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Reabilitação Unitária Anterior Imediata Pós Exodontia

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”


CÂMPUS DE ARAÇATUBA - FACULDADE DE ODONTOLOGIA
DEPARTAMENTO DE CIRURGIA E CLÍNICA INTEGRADA

LUÍS OTÁVIO ROCHA MARUNO

REABILITAÇÃO UNITÁRIA ANTERIOR IMEDIATA PÓS-


EXODONTIA: RELATO DE CASO CLÍNICO

Araçatuba-SP
2015
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
CÂMPUS DE ARAÇATUBA - FACULDADE DE ODONTOLOGIA
DEPARTAMENTO DE CIRURGIA E CLÍNICA INTEGRADA

LUÍS OTÁVIO ROCHA MARUNO

REABILITAÇÃO UNITÁRIA ANTERIOR IMEDIATA PÓS-EXODONTIA:


RELATO DE CASO CLÍNICO

Trabalho de Conclusão de Curso como parte dos


requisitos para a obtenção do título de Bacharel
em Odontologia da Faculdade de Odontologia
de Araçatuba, Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”.

Orientador: Prof. Ass. Dr. Fellippo Ramos Verri

Co-Orientador: Karina Helga Túrcio de


Carvalho

Araçatuba-SP
2015
AGRADECIMENTOS

Mais de duas décadas se passaram até esse momento. Desde minha infância
até estes últimos passos para minha vida adulta, muitos são aqueles que passaram
e marcaram importantemente a minha trajetória.

Olhando atrás, inúmeros são os nomes que poderiam ser citados, e muito
injusto da minha parte seria, negligenciar qualquer um deles. Pessoas especiais na
minha família: meus pais – que dispensa agradecimentos – me empurraram nos
primeiros passos e em minhas primeiras palavras, me ofereceram a capacidade de
tentar conquistar meus méritos. Estes méritos que sempre pude dividir com
felicidade e festividade com todos os grandes amigos que conquistei nesse processo
ao Prof. Ass. Dr. Fellippo Ramos Verri, que me acompanhou nessa última missão do
curso, e ao Centro de Educação Construindo, escola que formou desde sempre a
pessoa que hoje sou.

Dizem que a vida começa mesmo depois da faculdade, e se tal premissa for
verdadeira, que venha essa responsabilidade, pois professores, amigos e família
fizeram e farão de qualquer trajetória, mais fácil de ser percorrida. Por isso, a todos
estes, que me trouxeram até esse momento,

Meus mais sinceros agradecimentos.


“O orgulhoso prefere perder-se a perguntar qual é o seu caminho.’’

‘Winston Churchill’
Sumário

Resumo ........................................................................................................ 5

Introdução ..................................................................................................... 7

Relato do caso clínico .................................................................................. 9

Considerações Finais .................................................................................. 16

Referências .................................................................................................. 17
MARUNO, L. O. R. Reabilitação Unitária Anterior Imediata Pós-Exodontia:
Relato De Caso Clínico 2015. 20 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado)
– Faculdade de Odontologia, Universidade Estadual Paulista, Araçatuba, 2015.

Resumo

A possibilidade de reabilitação oral com implantes dentários mostrou um avanço


significativo nos últimos quarenta anos. Da recomendação inicial para o tratamento
de mandíbulas totalmente edêntulas com próteses fixas suportadas em implantes,
houve uma evolução rápida e ascendente no sentido de aprimorar os implantes
dentários, bem como de agilizar a resolução dos casos clínicos. Uma proposta já
documentada com sucesso na literatura científica é a possibilidade de
posicionamento de implantes unitários imediatamente pós-exodontia, o que
representa um grande avanço na implantodontia. Assim, foi intuito deste trabalho
apresentar um relato de caso clínico de paciente que perdeu o elemento 11 por
processo carioso e foi submetido a cirurgia de colocação de implante pós-
exodôntico, tipo cone morse, com técnica de confecção de coroa provisória imediata,
utilizando a própria coroa do paciente na confecção da prótese provisória. O
paciente se mostrou bastante satisfeito com o procedimento final e o implante
apresenta-se estável com 6 meses de proservação da prótese definitiva.

Palavras-chave: Implante dentário; Osseointegração; Carga Imediata em Implante


Dentário
MARUNO, L. O. R. Post-Extraction Single-tooth Anterior Rehabilitation: Clinical
Case Reporting 2015. 26 p. Univ. Estadual Paulista, Araçatuba, 2015.

