Livro Gestão em SSO
Livro Gestão em SSO
Livro Gestão em SSO
SERVIÇO SOCIAL
Autoras: Rosimere de Souza
Dados Pessoais
Nome:_________________________________________________________
Endereço: _____________________________________________________
_________________________________ E-mail:
________________________________________________________
Siegel
Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Profa. Erika de Paula Alves Profa.
Izilene Conceição Amaro Ewald
Prof. Marcio Moisés Selhorst
361.307
S729g Souza, Rosimere de
Gestão em serviço social / Rosimere de Souza; Isabel
Lopes Monteiro. Indaial : Uniasselvi, 2013. 89 p. : il
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7830- 691-5
PARCERIA ENTRE
IBAM E UNIASSELVI
No momento atual, em todos os países, em qualquer instância de governo,
observa-se um movimento de revisão do papel do Estado, somado à exigência
das populações por atuação governamental de qualidade. Esta tendência conduz
à demanda expressiva para que se consolide a existência e o funcionamento de
um sistema qualificado de Gestão para a implementação de políticas públicas.
Paulo Timm
Superintendente Geral do Instituto
Brasileiro de Administração Municipal – IBAM
Sumário
APRESENTAÇÃO ......................................................................7
CAPÍTULO 1
A Reforma do Estado e os Impactos nas Políticas Públicas no Brasil
.....................................................................................9
CAPÍTULO 2
Administração de Programas e
Projetos em Serviço Social.......................................................25
CAPÍTULO 3
Gestão de Serviços Sociais e Gestão Social .............................47
CAPÍTULO 4
Entidades Privadas e Possibilidades de Cooperação com o Setor Público na Gestão
de Serviços Sociais ........................63
APRESENTAÇÃO
Caro (a) pós-graduando (a):
As autoras.
8
CAPÍTULO 1
A reforma do Estado e os Impactos nas
Políticas Publicas no Brasil
Contextualização
À luz dos antecedentes históricos serão Mas, antes de tudo, o que quer dizer Reforma
identificados os principais fatores que do Estado? Caracteriza-se pela delimitação
contribuíram para a Reforma do Estado e do tamanho do Estado, do ponto de vista
suas implicações na gestão social das administrativo, e de suas responsabilidades,
políticas públicas. o que se expressa na redução do seu
domínio institucional e na redefinição do seu
papel. na área social.
Mas o quer
Nesse contexto, a atuação do Estado nas dizer Reforma
políticas sociais vem sendo reduzida e, ao do Estado?
mesmo tempo, abre-se espaço para as ações Caracteriza-se
de natureza privada, empreendidas pelas pela delimitação do tamanho do Estado, do ponto de
vista administrativo,
organizações sociais sem fins lucrativos,
e de suas
pelas fundações e pelas áreas de responsabilidades, o que se expressa na redução do
responsabilidade social de empresas. Para seu domínio
alguns, este processo tem se configurado institucional e na redefinição do
como uma desresponsabilização do Estado seu papel.
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Gestão em Serviço Social
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Capítulo 1 A Reforma do Estado e os Impactos nas
Políticas Públicas no Brasil
Atividade de Estudos:
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Gestão em Serviço Social
Não bastou muito para que as exigências advindas desse novo modelo
econômico, naquele período, desencadeassem, entre outros efeitos, um forte
impacto sobre a máquina administrativa. Foi neste período que o Estado
transferiu para o setor privado algumas de suas atribuições.
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Capítulo 1 nas Políticas Públicas no Brasil
A Reforma do Estado e os Impactos
O ano de 1989 pode ser apontado como o ano da retomada dos sonhos e
da utopia da construção de um país democrático e menos desigual no Brasil. A
ditadura fora extinta quatro anos antes, com a saída de cena do último presidente
general, aquele que dissera “preferir cheiro de cavalo a cheiro de povo”.
produzidas pelas desigualdades sociais, geradas por este novo modelo capitalista
de produção e desenvolvimento. Nessa mesma época, os programas sociais
compensatórios eram definidos a partir de critérios políticos partidários, emendas
parlamentares, transferência de recursos financeiros aos estados e municípios e
resultava na execução de ações pontuais. Ações que o advento da Lei Orgânica
de Assistência Social – LOAS – buscou mitigar.
