Calibração de Modelo Numérico para Colunas Mistas de Aço Preenchidas de Concreto de Alta Resistência
Calibração de Modelo Numérico para Colunas Mistas de Aço Preenchidas de Concreto de Alta Resistência
Calibração de Modelo Numérico para Colunas Mistas de Aço Preenchidas de Concreto de Alta Resistência
Alexandre Rossi 5
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo aferir a precisão de um modelo numérico para prever o
comportamento de colunas mistas tubulares de aço preenchidas de concreto (CFST), utilizando
software de elementos finitos. A metodologia envolveu a modelagem de colunas com diferentes
configurações e parâmetros, e a comparação dos resultados obtidos com os dados experimentais
disponíveis na literatura. Os resultados indicaram que os modelos numéricos calibrados foram
capazes de prever de forma satisfatória o comportamento das colunas em diferentes situações, com
uma precisão comparável aos dados experimentais. As conclusões apontam para a validade e
eficácia da metodologia utilizada, bem como para a importância de utilizar modelos mais refinados
para prever o comportamento de estruturas complexas, como colunas mistas tubulares de aço
preenchidas com concreto.
1
Mestrando, Universidade Estadual de Maringá, PCV-UEM, leonardo.a.rossato@hotmail.com
2
Doutorando, Universidade Federal de São Carlos, PPGCiv-UFSCar, adriano.ce7@gmail.com
3
Mestrando, Universidade Estadual de Maringá, PCV-UEM, eric_mendes98@hotmail.com
4
Prof. Dr., Universidade Estadual de Maringá, PCV-UEM, chmartins@uem.br
5
Prof. Dr. Universidade Federal de Uberlândia, PPGEC-UFU, alexandre-rossi@ufscar.br
6
Doutorando, Universidade Federal de São Carlos, PPGCiv-UFSCar, andrevitorbenedito@gmail.com
1. INTRODUÇÃO
Queiroz, Pimenta e Martins (2012) definem sistema misto de aço-concreto aquele em que
um perfil de aço (laminado, soldado ou formado a frio) trabalha em conjunto com o concreto,
formando um pilar misto, uma viga mista, uma laje mista ou uma ligação mista. Diversos estudos
que abordam aspectos como o comportamento mecânico, a estabilidade, a resistência ao fogo e aos
sismos destas estruturas são encontradas na literatura. Além disso, as pesquisas também têm se
concentrado na otimização de projetos, visando a redução de custos, aumento da eficiência
estrutural e a sustentabilidade (HAN, LAM e NETHERCOT, 2018).
Um dos avanços recentes na área diz respeito ao uso de materiais compósitos, que permitem
a integração de diferentes tipos de materiais em uma única estrutura, como é o caso de sistemas
mistos de concreto e aço. Esta abordagem tem proporcionado uma série de benefícios, tais como a
melhoria da resistência, aumento da durabilidade e redução do peso total da estrutura (HAN, LAM
e NETHERCOT, 2018).
Segundo Elyoussef, Elgriw e Abed (2019), pilares mistos são amplamente empregados em
diversas aplicações, especialmente em grandes edifícios e obras de arte. Han, Li e Bjorhovde (2014)
citam a utilização em estruturas resistentes a sismos, estruturas de pontes sujeitas a impactos do
tráfego, estacas, entre outros. Liew (2015) também observa aplicações em obras de infraestrutura,
petróleo e gás.
Segundo Dabon et al. (2009), o termo coluna mista refere-se a qualquer elemento de
concreto e aço em que ambos os materiais resistem a uma carga de compressão. Há uma grande
variedade de tipos de colunas mistas, sendo as mais comumente empregadas as formadas por seções
tubulares (Figura 1) e também as compostas de perfis I. Nesse sentido, as colunas de perfil tubular,
conhecidas como concrete-filled steel tubular (CFST), são estruturas que apresentam alta
resistência mecânica, boa ductilidade, alta resistência ao fogo e favoráveis do ponto de vista prático
da construção (HAN, LAM e NETHERCOT, 2018).
O CFST também corresponde muito bem às altas cargas de compressão axial (Figura 2), se
apresentando como uma solução bastante adequada para colunas muito solicitadas a esses esforços.
O tubo de aço nesse sistema fornece confinamento ao núcleo de concreto, enquanto o
preenchimento de concreto reduz a flambagem local desses tubos. No regime elástico inicial, a
deformação do concreto é relativamente pequena, provocando uma baixa pressão de confinamento
(ELCHAKANI et al., 2021).
