Avaliação Da Aprendizagem
Avaliação Da Aprendizagem
Avaliação Da Aprendizagem
Objetivos
Módulo 1 Módulo 2
Módulo 3 Módulo 4
meeting_room Introdução
Avaliação da aprendizagem é um campo importante da Pedagogia e se reflete em
toda a área da educação. Seu papel é inquestionável na construção do
conhecimento e na definição de políticas educacionais. As escolas devem adotar
obrigatoriamente sistemas avaliativos da aprendizagem. Além disso, o Estado
tem cada vez mais organizado sistemas de avaliações com o objetivo de
acompanhar o desempenho dos estudantes.
Você passará agora a refletir sobre a avaliação da aprendizagem para que, como
futuro docente, seja capaz de compreender sua importância para uma educação
efetivamente comprometida com a qualidade. Por isso, além de conceitos e
caminhos, sinalizaremos como a avaliação é fundamental na estratégia e no
planejamento escolar, partindo de um evento crítico como a pandemia da Covid-
19.
1 - Definição de avaliação da aprendizagem
Ao final deste módulo, você será capaz de definir o conceito de avaliação da aprendizagem.
Primeiros passos
A avaliação da aprendizagem é essencial à atividade educativa, assim como formal e
intencional. Mas por que a avaliação é essencial? Porque todo trabalho educativo é
planejado. Nenhum professor consegue entrar em uma sala de aula sem ter
preparado, planejado, organizado o conteúdo ou a aula a ser desenvolvida. E, após
essa preparação, organização e planejamento, como saber se deu tudo certo? Como
saber se os estudantes entenderam um conceito, desenvolveram uma habilidade?
Avaliando. Somente fazendo uma avaliação.
E quando falamos em avaliação na escola, o que vem à sua memória? Provavelmente,
você pensou em uma prova escrita, com estudantes enfileirados, cada um em sua
carteira, certo? Para muitos, essa memória vem entrelaçada com sentimentos ruins,
como a sensação de frio na barriga, o branco, o “x” vermelho ao lado de uma resposta
incorreta, o medo de mostrar o boletim para a família.
O ato de avaliar está presente a todo momento em nossas vidas. Então, será que, em
uma sala de aula, os estudantes são avaliados apenas como provas e testes?
Somente os docentes avaliam os estudantes ou será que o contrário também
acontece? Ainda, se estamos em prontidão a todo momento para realizar uma
avaliação quase instantânea do que nos cerca, isso pode ser fruto de uma reflexão ou
conhecimento aprofundado? Bom, como realizar essas avaliações aligeiradas é
inerente ao ser humano, é inevitável que um docente emita, constantemente, juízos
sobre seus estudantes e suas turmas.
Dica
Embora a avaliação espontânea seja inevitável, é importante que seja provisória e não se configure em uma
atitude que estratifique o outro, caso contrário, origina estereótipos e preconceitos. Pairam no imaginário
social diversos modelos que nos ajudam a compreender nossa realidade e que, por vezes, orientam nossos
juízos. No ambiente escolar, para além dos modelos gerais, são acrescentados a um imaginário como deve
ser um aluno, seu ritmo de aprendizagem, entre outros ideais.
Você notou algum professor que agiu assim? Os estudantes tidos como “normais” são
mais parecidos com ele?
Julgamos o outro a partir do que somos, com nossos valores e crenças. Quando a
avaliação espontânea realizada pelo docente rotula um estudante (ou até uma turma),
isso influencia a relação entre ambos e suas atitudes, reforçando rótulos que, se
cristalizados, impedirão o professor de perceber alguma mudança no aluno.
Exemplo
Uma turma rotulada no início do ano como bagunceira provavelmente investirá em comportamentos que
corroborem o rótulo recebido. Por sua vez, o docente à frente dessa classe terá dificuldade de notar
comportamentos desviantes do rótulo.
Conhecimentos metodológicos e
epistemológicos
Conhecimentos de como fazer (metodologia) e dinâmica do
pensamento do próprio campo (epistemologia) para que o ato
avaliativo na sua sala de aula seja ético, inclusivo e justo, estando
vinculado a um projeto educativo, e não aos julgamentos particulares
e subjetivos.
Embora todo professor seja humano e com isso traga seus valores, sua moralidade e
seus juízos, é fundamental que a avaliação seja o mais objetiva possível e isenta de
rótulos e estigmas. Parece óbvio, mas é sempre bom reafirmar que o professor
avaliará o processo de aprendizagem e, claro, o processo de ensino. Ou seja, a
avaliação ao mesmo tempo que direciona para a atividade do aluno, também deve ser
direcionada para a atividade do professor.