O prof. de História Social Fábio Pestana Ramos, que escreve sobre o golpe
de Estado e a ditadura militar pelo prisma político-econômico, afirma que no final
da década de 1970, o Brasil era um dos campeões mundiais de mortalidade
infantil e de desnutrição. O número de crianças abandonadas chegou à casa dos
dez milhões; a dívida externa cresceu rapidamente, fazendo o país refém do
Fundo Monetário Internacional (FMI) e das altas taxas de juros cobradas. Os
gastos do governo, a dívida externa e outros problemas estruturais conduziram a
uma inflação que atingiu proporções nunca antes vistas, corroendo o poder de
consumo da população mais pobre e beneficiando os ricos e o capital
especulativo. (RAMOS, 2011).
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Capítulo 1 nas Políticas Públicas no Brasil
A Reforma do Estado e os Impactos
LEGISLAÇÂO DESTAQUE
17
Gestão em Serviço Social
Destaque especial deve ser dado para a área da Assistência Social, cuja
consolidação como política pública na CF de 1988 foi resultado da luta dos
movimentos sociais e de categorias profissionais organizadas.
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Capítulo 1 nas Políticas Públicas no Brasil
A Reforma do Estado e os Impactos
Atividade de Estudos:
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Gestão em Serviço Social
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Capítulo 1 nas Políticas Públicas no Brasil
A Reforma do Estado e os Impactos
Embora o termo “ONG” tenha sido utilizado na década de 1940 pela ONU
para designar diferentes entidades executoras de projetos humanitários ou de
interesse público (LANDIM, 1993), no Brasil, a expressão se referia,
principalmente, às organizações de “Cooperação Internacional”, formada por
Igrejas (católica e protestante), organizações de solidariedade ou governos de
vários países. Essas organizações priorizavam a ajuda às organizações e aos
movimentos sociais nos países do sul, com o intuito de “consolidar a
democracia”. (COUTINHO, 2005).
Não por acaso, várias das ONGs que emergiram após os anos de 1970
possuíam não só financiamentos internacionais, mas também “[...] o apoio de alas
progressistas da Igreja Católica, que reviu suas posições quanto à organização
da população para participar de movimentos e mobilizações conscientizadoras.”
(GOHN, 2000, p. 12).
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Gestão em Serviço Social
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Capítulo 1 A Reforma do Estado e os Impactos nas Políticas
Públicas no Brasil
Algumas Considerações
Por fim, pode-se entender que este modelo de gestão pública globalizada
abre espaço para a entrada de instituições não governamentais, pois o Estado, ao
fracionar suas funções, transfere responsabilidades para a sociedade civil, reduz
seu espectro de atuação, deixando uma lacuna a ser preenchida por entidades
que integram o “Terceiro Setor”.
Referências
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Brasília: Senado Federal, 1988.
GOHN, Maria da G. Os sem terra, ONGs e cidadania. 2 ed. São Paulo: Cortez,
2000.
24
CAPÍTULO 2
Administração de Programas e
Projetos em Serviço Social
Contextualização
Por último, vamos nos concentrar numa discussão mais ampliada das
políticas de seguridade social e os programas de transferência de renda, os
mecanismos de enfrentamento das desigualdades sociais e suas contradições
frente à concepção universal de proteção social.
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Gestão em Serviço Social
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Capítulo 2 Projetosem Serviço Social
Administração de Programas e
Atividade de Estudos:
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______________________________________________________
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_______________
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____________________________________ Ainda de acordo com a autora, das atividades
_______________ doutrinárias e assistenciais desenvolvidas
____________________________________ pelas primeiras Assistentes Sociais podemos
_______________ destacar: plantão de atendimentos, visitas
____________________________________ domiciliares, reuniões educativas, tratamento
_______________ de casos. Além de inquéritos familiares,
pesquisas sobre as condições de moradia, a desenvolvidas
situação sanitária econômica e moral do pelas primeiras Assistentes
proletariado. Sociais podemos destacar: plantão de atendimentos,
visitas domiciliares, reuniões
educativas,
A atuação das assistentes sociais se tratamento de
ampliava chegando às empresas, com casos. Além
atendimentos individuais e de grupos, de inquéritos
organização de atividades de lazer e familiares,
pesquisas sobre as condições
educativas, benefícios sociais. Também
de moradia, a
passaram situação sanitária econômica e moral do proletariado.
