA, sentem-se bem por isso voltam.

Foi objeto de interrogação ainda, se os profissionais voluntários


conheciam as demais terapias disponibilizadas pelo PA-HU-UFSC. As
respostas não foram biunívoca - sim ou não, porém o PV 01 conhece
“[...] somente o reiki”; PV 03 “[...] só ouvi falar das demais terapias”; o
PV 06 conhece “[...] de forma geral todas”; o PV 08 conhece “[...] só
pela propaganda boca a boca”; o PV 13 disse conhecer “[...] muito
pouco”; PV 14 afirmou “[...] conheço a maioria, mas superficialmente”;
PV 18 “[...] sim, acho que todas”; já, o PV 19 “[...] muito pouco”; por
outro lado, o PV 20 “[...] sim, algumas terapias”, e, PV 21 “[...] não
ainda”. As respostas indicam que alguns voluntários apenas passam nas
dependências do PA-HU-UFSC, o tempo necessário para a realização de
suas atividades, prejudicando a interação com os demais PVs. Lembra-
se que os PVs têm direitos a acesso as mesmas informações que tem o
pessoal remunerado, a clareza na descrição das tarefas e
responsabilidade em conhecer a organização e/ou a comunidade na qual
presta serviços (INSTITUTO VOLUNTÁRIOS EM AÇÃO, 2010).
Quando inquiridos sobre a forma de gestão do PA-HU-UFSC
(2014-2015), a grande maioria destacou como uma gestão integradora,
porém se observa o PV 08 que considera:

[...] bem cuidado, as administradoras se


desdobram para atender a todos com educação; os
111

terapeutas têm o espaço e apoio que precisam. No


meu entender, são muito ciosos do seu trabalho, e
o fazem com amor. São muitas pessoas
trabalhando para que tudo se desenrole sem
problemas, como exemplo as secretárias, as
serventes, a lavanderia. etc....

Ou ainda, nas palavras do PV 11:

[...] há nestes últimos anos aqui que venho como


voluntária, eu assisto que algo muito valioso que
flui neste projeto, ainda que um labor
experimental, entre os terapeutas e terapias. Há
aquelas que estão sendo desenvolvidas com
regularidade. Esse é o bem maior, acredito que a
gestão deste projeto propõe que possamos ter essa
regularidade para haver trocas dinâmicas entre
terapeutas e usuários. Uma gestão clara e solidária
e com maturidade necessária para todos.

Por sua vez, o PV 18 sintetizou, “[...] acho que a administração é


a melhor possível dentro das condições existentes”, e o PV 25 afirmou
ser, “[...] ótimo, funciona dentro das condições mais que pode. Precisa de
mais pessoas. Em todos os momentos sou ouvida, me sinto bastante
participativa, porém gostaria de poder participar mais o tempo é
limitado”. Já, o PV 14 e PV 24 foram categóricos em dizer que as “[...]
competência, responsabilidade e total engajamento com os propósitos do
trabalho. E uma recepção calorosa aos terapeutas e a cada um que chega
para ser atendido” e, “[...] extremamente séria e competente, mas
destacou que seria interessante mais espaço para ampliar o projeto,
maior interação dos terapeutas, maior socialização para conhecer as
terapias”, respectivamente, enquanto o PV 12 e o PV 13 consideraram
“[...] excelente, tem organização, disciplina, dedicação, mas não consigo
participar das reuniões [...], a agenda sempre tudo organizado, não
poderia ser melhor”, e, “[...] sinto-me integrado, como se estivesse em
casa, conheço todos, participo das reuniões, me sinto ouvido e
respeitado”. A partir do ano de 2012, a Gestão do PA-HU-UFSC conta
com a participação dos PVs na tomada de decisão, de modo colegiado, e
com características de Modelo de Gestão Social, como concluíram
Mallman et al. (2012), Jacques et al. (2013) e, Magalhães (2014).
Entretanto, há aqueles que desconhecem o estilo de gestão do PA,
como expresso pelo PV 10, “[...] para falar a verdade, eu não sei muito
112

