Teoria e Metodologia Do Treinamento Resistido
Teoria e Metodologia Do Treinamento Resistido
Teoria e Metodologia Do Treinamento Resistido
Metodologia
do Treinamento
Resistido
Prof.ª Raimunda Beserra da Silva
Indaial – 2022
1a Edição
Elaboração:
Prof.ª Raimunda Beserra da Silva
S586t
ISBN 978-85-515-0546-5
ISBN Digital 978-85-515-0543-4
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, Acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Teoria e Metodologia do
Treinamento Resistido, que abordará conteúdos relacionados ao treinamento físico
e desportivo e o ajudará a desenvolver suas atividades acadêmicas e profissionais.
Após a leitura e estudo deste livro, você compreenderá os conceitos relacionados ao
treinamento resistido e aos princípios metodológicos do treinamento e estará apto para
planejar e aplicar treinos resistidos para atletas, pessoas em geral e em populações
específicas. Para isso, dividimos o nosso estudo em três unidades.
Diante disso, caro aluno, convido você para fazer parte dessa jornada de
estudo e aprendizagem, na esperança de que esses conteúdos o ajudem no seu
desenvolvimento acadêmico, profissional e pessoal, estimulando-o sempre para ao
estudo e aprendizado contínuo.
Bons estudos!
QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a
você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo
interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse
as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade
para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS....................................................................................................................... 61
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................125
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................194
UNIDADE 1 -
INTRODUÇÃO AO
TREINAMENTO RESISTIDO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
ASPECTOS GERAIS DO TREINAMENTO
RESISTIDO
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 1 revisaremos os conceitos relacionados às capacidades
motoras, abordando sobre definição, conceitos e classificação das capacidades. Falaremos
especificamente da capacidade motora condicional resistência, também denominada de
força, abordando definição, conceitos e subdivisões dessa capacidade motora.
2 CAPACIDADES MOTORAS
Pode ser que você tenha achado estranho ler a terminologia capacidade motora
e não capacidade física, como já ouviu falar. Se este foi o seu caso, saiba que as duas
terminologias estão corretas e podem ser utilizadas com o mesmo significado. Nesse
livro, optamos por utilizar a expressão capacidade motora, mas tenha em mente que o
significado é o mesmo de capacidade física, como talvez, você tenha aprendido.
Bem, mas afinal o que são as capacidades motoras? Para Magill (2000),
capacidade motora é “um traço geral ou qualidade de um indivíduo relacionada com
o desempenho de uma variedade de habilidades motoras, sendo um componente da
estrutura dessas habilidades”.
Talvez você tenha achado difícil entender esta definição, afinal de contas, há
nela duas terminologias que costumamos confundir, pois tem significados distintos.
Essas terminologias são: capacidade motora e habilidade motora. Vamos ver o que são
cada uma delas.
3
As habilidades motoras “são pressupostos, característica ou traço gerais,
determinantes do potencial individual de aprendizagem e do rendimento em habilidades
motoras específicas”, que se manifestam sempre de forma complexa e não isoladamente
(MAGILL, 2000).
Muito bem, agora vamos falar das habilidades motoras. Se você toca piano ou joga
futebol, temos certeza que aprendeu depois que nasceu quando tinha uma determinada
idade, não foi? Então, essas ou quaisquer outras habilidades que você tenha, tiveram que
ser aprendidas e aperfeiçoadas, não nasceram com você. Entendeu a diferença?
DICA
Entenda melhor a diferença entre capacidades motoras e habilidades
motoras. Temos uma sugestão de leitura para você:
MAGILL, R. A. Aprendizagem motora: conceitos e aplicações. 5. ed. São Paulo:
Edgar Blucher, 2000.
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FIGURA 1 – CAPACIDADES MOTORAS E SEUS COMPONENTES
São essas capacidades que nos ajudam saber em que posição nosso corpo, ou
parte dele, está no espaço, e isso nos ajuda muito pois, permite nos deslocarmos sem
esbarrar em outras pessoas ou em outros objetos. Essas capacidades também ajudam
os atletas a realizarem os movimentos relacionados ao esporte que praticam de forma
mais precisa e harmoniosa.
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Muito bem, agora que já falamos sobre a definição de capacidades motoras
coordenativas, vamos colocar nosso foco nas capacidades motoras condicionais, que
é o que mais se relaciona com o treinamento resistido e com os objetivos de estudo
desse livro.
Tudo isso pareceu um pouco confuso para você? Não se preocupe, é confuso
mesmo e com o tempo você vai perceber que não há um consenso na literatura sobre
as terminologias e até sobre alguns conceitos relacionados a determinados assuntos
da área de educação física. Mas, respire fundo e se concentre nas explicações que
veremos a seguir, que tudo dará certo!
Só para você poder comprovar o que dissemos acima, vamos verificar como
Weineck (2005) classifica as formas de manifestação da capacidade motora resistência.
Para o autor a resistência pode ser:
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Como você pode perceber, podemos encontrar diferentes nomenclaturas,
classificações e definições sobre a capacidade motora resistência na literatura, por isso
é importante sempre uma análise crítica e detalhada sobre o que lemos.
Por que chamamos sua atenção para isso? Para lhe dizer que você vai encontrar
na literatura muitos autores que denominam a capacidade motora de resistência
colocado na segunda classificação – máxima, rápida, resistência – como capacidade
motora de força.
Para não criar mais confusão com isso, vamos combinar uma coisa. Nós
usaremos a nomenclatura força no lugar de resistência para explicar os próximos
conteúdo desta unidade. Combinado? Mas não se confunda, ainda estamos falando
sobre o mesmo assunto, ok? Mais uma coisa: não se desespere com tudo isso! Nós
iremos esclarecer mais sobre o assunto no próximo subtópico e temos certeza de que
você entenderá tudo facilmente!
DICA
Sempre que você ficar na dúvida sobre os significados e definições de palavras e expressões
referentes à área de Educação Física e Esportes, recorra à um dicionário da área.
Veja algumas opções:
DICIONÁRIO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE
BARBANTI, V. J. Dicionário de educação física e esporte. 2. ed. Barueri-SP: Manole, 2003.
Percebeu que os conceitos e definições não são tão simples assim? Pois é, às
vezes nos deparamos com mais de uma palavra para designar o mesmo objeto, ou às
vezes, um mesmo objeto com mais de uma definição. Por isso caro aluno, devemos
sempre estar atentos e críticos ao que lemos.
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Vamos falar então sobre a capacidade motora força. Para Weineck (2003) a
força muscular pode se manifestar de formas diferentes conforme o aspecto que
observamos. Para o autor, a força muscular pode ser:
Vamos imaginar que temos que abrir um pote de doce de leite que está
absurdamente apertado. O que fazemos? Aplicamos toda a força que temos sobre a
tampa, certo? Pois então, quando fazemos isso, estamos usando a nossa força máxima.
E quanto a força rápida, quando usamos? Usamos nossa força rápida quando
estamos andando distraidamente por uma rua e tropeçamos numa pedra. Quando
tropeçamos, perdemos o equilíbrio e caímos no chão, mas ao mesmo tempo que caímos
no chão, levamos os braços em direção ao chão para amenizar a queda ou os efeitos
dela e é aí que colocamos nossa força rápida em ação.
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Fácil e simples, você não acha? Pois é, como você pode perceber, nós estamos
constantemente utilizando diferentes tipos de força não só nos esportes e treinamentos
físicos, mas também em atividades motoras realizadas no nosso dia a dia, por isso, a
importância de estarmos atentos para os níveis fisiológicos que essa capacidade se
encontra no nosso organismo.
Você deve estar achando que esquecemos de falar sobre a resistência de força,
não é? Mas nós não esquecemos não, apenas deixamos para explicá-la separadamente,
para que possamos falar com mais detalhes sobre ela.
No nosso dia a dia utilizamos a resistência de força quando subimos uma escada
de alguns degraus ou quando sustentamos nossos braços para o alto para pregarmos
um quadro na parede em uma altura elevada.
O pensamento acima também pode ser aplicado à força muscular. Para Weineck
(2005, p. 67) “a força nunca aparece, nas diferentes modalidades esportivas, “numa
forma pura” abstrata, mas sempre numa combinação, numa forma mais ou menos
mista dos fatores físicos condicionantes de desempenho”.
Pois é, caro aluno, nós já dissemos para você, e vamos repetir, que os conceitos
e definições e classificações não são tão simples assim quando relacionados ao
treinamento. Para você verificar o que dissemos, repare na figura a seguir sobre as
subdivisões da capacidade de cada tipo de força.
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FIGURA 2 – SUBDIVISÕES DA FORÇA SEGUNDO LETZELTER
Percebeu que cada tipo de força – força máxima, força rápida e resistência de
força – também podem ter subdivisões. Portanto, em um movimento corporal ou gesto
esportivo, a força tem várias maneiras de se manifestar e essas maneiras podem se
combinar em si.
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ATENÇÃO
Fique atento! Você pode encontrar diferentes denominações para os tipos
de força:
Força máxima: Pode vir denominada de força pura e força absoluta.
Força rápida: Pode vir denominada de força explosiva e potência.
Força de resistência: Pode vir denominada de força resistente, resistência de
força, força de endurance, resistência muscular localizada.
É preciso atenção e discernimento a todo momento!
3 TREINAMENTO RESISTIDO
Como vimos no subtópico anterior, um dos meios de treinar a capacidade motora
força e suas diversas formas de manifestação é através da prática de um treinamento
resistido. Portanto, começaremos esse subtópico falando sobre o que é um treinamento
resistido. Mas antes gostaríamos de fazer uma colocação.
Mas você vai perceber que, embora existam similaridades entre esses termos,
uma análise mais detalhada da definição e dos conceitos desses termos mostrará que
eles são diferentes.
Por isso caro aluno, gostaríamos mais uma vez de incentivá-lo a ser crítico ao
ler sobre as definições e conceitos dos assuntos relacionados à área de educação física
e mais especificamente em relação ao treinamento resistido.
Para Fleck e Kraemer (2017, p. 25), “os termos treinamento de força, treinamento
com pesos e treinamento resistido são todos utilizados para descrever um tipo de
exercício que exige que a musculatura corporal se movimente (ou tente se movimentar)
contra uma força oposta”.
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Porém, para os autores acima citados, os termos treinamento de força e
treinamento resistido faz referência as modalidades de treinamento que incluem
exercícios corporais com pesos acessórios, exercícios pliométricos e corrida em ladeiras,
enquanto o termo treinamento com peso, faz referência ao treinamento específico com
a utilização do peso livre ou algum tipo de equipamento de treinamento com peso
(FLECK; KRAEMER, 2017).
Para Stoppani (2017, p. 36), o termo treinamento resistido é o mais amplo entre
os termos acima citados (treinamento de força e treinamento com pesos), e “se refere
a qualquer tipo de treinamento em que o corpo se movimenta em alguma direção
contra algum tipo de força oposta”, porém, em relação ao termo treinamento de força e
treinamento com pesos o autor entende que há uma diferença.
Confundiu? Então, vamos visualizar essas definições em uma tabela para que
possamos compreender melhor as definições dos autores.
A tabela a seguir (TABELA 1), nos mostra que o tipo de treinamento (ou nome
que iremos dar ao treinamento) é determinado pelo tipo de resistência que iremos impor
ao nosso sistema musculoesquelético, ou seja, ao tipo de material que iremos utilizar
para obter a resistência ao corpo.
Sabemos que isso tudo é muito confuso, mas tenho certeza que vai ficar mais
claro à medida que avançarmos no conteúdo. Quando aprendermos sobre os métodos
de treinamento na Unidade 2, tudo fará sentido para você.
O que não queremos que você perca de vista ou melhor, da mente, é que não
há treinamento que não seja contra uma resistência ou resistido, e, portanto, você verá
uma quantidade grande de tipos de treinamento que se enquadram como resistidos e
por isso serão denominados de treinamento resistido.
ATENÇÃO
Fique atento! Todas capacidades motoras e todos os tipos de força são
importantes para a aptidão física e saúde. Um programa de treinamento
físico deve comtemplar o máximo possível de capacidades motoras e suas
formas de manifestação.
Aptidão física e saúde, lembra desses conceitos? Se sim, que ótimo, você vai
conseguir acompanhar nosso raciocínio com tranquilidade! Mas se não, sugerimos que
você faça uma pausa neste momento e dê uma olhada nas definições sobre aptidão
física e de saúde que colocamos no Gio Nota, no final desse subtópico. Também
colocamos duas sugestões de livros, caso você queira saber mais sobre o assunto.
Como você pode observar, tanto atletas quanto pessoas em geral podem ser
beneficiados com um programa de treinamento resistido. Os atletas esportivos são
beneficiados através da melhora das capacidades motoras e do desempenho motor,
melhorando consequentemente as habilidades esportivas. Já as pessoas em geral e
populações específicas são beneficiadas através da melhoria da aptidão física e dos
parâmetros relacionados à saúde (McARDLE; KATCH; KATCH, 2019).
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É muito divulgado na literatura e nos meios de comunicação em geral que a
falta de força é um problema em qualquer idade. Também é muito relatado que em
pessoas mais idosas a falta de força física pode ser mais preocupante pois pode causar
uma limitação na mobilidade.
Essa limitação física pode ser impactante para o idoso se houver a formação de
um círculo vicioso a partir dela, ou seja, se a falta de força levar a restrição das atividades
e essa restrição levar a mais falta de força e assim sucessivamente.
O que queremos dizer com tudo isso? Nós queremos chamar sua atenção para
a ideia de que não são só os atletas se beneficiam com um programa de treinamento
resistido, mas também pessoas em geral e populações específicas. E gostaríamos
também que essa ideia permanecesse em você quando você se tornar um profissional
da área de educação física.
Isso mesmo! Você será um profissional da área de educação física! Mas ainda
temos muito conteúdo para estudar e aprender, e por agora, vamos recapitular os
conteúdos que já foram vistos.
Nós vimos nesse tópico que as capacidades motoras são diferentes das
habilidades motoras e são classificadas em capacidades motoras coordenativas e
condicionais, sendo que a força faz parte das capacidades condicionais. Vimos que a
capacidade força pode ser dividida em máxima, rápida e de resistência e que pode se
manifestar de diferentes maneiras no movimento corporal.
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NOTA
Aptidão Física é a capacidade funcional direcionada à realização da atividade
física, representada por um conjunto de componentes que são inatos,
adquiridos ou alterados e se relacionam com a saúde e o desempenho atlético
(CASPERSEN et al., 1985). Pode ser analisada sob duas vertentes: uma direcionada
à performance esportiva e a outra à saúde (BOUCHARD; SHEPHARD, 1993; GUEDES, 1995).
A aptidão física relacionada à saúde é baseada em quatro componentes: dimensão
morfológica (composição corporal, distribuição da gordura corporal); dimensão funcional-
motora (função cardiorrespiratória, consumo máximo de oxigênio, função musculoesquelética,
força, resistência muscular, flexibilidade); dimensão fisiológica (pressão sanguínea,
tolerância à glicose e sensibilidade insulínica, oxidação de substratos, níveis de lipídios
sanguíneos e perfil das lipoproteínas) e dimensão comportamental (tolerância ao estresse)
(GUEDES 1995).
Saúde é uma condição humana com dimensões física, social e psicológica, que se associa
positivamente com a capacidade de apreciar a vida e resistir aos desafios, e negativamente
à morbidade e mortalidade (BOUCHARD; SHEPHARD, 1993).
Quer saber mais? Temos duas sugestões de leitura para você:
GUEDES, D. P. Exercício físico na promoção da saúde. Londrina: Midiograf, 1995.
WEINECK, J. Atividade Física e esporte: Para quê? Barueri: SP, Manole, 2003
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Força máxima é o maior valor de força que pode ser produzido pelo sistema
neuromuscular por meio de uma contração muscular voluntária máxima.
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• Os termos treinamento de força, treinamento com pesos e treinamento resistido
tem significados diferentes sendo o termo treinamento resistido mais amplo entre
os três termos.
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AUTOATIVIDADE
1 Capacidade motora é diferente de habilidade motora e essa diferença está nas
definições que existem na literatura pertinente ao assunto. Magill (2000) define
capacidade motora como “um traço geral ou qualidade de um indivíduo relacionada
com o desempenho de uma variedade de habilidades motoras, sendo um componente
da estrutura dessas habilidades” e habilidade motora como “pressupostos,
característica ou traço gerais, determinantes do potencial individual de aprendizagem
e do rendimento em habilidades motoras específicas”. Com base nessas definições
e nas explicações dadas ao longo dessa unidade, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as sentenças falsas.
I- Força máxima
II- Força rápida
III- Resistência de força
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( ) É a capacidade de manter elevados níveis de força durante o maior tempo possível.
( ) É o maior valor de força que pode ser produzido pelo sistema neuromuscular por
meio de uma contração muscular voluntária máxima.
( ) É a capacidade do sistema neuromuscular de produzir o maior impulso possível no
tempo disponível.
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5 Atualmente a área da fisiologia e do treinamento físico e esportivo estão bastantes
desenvolvidos e produzem inúmeros estudos que relatam os benefícios que os
exercícios físicos proporcionam tanto atletas quanto para pessoas em geral e
populações específicas como os idosos. Disserte sobre esses benefícios que o
treinamento resistido pode promover.
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UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
TREINAMENTO RESISITIDO
E RESISTÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, neste Tópico 2 abordaremos os tipos resistência que podem ser
utilizadas nos programas de treinamento resistido e descreveremos os materiais que
podem ser utilizados para promover essas resistências.
Falaremos dos acessórios, dos pesos livres e dos aparelhos que utilizam molas
e dos aparelhos que utilizam polias utilizados no treinamento resistido, abordando as
vantagens e desvantagens de desses materiais na realização de exercícios físicos.
Tenho certeza que você se lembra, mas caso ainda tenha dúvidas, convido você
a retornar ao tópico 1 e dar uma olhadinha nessas definições com calma e tranquilidade.
Ficaremos aqui esperando para continuarmos nossa jornada de aprendizado sobre o
treinamento resistido.
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Quando o ambiente é o meio em água, devemos considerar outras formas de
resistências. É preciso contar com a resistência da água e considerar os princípios
hidrodinâmicos que ela opõe nos exercícios praticados no treinamento resistido.