Das atividades doutrinárias e
assistenciais
29
Gestão em Serviço Social
a fazer parte do serviço social médicos, com funções diversas na área de saúde,
voltadas para o atendimento direto aos clientes, com informações, triagem,
orientações e encaminhamentos.
busca de novas oportunidades, alterou o
cenário político e econômico da cidade e a
O Estado Novo
crescente autonomia das organizações
varguista procurou controlar os
movimentos sindicais. Por outro lado, o Estado Novo
de grupos varguista procurou controlar os movimentos
independentes, de grupos independentes, formados pelas
formados pelas classes de proletariados, e criou novas
classes de instituições, como: Seguro Social, Salário
proletariados, e criou novas instituições, como: Mínimo, Assistência Social, Justiça do
Seguro Trabalho e outras.
Social, Salário
Mínimo, Assistência Social, Justiça do Trabalho e
outras.
Durante esse período, grandes modificações
ocorrem no cenário político e econômico no O período do Estado Novo foi, a um só
país, advindas dos avanços da indústria. O tempo, de grande avanço nas políticas
êxodo de contingentes da população, vindos sociais e econômicas, sobretudo
da área rural para os grandes centros na
devido à implantação de uma ampla legislação trabalhista - para os
trabalhadores urbanos - e de apoio à industrialização, e de
expressivo retrocesso em termos de liberdade política, com a
extinção dos partidos políticos, a censura e a repressão. O Tribunal
de Segurança Nacional, criado para julgar participantes da Intentona
Comunista, passou a julgar os adversários do regime. (A
CONSOLIDAÇÃO, 2013).
31
Gestão em Serviço Social
Os anos 1960 foram considerados por muitos como os “anos dourados”, pois
se tratava de uma época em que a ideologia desenvolvimentista foi amplamente
difundida. Vale lembrar que o governo de Juscelino Kubitschek foi definido pela
expansão econômica, o que dava o sentido de prosperidade, riqueza, soberania,
paz social e segurança. Com a ascensão da indústria automobilística e os
investimentos na educação, acreditava-se que as desigualdades sociais
diminuiriam, uma vez que havia forte investimento na industrialização e, por
conseguinte, o fortalecimento da economia. Porém, isso não ocorreu: ao mesmo
tempo em que a ideologia desenvolvimentista ganhava novas adesões e força
política, as questões que impulsionariam o desenvolvimento social se
distanciavam.
32
Capítulo 2 Projetosem Serviço Social
Administração de Programas e
Mota (2008, p. 28) nos remete ao final dos anos 1970 e às crises geradas
pelos “modelos de Welfare State” e pelo exaurimento das experiências do
“socialismo real”, refratando-se a crise, primeiro nos países periféricos capitalistas
centrais e, em seguida, nos periféricos. Esse período vai recolocar a questão
social, ampliada e redefinida, incorporando traços e características reveladoras
de que a desigualdade social é inerente ao desenvolvimento do capitalismo e das
forças produtivas.
33
Gestão em Serviço Social
Taylorismo/ Fordismo:
Esse processo produtivo de trabalho caracterizou-se pela mescla
da produção em série (fordismo) com o cronômetro taylorista, além
da vigência de uma separação nítida entre elaboração e execução.
Para o capital, tratava-se de apropriar-se do savoir-faire do trabalho,
‘suprimindo’ a dimensão intelectual do trabalho operário, que era
transferida para as esferas da gerência científica. A atividade do
trabalho reduzia-se a uma ação mecânica e repetitiva. (ANTUNES,
1999, p.37).
34
Capítulo 2 Projetosem Serviço Social
Administração de Programas e
Para o serviço social, esse momento histórico nos leva a entender o novo
fazer profissional e suas dimensões, que estão intrinsecamente ligadas às
pesquisas investigativas nos campos teóricos, metodológicos, técnicos,
operativos, éticos, políticos e pedagógicos. Como destaca Iamamoto (2005, p.