sobre a gestão do Projeto”, assim, como quem não está satisfeito com a
gestão do PA-HU-UFSC, como o PV 27 que considera, “[...] a gestão
deveria se adequar ao tipo de proposta do que a terapia energética traz
aos indivíduos e complementar, para diminuir as burocracias. Ser menos
engessado ao processo. Interações das terapias, para cada voluntário
conhecer o trabalho do outro”.
No que tange ao espaço físico do PA, percebeu-se as insatisfações
dos PVs, bem como o desejo em melhorá-lo. Para PV 02“[...] sempre
pode melhorar. O projeto precisa ter espaço próprio sem dividir o espaço
físico”, enquanto o PV 05 considera que “[...] todo espaço é muito
organizado e muito bem aproveitado. E se tivermos mais espaço e mais
colaboradores e servidores, com certeza vamos aproveitar também, pois
a procura é muito grande”. Por sua vez, o PV 09 alertou que, “[...] o
espaço físico disponibilizado cumpre sua função, embora alguns
detalhes precisam ser considerados; como o trajeto até as dependências
do PA, quando chove o local fica alagado pelo número de buracos aqui
existentes no acesso ao prédio”.
De outro lado, alguns respondentes não apontaram dificuldades
ao exercício de suas atividades voluntárias, a exemplo do PV 13 que
avalia, “[...] excelente a instalação e organização, condições de trabalho,
facilidade de poder trabalhar”, bem como concorda com essa descrição o
PV 10 que ressalta a estrutura física; “[...] é boa. Atende bem aos
atendimentos individuais e as atividades em grupo também”,
complementa e destaca de modo positivo a mudança de sala da
secretaria e cita problemas com o ruído:

[...] a secretaria melhorou muito depois da


mudança da sala. Apenas uma ressalva sobre as
quintas-feiras que é o meu dia de atendimento no
projeto. O ruído de portas que abrem e fecham
com força e de pessoas que falam alto nas
antessalas acabam por prejudicar um pouco o
trabalho, dependendo da pessoa que está sendo
atendida, no dia em que os consultórios são
utilizados pela psiquiatria.

Para o PV 17 houve melhoria “[...] com a nova sala individual,


mas o prédio tem as salas dispostas muito desorganizadamente, seria
bacana investimento em acústica e decoração, deixar o ambiente mais
confortável e menos hospitalar. Outra coisa bacana seriam espaços mais
iluminados e espaço de atividades coletivas ao ar livre, próximo às áreas
113

verdes, imagina fazer yoga no campinho de futebol aqui atrás com


frequência”, porém, os PV 27 e PV 28 destacaram a falta de espaço e
materiais básicos, “[...] bom falta ar condicionado, no geral é bom”;
“ampliar mais 2 consultórios aumentaria o número de atendimento para
ampliar o atendimento, ampliar utensílios, melhorar equipamentos,
cadeiras”, complementa, “[...] ampliar o espaço físico, poderia ampliar
as terapias e número de terapeutas, pelo menos mais uma sala. Água,
copo, materiais diversos. Remodelar os móveis”, respectivamente. Em
síntese, as declarações dos PVs oscilam de ruim a bom com relação às
instalações do PA-HU-UFSC, com destaques para a ampliação do
espaço físico.
Foi indagado sobre como os usuários avaliam a gestão do PA-
HU-UFSC. As respostas foram diversas, mas para o PV 05 “[...]
algumas vezes eles chegam e não sabem que o trabalho dos terapeutas é
voluntário. Reclamam e pedem mais vagas para atendimentos.
Acreditam que não conhecem muito bem. O que buscam mesmo
é atendimento, alívio para suas dores e angústias. E é para isso que
estamos aqui”, enquanto o PV 08 cita que “[...] de minha parte não ouço
reclamações dos usuários. Quando se pede sugestões, nos formulários,
raramente eles colocam alguma coisa”, porém sublinha o PV 10, “[...]
realmente não sei se eles sabem muito sobre isso. Talvez devessem saber
mais para valorizar ainda mais o que estão recebendo”. Por sua vez, o
PV 12 declarou, “[...] não sei muito. Os que conhecem admiram, não
chegam com muitas questões, mas elogiam muito, uma grande parte não
conhecia o projeto, quase todos no final das sessões reconhecem como
uma oportunidade muito boa e que não conheciam inclusive por pessoas
ligadas a UFSC”, e, o PV 14“[...] acho que o trabalho fala por si só. A
organização, os dias especiais z de agendamento bimestrais, a
receptividade no acolhimento terapêutico, tudo isso é visto de forma
positiva”.
Também foi perguntado aos PVs sobre suas opiniões sobre a
interação do HU e UFSC à gestão do PA. As respostas de modo geral
foram positivas, merecendo destaque, o PV 01 que considera, “[...]
temos apoio, é um casamento bom, dentro da ética, é reconhecido o
trabalho. O trabalho voluntário vai além das políticas da instituição,
independentemente do que acontece na instituição”, mas, na ótica do PV
06, não há interferência e defende que,

[...] quanto menor a interferência melhor. O PA se


auto-gerencia. O que a UFSC e HU fazem já é
suficiente, isto é, nos dar a estrutura. O resto é
114

conosco. Isto porque o que fazemos é muito difícil


de ser compreendido por um status quo de uma
ciência muito rígida e materialista, ainda centrada
na doença e na debilidade física, centrada em
fármacos, psico fármacos e procedimentos
cirúrgicos. O que fazemos é abstrato demais e um
tanto místico para muitos, o que dificultaria um
diálogo honesto e livre de preconceitos. Por isso, a
mínima intervenção só beneficia os pacientes e
alunos.