Dizemos isso mais para aguçar sua curiosidade, pois não é objetivo desse livro falar
do treinamento resistido no meio aquático, mas caso um dia você precise planejar um
treinamento resistido no meio aquático, já tem a dica!
Vamos focar na resistência interna primeiramente. Você verá que já viu bastantes
treinos utilizando esse tipo de resistência, tenho certeza. Vamos conferir isso!
Nos dois exemplos colocados acima, o próprio corpo é o meio utilizado para
promover resistência e assim, promover exercícios físicos resistidos para trabalhar
nosso corpo. Podemos pensar em pelo menos um ponto positivo para a utilização do
nosso próprio corpo como meio de resistência.
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No exemplo dado acima, falamos do treinamento funcional e do pilates solo.
Pois bem, vamos falar um pouco sobre esses métodos de treinamento de resistência,
pois com certeza você terá contato quando for um profissional da educação física.
E aí, o que fazemos em casos como esse citado acima? Quer um tempo para
pensar? Ok, pode pensar, nós aguardamos!
Em casos como esse citado acima, temos que começar a desenvolver a força do
praticante com ajuda de acessórios ou de aparelhos para que os níveis de força se tornem
suficientes para o praticante exercer o movimento com mais facilidade e correção.
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Imaginamos que você deva estar se perguntando, mas como assim, se faço o
exercício sem acessórios ou aparelhos tenho a oportunidade de me concentrar mais e,
portanto, posso fazer o exercício de forma mais correta e com mais consciência corporal, mas
ao mesmo tempo, posso não conseguir fazer o movimento ou posso fazer incorretamente
por falta de força muscular e aí é melhor recorrer aos acessórios e aparelhos?
Isso mesmo, caro aluno! Tudo vai depender dos níveis de aptidão física do seu
atleta ou aluno, ou seja, de como ele se encontra em níveis físico. Portanto, é importante
que você avalie ou observe seu atleta ou aluno antes de indicar um exercício ou treino
para ele. É preciso que você indique a forma mais adequada para que os resultados do
treino sejam satisfatórios e positivos.
DICA
Aprenda mais sobre o treinamento funcional e o método pilates.
Temos duas sugestões de leitura para você:
BOYLE, M. O novo modelo de treinamento funcional de Michel Boyle. 2.
ed. Porto alegre: Artmed, 2018.
26
Acessórios como bola suíça, rolo, foam roller, bosu, superfícies de espumas,
bandas elásticas, kettebell, medicineball, prancha de deslizamentos são alguns dos
materiais que podem ser utilizados no treinamento resistido. Não se preocupe se você
não conhece alguns desses materiais, você pode pesquisar sobre eles na internet e
pode encontrá-los facilmente nas lojas especializadas de materiais esportivos.
Você vai perceber que alguns acessórios tem a função de provocar instabilidade
ao corpo, o que obriga o praticante manter o corpo em alerta para equilibrar-se,
enquanto outros acessórios tem a função de adicionar cargas, ou seja, aumentar a
resistência externa e, portanto, dificultar a execução do exercício físico, trabalhando a
força muscular em suas diversas formas de manifestação.
A bola suíça é uma grande bola inflada utilizada de várias maneiras na prática
de exercício físico. O exercício na bola exige que você se concentre em cada grupo
muscular e isso traz a vantagem de ter todo o corpo constantemente exigidos.
Para Endacott (2008), treinar na bola suíça ajuda a treinar músculos que
a atividade diária não estimula pois são estruturas musculares mais profundas da
estrutura corporal.
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Os exercícios com a bola suíça podem ser realizados em várias posições. Nos
exercícios em pé, podemos colocar a bola entre nosso corpo e a parede, permitindo a bola
deslizar e assim facilitando a execução do movimento, ideal para o praticante iniciante.
Assim como no caso da bola suíça, as bandas elásticas também podem ser
usadas com diferentes finalidades, dentre essas finalidades estão a mobilidade articular
e os alongamentos. Podemos por exemplo, nos posicionar de decúbito dorsal (costas
apoiadas no chão) com a perna estendida, colocar a banda elástica em um dos pés e
puxar a banda elástica em direção a cabeça para promover o alongamento da parte
posterior da coxa e perna.
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Também temos como acessórios para aumentar a resistência externa nos
exercícios os pesos livres. Para Bossi (2013), pesos livres são equipamentos que
podem se movimentar em qualquer direção quando utilizados no exercício físico. São
considerados pesos livres as anilhas, barras, halteres e outros.
Você verá que os pesos livres são muito utilizados nos treinamentos em geral.
Vamos aprender como podemos utilizá-los em um programa treinamento físico quando
falarmos do treinamento resistido para grupos específicos na Unidade 3.
Como você pode verificar, há muitos acessórios para serem utilizados nos
exercícios de um programa de treinamento resistido. Você há de ter percebido que
falamos apenas dos exercícios que utilizam a bola, a banda elástica e os pesos livres,
imagine quanto mais poderemos fazer utilizando os outros acessórios que temos
disponível. Se você quer conhecer outros acessórios, colocamos uma dica bibliográfica
no Gio Dica, não deixe de verificar!
Com tudo isso que vimos neste subtópico, tenho certeza que você percebeu
que temos muitas opções de acessórios para planejar um programa de treinamento
resistido, não percebeu? E ainda nem falamos da utilização dos aparelhos como forma
de resistência externa nos exercícios resistidos. Mas vamos falar agora e convido você
para irmos juntos para o próximo subtópico. Vamos?
29
DICA
Existem outros acessórios alternativos que podem ser utilizados no
treinamento resistido como barris, cilindros, pneus, correntes, sacos de
areia. Saiba mais sobre esses acessórios.
Temos uma sugestão de leitura para você:
CHANDLER, T. J.; BROWN, L. E. Treinamento de força para o desempenho
humano. Porto alegre: Artmed, 2009.
30
Você vai ver que é simples entender o processo acima descrito. No primeiro caso,
em que a mola é um auxílio, a resistência das molas funciona a favor do movimento que o
aluno está fazendo, portanto, reduz o esforço que ele tem de fazer durante o exercício. E
no segundo caso, em que a mola funciona como um peso contra o movimento que está
sendo realizado, o esforço é aumentado e o exercício é realizado com mais dificuldade.
Mas cuidado, caro aluno. Se você imaginou que o exercício no primeiro caso se
torna mais fácil, você pode estar enganado! Considere que, se por um lado a mola auxilia
o exercício pois está a favor do movimento, por outro, esse fato cria uma instabilidade
exigindo que o corpo use a força para manter o equilíbrio corporal e isso, aumenta o
grau de dificuldade da execução do movimento.
De novo, gostaria de convidá-lo para saber mais sobre o método pilates e sobre
a história do Joseph Pilates, que foi o criador do método. Veja a bibliografia indicada
no Gio Dica; nela você saberá mais sobre o método (que inicialmente foi chamado de
controladoria e que hoje é conhecido como método pilates) e aprenderá como são e
como funcionam os aparelhos utilizados no pilates com aparelhos.
Agora que você já aprendeu sobre resistência interna, que é obtida através
do peso do próprio peso corporal e resistência externa que é obtida pela utilização de
acessórios, pesos livres e aparelhos, gostaríamos de fazer uma pergunta.
Vamos pensar juntos, ok? Você vai se lembrar que quando explicamos sobre
os acessórios e pesos livres, falamos que a adição de materiais ao movimento era um
fator que acrescentava dificuldade ao exercício, não só em questão de resistência, mas
também na questão de execução do movimento.
Pois bem, no caso dos aparelhos eles funcionam de forma oposta ao que foi
colocado acima sobre os acessórios e pesos livres, ou seja, o aparelho proporciona
estabilidade ao aluno na hora da execução do movimento, portanto, dão mais estabilidade
ao corpo ajudando no equilíbrio ao executar o movimento.
Diante disso, podemos pensar que é mais fácil e seguro fazer um exercício no
aparelho quando comparados com acessórios e pesos livres. Podemos inferir então,
que para alunos iniciantes, o mais indicado é que faça um treinamento resistido com
o auxílio de aparelhos e quando ele estiver mais adaptado ao movimento exigido no
exercício e com mais consciência corporal durante a execução do movimento, podemos
inserir exercícios com a utilização de acessórios ou pesos livres.
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Você conseguiu acompanhar nosso raciocínio na resposta da questão acima?
Que ótimo! Isso significa que podemos dar continuidade no nosso conteúdo e falar dos
aparelhos que utilizam polias ou roldanas como meio de oferecer resistência.
DICA
Conheça o método Pilates e saiba mais sobre os aparelhos criados por
Joseph Pilates.
Temos uma sugestão de leitura para você:
VEGA, J. M.; GIMENES, R. O. Método pilates: das bases fisiológicas ao
tratamento das disfunções. Rio de Janeiro: Atheneu, 2019.
PILATES, J. H. A obra completa de Joseph Pilates. Sua saúde e o retorno
à vida pela controladoria. São Paulo: Phorte, 2010.
Bem, é fácil saber o que é musculação, mas você deve estar se perguntando
o que são polias ou roldanas, e como elas funcionam nos aparelhos de musculação,
certo? Bem, para responder isso vamos ter que recorrer um pouco a física, mas não se
preocupe, será só um pouco!
32
Polias ou roldanas são tipos de rodas que podem ser acopladas em máquinas
com o objetivo de reduzir o esforço realizado para deslocar objetos com muito peso.
Existem as polias fixas, que não se movem e as polias móveis, que se movem quando
o objeto é levantado (SOUZA, 2011). Podemos encontrar esses tipos de dispositivos em
muitos lugares como na construção civil e nos aparelhos de musculação.
Não é muito complicado, quer ver? Da próxima vez que você passar em frente a
uma construção, repare naquele balde de concreto que está sendo levado até o quinto
andar. Você verá que ele é puxado para o alto com o auxílio de uma polia. É isso! Fácil, não?
Vamos pensar juntos novamente, mas desta vez gostaríamos de trazer antes o
pensamento de um autor da área, ok? Para Zatsiorsky e Kraemer (2008), há vantagens
e desvantagens entre utilizar pesos livres ou aparelhos de musculação. Para os autores,
as vantagens dos aparelhos são ser possível uma gradação do peso em pequenas
quantidades e a possibilidade de realizar o movimento mais facilmente, portanto, com
um menor risco de lesões, enquanto que os pesos livres exigem uma maior atenção em
decorrência da possibilidade de causar desequilíbrios.
33
E você, continua achando isso também ou mudou de ideia baseado nos seus
estudos complementares sobre o assunto? Pensar é muito bom e ter as nossas próprias
opiniões é melhor ainda! Mas para pensar com autonomia devemos estudar e aprender
o máximo que podemos, por isso, vamos relembrar o que aprendemos neste tópico.
Mas não é só isso, temos mais conteúdos sobre o treinamento resistido e agora
vamos colocar nossa atenção nas adaptações que o treinamento resistido proporciona
ao organismo, verificando as alterações estruturais e fisiológicas que ocorrem nos
sistemas do nosso corpo.
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Um ponto positivo em utilizar somente o nosso corpo nos exercícios resistido é obter
uma maior concentração no exercício, melhorando a percepção do nosso corpo e o
movimento realizado.
• O pilates é um método que pode ser realizado apenas com o peso corporal, com
utilização de acessórios ou com aparelhos.
• No pilates solo ou mat pilates os exercícios são realizados no solo somente com a
resistência do corpo ou com a ajuda de acessórios.
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• A utilização de acessórios e pesos livres é comum nos exercícios resistidos e são
uma opção para o aumento da resistência e para diversificar um programa de
treinamento resistido.
• Os acessórios como bola suíça, rolo, foam roller, bosu, superfícies de espumas,
bandas elásticas, kettebell, medicineball, prancha de deslizamentos são alguns dos
materiais que podem ser utilizados no treinamento resistido.
• Para criar instabilidade durante a execução dos exercícios resistidos é possível utilizar
acessórios como a bola suíça, o rolo, o foam roller, o bosu, as superfícies de espumas,
a prancha de deslizamento, a cama elástica e outros materiais relacionados a esses.
• A bola suíça pode ser utilizada para criar instabilidade durante os exercícios, criar
resistência externo e também para fazer trabalhar mobilidade articular e alongamentos
e toda estrutura corporal.
• Os aparelhos com molas são utilizados nos estúdios de pilates. As molas são
objetos elásticos e flexíveis que promovem diferentes resistências externa aos
movimentos executados.
• Os aparelhos com polias são mais comuns nas academias de musculação. Polias são
tipos de rodas que podem ser acopladas em máquinas e aparelhos com o objetivo de
reduzir o esforço realizado para deslocar objetos com muito peso.
36
• A musculação é um meio de treinamento caracterizado pela utilização de pesos
e aparelhos desenvolvidas para oferecer alguma carga mecânica em oposição ao
movimento dos segmentos corporais.
• É mais é mais fácil e seguro fazer um exercício no aparelho quando comparados com
acessórios e pesos livres, sendo esses mais indicados para alunos iniciantes.
37
AUTOATIVIDADE
1 A resistência imposta nos treinamentos pode ser interna, quando o próprio corpo
é utilizado ou pode ser externa, quando utilizamos acessórios, pesos livres,
aparelhos ou até mesmo o corpo de outra pessoa para proporcionar a resistência.
Em um ambiente de água, devemos considerar outras formas de resistências como
a resistência da água e considerar os princípios hidrodinâmicos que ela opõe nos
exercícios praticados. Em relação ao ambiente terrestre temos a resistência interna e
a resistência externa, conforme colocado acima. Sobre a resistência interna e externa
em ambientes terrestres, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as
sentenças falsas.
2 A utilização de acessórios, pesos livres, aparelhos com molas e aparelhos com polia
são uma opção para o aumento da resistência e um meio de diversificar os exercícios
de um programa de treinamento resistido. Sobre os acessórios e aparelhos, associe
os itens com as respectivas assertivas.
I- Acessórios
II- Aparelhos com molas
III- Aparelhos com polias
38
( ) Se você for à um estúdio de pilates e resolver fazer um exercício nos aparelhos,
você verá que em alguns exercícios são ajudados por elas e em outros casos, elas
dificultam a realização do exercício. Mas considere que, se por um lado ela auxilia o
exercício pois está a favor do movimento, por outro, esse fato cria uma instabilidade
exigindo que o corpo use sua força para manter o equilíbrio corporal e isso, aumenta
o grau de dificuldade da execução do movimento
( ) Cada um tem sua particularidade e objetiva trabalhar aspectos específicos do corpo,
portanto, tem a função de promover diferentes adaptações à estrutura corporal. São
exemplos, a bola suíça, o rolo, o foam roller, o bosu, as superfícies de espumas, as
bandas elásticas, o kettebell, o medicineball, a prancha de deslizamentos e outros.
( ) Podemos encontrar esses tipos de aparelhos na musculação. Utilizam tipos de
rodas que podem ser acopladas em aparelho com o objetivo de reduzir o esforço
realizado para deslocar objetos com muito peso.
39
IV- Os exercícios com a bola suíça podem ser realizados com o corpo em várias posições.
Nos exercícios em pé, podemos colocar a bola contra parede e trabalhar membros
inferiores fazendo agachamentos e deixando a bola deslizar atrás, entre a bola e o
tronco, o que facilita a execução do exercício, ideal para o praticante iniciante. Já
para os membros superiores, podemos utilizar a bola para fazer sobrepeso ao elevar
os braços. Na posição de decúbito dorsal, ou seja, deitado de costas apoiadas no
chão, a instabilidade pode ser conseguida apoiando os pés sobre a bola, enquanto
em decúbito ventral, que é a posição de barriga para baixo, podemos apoiar os
cotovelos na bola para causar o desequilíbrio e promover resistência no corpo como
todo à medida que o praticante procura se estabilizar na bola para fazer o exercício.
5 Os acessórios e pesos livres são utilizados para promover resistência externa nos
treinamentos resistidos. Cada acessório tem a sua particularidade e objetiva trabalhar
aspectos específicos do corpo. Disserte sobre as vantagens e desvantagens de fazer
exercícios utilizando acessórios ou pesos livres.
40
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
ADAPTAÇÕES ORGÂNICAS
AO TREINAMENTO RESISTIDO
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, neste Tópico 3 abordaremos as adaptações que ocorrem no
organismo após a prática de um programa de treinamento resistido e também as
adaptações que ocorrem após a interrupção do programa de treinamento que é
denominado de destreinamento.
Vejamos isso melhor. O corpo está sempre trabalhando para manter o equilíbrio,
tanto no momento da execução de um exercício quanto depois do término do
exercício, e continua esse trabalho por um longo tempo. Pois bem, no primeiro caso,
quando estamos fazendo o exercício e imediatamente após pararmos o exercício, está
acontecendo a adaptação aguda, e no segundo caso, que é o tempo decorrente depois
da prática do exercício, está ocorrendo as adaptações crônicas.
Isso quer dizer que é normal uma pessoa destreinada, ou seja, que não fazia
nenhum tipo de treinamento antes, nas primeiras semanas sentir muita diferença no
seu corpo tanto fisiológicos quanto estruturais, mas com o tempo, já que o corpo vai
ficando melhor, ele vai responde menos e, portanto, as intensidades das adaptações
vão diminuindo.
Muito bem, já sabemos o que são adaptações e de que forma elas ocorrem.
Agora veremos as adaptações que podem ocorrer nos sistemas cardiorrespiratório e
musculoesquelético em respostas à um programa de treinamento físico. Preparados?
42
No momento em que o estamos nos exercitando, as variáveis frequência
cardíaca, volume sistólico e o débito cardíaco aumentam com os treinamentos resistidos
de alta intensidade (FLECK; KRAEMER, 2017).
Na prática isso quer dizer que quando você está fazendo um treinamento
resistido você está “falando” para o seu corpo respirar mais, bombear mais sangue, ou
seja, trabalhar mais e se adaptar ao que está sendo exigido. Isso no momento pode
ser um pouco cansativo, mas depois há um grande benefício devido as adaptações
crônicas que ocorrem no organismo.
E porque esse aumento das variáveis acima citadas é benéfico para o sistema
cardiorrespiratório?
Em relação à variável frequência cardíaca, essa é uma das alterações que torna
o sistema cardiorrespiratório melhor. Ter uma frequência cardíaca mais baixa, quer dizer
que o coração é capaz de bombear mais sangue a cada batida, e que, portanto, não
precisa bater muito mais para “entregar” a quantidade de sangue que o corpo necessita.