55):
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Gestão em Serviço Social
Princípios Fundamentais:
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Capítulo 2 Projetosem Serviço Social
Administração de Programas e
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Gestão em Serviço Social
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Capítulo 2 Projetosem Serviço Social
Administração de Programas e
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Gestão em Serviço Social
Sposati (2007) destaca que após todos esses anos de aprovação da LOAS
se alcançou a efetivação do Sistema Único da Assistência Social – SUAS,
baseado no conteúdo da Política Nacional de Assistência Social (PNAS-2004),
que estabelece o campo da proteção socioassistencial com centralidade na
ca¬pacidade protetiva da família. As fragilidades do ciclo de vida, as vitimizações,
as exclusões são objeto da ação a partir da análise de riscos e vulnerabilidades
sociais a que estão sujeitos os indivíduos e as famílias. A direção da política é
afiançar seguranças sociais de acolhida, convívio e capacidade básica de
automanutenção, que possibilitem inclusão e emancipação.
sobre cada uma das políticas de proteção
A política de assistência social tem sua social (Previdência Social, Saúde e
organização direcionada para a realização Assistência Social) e sua articula¬ção no
de três funções: proteção social, vigilância âmbito da seguridade social é ainda um
social e defesa de direitos.
A proteção social hierarquizada em básica e especial
opera através de benefícios em
A proteção social hierarquizada em básica e pecúnia e em
especial opera através de benefícios em bens e uma rede de serviços de
pecúnia e em bens e uma rede de serviços acolhida, convívio e de desenvolvimento
socioeducativo.
de acolhida, convívio e de desenvolvimento
socioeducativo.
Algumas Considerações
Neste capítulo foram abordados temas que originaram a profissão do
Serviço Social no Brasil, a partir da década de 30, em seu contexto histórico,
que, sob forte influência da Igreja Católica, deu os primeiros passos para uma
formação Científica, Técnica, Moral e Doutrinária, com princípios inerentes a uma
atuação qualificada, num recorte de gênero, ao Curso Intensivo de Formação
Social para Moças.
42
Capítulo 2 Projetosem Serviço Social
Administração de Programas e
Nesse contexto, as práticas do Serviço Social dos anos 1960, que estavam
sob a orientação de técnicas tradicionais, foram definidas por Neto (2005, p. 5),
como: “[...] prática empirista, reiterativa, paliativa e burocratizada, claramente
funcionalista que visava a enfrentar as incidências psicossociais da ‘questão
social’ sobre indivíduos e grupos, sempre pressuposta a ordenação capitalista”.
Inicia-se, aqui, o processo de um movimento que buscava romper com a linha
conservadora, a partir de uma reflexão crítica do significado da profissão e seus
pressupostos ideológicos, teóricos e metodológicos.
43
Gestão em Serviço Social
_____. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil. 17. ed. São Paulo, Cortez,
2005.
NETO, J.P. Ditadura do Serviço Social: Uma Análise sobre o Serviço Social no
Brasil pós 64. São Paulo: Cortez,1990.
44
Capítulo 2 Projetosem Serviço Social
Administração de Programas e
et al. (Orgs.). Serviço Social e Saúde. 4. ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF:
OPAS, OMS, Ministério da Saúde, 2009.
CAPÍTULO 3
Gestão de Serviços Sociais
e Gestão Social
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:
Contextualização
49
Gestão em Serviço Social
entendimento é de fundamental importância
para a continuidade do estudo. São eles: a)
serviços públicos; b) serviços públicos
Serviço público é todo aquele
prestado pela sociais.
Administração ou por seus delegados, sob normas e
controles estatais, para satisfazer Segundo assinala Meirelles (2008, p. 294) o
necessidades “serviço público é todo aquele prestado pela
essenciais ou
Administração ou por seus delegados, sob
secundárias da coletividade,
ou simples normas e controles estatais, para satisfazer
conveniências necessidades essenciais ou secundárias da
do Estado. coletividade, ou simples conveniências do
(MEIRELLES, 2008, p. 294) Estado”.
