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Inclusão Com Síndrome de Down E As Práticas Pedagógicas Na Educação Infantil

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INCLUSÃO COM SÍNDROME DE DOWN

E AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

ANDRÉA DA SILVA PAIVA


RESUMO
PESSOA
Professora de Educação Infantil na Rede
Municipal de Caucaia, Graduada em O presente artigo trata da aprendizagem da criança com Síndrome
Pedagogia pela Universidade 7 de de Down na Educação Infantil e as práticas pedagógicas de
Setembro – UNI7. E-mail:
andrea.spaiva@hotmail.com inclusão neste processo. Este trabalho tem o objetivo de se
compreender teoricamente como acontece essa aprendizagem e
RAIMUNDA CID TIMBÓ
Psicanalista (SCOPSI). Mestre em como tais práticas podem contribuem. Foi realizada uma pesquisa
Educação Especial - UECE; Especialista
em: Psicopedagogia – UECE; Formação
bibliográfica baseada nas Diretrizes da Educação Infantil e nas
Continuada em Pesquisa Científica – Diretrizes Operacionais para o atendimento especializado na
UECE. Graduada em: Pedagogia.
Professora convidada UECE, INSTITUTO
educação básica, modalidade Educação Especial e alguns autores
PLUS e UVA. Professora FACPED/IPEIS. que abordam estudos sobre a aprendizagem e inclusão, como:
Atendimento Psicanalítico - Clínica de
Psicopedagogia PLUS. Membro do Grupo Padilha (2001), Sakamoto (2014), Voivodic (2008) e outros autores.
de pesquisa em Educação Especial Considerando que a criança independente da sua condição física,
CNPq/UECE.
E-mail: rcidtimbo@hotmail.com
mental ou intelectual tem direito ao acesso aos saberes
construídos ao longo da história, a inclusão escolar dessas
crianças contribui de maneira significativa para construção de uma
sociedade mais justa e igualitária, onde todos possam ser
respeitados e inseridos nos diferentes espaços sociais.

Palavras-chave: Inclusão. Síndrome de Down. Aprendizagem.


Educação Infantil.

ABSTRACT
This article deals with the learning of children with Down Syndrome in Early Childhood
Education and the pedagogical practices of inclusion in this process. This paper aims to
understand theoretically how this learning happens and how such practices can
contribute. A bibliographic research was carried out based on the Infant Education
Guidelines and the Operational Guidelines for specialized care in basic education,
Special Education modality and some authors that approach studies on learning and
inclusion, such as: Padilha (2001), Sakamoto (2014), Voivodic (2008) and other authors.
Considering that child regardless of his or her physical, mental or intelectual condition
has the right to access to knowledge built throughout history, the inclusion of these
children in schools contributes significantly to the construction of a more equitable and
egalitarian society where everyone can be respected and inserted in the different social
spaces.

Keywords: Inclusion. Down's syndrome. Learning. Child education.

Revista PLUS FRJ: Revista Multidisciplinar em Educação e Saúde, ISSN - 2525-4014 p. 65, nº 4, Jan/2018
INTRODUÇÃO

