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02 Moisés Filosofia Ext 20-06

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FILOSOFIA – MOISÉS

TURMA:EXTENSIVO LISTA:
DATA: 20/06/2024 02

1. Santo Agostinho refletiu sobre as questões do ensino e do aprendizado, de Aristóteles, mas se se trata de Deus, da origem das coisas e de seu
observando que os mestres têm grande importância no ensino porque, retorno ao Criador, Tomás é ele mesmo. Ele sabe, pela fé, para que limite
por meio de palavras, podem ensinar. No entanto, não bastam as palavras se dirige, contudo, só progride graças aos recursos da razão.
exteriores para o conhecimento verdadeiro, é preciso o auxílio do mestre GILSON, Etienne. A Filosofia na Idade Média, São Paulo: Martins Fontes, 1995, p.
interior, conforme afirma De Magistro: 657.
“No que diz respeito a todas as coisas que compreendemos, não
consultamos a voz de quem fala, a qual soa por fora, mas a verdade que De acordo com o texto acima, é correto afirmar que
dentro de nós preside a própria mente, incitados talvez pelas palavras a a) a obra de Tomás de Aquino é uma mera repetição da obra de
consultá-la. Quem é consultado, ensina verdadeiramente, e este é Cristo, Aristóteles.
que habita, como foi dito, no homem interior, isto é, a virtude incomutável b) Tomás parte da revelação divina (Bíblia) para entender a natureza das
de Deus e a sempiterna Sabedoria, que toda alma racional consulta, mas coisas.
que se revela a cada um quanto é permitido pela sua própria boa ou má c) as verdades reveladas não podem de forma alguma ser compreendidas
vontade.” pela razão humana.
SANTO AGOSTINHO. De Magistro. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova d) é necessário procurar a concordância entre razão e fé, apesar da
Cultural, 1987, Capítulo XI, p. 319. distinção entre ambas.
6. Considere o seguinte texto sobre Tomás de Aquino (1226-1274).
De acordo com o trecho, deduz-se que o papel do ensinamento de Fique claro que Tomás não aristoteliza o cristianismo, mas
mestres é cristianiza Aristóteles. Fique claro que ele nunca pensou que, com a razão
a) demonstrar a verdade incontestável. se pudesse entender tudo; não, ele continuou acreditando que tudo se
b) enunciar somente o que é a verdade. compreende pela fé: só quis dizer que a fé não estava em desacordo com
c) estimular a busca da verdade interior. a razão, e que, portanto, era possível dar-se ao luxo de raciocinar, saindo
d) ensinar verdades para além de Cristo. do universo da alucinação.
2. O filósofo e monge dominicano São Tomás de Aquino (1225 – 1274 d.C.) Eco, Umberto. “Elogio de santo Tomás de Aquino”. In: Viagem na irrealidade
elaborou uma filosofia que estava fundada em dois pilares principais: a fé cotidiana, p.339.
cristã e a filosofia de Aristóteles (384 – 322 a.C.).
A respeito da filosofia tomista, é INCORRETO afirmar que Tomás de Aquino É correto afirmar, segundo esse texto, que:
a) debateu, com outros filósofos, sobre a filosofia de Aristóteles. a) Tomás de Aquino, com a ajuda da filosofia de Aristóteles, conseguiu
b) escreveu sobre várias áreas da filosofia: ética, lógica e outras. uma prova científica para as certezas da fé, por exemplo, a existência de
c) admitiu, por fim, a superioridade da filosofia sobre a fé cristã. Deus.
d) propôs argumentos racionais para provar a existência de Deus. b) Tomás de Aquino se empenha em mostrar os erros da filosofia de
3. Agostinho, em Confissões, diz: "Mas após a leitura daqueles livros dos Aristóteles para mostrar que esta filosofia é incompatível com a doutrina
platônicos e de ser levado por eles a buscar a verdade incorpórea, percebi cristã.
que 'as perfeições invisíveis são visíveis em suas obras' (Carta de Paulo aos c) o estudo da filosofia de Aristóteles levou Tomás de Aquino a rejeitar as
Romanos, 1, 20)". verdades da fé cristã que não fossem compatíveis com a razão natural.
Agostinho de Hipona. Confissões, livro VII, cap. 20, citado por: MARCONDES, d) a atitude de Tomás de Aquino diante da filosofia de Aristóteles é de
Danilo. Textos Básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000. conciliação desta filosofia com as certezas da fé cristã.
Tradução do autor. 7. Segundo o texto abaixo, de Agostinho de Hipona (354-430 d. C.), Deus
cria todas as coisas a partir de modelos imutáveis e eternos, que são as
Nesse trecho, podemos perceber como Agostinho ideias divinas. Essas ideias ou razões seminais, como também são
a) se utilizou da Bíblia para conhecer melhor a filosofia platônica. chamadas, não existem em um mundo à parte, independentes de Deus,
b) utiliza a filosofia platônica para refutar os textos bíblicos. mas residem na própria mente do Criador,
c) separa nitidamente os domínios da filosofia e da religião. [...] a mesma sabedoria divina, por quem foram criadas todas as
d) foi despertado para o conhecimento de Deus a partir da filosofia coisas, conhecia aquelas primeiras, divinas, imutáveis e eternas razões de
platônica. todas as coisas, antes de serem criadas [...].
4. Com efeito, existem a respeito de Deus verdades que ultrapassam Sobre o Gênese, V
totalmente as capacidades da razão humana. Uma delas é, por exemplo,
que Deus é trino e uno. Ao contrário, existem verdades que podem ser Considerando as informações acima, é correto afirmar que se pode
atingidas pela razão: por exemplo, que Deus existe, que há um só Deus perceber:
etc. a) que Agostinho modifica certas ideias do cristianismo a fim de que este
AQUINO, Tomás de. Súmula contra os Gentios. Capítulo Terceiro: A possibilidade seja concordante com a filosofia de Platão, que ele considerava a
de descobrir a verdade divina. Tradução de Luiz João Baraúna. São Paulo: Abril verdadeira.
Cultural, 1979, p. 61. b) uma crítica radical à filosofia platônica, pois esta é contraditória com a
fé cristã.
Para São Tomás de Aquino, a existência de Deus se prova c) a influência da filosofia platônica sobre Agostinho, mas esta é
a) por meios metafísicos, resultantes de investigação intelectual. modificada a fim de concordar com a doutrina cristã.
b) por meio do movimento que existe no Universo, na medida em que d) uma crítica violenta de Agostinho contra a filosofia em geral.
todo movimento deve ter causa exterior ao ser que está em movimento.
c) apenas pela fé, a razão é mero instrumento acessório e dispensável.
d) apenas como exercício retórico.
5. A teologia natural, segundo Tomás de Aquino (1225-1274), é uma parte
da filosofia, é a parte que ele elaborou mais profundamente em sua obra
e na qual ele se manifesta como um gênio verdadeiramente original. Se se
trata de física, de fisiologia ou dos meteoros, Tomás é simplesmente aluno