Com certeza você já ouviu falar daqueles professores em cujas disciplinas nenhum
aluno é aprovado ou apenas a minoria é aprovada. Vamos pensar um pouco: o
professor passou um semestre ou um ano trabalhando com a turma e nenhum
estudante foi capaz de aprender o suficiente? Será que o problema está nos 30/40
estudantes ou no trabalho realizado? Ou na forma com que a avaliação foi feita?
Atualizações do conceito de
avaliação da aprendizagem
Mas não avaliação como sinônimo de prova ou teste, mas como possibilidade de
acompanhar, observar o percurso formativo do estudante. Se não sabemos o caminho
que os estudantes estão percorrendo, como poderemos saber se eles estão indo em
direção ao caminho correto?
i é l d b d
ninguém e que o aluno deve ser cobrado
mesmo, porque Matemática é para
poucos.
— Envergonhado?
Esse diálogo nos mostra a relação cotidiano X reflexão necessária. A visão desse
conceito deve acompanhá-lo daqui por diante. Avaliar é um instrumento poderoso e
sua função deve ser construir e fomentar estratégias para alcançar seus objetivos.
História da avaliação
A concepção de avaliação inicialmente era ligada à ideia de medir por meio de testes,
muito populares nos anos 1940. No entanto, com a compreensão de que nem tudo o
que é aprendido/ensinado na escola é passível de medição, a partir dos anos 1960, o
termo avaliação passou a assumir novas dimensões (HAYDT, 2004). Ressaltamos a
seguir alguns conceitos que comumente surgem quando tratamos desse tema, mas
que estão bem longe de serem sinônimos.
Testar
Testar significa verificar o desempenho de algo ou alguém por meio de uma situação previamente
organizada, denominada teste. Os testes são usados na educação para obtenção de mapeamentos
em larga escala, no entanto, não são eficientes para averiguar todos os objetivos pretendidos com o
ato de ensino.
Por exemplo, um currículo de Ciências pode pretender que o estudante construa um comportamento
investigativo e crítico perante uma realidade. Talvez o modo mais eficaz de avaliar se esse objetivo foi
alcançado seja a observação, e não um teste.
Medir
Medir tem por base um sistema de unidades convencionais, refere-se ao aspecto quantitativo de um
fenômeno que se pretende descrever. O teste é um instrumento para isso, mas não o único. Também
há a limitação de que nem tudo na esfera educacional pode ser quantificado. Medir é muito recorrente
na parte técnica.
Você é capaz de atingir um resultado, como por exemplo: 100%, 75% ou 120%. Ao medir, é possível
chegar a um resultado, seja da aceleração do trem ou de quantos potes é possível guardar de forma
organizada. Eficiente em certo sentido, mas crítico em outros.
Avaliar
Avaliar significa coletar dados não só quantitativos, mas também qualitativos, e interpretá-los,
fazendo um julgamento sobre o resultado obtido a partir de critérios previamente definidos (um
padrão). Sendo assim, quando utilizamos o termo avaliar, estamos tratando de algo mais abrangente
do que testar ou medir se um sujeito possui ou não certo conteúdo curricular. Há também uma
preocupação qualitativa com relação à aquisição de determinado conteúdo, ou seja, se ela origina
determinada habilidade, atitude etc. Sendo assim, é importante para o processo de avaliação tanto
dados quantitativos como qualitativos. Por exemplo, você fez um intenso debate sobre política em
sua turma. Qual seria sua métrica avaliativa? Poderiam ser a capacidade de falar sobre o assunto e a
competência escritora, ou ainda a cognição e a possibilidade de identificar conceitos diversos e
associá-los. Isso tudo é construído no processo avaliativo.
De acordo Allal (2011), avaliar é um processo que engloba as seguintes atividades:
Passo 1
Definição do objeto de avaliação.
Passo 2
Coleta de informações relativas
às condutas dos educandos em
relação ao objeto escolhido.
Passo 3
Interpretação das informações
recolhidas.
Passo 4
Tomada de decisões e
comunicação das apreciações
ao outro.
D
Improvisar um teste surpresa para uma turma.
Questão 2
A alternativa E está correta, pois a avaliação deve ser integral, contemplando o aluno
como um todo, inclusive os aspectos da relação ensino-aprendizagem, pensada com
os aspectos cognitivos relacionados aos objetos de aprendizagem e aos objetivos
propostos. Além disso, é fundamental que a avaliação seja contínua e preocupada
em fornecer formas de melhorar para todos.
2 - Usos e tipos de avaliações
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar as funções e modalidades de
avaliações da aprendizagem.
Como avaliar?