O presente trabalho pretende discutir sobre as práticas pedagógicas que


podem contribuir no desenvolvimento das crianças com Síndrome de Down na escola
regular de Educação Infantil. A escolha por esse tema é importante devido às inúmeras
mudanças que a educação inclusiva vem causando nos contextos escolares.
Devido às conquistas sociais e políticas dessas crianças e a sua inserção no
ensino regular comum, as escolas regulares de Educação Infantil precisam rever várias
práticas de ensino e de acolhimento aos alunos que apresentem algum tipo de
deficiência.
A escolha do tema se deu também em função da minha atual formação
acadêmica, pedagoga, com especialização em Educação Infantil, a qual me instigou a
entrelaçar, através da pesquisa bibliográfica, quais as práticas nos espaços escolares
que favoreçam de maneira significativa na aprendizagem das crianças com Síndrome
de Down.
A educação inclusiva vivenciou mudanças com a Constituição Federal de
1988, com a Lei 7583/89, com a Conferência Mundial Sobre Necessidades Básicas de
Aprendizagem, aprovada em Jomtien/Tailândia em 1990, quando novas orientações
legais foram impostas e garantiram a inclusão das pessoas com deficiência nas escolas
públicas, mas isso não significa uma inclusão de qualidade.
Por muito tempo, acreditou-se serem essas crianças incapazes de aprender
em meio às demais crianças e aos contextos educacionais, cabendo às famílias
procurarem instituições e clínicas médicas como os únicos meios para que essas
crianças tivessem a possibilidade de aprender e estarem inseridas na sociedade.
Neste trabalho, temos como objetivo compreender teoricamente como
acontece a inclusão dos alunos com Síndrome de Down no ensino regular nas classes
de Educação Infantil, e as práticas pedagógicas nesse contexto. Através da pesquisa
bibliográfica, palavras de Sakamoto (2014, p.51).
É uma modalidade de estudo que pode se caracterizar como todo e
como parte, isto é, pode se constituir como um tipo de Pesquisa que se
destina ao levantamento de referencial bibliográfico de um tema
(quando o estudo proposto é de natureza Teórica, toda voltada à
Pesquisa de dados conceituais e fontes teóricas).

Entender de que forma vem acontecendo o processo de inclusão, além de


buscarmos compreender sobre as práticas pedagógicas que favoreçam a aprendizagem
e as contribuições para o desenvolvimento das crianças com Síndrome de Down.

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Nesse sentido, buscamos como objetivo geral da pesquisa responder sobre
o seguinte questionamento: Quais as práticas pedagógicas desenvolvidas pela
professora da sala de aula regular na Educação Infantil?
Para nos dar suporte teórico, utilizaremos diversos autores que discutem
sobre a Síndrome de Down, tais como Maria Antonieta Voivodic, Claúdia Wenerck e
Anna Maria Padilha, Ana Cristina Lima, Darcy Raiça e Ubiratan Aguiar, entre outros,
estudiosos nos deram uma maior possibilidade de compreensão sobre a aprendizagem
das crianças com Síndrome de Down.

SÍNDROME DE DOWN

Na perspectiva de Voivodic (2008, p. 17), “as crianças com Síndrome de


Down têm na deficiência mental uma de suas características mais constantes, e,
portanto, é evidente a complexidade e importância da educação.” Por isso, a educação
dessas crianças necessita ser de caráter interativo, ou seja, a escola, a família e a
comunidade podem contribuir oferecendo experiências que sejam significativas e
transformadoras.
Não podemos separar esses agentes, porque, no momento em que ocorre a
inclusão, essas crianças irão exercer um papel social, passando a serem agentes
participativas na sociedade. Portanto, o grande desafio é que a sociedade e as
instituições educacionais desenvolvam condições de prepará-las para exercer seu papel
social, como afirma (SASSAKI apud VOIVODIC, 2008, p. 47).
Pelo modelo social da deficiência, os problemas da pessoa com
necessidades especiais não estão nela, tanto como estão na
sociedade. Assim, a sociedade é chamada a ver e criar problemas para
as pessoas de necessidades especiais, causando-lhes incapacidades
(ou desvantagens) no desempenho de papéis sócias.

Acreditamos ser a criança um sujeito que depende de instituições como a


família, a escola e sociedade, como colaboradores para a sua formação e a sua
construção no processo de ensino e aprendizagem.
É necessário o respeito às necessidades e à subjetividade, promovendo
ritmos e ajustamento entre à escola e as crianças com essa síndrome. Nesse sentido, a
inclusão vem para nos auxiliar a proporcionar a seguridade dos direitos e dos deveres
propostos pelas Diretrizes Educacionais, que, independente de as necessidades serem
de ordem física ou mental, determinam que seja dever da escola promover momentos
de integração e interação.