Em outras palavras, o coração se torna mais eficiente.
43
As adaptações decorrentes do treinamento físico ocorrem em todos os sistemas
corporais e em inúmeras variáveis relacionadas s esses sistemas. Nós falamos um
pouco sobre as adaptações do sistema cardiorrespiratório e no próximo tópico vamos
falar sobre alterações que ocorrem no sistema musculoesquelético após um programa
de treinamento resistido.
44
Gostaríamos de começar analisando a questão do crescimento dos músculos.
Conforme os estudos citados a seguir, a adaptação mais pronunciada em resposta a um
programa de treinamento resistido é o aumento do tamanho dos músculos.
Com base nas colocações acima, devemos ficar atentos quando o objetivo de
um programa de treinamento resistido é o aumento da força muscular, pois, neste caso,
além de uma mudança na estrutura ou número de fibras musculares, deverá ocorrer
mudanças em outras estruturas do corpo para que haja um aumento dessa capacidade.
Você vai perceber nas suas pesquisas sobre o assunto que existem muitos
estudos que analisaram os efeitos do treinamento resistido em diferentes populações,
e você vai poder confirmar que um treinamento resistido pode ser importante não só
para atleta visando uma melhoria no seu desempenho atlético, mas para pessoas em
geral, independentemente da idade e do nível de aptidão física e saúde.
45
Gostaríamos de ressaltar essa questão em relação à população especifica de
idosos. Pesquisas mostram que o treinamento resistido parece atenuar alguns declínios
em relação às variáveis relacionadas à força muscular provocadas pelo processo do
envelhecimento (FLETCHER; KRAENER, 201).
Mas não vamos nos iludir. Não devemos imaginar que um único exercício
físico isolado seja capaz de criar aprimoramento no tamanho e na força dos músculos
ativados. Como vimos, diferentes variáveis relacionadas aos músculos respondem de
maneira diferente ao estresse adaptativo que lhe é imposto.
DICA
Para saber mais sobre as adaptações fisiológicas que ocorrem no organismo
em decorrência do treinamento físico, leia os livros de fisiologia e treinamento
físico e desportivo
3 DESTREINAMENTO
Nós falamos no subtópico acima sobre os benefícios que um treinamento
resistido pode trazer para atletas, pessoas em geral e populações específicas,
abordando as adaptações orgânicas que ocorrem com a pratica de um programa de
treinamento resistido.
46
Agora nós vamos falar sobre as adaptações que ocorrem no organismo quando
há a interrupção da prática de um programa de treinamento físico, do qual podemos
chamar de destreinamento.
Porém, quando há uma interrupção nos treinos, sem que isso fizesse parte
da programação do atleta ou aluno, por motivo de uma lesão ou qualquer outro fator
externo, o destreinamento acontece de forma desprogramada.
47
Bem, devemos alertá-lo que não é tão simples assim. Vejamos porquê.
Lembra de quando falamos das adaptações? Pois bem, você vai lembrar que as
adaptações podem ocorrer de forma aguda, na hora do exercício e imediatamente após o
exercício, e de forma crônica, que é a somatória das adaptações agudas ao longo do tempo.
Muito bem, o tempo é uma variável que demonstra que não é simplesmente
perder os benefícios que já se ganhou com o treinamento físico. Se você treina há
muito tempo, seu organismo está mais adaptado (teve bastante tempo para assimilar
as adaptações agudas) e, portanto, pode levar mais tempo para perder ou alterar as
adaptações já conquistadas com o treinamento. Mas é claro, isso não impede que você
sofra alterações no organismo com a interrupção de um programa de treinamento.
48
Com isso caro aluno, chegamos ao final desta unidade. Esperamos que todo o
conteúdo trabalhado tenha sido de valia para os seus estudos acadêmicos e para o seu
desenvolvimento profissional e pessoal.
O que nós queremos dizer com isso? Queremos dizer com isso para você ficar
atento ao seu aluno ou atleta, pois eles têm necessidades e objetivos específicos em
relação ao treinamento que lhe é proposto. E essa atenção e observação será a base
para que você possa preparar um programa de treinamento resistido adequado as
necessidades especificadas de cada um.
49
LEITURA
COMPLEMENTAR
ENTREVISTA REALIZADA COM O PROFESSOR DR. PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA,
DOCENTE DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA UNICAMP
Cursei a Escola de Educação Física entre 1968-1970; no ano seguinte (1971) fui aprovado
no curso de técnico desportivo em atletismo quando fui convidado para atuar como
instrutor voluntário naquela escola no ano de 1972; como docente, ministrei aulas de
treinamento desportivo e atletismo na FEFISA (Faculdade de Educação Física de Santo
50
André) e Faculdade de Educação Física de Guarulhos; ministrei aulas de Educação Física
no Colégio Estadual de Itapevi e Colégio Municipal Alcina Dantas Feijão (São Caetano
do Sul), respectivamente em 1971 e 1972; participei do grupo de técnicos esportivos
que implantou a prática da Educação Física na USP (CEPEUSP), sob o comando do
inesquecível Professor Antônio Boaventura da Silva (1972); em 1973 fui aprovado em
concurso público na Universidade Estadual de Londrina onde fui docente por 20 anos;
ainda no Estado do Paraná, atuei como professor em colégios públicos, universidade
privada e, como preparador físico e técnico de futebol na equipe do Londrina Esporte
Clube (1983-1986).
Entre 1987 e 1991, fui diretor técnico da Fundação de Esportes do Paraná quando
coordenei a implantação e implementação da Política de Esportes, uma verdadeira
revolução organizacional naquele Estado.
51
O treinamento desportivo pode ser considerado como a forma fundamental de
preparação do desportista, baseado em exercícios sistemáticos representando em
sua essência, um processo organizado pedagogicamente com o objetivo de dirigir a
evolução do desportista (seu aperfeiçoamento desportivo). Também pode ser entendido
como o exercício funcional planejado na área corporal ou mental, com o objetivo de
desempenho individual máximo, principalmente no desporto de competição.
Um dos grandes avanços na área do treinamento desportivo foi a sua ampliação conceitual
uma vez que tanto do ponto de vista pedagógico como metodológico, devem ser
objetivados efeitos positivos de treinamento tanto nas características comportamentais
motoras, como nas emocionais e intelectuais, ou seja, um entendimento atual de que
desempenho no desporto é uma questão complexa e multivariada. Infelizmente, em
nosso país, apesar dos trinta e um anos de pós-graduação, pesquisas e publicações
oriundas do desporto, a aproximação entre universidades e federações de confederações,
pesquisador-treinador ainda não se concretizou, ou ainda, está restrita a isoladas
iniciativas.
52
Por outro lado, temos como tradição a ruptura com ideias que estão dando bons
resultados ainda que em governos de mesmo partido que se sucedem.
A ausência de políticas bem definidas e de longo prazo no país faz com que os recursos
sejam prioritariamente gastos com o desporto de rendimento por conta da presença
oportunista de instituições organizadas (clubes, federações, confederações), ao invés
de se dirigir para o desporto educacional e de participação; assim, vamos tapando o
sol com a peneira deixando de focar a questão principal que é a democratização do
desporto, o desporto acessível a todos, etc. O artigo 217 da constituição brasileira que
parecia ser uma grande conquista, “é dever do Estado fomentar práticas formais e não
formais, como direito de cada um...” está muito distante da realidade; assim, alguns
estudiosos da legislação desportiva destacam-se que “ao salientar o dever do Estado,
o faz com o sentido de obrigação jurídica, sem contudo esclarecer, dentre os órgãos
estatais, quem seria obrigado a fomentar as práticas desportivas, comprometendo,
nessa ótica, a eficácia e, a dimensão aplicativa dos ideais desportivos”;
4.- Como você percebe a apropriação de práticas originais do alto rendimento fora de
seu contexto original (escolas, academias, espaços de lazer, etc.)?
As características peculiares de cada uma das manifestações desportivas (rendimento,
educacional, participação) estão muito bem definidas no meio acadêmico e, em
decorrência, no meio profissional; portanto, os profissionais de educação física
devem conhecer de forma muito clara que os princípios específicos do sistema de
preparação do desportista de alto rendimento (manipulação dos componentes da
carga, conhecimento dos diferentes modelos de estruturação do treinamento, sistema
de controle, etc.), só devem ser aplicados neste peculiar ambiente do desporto; por
outro lado, devem estar cientes que certas práticas bem sucedidas no desporto de alto
rendimento (a sofisticação do processo de gestão, as peculiaridades das parcerias com
a iniciativa privada, a necessidade de estabelecimento de metas objetivas, a adoção
de sofisticados sistemas de controle da eficiência da relação custo benefício, etc.)
precisam ser incorporadas pelas outras manifestações do desporto, como estratégia
determinante para a consolidação do desporto educacional e participação.
5.- O que você nos pode dizer sobre essa relação, tão vinculada pela mídia, entre esporte
e saúde?
As diferentes formas de exercitação historicamente conhecidas, anteriores ao desporto de
competição e praticadas nos diferentes contextos, foram instrumentalizadas para cumprir
finalidades no âmbito do corpo e da saúde. Portanto, o desporto está inquestionavelmente
associado ao corpo e à saúde. Pela prática do exercício físico, pode-se intervir no corpo
e na saúde. As diferentes manifestações do desporto podem ter um papel importante
no sentido da preservação da saúde da sociedade, embora a mídia muitas vezes
desconheça os conceitos relativos à aptidão física. Já foi bem tratada e delimitada, no
meio acadêmico, o conceito de aptidão relacionado à saúde do cidadão e o conceito
de aptidão física relacionado ao rendimento desportivo, ou seja, aquele relacionado às
habilidades desportivas, em especial dos desportistas de competição.
53
Evidente, embora as ciências humanas relacionem várias doenças da civilização
contemporânea à diminuição da prática de atividade física e, tal evidência, nem
sempre pode ser confirmada em sua totalidade, enquanto não surgir outro mito ou
verdade, os professores de Educação Física devem ter o compromisso de defender a
ideia do desporto como uma fonte inesgotável de saúde, principalmente quando sua
prática respeita os limites do homem, sua individualidade biológica, suas experiências
desportivas anteriores e seus interesses.
54
dos eméritos cientistas de diferentes países, membros participantes dos laboratórios
conveniados com os órgãos internacionais que regulam o desporto, que se dedicam às
análises visando coibir a utilização das drogas; ou ainda, seria o mesmo que questionar
a IAAF e o COI, instituições que cuidam com rigor a questão do exame antidoping.
Embora consideremos que o estudo da ação motora reflita no estudo do homem que
executa essa ação, na licenciatura deve-se transferir a essência da prática desportiva
para o praticante, não se focando apenas na execução. O desporto deve ser percebido
enquanto prática humana. Aqui, vejo o desporto como meio de desenvolvimento,
educação e preparação multifacetada para a vida.
Na minha concepção o novo profissional do desporto deve em primeiro lugar estar ciente
das possibilidades de atuação na área; a seguir, em função da aptidão, deverá buscar
estrutura do curso que mais se identifica com a sua área de interesse. Ainda vivemos
o sonho de uma atuação abrangente em que supúnhamos ser capaz de dar conta do
fenômeno desportivo em toda a sua abrangência; para a evolução da área deveremos
buscar um modelo de formação mais especializada e delimitada.
FONTE: GUTIERREZ. G.L. Entrevista realizada com o professor Dr. Paulo Roberto de Oliveira, docente da
Faculdade de Educação Física da Unicamp. CONEXÕES: Revista da Faculdade de Educação Física da
UNICAMP. Campinas, v. 7, n.1, p. 136-143, 2009.
55
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O exercício físico recruta ambos os tipos de fibras musculares contrateis, mas de modo
específico, alguns exercícios recrutam maior número de um tipo do que do outro.
56
• A hipertrofia muscular, pode ocorrer tanto nas fibras de contração do tipo I quanto
nas fibras do tipo II, entretanto, o treinamento resistido parece aumentar em maior
magnitude o tamanho das fibras musculares do tipo II em relação às fibras do tipo I.
• Em relação à força, com o destreinamento essa capacidade motora pode ser mantida
por até quatro semanas em atletas.
57
AUTOATIVIDADE
1 A adaptação é um processo fisiológico pelo qual o corpo reage a um exercício físico.
Esse processo permite que o corpo fique apto para desenvolver meios de melhor
atender as exigências do exercício, reduzindo o desafio e o estresse imposto ao corpo.
Podemos dizer, de uma maneira mais simples, que no processo de adaptação o corpo
“enxerga” o exercício físico como um agente externo que causa danos a ele e se
“arma” para manter o seu padrão de funcionamento durante e depois do exercício. De
acordo com o processo de adaptação no organismo, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as sentenças falsas.
58
( ) Após duas a três semanas de destreino, atletas já podem ter alterações em algumas
variáveis desse sistema, havendo uma redução no consumo de oxigênio. Atletas
com maior condicionamento cardiorrespiratório tem maiores reduções em fatores
biológicos, entretanto, após breve período de destreinamento, os atletas ainda tem
valores das variáveis neste sistema maiores do que sedentários e suas funções
retornam rapidamente com o retreino.
( ) Com o destreino essa capacidade motora pode ser mantida por até quatro semanas
em atletas. Em pessoas comuns, em razão dos níveis de força serem menores
inicialmente, a perda da força pode levar até seis semanas ou mais para em
comparação com pessoas treinadas.
( ) Quando a interrupção nos treinos faz parte do programa de treinamento, o
destreinamento acontece de forma programada, porém, o destreinamento também
pode acontecer de forma desprogramada em decorrência de uma lesão ou qualquer
outro fator externo.
59
IV- São três os fatores que explicam e influenciam a capacidade força: o corte
transversal do músculo, o tipo de fibra e o arranjo mecânico do osso e do músculo.
O aumento da força não está ligado necessariamente a hipertrofia muscular, pois
outros fatores importantes, como os fatores neurológicos e densidade mineral
óssea afetam a força humana.
60
REFERÊNCIAS
BARBANTI, V. J. Dicionário de educação física e esporte. 2. ed. Barueri, SP:
Manole, 2003.
ENDACOTT, J. Exercícios com bola suíça: movimentos simples para um corpo forte e
flexível. Barueri, SP: Manole, 2008.
61
GONZÁLEZ, F. J.; FENSTERSEIFER, P.E. Dicionário crítico de educação física. 3. ed.
Ijuí: Ed. Unijuí, 2014.
PILATES, J. H. A obra completa de Joseph Pilates. Sua saúde e o retorno â vida pela
controladoria. São Paulo: Phorte, 2010.
SOUZA, P. H. Física lúdica: práticas para o ensino fundamental e médio. São Paulo:
Cortez, 2011.
VEGA, J. M.; GIMENES, R. O. Método pilates: das bases fisiológicas ao tratamento das
disfunções. Rio de Janeiro: Atheneu, 2019.
62
UNIDADE 2 —
METODOLOGIA DO
TREINAMENTO RESISTIDO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
63
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
Acesse o
QR Code abaixo:
64
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, neste Tópico 1 abordaremos os conceitos relacionados ao
treinamento esportivo, apresentando sua evolução, que está atrelada à história do
esporte, e mostrando as relações existentes entre treinamento esportivo, treinamento
físico e o treinamento resistido.
2 CONCEITOS DO TREINAMENTO
Através da análise histórica do esporte podemos inferir que o treinamento não é
algo recente, pois o mesmo já era realizado com o objetivo de melhorar o condicionamento
de atletas desde o começo dos jogos esportivos. Tubino e Moreira (2003), ao estudar a
evolução do treinamento esportivo propõe adaptações ao modelo de Pereira da Costa
(1972) e apresentam uma divisão da história do treinamento esportivo em cinco períodos,
sendo eles:
1 - O período da Arte;
2 - O período da Improvisação;
3 - O período da Sistematização;
4 - O período Pré-científico;
5 - O período Científico.
65
para treinar, aquecimento e relaxamento no início e no final do treinamento. As
sessões de treinos eram planejadas em ciclos e também havia preparação psicológica
e dietas durante o período de preparação para as provas e durante as provas (TUBINO;
MOREIRA, 2003).
Não se tem muitas informações sobre o período da Improvisação, que vai dos
primeiros jogos olímpicos de Atenas até o sétimo jogo olímpico (1896 -1920), talvez
por ser um período em que não havia diferença entre o período de preparação e o de
competição (TUBINO; MOREIRA, 2003).
Foi nesse período que surgiu o método de treino chamado Fartlek, que você já
deve ter ouvido falar. O Fartlek foi criado em 1930 pelo sueco Gosse Holmer e consistia
em circuitos de corrida em superfícies e intensidades diferentes, das quais faziam parte
trechos em bosques, campos, montanhas, superfícies planas, aclives e com areia.
As corridas eram alternadas entre trotes e marchas em ritmo lento e rápido (TUBINO;
MOREIRA, 2003).
O período Científico que vai até os dias atuais, foi divido por Tubino e Moreira
(2003) em três fases: a primeira fase é a fase da ênfase metodológica, a segunda é a
fase da ênfase na bioquímica e terceira fase é a ênfase na tecnologia. Para os autores,
apesar da fase na ênfase metodológica ter estagnado, a ênfase na bioquímica – ou nos
processos fisiológicos de adaptação do organismo ao treinamento – e na tecnologia
continuam evoluindo.
Foi na fase Metodológica, que provavelmente teve início em 1950, que surgiram
os métodos o circuit-training, cross-promenade, power-training, Marathon-training,
aerobics, altitude-training que se basearam em pesquisas realizadas em laboratório
sobre o esforço físico. Você já ouviu falar em alguns desses métodos? Provavelmente
sim, pois eles continuam atuais e com grande frequência são utilizados no treinamento.
66
Já na fase da bioquímica, que teve início na década de 70, o grande ganho foi
a introdução de suplementos dietéticos, enquanto na fase tecnológica o ganho se deu
pela utilização de máquinas para musculação e aparelhos de ergometria em laboratórios
para avaliação (TUBINO; MOREIRA, 2003). Atualmente as pesquisas científicas, com
base fisiológica e tecnológica, continuam sendo um recurso para a melhoria e o
desenvolvimento do treinamento tanto para o esporte quanto para o treinamento
direcionada à aptidão física e a saúde de pessoas em geral.