Contextualizando
Imagine uma sala de aula antiga, em que
um aluno esteja de pé, respondendo a
uma pergunta da professora. Logo atrás,
um colega lhe “sopra” as respostas.
Pense agora que esse aluno tenha medo
de ser descoberto e, por isso, esteja
apreensivo.
Avaliação é muito mais e envolve diferentes e complexas variáveis. Mas afinal, o que é
avaliar? De acordo com Luckesi:
O ato de avaliar importa coleta, análise e síntese dos dados que
configuram o objeto da avaliação, acrescido de uma atribuição de
valor ou qualidade, que se processa a partir da comparação da
configuração do objeto avaliado com um determinado padrão de
qualidade previamente estabelecido para aquele tipo de objeto. O
valor ou qualidade atribuídos ao objeto conduzem a uma tomada
de posição a seu favor ou contra ele. E, o posicionamento a favor
ou contra o objeto, ato ou curso de ação, a partir do valor ou
qualidade atribuídos, conduz a uma decisão nova, a uma ação
nova: manter o objeto como está ou atuar sobre ele.
Os estudos sobre avaliação de modo geral tendem a distinguir três funções para a
avaliação: diagnosticar, controlar/acompanhar e classificar. Todas essas funções
visam à regulação do processo de formação e originam três modalidades de
avaliação. Aprofunde a seguir.
Tipos e práticas avaliativas
Tipos de avaliação
São modalidades de avaliação:
Avaliação diagnóstica
A avaliação diagnóstica tem como objetivo realizar um levantamento dos
conhecimentos prévios dos estudantes, buscando investigar se eles possuem ou não
os pré-requisitos necessários para uma nova aprendizagem, antes de iniciar o
processo de ensino. Também visa saber qual será o ponto de partida do docente para
tal aprendizagem, ou seja, permite conhecer a realidade na qual o processo de ensino-
aprendizagem será realizado. Sendo assim, essa modalidade de avaliação é realizada
no início de um período letivo ou de uma unidade de ensino.
Suponha que você assuma a Você precisaria realizar uma Essa avaliação não precisa ser
regência de uma turma de 6º ano. avaliação diagnóstica para ter um realizada somente no início do
Como não a acompanhou nos panorama do que eles já sabem ano letivo, sendo também
anos anteriores, será difícil saber ou precisam retomar e então recomendável ao iniciar um novo
o que os estudantes já organizar os conteúdos bloco de conteúdo.
vivenciaram e aprenderam para abordados ao longo do período.
embasar a construção do seu
plano de curso.
Avaliação formativa
A avaliação formativa é parte integrante do processo de ensino-aprendizagem, pois
visa controlar o seu processo, ou seja, acompanhar se os alunos estão alcançando os
objetivos previstos e se as aulas ministradas são eficientes. Este tipo de avaliação é
realizado ao longo de todo período letivo, uma vez que suas informações são
importantes para o prosseguimento ou não de etapas.
Resumindo
Avalia o processo gradual pelo qual os estudantes estão alcançando os objetivos ou não.
Por meio da avaliação formativa, o estudante também recebe informações sobre seu
desempenho e a partir do conhecimento de seus resultados pode reorientar seus
estudos. A avaliação formativa oferece feedback para ambas as partes (docente e
discente), evidenciando se o trabalho didático está sendo eficaz e orientando o
processo de ensino-aprendizagem. Quando bem realizada, contribui para o
aperfeiçoamento do processo de ensino-aprendizagem, garantindo que todos os
estudantes alcancem os objetivos traçados.
description Colocando-se de forma deliberada a serviço do fim que lhe dá sentido: tornar-se um
elemento, um momento determinante da ação educativa.
description Propondo-se a contribuir para a evolução do aluno, como também a dizer o que,
atualmente, ele é.
Série 1
O que a define é menos da ordem dos fatos, objetivamente observáveis, que das intenções, que por
sua vez não podem ser apreendidas na exterioridade das práticas. “É em sua destinação, no sentido
do projeto no âmbito do qual ela se inscreve que se “lê” a “formatividade” da avaliação (HADJI, 2000,
p. 21).
Série 2
Partindo de tal fato, cabe ressaltar que o modelo ideal não é diretamente operatório. “Ela é uma
possibilidade oferecida aos professores que compreenderam que podiam colocar as constatações
pelas quais se traduz uma atividade de avaliação dos alunos, qualquer que seja sua forma, a serviço
de uma relação de ajuda. É a vontade de ajudar que, em última análise, instala a atividade avaliativa
em um registro formativo” (HADJI, 2000, p. 22).
Durante a aula, em vez de pedir aos alunos para lerem e reproduzirem o texto, prefere fazer uma
introdução sobre o valor da terra e, em seguida, pede que os grupos se organizem para jogar um
jogo de tabuleiro chamado WAR.
