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Diagnóstico de Cárie

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ETIOLOGIA,

DETECÇÃO E
DIAGNÓSTICO
DE CÁRIE
• É uma doença complexa multifatorial e dinâmica
causada pelo desequilíbrio nos processos de troca
de minerais entre os tecidos dentários e o meio
líquido da cavidade bucal.
A CÁRIE
• Com predomínio dos episódios de
desmineralização, causando a destruição
progressiva da parte mineral do dente.
DENTE HÍGIDO
ESTÁGIO DE ESTABILIDADE DINÂMICA
Episódios de acidificação são fracos e infrequentes
Estreptococos do grupo não mutans +
Actinomyces ssp. Ganho de mineral pelos processos de
(Ausência de S. Mutans e Lactobacilos
desmineralização e remineralização
MANCHA BRANCA

ESTÁGIO ACIDOGÊNICO Aumento da acidogenicidade


LESÃO DE

Consumo de açúcares – pH baixo


Estreptococos do grupo não mutans
Perda de mineral pelos processos de
(Ausência de S. mutans e Lactobacilos) desmineralização e remineralização
PROGRESSÃO DA

ESTÁGIO ACIDÚRICO Aumento da aciduricidade


LESÃO

Condições ácidas prolongada


S. Mutans + lactobacilos + Actinomyces ssp. Perda prolongada de mineral pelos processos
+ bifidobacterium + leveduras de desmineralização e remineralização
FATORES A SEREM CONSIDERADOS NA DETECÇÃO DAS LESÕES
DE CÁRIE

EXTENSÃO/
LOCALIZAÇÃO PRESENÇA DE PROFUNDIDADE ATIVIDADE
CAVIDADE
• Lesão de cárie • Lesão de cárie • Lesão de cárie em • Lesão de cárie
em superfície lisa não cavitada esmalte ativa

• Lesão de cárie • Lesão de cárie • Lesão de cárie em • Lesão de cárie


em superfície cavitada dentina inativa
proximal

• Lesão de cárie
em superfície
oclusal
TEORIA DA PLACA ECOLÓGICA
A DECISÃO DE TRATAMENTO NA CARIOLOGIA
MODERNA
• O momento para a adoção de terapias (minimamente) invasivas devem ser
avaliado com cautela;
• O manejo da doença cárie e das lesões cariosas tem como foco o controle e
/ou inativação do processo, máxima preservação de tecido dentário,
evitando o início do ciclo restaurador e mantendo o dente funcional pelo
maior tempo possível; As condutas terapêuticas em Cariologia podem ser
divididas em :

1) abordagens não invasiva


2) abordagens microinvasivas
3) abordagens invasivas
• Não envolvem remoção tecidual;

ABORDAGENS • Podem atuar tanto prevenindo o


desenvolvimento de novas lesões de cárie
NÃO quanto controlando a atividade de lesões
ativas preexistentes;
INVASIVAS
• As terapias não invasivas bem-sucedidas são
dependentes da cooperação do paciente;
TOMADA DE DECISÃO RESTAURADORA NA
FILOSOFIA DA MÍNIMA INTERVENÇÃO

TRATAMNETOS TRATAMENTOS MICROINVASIVOS TRATAMENTO INVASIVOS


NÃO INVASIVOS

Controle da dieta cariogênica Selantes Restauração

Uso adicional de fluoretos Infiltração resinosa

Controle do biofilme
CONTROLE DO CONSUMO DE AÇÚCAR

• O consumo excessivo de açúcar está DIRETAMENTE relacionado com o desenvolvimento/


estabelecimento da doença cárie;

• PRINCIPAL FATOR CAUSAL ENVOLVIDO NO PROCESSO CARIOGÊNICO NA TEORIA


ECOLÓGICA;

• O manejo do consumo de açúcar previne o desenvolvimento/ estabelecimento de lesão


de cárie, e pode ser feito em nível de políticas públicas e /ou em nível individual.
CONTROLE DO BIOFILME
• A higiene oral, sempre associada ao dentifrício com pelo menos 1000ppm/F, é
considerado fundamental nos hábitos de autocuidado para manutenção da saúde oral;
• Os Centers for Disease Control and Prevention (CDC) recomendam que a frequência de
escovação seja de duas vezes, mas sua quantificação exata e sua influência na prevenção
da doença cárie ainda é inconsistente e conflitante.
• Acesso à informação, motivação e monitoramento periódico pelo cirurgião dentista,
qualidade da escovação e dieta saudável podem ser responsáveis por uma tendência de
associação positiva entre frequência de escovação e menor incidência de lesões de cárie.
• O uso de fio/fita dental ou de escovas interproximais desorganiza e remove a placa
interproximal e é interpretado como um complemento da escovação dentária.
• Bons hábito de higienização podem gerar benefícios tanto para a saúde oral quanto para
a sistêmica.
USO ADICIONAL DE FLUORETOS/AGENTES
REMINERALIZADORES