Bem, dito isso, vamos então pensar nas questões colocada acima: A primeira
questão foi: O que é o treinamento? Para Tubino e Moreira (2003), o conceito de
treinamento esportivo mudou quando o esporte deixou de ser entendido apenas como
esporte de rendimento e passou a ser entendido também como esporte educação,
esporte lazer e de direito de todas as pessoas. Com a ampliação do conceito de esporte,
o conceito de treinamento esportivo também se ampliou, e hoje, tem um significado
mais abrangente em relação a épocas anteriores.
Podemos dizer então, que hoje, o treinamento esportivo tem como finalidade
não só preparar o atleta para um esporte de competições e de alto rendimento – como
antigamente – mas também tem o objetivo de preparar para o esporte que é praticado na
escola ou em espaços de lazer e até (ou seria principalmente?) para promover benefícios
na aptidão física e saúde das pessoas em geral e com necessidades específicas.
67
uma forma gradual. Para o autor, o treinamento pode ser direcionado para uma vertente
esportiva ou para uma vertente de recondicionamento da saúde, porém, essas duas
vertentes diferem do treinamento esportivo para os atletas de elite, ou seja, de alto
rendimento esportivo.
O que significam esses conceitos? Bem, esses conceitos nos conduzem a dois
pensamentos. O primeiro é que o treinamento esportivo tem um conceito amplo que
abrange o treinamento de vários aspectos do praticante, desde o intelectual e emocional
até os aspectos técnicos, táticos e físicos relacionados ao esporte praticado. O segundo
pensamento é sobre a possibilidade de realizar um programa de treinamento esportivo
direcionado para tanto para o desempenho esportivo quanto para a melhoria da saúde.
Agora, com base em tudo que explicamos, nós gostaríamos que você refletisse
um pouco e respondesse a uma pergunta. Qual é o objetivo de um programa de
treinamento físico?
Fácil responder a essa pergunta, não é? Temos certeza que você saberá
responder rapidamente. O objetivo de um treinamento físico é desenvolver duas ou
mais capacidades motoras condicionais – que são resistência, velocidade, flexibilidade
e força – ou todas as capacidades se possível.
Pois bem, falando agora sobre o treinamento resistido, você já sabe que ele é um
trabalho físico contra uma resistência oposta - que pode ser interna, quando o peso do
próprio corpo é utilizado, ou externa, quando utilizamos acessórios, pesos livres, aparelhos
ou até o peso de um outro corpo adversário. O treinamento resistido como você também já
sabe, desenvolve a capacidade motora força e suas formas de manifestação.
68
Ficou claro tudo o que explicamos para você? Então, podemos passar para
a fundamentação metodológica do treinamento esportivo que foi se formando ao
longo do tempo. Essa fundamentação do treinamento esportivo, que muitas vezes
“emprestamos” para os outros tipos de treinamento, se baseia nos princípios e variáveis
do treinamento, os quais estudaremos no próximo subtópico. Vamos para lá?
DICA
Aprenda mais sobre a história do esporte e do treinamento esportivo na bibliografia
sugerida.
70
2.1.4 Princípio da Continuidade
O princípio da continuidade se baseia na condição atlética e o tempo para a
aquisição dessa condição. Esse princípio chama a atenção para que um programa de
treinamento não seja interrompido e assim não haja perda da condição do atleta.
71
2.2 VARIÁVEIS DO TREINAMENTO
Para Bompa (2002), todo treinamento físico resulta em alterações físicas,
fisiológicas e psicológicas, e essas alterações dependem das variáveis relacionadas ao
treinamento. Para o autor, as variáveis são o volume, a intensidade, a densidade e a
complexidade. Vamos analisar como são definidas cada uma dessas variáveis.
2.2.1 Volume
O volume pode ser verificado de duas formas. Pode significar o volume total
das atividades realizadas em um programa de treinamento e também pode significar a
soma do trabalho realizado em determinada em uma sessão por um período de tempo
(BOMPA, 2002).
Isso quer dizer que o volume pode medido de uma forma abrangente, quando
medimos o trabalho realizado em todo o programa de treinamento, mas pode também
ser medido de uma forma mais restrita, quando medimos a quantidade de trabalho
realizado em uma única sessão de treinamento ou ao final de uma semana, um mês ou
qualquer outro período de tempo.
Vamos verificar o que são cada parte que integram o volume de treinamento para
Bompa (2002). A primeira parte se relaciona com o tempo decorrido de um programa de
treinamento que pode ser do programa total ou por um tempo específico dentro do tempo
desse programa. Por exemplo, se o programa for de um ano, posso ver o volume de trabalho
realizado em uma semana ou em um mês de treinamento. Já a duração se relaciona com o
tempo de duração das atividades realizadas nas sessões de treinamento.
72
2.2.2 Intensidade
A intensidade do treinamento é um componente qualitativo e quanto mais
trabalho o atleta realiza por unidade de tempo, maior é a intensidade. Durante o
treinamento o atleta experimenta vários níveis de intensidade e o organismo se ajusta
para suprir as exigências do treinamento realizado (BOMPA, 2002).
Para ficar mais fácil de você entender, vamos colocar da seguinte maneira: a
intensidade tem a ver com o grau de facilidade ou dificuldade com que o praticante
realiza o treinamento proposto. Exercícios que o praticante realiza facilmente, sem se
cansar tanto, provavelmente tem uma baixa intensidade, enquanto o contrário, tem
uma alta intensidade.
2.2.3 Densidade
Para Bompa (2002), a densidade é o número de exercícios realizados
em certo período do treinamento. Quanto mais exercícios por unidade de tempo, maior
é a densidade e mais estressante é o treinamento.
73
2.2.4 Complexidade
A complexidade de uma habilidade ou elemento técnico pode causar problemas
de aprendizagem e por tanto um esforço muscular extra. A complexidade é um fator de
estresse que afetam os atletas que tem que lidar com mais essa variável (BOMPA, 2002).
DICA
Aprenda mais sobre os princípios e variáveis do treinamento esportivo na
bibliografia sugerida.
74
Pois bem, depois de relembrarmos esses conceitos, podemos introduzir
conceitos novos. As fibras de contração muscular possuem filamentos de proteínas
chamadas de actina e miosina. O conjunto desses filamentos formam os sarcômeros
e os sarcômeros são a unidade de contração muscular (McARDLE; KATCH; KATCH,
2019). Se quiser se aprofundar nesses conceitos, leia a bibliografia sugerida no Gio Dica
colocada no final desse tópico.
Porque explicamos tudo isso a você? Para chegarmos na estrutura dos sarcômeros
que são utilizados nas contrações musculares. Os sarcômeros são a base da contração
muscular, que por sua vez, é a base do movimento físico. Isso mesmo, todo movimento que
acontece na musculatura esquelética é resultado de uma contração muscular. Por isso,
veremos com mais detalhes os tipos de contrações no próximo subtópico.
75
Já nas contrações isotônicas há variação de comprimento do músculo que
pode ser de alongamento – quando ocorre uma contração isotônica denominada de
excêntrica –, ou de encurtamento, quando ocorre uma contração isotônica denominada
de concêntrica (FLECK; KRAEMER, 2017).
Agora que você já sabe sobre quais são os tipos de contrações ou ações
musculares que ocorrem no movimento, ficou fácil para entender quais tipos de
exercícios físicos são utilizados no treinamento físico e no treinamento resistido. Vamos
falar sobre os exercícios físicos, então!
76
DICA
Aprenda mais sobre músculos esqueléticos e fisiologia do exercício físico na
bibliografia indicada.
77
Mas em relação aos exercícios físicos, existem outros pontos importantes a
serem considerados no treinamento físico. A ordem em que os exercícios são executados
em uma sessão de treinamento é uma delas. Se o objetivo do programa de treinamento
for desenvolver a força, por exemplo, os exercícios principais devem ser executados
antes dos exercícios auxiliares (STOPPANI, 2017).
Bem, foram muitas informações apresentadas nesse tópico, você não acha?
Nesse tópico falamos sobre a evolução histórica do treinamento esportivo e dos
conceitos relacionados ao treinamento esportivo e físico, relembrando os conceitos de
capacidades motoras e força muscular.
DICA
Aprenda mais sobre cinesiologia na bibliografia indicada abaixo:
78
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
79
• O princípio da interdependência Volume-Intensidade se baseia em uma grande
quantidade (volume) e em uma alta qualidade (intensidade) de trabalho.
80
• Os exercícios físicos são classificados com base nos tipos de contração musculares e
são classificados como exercícios estáticos ou dinâmicos. Os exercícios isométricos
têm seu comprimento constante e os dinâmicos isocinéticos são realizados com uma
velocidade do movimento constante durante todo o movimento.
81
AUTOATIVIDADE
1 O treinamento esportivo foi se desenvolvendo ao longo do tempo e se fundamentou
em alguns princípios e variáveis do treinamento. Com base nos princípios definidos por
Bompa (2002), classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas:
I- Volume
II- Intensidade
III- Complexidade
82
( ) É um componente qualitativo e quanto mais trabalho o atleta realiza por unidade
de tempo, maior é a intensidade. Durante o treinamento o atleta experimenta vários
níveis e o organismo se ajusta para suprir as exigências do treinamento realizado.
( ) Diz respeito ao grau de sofisticação de um exercício. Essa variável utilizada em uma
habilidade ou elemento técnico pode causar problemas de aprendizagem e por
tanto um esforço muscular extra e é um fator de estresse que afetam os atletas
que tem que lidar com mais essa variável.
( ) Pode ser medido de uma forma abrangente, quando medimos o trabalho realizado
em todo o programa de treinamento, mas pode também ser medido de uma forma
mais restrita, quando medimos a quantidade de trabalho realizado em uma única
sessão de treinamento ou ao final de uma semana, um mês ou qualquer outro
período de tempo.
83
4 Os exercícios físicos são a base para qualquer treinamento físico pois é através
deles que você treina os músculos adequados para atingir o objetivo do programa
de treinamento, portanto, alguns aspectos em relação aos exercícios físicos devem
ser pensados. Disserte sobre os pontos importantes a serem considerados sobre os
exercícios na preparação de um programa de treinamento.
5 Através da análise histórica do esporte, podemos inferir que o treinamento não é algo
recente, pois o mesmo já era realizado com o objetivo de melhorar o condicionamento
de atletas desde o começo dos jogos esportivos. Disserte sobre cada período do
treinamento esportivo.
84
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
PLANEJAMENTO E PERIODIZAÇÃO
NO TREINAMENTO
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, neste Tópico 2 abordaremos os conceitos de planejamento e
veremos como utilizar esses conceitos no panejamento de um treinamento esportivo.
Para isso, estudaremos a diferença entre um planejamento do cotidiano e um
planejamento estruturado.
Começaremos este tópico falando do planejamento, que como você irá perceber,
faz parte da nossa vida e se relaciona com o treinamento na medida em que permite
que os objetivos desejados com um treinamento sejam alcançados. Vamos começar!
2 PLANEJAMENTO
Os conceitos que vimos no Tópico 1 desta unidade sobre os fundamentos
do treinamento esportivo, as contrações musculares e os tipos de exercícios físicos
utilizados no treinamento físico, serão importantes para pensarmos no planejamento de
um programa de treinamento. Isso mesmo, planejamento!
Pode ser que você ache estranho estudar planejamento em uma disciplina
de treinamento físico e esportivo e esteja se questionando sobre a importância desse
assunto. Se esse é o seu caso, gostaríamos de apresentar alguns argumentos para
mostrar a você a importância que o planejamento tem no treinamento.
Se fizermos uma análise, por mais simplista que seja, veremos que planejar faz
parte da nossa vida cotidiana. Planejar está tão enraizado em nós que nem percebemos
que planejamos o tempo todo. Quer ver?
85
É, e você sabe disso, pois você vive fazendo planos para a sua vida. Mas você
sabe também que esse planejamento não é muito estruturado, sabe que ele é quase
que automático e sem muitos detalhes e, por isso, muitas vezes não o seguimos. E
nesta questão que encontramos uma grande diferença entre o planejamento que
fazemos cotidianamente e um planejamento no treinamento esportivo. Vamos analisar
essa diferença?
86
Para Chiavenato (2003, p. 78), a “eficácia é uma medida do alcance de
resultados, enquanto a eficiência é uma medida da utilização dos recursos nesse
processo” e a efetividade é a capacidade de atendimento das expectativas com um
efeito de mudanças ou transformação da realidade.
Imagine uma goteira no teto da sua sala que deixa a água da chuva inundar
sua sala de maneira que parece um riacho. Para resolver o problema, você resolve secar
o chão da sua sala com rodo e pano de chão, e consegue secar “o riacho”. Muito bem,
com essa ação você foi uma pessoa eficaz pois fez uma ação certa que resolveu um
problema – o estava chão molhado e ficou seco - como você queria, mas você sabe que
se chover de novo, o problema voltará.
Agora, imagine que você se predispõe a subir até o telhado da sua sala e consertar
a telha que estava quebrada de modo que não goteje mais quando chove. Com essa
ação, você estará sendo uma pessoa eficiente, pois sua ação corrigiu o problema para
sempre (ou quase para sempre!), ou seja, você trouxe o resultado esperado através de
uma forma mais correta.
E em relação à efetividade, qual seria a ação que poderia ser considerada efetiva,
considerando o exemplo acima? Bem, como já falamos, a efetividade tem a ver com
resultados benéficos em todos os sentidos, não apenas na questão pontual, que no exemplo
seria resolver o problema da goteira. Diante disso, considerando o exemplo, você será uma
pessoa efetiva se consertar a telha, sem danificar outras telhas e sem atrapalhar ou causar
danos para seu vizinho. Ficou mais fácil para entender esses conceitos?
Agora que você já entendeu esses conceitos, gostaríamos que você pensasse
em uma questão que vamos colocar para você. Como nós podemos pensar esses
conceitos no treinamento? Calma, não precisa responder agora. Nós sabemos que essa
é uma questão complexa e que você precisa de mais informações para respondê-la.
Por enquanto queremos que você apenas pense sobre a questão e nos responda no
próximo subtópico, no qual falaremos sobre o planejamento no treinamento.
87
Para Weineck (2007, p. 67), “o planejamento de um treinamento é um procedimento
de previsão sistemática orientado para a obtenção de um objetivo e do desempenho
individual, que permite a estruturação, a longo prazo, do processo de treinamento”.
Mas você como já foi dito, atualmente o treinamento não diz respeito somente
ao treinamento para o esporte, portanto, sob uma perspectiva do treinamento
direcionado à melhoria da aptidão física e da saúde, podemos inferir que o planejamento
do treinamento visa desenvolver as capacidades motoras de pessoas em geral e de
populações especificas com o objetivo de melhorar ou pelo menos manter um padrão
adequado dessas capacidades para uma vida mais saudável (WEINECK, 2003).
Reiterando e resumindo tudo que já foi dito até agora sobre planejamento,
podemos dizer que, planejar no treinamento significa antecipar mentalmente um
programa de treinamento através de ações programas e distribuídas ao longo do
tempo disponível e que essas ações devem possibilitar atingir os objetivos desejados
em relação ao desenvolvimento e desempenho do atleta ou ao desenvolvimento das
capacidades motoras de pessoas em geral ou populações específicas.
Mas o treinamento tem que ser efetivo na prática, ou seja, suas ações precisam
refletir a eficiência e a eficácia. Você se lembra desses conceitos discutidos no subtópico
anterior? Lembra-se também da pergunta que fizemos? Pois bem, agora é a hora de
você responder. Como nós podemos pensar os conceitos de eficiência, eficácia e
efetividade no treinamento?
Gostaríamos que você soubesse que não há uma única resposta para a pergunta
e que existem vários caminhos para respondê-la, portanto, se você não pensou como
nós pensamos, não tem problema, desde que o seu raciocínio esteja coerente com as
definições colocadas acima.
88
Mas para que um planejamento realmente se efetive e traga resultados
positivos em relação ao treinamento esportivo em todos seus aspectos, é preciso
que seja estruturado, respeitando o tempo que se tem disponível para realizar o
treinamento, observando questões relacionadas à viabilidade do treinamento na prática
e principalmente analisando se os objetivos são passíveis de serem atingidos.
E como fazer esse diagnóstico e avaliar esse processo? Bem, para diagnosticar e
acompanhar o progresso do atleta devemos realizar avaliações no início de um programa
de treinamento e periodicamente ao longo do desenvolvimento do treinamento.
E o que deve ser considerado nessa questão? Nessa questão devemos aplicar
o melhor método de avalição, considerando o que queremos avaliar e os materiais que
temos à disposição. Devemos avaliar o atleta ou aluno e também, avaliar o programa de
treinamento em si, para saber se ele está sendo colocado na prática com efetividade
(DIETRICH, 2008).
89
Como já vimos, o desenvolvimento e desempenho esportivo do atleta ou a
melhoria da aptidão física e saúde do aluno é adquirido ao longo do tempo e através de
um treinamento. Isso torna o tempo uma variável importante de ser observado em um
planejamento por isso, em um programa de treinamento esportivo, geralmente, o tempo
é dividido em ciclos e o conjunto desses ciclos é denominado de periodização.
Esse nome é novo para você? Temos certeza que não. Você já deve ter ouvido
falar em periodização, pois a periodização é uma ferramenta muito utilizada no
planejamento do treinamento esportivo e atualmente no treinamento físico e de força,
como veremos no próximo subtópico.
DICA
Aprenda mais sobre avaliação física na bibliografia indicada abaixo:
3 PERIODIZAÇÃO
Como já vimos, o treinamento esportivo acontece dentro de um período de
tempo e para planejar o treinamento dentro desse período de tempo, utilizamos os
conceitos da periodização, que é a divisão da temporada esportiva em períodos que se
relacionam com a adaptação fisiológica do atleta.
A periodização clássica teve o russo Lev Pavilovch Matveev como percurso e sua
teoria tinha raízes na adaptação fisiológica do organismo do atleta através da variação
das cargas divididas nos períodos do treinamento: período de preparação, período de
competição e período de transição – dos quais falaremos mais a frente nesse tópico
(DANTAS, 2014).
90
Os modelos contemporâneos de treinamento foram iniciados pelo também
russo Yuri Vitale Verkhoshanski, que criou o modelo de periodização por blocos. Esse
modelo de treinamento permiti ao atleta alcançar múltiplos picos de performance em
uma mesma temporada (DANTAS, 2014).