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Para que ocorra a inclusão, muitas são as dificuldades e, dentre as mais
debatidas, destacamos a formação de professores, as estruturas físicas e de
acessibilidade das escolas, a não aceitação por parte de pais e responsáveis em terem
em casa alguém com alguma dificuldade física ou mental.
No caso das crianças com Down, ocorrem as duas necessidades. Portanto,
o alimento de interesses entre a família e a escola tem um único objetivo: melhorar a
qualidade de vida dessas crianças, inserindo-as na sociedade.
Como educadora, acredito nas novas contribuições da inclusão para
proporcionar um novo olhar sobre quais ferramentas, métodos, conceitos e atitudes
podemos praticar para contribuir nessa formação não só cognitiva, mas afetiva e
integral, a fim de perceber como elas aprendem e ensiná-las respeitando o ritmo e a
subjetividade de cada uma.
Pesquisas provam que, quando a família estimula a criança precocemente,
ela, ao entrar na escola, não sentirá tanta dificuldade, pois já terá uma experiência de
vida importante para a sua formação, cabendo ao professor adequar novas maneiras e
técnicas que possam ampliar a conhecimento já adquirido e modelá-lo ao contexto
escolar.
Embora seja um grande desafio para a escola que integra alunos
deficientes, eles também podem, através dessa experiência, aprender, pois os ditos
“normais” aprendem a viver e conviver com o diferente, trazendo assim uma
transformação social para ambos que devem sair preparados para enfrentar os desafios
do mundo globalizado e ser inseridos nele de forma a respeitar as diferenças, sejam
elas físicas ou intelectuais.
O ambiente escolar deve ofertar oportunidades de aprendizagens
significativas para essas crianças, como atenção à língua nativa, os conceitos básicos
de matemática, os trabalhos manuais como meio de educá-los e de habilitá-los a uma
profissão.
Todas essas atividades devem ser praticadas também em casa e na
comunidade. Por terem a fama de bons imitadores, assim que tiverem apreendida a
língua nativa, também deve ser ofertado acesso a uma ou mais língua estrangeira.
Como complemento às atividades mencionadas, também podemos perceber
a mudança significativa que as atividades de jogos simbólicos podem representar para a
qualidade de vida e autonomia. Como exemplos, dessas atividades, podemos
mencionar: preparar um sanduíche, arrumar a cama, varrer o quarto, lavar uma roupa,
organizar os livros. Ao se tornarem “autônomas” nas pequenas atividades, logo
interagirão mais com a família e a sociedade e poderão desenvolver-se integralmente.

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Ao observar essas pequenas formas e gestos, pais e professores juntos podem
contribuir na formação desses indivíduos, como nos diz: Padilha (2001, p. 177).

Trata-se de conhecer as possibilidades e limitações da pessoa com


deficiência mental para, com ela captar os indícios, os sinais que nos
dá sobre o seu processo evolutivo e pelo qual ela se aproxima da
resolução de suas dificuldades.

Isso só vem fundamentar o que já estamos demonstrando no decorrer da


discussão. E nos demostra que a inclusão escolar e apenas uma pequena parcela do
grande desafio que é possibilitar o acesso e a permanência de todos à educação formal.

FORMAÇÃO DO PROFESSOR E AS PRÁTICAS DE INCLUSÃO COM CRIANÇAS


COM SÍNDROME DE DOWN

Quando falamos da representatividade do papel do professor na construção


do desenvolvimento educacional dos portadores da Síndrome de Down com o
acompanhamento familiar, primeiramente precisamos questionar a formação, que é
fundamental.
No nosso contexto, sabemos que ainda é grande o desafio da educação,
pois, depois que se tornou legal o acesso dessas crianças às escolas públicas, o
professor recebeu esse compromisso sem estar adequadamente habilitado, causando
transtornos maiores para a família e a criança e aos próprios profissionais da educação.
A escola deve oferecer não só um acesso, mas uma qualidade individual no
quesito de formação das crianças. O professor deve interagir com a família falando dos
progressos e dos desafios que a criança vivenciará, como forma de ter o auxílio dos
pais em casa, nas atividades do cotidiano junto à família e a comunidade, como vem
nos afirmar: “o esforço da criança dependerá de seu grau de motivação para realizar as
atividades, estímulo que também deve vir de casa” (COSTA apud WERNERCK, 1993,
p. 165.).
Logo o papel do educador é de pesquisar e adequar as atividades ao
contexto escolar, ser um investigador e observar as mudanças dessas crianças no
momento em que estão interagindo com o meio e os colegas de sala, mas também
quando houver atividades individuais. Em seguida, devem ser registrados os
significados adquiridos.
Para isso, o educador deve ser flexível, curioso e muito dedicado ao
educando, fazendo parte do processo educativo e procurando equilibrar os saberes da
escola com os da família. Como nos afirma: Lima (2016, p. 17).

