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Critérios de Avaliação em Curso de Redação Empresarial

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06 A 09 D E M AI O D E 2 0 1 5 - S AN T A M A RI A - R S I S SN 2 446 - 5 5 4 2

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO EM CURSO DE REDAÇÃO EMPRESARIAL NO


CONTEXTO DE EDUCAÇÃO CORPORATIVA

Moisés de Figueiredo Guimarães*


Viviane Sartori**

Resumo: Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de verificar quais critérios de avaliação
foram adotados em um curso de Redação Empresarial em uma empresa de grande porte
localizada na cidade do Rio de Janeiro. O trabalho demonstra ainda como historicamente a
educação tecnicista influencia as técnicas utilizadas nas empresas para promover o
conhecimento entre seus funcionários e de que forma a educação corporativa surge no Brasil,
apontando mudanças nos paradigmas educacionais até então vigentes.

Palavras-chave: Avaliação. Redação empresarial. Educação tecnicista. Educação corporativa.

Introdução

Esta pesquisa pretende demonstrar quais foram os critérios estabelecidos para avaliar
os alunos/empregados de uma grande empresa do ramo de energia no Brasil em um curso de
aperfeiçoamento em Redação Empresarial na cidade do Rio de Janeiro. Pretende-se
demonstrar que caminhos foram traçados pelo corpo docente para aferir nota e/ou
aproveitamento em turmas heterogêneas em um contexto de educação corporativa.
A pesquisa contemplará as estratégias utilizadas pelo professor do curso de Redação
Empresarial para construção do conteúdo programático e desenvolvimento do material
didático utilizado pelos alunos em sala de aula. Serão demonstrados os conhecimentos
linguísticos mínimos exigidos para aferir nota de aproveitamento da turma, e individualmente,
uma vez que a “avaliação” em curso de aperfeiçoamento da Escola de Gestão e Negócios 1

*
Graduado em Letras pela UFMG (2004), especialista em Produção de Materiais Didáticos pela FacCCAA/RJ
(2008) e mestrando em Educação pela FUNIBER (Fundação Universitária Iberoamericana). E-mail:
moiguibr@yahoo.com.br
**
Mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento. Orientadora do Programa de Pós-Graduação “Máster em
Educación” pela FUNIBER (Fundação Universitária Iberoamericana). E-mail: viviane.sartori@funiber.org
1
Esta escola pertence a uma grande empresa estatal do ramo de energia e está situada numa universidade
corporativa na cidade do Rio de Janeiro.

VI Congresso Internacional de Educação


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Critérios de avaliação em curso de redação empresarial no contexto de educação corporativa
Moisés de Figueiredo Guimarães; Viviane Sartori

visa compreender se o curso de Redação Empresarial está atingindo a meta de contribuir para
o processo de desenvolvimento do conhecimento do aluno/empregado.
Além disso, é importante citar que o estudo se baseia em questionar a metodologia
utilizada, tomando como teórico Philippe Perrenoud em seu estudo sobre Avaliação em que se
apresenta a ideia prévia de regulação da aprendizagem na escola em função da qual se
decidirá a progressão no curso ofertado.
Este trabalho visa compreender o processo de avaliação que se dá em cursos de
aperfeiçoamento. Embora o contexto desta pesquisa seja em uma Escola de Gestão e
Negócios dentro de uma Empresa Estatal de grande porte do ramo de energia, foram
observados quais processos se dão na construção de um conteúdo a ser avaliado no curso de
Redação Empresarial, ou seja, no curso em que leciono dentro desta instituição.
O tema escolhido nesta pesquisa vai de encontro a uma antiga inquietação minha, uma
vez que, como professor de educação de jovens e adultos no Programa do governo Federal –
PROJOVEM – em Belo Horizonte em 2005, percebia a urgência de se repensar os critérios
adotados nos processos avaliativos nos variados contextos da sala de aula desde aquela época.
O curso Redação Empresarial era destinado nesta empresa somente para empregados
concursados em que somente empregados próprios poderiam acessá-lo através de uma prévia
inscrição. Sua indicação estava atrelada a sua atividade, e havia um intuito de desenvolver
competências individuais para o cumprimento das metas estabelecidas pela empresa. Portanto,
o curso passa a ter um objetivo concreto em dar ao trabalhador condições necessárias para que
ele possa competir de igualdade com o mercado de trabalho e ao mesmo tempo, promover a
melhoria contínua do seu trabalho. A avaliação ocorre no final do curso com o intuito de ser
balizadora do processo de aprendizagem do aluno e, com isso, servir para aprimorar as
técnicas e os recursos didáticos utilizados em sala de aula.