3.1 MICROCICLOS
Para Zatsiorsky e Kraemer (2008), o menor tempo utilizado no treinamento é a
sessão de treinamento que deve ter no mínimo um intervalo de 30 minutos de descanso.
Para o autor, um agrupamento de vários dias de treino constitui um microciclo que dura
no mínimo uma semana.
91
Ficou na dúvida quanto ao termo “período preparatório”? Vamos explicar isso
para você. A fase de treinamento compreende três períodos: os períodos de preparação,
de competição e de transição. Esses períodos de treinamento foram introduzidos por
Matveev na teoria de periodização clássica, como já citamos anteriormente.
Você lembra que na Unidade 1 falamos que o exercício físico causa danos ao
corpo, mas o corpo tem um sistema de defesa que permite que ele se recupere desses
danos? Lembra também que falamos que quanto mais o corpo se defende, melhor ele
fica em termos biológicos? Pois então, esse processo de adaptação na periodização é
chamado de supercompensação. Vamos observar como isso acontece e analisá-lo na
Figura 2 a seguir:
92
FIGURA 2 – PROCESSO DE SUPERCOMPENSAÇÃO
É importante que você lembre que a carga de treinamento deve ser suficiente
para estimular a supercompensação, ou seja, o volume e a intensidade do treinamento
durante uma sessão de treino devem estar adequados para provocar adaptações no
organismo de modo a levar à um ótimo estado após a recuperação do organismo.
É nos microciclos que o descanso entre os treinos dos atletas deve ser
comtemplado. Para Bompa (2002) o ideal seria dois períodos de sessões de treinamento
por semana e uma sessão de treinamento de recuperação ativa uma vez por semana.
A recuperação ativa pode ser entendida como um treinamento de baixa intensidade.
93
Agora, vamos falar sobre os mesociclos e os macrociclos, que falando de uma
forma simples, é o agrupamento dos microciclos que perfaz um período maior no
planejamento. Vejamos!
94
Por isso, a recuperação adequada em um planejamento de treino durante os
microciclos e mesociclos é atingida pela alternância entre exercício e recuperação.
Essa alternância proporciona uma variação no treinamento, que também pode ser
conseguida através da modificação dos exercícios durante o descanso (BOMPA, 2002).
Nos macrociclos o treinamento deve ser planejado de forma que na fase básica
- período do treinamento em que ocorre o desenvolvimento e o condicionamento das
condições físicas gerais do atleta - haja maior volume e menor intensidade de treino
enquanto que na fase específica – período em que as condições específicas do atleta
em relação ao esporte praticado estão sendo treinadas - haja uma diminuição do volume
e um aumento da intensidade (BOMPA, 2002).
Para Bompa (2002), um plano a longo prazo (mais de um ano) deve basear-se
no conteúdo do que foi estabelecido no planejamento a curto e médio prazo e essa
continuidade deve se apoiar no nível de desempenho verificado através de testes de
avaliação que devem ser executados de forma progressiva ao longo de todo o processo
do treinamento esportivo.
95
Abordamos os ciclos que existem no treinamento esportivo e que são
denominamos de periodização. Falamos das sessões de treinamento – que são o
menor tempo dentro da periodização – e dos microciclos, mesociclos e macrociclos
da periodização.
DICA
Aprenda mais sobre a periodização no treinamento geral e específico na
bibliografia indicada:
BOSSI, L. C. P. Periodização para HIIT e cross training. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2018.
96
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O processo de planejar envolve um modo de pensar que, por sua vez, envolve
indagações sobre o que fazer, como fazer, onde fazer, quando fazer, quanto fazer,
para quem fazer, por quem fazer e principalmente porque fazer.
97
• A periodização não é recente e que os gregos utilizavam os ciclos no treinamento que
eram divididos em quatro dias, chamados de tetras, que consistia em um dia de treino
leve, outro forte, um dia de exercícios gerais e o último de intensidade moderada a intensa.
• A periodização clássica teve o russo Lev Pavilovch Matveev como percurso que
dividia os períodos do treinamento em período de preparação, período de competição
e período de transição.
• O período de competição é aquele em que o atleta está apto em termos físicos para
produzir os melhores resultados nas competições que participar.
98
AUTOATIVIDADE
1 O treinamento esportivo foi se desenvolvendo ao longo do tempo e se fundamentou
em alguns princípios e variáveis do treinamento. Com base nos princípios definidos por
Bompa (2002), classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas:
I- Volume
II- Intensidade
III- Complexidade
99
( ) É um componente qualitativo e quanto mais trabalho o atleta realiza por unidade
de tempo, maior é a intensidade. Durante o treinamento o atleta experimenta vários
níveis e o organismo se ajusta para suprir as exigências do treinamento realizado.
( ) Diz respeito ao grau de sofisticação de um exercício. Essa variável utilizada em uma
habilidade ou elemento técnico pode causar problemas de aprendizagem e por
tanto um esforço muscular extra e é um fator de estresse que afetam os atletas
que tem que lidar com mais essa variável.
( ) Pode ser medido de uma forma abrangente, quando medimos o trabalho realizado
em todo o programa de treinamento, mas pode também ser medido de uma forma
mais restrita, quando medimos a quantidade de trabalho realizado em uma única
sessão de treinamento ou ao final de uma semana, um mês ou qualquer outro
período de tempo.
100
4 Os exercícios físicos são a base para qualquer treinamento físico pois é através
deles que você treina os músculos adequados para atingir o objetivo do programa
de treinamento, portanto, alguns aspectos em relação aos exercícios físicos devem
ser pensados. Disserte sobre os pontos importantes a serem considerados sobre os
exercícios na preparação de um programa de treinamento.
5 Através da análise histórica do esporte, podemos inferir que o treinamento não é algo
recente, pois o mesmo já era realizado com o objetivo de melhorar o condicionamento
de atletas desde o começo dos jogos esportivos. Disserte sobre cada período do
treinamento esportivo.
101
102
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
TREINAMENTO RESISTIDO E CAPACIDADE
MOTORA FORÇA
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, neste Tópico 3 aprenderemos como desenvolver a capacidade
motora força através de um programa de treinamento resistido. Para isso, falaremos dos
conceitos que são base para planejar um programa e introduziremos novos conceitos
relacionados a esse assunto.
Mas, os demais conceitos já aprendidos até aqui também serão necessários para
desenvolver esse assunto, por isso, partiremos de uma revisão na qual iremos pontuar o
que é imprescindível você saber no planejamento de um bom programa de treinamento
resistido. Fique tranquilo, você já aprendeu todos esses conceitos, é só uma revisão!
103
Vimos também que a capacidade motora força aparece como combinação de
outras capacidades condicionantes de desempenho, sendo identificada como força
máxima, força rápida e resistência de força.
Nós fizemos questão de fazer essa revisão de conteúdo para você porque a
partir de agora, utilizaremos com muita frequência esses conceitos no planejamento de
programas de treinamento resistido direcionados para atletas, para pessoas saudáveis
ou com necessidades específicas. Por isso, no próximo subtópico, passaremos a falar de
programas de treinamento resistido.
104
2.2 PROGRAMAS DE TREINAMENTO RESISTIDO
O primeiro ponto a ser considerar quando estamos planejando um programa
de treinamento resistido – já falamos desse ponto na Unidade 1 –, mas gostaríamos
de reiterar para você não se esquecer dele, é a necessidade de contemplar outras
capacidades motoras no programa de treinamento físico.
E agora, com a recordação de tudo isso que você aprendeu, você deve estar se
perguntando, mas se o treinamento resistido desenvolve apenas a capacidade motora
força e suas formas de manifestação, como podemos contemplar outras capacidades
motoras no programa de treinamento resistido?
Esse pensamento acima se aplica a capacidade motora força que não aparece
em uma forma pura, mas combinada com outras capacidades motoras, manifestando-
se como força máxima, força rápida e resistência de força, como já aprendemos.
105
Um treinamento resistido deve desenvolver a força muscular em seu aspecto
total, ou seja, em todas as formas em que se manifesta, por isso, um programa de
treinamento resistido deve conter exercícios físicos que contemplem o desenvolvimento
da força máxima, da força rápida e da resistência de força.
E como saber o grau de condições das pessoas que o procurarão para realizar um
treinamento físico? Para você conhecer as condições físicas do praticante você precisa
fazer uma avaliação das capacidades motoras condicionais. A avaliação apresentará
a você qual é o grau de condicionamento do praticante e quais são as capacidades
motoras que devem ter prioridade de serem desenvolvidas em comparação as outras.
A avaliação inicial deverá ser parâmetro para preparar o programa, porém, outras
avaliações deverão ser feitas no decorrer do programa de treinamento e o resultado
deverá ser considerado para você modificar ou não o programa que está sendo realizado.
O ACSM determina que indivíduos iniciantes são aqueles que não têm
experiências em treinamento físico ou que não praticam nenhum exercício e que,
portanto, não tem adaptações do organismo para serem revertidas (ACSM, 2016).
106
A ajuda do aparelho permite que o praticante realize o movimento de forma
mais controlada, sem perder o equilíbrio, realizando o exercício em toda a amplitude
possível do movimento e da condição física dele e principalmente podendo prestar
atenção na respiração, que deve ser realizada de maneira correta sem prender o ar
durante a realização do exercício – que é uma técnica chamada de manobra de valsava
(explicamos essa manobra no Gio Dica, no final do subtópico).
Agora, dando ênfase e atenção aos pontos colocados, podemos pensar sobre
um programa de treinamento resistido para desenvolver a força em atletas ou pessoas
em geral com níveis diferentes de condicionamento. Vamos começar? Passemos ao
próximo subtópico, então!
NOTA
Manobra de valsava é uma expiração forçada contra a glote fechada impedindo a
expiração do ar.
Praticantes de atividade física tendem a realizar esse tipo de respiração quando a carga
a ser vencida é alta. Isso acontece porque o aumento da pressão intra-abdominal e
intratorácica aumentam e ajudam nessa tarefa. Porém, quando a glote é reaberta há
aumento da pressão arterial repentinamente (SILVERTHORN, 2017).
Veja mais sobre o assunto nos livros de fisiologia ou no livro indicado abaixo:
3 DESENVOLVENDO A FORÇA
O treinamento físico ganha cada vez mais adeptos e o treinamento resistido
para desenvolver a força, é cada vez mais procurado por pessoas de todas as idades e
em todas as condições físicas e de saúde. A inovação nos métodos de treinamento de
força e o aumento das pesquisas relacionadas ao assunto ajudam a aumentar a procura
por esse tipo de treinamento.
107
Para Weineck (2003, p. 89), “quem tem mais força, tem mais vida”, isso porque
para realizar qualquer atividade do dia a dia é preciso um mínimo de força muscular.
Na infância a força tem um papel importante por proporciona vivências como subir em
árvores ou brincar de cabo de guerra e na adolescência por proporcionar uma imagem
do “mais forte” dentro do grupo em que convive (WEINECK, 2003).
Entendeu o pensamento do autor? Sim, que ótimo! Então, vamos trocar algumas
ideias sobre esse pensamento. Zatsiorsky e Kraemer (2008) trabalham com o conceito
de relações paramétricas e não paramétricas em relação à força muscular.
O que tudo isso quer dizer? Quer dizer que cada tipo de força – força máxima,
força rápida e resistência de força –, inter-relacionam-se e combinam-se, sendo
necessário que “dosemos” uma e outra força para que a força que queremos desenvolver
seja requisitada prioritariamente em relação às demais.
Então, caro aluno, quando você for preparar o programa de treinamento resistido
para seu atleta ou aluno, você vai precisar “manipular” a resistência conforme o tipo de
força que você quer desenvolver. Se você quer priorizar o desenvolvimento da força
rápida, você precisará inserir exercícios que sejam realizados contra uma resistência
baixa, mas, se você quer priorizar o desenvolvimento da força máxima, você precisará
inserir exercícios contra uma resistência alta. Você compreendeu esses conceitos?
108
Pois então responda a essa questão. Se você quiser desenvolver a resistência de
força, qual deverá ser sua estratégia em relação à resistência colocada nos exercícios?
Você vai responder esta questão no próximo subtópico no qual falaremos de cada tipo
de força especificamente.
Mas essa técnica não te contenta muito, não é? Então, vamos dar outra opção
para você avaliar a intensidade dos exercícios em um treinamento. Se você quer
uma avaliação ainda subjetiva, porém mais consistente, você pode utilizar a medida
denominada de escala Borg.
DICA
Aprenda mais sobre a escala Borg e como avaliar o esforço físico na
bibliografia indicada:
109
Você já sabe que a resistência de força é a capacidade dos músculos resistir à
fadiga que o movimento pode causar se for sustentado por um tempo prolongado. Você
também já sabe que utilizamos esse tipo de força no nosso dia a dia quando subimos
uma escada de alguns vários degraus ou quando sustentamos nossos braços para o
alto para pregarmos um quadro na parede em uma altura elevada.
São várias as estratégias que você pode lançar mão para desenvolver a
resistência de força. Vamos apresentar algumas recomendações que podem ser
consideradas como parâmetros para os treinamentos resistidos de desenvolvimento da
força. Você deve ter essas recomendações como base e adequá-las as características
do praticante no programa de treinamento para desenvolver a força resistente, e deve
também, considerar os pontos que vimos sobre programas de treinamento resistido no
tópico anterior.
110
Para praticantes que alcançaram níveis de força desejáveis e tem como objetivo
apenas manter esses níveis, não é necessário aumentar o estímulo de treinamento – a
carga de trabalho, uma vez que a manutenção pode ser obtida através de um treinamento
com carga constante (ACSM, 2009 apud FLECK; KRAEMER, 2017).
Mas você sabe que tem muitos exemplos em relação a esse assunto e você
pode facilmente encontrá-los na internet. O importante é que você conheça os
conceitos relacionados ao treinamento resistido e, principalmente, que você seja crítico
em relação ao que lê e ouve sobre o assunto.
Pois bem, para desenvolver a força máxima, através da hipertrofia dos músculos,
que como já vimos na UNIDADE 1 – é o aumento do tamanho e volume do músculo –, é
ideal que pessoas iniciantes façam um treino com resistência de 40% a 60% do peso de
1RM, que é obtida através de uma repetição do movimento com o máximo de peso que
se consegue levantar e que os exercícios sejam repetidos de dez vezes em cada série e
que a série seja realizada de três cinco vezes (WEINECK, 2003).
111
O ACSM recomenda que indivíduos iniciantes treinem a força máxima de duas a
três dias por semana com exercícios que devem ser repetidos de oito a doze vezes em cada
série, repetindo a série de duas a três vezes (ACSM, 2009 apud FLECK; KRAEMER, 2017).
Quando usamos a força rápida no nosso dia a dia? Usamos a força rápida quando
nos desequilibramos e o nosso corpo vai em direção ao chão e levamos automaticamente
e rapidamente os braços em direção ao chão também para amenizar a queda. Isso você
já sabe, pois já falamos na Unidade 1.
112
É recomendado que indivíduos iniciantes treinem a força rápida de duas a
três dias por semana com séries de treino para força máxima mais uma a três séries
de exercícios para velocidade com intensidade de 30% a 60% de 1RM para membros
superiores e de 0% a 60% de 1RM para os membros inferiores. Para os praticantes
intermediários e avançados, o recomendado é que a força rápida seja treinada de três
a cinco dias na semana com exercícios de força máxima mais três a seis exercícios de
velocidade (ACSM, 2009 apud FLECK; KRAEMER, 2017).
Com isso, finalizamos mais uma unidade desse livro. Na próxima e última
unidade, será o momento em que usaremos todos os conhecimentos adquiridos para
pensar um programa de treinamento resistido para grupos específicos.
113
LEITURA
COMPLEMENTAR
BASES CIENTÍFICAS DOS MÉTODOS E SISTEMAS DE TREINAMENTO DE FORÇA
RESUMO:
Das inúmeras possibilidades manipulação das variáveis metodológicas de prescrição
originaram os variados métodos ou sistemas de treinamento de força (TF). O objetivo
deste estudo foi realizar uma revisão de literatura sobre os métodos e sistemas do TF
analisados em estudos originais, suas metodologias e aplicações práticas. Com base na
análise de 20 estudos originais observamos que o método crescente pode ser utilizado
como progressão de cargas leves para pesadas como forma de “aquecimento” para a
utilização de cargas elevadas. Já o método decrescente justifica-se pela necessidade de
diminuir a carga devido a fadiga quando um intervalo entre séries insuficiente é utilizado.
Assim como no método decrescente, as reduções na carga no método dropset têm a
finalidade de contornar a fadiga, adequando o esforço às possibilidades momentâneas
do músculo e, com isso, mantendo um trabalho relativamente intenso por mais tempo.
O treinamento em circuito resulta em maior gasto calórico e consumo de oxigênio
pós-exercício do que o TF tradicional e pode resultar em ganhos similares na força
máxima e massa magra. O método agonista-antagonista resulta em aumento no gasto
calórico quando comparado a um programa convencional e parece ser tão eficiente
quanto método alternado por segmento para a promoção de ganhos em flexibilidade e
força. Mesmo resultando em redução da atividade eletromiográfica durante o exercício
principal, o método pré-exaustão promove a realização de um maior volume total de
treinamento quando comparada à ordem inversa. E por fim, o treinamento excêntrico
(sistema negativo) resulta em ganhos elevados na força e hipertrofia. Em conclusão os
métodos e sistemas do TF devem ser prescritos com atenção e cautela para garantir a
segurança, qualidade e continuidade dos resultados.
ABSTRACT:
From the several methodological prescription variables manipulations possibilities
originated the various strength training (ST) methods or systems. The propose of the
present study was to review the literature of original studies that analyzed the ST
methods and systems, their methodologies and practical applications. Based on the
analysis of 20 original studies we observed that the growing pyramidal method can be
used as a progression from light to heavy loads as a preparation and/or "warming" to
the use of high loads. Already the decreasing pyramidal method is justified for the need
114
of reducing the load due to little readiness of energy sources when an interval among
insufficient series for recovery is used. As well as in decreasing pyramidal method, the
load reductions in dropset method have the purpose of outlining the fatigue, adapting
the effort to the momentary muscular possibilities maintaining a work relatively heavy
along more time. The circuit training results in greater energy expenditure and increased
oxygen consumption after exercise than the traditional ST and can result in similar
maximum strength and lean body mass gains. The agonist-antagonist method results
in increased energy expenditure when compared to a conventional ST program and
appears to be as efficient as alternated upper and lower body method to promote flexibility
and strength gains. Even resulting in electromyographic activity reductions during the
main exercise, the pre-exhaustion method promotes the achievement of a greater
total volume of training when compared to the reverse order. And finally, the eccentric
(negative system) training is efficient to promoted large strength and hypertrophy gains.
