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Os Construtores de Templos - Os Mormons e A Maçonaria

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O AUTOR

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Sou nascido de bons pais, sou um dos filhos da viúva... Tendo nascido em um
pequeno povoado do interior do Estado do Maranhão, Lago Limpo, logo nos mudamos
para uma cidade maior já que o sonho de meu pai era “formar” todos os seus 13 filhos,
moro atualmente na capital do Estado onde tenho levantado templos a justiça, e onde estar
plantado meu pé de acácia. Sou graduando em Ciências Contábeis, funcionário publico.
Filiei-me A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em 30 de março de 1990,
deste então tenho submetido minha vontade, na eterna luta do homem por vencer suas
paixões. Sou de forma convicta um Santo dos Últimos Dias, e meus irmãos como tal me
reconhecem. Em nossa jornada pela estrada sem fim, passamos por alguns percalços,
mais temos nos mantido de pé com a mente e o coração voltados para aquele que com
seus olhos a todos ver, sigo confiante na marcha que leva todos ao topo da escada de Jacó.
Quando ingressei no mormonismo minha esposa me acompanhou em mais esta
jornada. Nossos filhos (na época eram três), Hilanna, André e Ticianne, não foram
batizados porque ainda não tinham idade de batismo segundo nossas regras, o que foi
acontecendo ao longo do tempo, eu mesmo os batizei... No ano de 1994 fomos ao Templo
de São Paulo onde realizamos ordenanças inerentes às doutrinas de A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Cecília nossa filha mais nova veio depois de nos
filiarmos a Igreja. Ao longo deste tempo tenho servido ao Senhor em várias designações
na Igreja, já servi como Bispo, Membro do Sumo Conselho, Conselheiro de Estaca e hoje
sirvo como conselheiro de Bispo.
Para mim, um Mórmon Maçom é extremamente gratificante saber que a Maçonaria
foi à primeira instituição a conceder ao Livro de mórmon o reconhecimento e lugar
merecido no altar dos livros sagrados. A Maçonaria foi à primeira instituição dos homens,
a aceitar o Livro de Mórmon como uma escritura religiosa.
Ao ser iniciado Maçom, foi gratificante para mim ver que alguém teve o zelo de
respeitar minhas convicções religiosas, sobre o altar dos juramentos ao lado do Livro da
Lei, lá estava presente o Livro de mórmon. Os livros sagrados presentes no altar da Loja
faziam referencias respeitosas a minha fé.
Eu penso que esta aceitação incondicional do Livro de Mórmon por parte da
maçonaria deve ter causado uma impressão muito forte no Profeta Joseph Smith, para ele
ver que esta era uma instituição que aceitava sem questionar, o Livro de mórmon, em
paridade com os outros livros e escritos considerados sagrados causou nele uma
impressão de que esta (a Maçonaria) era uma instituição imparcial, onde os conflitos
religiosos e ideológicos não existem.
Algumas vezes tenho sido questionado por membros da Igreja de como faço para
conciliar as duas organizações, de modo bem humorado respondo: “Quem disse que são
duas”?
É fácil conciliar as duas organizações depois que se caminha para a luz. Afinal para
alguém que já provou do doce e do amargo da vida, conciliar duas organizações tão
distintas e ao mesmo tempo tão próximas é algo extremamente simples.

São Luis, 11/02/2007.


Dedico esta compilação a Pai Celestial, o Grande Arquiteto do Universo.

Ao Profeta Joseph Smith, um homem que atendeu ao chamado daquele que é justo e

perfeito.

A meu pai terreno, Joaquim Pinto de Oliveira (in memoriam), um maçom sem avental,

um homem onde não existe dolo.

A minha querida mãe, uma mulher de virtudes.

A Rosa, minha compreensível companheira eterna, que sem ela, a escada de Jacó

continuaria a ser um sonho.

Aos livres pensadores Joel Guimarães, Antonio Guimarães, Paulo Guimarães, José

Guimarães e Francisco Guimarães.

A todos os operários da Loja Maçônica Humanidade e Concórdia n° 2.851, minha casa

azul.

A todos que nunca desistiram de buscar por mais luz e verdade.

A todas as pessoas que se despem do preconceito, e das falsas verdades, e de forma

inocente e sem pré-julgamentos buscam aprender.