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A identidade dos alunos com Síndrome de Down foi trabalhada a partir dos espaços
ocupados por eles, assim como o tempo que eles se utilizavam para orientar na sua
vida cotidiana. Sendo assim, várias práticas sociais foram levadas para a sala de
aula, no intuito de verificar qual o conceito de identidade que eles haviam
construídos e que lugares ocupavam na vida social.

Considerando a relevância da introdução dos conceitos construídos


ao longo da história o presente artigo ira discorrer algumas estratégias de ensino,
trabalhadas em uma instituição, que recebe de maneira significativa crianças com
diferentes deficiências, porém iremos mencionar especificamente das áreas da
linguagem oral e escrita e da matemática vivenciadas com as crianças com Síndrome
de Down.
Introduzir a cultura da escrita nesse contexto levou aos educadores
buscarem como suporte teórico os estudos de Ferreiro e Teberosky (1991), que a partir
da ideia construtivista de Jean Peaget, que interpretaram a partir de pesquisas como as
crianças constroem a escrita e quais possíveis estratégias que um educador pode
favorecer para uma construção significativa.
O educador consciente das então pesquisas mencionadas preparou aulas
que buscassem considerar os conhecimentos prévios as crianças, inicialmente focando
na linguagem oral, para posteriormente usar os seguintes instrumentos, como nos
menciona Lima (2016, p. 53). “Serviu de instrumentos de ação: figuras, livros, músicas,
diferentes portadores de textos, jogos, brincadeiras, filmes e teatro. ” Pesquisar
maneiras de atingir e contribuir para essa construção da escrita envolve demais áreas
como os autocuidados, a própria linguagem oral, a socialização e cooperação e o
desenvolvimento físico, psicossocial e motor.
Entender a educação especial como algo que se destina aos indivíduos que
necessitam da assistência particular, no processo de aprendizagem e desenvolvimento
é a grande questão quando debatemos sobre a inclusão considerando esse conceito
mais amplo do que integração. É inerente que esses conceitos estejam bem claros nos
contextos escolares e familiares para que não ocorra discordância entre a teoria e a
prática principalmente quando nos referimos à introdução da cultura letrada.
Pelas diferentes definições apresentadas podemos perceber que alguns
aspectos são considerados essenciais, iremos destacar os mais relevantes como a
individualização do ensino, a educação especial como parte da educação comum com
objetivos comuns em grande parte e a adequação de experiências de aprendizagem e
de currículo, adequadas para o nível de compreensão de cada indivíduo.
Quando nos referimos à individualização do ensino, estamos acreditando na
percepção de que o reconhecimento às diferenças individuais seja de ordem física,