1 Desenvolvimento

O objetivo geral desta pesquisa é apresentar os critérios de avaliação para o curso de


Redação Empresarial em contexto de educação corporativa e demonstrar quais estratégias
foram utilizadas pelo docente no contexto da instituição pesquisada: Escola de Gestão e
Negócios de uma empresa estatal de grande porte do ramo de energia.

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1.1 Objetivos específicos

a) Relatar a experiência na construção de material didático para o curso de


aperfeiçoamento em Redação Empresarial para empresa de grande porte do ramo de energia;
b) Descrever os critérios de avaliação em contexto corporativo;
c) Apresentar alguns possíveis caminhos para avaliação em turmas heterogêneas
em contexto de educação corporativo.

1.2 Problematização do estudo

O problema da pesquisa é: “Como estabelecer critérios de avaliação em curso de


aperfeiçoamento em Redação Empresarial em turmas de educação corporativa?”
Como o foco da nossa pesquisa é compreender como se dão os processos de avaliação
de curso de Redação Empresarial em contexto corporativo, é preciso definir conceitualmente
o que é educação corporativa e como ela se aplica à realidade das atividades exercidas por
esses alunos-empregados.
Antes de conceituarmos educação corporativa, ao realizar a pesquisa, foi possível
contestar alguns preconceitos estabelecidos que presumem que educação corporativa seja
educação tecnicista. Afinal de contas, a função técnica da educação corporativa definiria que
ela seja educação tecnicista? O que difere essas duas vertentes? Historicamente, temos que a
educação tecnicista – no Brasil foi muito difundida na época da ditadura militar – é aquela
que o aluno.
Historicamente, a educação tecnicista surge com um modelo pedagógico inspirada nas
teorias behavioristas da aprendizagem nos Estados Unidos a partir da segunda metade do séc.
XX. A uma intervenção muito grande exigida pelo próprio sistema capitalista. No Brasil, nas
décadas de 60 e 70, período da ditadura militar, a ênfase ao modelo de pedagogia tecnicista 2
ganha força, sobretudo porque o governo entende que a educação formal (ou tradicional) não
prepara o aluno ao mercado de trabalho, e essa carência no setor faz com que o país não se
desenvolva. Entretanto, como ressalta Demerval Saviani, essa pedagogia não contribuiu para
o desenvolvimento de outras competências necessárias para o desenvolvimento intelectual do
aluno, a saber:

2
Esta proposta foi utilizada no período do regime militar do país, onde era necessário formar mão-de-obra para o mercado de
trabalho. Aqui temos o formato behaviorista de ensino, onde eram utilizados estímulos, reforços negativos e positivos para se
obter a resposta desejada, moldando o comportamento do sujeito, de forma a controlar a conduta individual. Era ensinado
apenas o necessário para que os indivíduos pudessem atuar de maneira prática em seus trabalhos.
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A partir do pressuposto da neutralidade científica e inspirada nos princípios de