O grupo vencedor deve explicar a razão e a forma da conquista de certos territórios considerados
mais importantes.
A avaliação feita por esses alunos tem um fim em si e gera um resultado que leva à próxima
atividade, propiciando, assim, que o ciclo seja constantemente estabelecido, até que todos os
alunos atinjam as competências buscadas.
Assim, a cada aula, há uma nova atividade que permite, ao final do conjunto daquela
unidade temática, a consolidação de uma nota. O resultado da avaliação de uma aula
incide no planejamento da aula seguinte, gerando nova avaliação e novo resultado.
Avaliação somativa
A avaliação somativa é realizada no final de um período letivo ou unidade de ensino e
tem como função a classificação dos estudantes em níveis de aproveitamento
preestabelecidos. Em geral, esse tipo de avaliação serve para identificar se o
estudante está apto ou não para ser promovido de série (em sistemas seriados).
Costuma ser realizada no final dos períodos letivos ou de uma unidade de ensino,
ocasionando em uma nota ou um conceito para fins de promoção. Sendo assim, a
avaliação somativa tem uma função “mais administrativa do que pedagógica” (HAYDT,
2004, p. 25).
Exemplo
Marcelo, professor de Matemática, resolve fazer uma competição entre seus alunos. Ele coloca uma meta
mínima para aprovação, e todos os estudantes farão atividades matemáticas para ver o quanto evoluíram ou
não. Em uma aula, as atividades são contas de somar e a resolução de alguns problemas, cada etapa de
exercícios vale uma pontuação. Ao final da atividade, para dar notas a cada aluno, Marcelo faz uma média de
todos os acertos, considerando que cada etapa avançada tem mais peso do que a anterior. Poderíamos dar
um exemplo mais direto, mas escolhemos esse para que você entenda que esse tipo de avaliação
fragmentada tem seu fim em atingir um modelo métrico.
Escolher é preciso
Estratégia pedagógica
A própria estratégia pedagógica de retenção nas séries vem sendo questionada e
alternativas insurgem nos sistemas de ensino, como, por exemplo, a organização do
currículo por meio de ciclos, a promoção automática e a progressão continuada.
Planejando a aprendizagem
O marcador de gasolina de um
carro apresenta um erro e o
d d j h êl fi d
dono deseja conhecê-lo a fim de
compensá-lo nas próximas
leituras do marcador.
3
Qual o erro percentual que o
marcador apresenta? Para mais
ou para menos?
Tradição:
close
Aluno resolveu e acertou Aluno não resolveu e
a questão errou a questão
Concluímos que ele aprendeu Deverá repetir a série.
a matéria.
Não queremos resolver o exercício citado, mas sim provocar o aluno a pensar. Não
devemos planejar uma separação entre os capazes e os abandonados por serem
fracos, refletir a tensão entre o planejamento X avaliação. O professor deve saber que
o planejamento não é uma linha reta e precisa de constante adaptação para ser
atingido, e a avaliação é um instrumento que o auxilia a construir uma percepção
complexa das habilidades dos alunos.
Embora não sejam a mesma coisa, o planejamento e a avaliação têm o mesmo fim e,
quando bem feitos, são ricos em percepções de variáveis, não reduzindo cada aluno a
um grau ou número. Fazer um planejamento é lidar com um grande problema
algébrico. Portanto, vamos pensar em quais passos são necessários para o
solucionarmos.
Passo 1
Antes de mais nada, precisamos entendê-lo, e essa compreensão vai além de palavras ou símbolos,
englobando também saber os passos para a busca da sua solução, superando dificuldades e
obstáculos apresentados.
Passo 2
Após a compreensão do problema, precisamos partir para a elaboração de um plano que permita a
sua resolução, ou seja, quais os procedimentos que deverão ser utilizados para se alcançar a meta.
Passo 3
Na etapa seguinte, é interessante identificar quais são os conteúdos e conceitos envolvidos no seu
problema para ajudar a elaboração do plano.
Passo 4
Passo 5
E finalmente, chega-se à última fase, a revisão. Nesse momento, teremos a chance de corrigir
eventuais erros no processo e garantir a validade da resposta.
Compreender o problema
Quais são os dados? Existe alguma condição ou restrição? Se existir uma condição, ela é suficiente
para determinar solução? É contraditória?
Conceber um plano
Resumindo
O que se espera como solução para um problema pode não ser útil para outro, uma vez que pode existir uma
nova variável e, com isso, a solução não servir mais. Desse modo, o processo de solução necessita ser feito
a partir de novas escolhas.