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mental, social e emocional, caracteriza os interesses, aptidões e as próprias limitações.
Cabendo ao professor conhecer a realidade particular de cada aluno, com o objetivo de
propor a elaboração de programas adequados para um desenvolvimento harmônico que
envolva os diferentes aspectos humanos.
Os desafios da educação especial são muitos, não envolve só as questões
docentes, mais a todos os profissionais envolvidos. Engloba outras áreas da sociedade
e implicam primordialmente na aceitação dos indivíduos com suas características e
diferenças, as limitações afetivas, cognitivas e sociais.
Para deixar mais explicito Raiça (1990, p.08) afirma que “a seleção e organização das
experiências de aprendizagem são de capital importância para o desenvolvimento do
aluno e sua consequente participação ativa na sociedade”. Devemos ficar atentos aos
interesses do aluno em aprender para melhor instigar a busca de novos saberes.
De acordo com Baptista (1980 p, 56) “o professor precisa desenvolver uma
verdadeira engenharia de manipulação de tarefas, das mais fáceis às mais complexas,
conhecendo cada criança e estudando as diferenças intra-individuais, observando seus
pontos fortes e fracos”.
Considerando esses autores e tomando como base teórica os pensamentos
de Kamii (1987, p 27) “as palavras um, dois, três, quatro são exemplos de conhecimento
social. Cada idioma tem um conjunto de palavras diferentes que serve para o ato de
contar. Contudo, a ideia subjacente de número pertence ao conhecimento
lógicomatemático, o qual é universal”.
As atividades propostas na escola visam à construção dos conceitos
numéricos a partir da socialização dos espaços e das atividades envolvendo jogos e
brincadeiras como Lima (2016, p.75).

A função e dos brinquedos não se limitou ao mundo das emoções e da


sensibilidade, ela apareceu ativa também no domínio da inteligência e
cooperou, em linhas decisivas, para a evolução do pensamento e de
todas as funções mentais superiores.

Através das vivencias como: jogo de bingo, elaboração de tabelas,


brincadeiras cantadas que envolviam a percepção dos números nos contextos sociais, a
professora propunha ao final da aula o registro espontâneo. Cada criança buscou
escrever de diferentes formas, algumas conseguiram fazer a escrita convencional
mesmo não respeitando o traçado ou direcionamento. Duas crianças utilizaram o
desenho como recurso e teve outras que por terem aspectos motores comprometidos
pediram ajuda dos colegas de sala.

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Todo esse trabalho na área da matemática foi registrado e como afirma Lima
(2016, p.81) “O trabalho com jogo foi muito produtivo e fez com que os alunos
avançassem muito mais do que as atividades em folhas. ” Ou seja, a participação,
contou de maneira prática para a elaboração dos conceitos numéricos para essas
crianças. E a percepção da utilização dos números na vida social.

FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL.

Desde muito pequenas as crianças brincam, tocam, olham, levam objetos na


boca, agitam, tentam dar os primeiros passos, caem, choram, imitam, fazem caretas,
sugam, manipulam, riem, sugam, mordem e exploram todo e todos ao seu redor.
Compreender esses fenômenos não só nos aspectos fisiológicos e inserir a
criança na sociedade perpassou por todo um processo histórico de identidade e
compreensão das habilidades desses seres humanos em evolução, como afirma
(PIAGET apud BELSKY, 2010, p. 122) “Durante nossos primeiros anos nesse planeta,
nossa missão é entender a realidade física pela exploração dos sentidos”.
Sendo ela agora entendida como um ser capaz de aprender através das
experiências propostas pela família nos primeiros anos de vida, e posteriormente na
vida social e escolar. Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB: A
educação, dever da família, e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos
ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
(BRASIL, 1996, p.09).
Aprender faz parte da ação humana é algo que envolve a criatividade
individual, heterogênea e regulada pelo sujeito da aprendizagem, independente da sua
condição intelectual. A inclusão deve ser baseada nesse princípio, onde todos
independentes de suas habilidades ou potencialidades sejam estimulados e
apresentados ao conhecimento.
É na escola onde essas crianças terão a oportunidade construir sua
identidade, através da verificação de suas possibilidades, necessidades e
potencialidades. Sem dúvida, é por meio da análise de todos os processos, que a
comunidade escolar se reconhece e cria forças para caminhar coletivamente em busca
de atingir o êxito na formação integral do educando. Vygotsky (1999, p 99) refere-se à
educação como:
A educação não deve ser qualificada como o desenvolvimento artificial
da criança. A educação é o domínio artificial dos processos naturais do
desenvolvimento. A educação não apenas influi em alguns processos

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do desenvolvimento, mas reestrutura as funções do comportamento em
toda a sua plenitude.