“... se houver qualquer coisa virtuosa, amável, de boa fama ou louvável, nós a procuraremos” - (13º
Regra de Fé)

Abusando da síntese, e de forma despretensiosa, estarei a explicar a história, tudo


será analisado à luz da verdade, com o principal intuito de desvincular fato de ficção. A
intenção é somente desmistificar. Perguntas que para muitos parece tabu, aqui terão
respostas. Questionamentos tais como: Quando e onde surgiu a Maçonaria? Qual sua
relação com A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias? Joseph e Hyrum
Smith eram maçons? A Maçonaria teve participação em suas mortes? Brigham Young
também era Maçom? A Igreja é contrária à associação de seus membros com a
maçonaria? Caso o seja, como explicar a presença dos primeiros cinco presidentes da
Igreja na Maçonaria? Por que ainda hoje existem tantos líderes da Igreja no seio da
Maçonaria? Se é errado hoje, por que não foi no passado?
SINÓPSE

O NASCIMENTO DO MORMONISMO

E SUA RELAÇÃO COM A MAÇONARIA

Em 6 de abril de 1830, Joseph Smith Junior, Oliver Cowdery, Hyrum Smith, Peter
Whitmer Junior, Samuel H. Smith e David Whitmer estabeleceram de forma oficial,
conforme registrado em ata, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Os
membros da jovem Igreja posteriormente vieram a ser reconhecidos simplesmente como
mórmons, isto aconteceu em função do Livro de Mórmon, um livro que relata a existência
de povos que habitaram nas Américas por voltar de 1.000 a.C.
Já antes mesmo da organização da Igreja como uma instituição, os mórmons eram
vitimas do preconceito descabido, motivado pela intolerância em aceitar a
individualidade e direito a religião tão preservada pela maçonaria.
As novas doutrinas ensinadas e defendidas por A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias (mormonismo) eram completamente estranhas ao contexto religioso
histórico da época. Ensinamentos como casamento plural (por alguns outros,
erroneamente chamado de poligamia), crença em um Deus com forma humana tangível e
(que evoluiu até atingir a perfeição), possibilidade de evolução até chegar à perfeição
divina, entre outras, estas crenças eram vistas com certa reprovação por parte dos
seguidores do protestantismo e catolicismo contemporâneo dos precursores do
mormonismo.
No principio, estas reprovações não passavam de simples discordâncias, mais com
o rápido crescimento da Igreja estas opiniões acentuaram-se e passaram a ser ponto de
origens de conflitos físicos e armados, entre as partes divergentes. Esta intolerância
acentuou-se com a iniciação maçônica de Joseph Smith Junior em 15 de março de 1842
na Loja de Nauvoo - Illinois (EUA). Antes de Joseph, vários outros líderes da Igreja já
haviam sido iniciados na maçonaria e outros, o eram até mesmo antes de ingressar na
jovem Igreja, mas foi o ingresso de Joseph que desencadeou de forma mais acirrada a
desconfiança, e conseqüentemente os ataques contra os mórmons.
Esta “associação” do mormonismo com a maçonaria proveu munição para os
inimigos de ambos. Já que neste momento histórico a Maçonaria vivia (ainda) uma das
maiores perseguições já acontecida nas Américas. Velhos inimigos da maçonaria viram
nesta associação, mormonismo e maçonaria, uma oportunidade de livrarem-se dos seus
maiores desafetos.
Os ânimos dos contrários à Maçonaria encontravam-se bastante inflamados em
função do “misterioso” desaparecimento de William Morgan. Este, um sujeito
inescrupuloso, que de forma maquiavélica se infiltrou entre os maçons da Batávia (NY),
Após enganar alguns maçons, reivindicou certos direitos que não lhe pertenciam. Morgan
era casado, tinha 52 anos, e era um artesão errante, já que o mesmo não fixava residência
por muito tempo. Em suas andanças embora não iniciado, ele conseguiu se infiltrar na
maçonaria, inclusive adentrando aos segredos mais bem guardados pela ordem, este foi
um golpe forte na fraternidade. Em função disto, comunicados foram enviados as todas as
Lojas americanas. Em um jornal de Canadaigua, cidade do estado de New York, foi
publicado no dia 9 de agosto de 1826 o seguinte alerta: “Se um homem chamado William
Morgan apresenta-se como Maçom na comunidade, é preciso cuidado, Morgan esteve
entre nós em maio passado e sua conduta enquanto esteve aqui e em outros lugares exige
muito cuidado... Morgan é um vigarista, é um homem muito perigoso. Existem muitas
pessoas nesta cidade que ficariam felizes em ver morto esse que se auto-intitula capitão
Morgan”.
A história é muita rica de detalhes quando se trata de esmiuçar a vida deste traidor
da ordem. Antes de ser expulso, Morgan foi o pivô de grandes disputas dentro da ordem,
em função de suas artimanhas maquiavélicas foi expulso, sendo lhe recomendado que