Segundo Rodrigues et al. (2018), este sistema estrutural é amplamente utilizado em países
asiáticos, com sua utilização, a coluna ganha vantagens adicionais referentes à estética, resistência à
corrosão e a durabilidade. No entanto, ainda existem desafios a serem superados, como a
necessidade de uma maior integração entre os diferentes materiais utilizados, bem como a
necessidade de desenvolver prescrições normativas mais precisas para o projeto e construção destas
estruturas.
A problemática observada para o estudo é o comportamento estrutural de colunas mistas
preenchidas de concreto convencional e de alto desempenho (CAD), confinado por tubos de aço
carbono. A hipótese levantada é de que o confinamento lateral provocado pelo tubo externo em aço
de alta resistência provoque um grande aumento de resistência mecânica com dimensões mínimas
empregadas, entretanto, elementos esbeltos tendem a sofrer com a flambagem, fazendo-se
necessário avaliar criticamente o comportamento estrutural dessas colunas.
Rodrigues et al. (2018), explica que as colunas tubulares preenchidas com concreto têm sua
rigidez aumentada, pois o tubo de aço se encontra mais afastado do centroide da seção transversal,
aumentando sua inércia. O concreto no interior contribui para a formação de uma estrutura ideal
para suportar cargas de compressão, podendo retardar ou impedir possíveis problemas de
instabilidades locais do tubo de aço. Além disso, o confinamento lateral proporcionado pelo tubo,
provoca um acréscimo significativo da resistência na coluna.
Na faixa inelástica, o coeficiente de Poisson não é constante, mas uma função da
deformação axial. No estágio inicial de carregamento, o coeficiente de Poisson do concreto é menor
que do aço, permitindo que o aço se expanda mais rapidamente na direção radial do que o concreto,
sem restringi-lo. Entretanto, com o aumento do carregamento, as paredes do tubo começam a
restringir o núcleo de concreto provocando tensões nas paredes de aço.
Para tanto, ensaios realizados com colunas curtas de seção circular submetidas a compressão
simples são experimentos usualmente empregados por pesquisadores da área. A fim de validar
resultados de análise numérica não linear por meio do programa de elementos finitos torna-se
interessante a experimentação do modelo. Outros autores também abordam o problema de
modelagem de colunas do tipo CFST e CFDST, como Han, Ren e Li (2011), Wang, Young e
Gardner (2019), İpek e Güneyisi (2020), Ji et al. (2021), entre outros.
Segundo Santini e Ramires (2021), um problema geral na validação e verificação de
diversos estudos analíticos e numéricos acerca de pilares mistos tubulares é de que a gama de
experimentos disponíveis na literatura não é padronizada e unificada devido a cada estudo
amplificar informações em relação ao parâmetro de interesse do estudo particular. Este estudo busca
delimitar os modelos submetidos exclusivamente a compressão axial.
2. DESENVOLVIMENTO
2.2.1. Aço
2.2.2. Concreto
Entretanto, Silva, Christoforo e Carvalho (2021) explicam que os parâmetros do modelo não
são consenso na literatura, o que representa uma lacuna de pesquisa. Para a modelagem de colunas
CFST são adotados dois modelos propostos na literatura especializada.
Lin e Zhao (2019) realizaram um levantamento de dados experimentais sobre o
comportamento à compressão de pilares preenchidos com concreto e propuseram um modelo
baseado no CDP considerando o efeito do confinamento. O modelo usa como dados de entrada os
parâmetros usuais em CFST circular, como diâmetro e espessura para o tubo de aço, bem como
resistência do concreto e comprimento da coluna. Esses parâmetros são usados para determinar as
propriedades principais do CDP. O confinamento é dado por meio da equação 1.
𝐴𝑠•𝑓𝑦
ξ𝑐 = 𝐴𝑐•𝑓𝑐 (1)
Para o de ângulo de dilatação, Tao, Wang e Yu (2013) e Lin e Zhao (2019) sugerem valores
para seções circulares em função da resistência do concreto, as equações a seguir são atribuídas
respectivamente aos autores.
7,4
( )
4,64+ξ𝑐
ψ = {56, 3∙ 1 − ξ𝑐 ; ξ𝑐≤0, 5 6, 672∙𝑒 ; ξ𝑐 > 0, 5 (2)
−6 𝑓𝑦
(
ψ = 130∙ η + 𝑓𝑐 )
0,05
+ 23; η =
2∙𝑡
𝐷−2∙𝑡
• 𝑓𝑐 (3)
No que diz respeito a colunas retangulares, verifica-se que um valor constante de 40° pode
ser usado para ψ. Curvas de carga axial por deslocamento de colunas retangulares não são muito
sensíveis ao ângulo de dilatação quando este é maior que 20° (TAO, WANG e YU, 2013).