racionalidade, eficiência e produtividade, a pedagogia tecnicista advogou a
reordenação do processo educativo de maneira a torná-lo objetivo e operacional. De
modo semelhante ao que ocorreu no trabalho fabril, pretendeu-se a objetivação do
trabalho pedagógico. Buscou-se, então, com base em justificativas teóricas derivadas
da corrente filosófico-psicológica do behaviorismo, planejar a educação de modo a
dotá-la de uma organização racional capaz de minimizar as interferências subjetivas
que pudessem pôr em risco sua eficiência. Se na pedagogia tradicional a iniciativa
cabia ao professor e se na pedagogia nova a iniciativa deslocou-se para o aluno, na
pedagogia tecnicista o elemento principal passou a ser a organização racional dos
meios, ocupando o professor e o aluno posição secundária. A organização do
processo converteu-se na garantia da eficiência, compensando e corrigindo as
deficiências do professor e maximizando os efeitos de sua intervenção (SAVIANI,
19983, grifo meu).

Essa foi a grande crítica do educador Paulo Freire. A função restritiva da pedagogia
tecnicista (educação tecnicista) fazia que outras competências não fossem desenvolvidas no
aluno, limitando-o ao conhecimento amplo e universal. Mas, é preciso entender que – até
onde se acreditava na eficácia dessa educação – os resultados foram grandes no Brasil,
sobretudo em termos de oferta de cursos técnicos para estudantes de classe média e baixa, que
com a falta de qualificação e pouca perspectiva de acesso às universidades, se via cooptados
nessa rede de ter que se inscrever num curso técnico para “conseguir” alcançar uma
qualificação profissional e ser inserido no mercado de trabalho.
Na educação corporativa o desenvolvimento das competências técnicas e
comportamentais de seus atores (empregados, funcionários, colaboradores) é o principal
carro-chefe dessa pedagogia, é o que nos diz Bertha de Borja Reis do Valle:

A educação corporativa, entendida como um sistema de aprendizagem com foco nos


seus participantes, busca desenvolver as competências técnicas e comportamentais
para que todos se envolvam com as metas e objetivos da organização e tenham o
desejo de aprender mais, de conhecer melhor o ambiente de trabalho e de suas
possibilidades profissionais. Enfim, vai tornar possível o desenvolvimento de uma
cultura institucional, com identidade própria, com valores e tradições, com uma
história (VALLE, 2005, p.X.).

Historicamente, a educação corporativa é algo recente no Brasil, e começa surgir


conceitualmente nas últimas três décadas. As empresas, principalmente aquelas de grande
porte no Brasil, como CAIXA, Petrobras, Banco do Brasil, Vale, possuem internamente suas
próprias universidades corporativas. Mas, o que são universidades corporativas? Para que
servem?
As universidades corporativas surgem no Brasil com intuito de responder com mais
eficácia às demandas do mercado. Não que as instituições tradicionais não preparassem seus

3
Disponível em: <http://cantodestudo.blogspot.com.br/>.
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alunos para o mercado de trabalho, ocorre que há um déficit, segundo analistas, entre eles
GOULART, que compreendem uma formação em que a aprendizagem é fortemente baseada
em conceitos acadêmicos, e não baseada na prática do mundo dos negócios.

As universidades corporativas atuam desenvolvendo novos formatos e metodologias


mais adequadas ao atendimento das necessidades da organização, que possam
garantir maior agilidade, flexibilidade e redução de custos. Ao tempo, promovem a
gestão do conhecimento e dos talentos, visando direcioná-los para a realização das
estratégias da organização (GOULART, 2005, p. 41, grifo meu).

A partir do momento que eu desenho um “modelo” mais adequado de ensino-


aprendizagem para minha organização, a eficiência na obtenção de resultados é notoriamente
correspondida. Sobretudo porque os gestores que trabalham para o aperfeiçoamento das
habilidades dos funcionários apontarão quais serão as reais demandas dessas áreas e como
habilitar os “instrutores” (professores inclusive vindos de instituições educacionais externas)
para que os cursos possam ser formatados da maneira em que o trabalhador se sinta
confortável para desenvolver sua capacitação. Algumas instituições, por exemplo, optam pelo
formato em EAD (educação a distância) por entender que é mais viável economicamente para
a empresa e por propiciar uma flexibilidade maior para o empregado realizar o estudo.