nada comentasse com ninguém sobre maçonaria. Ignorando estas recomendações,
trazendo a luz seu caráter e em represália, Morgan decidiu publicar um livro onde exporia
aquilo que ele chamava de “segredos da Maçonaria”, e assim o fez.
Fazendo contato com o coronel David C. Miller que era o editor do Jornal
Advocate, na Batavia, Morgan convenceu Miller de que conseguiriam arrecada 2 milhões
de dólares com a venda dos livros, este valor embora seja uma quantia expressiva nos dias
atuais, para aquele momento da história era uma quantia imensurável, a ganância logo
tomou conta de ambos.
Analisando o conteúdo de seu livro, e comparando ao momento histórico maçônico
americano, facilmente podemos concluir que este livro não era motivo suficientemente
para incomodar a Maçonaria; já que, livros semelhantes ao de Morgan há muito tempo
eram produzidos na Europa e facilmente encontrados nos Estados Unidos. Acredito que o
sentimento de ser traído por alguém que havia confiado foi à principal motivação que
levou os maçons da Batavia a planejar sumir com seu desafeto. A Loja da Batavia entre
outros membros, contava com cinco juízes, o xerife da cidade, seis médicos e o prefeito, e
estes decidiram agir para coibir os abusos de William Morgan. Na tentativa de
intimidá-lo, Morgan foi preso sob acusação de estelionato, e na noite do dia seguinte
alguém pagou sua dívida e Morgan foi liberto, e nunca mais foi visto.
William Morgan é constantemente descrito como uma figura patética, que assumiu
proporções heróicas após seu desaparecimento. Aproveitando-se deste acontecimento,
seu pseudo-sócio viu em seu desaparecimento a possibilidade de vir a ganhar mais
dinheiro transformando o livro em febre generalizada. Este individuo imprimiu em sua
gráfica 50 mil folhetos anunciando o desaparecimento com possível assassinato de
William Morgan. No panfleto em nenhuma parte era feito acusação contra Maçonaria,
mas era de conhecimento geral que Morgan havia violado algumas regras da Maçonaria,
e isto irritara em muito aos membros da fraternidade. Já naquele tempo circulavam as
histórias fantasiosas dos terríveis castigos impostos àqueles que divulgassem as práticas
maçônicas.
Motivados por informações deturpadas e interesses obscuros, a opinião popular foi
conduzida por inimigos declarados da maçonaria a desejar sua extinção do território
americano. Em Pavillion a 19 quilômetros da cidade de Batávia um Pastor da Igreja
Batista em um de seus sermões acusou a Maçonaria de: “obscura, infrutífera,
desmoralizante, blasfema, homicida, anti-republicana, inimiga do cristianismo, contrária
à glória de Deus e ao bem da humanidade”. Vários boatos apareceram, explicando o
sumiço de Morgan, alguns diziam que William Morgan tivera sua garganta cortada, seu
corpo jogado nas cataratas do Niágara, sua língua havia sido arrancada. Outros ainda
diziam que ele havia sido enterrado nas areias do lago Ontário ainda em vida. Existiam
também outras versões mais fantasiosas, destaco ainda uma que dizia que os maçons
haviam inclinado uma arvore até parte de suas raízes ficarem fora da terra, então Morgan
foi colocado sob estas raízes e a arvore foi replantada sobre seu corpo. Os inimigos da
Maçonaria que há muito estavam em silencio, ressurgiram de todas as partes. Líderes
religiosos e professores que eram maçons eram intimados a se afastarem da fraternidade
sob pena de perderem seus empregos. Bastava ser Maçom para ser rejeitado como jurado,
além disto, constantemente eram insultados nas ruas.
Figuras políticas que a muito haviam abraçado a Maçonaria, agora julgavam
prudente se afastar da ordem, entre estes destaco o senador Henry Clay do Kentucky. O
ex-presidente dos Estados Unidos John Quincy Adams disse que: "a maçonaria deveria
ser abolida para sempre. Ela é errada, essencialmente errada - uma semente de mal que
nunca poderá produzir qualquer bem. A existência de uma ordem como essa é uma nodoa
na moral de qualquer comunidade".
Foi neste contexto de intolerância e preconceitos que surgiram os mórmons, e já
neste período era grande a quantidade de Mórmons iniciados na Maçonaria, nomes de
extrema relevância para o mormonismo tais como: Joseph Smith Junior, Brigham Young,
John Taylor, Willford Woodruff e Lorenzo Snow abraçaram a milenar fraternidade, todos
nesta mesma seqüência sucessória lideraram a Igreja por aproximadamente 71 anos, e
jamais negaram ou omitiram sua condição de iniciados. A crescente associação dos
mórmons com a fraternidade maçônica levou a opinião publica declarar guerra ao
mormonismo e maçonaria, pois na visão dos leigos as duas organizações eram como se
fosse uma só, e por isso eram ambas satânicas. O resultado de tanta campanha negativa