• O uso tópico de agentes fluoretados tem relação direta com a


diminuição incidência da lesão de cárie.
• Avaliação do grau de atividade de cárie do paciente, em conjunto com
a observação de suas características biológicas e de hábitos, são
necessárias para guiar a indicação do tipo de agente com fluoretos e
/ou de agentes mineralizadores para cada caso.
• Dentifrícios, enxaguatórios, géis e vernizes fluoretados são as formas
mais comuns de uso de flúor em alta concentração.
• Diferenciar os métodos preventivos dos métodos terapêuticos.
USO ADICIONAL DE FLUORETOS/AGENTES
REMINERALIZADORES

• O papel preventivo do flúor é completo com o uso de água fluoretada e do dentifrício


fluoretado.

• O uso de enxaguatórios, géis e vernizes fluoretados devem ser exclusivos para pacientes
com atividade de cárie e aplicações tópicas de flúor profissional a nível puramente
preventivo não se justifica mais (aumento do custo das consultas e do risco de toxidade
aguda, sem benefício extra ao paciente).
• Têm como objetivo evitar o desgaste tecidual e,
assim, permitir a manutenção funcional do dente
pelo maior tempo possível.
ABORDAGENS
MICROINVASIVAS • Os dois principais exemplos de intervenção
microinvasivas são o selante e a infiltração
resinosa.
SELANTES
• Os selantes resinosos ou ionoméricos, penetram na fóssulas e fissuras das faces
oclusais e funcionam como barreira física para a estagnação de biofilme,
impedindo a difusão dos ácidos e a desmineralização tecidual, o que previne a
progressão das lesões de cárie.

• Lesão de cárie proximais em estágios iniciais de desenvolvimento são bastante


comuns, mas difíceis de diagnosticar e de controlar a atividade.

• O uso em faces proximais tem sido estudado e o de selantes interproximais ou a


infiltração resinosa são as terapias de escolha para algumas situações.
ANÁLISE DE RISCO – SELANTES

INDIVIDUAL DENTÁRIO

• Dieta cariogênica • Dentes cuja macromorfologia


• Higiene bucal deficiente favorece a retenção de biofilme
• Experiencia anterior/atual de • Lesões iniciais de cárie em
cárie esmalte e/ou em início de
dentina localizada em regiões de
fossas e fissuras.
CLASSIFICAÇÃO
• QUANTO À APLICABILIDADE CLÍNICA:

• Selantes preventivos: Objetivam evitar a instalação da doença cárie, ou seja, são


aplicados em superfície livres de cárie, mas em indivíduos considerados de alto
risco ao desenvolvimento da doença.

• Selantes terapêuticos: visam impedir a progressão de uma lesão já existente.


Podem ser indicados para controlar lesões iniciais em esmalte, bem como tem
sido preconizados para controle de lesões localizadas na metade externa da
dentina.
CLASSIFICAÇÃO
• QUANTO AO MATERIAL RESTAURADOR:

• Resinosos e ionoméricos: Sabe-se que os selantes resinosos apresentam taxas de


retenção superiores às dos selantes ionoméricos.

• Porém, quando o efeito cárie-preventivo de ambos os materiais é comparado, essa


diferença não existe.

• QUANTO INDICAR UM MATERIAL EM DENTRIMENTO AO OUTRO?

• Todos os dentes selados, independente do material, necessitam de controle periódico


quanto a sua integridade e retenção.
INFLITRAÇÃO RESINOSA
• O Protocolo de uso da infiltração resinosa é possibilitado devido à
característica subsuperficial de lesão de cárie de esmalte.

• Para permitir o acesso do produto às porosidade subsuperficiais é


necessário condicionamento ácido da superfície tecidual. Após
lavagem e secagem, uma resina de baixa viscosidade é aplicada e
infiltrada por capilaridade. Após sua fotopolimerização, os poros são
obliterados, o que evita a difusão dos produtos bacterianos e permite
a inativação das lesões de cárie.
PRINCIPAIS ABORDAGENS DE INTERVENÇÃO
• Envolvem remoção seletiva de tecido cariado, com
instrumentos manuais e/ou rotatórios, e estão
associados a um protocolo restaurador
subsequente, preferencialmente com materiais
adesivos.