In conclusion the ST methods and systems should be prescribed with care and caution
to ensure the safety, quality and continuity of results.
115
SISTEMA DE DROPSETS - O Dropset, ou série descendente, pode ser
caracterizado por três passos, a realização do movimento com técnica perfeita até a
falha concêntrica, a redução da carga (em aproximadamente 20%) após a falha, e o
prosseguimento do exercício com técnica perfeita até nova falha. Em exercícios de
intensidades elevadas, ocorre a progressiva queda na ativação de unidades motoras até
chegar-se a um ponto em que a ativação das fibras disponíveis não seria suficiente para
prosseguir o movimento. Assim como no método pirâmide decrescente, as reduções
na carga no método dropset têm a finalidade de contornar a fadiga, adequando o
esforço às possibilidades momentâneas do músculo e, com isso, mantendo um trabalho
relativamente intenso por mais tempo (9).
116
MÉTODO DE PRÉ-EXAUSTÃO - A pré-exaustão (PRE) foi originalmente
desenvolvida por Robert Kennedy nos anos 60 e difundida por fisiculturistas como
Casey Viator e Sergio Oliva a partir dos anos 70 (17). Fisiculturistas nos Estados Unidos
e halterofilistas nos países do antigo bloco soviético têm utilizado diferentes métodos
de PRE (1). Entretanto, o método PRE tradicional envolve a realização de um exercício
multiarticular imediatamente após um exercício monoarticular envolvendo mesmo
grupamento. Os estudos que investigaram os efeitos do método PRE apresentaram
resultados divergentes (18-21). Augustsson et al. (18) demonstraram que a atividade
eletromiográfica dos principais músculos envolvidos e também o número de repetições
para o exercício leg press (LEG) apresentaram valores significativamente menores
durante a PRE [realizado após o exercício cadeira extensora (EXT)], quando comparado
sua realização de forma isolada. Utilizando os mesmos exercícios que Augustsson et
al. (18), porém com proposta diferente, de Salles et al. (21) compararam a influência do
método PRE e da ordem inversa sobre o número de repetições realizadas até a falha
concêntrica em quatro séries e percepção subjetiva de esforço (PSE) nos exercícios
LEG e EXT. Os resultados sugerem que o método PRE promoveu a realização de um
maior volume total de treinamento quando comparada à ordem inversa sem alterações
na PSE. As vantagens da PRE permanecem altamente especulativas, no entanto este
método pode ser de grande auxilio no desenvolvimento funcional de força e potência
sob condições de altos níveis de fadiga.
117
REFERÊNCIAS
1. Fleck SJ, Kraemer WJ. Designing Resistance Training Programs. Human Kinetics. 2004.
2. Delorme TL, Watkins AL. Techniques of progressive resistance exercise. Arch. Phys.
Med. 1948; 29: 263-273.
3. Zinovieff A. Heavy resistance exercise: The oxford technique. Br. J. Phys. Med. 1951;
14: 129-132.
4. Delorme Tl, Ferris BG, Gallagher JR. Effect of progressive exercise on muscular
contraction time. Arch. Phys. Med. 1952; 33: 86-97.
5. Delorme TL, West FE, Shriber WJ. Influence of progressive resistance exercises on
knee function following femoral fractures. J. Bone. Joint. Surg. 1950; 32: 910-924.
6. Mcmorris RO, Elkins EC. A study of production and evaluation of muscular hypertrophy.
Arch. Phys.Med. Rehab. 1954; 35: 354-358.
7. Salles BF, Silva JPMR, Oliveira D, Ribeiro FM, Simão R. Efeito dos métodos pirâmide
crescente e pirâmide decrescente no número de repetições do treinamento de força.
Arq. Mov. 2008; 4: 23-32.
8. Willardson JM, Simão R, Fontana FE. The effect of load reductions on repetition
performance for commonly performed multijoint resistance exercises. J. Strength.
Cond. Res. 2012; 26: 2939–2945.
9. Bentes CM, Simão R, Bunker T, Rhea M, Miranda H, Gomes TM, Novaes JS. Acute effect
of including a dropset method in different exercise orders on muscle strength in upper
body. J. Human. Kinetics. 2012; 34: 115-121.
11. Murphy E, Schwarzkopf R. Effects of standard set and circuit weight training on
excess post-exercise oxygen consumption. J Appl Sport Sci Res. 1992; 6: 88-91, 1992.
118
14. Nobre M, Figueiredo T, Simão R. Influência do método agonista-antagonista no
desempenho do treinamento de força para membros inferiores. Rev. Bras. Presc Fisiol.
Exerc. 2010; 4: 397-401. Bases científicas dos métodos e sistemas de treinamento de
força Revista UNIANDRADE 2014; 15(2): 127-133.
15. Kelleher AR, Hackney KJ, Fairchild TJ, Keslacy S, Ploutz-Snyder LL. The metabolic
costs of reciprocal supersets vs. traditional resistance exercise in young recreationally
active adults. J. Strength. Cond. Res. 2010; 24: 1043-1051.
16. Santos E, Rhea MR, Simão R, Dias I, Salles BF, Novaes JS, Leite TB, Blair JC, Bunker
DJ. Influence of moderately intense strength training on flexibility in sedentary young
women. J. Strength. Cond. Res. 2010; 24: 3144-3149.
17. Darden E. The new high intensity training. EUA: Rodale. 2004. 255 p.
18. Augustsson J, Thomee R, Hornstedt P, Lindblom J, Karlsson J, Grimby G. Effect
of pre-exhaustion exercise on lower-extremity muscle activation during a leg press
exercise. J. Strength. Cond. Res. 2013; 17: 411-416.
20. Gentil P, Oliveira E, Araujo Junior V, Carmo J, Bottaro M. Effects of exercise order on
upper-body muscle activation and exercise performance. J. Strength. Cond. Res. 2007.
21: 1082-1086 21. Salles BF, Oliveira N, Ribeiro FM, Simão R, Novaes JS. Comparação do
método de pré-exaustão e da ordem inversa em exercícios para membros inferiores.
Rev. Educ. Fís. UEM. 2008; 19: 85-92.
22. Farthing JP, Chilibeck PD. The effects of eccentric and concentric training at different
velocities on muscle hypertrophy. Eur. J. Applied Physiol. 2003; 89: 578- 586.
FONTE: SALLES, B. F.; SIMÃO, R. Bases científicas dos métodos e sistemas do treinamento de força.
Revista UNIANDRADE, Curitiba, v. 15, n. 2, p. 127-129, 2014.
119
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
120
• Um programa de treinamento físico relacionado à aptidão física e saúde deve objetivar
desenvolver duas ou mais, senão todas, as capacidades motoras condicionais que,
são a resistência, a velocidade, a flexibilidade e a força.
• A força muscular não aparece em uma forma pura, mas sempre combinada com
outras capacidades motoras e deve ser desenvolvida em todo o seu aspecto.
• A avaliação inicial deverá ser parâmetro para preparar o programa e outras avaliações
deverão ser feitas no decorrer do programa de treinamento e o resultado deverá ser
considerado na mudança ou não do programa.
• Indivíduos iniciantes são aqueles que não têm experiências em treinamento físico
ou que não praticam nenhum exercício e que, portanto, não tem adaptações do
organismo para serem revertidas.
• Indivíduos intermediário são pessoas que estão em treinamento há pelos menos seis
meses e indivíduos avançados são pessoas com pelo menos um ano de experiência
em treinamento físico realizado de forma sistemática.
121
• A intensidade dos exercícios pode ser avaliada pela observação do praticante,
através da expressão facial dele durante a execução do exercício e da avaliação do
movimento que ele realiza.
• Para desenvolver a força máxima é ideal que pessoas iniciantes façam um treino com
resistência de 40% a 60% do peso de 1RM e que os exercícios sejam repetidos de dez
vezes em cada série e que a série seja realizada de três a cinco vezes.
122
AUTOATIVIDADE
1 O treinamento físico ganha cada vez mais adeptos e o treinamento resistido para
desenvolver a força, é cada vez mais procurado por pessoas de todas as idades e em
todas as condições físicas e de saúde. Com base no que foi estudado nesse tópico
sobre o treinamento resistido, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as
sentenças falsas.
2 Cada tipo de força: força máxima, força rápida e resistência de força, inter-relacionam-
se e combinam-se, sendo necessário que “dosemos” uma e outra força para que
a força que queremos desenvolver seja requisitada prioritariamente em relação às
demais, por isso, em um programa de treinamento resistido é preciso “manipular” a
resistência conforme o tipo de força que você quer desenvolver. Avalie os programas
de treinamento resistido abaixo e associe com a respectiva força trabalhada.
I- Força Rápida
II- Força Máxima
III- Resistência de Força
123
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) I, III e II.
b) ( ) I, II e III.
c) ( ) II, III e I.
d) ( ) III, II e I.
4 A força máxima é o maior valor de força produzido pelo sistema neuromuscular através
de uma contração muscular e que em vários momentos do nosso dia precisamos
colocar. Disserte sobre o que foi estudado nesse tópico sobre força máxima.
124
REFERÊNCIAS
ACSM - Colégio Americano de Medicina do Esporte. Diretrizes do ACSM para os
testes de esforço e sua prescrição. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2016.
BORG, G. Escalas de Borg para a dor e o esforço percebido. 2. ed. São Paulo:
Manole, 2000.
BOSSI, L. C. P. Periodização para HIIT e cross training. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2018.
FLOYD, R. T. Manual de cinesiologia estrutural. 19. ed. Barueri, SP: Manole, 2016.
125
PRESTE, J. Prescrição e Periodização do Treinamento de Força em Academias. 2. ed.
Barueri, SP: Manole, 2016.
126
UNIDADE 3 —
TREINAMENTO RESISTIDO
PARA POPULAÇÕES
ESPECÍFICAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
127
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
Acesse o
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128
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
TREINAMENTO RESISTIDO PARA
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 1 abordaremos os conceitos relacionados ao
desenvolvimento humano, verificando especificamente os processos de crescimento,
maturação e desenvolvimento de crianças e adolescentes. Ainda sobre o desenvolvimento
humano, falaremos dos ciclos de vida humana e dos padrões motores que podem ser
encontrados em cada ciclo.
2 DESENVOLVIMENTO HUMANO
Nas unidades 1 e 2 deste livro aprendemos sobre vários conceitos
relacionados ao treinamento esportivo em geral e especificamente ao treinamento
físico e resistido. Refletimos sobre alguns pontos importantes relacionados ao
planejamento de um programa de treinamento resistido e sobre como desenvolver
a força muscular, em toda a sua completude, em atletas e pessoas em geral ou em
pessoas com necessidades específicas.
129
2.1 CONCEITOS RELACIONADOS AO DESENVOLVIMENTO
HUMANO
O ser humano está constantemente em transformação e são essas
transformações pelo qual o ser humano passa que compõem o processo de
desenvolvimento que se inicia na fase intrauterina e continua ao longo de toda a vida
(SILVERTHORN, 2017).
130
Pode-se dizer que crescimento se focaliza nas mudanças quantitativas
que levam ao aumento das dimensões do corpo enquanto a maturação refere-se a
modificações qualitativas que levam a um estado de completo desenvolvimento e
funcionalidade do organismo (MALINA, 2009).
Mas fique atento, pois, apesar de terem conceitos diferentes, esses fenômenos
biológicos interagem entre si. Talvez esteja aí o motivo pelo qual esses termos são
confundidos e utilizados como sinônimos.
Preste atenção na definição acima. Você não acha que há uma semelhança
da definição de desenvolvimento – quando analisamos os aspectos biológicos com a
definição de maturação? Sim, desenvolvimento no aspecto biológico se assemelha aos
processos de maturação do organismo e será então na análise do segundo aspecto do
desenvolvimento comportamental, que vai a palavra desenvolvimento irá se diferenciar
dos demais processos estudados acima.
131
Vejamos agora a classificação cronológica para cada ciclo da vida e as
características inerentes a cada ciclo do desenvolvimento humano para que ao
compreender essas etapas, possamos avaliar melhor a população com que vamos
trabalhar, observando e priorizando as necessidades específicas das pessoas que
compõem essa população.
132
Para a Organização Mundial da Saúde (WHO) a adolescência compreende a
idade cronológica entre dez e dezenove anos e o termo jovem adulto compreende a
idade de vinte a vinte e quatro anos de idade (TANNER, 1962 apud EISENSTEIN, 2005).
Atualmente, usa-se agrupar ambos os critérios e chamar de adolescência e juventude
ou adolescentes e jovens em programas comunitários (EISENSTEIN, 2005).
Verificamos então, que para se tornar adulto, o ser humano precisa passar por
ciclos ou estágios – que se são mediados pelos processos de crescimento e maturação
e desenvolvimento. Esses processos, estudados acima, são influenciados por uma
variedade de fatores ambientais que operam sobre o indivíduo como a nutrição,
doenças, atividade física entre outros.
Sabemos que crianças e adolescentes que têm um estilo de vida ativo têm maior
probabilidade de tornar-se um adulto mais saudável e ativo fisicamente. Portanto, a
prática de exercícios físicos nos tempos iniciais da vida pode criar o hábito de exercitar-
se que se estenderá para outros ciclos da vida.
133
Por isso é importante que a criança e o adolescente experiencie diferentes
tipos de atividades físicas e que essas atividades sejam eficientes para desenvolver as
capacidades e habilidades motoras dessa população.
DICA
Aprenda mais sobre crescimento, maturação e desenvolvimento humano e
motor na bibliografia indicada.
GALLAHUE, D.; OZMUN, J.C.; GOODWAY, J.D. Compreendendo o
Desenvolvimento Motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 7. ed.
Porto Alegre: AMGH, 2013.
134
Um dos pontos a ser considerado é a adequação do treinamento à idade da
criança ou do adolescente. O treinamento pode ser perigoso e prejudicial à saúde
caso esse ponto não seja levado em conta e é de responsabilidade do profissional de
educação física considerar e aplicar as diretrizes do treinamento para essas populações,
respeitando a idade e condições motoras de cada aluno.
Você verá na sua prática profissional que duas crianças ou dois adolescentes com
a mesma idade cronológica, podem estar em estado maturacional e de desenvolvimento
diferentes e, portanto, o treinamento terá de ser diferenciado para cada uma dessas
crianças ou adolescentes, observando-se a capacidade física e comportamental de
cada um dos alunos.
135
À medida que o corpo cresce e se desenvolve, as crianças ficam mais
acostumadas a ter consciência do corpo e aptas a movê-los de forma mais segura
(RHEA, 2009). É, portanto, nesse momento que podemos preparar treinos mais
complexos e utilizar acessórios e máquinas para realizar os exercícios físicos. Porém, é
preciso considerar algumas variáveis nessa nova do programa de treinamento resistido.
Para Rhea (2009), o aumento da carga deve ser gradual e pode ocorrer de duas
maneiras. Pode ser através do aumento do volume de trabalho, aumentando o número
de sessões de treinamento, ou através da modificação dos exercícios físicos.
Em relação à seleção dos exercícios físicos, esses devem ter como base a
capacidade e habilidade física do praticante e devem ser variados para que a criança
tenha a oportunidade de experimentar vários movimentos e mantenha sempre a
animação e motivação para a realização do treinamento (RHEA, 2009).
É preciso ensinar a técnica correta dos exercícios para crianças, porém, deve-se
sempre respeitar a capacidade física e maturacional da criança, ou seja, cada um deverá
realizar o exercício conforma seu corpo possibilita. É importante que o professor esteja
sempre próximo ao aluno para poder corrigir grandes discrepâncias e principalmente
para incentivar o aluno durante a execução dos treinos.
136
As crianças aprendem muito mais quando observa do que quando ouvem
(prova disso é a dificuldade que temos de manter a atenção de uma criança por alguns
minutos), por isso deve-se optar por demonstrar o exercício, sempre que possível. Nesse
caso, podemos dizer com certeza que aquele ditado que diz: uma imagem vale mais que
mil palavras, é muito verdadeiro!
Para crianças de nível iniciante, pode-se preparar um programa com dois dias de
treino e uma série de dez a doze repetições com os seguintes exercícios: agachamentos,
flexão de braço, elevação plantar abdominais, agachamento com apoio na parede, cabo
de guerra e andar de quatro sobre mãos e pés, flexão e extensão do quadril, flexão de
braço inclinado (RHEA, 2009).
137
Você pode e deve formular outros exercícios físicos a partir desses exemplos,
utilizando o próprio corpo do aluno, acessórios como forma de resistência como bolas,
elásticos, cordas, trampolim, pesos, disco de equilíbrio ou aparelhos de musculação e
aparelhos de pilates e outros materiais que você tenha disponível e que possa tornar o
treino mais agradável e motivante.
O que você não pode e não deve é esquecer que os programas de resistência
para crianças devem ser lúdicos, agradáveis e seguros. O mesmo acontece com
os programas de treinamento resistido para os adolescentes, como veremos no
próximo subtópico.
138
Para Faigenbaum e Westcott (2001), há duas categorias de adolescentes
e ambas necessitam de treino de força. A primeira é uma categoria que se envolve
pouco em exercícios físicos, passando a maior parte do tempo em atividades passivas
como jogar vídeo game, assistir tv ou navegar na internet. Esses jovens precisam de
treinamento de força para que obtenham o mínimo de níveis de força para ter um estilo
de vida mais ativo e saudável.
Isso quer dizer que o adolescente deve ter uma boa força global antes de se
envolver em esportes ou exercícios que demandem um estresse excessivo do sistema
musculoesquelético, pois, a longo prazo, os adolescentes que não possuem força
muscular suficientes podem sofrer lesões graves e interromper uma vida de atividades
em futuros ciclos da vida (FAIGENBAUM; WESTCOTT, 2001).