Papanikolaou e Kappos (2007) se basearam em diversos estudos experimentais e
observaram que para concretos de alta resistência a relação entre as resistências 𝑓𝑏0/𝑓𝑐0 diminui. Os
autores condensam os resultados na seguinte equação:
𝑓𝑏0 −0,075
= 1, 5∙𝑓𝑐
𝑓𝑐 (4)
5,5
𝐾𝑐 =
( )0,075
5+2∙ 𝑓𝑐 (5)
0,3124+0,002∙𝑓𝑐
ε𝑐𝑐
ε𝑐0
𝑘
= ε ; 𝑘 = (2, 9224 − 0, 00367∙𝑓𝑐)∙ ( ) 𝑓𝐵
𝑓𝑐 (8)
2
0,02∙ 𝐵 +𝐷²
− 𝑡
0,25∙(1+0,027∙𝑓𝑦)∙𝑒
𝑓𝐵 = −10 4,8 (9)
1+1,6∙𝑒 •𝑓𝑐
ε−ε𝑐𝑐 β⎤
⎡
σ = 𝑓𝑟 + (𝑓𝑐 − 𝑓𝑟)∙𝑒𝑥𝑝⎢−
⎢
⎣
( ) ⎥⎥⎦; (ε≥ε )
α 𝑐𝑐 (10)
A relação constitutiva adotada para seções circulares é apresentada por Lin e Zhao (2019),
por meio das equações:
2
σ
𝑓𝑐
= 1, 8∙ ( )
ε𝑐
ε𝑐0
− 0, 8∙ ( )
ε𝑐0
ε𝑐
(
; 0 < ε𝑐 ≤ ε𝑐0 ) (12)
⎣
(
ε𝑐𝑐 = ε𝑐0 • ⎡⎢5∙𝑒𝑥𝑝 − 0, 0036∙𝑓𝑐 •
𝐷
𝑡 ) + 1⎤⎥
⎦ (13)
𝐷 −0,25⎤
𝑓𝑟 = 0, 014∙⎡⎢1 − 𝑒𝑥𝑝 −
⎣
( 1500
𝐷 )• 𝑓 2,01
𝑐
• ( ) 𝑡 ⎥
⎦ (14)
10
α= 3
(
𝑒𝑥𝑝⎡⎢
⎣
𝐷
)⎦ ⎤•𝑓 •
250∙𝑡 ⎥ 𝑐
𝐷 (15)
Quando ε≥ε𝑐𝑐, ambos modelos apresentam mesma relação tensão por deformação (equação
10), entretanto o modelo de Lin e Zhao (2019) apresenta deformação ε𝑐𝑐 distinta (equação 13) do
modelo proposto por Tao, Wang e Yu (2013) (equação 8), ajustando melhor a curva para seções
circulares. Ambos os modelos apresentados consideram como o módulo de elasticidade do concreto
(𝐸𝑐) a formulação proposta pelo ACI 318 (2011).
4. RESULTADOS
Figura 5 – Curvas 𝐹 [𝑘𝑁] 𝑥 ∆ [𝑚𝑚] dos modelos de seção circular e configuração deformada
Fonte: Autoria
Retangular - Classe C60 691,67 707,95 713,19 9,09 6,94 9,92 8,99
Fonte: Autoria
4. CONCLUSÃO
Os resultados da simulação numérica dos ensaios de compressão axial em colunas CFST
mostraram-se satisfatórios, demonstrando que os atuais modelos propostos na literatura
especializada correspondem bem aos modelos físicos. Tendo em vista que ensaios experimentais
são onerosos, e os modelos simplificados nem sempre se mostram adequados aos problemas de
engenharia, torna-se necessário o emprego de modelos mais refinados, como modelos em elementos
finitos.
Conforme comentado anteriormente, a aferição de Han (2002) e Oliveira et al. (2009) foi
realizada por meio de modelos analíticos, com algumas atualizações e revisões nos procedimentos
normativos, os resultados foram conforme o esperado, com boa aproximação da carga última.
5. REFERÊNCIAS
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Farmington Hills, EUA, 2011.
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___________. ABNT NBR 8800. Projeto de Estruturas de Aço e de Estruturas Mistas de Aço e Concreto de
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ELYOUSSEF, M.; ELGRIW, M.; ABED, F. FE Parametric study of the Compressive Behavior of CFSTs.
In: 2019 8th International Conference on Modeling Simulation and Applied Optimization (ICMSAO).
IEEE, 2019. p. 1-5.
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Journal of Constructional Steel Research, v. 160, p. 54–66, 2019.
OLIVEIRA, W. L. A. et al. Influence of concrete strength and length/diameter on the axial capacity of CFT
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YU, T. et al. Finite element modeling of confined concrete-I: Drucker–Prager type plasticity
model. Engineering structures, v. 32, n. 3, p. 665-679, 2010.
6. AGRADECIMENTOS