Por exemplo, um curso de Correntes Políticas – extracurricular – por ser dessa forma,
ele pode ser meramente expositivo? Não.
filter_1 A escola percebeu que as questões políticas vinham se tornando um embate constante
e difícil, com muito grito e pouco entendimento. Então, entendeu que precisava criar um
i d l d i ã é i l di ibili ã d
mecanismo de aplacamento e optou como decisão estratégica pela disponibilização de
informações com mais qualidade.
filter_2 Ela tinha um quadro prévio, organizou o projeto e iniciou. Como resultado, os embates
foram ampliados, assim como o diálogo melhorou. Essa percepção gerou a ideia de
fazer uma ação de debate ao fim de cada aula, para que o processo não tivesse novo
fim, descontrolado.
Repare:
Isso precisa ser direcionado para essa energia virar algo positivo, ação, continuidade
do curso com um momento público de debate. E daí, certamente, novos caminhos, e
sempre deve haver novos caminhos.
Vamos conhecer algumas atividades que podem ser consideradas nessas etapas
quando nos deparamos com o planejamento estratégico:
“No ano letivo de 2015, a professora supervisora nos informou quais os conteúdos
que seriam ensinados ao decorrer do ano: Função, Função Afim, Função Quadrática,
Função Exponencial e Função Logarítmica [...] Antes de iniciarmos essas atividades
[...], aplicamos um questionário com o intuito de verificar dificuldades relatadas
pelos alunos, além de identificar conhecimentos prévios dos mesmos.” (SANTOS, I.
B. Metodologia do ensino de Matemática. São Cristóvão: CESAD, 2009.)
O trecho acima relata o uso de uma certa modalidade de avaliação desenvolvida por
bolsistas do PIBID de Matemática em uma turma do 1º ano de ensino médio. Que
modalidade de avaliação é essa?
A Diagnóstica
B Formativa
C Descritiva
D Somativa
E Discursiva
A alternativa A é a correta. Foi realizada uma avaliação diagnóstica para que, por
meio do levantamento dos conhecimentos prévios da turma e possíveis dificuldades,
os bolsistas pudessem estipular o ponto de partida das futuras ações e iniciar o
bloco de conteúdo.
Questão 2
A Diagnóstica
B Formativa
C Descritiva
D Somativa
E Estratégica
Organizar os instrumentos de
video_library avaliação
Neste vídeo, a professora Claudia Costin fala sobre os instrumentos de avaliação, a
importância da sua aplicação e organização.
Ora, se o professor que prepara a prova oferece o mesmo nível de dificuldade para
todos os seus alunos, esse não seria um modelo justo de avaliação?
Um livro infantil famoso é o The Animal
School (1940) de George Reavis.
A sensação de justiça que a prova evoca pode ser ilusória, pois uma prova pode:
A elaboração de uma prova exige cuidados que vão desde o processo de elaboração
das questões, perpassando pela organização, disposição das questões, aplicação, até
a correção. A seguir, destacamos algumas preocupações necessárias que visam à
garantia de elaboração de uma prova “bem feita” de acordo com Rampazzo (2011):
A contextualização das questões por meio de textos que não sejam meramente
ilustrativos, mas que contribuam para a resposta do estudante.
A definição de parâmetros para a correção.
A elaboração de questões que não exijam do estudante a mera transcrição de
informações ou conceitos.
Instruções claras e objetivas. É sempre importante estar atento ao nível de
complexidade das instruções e se questionar: será que o estudante conseguirá
entender o comando?
Nível de dificuldade adequado ao que foi trabalhado em sala, respeitando o
contrato didático.
Constitui um texto orgânico.
Ordenação e numeração das questões devem estar bem dispostas na página.
Informar o valor de cada questão etc.
Você já deve saber que uma prova pode ser apresentada de forma objetiva ou
discursiva. Conhecer a natureza de cada uma delas contribui para que o professor
escolha qual se adequa mais aos seus objetivos, metodologia de ensino, o conteúdo a
ser avaliado, a qual habilidade do aluno pretende-se avaliar, dentre outros. Uma prova,
também, pode mesclar questões discursivas e objetivas.
Esse modelo de prova precisa conter questões com diferentes níveis de dificuldade.
Os tipos de questão objetiva são divididos em duas categorias, onde na primeira é
exigido que o estudante escreva uma resposta e a segunda onde o estudante deve
apenas escolher uma das alternativas apresentadas. Enquadram-se no primeiro grupo
questões de resposta curta ou com lacunas e, no segundo grupo, questões de certo e
errado, correlação (ou acasalamento, ou combinação) e múltipla escolha. A seleção
do tipo de questão deve atender ao que se deseja avaliar. A seguir, são elucidados e
exemplificados cada tipo dessas questões:
Essas questões costumam ser fáceis de elaborar e corrigir, mas é necessário que se
tenha alguns cuidados na sua elaboração para que sejam diretas, não abrindo espaço
para mais de uma resposta correta, e que seja breve e precisa. Uma das vantagens
desse tipo de questão é que ela diminui a possibilidade do acerto casual (que
chamamos coloquialmente de “chute”).