Alerta o PV 08 que, “[...] muitos na UFSC ainda não conhecem o


projeto e nem sabem que ele existe, acredito que precisaria haver uma
melhor interação entre o HU/UFSC e projeto”, como também concorda o
PV 09 ao afirmar que “[...] deveria ter mais engajamento da UFSC e HU
na divulgação do trabalho desenvolvido no PA”, bem como o PV 14 que
disse que:

[...] acho que a UFSC participa de forma mais


ativa, com a presença de alguns professores que
participam e ajudam na administração. Com
relação ao HU sinto um espaço maior e menos
interatividade entre essas estruturas. Considero
esse afastamento uma lástima porque as terapias
oferecidas pelo PA poderiam contribuir de forma
muito positiva para aumentar a qualidade de vida,
não só de pacientes, como já vem acontecendo
com PICs dentro de grandes hospitais em SP, por
exemplo, mas dos próprios profissionais da área
da saúde, diminuindo os desgastes que o próprio
trabalho acarreta.

Asseverou o PV 15 que, “[...] ainda muito tímidas, poderiam ser


mais participativas, proporcionando e permitindo que UFSC/HU
aproveitassem os conhecimentos e disponibilidade do PA. Damos mais
conforme as necessidades”, enquanto disse o PV 18 que “[...] deveria
ser infinitamente maior. As pessoas precisam entender que existe algo
maior que a experiência humana, passageira, suas razões e
consequências”, porém realçou o PV 23 “[...] pela minha percepção, há
pouca interação e auxílio ao projeto, não aproveitando a visibilidade e
valor agregado que este projeto pode somar a UFSC”, bem como
concordou o PV 24 que “[...] a interação é muito pobre, [...] deveria ter
maior conhecimento. O HU está trazendo estagiários na área da saúde da
115

UFSC, porém não tem conhecimento do espaço que tem a


disponibilizar. Os alunos procuram, mas falta espaço para abrir para
mais pessoas”. Ressalta-se que para o PV 26 “[...] está tendo uma
interação maior, professores estão procurando atendimento, ainda é
pouco, mas está tendo”, e sugeriu PV 28 que “[...] mostrar a interação
do HU/UFSC PA. Facebook, melhorar página mais transparente
usuário”. Estas colocações sintetizam a percepção dos PVs quanto ao
apoio recebido pela UFSC e HU.
O quadro 6 traz a percepção dos PVs em relação à gestão do PA
no momento da pesquisa, de acordo com as categorias elencadas por
Pimentel e Pimentel, destacando alguns princípios e práticas da Gestão
Estratégica, porém, com ênfase na Gestão Social, corroborando com
pesquisas acadêmicas e publicações realizadas (MALLMAN et
al., 2012; JACQUES et.al., 2013; MAGALHÃES, 2014).
Quadro 6 - Modelos de gestão pública e gestão social.
Categorias de Gestão Universitária na Gestão Universitária na
Análise de perspectiva da perspectiva da Gestão Social
Conteúdo da Administração Pública que
Extensão incorpora princípios e
práticas da Gestão
Estratégica
Interesse Público. Interesse Coletivo de Caráter
Objetivo
Público.
Normativo Cooperação Intra e
Valor
interorganizacional.
Racionalidade Instrumental; Burocrática. Substantiva/comunicativa.
Protagonistas Estado; Universidade. Sociedade Civil Organizada.
Monológica/Dialógica, Dialógica, com pouca ou
vertical com algumas nenhuma restrição ao direito
Comunicação
horizontalidades; em tese de fala.
sem restrição à fala.
Centralizado/top down com Descentralizado, emergente e
Processo Decisório possibilidade de participativo/surge como
participação (bottomup). construção coletiva.
Estratégica, com foco em Social, com foco em
Operacionalização indicadores acadêmicos e indicadores qualitativos e
sociais. quantitativos.
Pública, Estatal. Pública, Privada, Social e
Esfera
demais esferas.
Há coerção normativa entre Não há coerção, todos têm
Autonomia e
os atores envolvidos. iguais condições de
Poder
participação.
Fonte: Adaptado de Pimentel e Pimentel (2010, p.8).
116

Complementou-se o presente capítulo da pesquisa, com a inter-


relação das percepções dos usuários e dos Profissionais Voluntários do
PA-HU-UFSC, do período estudado, para ter o panorama destas visões
sobre a gestão, precisamente em relação ao Modelo de Gestão Pública e
Gestão Social.