Serviços Públicos e Serviços
Públicos Sociais
Durante a contextualização deste caderno Alguns serviços são públicos por
abordamos dois conceitos cujo determinação constitucional,
como, por exemplo, aqueles adstritos à União, constantes da CF de
1988, a saber:
50
Capítulo 3 Gestão de Serviços Sociais e Gestão Social
Importante dizer que há, ainda, as entidades que integram o Serviço Social
Autônomo. Há um debate jurídico sobre a natureza dos serviços sociais
autônomos, que não serão tratados no presente estudo haja vista a sua amplitude
e complexidade. Aproveitamos a definição de Meirelles (2005 apud FERREIRA,
2013) no âmbito do direito administrativo, a qual nos parece mais apropriada para
o presente estudo:
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Gestão em Serviço Social
Atividade de Estudos:
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Capítulo 3 Gestão de Serviços Sociais e Gestão Social
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Gestão em Serviço Social
Vale enfatizar que a expressão gestão social tem sido utilizada para
representar um modelo especial de problematizar e gerir realidades
sociointeracionais complexas no qual a concepção de público não se restringe à
ideia de Estado, mas, mais do que isto, compreende uma perspectiva
sociocêntrica em que a concepção de público é ampliada e se equipara a
interesse público. (KEINERT, 2000 apud BOULLOSA; SCHOMMER, 2009, p. 2).
54
Capítulo 3 Gestão de Serviços Sociais e Gestão Social
Pedro B. de Abreu Dallari (1996 apud ROCHA, 2011, p.1) afirma que a
participação popular, conforme apresentada na Constituição Federal de 1988,
55
Gestão em Serviço Social
Responsabilidade Social
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Capítulo 3 Gestão de Serviços Sociais e Gestão Social
57
Gestão em Serviço Social
Agentes Públicos
Na visão do Direito Administrativo, o agente público é a pessoa
física incumbida do exercício de uma função pública. No caso em
pauta, são os gestores das políticas sociais, os técnicos das
unidades de atendimento, os conselheiros da assistência social e
outros que se enquadrem no principal requisito descrito no conceito
anterior no que diz respeito à função.
58
Capítulo 3 Gestão de Serviços Sociais e Gestão Social
exemplo, os conselhos setoriais, as
comissões, os fóruns e os colegiados de
os quais são direcionados os serviços gestores, abrangendo representantes dos
públicos, garantindo o acesso aos direitos três entes federados e do Distrito Federal, os
sociais assegurados na Constituição Federal quais enunciam novas leis, portarias,
de 1988. resoluções, normas operacionais, entre
outros documentos.
Uma primeira consideração a ser feita é que
para uma boa gestão é importante que o Essas três políticas citadas como exemplo
gestor de ações públicas, em qualquer nível possuem, também, sistemas informatizados
dentro da escala hierárquica do serviço de gestão bastante estruturados, abrangentes
público, tenha um bom conhecimento dos e dinâmicos, por meio dos quais os gestores
instrumentos que orientam a gestão das podem acessar informações sobre
políticas sob sua responsabilidade. atendimento, aplicação de recursos e, assim,
construir indicadores e estratégias de
Existem diretrizes de caráter geral na aprimoramento das ações sociais.
Constituição Federal de 1988 que orientam a
organização e a administração das políticas A gestão social requer ainda do gestor
sociais e outras normas complementares e público a constante análise do contexto,
regulamentadoras relativas à gestão dos levando-se em conta os aspectos
serviços públicos, em especial nas áreas de multidimensionais que envolvem os
assistência social, saúde e educação. Em problemas atendidos por determinada área
tais áreas setoriais são definidos diversos das políticas sociais. Na prática, isso
espaços de deliberação e aprimoramento de significa assumir uma postura mais aberta
diretrizes, princípios, mecanismos e para a ação cooperativa e intersetorial na
instrumentos de gestão das políticas e de dinâmica de desenvolvimento
pactuação quanto à forma de
operacionalização das ações, como, por O papel do
gestor, no âmbito da política Seus esforços devem estar orientados para dar
governamental, é organizar e respostas às demandas
preparar as dos usuários
estruturas e integrar os recursos aos órgãos para os quais são direcionados os serviços sociais
incumbidos da administração, estabelecendo públicos, garantindo o acesso aos
as atribuições e a relação entre eles, além de garantir direitos sociais
a funcionalidade e a assegurados
continuidade das ações e monitorar os resultados de na Constituição Federal de 1988.