Abstract

The possibility of oral rehabilitation with dental implants showed a significant advance
in the last forty years. From the initial recommendation for the treatment of
completely edentulous mandible with fixed prostheses supported over implants, there
was a fast and upward progress towards improving dental implants as well as to
expedite the clinical cases resolution. In the scientific literature a proposal has
successfully documented is the possibility of positioning single implants immediately
after tooth extraction, which represents a major advance in implant dentistry. The
aimed of this study was present an clinical case report of a patient who lost the 11
element by carious process and underwent post-extraction implant placement
surgery, morse taper with technique of making immediate provisional crown, using
the patient's own crown in the confection of the temporary prosthesis. The patient
showed satisfied with the final procedure and the implant is stable with 6 months of
follow up of the final prosthesis.

Keywords: Dental implant; osseointegration; Immediate Dental Implant Loading


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Introdução

Nos dias atuais, o conceito de estética, que influência o sorriso do paciente, é


um dos fatores de aceitação social. Perdas dentais, que podem ser encontradas em
qualquer faixa etária (Mangano et al. 2010), levam a necessidade de reposição, de
preferência imediata. Umas das formas de reposição é por implantes, que desde
1960 foi estabelecida por Branemark et al. (1969), foi um protocolo de dois estágios
cirúrgicos, considerado essencial para o sucesso da terapia com implantes. Nesse
momento, vários trabalhos mostraram a viabilidade do uso dos implantes para
reabilitação oral (Oliveira et al., 2008)

No entanto, a necessidade de resultados mais rápidos desenvolveu a carga


imediata de implantes. Assim, reabilitações totais começaram a ser feitas em um
estágio cirúrgico com sucesso comprovado por na literatura (Ericsson et al., 2000).
Em seguida, desenvolvimento da técnica para pacientes desdentados parciais e
unitários foi feito, aumentando a necessidade estética das reabilitações (Oliveira et
al., 2008)

De forma semelhante, o desenvolvimento das unitárias imediatas também


ocorreu, sendo vários estudos realizados, atingindo sucesso no geral, sempre
dependente da saúde geral e condição sistêmica do paciente, a estabilidade
primária do implante e o manejo adequado dos tecidos moles. Assim, para sucesso
em carga imediata em dentes unitários é necessário controle da quantidade de
carga, indicação precisa do tipo de implante, avaliar a disponibilidade óssea, bem
como dominar a técnica cirúrgica. Assim, modificação da carga imediata foi
proposta, chamada de provisionalização imediata, caracterizado pela instalação de
implantes imediatamente pós-exodontia. (Oliveira et al., 2008)

Porém, este tipo de técnica não deve ser indicada para dentes com patologia
periodontal, restando, portanto, indicação para dentes perdidos por perda de
inserção, dentes com fraturas radiculares e cáries avançadas abaixo da margem
gengival, bem como reabsorção externa radicular.

Assim, o objetivo deste trabalho foi apresentar um caso clínico no qual foi
realizada fixação de um implante unitário imediatamente após a exodontia do
8

respectivo elemento dentário condenado por reabsorção externa radicular, seguido


da confecção da coroa provisória imediatamente, reduzindo o tempo clínico e
morbidade do paciente.
9

Relato do caso clínico

Paciente do sexo feminino, 39 anos de idade, procurou o Cirurgião Dentista


para tratamento odontológico apresentando edema na gengiva do elemento 11 e
pequena extrusão com mobilidade leve (figura 1). Foi solicitado protocolo de exame
clinico completo (hemograma completo, coagulograma e glicemia) para verificar
problemas gerais de saúde que poderiam contraindicar uma cirurgia de colocação
de implante osseointegrado. Radiograficamente foi requisitado panorâmica e
periapicais da região do elemento 11, para verificação da disponibilidade óssea na
área. (figura 2). Note que, pela radiografia inicial, há altura suficiente para a
colocação do implante, mas o volume vestíbulo-lingual só pode ser confirmado por
exame tomográfico ou visualização direta.

Figura 1 – Vista frontal inicial Figura 2 – Rx inicial

Pelos exames radiográficos e clínicos foi planejado a colocação de um


implante 4.3x11 mm, do tipo cone morse, sistema Neodent, logo após a exodontia,
já que a altura óssea era suficiente. O provisório foi confeccionado a partir da própria
coroa do elemento 11 e instalado com carga imediata. Para realização da cirurgia de
instalação dos implantes não foi utilizado guia cirúrgico, visto a facilidade de se obter
eixo de implantação a partir de visualização direta das bordas incisais dos dentes
adjacentes como referência.

Para a realização da incisão foi realizada anestesia do tipo terminal infiltrativa


por vestibular e por lingual, utilizando citocaína primeiramente para menor
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desconforto do paciente e complementando com mepivacaína, buscando anestesiar


os ramos dos nn. alveolar superior anterior e nasopalatino (figura 3).