4.4 INTERRELAÇÃO DAS PERCEPÇÕES DOS USUÁRIOS E DOS


PVs/PA-HU-UFSC

Há vários modelos que permitem a análise dos projetos que


trazem contribuições sociais à população, como se propõe o PA-HU-
UFSC. No entanto, nesta dissertação optou-se por balizar o estudo no
Modelo de Gestão Pública e Gestão Social. A inter-relação é pontual das
informações e resultados da pesquisa com os Modelos de Gestão
Pública e de Gestão Social, adaptados de Pimentel e Pimentel (2010),
apresentados na página 25 (capítulo 2) e replicados na página 59
(capítulo 3). Os supracitados modelos não são excludentes, por isso,
permitem reflexões sobre os itens 4.2 e 4.3 deste capítulo.
Do ponto de vista dos respondentes usuários, pode-se se perceber
que predomina a gestão universitária na perspectiva da administração
pública. Os resultados mostram que o interesse, mesmo coletivo, pelo
valor normativo se sobressai, pois o sistema de regramento ainda é com o
agendamento pré-estabelecido, bem como há instrumentos
burocráticos expressos na forma do referido agendamento. Por outro
lado, os resultados que são descritos de forma positiva pelo PV,
endereçam o PA-HU-UFSC com fortes semelhanças ao Modelo de
Gestão Universitária na perspectiva da gestão social, especificamente
sobre a ótica dos resultados percebidos por esses profissionais serem
positivos à melhoria psicológica de seus “usuários”.
Outro fato é a interpretação da dicotomia sobre a racionalidade
que permeia os modelos em questão, haja vista que as respostas dos
averiguados indicam serem mais próximas da instrumental e burocrática,
do que substantiva. Da mesma forma, o processo decisório, mesmo com
o esforço da gestão do PA-HU-UFSC buscar a integração, essa
integração está entre os extremos do processo decisório ser centralizado
e descentralizado, principalmente, porque muitos respondentes não
conhecem as demais terapias ou participam das reuniões que definem os
rumos do projeto em questão. Talvez essa relação esteja associada à
própria gestão das universidades públicas federais que ainda mantém
seu caráter burocrático e político de gestão.
117

Por outro lado, o PA-HU-UFSC se aproxima da gestão social no


caráter de autonomia de poder, pois não se percebe a declaração de
coerção no sistema de gestão do período de 2014 e 2015, focos do
estudo. Não fica clara a operacionalização e a esfera que predomina dos
modelos interpretados, pois o enfoque é, ao mesmo tempo, estratégico e
social, porém, com sensível predomínio social, bem como a
comunicação não permitiu definir as características dominantes.
Por fim, desse cruzamento interpretativo, pode-se afirmar que há
um ponto de congruência, que é a qualidade da gestão do PA-HU-UFSC,
quer pelo comprometimento, quer pela integração dos usuários e dos
PVs, mas que precisam ser constantemente incentivados para o
estreitamento do que se pode chamar de Gestão Social.
Cabe destacar que a Gestão Social tem sido objeto de estudo e
uma prática frequentemente mais associada à gestão de políticas sociais,
de organizações do terceiro setor, do combate à pobreza e até ambiental,
do que à discussão e possibilidade de uma gestão democrática,
participativa, seja na formulação de políticas públicas, seja nas relações
de caráter produtivo (TENÓRIO, 2006; TENÓRIO,
2008). Corroborando, Paula (2005, p. 41) enfatiza que a Gestão Social
inclui “questões culturais e participativas”.
Portanto, o PA, operando junto ao HU-UFSC, sofre as disfunções
da racionalidade instrumental, burocrática, típicos da ambiência
universitária em crise. Assim, o Projeto enfrenta a priorização de valores
normativos, a coerção normativa e as restrições orçamentárias e
financeiras, em detrimento da racionalidade substantiva, em prejuízo da
promoção da saúde.
A gestão do PA, sendo construída por uma gestão colegiada, prima
pela participação dos voluntários no processo de decisão, por meio de
um espaço aberto de discussão que abrange todos os terapeutas. Para
Tenório (2008, p. 49), todos os participantes são capazes de pensar sua
experiência, ou seja, capazes de produzir conhecimento, “[...] participar
é repensar o seu saber em confronto com outros saberes. [...] é fazer com
e não para, [...] é uma prática social”.
Contudo, no PA, a participação torna-se restrita quando há
dificuldades por parte dos profissionais voluntários em dispor de mais
tempo para envolver-se em reuniões e grupos de estudos, mesmo
motivados pelo desejo de colaborar para o bem comum e com
sentimento de solidariedade, precisam delimitar seu tempo de
participação.
Para concluir essa dissertação de Mestrado, o próximo capítulo
permite conhecer as conclusões e recomendações que foram possíveis
118