2 Metodologia

A metodologia utilizada nessa pesquisa foi qualitativa. Através das avaliações


aplicadas no curso de Redação Empresarial para cinco turmas da universidade corporativa de
uma grande empresa do ramo de energia, foram verificadas as competências adquiridas em
língua portuguesa para as atividades voltadas no negócio.
Através de três formas de avaliação: participativa (referente a participação em sala de
aula nas dinâmicas e atividades propostas), interativa (de contribuir para o aprendizado
coletivo – atividades em grupo) e formativa (de caráter formal, aquela que ao final do curso
verifica-se se o conhecimento apreendido foi alcançado) foi possível verificar se o aluno
alcançou o desenvolvimento individual a ele requerido através de sua inscrição para o curso
de Redação Empresarial.
Os instrumentos de pesquisa que utilizamos em sala de aula foram:
a) Após a apresentação do Novo Acordo Ortográfico, solicitamos que os alunos-
empregados realizassem em grupo (de 5 a 7 pessoas, dependendo da quantidade de alunos na
turma) uma seleção de palavras que pudessem representar cada exemplo das alterações
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significativas do Novo Acordo Ortográfico. Nisso, eles utilizaram os jornais distribuídos e


recortavam as palavras e as classificavam nos grupos afins.
b) Após apresentarmos o vídeo sobre discurso direto e indireto, solicitamos aos
alunos que realizassem as atividades propostas na apostila que dizem a ver com a temática,
solicitando que eles apresentassem as versões do discurso direto e indireto nos exemplos,
atentando para a voz passiva e ativa na construção das orações;
c) No último dia de aula, compreendida numa carga horária de 16h, foi realizado
a avaliação formativa. Nela constavam conteúdos referentes ao conhecimento esperado do
material didático desenvolvido no curso de Redação Empresarial.

3 Resultados

Cinco turmas do curso de Redação Empresarial foram selecionadas na Universidade


Corporativa de uma empresa de grande porte do ramo de energia do Rio de Janeiro, durante o
ano de 2014. Foram realizadas avaliações que procuravam verificar o grau de apreensão do
conhecimento obtido durante o curso através da apostila (material didático) utilizada.
Em sala de aula, foi observado os seguintes aspectos:
a) Conhecimento prévio em língua portuguesa;
b) Desenvoltura na escrita;
c) Competência redacional em contexto corporativo.
Como dito anteriormente, as turmas são formadas por empregados de diversos setores
da grande empresa do ramo de energia aqui analisada. São as suas gerências que traçam os
cursos que esses alunos-empregados irão realizar para o desenvolvimento de suas
competências, conhecido internamente como GD (Gestão de Desenvolvimento).
No curso de Redação Empresarial, procurou-se expor quais são as necessidades de
trabalhar alguns conteúdos para o aperfeiçoamento da escrita desses trabalhadores e,
sobretudo, de atualização do Novo Acordo Ortográfico vigente desde 2009.
Foi demonstrado ainda quais são as habilidades necessárias para a construção do texto.
A construção de um texto se deve a várias fatores, mas no contexto empresarial dá-se através
das ações e deliberações para alcançar um projeto ou resolução de um problema. O texto, por
sua vez, tem uma base que não escapa da delimitação dos objetivos, a natureza da
comunicação e a forma de apresenta-lo.