foi trágico para ambas. Em 27 de julho de 1844 Joseph Smith Junior e seu irmão Hyrum
Smith (que era o Venerável Mestre da Loja de Nauvoo) foram chacinados. É bom
esclarecer que as acusações das quais Joseph e Hyrum Smith foram vitimas, eram falsas,
já que nunca foi provada nenhuma das culpas que lhes foram imputadas.
Neste momento de turbulência para as duas organizações, aqueles que combatiam a
fraternidade maçônica criam um partido político anti-maçônico, que como o nome
sugere, seu principal objetivo era o fim da maçonaria no território americano, nesta
empreitada o partido lançou um candidato a presidente dos Estados Unidos da América,
não obtendo sucesso o partido foi perdendo forças à medida que os ânimos esfriavam, e
posteriormente veio a deixar de existir.
Em função da crescente e aparente incontrolável perseguição muitos maçons
adormeceram, em seqüências a isto várias Lojas bateram suas colunas por todos os
estados americanos, inclusive um capítulo do Arco Real que deveria ser estabelecido em
Illinois, não se concretizou por falta de homens livres e de bons costumes. Mais também
este momento difícil vivido pela Maçonaria mostrou alguns homens convictos e
comprometidos com a ordem, homens como Daniel B. Taylor presidente da Loja de
Stone Creek no estado de Michigan, este bravo maçom manteve literalmente acesa as
chamas da Maçonaria em sua hora mais negra. "Nas noites de reunião, escreveu o cronista
dos maçons do estado, James Fairbairn Smith, "assim que a diligência chegava trazendo o
correio, ele ia apanhar seu jornal e dirigia-se para a loja. Lá chegando, acendia uma vela
junto à janela e sentava-se para ler. Se não viesse mais ninguém, o irmão Taylor esperava
até dar a hora habitual de 'fechar a loja', e então apagava a vela, trancava a porta e ia para
casa.
Em meio a tudo isto Joseph e Hyrum Smith foram chacinados na Cadeia de Liberty
no Missouri, a suspeita do envolvimento de alguns maçons em suas mortes e desavenças
posteriores a estes acontecimentos levaram os mórmons a momentaneamente querer se
afastar da Maçonaria, embora os iniciados nunca tenham feito qualquer acusação formal
ou informal à ordem. Após migrarem para o Oeste sob liderança do então Presidente da
Igreja (Brigham Young), os mórmons fundaram Salt Lat City e posteriormente fizeram
três tentativas de estabelecer Lojas Mórmons na nova cidade. Cartas solicitando filiação a
Grande Loja do México, do Canadá e da Inglaterra foram enviadas, mas não obtiveram
autorização de nenhuma das potencias, que temiam agravar o conflito já existente entre
maçons não mórmons e os maçons membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias. Todas as tentativas foram rechaçadas, e finalmente os mórmons abriram
mãos de sua herança maçônica, afastando-se silenciosamente da sublime ordem,
aparentemente os algozes da Maçonaria e da Igreja haviam conseguido enfraquecer as
relações entre as duas maiores e mais fortes organizações humanitárias da América.
Um longo silencio onde os líderes da Igreja não mais se manifestavam de forma
oficial sobre a maçonaria durou até 1984 quando Spencer W. Kimball, líder da Igreja na
época, em uma reunião com o Mestre Principal da Grande Loja do Lago Salgado (Utah)
em um hotel de propriedade da Igreja afirmou: “A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias nada tem contra qualquer organização que pratique atos louváveis”. Em
contra partida o Mestre Principal disse: “A Maçonaria de Salt Lat City nada tem contra A
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”.
Este deveria ter sido o ponto final da discórdia entre as duas fraternidades, mais ao
longo dos tempos, os mórmons foram forçados a se afastarem da Maçonaria. Uma
reaproximação de forma oficial entre as duas grandes organizações, neste momento, ou
até mesmo em momentos futuros, é algo que beira os passos do devaneio. Embora exista
hoje uma quantidade expressiva de Mórmons Maçons (e eu sou um) espalhados pelo
mundo, alguns tem se penitenciado ao ostracismo, escondendo dos irmãos de fé nossa
condição de iniciados, talvez temam o mesmo preconceito do qual nós membros da Igreja
temos sido vitimas por parte dos outros seguimentos do cristianismo.
Pacientemente espero pelo dia em que meus irmãos mórmons compreendam que o
grande objetivo da maçonaria é a reconstrução do eu interior do ser humano, e que este
objetivo se encaixa perfeitamente dentro daquilo que foi ensinado por nosso primeiro
Profeta nesta nova dispensação, (Joseph Smith Junior). Pois recebemos através dele o
ensinamento que diz: “... Se houver qualquer coisa virtuosa, amável ou louvável, nós a
procuraremos.” (13º Regra de Fé).
INTRODUÇÃO