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8. A fé ajuda o conhecimento e o amor de Deus, não no sentido de que tal maneira que a razão pode ser útil para o fortalecimento da fé. O uso da
no-lo faça conhecer e amar porque antes de fato não o conhecíamos ou razão persuasiva pode, então, servir à fé, fortalecendo a crença ou
não o amávamos, mas nos ajuda a conhecê-lo de modo mais luminoso e a convencendo o descrente da verdade revelada cristã.
amá-lo com amor mais firme.
Agostinho, A Trindade, VIII, 9, 13. Resposta da questão 6: [D]
No século VIII, Carlos Magno, rei dos francos foi coroado imperador do
Para Agostinho, a fé não tem um caráter a-racional ou metarracional, e Ocidente em 800 d.C pelo Papa Leão III. Ele organizou o ensino e fundou
sim um preciso valor cognoscitivo. Assim, qual é, para ele, a relação entre escolas ligadas às instituições católicas, deste modo, a cultura greco-
razão e fé? romana protegida entre os muros dos mosteiros até então, voltou a ser
GABARITO: divulgada e mais tarde, a partir do século XI no ambiente cultural destas
Resposta da questão 1: [C] escolas e com o surgimento das primeiras universidades surgiu a produção
O fragmento apresentado no enunciado deixa claro que, na perspectiva filosófico-teológica denominada escolástica (palavra derivada de escola).
filosófica de Agostinho de Hipona, o mestre é responsável por provocar ou A partir do século XIII, o aristotelismo penetrou de forma profunda no
incentivar as mentes a buscar dentro delas mesmas a verdade. Esta pensamento escolástico, marcando-o definitivamente isto porque as
verdade é resultado da conexão entre as pessoas e Deus. Assim, cabe ao obras de Aristóteles, desconhecidas até então, foram traduzidas
mestre estimular a busca da verdade e não a demonstrar ou a ensinar, já diretamente do grego para o latim.
que a verdade não vem do mestre sim da ligação entre as pessoas e Deus. Tomás de Aquino é a figura mais destacada do pensamento de sua época,
por isto sua filosofia parece que surgiu com o objetivo claro de não
Resposta da questão 2: [C] contrariar a fé de modo que sua finalidade era organizar um conjunto de
É incorreto afirmar que a Filosofia de Tomás de Aquino admitiu ou argumentos para demonstrar e defender as revelações da fé cristã
concluiu a superioridade da filosofia sobre a fé. Na verdade, o autor, ainda revivendo no pensamento aristotélico um instrumento a serviço da
hoje considerado uma referência teológica e canonizado como santo pela religião católica - o que imediatamente anula a questão B -, ao mesmo
Igreja Católixa, teve toda a sua obra marcada pela aproximação dessas tempo em que transformou nesta filosofia a busca de argumentos para
duas formas de conhecimento, consideradas por muitos como demonstrar e defender as revelações do cristianismo.
inconciliáveis. Umberto Eco tem razão, pois é Tomás de Aquino quem cristianiza
Aristóteles, assim, para sustentar a afirmação do mesmo o próprio Tomás
Resposta da questão 3: [D] de Aquino diz: “Se é correto que a verdade da fé cristã ultrapassa as
O trecho abordado demonstra que o processo de sistematização da capacidades da razão humana, nem por isso os princípios inatos
doutrina cristã elaborado por Agostinho de Hipona teve sua base teórica naturalmente à razão podem estar em contradição com esta verdade
na filosofia clássica grega, mais especificamente na filosofia platônica. sobrenatural”.
Assim, observa-se que o pensador reinterpreta a obra de Platão segundo
os valores cristãos, adaptando seu conteúdo à análise dos temas Resposta da questão 7: [C]
teológicos. A concepção de Deus para Platão era de um Deus do intelecto, para
Agostinho este conceito cai totalmente, para ele, Agostinho, Deus pode
Resposta da questão 4: [B] estar nos dois lugares ao mesmo tempo; tanto no intelecto, quanto criador