obter na efetivação deste estudo, junto ao Programa de Pós-Graduação


em Administração Universitária, da Universidade Federal de Santa
Catarina.
119

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES


COMPLEMENTARES

Este estudo se propôs a compreender a percepção dos usuários e


dos PVs sobre as contribuições sociais das PICs e da forma de gestão do
PA-HU/UFSC em 2014 e 2015. Para tanto, foram estabelecidos quatro
objetivos específicos, os quais foram comprovados ao longo do
desenvolvimento do estudo, por meio da aplicação de questionário para
os usuários e de entrevista com PVs do PA-HU/UFSC.
No que concerne às PICs, foi possível verificar que o PA-HU-
UFSC ofereceu aos usuários, em 2014 e 2015, vinte e nove diferentes
tipos de terapias realizadas por PVs e que estas contribuíram
significativamente para minimizar a problemática da crise da saúde e da
medicina, acolhendo os usuários e promovendo tratamentos não
convencionais, unindo as dimensões do corpo, da mente, das emoções e
do espírito.
Desse modo, as terapias realizadas no PA não focam somente na
doença e nos sintomas relatados pelos usuários, mas sim, priorizam a
saúde, empregando, na prática, processo e projetos terapêuticos
integrativos, que reconhecem as pessoas como ser humano nas suas
dimensões biopsicossocial, incluindo também a dimensão terapêutica do
envolvimento espiritual. Sendo assim, aborda de modo integral e
dinâmico o processo saúde-doença junto aos usuários, utilizando várias
terapias integradas, envolvendo múltiplos e intensos estressores,
incluindo os domínios relacionados, como a qualidade de vida,
resiliência, aspectos culturais e profissionais.
Em se tratando dos preceitos do PA-HU-UFSC, o público alvo é
a comunidade universitária e os atendimentos ocorrem por meio de
agendamento presencial, por ordem de chegada, com frequência
bimestral, em um total de quatro vezes ao ano.
Finalizada a análise dos resultados, foi possível concluir que, no
que se refere à caracterização dos usuários do PA, estes são, na sua
maioria, do gênero feminino (86,34%), pertencentes a faixa etária de
mais de 28 até 38 anos (36,65%), com Pós-graduação completa e
realizada na UFSC (31,06%), e são estudantes (43,31%).
Ademais, os dados encontrados permitiram constatar que os
usuários buscaram o PA-HU-UFSC por indicação de amigos (54,05%)
e, sendo que os motivos mais citados para a procura do PA foram
ansiedade (18,72%), autoconhecimento (16,87%) e estresse (15,02%).
Os usuários, na sua maioria (57,14%), não buscaram tratamento médico
120

antes de procurar o PA, escolhem a terapia por meio do site do PA


(33,85%), realizam tratamento no PA por um período de 01 a mais de 02
anos (59,00%) e, das terapias escolhidas, a Apometria Quântica e o
Reiki foram as mais citadas, com 114 e 88 menções, respectivamente.
Já, em relação à percepção dos usuários do PA, sobre as PICs, os
resultados permitiram concluir que estes avaliam como Bom o nível de
confiança no atendimento realizado, e classificam como Excelente a
alteração do bem-estar com a PIC. O nível de solução, em relação ao
motivo da consulta, o nível de superação, considerando ocorrências
semelhantes ao motivo pela consulta anteriormente tratado, e a opinião
das pessoas próximas sobre as mudanças no modo de viver, foi
considerado Bom.
Concluiu-se que os usuários consideram o acolhimento e a
relação com o terapeuta Excelente. Já, sobre os esclarecimentos
recebidos com relação às práticas que fez no PA, foi avaliado como
Bom.
A localização e o espaço físico do PA-HU-UFSC foram avaliados
como Bom, enquanto que as informações acerca do funcionamento do
PA e agendamento das terapias foram avaliados como Regular.
Diante do exposto, acerca dos usuários do PA-HU-UFSC, há de
se considerar que o retorno positivo das práticas terapêuticas na
resolução dos motivos apontados pela procura do tratamento, permite
concluir que o projeto terapêutico é adequado de modo singular ao
usuário que realiza uma ou mais terapias de modo alternativo, em
detrimento ao tratamento médico convencional, apresentando em
decorrência dessa escolha, uma evolução terapêutica em seu bem-estar
físico, emocional, psicológico, social e espiritual.
Cabe, ainda, destacar a importância crescente pela procura por
tratamentos alternativos, que ultrapassam as abordagens do modelo
biomédico convencional, também na perspectiva de alcançar a
emancipação e o cuidado de cada um consigo mesmo e com os outros,
para alavancar a cidadania, ocorrendo nos encontros entre terapeuta
cuidador e o usuário por meio do diálogo, respeito e acolhimento. Já, em
se tratando da avaliação das informações sobre o funcionamento do PA
e do agendamento das terapias, fica evidente a necessidade de
reavaliação desses itens visando, principalmente, a qualidade no acesso
às terapias por parte dos usuários.
Quanto aos PVs, foi possível concluir que a maioria atua no PA
por mais de 02 anos, possuem o 3º grau, apenas 06 são aposentados, e
muitos que atuam na aplicação da Apometria e Reiki, conheceram o PA-
HU-UFSC por meio de amigos. Definem sua atividade no PA-HU-
121