Figura 3 – Foto ilustrativa da anestesia terminal infiltrativa

Em seguida, foi realizada sindesmotomia ao redor do elemento 11 visando


liberar as fibras gengivais e dar acesso ao ligamento periodontal, com lamina de
bisturi 15, com finalidade de não romper o contorno gengival e manter a papila em
posição. Após sindesmotomia completa, foi extraído primeiro a coroa, devido à
fratura da mesma em virtude de processo de reabsorção externa nas interproximais
da raiz e, em um segundo momento, a raiz residual. Para a extração da raiz residual
foi necessário o seccionamento no seu longo eixo com broca 702 acoplada em alta
rotação e posteriormente usou-se um periótomo e hollemback para extração com
movimentos de alavanca e sarilho delicados para não haver perda de tecido ósseo
ao redor da raiz (figura 4). Feito a extração da raiz residual curetou-se o alvéolo,
tirando todo o ligamento periodontal restante para não interferir na oseointegração.
Uma vista do alvéolo logo após extração da raiz residual e curetagem pode ser visto
na (figura 5).

Figura 4 – Extração da raiz residual com periótomo e hollemback


11

Figura 5 – Logo após extração da raiz residual e curetagem

Em seguida, iniciou-se a etapa de instalação do implante medindo a


profundidade inicial, tomando-se por base não só a profundidade, mas também a
profundidade gengival, e logo em seguida realizando a sequência de fresas para
osteotomia. Assim, seguindo o planejamento, a primeira fresa de 2mm de diâmetro
alcançou a profundidade planejada de 13mm, 11 mm do implante mais 2 mm infra
ósseo (já compensados os 5 mm de profundidade gengival) por se tratar de um
implante cone morse Alvim (Neodent) e instalado logo após extração. Outra medida
da profundidade foi feita para ter a certeza que a loja óssea estava com 13 mm
disponíveis intraósseo, seguindo-se a segunda fresa utilizada para osteotomia (de
3.5 mm) alcançando a mesma medida. A terceira e última fresa, de 4.3 mm de
diâmetro, segui a mesma sequência. A cada fresagem feita foi utilizado um pino de
paralelismo para verificação da inclinação em que o implante seria instalado e
analisar se a distância entre implante e dente respeitando os 1,5 mm, visto que é
essencial para a confecção da prótese sobre o implante e formação de papila
interproximal.

Após a loja óssea confeccionada, foi feita a instalação do implante, primeiro


com o implante acoplado a um contra-ângulo cirúrgico em 12 rpm (figura 6) e, após,
com um torquímetro manual, obtendo um torque final de 45 Nm (figura 7) . Uma vista
oclusal do implante em posição está representada na figura 8.
12

Figura 6 – Implante acoplado

Figura 7 – Torque final de 45 Nm

Figura 8 – Vista oclusal do implante instalado


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Os implantes do tipo cone morse possuem um sistema de escolha de munhão


diferenciado. Assim, a escolha é feita a partir de 3 medidas a saber: altura do
transmucoso (que pode variar no sistema Neodent entre 0,8 a 5,5 mm); espessura
do munhão (que no caso do sistema Neodent pode ser de 3,3 e 4,5 mm); e altura do
munhão (neste sistema 4 ou 6 mm). (Tárcio, 2011). O munhão de eleição foi o de 4,5
mm de diâmetro x 2,5 mm transmucoso x 4 mm de altura do munhão. Essas
medidas foram baseadas nas disponibilidades de altura gengival e espessura do
dente de acordo com o caso clínico para que favoreça um perfil de emergência ideal.
Para instalação do munhão universal foi utilizado um torque de 32 Nm. O munhão
em posição pode ser visto na figura 9.

Figura 9 – Vista oclusal com munhão em posição

A próxima etapa foi confecção do provisório. Assim, foi usado um cilindro do


munhão provisório, com as mesmas dimensões do munhão universal (4.5 mm de
diâmetro e 4 mm de altura). Para a confecção, foi utilizada a própria coroa do dente
extraído, possibilitada pelo processo de reabsorção não ter deformado sua
anatomia, que aliás já era de uma coroa protética de cerâmica. A coroa precisou de
desgaste interno para possível captura do cilindro do munhão diretamente na boca e
em seguida complementando o reembasamento e polimento. O reembasamento foi
feito utilizando resina acrílica da cor a se assemelhar do dente reposto pela técnica
do pincel. Para o polimento do provisório foi utilizado a sequência de pontas de
borracha para resina acrílica. É de suma importância que o provisório esteja muito
bem polido para que a placa bacteriana tenha mais dificuldade em se aderir, visto
que a região acabou de passar por um processo cirúrgico.
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Em seguida ao reembasamento e polimento, foi feito o ajuste oclusal, não


deixando ter contato do provisório com o dente antagonista (provisionalização
imediata), onde havendo o contato prejudicaria a ósseointegração. Figura 10
demonstra o processo de ajuste oclusal com papel carbono.