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Muitos têm tentado desmistificar a maçonaria no meio religioso (principalmente
cristão), ainda é comum encontrar pessoas que tentam nos ligar ao satanismo ou outras
formas de perversão da sã doutrina, minha intenção não é fazer apologia ao sectarismo
religioso, até mesmo por que se assim procedesse estaria indo de confronto a tudo aquilo
que é proclamado pela maçonaria. Embora acredite que a humanidade tenha uma dívida
com a maçonaria, não estou aqui para cobrá-la, só espero pelo dia em que a intolerância, o
preconceito e as injustiças das quais temos sido vítimas finalmente finalizem.
É comum encontrar pessoas não ligadas à fraternidade maçônica que tentam
explicar nossas práticas. Indivíduos que baseados em interpretações pessoais e
suposições erradas, tem escritos numerosos livros na tentativa de proteger o mundo
daquilo que chamam armadilhas de satanás. Penso que por estarem ligados há uma
religião, constantemente os vemos confundirem suas opiniões pessoais com os dogmas
doutrinários da fé que professam. Não tenho a intenção de proteger a Maçonaria, até
mesmo por que a ordem maçônica estar acima das opiniões estrangeiras. Somos
milenares e continuaremos a existir independente das opiniões ou pensamentos
alienígenas a ordem.
Uma das alavancas motivadoras de minha iniciativa tem sido o desejo de
demonstrar aos nossos interlocutores que estão errados em seus julgamentos, embora
sejam de grande influência eles não são detentores totalitários da verdade, até mesmo por
que a verdade é um patrimônio da humanidade tal como a Maçonaria.
Lembro que há alguns anos quando foram dados os passos finais para meu processo
de iniciação, houve uma desordem momentânea no cotidiano de minha família.
Desordem esta que aconteceu em função do já falado temor do desconhecido, embora
entre meus familiares já existisse um histórico de relação vivida com a maçonaria, o
preconceito e temor daquilo que desconhecemos se manifestou de uma forma muito forte.
O temor de todos era que eu estivesse a ingressar em algo que contrariasse aquilo
que professamos como fé religiosa.
São lembranças como estas que me levam ao passado. Ainda hoje lembro meu
primeiro contato com a maçonaria, este encontro aconteceu em junho de 1984 quando
enviei uma correspondência ao Grande Oriente do Brasil, eu tinha muita curiosidade
quanto à fraternidade. Até a chegada da resposta vários meses se passaram, cheguei a
pensar que não teria respostas para minhas interpelações. Quando enfim um dia, em
envelope com timbre do Grande Oriente do Brasil chegou as minhas mãos contendo a tão
esperada correspondência.
Na carta alguém que se dizia ser secretário, “e dos grandes”, me indicava um local
onde eu deveria procurar alguém, e este seria a pessoa que deveria dirimir todas as minhas
dúvidas. Chegando lá, fui ensinado na forma em que um não iniciado poderia ser. Mas
aquilo que eu mais desejava teve que ser adiado, meu desejo era ser um deles. Fui sincero
e direto, falei de minhas aspirações, da admiração que nutria pela ordem. Foi-me
explicado que o processo era bem mais lento e criterioso que eu havia imaginado. Fiz
várias outras tentativas, mantive contatos com vários maçons, mais meu projeto de
torna-me um CONSTRUTOR DE TEMPLOS teve que ser adiado por vinte anos, neste
intervalo de tempo quatro de meus irmãos sanguíneos foram iniciados na maçonaria. A
cada um que ingressava na ordem eu me perguntava, e eu? Certas coisas em nossa vida às
vezes não fazem sentido, eu não entendia o que acontecia, quando no final do ano de 2003
um de meus irmãos chegou a mim e perguntou: “Você ainda quer ser maçom?” Claro que
sim, tenho esperado por isso toda minha vida, foi a resposta. Então ele disse; “chegou a
hora”. Parecia um sonho, finalmente minha longa espera havia finalizado. Fui iniciado no
dia 27 de março de 2004, eu e uma pessoa que posteriormente vim a reconhecer como
irmão, dividimos a ânsia pela espera do desconhecido.
Agora já iniciado, tenho me dedicado a aprender sobre maçonaria, uma nova luz de
conhecimento tem se estendido a mim, hoje consigo compreender com mais clareza
algumas coisas que antes dentro da religião não faziam sentido, já que a Maçonaria
estimula a fé e a participação dos iniciados em seus respectivos contextos religiosos. Os
princípios de nossa fraternidade estão baseados no mesmo contexto moral que alicerça a
verdadeira fé. Todo Maçom necessariamente tem que acreditar em um Ser Supremo. É
nosso dever nos esforçarmos para vivermos moralmente conforme os padrões mais altos
de caráter individual e conduta social. Por conseguinte, todo Maçom é preparado para
cumprir as metas maçônicas de caridade no mais completo e amplo sentido da palavra
filantropia.
Deste que se tem conhecimento da existência da Maçonaria, a fraternidade tem sido vitima de
preconceitos e temores, principalmente daqueles que se autodenominam seguidores da religião. Estes
temores, e preconceitos nascem a partir das idéias deturpadas que associam Maçonaria ao satanismo e
outras práticas secretas maléficas as entidades religiosas. Líderes religiosos com intenções duvidosas,
que nenhum conhecimento tem da ordem maçônica, que na obscuridade de sua ignorância tentam
explicar aquilo que não conhecem... Mas, no final de tudo a intenção é somente confundir o
entendimento dos leigos, que estão dispostos a acreditar em qualquer coisa que lhes sejam ditas por seus
líderes. Todo Maçom sabe que um dos objetivos da Maçonaria é pegar homens bons e os tornar melhores.
Fazendo com que estes sejam homens que busquem o caminho da evolução espiritual e intelectual,
contribuindo assim com a humanidade, e ajudando seus semelhantes a também evoluírem em suas vidas.
Ainda existem muitos que vêem na Maçonaria uma incógnita, e até mesmo questionam os seus
verdadeiros intuitos, agindo assim eles estão a alimentar a imaginação de leigos que engrossarão as
fileiras do preconceito descabido nutridos por interpretações pessoais através dos séculos. (A
Maçonaria e o Cristianismo – Trabalho de Grau por Cesóstre Guimarães de Oliveira – Loja Maçônica
Humanidade e Concórdia nº 2851)
CAPÍTULO I