Questão de lacuna
Contém uma ou mais frases em que são omitidas palavras ou partes, que são
substituídas por espaços em branco a serem preenchidos pelo estudante por palavras
ou números. Essas lacunas podem estar em qualquer lugar da afirmação.
Exemplo
O corpo humano é composto de cinco sentidos: _____, ______, ______, ______ e _____.
Complete a frase, escrevendo na linha pontilhada o verbo “substituir” no tempo indicado: Os jogadores
reservas ...................... os titulares. (Futuro do presente do indicativo)
Algumas dicas para elaboração adequada desse tipo de questão são: formular
questões que só admitam uma reposta, não omitir dados irrelevantes, mas também
não omitir palavras que impossibilitem a compreensão da frase.
Questão de certo/errado
Apresenta uma frase declarativa e o estudante deve escolher entre os pares, como:
Verdadeiro/falso
Certo/errado
Sim/não
Correto/incorreto
Para a formulação desse tipo de questão, é importante que não sejam apresentadas
declarações ambíguas. Um aspecto que deve ser levado em consideração quando
escolhemos esse modelo é que ele abre um espaço muito grande para o acerto
casual, já que, como são apenas duas opções, mesmo que “chute”, o estudante tem
50% de chance de acertar, o que pode distorcer o seu resultado.
Questão de correlação
Apresenta duas colunas, as quais o estudante deve relacionar, tem como objetivo
avaliar a habilidade de relacionar ideias ou fatos, classificar etc. Veja o exemplo na
questão a seguir:
1. Oxítona ( ) Português
2. Paroxítona ( ) Proibido
3. Proparoxítona ( ) Ângulo
( ) Matemática
Exemplo
(Questão de prova Professor - 1º ao 5º Ano/ Pref. São João da Barra/RJ/ 2015/ BIORIO:
Avaliação discursiva
A prova discursiva (ou questões discursivas) é a mais adequada para avaliar
resultados mais complexos do processo de ensino-aprendizagem, como a capacidade
de argumentar, sintetizar, analisar, narrar, aplicar um conteúdo em novas situações,
comparar, relacionar etc. Em questões discursivas, possibilitamos que o estudante se
expresse, com descrições mais livres, suas ideias, por meio de sua própria linguagem.
Embora mais livre, não se deve perder de vista a objetividade, ou seja, o objeto da
aprendizagem que se deseja avaliar.
Exemplo
(Questão de prova Professor - São João da Barra/RJ – 2015 – BIORIO)
cancel Evitar questões que possibilitem respostas rasas (como um mero “sim” ou “não”).
check_circle Ter clareza do que se pretende com cada questão, o que facilita tanto sua preparação
quanto correção.
cancel Evitar comandos como “dê sua opinião”, “o que você acha”, “comente sobre” ou “diga
tudo que aprendeu”. Expressões genéricas abrem espaço para repostas que costumam
“viralizar” na internet.
Quanto à correção de provas/questões discursivas, não é porque são mais livres que
não exigem critérios de correção e valores para cada questão. Sendo assim, é
aconselhável que se tenha uma resposta modelo, que se elenque elementos
essenciais que devem ser contemplados. Os resultados não devem atribuir apenas
valor para cada resposta (nota ou certo/errado), mas também ser acompanhados de
comentários que elucidem ao aluno o que se esperava que fosse contemplado na sua
resposta.
Verner Sims (apud HAYDT, 2004, p. 115) classificou os itens de resposta livre, obtidas
em questões discursivas em três categorias:
Categoria 1
Exige respostas mais simples que pedem apenas a recordação de acontecimentos, nomes, datas e
locais; advém de perguntas curtas. Contempla as questões que usam expressões como: o que, quem,
quando, qual, onde.
Categoria 2
Exige respostas mais elaboradas, mas não tão extensas, de uma ou mais frases. Contempla as
perguntas que usam expressões como: relacione, enumere, defina.
Categoria 3
Exige respostas complexas, dissertativas propriamente ditas e podem ter extensão variável.
Contempla as preguntas que usam expressões como: descreva, explique, resuma, compare, analise,
interprete, compare.
Objetivos e avaliação
Fazendo escolhas
Ao avaliar o professor precisa ter em
mente que ele faz escolhas.