ABORDAGENS • O preparo cavitário baseado nos princípios da


Odontologia de Mínima Intervenção prevê
INVASIVAS preservação de tecidos dentários passíveis de
remineralização, sendo que a manutenção da
vitalidade pulpar deve ser prioridade.

• O objetivo do preparo cavitário minimamente


invasivo é possibilitar a longevidade da
restauração, diminuindo a frequência de
reintervenções.
QUAIS AS RAZÕES PARA SE REALIZAR UMA
RESTAURAÇÃO?
• Um tratamento restaurador é necessário e inevitável quando há
impossibilidade de acesso à limpeza, perda de função, dor,
necessidades estéticas ou de fortalecimento da estrutura dentária
remanescente.

• Onde ocorre impossibilidade de acessar o biofilme que está protegido


dentro da cavidade, a microbiota instalada é continuamente exposta
a uma vasta variedade de carboidratos advindos da dieta, que fornece
nutrientes para o metabolismo e crescimento dessa microbiota.

• A abordagem restauradora/invasiva em relação ao monitoramento do


processo de cárie torna-se necessária.
• Por meio desse selamento da cavidade, suprime-se o substrato
proveniente da dieta e do meio bucal.
• A redução da disponibilidade de carboidratos fermentáveis reduz a
acidificação do meio e, por conseguinte, há redução da pressão
seletiva e paralização da progressão da lesão.
• A presença de cavidade é um fator a ser considerado na tomada de
decisão restauradora, pois aumenta a probabilidade de progressão da
atividade e da lesão.
• Porém, a presença de cavidade por si só ou de envolvimento
dentinário não podem ser indicadores de necessidade restauradora.
• Sua localização, extensão e profundidade são fatores que devem ser
avaliados clínica e radiograficamente para determinar a técnica de
manejo de escolha.
• A atividade da lesão também é dos fatores a serem considerados.
STATUS DA SUPERFÍCIE PROXIMAL

ATIVIDADE DE CÁRIE ATIVA INATIVA

PRESENÇA DE CAVIDADE CAVIDADE CLINICAMENTE CAVIDADE NÃO DETECTADA NO


DETECTADA EXAME CLÍNICO

IMAGEM RADIOLÚCIDA EXTENSÃO JÁ EM EXTENSÃO ATÉ RADIOLUCIDEZ


½ INTERNA DE JAD OU ½ RESTRITA AO
DENTINA EXTERNA DE ESMALTE
DENTINA
AFASTAMENTO
PRESENÇA DE CAVIDADE (EXAME CAVIDADE SEM DETECÇÃO
ADICIONAL) DETECTADA DE CAVIDADE

TRATAMENTO INVASIVO NÃO INVASIVO NENHUMA


OU INTERVENÇÃO
MICROINVASIVO
STATUS DA SUPERFÍCIE OCLUSAL

ATIVIDADE DE CÁRIE ATIVA INATIVA

PRESENÇA DE CAVIDADE CAVIDADE AMPLA MICROCAVIDADE NÃO CAVITADA

AUTO-LIMPEZA NÃO PASSÍVEL DE PASSÍVEL DE


LIMPEZA LIMPEZA

IMAGEM RADIOLÚCIDA JÁ EM 1/3 MÉDIO ATÉ 1/3 EXTERNO


OU INTERNO DE DE DENTINA
DENTINA

TRATAMENTO INVASIVO NÃO INVASIVO NENHUMA


(REMOÇÃO OU INTERVENÇÃO
SELETIVA) MICROINVASIVO
STATUS DA SUPERFÍCIE RADICULAR

ATIVIDADE DE CÁRIE ATIVA INATIVA

AUTO-LIMPEZA NÃO PASSÍVEL DE PASSÍVEL DE


LIMPEZA LIMPEZA

TRATAMENTO INVASIVO NÃO INVASIVO NENHUMA


(REMOÇÃO OU INTERVENÇÃO
SELETIVA) MICROINVASIVO
TERMINILOGIA E INDICAÇÕES
• Em 2015, na Bélgica. Um grupo de 21 profissionais na área de
cariologia representantes de 12 países discutiram questões relevantes
na área de odontologia.

• Esse encontro foi denominado de “The Internacional Caries


Consensus Collaboration (ICCO).