MAÇONARIA, PRECONCEITOS E INTOLERANCIA

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Ao longo das eras do tempo a Maçonaria tem acolhido homens de todas as
convicções religiosas. Impondo como a maior de todas as exigências para se tornar um
maçom, a crença na existência do Arquiteto Supremo e na imortalidade da alma. Esta
crença nós adotamos como o sinal externo e visível de uma graça interior e espiritual. E é
dentro desta construção moral interna que a Maçonaria trabalha para fazer tornar os
homens bons em homens melhores, construindo dentro de cada Irmão da Arte um templo
de virtudes e realizações éticas.
Infelizmente, nossos propósitos são questionados pelos desinformados. Eles não
vêem que nós maçons somos homens voltados à religião, somos homens invariáveis que
compreendemos em sua verdadeira essência os preceitos da fé e diariamente em nossas
metas filantrópicas vamos além do descanso, entendemos que a filantropia tem pressa e
não pode esperar. Trabalhamos dentro de suas igrejas e nas suas comunidades para a
melhoria dos membros da raça humana. Na realidade, nós maçons ultrapassamos as
barreiras do sectarismo, superamos a intolerância religiosa, abrimos mãos dos dogmas
irracionais que limitam os homens afastando-os do Grande Arquiteto do Universo. Posso
assim dizer: Atingimos o ápice almejado por todos aqueles que sonham com uma
fraternidade onde a pessoa é mais valorizada que suas idéias. A nós não interessa qual sua
ideologia religiosa, exigimos sim, a crença no Grande Criador, não questionamos sua
ideologia político partidária, enquanto ela respeite o livre arbítrio, que é considerado um
dom divino para todas as religiões. A constituição de Anderson (que são conjuntos de
regras aceitas pela Maçonaria Universal Regular) é bem clara quando diz: "Um maçom é
obrigado a obedecer à lei moral; e se ele bem entender da arte, jamais será um estúpido
ateu nem um libertino irreligioso".
Respeitamos todas as religiões, entendemos que o homem é livre para adorar ao
Grande Arquiteto do Universo, na forma, quando e onde quiser. Aceitamos em nossos
templos todos os livros sagrados conforme seja a religião do iniciado, não importa se este
livro é a Bíblia, Livro de Mórmon, Talmude, Alcorão, ou qualquer outro dos Grandes
Livros da Fé. Entendemos que o livre arbítrio é um dom concedido pelo Grande Arquiteto
do Universo (Deus), e como tal deve ser respeitado. A Maçonaria sempre dará
boas-vindas a todos os homens livres e de bons costumes, não importa se são eles
cristãos, judeus, muçulmanos, budistas, etc. Não estamos preocupados em saber a qual
religião professa fé, a nós importa que verdadeiramente aspirem viver os padrões de
respeito à liberdade, igualdade e fraternidade.
A Maçonaria é universal por extensão de seus iniciados. É inclusiva dos bons
costumes dentro da sociedade. Ela é provedora de uma filosofia e uma Fraternidade onde
os homens bons podem se encontrar em um mesmo nível. Ela une todos os homens em
um laço místico de fraternidade sincera, amor mútuo, fé, trabalho, e estes estão em todos
os lugares unidos como construtores que trabalham por paz e harmonia, tendo como
metas honrar o Criador. Este é o objetivo da Maçonaria. Obviamente, estes objetivos só
complementam, e em nenhum momento contradizem as convicções religiosas sãs.
Embora seja comum observar alguns líderes religiosos manifestarem publicamente
sua objeção a maçonaria, proibindo ou desencorajando os membros de suas respectivas
Igrejas de se associarem a ela, para surpresa de alguns, o seguimento cristão com uma
história mais longa e publica de objeção à Maçonaria tem sido a Igreja Católica. As
restrições apresentadas pelo catolicismo incluem alegações de que a Maçonaria ensina