Entender o papel social e a relevância da escola na vida das crianças desde


muito pequenas contribui de maneira positiva na construção de uma sociedade mais
justa e igualitária, onde todos possam contribuir para a evolução de pessoas mais
consciente dos seus direitos e deveres.

CONCLUSÃO

A partir da revisão bibliográfica sobre o que é a inclusão e de que formas


pais, educadores e gestores podem contribuir o sucesso escolar de todos em particular
pelas crianças com Síndrome de Down tivemos a oportunidade de conhecer um pouco
mais a realidade enfrentada por todos anteriormente mencionados.
Acreditar numa mudança significativa é o papel de todos que estão próximo
a essas crianças. Como a família é a base fundamental, essa participação junto à
escola pode transforma as possibilidades de aprendizagens dessas crianças, dando
oportunidades de serem respeitadas, inseridas e aceitas na sociedade.
As mudanças educacionais tanto nos aspectos legais como de crenças e
valores envolvem uma grande rede de pessoas e relacionamentos que constantemente
estão interligados procurando alcançar objetivos comuns, através do trabalho
colaborativo. Para tanto, é necessário que cada protagonista social se conscientize
da representatividade do seu papel no sentido de garantir o cumprimento das
legislações voltadas para a educação especial.
Entender que a inclusão é um exemplo de superação a e participação,
porque comprova que é possível se construir, em meio à diversidade, uma
aprendizagem significativa, considerando o contexto escolar um ambiente acolhedor e
respeitador das características de cada ser humano na sua particularidade.
Podemos destacar que, perante as diversas práticas pedagógicas
desenvolvida, em consonância com um currículo que objetiva a inclusa e o
desenvolvimento completo, esses são aspectos decisórios no processo ensino-
aprendizagem. E o acompanhamento através dos registros e portfólios individuais, deu
aos professores um olhar individual sobre as aprendizagens de cada criança.
Concluímos, portanto, que, a partir da revisão do referencial teórico das
práticas de inclusão, consideramos que quando de fato ela acontece, contribui
significativamente para o desenvolvimento da criança com Síndrome de Down,

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principalmente quando contamos com o apoio da família e de todos os profissionais que
os cercam.
Por entendemos que a inclusão dessas crianças perpassa por caminhos que
vão além dos contextos familiares, com a realização da revisão biográfica, podemos
entender que o desenvolvimento deve ser explorado desde os primeiros anos de vida e
cada vez mais estimulado, favorecendo e contribuindo para formação cidadã e
cognitiva.
Considerando as possibilidades de aquisição de novos saberes e usando de
todos os recursos e tecnologias que possibilitem de maneira prática a utilização desses
conhecimentos em suas vidas cotidianas.
Enfim, entendemos que a inclusão perpassa por um processo sócio
histórico, que exige uma transformação não só estrutural no contexto escolar ou na
legislação, mas que ultrapassa os muros das escolas e do preconceito e atinjam a
sociedade em todas as suas esperas.

REFERÊNCIAS

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Baptista, Cláudio Roberto (Org). Educação Especial: diálogo e pluralidade. Porto Alegre: Editora Mediação, 2010.
BELSKY, Janet. Desenvolvimento humano: experienciando o ciclo da vida. Porto Alegre: Artmed, 2010.
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Especial-MEC/SEESP, 2001.
LA TAILLE, Yves de. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992.
LIMA, Ana Cristina Dias Rocha. Síndrome de Down e as práticas pedagógicas. São Paulo: Vozes, 2016.
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PADILHA, Anna Maria. Práticas Pedagógicas na Educação Especial: a capacidade de significar o mundo e a inserção
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SAKAMOTO, Cleusa Kazue. Como fazer projetos de iniciação científica. São Paulo: Paulus, 2014.
VOIVOIDIC, Maria Antonieta M.A. Inclusão escolar de crianças com Síndrome de Down. 5°ed. Petrópolis: Vozes,
2008.
WERNERCK, Cláudia. Muito prazer, eu existo. 2º ed. Revista e ampliada. Rio de Janeiro: WVA, 1993.

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