Para Dietrich (2008), antes da puberdade, o método de circuito com baixa carga
de trabalho é indicado para o treinamento da força geral, sendo necessário que se treine
outras capacidades motoras e habilidades. Também é objetivo de se fazer um trabalho
de força muscular em circuitos, criar condições favoráveis para que o treinamento
seguinte seja eficiente.
139
TABELA 1 – MODELO DE CARGA DE TRABALHO EM PROGRAMAS DE TREINAMENTO RESISTIDO PARA
ADOLESCENTES ADAPTADO DE FAIGENBAUM E WESTCOTT (2001)
140
Avanço lateral com halteres
Abdutores do quadril Cadeira abdutora
141
Alguns exemplos de exercícios de treinamento funcional para trabalhar a
força muscular dos membros inferiores são o agachamento com uma perna só e os
saltos pliométricos. O primeiro consiste em apoiar uma perna no chão – flexionada ou
estendida – e elevar e abaixar a outra perna flexionada (RADICLIFFE, 2017). Em relação
aos saltos pliométrico, esses podem ser realizados conforme mostra a Figura 1 a seguir.
142
No próximo tópico falaremos sobre o treinamento resistido para adultos, dentro
de uma perspectiva atlética e em uma perspectiva da melhoria da saúde. Verificaremos
que tanto quanto as crianças e adolescentes, os adultos também tendem a se beneficiar
com a melhoria dos níveis de força muscular. Mas isso deverá ser analisado e concluído
por você! Para isso, passemos ao tópico 2!
DICA
Aprenda mais sobre treinamento físico e treinamento de força na bibliografia
indicada:
ARRUDA, M.; HESPANHOL, J. E. Treinamento de Força em futebolistas. São
Paulo: Phorte, 2009.
FAIGENBAUM, A.; WESTCOTT, W. Força e potência para atletas jovens. São Paulo:
Manole, 2001.
143
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
144
• O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) denomina como criança indivíduos de
idade até doze anos incompletos, enquanto o adolescente é àquele que tem idade
entre doze e dezoito anos.
• O treinamento pode ser perigoso e prejudicial à saúde caso esse ponto não seja
levado em conta a idade e condições motoras de cada aluno.
• A criança ou adolescente não deve ser vista como um adulto em miniatura, portanto,
não basta transferir um programa de treinamento de um adulto para uma criança ou
adolescente, é preciso que sejam analisadas suas peculiaridades e necessidades.
145
• Crianças respondem de forma diferente aos exercícios quando comparados aos adultos.
• O aumento da carga deve ser gradual e pode ocorrer de duas maneiras. Pode ser
através do aumento do volume de trabalho, aumentando o número de sessões de
treinamento, ou através da modificação dos exercícios físicos.
• Para ensinar os exercícios, o professor deve optar por demonstração, mas quando for
preciso explicar verbalmente deverá utilizar uma linguagem de fácil entendimento
com palavras simples e conhecidas do aluno.
146
• Adolescentes que se envolvem com pouca atividade física precisam de treinamento
de força para que obtenham o mínimo de níveis de força para ter um estilo de vida
ativo e saudável.
• Flexões muito baixas de joelho, exercícios reativos com cargas elevadas e levantamento
com coluna vertebral curvada devem ser evitados para não causar lesões, e deve-se
tomar cuidar na dosagem da carga para adolescentes para que não seja além das
possibilidades, afetando negativamente seu crescimento e prejudicando sua saúde.
147
AUTOATIVIDADE
1 A classificação mais recente das fases da vida humana é de Papalia e Martorell (2021),
que dividem a vida humana em oito ciclos nas quais há em cada ciclo um padrão
de desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial. Com na definição desses ciclos,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas.
I- Crescimento
II- Maturação
III- Desenvolvimento
148
( ) É o aumento no tamanho do corpo como um todo ou em partes específicas, que
ocorrem em decorrência de modificações nos processos celulares. Esses processos
podem ser o aumento do número de células – chamada de hiperplasia; o aumento
no tamanho da célula – chamado de hipertrofia e o aumento das substâncias que
ficam nos espaços entre as células.
( ) É o processo que conduz a um estado maduro, sendo o estado maduro a melhoria das
funções dos sistemas do organismo que contribui para o desenvolvimento funcional
desse. É a completa formação e funcionalidade de estruturas do organismo.
149
4 Quando planejamos programa de treinamento para crianças devemos observar
e respeitar alguns pontos importantes que se relacionam com o crescimento e
desenvolvimento dessa população para que não haja danos, mas sim benefícios para
o organismo dessa população. Disserte sobre esses pontos a serem considerados em
um programa de treinamento resistido para crianças.
150
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
TREINAMENTO RESISTIDO
PARA ADULTOS
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 2 abordaremos os aspectos gerais da população de
adultos, nos direcionando aos adultos atletas e aqueles que são fisicamente ativos,
observando suas características e analisando as diferenças fisiológicas em relação à
força muscular entre homens e mulheres.
Vimos também que o treinamento resistido pode ser direcionado para uma
performance esportiva ou para o desenvolvimento dos aspectos físicos inerentes ao
ciclo de vida vivido, sendo esse último aspecto necessário devido à diminuição dos
níveis de atividade física decorrentes dos hábitos e comportamentos da vida moderna
nessas populações.
Pois bem, ao estudar esse tópico você perceberá que o pensamento acima,
aplicado às crianças e adolescentes, também pode ser aplicado a população de adultos.
Para fins didáticos, consideraremos como adultos, os jovens adultos (de vinte a quarenta
anos) e as pessoas na meia-idade (de quarenta a sessenta e cinco anos), segundo a
classificação dos ciclos de vida de Papalia e Martorell (2021).
151
Já foi adiantado para você, nas entrelinhas do tópico anterior, que adultos se
beneficiam do treinamento resistido dentro de uma perspectiva de performance atlética
ou de uma perspectiva da melhoria da aptidão física e da saúde. O treinamento resistido
direcionado à performance atlética é o que abordaremos no subtópico a seguir.
Você ficou surpreso com o que leu acima, não ficou? Afinal de contas, há muito
tempo que você escuta falar que há diferenças nos parâmetros da força muscular entre
homens e mulheres. Nós sabemos disso e por isso, gostaríamos que deixar claro essa
questão para você.
Agora, você deve estar se perguntando, mas o que é força absoluta e força
relativa? Pois bem, vamos entender o que isso. Para Stopanni (2017), força absoluta é:
152
Portanto, a diferença entre a força muscular entre os sexos é reduzida se
comparada com a massa muscular ou secção transversal do músculo da mulher e a
força dos membros inferiores da mulher se assemelha mais com a força dos homens
quando comparado a força dos membros superiores (FLECK; KRAEMER, 2017).
Isso sugere que um treinamento de força deva ser variado conforme a fase do
ciclo menstrual, reduzindo a carga de treino durante a fase lútea e aumentando durante
a fase folicular (FLECK; KRAEMER, 2017).
Na maior parte dos casos, a atividade física tem impacto positivo na síndrome
pré-menstrual reduzindo os sintomas pré-menstruais normais. Irregularidades
menstruais como amenorréia, podem ser mais prevalentes em mulheres que praticam
atividades extenuantes, como as atletas, e podem estar associadas à tríade da atleta do
sexo feminino (FLECK; KRAEMER, 2017).
153
Para você entender mais sobre a tríade da mulher atleta, colocamos uma revisão
bibliográfica na leitura completar e uma dica de leitura sobre o assunto no Gio Dica no
final desse tópico. Aproveite e saiba mais sobre esse assunto, principalmente se você
for treinar força muscular em mulheres esportistas ou simplesmente fisicamente ativas!
Mas na prática, o que isso significa quando temos que planejar um programa
de treinamento resistido para adultos? Na prática o que acontece é que o treinamento
resistido pode ajudar a reduzir ou eliminar as diferenças na força relativa entre homens
e mulheres, uma vez que, as adaptações das mulheres a programas de treinamento
resistido costumam ter a mesma magnitude ou até mesmo ser um pouco maiores do
que em homens para algumas variáveis.
Por isso, programas de treinamento resistido para mulheres não precisam ser
diferentes daqueles para os homens, exceto em relação à carga absoluta que deve ser
menor para as mulheres na execução dos exercícios (FLECK; KRAEMER, 2017).
154
Em relação aos componentes fisiológicos, veremos que não há grandes diferenças
entre os sexos em adultos fisicamente ativos. As diferenças que podem ocorrer na morfologia
das fibras musculares, na área de secção transversal total do músculo, no tamanho das
fibras musculares e nas proporções da quantidade de fibras do tipo I e II devem-se ao fato de
que as mulheres não têm o hábito de participarem de programas de treinamento resistido
progressivo e consistente ao longo da vida (FLECK; KRAEMER, 2017).
DICA
Aprenda mais sobre a tríade da mulher atleta na bibliografia indicada
abaixo:
DRINKWATER, B.L. Mulheres no esporte. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2001.
Aprenda mais sobre o assunto desse livro nos sites indicados abaixo:
TREINO EM FOCO – treinoemfoco.com.br. Nesse site você poderá ver
vídeos sobre as várias abordagens do treinamento físico.
155
Para Kraemer e Hakkinem (2004), quando se inicia um programa de treinamento
de força pela primeira vez ou quando o atleta está retornando de um período de
destreinamento, deve-se conduzir um treinamento de base antes do treinamento
específico de força, independente do esporte que o atleta pratica.
156
Portanto, para os atletas corredores de fundo, o treinamento de força deverá ser
a base para outros tipos de treinamento possam ser aplicados, principalmente em altos
níveis de competição e provas mais longas como maratona, para que o corpo suporte
esses treinamentos. Exercícios de força para região superior do corpo podem ajudar
para um suporte postural dessa região e nos movimentos de braço durante a corrida
(KRAEMER; HAKKINEM, 2004).
157
A aptidão física pode ser avaliada sob duas vertentes: uma direcionada à
performance física e outra relacionada à saúde. Os componentes que se relacionam com
a saúde são: a aptidão cardiorrespiratória, a força e resistência muscular, a flexibilidade
e a composição corporal (NAHAS, 2013).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que saúde é uma condição humana
com dimensões física, social e psicológica, com polos positivos e negativos. A saúde positiva
seria a capacidade de ter uma vida satisfatória e proveitosa e a saúde negativa estaria
associada com a morbidade e mortalidade prematura (OMS, 1994 Apud NAHAS, 2013).
Como você deve ter percebido, saúde tem um conceito muito complexo e
depende de muitas variáveis – não só as variáveis físicas – para que possamos ter
saúde. As variáveis trabalhadas no treinamento resistido é uma dentre tantas outras
variáveis que precisam ser pensadas e melhoradas para que se possa pensar em uma
saúde positiva.
Não é novidade para você que é preciso ter níveis elevados de força muscular
para que possamos lidar satisfatoriamente com as atividades do dia a dia. Também não
é novidade que é preciso desenvolver não apenas a força em geral, mas também as
diferentes formas de manifestação da força: força máxima, a força rápida e a resistência
de força (se você não lembra essa classificação, recomendamos que você volte à
Unidade 1, Tópico 1, e recorde esses conceitos).
158
Para desenvolver a força rápida deve-se fazer exercícios com pouco peso em uma
velocidade maior que a habitual. É recomendado exercícios multiarticulares realizados em
velocidade rápida de três a cinco séries com descanso de três a cinco minutos.
A carga de trabalho nos exercícios para desenvolver força rápida deve ser de
no máximo 60% de uma repetição máxima (RM) para os membros inferiores do corpo e
entre 30 e 60% de uma repetição máxima para a parte superior do corpo (ACSM, 2018).
159
Inicialmente, o treinamento resistido deve ser em dois ou três dias e deve
contemplar todos os músculos do corpo. Com a evolução do aluno no treino, deve-
se dividir os músculos do corpo em dois grupos musculares e trabalhar duas vezes
na semana cada grupo muscular, enquanto alunos mais avançados devem dividir os
músculos do corpo em mais grupos musculares e exercitá-los de uma a três vezes por
semana (ACSM, 2018).
Bem, com isso, encerramos mais um tópico dessa unidade. Desejamos que
você esteja acompanhando todo o conteúdo colocado neste livro e, principalmente,
que você esteja aprendendo e se inspirando para fazer um bom trabalho de treinamento
físico e resistido quando for um profissional da área de Educação Física.
160
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
161
• As diferenças na morfologia das fibras musculares, na área de secção transversal
total do músculo, no tamanho das fibras musculares e nas proporções da quantidade
de fibras do tipo I e II devem-se ao fato de que as mulheres não têm o hábito de
participarem de programas de treinamento resistido progressivo e consistente ao
longo da vida.
• No futebol, o treinamento de força para hipertrofia deve ser aplicado com cuidado,
pois, uma hipertrofia muscular exagerada não é benéfica para o bom desempenho
no esporte.Para atletas corredores de longa distância, o objetivo do treinamento de
força não deverá ser desenvolver massa muscular e sim força suficiente para reduzir
lesões, o tempo de contato com o solo a cada passada e fortalecer os tecidos do
corpo para que tolerem maiores volume e intensidade de treinamento.
• A aptidão física pode ser avaliada sob duas vertentes: uma direcionada à performance
física e outra relacionada à saúde. Os componentes que se relacionam com a aptidão
relacionada à saúde são: a aptidão cardiorrespiratória, a força e resistência muscular,
a flexibilidade e a composição corporal.
• Para desenvolver a força rápida deve-se fazer exercícios com pouco peso em uma
velocidade maior que a habitual com exercícios multiarticulares realizados em
velocidade rápida de três a cinco séries com descanso de três a cinco minutos.
162
• Para desenvolver a resistência de força, os exercícios devem ser realizados com
pouca carga e mais repetições, sendo os exercícios isométricos, realizados com o
peso do próprio corpo eficientes para desenvolver a força resistente.
• Inicialmente o treinamento resistido deve ser em dois ou três dias e deve contemplar
todos os músculos do corpo, depois deve-se dividir os músculos do corpo em dois
grupos musculares e trabalhar duas vezes na semana cada grupo muscular, e
posteriormente deve-se dividir em mais grupos musculares e exercitá-los de uma a
três vezes por semana.
163
AUTOATIVIDADE
1 A força muscular é diferente entre homens e mulheres. Em relação a essa questão,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas:
I- Fase folicular
II- Fase lútea
III- Tríade da mulher atleta
( ) Período do ciclo menstrual que ocorre quatorze dias após a menstruação até
começar a próxima menstruação e é menos apropriada para o crescimento e reparo
muscular, sugerindo redução na carga de treino.
( ) Período do ciclo menstrual que vai início da menstruação até aproximadamente
quatorze dias depois e é mais apropriada para o crescimento e reparo muscular,
sugerindo aumento na carga de treino.
( ) É uma síndrome caracterizada pela amenorréia, que é a ausência do ciclo menstrual,
distúrbios alimentares e baixa densidade mineral óssea.
164
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) I, III e II.
b) ( ) I, II e III.
c) ( ) II, I e III.
d) ( ) III, II e I.
I- Os adultos não atletas, mas que são fisicamente ativos, necessitam do treinamento
resistido para melhorar os níveis de força, aptidão física e saúde.
II- Os níveis de força muscular em adultos fisicamente ativos diferem entre os sexos.
Mulheres fisicamente ativas têm força muscular absoluta menor em relação aos
homens, porém, a diferença tende a desaparecer quando relativizamos esses
valores absolutos.
III- Programas de treinamento resistido para mulheres não precisam ser diferentes
daqueles para os homens, exceto em relação à carga absoluta que deve ser menor
para as mulheres na execução dos exercícios.
IV- Os componentes fisiológicos não se diferenciam entre os sexos em adultos
fisicamente ativos, por isso que os programas de treinamento resistido para mulheres
devem ser mais leves e reduzidos, para não causar danos aos componentes
fisiológicos do corpo da mulher.
165
166
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
TREINAMENTO RESISTIDO PARA IDOSOS
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 3 abordaremos o último ciclo de vida do desenvolvimento
humano, no qual falaremos sobre as modificações biológicas naturais decorrentes do
envelhecimento, explicando as características e diferenças de um envelhecimento
saudável e patológico.
2 ASPECTOS GERAIS
Antigamente o treinamento para desenvolver as capacidades motoras ou
qualquer outro aspecto relacionado ao treinamento costumava ser de forma empírica,
uma vez que apenas as experiências pessoais de treinadores e atletas e os resultados
obtidos com a prática eram levados em consideração, mas hoje a realidade é outra.
Hoje o treinamento tanto na área esportiva, que visa ao alto rendimento, quanto
na área do exercício em geral, que objetiva melhora dos aspectos relacionados à aptidão
física e saúde se baseiam nos conhecimentos advindos de pesquisas de diferentes
áreas de conhecimento.
167
No envelhecimento ocorrem diversas alterações físicas e fisiológicas e também
mudanças comportamentais, psicológicas e sociais, como você já deve ter percebido
observando as pessoas idosas que fazem parte do seu convívio familiar e social.
168
É importante que você saiba, avalie e respeite as diferenças existentes em
pessoas com um envelhecimento saudável de uma pessoa que tem um envelhecimento
com patologias, para que o treinamento seja direcionado e aplicado com segurança e
eficiência. Por isso, vamos analisar mais detalhadamente o envelhecimento saudável e
patológico nos subtópicos a seguir.
DICA
Se você quiser saber mais sobre os aspectos psíquicos, filosóficos e
antropológicos do envelhecimento, indicamos as bibliografias abaixo:
BEAUVOIR, S. A velhice. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2018.
GOLDENBERG, M. A bela velhice. Rio de Janeiro: Record, 2013.
KARPF, A. Como envelhecer. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015.
169
Como já falamos exaustivamente ao longo desse livro, o treinamento resistido
é um meio para melhorar a força muscular em qualquer idade. Em pessoas idosas, o
treinamento resistido pode aumentar, ou manter (não deixar que diminua mais ainda) a
força muscular, ajudando na melhoria da aptidão física e da saúde de todas as pessoas.
Mas e quanto a massa muscular e da massa óssea, o que você acha que acontece
com essas variáveis no processo de envelhecimento? Bem, vamos saber um pouco mais
sobre esse assunto, para você poder responder com mais acurácia a essa pergunta.