Comparando objetivos
Veja estes aspectos sistematizados:
Instrumento
Prova objetiva
Adequada para avaliar comportamentos mais simples, sua qualidade depende de quem elabora os
itens.
Prova discursiva
Adequada para avaliar comportamentos mais complexos, sua qualidade depende de quem a
corrige.
Aluno
Prova objetiva
O aluno reconhece e assinala a resposta por meio da interpretação das ideias do outro (professor).
É possível que acerte a resposta mesmo sem sabê-la, o que chamamos coloquialmente de “chute”.
Prova discursiva
É o aluno que elabora as respostas, expressando por meio da escrita suas ideias e singularidades.
Demanda mais tempo de realização. É possível que ele não seja claro em suas respostas e/ou
desvie do foco da pergunta. A habilidade de leitura e escrita influencia na qualidade da resposta.
Elaboração
Prova objetiva
Sua elaboração costuma ser mais “difícil”, visto que contempla um maior número de questões, que
precisam ser mais específicas e breves.
Prova discursiva
Sua elaboração costuma ser mais “fácil”, visto que contempla menos questões, as quais são mais
gerais e admitem respostas amplas.
Aplicação
Prova objetiva
Exige a distribuição de uma cópia para cada aluno. A possibilidade de comunicação entre os alunos
se torna mais fácil, facilita a possibilidade de “cola”.
Prova discursiva
Possibilita que as questões sejam passadas no quadro negro, dificulta a comunicação entre os
alunos e apresenta menor possibilidade de “cola”.
Correção
Prova objetiva
Sua correção é mais fácil e demanda menos tempo, possibilitando o retorno dos resultados mais
rapidamente. A atribuição de notas advém da própria prova (gabarito).
Prova discursiva
Sua correção é mais difícil e demanda mais tempo, retardando a possibilidade de um retorno de
resultados rápido. A atribuição de notas é controlada pelo professor.
Observação
A observação é um instrumento de
avaliação muito utilizado na educação
infantil e nos anos iniciais do ensino
fundamental, mas que traz contribuições
em todas as etapas da educação.
Envolve a percepção e a atenção,
enquadra-se em uma concepção de
avaliação formativa e proporciona um
acompanhamento mais contínuo do
processo de ensino-aprendizagem.
filter_2 Anedotário
Recurso (caderno, diário de bordo) onde o docente descreve fatos relevantes do
processo de ensino-aprendizagem (ocorrências) que sirvam para a tomada de decisões
futuras ou reflexões. Cabe destacar que o foco desses registros é a aprendizagem e não
o comportamento.
filter_3 Checklist
Lista com os objetivos ou comportamentos esperados para determinada atividade, em
que o professor pode assinalar etapas conforme a atividade vá sendo desempenhada
pelos estudantes, pelo grupo ou pela turma. Embora demande maior tempo para sua
elaboração, possibilita um registro rápido no momento da atividade.
Autoavaliação
Nesse instrumento, o próprio estudante se avalia por meio de um roteiro que pode ser
elaborado pelo docente ou em conjunto pelo grupo. Esse método contribui para o
desenvolvimento da autocrítica e, quando bem orientado, abre espaço para que o
estudante seja corresponsável pelo seu processo de avaliação e, portanto,
aprendizagem. É importante que a autoavaliação não seja realizada só no final do ano
para o grupo que se aproprie desse instrumento e que seja mediada pelo docente, que
deve discutir os resultados autoatribuídos e critérios de avaliação com o estudante ou
a turma.
Veja um exemplo de autoavaliação:
Conselho de classe
São reuniões periódicas entre docentes e outros atores envolvidos no processo de
ensino-aprendizagem da mesma série, o que oportuniza diferentes pontos de vista,
com o objetivo de avaliar tanto a turma e/ou estudantes individualmente quanto o
trabalho pedagógico realizado.
A V-V-F-F
B V-F-V-F
C V-F-F-F
D F-V-V-F
E F-F-F-V
Questão 2
B Avaliação formativa.
C Conselho de pais e mestres.
D Conselho de classe.
E Avaliação somativa.
A avaliação da aprendizagem e a
video_library pandemia
Neste vídeo, uma análise sobre a avaliação da aprendizagem no período da pandemia
de Covid-19.
O ensino remoto
No final de 2019, observávamos, com certa distância, o surgimento de um vírus
desconhecido, na China. O vírus altamente transmissível e ainda desconhecido
causava insegurança e aos poucos foi se espalhando.
Comentário
A resposta dos sistemas e redes de ensino foi bastante variada, com algumas redes demorando um pouco
mais a substituir as atividades pedagógicas presenciais por atividades não presenciais. Também os recursos
e tecnologias utilizados variaram, indo do uso de plataformas de videoconferência, passando pelo uso de
televisão e rádio até chegar ao envio de material impresso.