UFSC como prazer e gratidão por estar contribuindo para o bem-estar


das pessoas, enquanto que a motivação para o desenvolvimento do
voluntariado no PA-HU-UFSC pode ser resumido no desejo de ajudar o
próximo, manter e/ou ampliar rede de contatos, além de estar atualizado.
Os PVS avaliam a inserção do PA em uma instituição pública
como Excelente, que deveria ser ampliada, considerando o projeto
importante para a sociedade, além de valorizar o voluntariado na área da
saúde, e julgam que, o retorno da terapia realizada é favorável à
autoestima dos participantes. Já, quanto à gestão do PA-HU-UFSC,
concluiu-se que os PVs, no geral, não conhecem todas as atividades
oferecidas pelo PA, avaliam a gestão como positiva e, estão insatisfeitos
com o espaço físico.
Em relação ao exposto referente aos PVs, cabe destacar o fato de
as práticas terapêuticas, em sua maioria, não serem contempladas pela
Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC)
no Sistema Único de Saúde, regulamentada pela Portaria nº 971, de
2006. Consequentemente, as terapias do Projeto Amanhecer não são
remuneradas pelo SUS, o que representa um custo para o HU, em
termos de serviços terceirizados, bolsistas e manutenção, entre outros,
portanto, o PA se defronta com o conflito entre a racionalidade
específica que fundamenta as práticas terapêuticas integrativas e
complementares, e a racionalidade médica hegemônica, que centraliza a
doença como elemento estruturante de seu paradigma. O PA, por atuar
fora do modelo biomédico e de saúde vigente, tem sua continuidade
sempre ameaçada, sofrendo pressões institucionais e restrições
orçamentárias, carecendo de base legal e, principalmente, de estudos e
pesquisas que busquem comprovação de base científica e metodológica.
Desse modo, a Gestão do PA, como atividade universitária,
procura atender ao tripé ensino-pesquisa-extensão, buscando alcançar o
reconhecimento das terapias e integrar as práticas terapêuticas de modo
complementar às demais ações de saúde do HU, tentando se afastar da
visão reducionista do assistencialismo e de uma extensão universitária
limitada à prestação de serviços e convênios, propondo maior
participação dos voluntários na gestão e em estudos ou pesquisas que
indiquem a comprovação científica da ação das terapias e práticas
integrativas e complementares no bem-estar dos usuários que
demonstraram, nesta pesquisa, que são ainda tímidas. Entretanto, aponta
que os terapeutas e as práticas são sempre bem avaliados pelos usuários.
Ademais, constatou-se que os PVs destacam resultados
favoráveis construídos por uma gestão colegiada, trabalhos em clima
organizacional participativo e dialógico, com sentido de pertencimento e
122

atitude de servir, com produção de base unicamente voluntária,


comprovados historicamente como pontos fortes do Projeto e como
fatores valorizados pelos usuários e pela comunidade, resultados
validados por estudos e publicações acadêmicas, que representam
vetores promotores para a auto cura e promoção da saúde, validados
também nesta pesquisa. Cabe destacar que a gestão ainda carece de
maior participação por parte dos voluntários e da inclusão dos usuários
na tomada de decisão, através do colegiado gestor, como aponta esta
pesquisa.
Por fim, buscou-se inter-relacionar das percepções dos usuários e
PVs se propor melhorias à gestão do PA-HU-UFSC. O PA incorpora
racionalidades específicas que fundamentam as práticas terapêuticas
integrativas e complementares, no que diz respeito ao paradigma
centralizado na saúde e não na doença; a singularidade do ser humano
como o centro do seu projeto terapêutico; o usuário visto como um ser
humano biopsíquico, social e espiritual; a autonomia do usuário no
processo de auto cura; a promoção do autoconhecimento e da
autoeducação, promovendo um projeto de construção (ou de
reconstrução) da própria saúde; a relação humanizada terapeuta-
cuidador e usuário-cuidado; os meios terapêuticos simples, desprovidos
de sofisticação tecnológica e de baixo custo; o modo de produção da
extensão universitária fundada no voluntariado e, a gestão participativa e
colegiada fundada em princípios da gestão social, este último, de modo
restrito, devido à dificuldade por parte do terapeuta voluntário em
disponibilizar mais tempo para a participação na gestão, além da
assistência aos usuários, em reuniões e grupos de estudos, além da não
inclusão no colegiado gestor da participação dos usuários para a tomada
de decisão.
O PA, ao abrigar terapeutas voluntários e desenvolver diferentes
terapias complementares individuais e em grupos e na forma de práticas
terapêuticas coletivas, apresenta como esforços futuros a obtenção de
recursos para a manutenção, o reconhecimento institucional e o
fortalecimento das PICs no contexto HU/UFSC, fatos estes, de extrema
importância para a sobrevivência futura do PA.
Confirmando que as Práticas Integrativas e Complementares vêm
recebendo caráter global e apresentando maior importância econômica
(OMS/WHO, 2013) em um contexto de crises como da saúde, da
medicina, no SUS e de medicalização social, como também de crise
universitária, o fortalecimento do Projeto no contexto da UFSC,
acontecerá por meio da produção de conhecimentos científicos e
tecnológicos desenvolvidos na Instituição e a ampliação desta
123