forma articulada com outros setores e instituições.
das políticas públicas, pois somente dessa maneira será possível aproximar se de
uma solução mais efetiva e para as situações atendidas. Esta visão está
associada, também, às noções de interdependência e indivisibilidade dos direitos
(humanos) a partir do que se entende que não há liberdade em seu sentido pleno
(direito civil), não há dignidade, sem a garantia do acesso à proteção social, ao
trabalho, à renda, à educação, à saúde, à segurança alimentar, entre outros.
59
Gestão em Serviço Social
Atividade de Estudos:
Algumas Considerações
Como vimos no texto, a fase atual do processo de reforma do Estado se
desenvolve na direção do aperfeiçoamento de formas de gestão mais
democráticas, cooperativas e associativas, que envolvem entidades públicas e
60
Capítulo 3 Gestão de Serviços Sociais e Gestão Social
Referencias
ALCOFORADO, Flavio. O Instituto de Governança Social: avanços e
perspectivas no desenho de um novo arranjo organizacional. 2009. Disponível
em: <http://www.seplag.rs.gov.br>. Acesso em: 03 fev. 2013.
61
Gestão em Serviço Social
62
CAPÍTULO 4
Entidades Privadas e Possibilidades de
Cooperação com o Setor Público na Gestão de
Serviços Sociais
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:
Contextualização
65
Gestão em Serviço Social
O Terceiro Setor
No que consiste o terceiro setor?
Quais são as entidades que compõem o terceiro setor?
É importante que você compreenda que este é um tema que tem provocado
muitas reflexões, resultando em diferentes percepções acerca da funcionalidade,
objetivos e características do terceiro setor. Alguns conceitos são trabalhados por
diferentes autores, que têm se destacado entre os estudiosos do assunto, dentre
os quais distinguimos o sociólogo Rubem Cesar Fernandes, que apresenta a
seguinte análise:
66
Capítulo 4 Possibilidades de Cooperação Com o Setor
Entidades Privadas e Público na Gestão de Serviços Sociais
Essas organizações não fazem parte do Estado, nem a ele estão vinculadas,
mas se revestem de caráter público na medida em que se dedicam a causas e
problemas sociais e em que, apesar de serem sociedades civis privadas, não têm
como objetivo o lucro, e sim o atendimento das necessidades da sociedade.
67
Gestão em Serviço Social
usuários são considerados sujeitos de
direitos, com vistas à universalização efetiva
da cidadania.
Assim, em linhas gerais podemos afirmar que o
terceiro setor
é constituído Maria Lúcia Prates Rodrigues (1998, p. 31)
por instituições ressalta neste cenário um ator essencial, a
(associações ou fundações privadas) não sociedade civil, que “[...] organiza-se e busca
governamentais, que expressam
soluções próprias para suas necessidades e
a sociedade civil organizada para ações de interesse
público em problemas, fora da lógica do Estado e do
diversas áreas e segmentos. Reflexo do progresso mercado.”
da perspectiva
filantrópica e Sobre o conceito de sociedade civil, vejamos
caritativa para uma atuação profissional e técnica, em a definição da London School of Economics,
que os usuários são considerados sujeitos de direitos,
com vistas à apresentado por Scholte (2002, p. 20):
universalização
efetiva da cidadania. Sociedade civil refere-se à arena de ações
Assim, em linhas gerais, podemos afirmar coletivas voluntárias em torno de interesses,
propósitos e valores. Na teoria, as suas formas
que o terceiro setor é constituído por
institucionais são distintas daquelas do estado,
instituições (associações ou fundações família e mercado, embora na prática, as
privadas) não governamentais, que fronteiras entre estado, sociedade civil, família e
expressam a sociedade civil organizada para mercado sejam frequentemente complexos,
indistintos e negociados. A sociedade civil
ações de interesse público em diversas áreas comumente abraça uma diversidade de espaços,
e segmentos. Reflexo do progresso da atores e formas institucionais, variando em seu
perspectiva filantrópica e caritativa para uma grau de formalidade, autonomia e poder.