uma religião de deísmo naturalista que segundo os teólogos do catolicismo, conflita com
suas doutrinas. Vários pronunciamentos oriundos dos Papas têm sido emitidos contra
Maçonaria. O primeiro Papa a se manifestar abertamente contra a ordem foi Clemente
XII, com sua Bula Papal datada de 28 de abril de 1738, que foi seguido com um novo
pronunciamento feito por pelo Papa Leão XIII, que se manifestou em 15 de outubro de
1890. Em 1917 o Código de Direito Canônico declarou explicitamente que a ligação de
um católico com a Maçonaria seria motivo suficiente para excomunhão. O mesmo código
tornou proibido aos católicos, à leitura de qualquer livro que defendesse a Maçonaria.
Em 1983, a igreja católica novamente se manifestou. Desta feita, ao contrário do
anterior, a maçonaria não foi nomeada de forma explicita entre as sociedades secretas que
a igreja condena. Ficou dito apenas que: "Uma pessoa que se une a uma associação que
delineia contra a Igreja será castigada com uma penalidade justa, alguém que promova ou
participe de forma pública em tal associação será castigado com interdição." Esta
aparente mudança de pensamento em parte foi motivada pela presença de proeminentes
Maçons dentro da liderança da Igreja Católica.
Porém, o assunto foi novamente abordado de forma preconceituosa pelo Cardeal
Joseph Ratzinger (que posteriormente veio a se tornar o Papa Bento XVI), ele declarou
que: O julgamento negativo da Igreja com respeito à associação maçônica continua
inalterado, já que os princípios maçônicos (segundo ele) são considerados
irreconciliáveis com a doutrina da igreja católica, e então a associação com eles
permanece proibida. O católico que se filia a esta organização está em sério estado de
pecado e não deverá receber a “Sagrada Comunhão”. Sendo assim, da perspectiva
católica, ainda existe restrições aos seus fiéis que se juntam a Maçonaria. Por sua vez a
Maçonaria nunca contestou a participação de maçons no catolicismo. A única fala
pronunciada pela GLUI (Grande Loja Unida da Inglaterra) e ratificada pela maçonaria
espalhada pelo mundo, nega às afirmações do catolicismo dizendo (e é verdade)
"Maçonaria não é religião, nem tem pretensões de substituí-las". Em contraste com as
alegações católicas que nos acusam de racionalismo e naturalismo, as objeções
protestantes estão voltadas as acusações de misticismo, ocultismo, e satanismo.
O pesquisador maçom Albert Pike é citado freqüentemente por anti-maçons
protestantes como uma autoridade maçônica nestes assuntos. Porém, Pike, embora
indubitavelmente instruído, não era um porta-voz da Maçonaria, uma vez que ele era
controverso até mesmo entre os Maçons. O que ele escreveu só representa sua opinião e,
além disso, é uma opinião fundamentada nas atitudes e compreensões da Maçonaria
Sulista dos E.U.A do século XIX. Na verdade suas idéias estão coadunadas com os
pensamentos de sua própria Loja Principal. Ninguém nunca falou por toda a Maçonaria,
somos homens livres e de bons costumes, e como tais agimos. A liberdade de expressão é
parte de nosso patrimônio.
Já a igreja anglicana da Inglaterra teve muito de seus Bispos iniciados na Maçonaria, a
exemplo do Arcebispo Fisher de Geoffrey. Porém, nas ultimas décadas as restrições
contra Maçonaria aumentaram muito dentro do anglicanismo, talvez motivado pela
aproximação que vem acontecendo de modo crescente entre o anglicanismo e o
protestantismo tradicional. O Arcebispo atual de Canterbury, Dr. Rowan Williams, tem
manifestado sua desaprovação à maçonaria, embora de forma diplomática evite causar
ofensas aos maçons de dentro e fora da igreja inglesa. Em 2003 Dr. Rowan Williams se
desculpou com os maçons britânicos depois de dizer que suas convicções eram
incompatíveis com Cristianismo, mas, sabemos que ele limitou a ascensão de maçons a