Figura 10 – Ajuste Oclusal

Finalmente, feito reembasamento, polimento e ajuste oclusal, foi realizada a


cimentação provisória, sendo o cimento provisório utilizado o RelyX Temp 3M, sem
eugenol. Figura 11 mostra o provisório em posição cimentado.

Figura 11 – Provisório em posição cimentado

O provisório deve permanecer por um período aproximado de 6 meses para


osseointegração completa, período no qual o implante não deve receber cargas
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funcionais ou parafuncionais, pois a micromovimentação pode fazer com que a linha


de osseointegração seja rompida.
A gengiva na porção edemaciada retraiu após termino da inflamação,
causando um pequeno defeito estético na área, podendo ser visto na figura 12.

Figura 12 – vista frontal após termino da inflamação

Após 6 meses, a prótese definitiva metalocerâmica foi confeccionada por


métodos convencionais de implantodontia e cimentada com Relyx U200 (3M), e uma
vista final do tratamento pode ser visto na figura 13. A paciente se mostrou satisfeita,
mas já sinalizou que se submeteria a procedimento periodontal para recobrir a área
de retração da prótese final.

Figura 13 – Vista final do tratamento


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Considerações finais

A evolução da implantodontia levou não só ao desenvolvimento de técnicas


distintas, mas também ao desenvolvimento de tipos diferentes de implantes. Hoje
em dia, já é aceito que implantes cone morse, como utilizados neste caso, são mais
efetivos na restituição da estética do paciente. Além disso, a comodidade de uso de
peças também é um dos fatores atrativos deste sistema, apesar de mais caro.

Das várias macroformas de implantes, os implantes cônicos tem se mostrado


efetivos para este tipo de reabilitação, visto que são mais compatíveis com o próprio
formato da raiz do dente unirradicular a ser extraído. Assim, a opção primária para
estes casos é a utilização de implantes cônicos. Além disso, a literatura mostra que
estes são mais fáceis de se atingir altos níveis de travamento, o que aumenta a
estabilidade primária e facilita o processo de provisionalização.

O uso de provisórios pré-fabricados ou feitos em laboratório para a


provisionalização é sempre um pré-requisito deste tipo de técnica. Porém, quando o
dente perdido ainda possui características de coroa boas, esta pode ser aproveitada
para provisório. Aliás, das várias escolhas, esta será sempre a menos traumática
para o paciente, visto que o seu aspecto final pós implantação será o mais natural
possível, já que estará muito próximo da situação anterior à implantação. Isto, é
claro, se a estética ainda for favorável.

Técnicas imediatas de implantodontia tem sido cada vez mais utilizadas.


Porém, problema relatados a estas técnicas são mais comuns que problemas em
técnicas convencionais, visto que nem sempre a previsibilidade é atingida como nas
próteses convencionais. Este fato ficou claro neste tratamento onde uma ligeira
retração não deixou finalização do caso em 100%. Técnicas adicionais podem ser
indicadas para esta correção. Além disso, biomateriais também podem ser utilizados
durante a cirurgia, mas além de agregar custo ao tratamento, podem aumentar o
risco de contaminação e este é o motivo que alguns profissionais evitam o seu uso.
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Referências

1. Branemark PI, Adell R, Breine U, et al. Intra- osseous anchorage of


dental prostheses I. Experimental studies. Scand J Plast Reconstr Surg
1969; 3(2):81-100.
2. Ericsson I, Nilson H, Lindh T, et al. Immediate functional loading of
Branemark dental implants. An 18-month clinical follow-up study. Clin
Oral Implants Res 2000; 11(1):26-33.
3. Mangano C, Mangano F, Piatelli A, Iezzi G, Mangano A, Colla L.
Prospective clinical evaluation of 307 single-tooth morse taper-connection
impalnts: a multicenter study. Int J Oral Maxillofac Implants 2010;
25(2):394-400.
4. Oliveira AC, Souza JR, Thomé G, et al. Implante imediato unitário em
função imediata – relato de caso. RFO 2008; 13(1):70-74.
5. Skiba THI. Estética imediata em implantodontia utilizando sistema de
conexão tipo Cone Morse utilizando a própria coroa do paciente – Relato
de caso Clínico 2015. 26 f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Bacharelado) – Faculdade de Odontologia, Universidade Estadual
Paulista, Araçatuba, 2015.

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