Fique atento caro aluno, pois, mesmo que a alteração da massa muscular seja
considerada normal no envelhecimento, a progressão da perda muscular pode trazer
consequências severas de limitação física, tornando o envelhecimento patológico,
como veremos no próximo tópico.
Então, mesmo que a perda de massa muscular não esteja fora dos padrões
normais do envelhecimento, é importante que medidas sejam tomadas já nesse estágio,
para que essas alterações não saiam dos limites esperados e não se transforme em
limitações que levarão à dependência física e doenças.
170
A preservação de bons níveis de densidade mineral óssea (DMO) é fator
fundamental para um envelhecimento saudável, pois a diminuição da DMO leva a
fragilidade da estrutura esquelética, que por sua vez predispões risco de fraturas, quedas
e consequentemente dependência funcional e física, tornando o envelhecimento
patológico (RENA, 2019).
Assim como ocorre com a massa muscular, devemos ficar atentos para que
a progressão da perda óssea não saia dos limites considerados normais e traga
consequências severas de limitação física, tornando o envelhecimento patológico.
Para isso, medidas devem ser tomadas no início do processo da perda óssea, como
intervenção de um programa de treinamento físico.
Indivíduos com idade mais avançada que mantêm bons níveis de exercício físico
tendem a possuir bons níveis de aptidão física também e com isso, serem mais saudáveis do
que pessoas da mesma idade com níveis de atividade menor (ALVES; FREITAS, 2017).
Como já dissemos e você pode perceber, nas variáveis citadas acima, a diferença
entre o envelhecimento saudável e o envelhecimento patológico dependerá do grau
em que ocorrem as alterações no organismo e do quanto essas alterações predispõe
o idoso à fragilidade e dependência física. Vamos analisar quando essas alterações se
tornam patológicas no próximo subtópico.
171
Em relação à diminuição da força muscular, podemos considerar uma ocorrência
patológica quando os níveis de força caem a tal ponto de o idoso não conseguir realizar
suas atividades de vida diária, tornando-se, assim, dependente fisicamente de outra
pessoa, levando a uma diminuição da qualidade de vida.
Você já sabe que o treinamento resistido pode ajudar nessa alteração biológica
do envelhecimento, aumentando ou mantendo os níveis de força muscular, melhorando
a aptidão física e consequentemente minimizando as consequências dessa alteração
na vida do idoso.
172
Sabe-se que quedas recorrentes se associam significativamente com o declínio
das funções físicas e os prejuízos físicos e podem causar desde simples lesões como
escoriações, hematomas ou cortes leves até acontecimentos mais graves como fraturas
(PAIXÃO; HECKMAN, 2017).
Idosos que já vivenciaram uma queda, geralmente têm medo de cair novamente,
por isso restringem as atividades diárias levando à deterioração das habilidades físicas
e ocasionando prejuízos sociais, como a redução do contato social, que alteram
negativamente a qualidade de vida e saúde dessa população.
Para quebrar esse ciclo é preciso que os fatores modificáveis, envolvidos nesse
ciclo, sejam melhorados. A massa muscular, densidade mineral óssea (DMO), força
muscular, flexibilidade e equilíbrio são variáveis que podem ser melhoradas com um
treino resistido.
DICA
Aprenda mais sobre envelhecimento na senescência e senilidade,
fisiologia do envelhecimento, sarcopenia, menopausa, osteoporose e
quedas nas bibliografias indicadas abaixo:
MOREIRA, V. G. Biologia do envelhecimento.
PAPALÉO NETTO, M. Introdução ao estudo da velhice e do
envelhecimento.
PAIXÃO, C. M.; HECKMAN, M. F. Distúrbios da postura, marcha e quedas.
PEREIRA, S. R. M. Fisiologia do envelhecimento.
VALENTE, M. Sarcopenia. In: FREITAS, E. V. Tratado de geriatria e
gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2017.
RENA, R. A mulher e a osteoporose: como prevenir e controlar. 5.
ed. Barueri: SP, 2019.
WENDER, M.C. (org). Climatério e menopausa. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2019.
173
3 PROGRAMA DE TREINAMENTO RESISTIDO
NO ENVELHECIMENTO
Você já sabe também que a força muscular é uma variável importante dentre as
capacidades motoras de todas as pessoas, e no caso do idoso não é diferente, sendo
ainda mais necessária em relação quando comparado aos demais ciclos da vida.
Por isso, podemos planejar um treinamento para aqueles que querem melhorar
ou manter seus índices de aptidão física e saúde e até para aqueles que estão se
recuperando de algum problema e precisam se reabilitação em algum aspecto físico.
174
Um programa de treinamento resistido apresenta-se como uma intervenção
eficiente para a melhoria e manutenção da força muscular. A força muscular estática
tem sido ao longo dos tempos a modalidade da força muscular mais requisitada nos
estudos sobre o crescimento e o desenvolvimento, pois é a que mais sofre mudanças
com o avanço da idade cronológica, principalmente na segunda década da vida (FLECK;
KRAEMER, 2017).
175
FIGURA 4 – ELEVAÇÃO DOS MEMBROS SUPERIORES ADAPTADO PARA IDOSOS
Para isso recomenda-se treinos resistidos de duas a três vezes por semana,
sendo uma vez na semana treinamento de alta intensidade e treinamento da força
rápida. O treinamento para hipertrofia pode ser – em torno de dez a doze repetições
máximas – e são considerados benéficos para essa população (FLECK; KRAEMER, 2017).
176
Os números de repetições também devem ser analisados com cautelas em
treinamentos resistido para idosos, tendo em vista a alta prevalência de problemas
relacionados ao risco cardiovascular como a pressão arterial alta. Principalmente nessa
população deve-se cuidar para que não seja realizada a manobra de valsava – supressão
da respiração – (você pode recordar o conceito de manobra de valsava no Tópico 3,
Unidade 2) – durante a execução do exercício (FLECK; KRAEMER, 2017).
Em relação à osteoporose, o ACSM diz que o exercício físico deve união da tensão
muscular e a ação da gravidade para se obter ganhos da densidade mineral óssea (DMO)
(ACSM, 2018), ou seja, para que haja benefício para os ossos o treinamento resistido
seve ser realizado com cargas superiores a carga corporal sob efeito da gravidade.
177
3.2 TREINAMENTO RESISTIDO NA SENILIDADE
Já vimos que no envelhecimento patológico, denominado de senilidade, as
alterações normais do envelhecimento são acompanhadas de doenças crônicas,
cognitivas ou outras enfermidades que alteram a saúde e qualidade de vida do idoso.
Você já sabe que o treinamento resistido pode ajudar nessa alteração biológica
do envelhecimento, aumentando ou mantendo os níveis de força muscular, melhorando
a aptidão física e consequentemente minimizando as consequências dessa alteração
na vida do idoso, agora veremos o que o programa de treinamento resistido deve conter
para atingir esse objetivo.
178
Porém, mesmo o fato de o treinamento resistido não deixar que a perda muscular
continue ocorrendo, já é um benefício para idosos na senilidade, pois, como sabemos
a habilidade de desenvolver as atividades de vida diária se relacionam fortemente
com a força e massa muscular, sendo que bons níveis nessas variáveis asseguram a
independência física do idoso.
179
Os exercícios de agachamento e mobilidade de todo o corpo são muito funcionais
para idosos, entretanto, deve-se ter cautela, pois grandes amplitudes e intensidades,
tendem a sobrecarregar a musculatura e articulações, promovendo dores tardias.
Porém, se o idoso não teve uma história de prática de exercícios físicos ao longo
da vida, nunca é tarde para começar. Um treinamento resistido sempre resultará em
alterações positivas no organismo e benefícios na vida das pessoas que praticam.
Por isso, incentivo e orientação é o caminho para que idosos possam melhorar
os níveis de aptidão física, diminuir a incidência de fraturas e quedas e assim, ter saúde
e qualidade de vida no último ciclo de vida do desenvolvimento humano.
Com isso, nós encerramos essa Unidade. Sempre com o voto de que você,
querido aluno, tenha aproveitado cada sentença aqui escrita, para aprender, analisar e
entender os conteúdos relacionados ao treinamento resistido.
Sabemos que esse aprendizado não se encerra aqui, muito pelo contrário, ele
apenas se inicia aqui, passando agora a ser você o condutor do seu autoaprendizado.
Sinta-se livre e apto para buscar, em outras fontes, mais e mais conhecimento sobre
o assunto. Obrigada pela sua companhia durante esse tempo. Agora o percurso é
seu, pois nós ficaremos por aqui, com o desejo sincero de que você tenha muita luz
na sua caminhada!
180
LEITURA
COMPLEMENTAR
TRÍADE DA MULHER ATLETA EM NADADORAS ADOLESCENTES DE ELITE DA
CIDADE DO RIO DE JANEIRO
Annie Schtscherbyna
181
Brownell et al. (1987) supõem que a função menstrual normal está associada à
adiposidade local e não total. Segundo esses autores, a amenorréia pode ser provocada
por baixo percentual de gordura corporal na região femoral, justificada pela importância
deste local no fornecimento de energia para lactação e gravidez. Sendo assim, esta
amenorréia seria uma resposta corporal a tentativa de gastar o menos de energia
possível, o que seria prejudicado caso houvesse gravidez (Marshall, 2004).
O período de estirão de crescimento que acontece nas meninas entre 11,5 e 12,5
anos aumenta o risco de fraturas (Nguyen et al., 1993). O maior pico de massa óssea
está relacionado com a diminuição do risco de fraturas por osteoporose na vida adulta
(Heaney et al., 2000; Riggs & Melton 1992). A combinação de fatores não-hormonais
como hereditariedade, atividade física, consumo de cálcio, proteínas e energia é
substancial na conquista do pico de massa óssea (Rizzoli 1999). Indivíduos que atingem
menor pico de massa óssea quando adultos jovens têm maior chance de desenvolver
osteoporose no futuro (Bass et al., 1999; Smith et al., 1994), assim como é sugerido que
a baixa DMO está associada aumento risco de fratura (Nguyen et al., 1993).
182
Os tipos de exercícios relacionados ao aumento da DMO são os de impacto
(Fehling et al., 1995). Segundo Kohrt (2004), mulheres com elevada massa muscular
apresentam DMO alta tendo em vista o desenvolvimento da musculatura. Ginastas, por
exemplo, apresentam DMO maior do que o esperado para indivíduos da mesma idade,
peso e estado hormonal. Por outro lado, corredores têm menor DMO e nadadores DMO
mais baixa ainda (Segura, 2002).
Segundo Aloia et al. (1995), a massa muscular magra seria um fator determinante
da massa óssea. Alguns autores, como Kohrt (2004), sugerem que grande quantidade de
massa muscular magra seria fator protetor contra osteoporose, mesmo em mulheres com
baixa massa adiposa corporal. Em atletas amenorréicas, a densidade minerálica óssea
seria reduzida em comparação as eumenorréicas incluindo o componente hormonal
nesta associação (Kohrt, 2004). Este achado sugere outras possíveis influências para
a osteoporose em atletas. O tipo e duração da disfunção menstrual, baixo percentual
de gordura corporal, consumo alimentar inadequado, mudanças de peso e redução da
concentração de estrogênio em mulheres estão diretamente relacionados à alteração
da densidade minerálica óssea (Myburgh et al., 1990).
Segundo Zanker & Swaine, 2000, pesquisa com corredoras demonstrou que
os períodos de treinamento de corrida sozinhos não interferiram no turnover ósseo ao
menos que o balanço energético estivesse simultaneamente alterado. Chan et al. (1996)
encontraram evidências sugerindo que o baixo consumo cálcio pode contribuir para a
fragilidade óssea mesmo em crianças.
Alguns estudos demonstram que o consumo de cálcio (Wosje & Specker 2000)
e vitamina D contribuem para otimizar o desenvolvimento da massa óssea. Contudo,
apesar da dieta dos atletas ser cronicamente pobre em cálcio, tentativas de suplementar
este mineral não normalizaram a densidade minerálica óssea (Barger-Lux & Heaney,
1994). Por outro lado, ao comparar a influência da atividade física e do consumo de cálcio,
foi encontrada associação mais forte com atividade física do que com a alimentação
influenciando DMO (Wosje & Specker, 2000).
Mesmo em adolescentes, indivíduos com baixa DMO estão sobre maior risco de
sofrer fraturas do que os com maior DMO (Soyka et al., 2000). Atletas que sofrem de fraturas
de stress apresentam menor DMO e menarca mais tardia do que outras atletas (ACSM, 2007).
183
Nesta mesma temática, em atletas amenorréicas nas quais foi feito terapia de
reposição hormonal (TRH) para que o ciclo menstrual retornasse a normal, o risco de
osteoporose ainda permanecia (Kaufman et al., 2002). No momento da amenorréia
haveria diminuição da taxa de metabolismo de repouso, como tentativa do organismo
poupar energia, associada a baixa concentração do hormônio leptina (Brownell et
al., 1987) que não seria normalizado com a TRH. Sendo assim, o risco de desenvolver
osteoporose ainda estaria elevado em mulheres que tiveram amenorréia em algum
momento da vida (American College of Sports Medicine, 2007).
Nos Estados Unidos, Nichols et al. (2006) realizaram estudo com 170 jovens
atletas, de 8 modalidades esportivas, incluindo a natação. As desordens alimentares
e o ciclo menstrual foram avaliados por questionários aplicados por entrevistadores
e a densidade minerálica óssea do quadril, coluna (L1-L4) e corpo inteiro foi medida
184
por DEXA. Dentre as atletas, 18,2%, 23,5% e 21,8% preencheram critérios para
desordens alimentares, irregularidades menstruais e baixa densidade minerálica óssea,
respectivamente. A tríade esteve presente em 1,2% da amostra e 5,9% preencheram 2
componentes da tríade.
185
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O envelhecimento, sob o ponto de vista biológico, pode ser considerado uma involução
física que afeta os sistemas fisiológicos de forma variada.
• É normal que ocorra uma diminuição da força muscular e acontecer dentro dos
parâmetros aceitáveis para a idade, será um envelhecimento saudável.
• Mesmo que a perda de massa muscular não esteja fora dos padrões normais do
envelhecimento, é importante que medidas sejam tomadas já nesse estágio, para que
essas alterações não saiam dos limites esperados e se transforme em limitações física.
186
• No sistema osteoarticular as mudanças são decorrentes da redução do conteúdo
de água e redução do colágeno, resistência elástica e capacidade de resistir à
deformação.
• Indivíduos com idade mais avançada que mantêm bons níveis de exercício físico tendem
a possuir bons níveis de aptidão física também.
• Quando a sarcopenia ocorrer além dos limites considerados bons para um envelhecimento
saudável, terá consequências deletérias para a saúde dos idosos também.
187
• A osteoporose do tipo I é predominante em mulheres e associada à menopausa e é
caracterizada pela perda acelerada do osso trabecular e ocorrência de farturas.
• O treinamento resistido pode ser aplicado para aqueles que querem melhorar
ou manter seus índices de aptidão física e saúde e até para aqueles que estão se
recuperando de algum problema e precisam se reabilitação em algum aspecto físico.
• Em idosos, o programa de treinamento resistido deve ser iniciado com baixa carga
de trabalho e ir aumentando aos poucos para evitar lesões agudas e dar tempo para
ocorrer às adaptações.
188
• Os músculos de pessoas idosas exigem mais tempo para recuperação, portanto,
as sessões para essas populações devem ser variadas em relação ao volume
e intensidade.
• Em idosos, o programa de treinamento resistido deve ser de duas a três vezes por
semana, sendo uma vez na semana treinamento de alta intensidade e treinamento
da força rápida.
• Em idosos, o programa de treinamento resistido deve conter uma série para iniciantes,
progredindo até três repetições ao longo do tempo.
189
• É importante conscientizar que um programa de treinamento atua como meio de auxiliar
na melhora ou estabilidade da patologia, mas não substitui o tratamento médico.
• Idosos com baixos níveis de DMO têm maior capacidade de melhorar o percentual
com o programa de treinamento quando comparados com indivíduos na média ou
acima da média da DMO.
• Durante a execução dos exercícios o profissional deve estar esteja próximo ao aluno
para evitar eventuais quedas decorrente da perda de equilíbrio.
• Exercícios em pé sem apoios devem ser evitados, optando sempre pela segurança e
eficácia do exercício e bem-estar ao idoso.
• Um programa de treinamento resistido par idosos com peso do próprio corpo são
uma alternativa ao treinamento com acessórios, pesos ou aparelhos.
190
AUTOATIVIDADE
1 No envelhecimento ocorrem diversas alterações físicas e fisiológicas e mudanças
comportamentais, psicológicas e sociais. Com base no que foi estudado
sobre envelhecimento, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as
sentenças falsas.
I- Sarcopenia
II- Osteoporose
III- Fraqueza muscular severa
191
( ) Podemos considerar uma ocorrência patológica quando os níveis de força cair a tal
ponto de o idoso não conseguir realizar suas atividades de vida diária, tornando-se
assim, dependentes fisicamente de outra pessoa, levando a uma diminuição da
qualidade de vida.
192
5 Para as populações de idosos que tem um envelhecimento patológico é imprescindível
que sejam verificadas as patologias e que o programa de treinamento resistido se
adeque as condições inerentes ao idoso. Fale sobre o que você aprendeu sobre o
programa de treinamento resistido e envelhecimento patológico.
193
REFERÊNCIAS
ACSM. Diretrizes do ACSM para os testes de esforço e sua prescrição. 10. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
FAIGENBAUM, A.; WESTCOTT, W. Força e potência para atletas jovens. São Paulo:
Manole, 2001.
194
HAYWOOD, K.M. e GETCHELL, N. Desenvolvimento motor ao longo da vida. 9. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2016.
LANE, J. M.; CORNELL, C. N.; BARTH, R.; WERNTZ, J. R. Doença óssea metabólica.
In: BROWNER, B. D.; JÚPITER, J. B.; LEVINE, A. M.; TRAFTON, P. G. Traumatismo do
sistema musculoesquelético. São Paulo: Ed. Manole; 2000.
MAIOR, A. S. Fisiologia dos exercícios resistidos. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2013.
195
RADCLIFFE, J. C. Treinamento funcional para atletas de todos os níveis séries
para agilidade, velocidade e força. Porto Alegre: Artmed, 2017.
RENA, R. A mulher e a osteoporose: como prevenir e controlar. 5. ed. Barueri: SP, 2019.
196