A filosofia medieval é movida por querelas intelectuais nas quais de um do mundo da natureza como ser criador de todas as coisas. Tal concepção
lado encontramos os teólogos e de outro os filósofos, ou de um lado os do homem provinha de Platão, para o qual o homem é definido como uma
defensores do conhecimento pela fé e de outro os defensores do alma que se serve de um corpo. Agostinho mantém esse conceito com
conhecimento pela razão, ou de um lado a revelação bíblica e de outro a todas as consequências lógicas que ele comporta. Assim, o verdadeiro
investigação dos filósofos gregos. A partir do século XII, com as traduções conhecimento não seria a apreensão de objetos exteriores ao sujeito,
feitas pela escola de Toledo das obras de Aristóteles, essas disputas se devido à sua variabilidade, e sim, a descoberta de regras imutáveis, como
acirraram. À primeira vista, o aristotelismo era incompatível com a o princípio ético segundo o qual é necessário fazer o bem e evitar o mal.
doutrina cristã. No aristotelismo, por exemplo, não havia nenhuma noção Tal conhecimento se refere às realidades não sensíveis cujo caráter
de deus criador, de providência divina, de alma imortal, de queda e fundamental seria a necessidade, pois são o que são e não podiam ser
redenção do homem – todas estas noções caras à doutrina cristã. Essa diferentes.
incompatibilidade levou à censura da obra de Aristóteles. Porém, a Agostinho supera o ceticismo mediante o iluminismo platônico.
capacidade intelectual de Tomás de Aquino aliada a sua inabalável fé cristã Inicialmente, ele conquista a certeza da própria existência espiritual, e
resolveram tais incompatibilidades com uma cristianização efetiva da deste conceito tira uma verdade particular, de que Deus enquanto
filosofia aristotélica. Um exemplo da capacidade de Tomás está na sua verdade onipotente, onisciente pode estar em dois lugares ao mesmo
apropriação da tese de Aristóteles sobre o Primeiro Motor (para haver um tempo. Embora desvalorize o conhecimento platônico da sensibilidade em
móvel é necessário que exista um imóvel, para que exista a passagem da relação ao conhecimento intelectual, admite Agostinho que os sentidos,
potência para o ato é necessário haver algo que seja ato puro), e como o intelecto são fonte de conhecimento. Para Agostinho, a fé e a
transformação desta em prova da existência do Deus cristão; essa é uma razão complementam-se na busca da felicidade e da graça. A graça, para
das cinco provas da existência de Deus aceitas por Santo Tomás. ele, não é alcançada por procedimento intelectual, mas por ato de intuição
Porém, a questão do vestibular possui um problema grave, pois a e fé. Mas a razão se relaciona com a fé no sentido de provar a sua correção.
alternativa: “por meios metafísicos, resultantes de investigação Ou seja, a fé é precedida por certo trabalho da razão e, após obtê-la, a
intelectual”, é correta segundo esta afirmação do texto citado: “existem razão a sedimenta. A razão relaciona-se, portanto, duplamente com a fé.
verdades que podem ser atingidas pela razão: por exemplo, que Deus É necessário compreender para crer, e crer para compreender. Aqui se
existe”. percebe que, para Agostinho, a filosofia é apenas um instrumento
destinado a um fim que transcende seus próprios limites.
Resposta da questão 5: [D]
Santo Tomás de Aquino separa a fé e a razão, garantindo que cada uma
tenha o seu mérito. A fé é meritosa quando trata das questões
relacionadas com o divino; já a razão é meritosa quando trata das
questões relacionadas com a natureza. A fé não possui mérito para tratar
das questões que a razão é capaz de indicar provas suficientes, do mesmo
modo a razão não possui mérito para tratar daquilo que é questão de fé.
Porém, Tomás de Aquino também afirma que as verdades doutrinais –
aquelas que dependem da fé – são geralmente confirmadas pela razão, de

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