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3.1 Dos resultados do objeto dessa pesquisa

A média de aproveitamento do curso de Redação Empresarial no período analisado – março a


dezembro de 2014 – na Universidade Corporativa de uma Empresa de Grande Porte do Ramo
de Energia com matriz na cidade do Rio de Janeiro (RJ) foi alta. Como é possível verificar no
quadro abaixo. Observe o gráfico do Quadro comparativo:

Quadro 01 – Quadro comparativo Media Redação Empresarial


Universidade Corporativa de Empresa de Grande Porte do Ramo de Energia
nº de Resultado -
característica
Período Nível alunos Local média Aproveitamento
turma
presentes notas
Redação UP-Rio de
19/03-21/03 pós-graduação 33 9,13 A
Empresarial Janeiro
Redação
27/03-28/03 Técnico 19 CENPES - Rio 8,49 A
Empresarial
Redação UP-Rio de
04/03-05/08 Técnico 17 8,71 A
Empresarial Janeiro
Redação
18/09-19/09 Técnico 16 UP-Salvador 8,92 A
Empresarial
Redação
18/12-19/12 Técnico 18 UP-Salvador 9,05 A
Empresarial

Quadro 02 – Resultado – médias notas

Resultado - média notas


9,2
9
8,8
8,6
8,4
8,2
8
Empresarial

Empresarial

Empresarial

Empresarial

Empresarial

Resultado - média notas


Redação

Redação

Redação

Redação

Redação

19/03- 27/03- 04/03- 18/09- 18/12-


21/03 28/03 05/08 19/09 19/12

A turma de Pós-graduação, com 33 alunos, teve um desempenho muito superior aos


demais alunos que compõem o quadro funcional técnico nesta empresa. Fazendo uma análise,
podemos concluir que os alunos com maior grau de escolaridade tem um desempenho
redacional melhor que os alunos com menor grau de escolaridade. O conhecimento prévio
somado com a avaliação necessária à qualificação do candidato a titulação de pós em MBA

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pode sinalizar que há uma disposição maior por parte desse aluno-empregado em focar seus
estudos em prol de um objetivo comum: seu interesse em especializar e o interesse de sua
empresa em investir no seu crescimento profissional. Como é um investimento que a empresa
faz para o aluno, pagando o curso para que ele possa se qualificar, o nível de
comprometimento é maior, diferentemente do curso de “rotina”, que acaba sendo da
programação de GD (gestão de desenvolvimento) do aluno que o faz sem dar uma maior
“ênfase” ao seu aprendizado. Isso não quer dizer que o aproveitamento de estudo de um
funcionário do quadro técnico seja razoavelmente inferior ou que não tenha a qualidade de um
candidato com nível superior. As relações variam de turma para turma e do “ambiente” que é
criado para no período de aula para o desenvolvimento das atividades de Redação
Empresarial.
Observe que no quadro acima, a turma do CENPES (Centro de Pesquisa dessa
Empresa de Grande Porte do Ramo de Energia) teve o menor aproveitamento de nota,
entretanto, sua média continuou alta, entendendo que o aproveitamento B está para alunos que
tiraram notas abaixo de 8,00 pontos. Além disso, é preciso frizar que a avaliação final não
vale 100, e sim 80, porque duas outras atividades são realizadas em sala de aula, propiciando
uma avaliação de desempenho no transcorrer do curso. O aluno, dessa maneira, pode se
favorecer também da consulta ao material a qualquer momento para retomada do tema
abordado e leitura do conteúdo programático já apresentado.
Nessas cinco turmas avaliadas em espaços distintos geograficamente (UP-Rio, UP-
Salvador e CENPES-Rio) cabe aqui uma análise comparativa porque quando nos referimos ao
ambiente, salas confortáveis, com recursos didáticos disponíveis, power-point, etc, somados
ao deslocamento desses funcionários para suas respectivas unidades de trabalho, pode
contribuir para sua maior disponibilidade de participação e envolvimento em sala.
O texto no contexto da Redação Empresarial tem uma especificidade. Ele serve para
uma tarefa que é comunicar as partes interessadas dentro e fora da empresa sobre as
deliberações necessárias para atividade a elas conferida. Portanto, não se pode negar a
intenção do texto, como vimos é preciso saber para quem será elaborado o texto e por sua vez,
o aluno-empregado deverá ter a mesma percepção que o texto existe por uma necessidade
social, para cuja realização se elabora, cujo conteúdo se fixa de acordo com a situação
comunicativa e a intenção do falante.