Sociedades civis são frequentemente povoadas
atuação profissional e técnica, em que os
por organizações como instituições de caridade,
organizações não governamentais de comerciais, coalizões e grupos ativistas.
desenvolvimento, grupos comunitários,
organizações femininas, organizações religiosas,
Existe uma infinidade de definições acerca
associações profissionais, sindicatos, grupos de
autoajuda, movimentos sociais, associações da “sociedade
civil”, algumas delas antagônicas, inclusive, sendo possível eleger
quatro matrizes teóricas que se destacam contemporaneamente
neste assunto: neotocquevilliana, neoliberal, habermasiana e
gramsciana. Trata-se de um debate complexo, que requer um maior
aprofundamento, para tanto, indicamos a leitura do texto de Paulo
Sérgio Pinheiro (In: AVRITZER, 1994): “Sociedade civil: a mágica e a
sedução do conceito”.
68
Capítulo 4 Possibilidades de Cooperação Com o Setor
Entidades Privadas e Público na Gestão de Serviços Sociais
69
Gestão em Serviço Social
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Capítulo 4 Possibilidades de Cooperação Com o Setor
Entidades Privadas e Público na Gestão de Serviços Sociais
– remuneração média dos homens (R$ 1.980,08), sendo para o total dos
assalariados, R$ 1.667,05 mensais naquele ano.
AMPARO LEGAL CF (Art. 5º) e Código Civil. CF (Art. 5º), Código Civil e
Lei 5.764/71.
72
Capítulo 4 Possibilidades de Cooperação Com o Setor
Entidades Privadas e Público na Gestão de Serviços Sociais
Patrimônio formado por bens públicos. Patrimônio formado por dotações dos
Institui dores.
Bens e renda é patrimônio público. Bens e Direitos vinculados ao Código Civil.
Fonte: As autoras.
73
Gestão em Serviço Social
74
Capítulo 4 Possibilidades de Cooperação Com o Setor
Entidades Privadas e Público na Gestão de Serviços Sociais
Nos termos da
e) Organizações Sociais (OSs) (dotações orçamentárias, isenções fiscais
etc.), realizando, assim, seus fins, que
A Organização Social (OS) é uma devem ser necessariamente de interesse da
qualificação, um título, que a Administração comunidade.
outorga a uma entidade privada, sem fins
lucrativos, para que possa receber Nos termos da Lei Federal no 9.637/1998, o
determinados benefícios do Poder Público Poder Executivo poderá qualificar como
organizações sociais pessoas jurídicas de certas atividades que vêm sendo exercidas
direito privado, sem fins lucrativos, cujas pelo Poder Público sem necessidade de
atividades sociais sejam dirigidas ao ensino,
concessão ou permissão.
à pesquisa científica, ao desenvolvimento Lei Federal no
tecnológico, à proteção e à preservação do 9.637/1998, o
meio ambiente, à cultura e à saúde, Poder Executivo poderá qualificar como organizações
sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins
atendidos os requisitos previstos nesta
lucrativos, cujas atividades sociais sejam dirigidas ao
mesma lei. ensino, à pesquisa científica, ao
desenvolvimento tecnológico, à
A criação de organizações sociais atendeu à proteção e à
necessidade do Estado de encontrar um preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde,
atendidos os
instrumento que permitisse a transferência
requisitos previstos nesta mesma lei.
para as entidades privadas da execução de
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Gestão em Serviço Social
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Capítulo 4 Possibilidades de Cooperação Com o Setor
Entidades Privadas e Público na Gestão de Serviços Sociais
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Gestão em Serviço Social
• Promoção do voluntariado;
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Capítulo 4 Possibilidades de Cooperação Com o Setor
Entidades Privadas e Público na Gestão de Serviços Sociais
Utilidade Pública
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Gestão em Serviço Social
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