modalidade de atendimento na área da saúde pública em geral. Para tal,


faz-se necessária a participação de pesquisadores e a aproximação da
medicina convencional das práticas terapêuticas alternativas para
promover à saúde, autocuidado e auto cura, assegurando a qualidade de
vida a todos.
Neste estudo, trabalhou-se para alcançar os resultados obtidos e
apresentados, entretanto, muito ainda precisa ser feito nesta área.
Aproveitar esse espaço para tecer algumas recomendações para futuros
trabalhos torna-se pertinente. Convém destacar que o conhecimento é
contextual, portanto, as recomendações traçadas são originadas no
momento da conclusão do presente estudo e sob o contexto pesquisado.
Assim, recomenda-se:
a) Conhecer dos processos gerenciais e terapêuticos do PA com
acompanhamento dos usuários.
b) Análise das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças
(SWOT) do PA.
c) Avaliação do PA como Política Pública e como Projeto
Social.
d) A realização de um levantamento e classificação da legislação
e das práticas terapêuticas no país e de outras iniciativas
semelhantes ao Projeto Amanhecer.
e) Estudo da Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares e das legislações de estados e municípios
que incentivam as terapias contempladas ou não pela política,
na rede de atenção à saúde.
Por fim, conclui-se que o objetivo geral proposto na presente
pesquisa, que era compreender a percepção dos usuários e dos PVs sobre
as contribuições sociais das PICs e da forma de gestão do PA-
HU/UFSC, em 2014 e 2015, foi alcançado.
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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO PARA OS USUÁRIOS DO PA


146
147

APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTAS COM OS


TERAPEUTAS (VOLUNTÁRIOS)
148

APÊNDICE C – TICS OFERECIDAS PELO PA-HU-UFSC

Acroyoga: Prática que combina exercícios do yoga com


acrobacias e pode ser feita em dupla ou trio
(http://mdemulher.abril.com.br/fitness/boa-forma/acro-yoga-saiba-mais-
sobre-a-pratica-que-conquistou-as-famosas)
Acupressura: Curar usando os dedos com pressão gradual de
pontos, que estimulam as habilidades auto curativas naturais do corpo,
quando tocados na região periférica conseguimos afastar, amenizar ou
mesmo curar certos distúrbios
corporais(http://www.sinaldafenix.com.br/).
Amor em movimento: Atividade em grupo que visa a integração
entre os participantes por meio de vivências de jogos cooperativos,
dinâmica de grupo, danças, expressão de afeto e amorosidade, exercícios
de sensibilização e consciência corporal
(http://www.amoremmovimento.org/).
Apometria quântica: desdobramento entre o corpo físico e os
corpos espirituais no ser humano. É uma técnica de desdobramento que
pode ser aplicada em todas as criaturas, não importando a saúde, a
idade, o estado de sanidade mental e a resistência oferecida
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE APOMETRIA).
Aromaterapia: Uso de tratamento baseado no efeito que os
aromas de plantas são capazes de provocar em um indivíduo, como
óleos de plantas como tratamento auxiliar de enfermidades
(www.kaluana.org.br/aromaterapia).
Astrologia vivencial: Descoberta da energia representada no
mapa astral de cada pessoa, através da experiência corporal é trabalhada
e de exercícios vivenciais, que envolvem a expressão física dos
elementos, dos signos e dos planetas (http://michelledaya.weebly.com/
astrologia-vivencial.htm).
Astrologia: Pseudociência que estuda os corpos celestes e as
prováveis relações que possuem com a vida das pessoas e os
acontecimentos na Terra. (http://www.significados.com.br/astrologia/).
Auriculoterapia: é um sistema independente da acupuntura e
especialidade da Medicina Chinesa. Ela pode tratar cerca de 200
enfermidades: de carácter funcional, carácter neurótico e psicótico. É
um dos mais antigos métodos terapêuticos praticados na china.
(http://www.medicinachinesapt.com/auriculoterapia.html)
149