• Uma das metas desse encontro foi determinar terminologias


envolvendo a remoção de tecido cariado com base em evidências e
conhecimentos contemporâneos.
Exemplos do aspecto de dentina
cariada:

Dentina amolecida (A) = Dentina Infectada


Coriácea (B) = Dentina Afetada
Firme (C)
Dura (D)
REMOÇÃO SELETIVA VERSUS REMOÇÃO
PARCIAL
• Remoção parcial – remoção de tecido cariado até a dentina
amolecida; já outro grupo de pesquisadores como remoção de tecido
cariado até a dentina firme.

• Remoção seletiva- seleciona o que deve ser removido e o que pode


ser deixado na cavidade.
• Definiu-se os seguintes termos para a remoção seletiva de tecido cariado:

• Remoção seletiva até a dentina firme.


• Remoção seletiva até a dentina amolecida.
• Remoção não seletiva.
REMOÇÃO SELETIVA ATÉ A DENTINA FIRME
• Anteriormente conhecida como “remoção parcial de cárie; remoção minimamente invasiva; ou
remoção incompleta de cárie”.

• Consiste na remoção da dentina cariada até alcançar uma dentina de consistência firme, que
apresenta resistência frente a um instrumento afiado.

• Já nas paredes circundantes, a dentina cariada é removida por completo, ou seja, até a dentina
dura.

• É indicado para dentes decíduos e permanentes que apresentem lesões de cárie em dentina
com profundidade rasa ou moderada (extensão menor que o terço interno de dentina).

• Deve ser evitada em lesões profundas devido ao risco de estresse à polpa e/ou exposição pulpar.
REMOÇÃO SELETIVA ATÉ A DENTINA
AMOLECIDA
• Denominada anteriormente como “ remoção de cárie parcial; incompleta; minimamente invasiva;
ou ultraconservadora”

• É indicada para o manejo de lesões de cárie com cavitação profunda, ou seja, alcançando o
terço pulpar interno de dentina tanto para dentes decíduos ou permanentes.

• A dentina cariada ou amolecida não é removida totalmente na parede pulpar. Na parede


circundantes da cavidade o tecido cariado é removido até a dentina dura.

• Essa estratégia visa evitar a exposição pulpar, proporcionando a preservação da vitalidade da


polpa e sua capacidade de responder frente à lesão cariosa.

• É importante ressaltar que o diagnóstico da condição pulpar é imprescindível para o sucesso na


escolha dessa abordagem.
REMOÇÃO NÃO SELETIVA
• Denominada de “remoção ou escavação completa de cárie”, a remoção não seletiva
utiliza o mesmo critério para todas as paredes da cavidade (pulpar e circundante), ou
seja, a dentina cariada é totalmente removida até a dentina dura.

• Este procedimento é baseado em conceitos ultrapassados, de uma época em que se


acreditava que todo tecido dentário contaminado por bactérias deveria ser removido
juntamente com parte de tecido sadio adjacente, a chamada “extensão preventiva”, para
que a margem da restauração estivesse em contato com tecido libre de cárie.

• Essa abordagem não é mais recomendada por ser considerada um sobretratamento e


um procedimento extremamente agressivo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Com o conhecimento que se tem atualmente a respeito do processo de desenvolvimento de uma
lesão de cárie, sabe-se que é possível controlar a progressão da doença sem necessariamente se
restaurar um dente ou se remover tecido cariado.
• Em uma restauração cavitada, a maioria das vezes a restauração é imprescindível.
• Nesse caso, devemos considerar a remoção seletiva de tecido cariado com o objetivo de
aumentar a longevidade do dente funcionalmente na boca.
• Para casos de lesões profundas ou muito profunda, sem envolvimento pulpar, recomenda-se a
remoção seletiva até a dentina amolecida na parede de fundo, priorizando, assim, a vitalidade
pulpar.
• Os dentes submetidos a esta tipo de procedimentos devem ser monitorados em intervalos de
tempo mais curto.
• Finalmente, independente da forma de remoção seletiva de tecido cariado, é importante
salientar que tratamentos invasivos, apesar de devolverem a forma e a função, não controlam a
doença.
• É de extrema importância que o profissional oriente seu paciente quanto ao controle do consumo
de açúcar e sobre a utilização de dentifrício fluoretado.
• Sem a adesão do paciente a um programa continuo de cuidados de saúde bucal, as chances de
falha e de novas lesões de cárie acorrerem ao longo do tempo tornando-se maiores.

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