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Conclusões

Esta pesquisa procurou compreender melhor que concepções pedagógicas subjazem a


atual prática de avaliação do processo ensino-aprendizagem em uma empresa em curso de
aperfeiçoamento em Redação Empresarial. Foi visto que o acompanhamento pedagógico por
parte do professor é fundamental para o desenvolvimento do aluno. Sobretudo, por entender
que o conhecimento prévio do aluno-empregado é importante para o seu processo de
aprendizagem.
Não se pode negar que o conhecimento é algo controlado dentro de uma empresa. Ela
investe no trabalhador com um propósito. E esse propósito está direcionado em que objetivos
ela pretende atingir com a qualificação daquele profissional. Então, a gestão do conhecimento
é algo que a empresa valoriza no sentido de dar ferramentas para que ela possa “desenvolver”
potenciais que façam atingir o seu plano estratégico.
No escopo analisado foi verificado que os empregados inscritos nas turmas de
Redação Empresarial precisariam desenvolver competências redacionais para que pudessem
ser usadas estrategicamente nas atividades da empresa. Saber avaliar o aluno é fundamental,
sobretudo para repor metodologias que sejam mais eficazes nessa “carência” de
aperfeiçoamento. Entretanto, o que as grandes empresas querem ao investirem em seus
profissionais é que a avaliação seja formativa, ou seja, aquela que preocupa-se com o
processo de apropriação dos saberes pelo aluno, os diferentes caminhos que percorre,
mediados pela intervenção ativa do professor, a fim de promover a regulação das
aprendizagens, revertendo a eventual rota do fracasso e reinserindo-o no processo educativo.
Através da pesquisa, verificou-se que a variedade de métodos de avaliação contribui
para compreender parte de um todo, não necessariamente o todo porque o modelo de
avaliação qualitativa configura-se um modelo de transição, por ter como centralidade a
compreensão dos processos dos sujeitos e da aprendizagem, o que produz uma ruptura com a
primazia do resultado característico do processo quantitativo.
Além disso, a maioria dos sistemas educativos exerce algum controle sobre a
qualidade de seu produto (CUTTANCE, 2006, p.20). Para garantir que sejam obtidos os
resultados em qualidade é preciso que os sistemas de inspeção façam o controle e a
certificação dessa qualidade requerida. Portanto, na educação, esses “reparos” são um dos
aspectos de processos, como a retenção de alunos, até que tenham atingido um certo padrão e
não-certificação formal de alguns deles, conclui.

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A grande crítica aos cursos de aperfeiçoamento está na não continuidade modulares do


aprendizado. Ou seja, os alunos-empregados são inscritos por suas respectivas gerências para
um determinado curso de aperfeiçoamento e o curso é compactado num formato que não há a
continuidade ou o aprendizado em módulos que poderiam ser mais eficazes para dar
prosseguimento a esses estudos.
Como professor, acredito que o conhecimento adquirido precisa ser “reavivado” no
decorrer do processo por não ser tão eficaz a avaliação somativa. Os dados levantados –
médias das turmas – só nos mostram um cenário pontual sobre o aproveitamento a partir de
estímulos propostos nas atividades em sala de aula. Como FREIRE, PERRENOUD, MORIN
nos dizem, a educação é um processo contínuo que ocorre no indivíduo e deve ser estimulado
para que o conhecimento possa se aflorar e por fim, dinamizar. Concluo com uma frase
importante de MORIN (1999) “o conhecimento não é um espelho das coisas ou do mundo
externo. Todas as percepções são, ao mesmo tempo, traduções e reconstruções cerebrais com
base em estímulos ou sinais captados e codificados pelos sentidos”. Dessa maneira, a
avaliação diagnóstica aponta um recurso didático para melhor aferir que grau de
conhecimento foi atingido pelo aluno até aquele estágio, não sendo, assim, uma avaliação
conclusiva, uma vez que existem outros fatores sócio-históricos que interferem no processo
do ensino-aprendizagem.

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