Biodanza: É um sistema de integração humana, renovação


orgânica, reeducação afetiva e reaprendizado das funções originárias da
vida (http://www.biodanza.org/pt/biodanza/definicion-de-biodanza).
Crâniosacral: caracteriza-se por uma atitude de suave contato
com o paciente. O terapeuta acredita que todo ser humano possui um
enorme potencial de transformação e de cura, que basta ser mobilizado
para agir com grande eficácia
(http://www.craniosacro.com.br/terapia.php)
Cromoterapia: tratamento que consiste na utilização das cores
para curar doenças e restaurar o equilíbrio físico e emocional do
paciente. (http://www.significados.com.br/cromoterapia/
Dança meditativa: Prática meditativa que contempla
ensinamentos orientais-universais de equilíbrio interior, com cantos,
mantras e dança circular meditativa, possui efeito terapêutico, estimula o
desenvolvimento pessoal e conexão aos Budas
(htpp://taradhatusulamerica.com.br).
Florais: são estratos líquidos sutis, geralmente ingeridos via oral,
usados para tratar questões do bem-estar emocional, do
desenvolvimento da alma e da saúde do corpo-mente, são preparados a
partir de flores silvestres coletados no auge da florada da planta.
http://www.essenciasflorais.com.br/sobre-os-florais/
Geoterapia: é a arte de cuidar da saúde usando a terra - a argila. É
um método terapêutico natural na cura e prevenção de disfunções
biológicas. (http://medalt-esv.blogspot.com.br/2011/03/geoterapia.html
Ginástica holística: Conduz a uma melhor utilização do seu
potencial perceptivo, sensorial e motor, e a uma atitude corporal
harmônica (http://www.patricialacombe.com.br/ginastica-holistica).
Homeopatia: Consiste em prescrever ao doente uma forma
diluída e em pequeníssimas doses, uma substância que, em doses
elevadas, é capaz de produzir num indivíduo sintomas semelhantes aos
da doença que se pretende combater
(https://sites.google.com/site/ligahomeopatiamedunicamp/o-que-e-
homeopatia).
Laboratório de autoconhecimento: Promove a cada participante
uma reflexão sobre sua vida pessoal, emocional e profissional.
Massagem ou Massoterapia: é a prática de aplicar força ou
vibração sobre tecidos macios do corpo, incluindo músculos, tecidos
conectivos, tendões, ligamentos e articulações para estimular a
circulação, a mobilidade e a elasticidade
(http://massoterapia.blogs.sapo.pt/3668.html).
150

Om healing: Técnica ancestral de cura em grupo que traz


equilíbrio aos corpos físico, mental, emocional e espiritual
(http://bhaktimargabrasil.blogspot.com.br/p/om-healing.html
Osteopatia: utiliza somente as mãos para realizar o diagnóstico
osteopático e tratar de seus pacientes. É preciso que tenha uma vasta
experiência teórica e prática da aplicação das técnicas manuais
diagnósticas e terapêuticas osteopáticas
(http://www.registrodososteopatas.com.br/osteopatia.html).
Parapsicologia: Ciência que estuda a mente, seu poder,
funcionamento e função: Consciente e Subconsciente
(http://essenciaespacoterapeutico.com.br/parapsicologia.php).
Programa coração saudável: Técnicas de respiração, relaxamento
e meditação selecionados para hipertensão, de relaxamento para o
participante praticar diariamente em casa
(http://www.yogaencantada.org).
Psicologia: Estudo científico dos processos mentais e do
comportamento do ser humano e as suas interações com o ambiente
físico e social (http://www.significados.com.br/psicologia/).
Reflexologia: é uma ciência e um método muito eficaz de
tratamento ou técnica curativa holística. A pressão é aplicada nas áreas
reflexas dos pés com os dedos das mãos, usando técnicas específicas,
provocando mudanças fisiológicas no corpo.
(http://www.atma.ipt.com.pt/central/ata/x24yv35w.htm)
Reiki: é uma prática espiritual que se baseia na crença da
existência da energia universal "Ki", manipulável pela imposição de
mãos. Reiki significa "atmosfera misteriosa" e é uma combinação de
dois caracteres japoneses - REI que significa "divino" e KI que significa
"energia vital". http://www.significados.com.br/reiki/
Tao yoga: Aspecto de autodefesa que remete a necessidade
humana lidar com conflitos e a neutralizá-los sem uso da violência. É
uma técnica de combate a mão desarmada, sem o uso da violência e sim
da serenidade, lucidez e domínio da energia
(http://www.parapsicologiaclinica.com/#!o-que--tao-yoga/c1fvv)
Vivência de auto cura e cura planetária: Leva a pessoa entrar em
contato com seu próprio poder interno, através do repasse de
informações básicas e acessíveis a todos por serem herdeiros da Energia
de Luz Amor Divinos
(https://espacoluzamor.wordpress.com/about/projetos-sociais/vivencia-
de-autocura-e-cura-planetaria/)
Yoga: Filosofia e sistema holístico que trabalha o corpo e a mente
ao mesmo tempo. Trabalha as emoções, ajuda as pessoas a agir de
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acordo com seus pensamentos e sentimentos e traz profundo relaxamento,


concentração, tranquilidade
mental(http://www.significados.com.br/yoga/).

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