No ensino remoto emergencial, o que houve foi uma adaptação do processo de ensino
que ocorria em sala de aula para as telas dos computadores e celulares. De acordo
com Behar (2020) e Saldanha (2020, p. 131), os seguintes elementos diferenciam a
EaD do Ensino Remoto:
filter_3 Modelo pedagógico voltado para alunos, professores, tutores e gestores, com
arquitetura pedagógica (AP) e estratégias pedagógicas (EP) que possibilitam a
construção do conhecimento em ambiente virtual.
filter_4 Competências discentes específicas para o ambiente virtual e aprendizagem a
distância.
Muitas instituições não tinham ambiente virtual e tiveram que, em curto espaço de
tempo, adquirir esses ambientes, capacitar professores e ensinar os estudantes e
familiares a navegar nesses espaços. Aos poucos os improvisos foram cedendo
espaços às ações mais organizadas, planejadas pelas instituições de ensino.
Mas e o acesso?
Atenção!
Sabemos que avaliação não é sinônimo de prova, assim como educação ou aprendizagem não é sinônimo
de aula.
Diante dessa situação, é claro que o processo de avaliação foi bastante desafiador e
complexo. Ramos, Sarmento e Menegat (2021) apresentam as principais dificuldades
em relação à avaliação durante o período de ensino remoto emergencial, são elas:
settings A busca de diferentes formas para realizar a avaliação.
settings A dependência e/ou apoio das famílias, no caso das crianças pequenas.
settings A dificuldade em interagir mais com os alunos; .
Atenção!
Assim, a pós-pandemia nos apresenta o desafio de desenvolver processos avaliativos formativos, contínuos
e on-line ou híbridos.
É certo que a educação não será como antes. Existem debates importantes se de
alguma forma a situação traumática não teria sido propulsora de avanços que
existiam em ambientes reduzidos ou experimentais. A lógica é que tal qual como uma
guerra é desastrosa para vidas humanas, ela acaba por promover avanços em
técnicas de cura e comunicação – exemplo da Segunda Guerra Mundial – a educação
e a sua inserção e trocas com o mundo digital era uma questão necessária e
desafiadora, e passou a ser uma solução criativa, ao mesmo tempo que sofrida.
Tudo o que aprendemos sobre formas de avaliação mais eficientes, que não visem a
uma mera classificação, mas que forneçam subsídios para as dinâmicas de ensino-
aprendizagem, lidar com os alunos como aprendentes, de fato, como ativos e vivos
nas escolhas pedagógicas, deixaram de ser uma necessidade a ser discutida para ser
uma emergência em prol da educação.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Questão 2
Estão Corretas:
A Apenas a II.
B Apenas a III.
C Apenas I e III.
D Apenas I e II.
E Apenas II e III.
Considerações finais
Não podemos conceber a avaliação como uma prática separada da metodologia
docente e dos objetivos de ensino, devendo haver coerência entre eles. A produção de
um estudante, mesmo com seus “erros”, é um valioso documento que necessita ser
interpretado para poder ser avaliado.
O baixo rendimento de um aluno não deve ter como primeira solução a sua
reprovação, e sim considerar soluções para que ele aprenda o conteúdo efetivamente,
por meio de estratégias didáticas e um acompanhamento mais individualizado, por
exemplo. Também é relevante que o estudante seja corresponsável nos seus
processos de avaliação.
Por fim, a avaliação não deve ser considerada como um meio de coerção e punição,
mas sim um recurso para melhoria da qualidade de ensino e do exercício da avaliação
como uma prática emancipatória. Se isso já era uma demanda urgente, o cenário de
pandemia expôs as dificuldades e nos força a repensar caminhos a serem
desenvolvidos.
headset Podcast
Ouça agora, neste podcast, os principais assuntos abordados no tema.
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Para saber mais sobre a avaliação da aprendizagem, leia:
Educar sem reprovar: desafio de uma escola para todos, de Marcia Aparecida
Jacomini.
Trabalho docente: o desafio de reinventar a avaliação em tempos de pandemia,
de Jussara Bueno De Queiroz Paschoalino, Mara Lúcia Ramalho e Virgínia Coeli
Bueno De Queiroz.
Assista:
Merli, uma série espanhola da TV3 sobre um professor de filosofia que discute
sobre a importância do aprendizado.
Referências
ALLAL, L. Avaliação das aprendizagens. In: ZANTEN, A. V. (coord). Dicionário de
Educação. Petrópolis: Vozes, 2011. p.71-74.
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