posições elevadas em sua diocese quando era o Bispo de Monmouth.
A Maçonaria regular não respondeu a estas afirmações, pois consideramos que
assuntos envolvendo a religião de cada um, deverão ser tratados no âmbito religioso
(enquanto os ideais de liberdade igualdade e fraternidade forem respeitados). Pois como
todos sabem, e até mesmo já foi escrito aqui, Maçonaria não é religião e não se envolve
nestas causas. Precisa ficar claro a todos, que a Maçonaria não pretende substituir
nenhuma das religiões existentes no mundo, não somos seus concorrentes, pelo contrário,
somos seus colaboradores, é de domínio publico a afirmativa que diz: “todo maçom deve
ter a crença em um ser supremo”, sua consciência é quem definirá qual religião ele deverá
seguir. Não existe na Maçonaria nenhum ensinamento teológico sobre uma “deidade
maçônica”.
A intolerância por parte das religiões contra a Maçonaria se estende até mesmo
àquelas que sofrem discriminação por parte de alguns seguidores do cristianismo, a
exemplo do islamismo, lá também encontramos idéias e argumentos anti-maçons. Alguns
anti-maçons muçulmanos tem afirmado que a Maçonaria surgiu para promover os
interesses dos judeus ao redor do mundo, e que seu grande objetivo é reconstruir o
Templo de Salomão em Jerusalém depois de destruir a Mesquita Al-Aqsa. Em função
disto muitos países islâmicos não permitem o estabelecimento de Lojas maçônicas dentro
de suas jurisdições. Porém, em países como a Turquia, Malásia, Marrocos, Líbano, Iraque
e Egito temos lentamente conseguido estabelecer potencias maçônicas.
Acompanhando esta onda de descriminação preconceituosa, infelizmente não
posso deixar de fora A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (os mórmons),
doutrina esta da qual sou seguidor incondicional desde março de 1990. Na verdade, eu
não responsabilizo a doutrina por qualquer ato discriminatório manifestado por um ou
outro seguidor das idéias de Jesus Cristo na atualidade. Nossa líder na mais alta escala da
hierarquia mórmon nada tem dito de forma oficial deste o ano de 1984 quando o
Presidente Spencer W. Kimball, afirmou enfaticamente que nenhuma restrição existe por
parte da Igreja quanto à maçonaria. Penso que depois disto nenhum outro líder tenha se
manifestado sobre o assunto, por considerá-lo algo resolvido.
É importante observar que cada um dos seguimentos religiosos aqui citados tem
suas próprias razões para repudiar a Maçonaria, mais é interessante observar também que
suas razões não coincidem, de acordo com o dogma é a recusa... O que posso concluir é
que a história da humanidade continua a se repetir em ciclos de intolerância e
preconceitos, homens que se colocam acima do Grande Arquiteto do Universo para
arbitrar sobre assuntos que não lhes dizem respeito. Como podem os divergentes estar
certos nesta discordância quanto à maçonaria, se até mesmo na hora de discordarem da
milenar fraternidade eles divergem?
Por um breve momento deixarei de lado os conflitos teológicos e ideológicos em
que vivem mergulhados aqueles que se aprofundam na ignorância para fazer um breve
relato de acontecimentos ocorridos no interior do templo de Salomão. Ao mesmo tempo
tentarei explicar quem foi Hiram Abiff, este que para alguns ainda é um enigma, enquanto
que para nós maçons ele é parte da explicação de quem somos.
Dando continuidade a leitura, estarei mostrando que vários líderes de A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons) tiveram uma intima relação de
conhecimento sobre sua existência e passagem pelo mais famoso de todos os templos.
Antes precisa ficar claro que contrário ao que algumas pessoas têm afirmado, não
existe nenhum conflito ideológico, religioso ou literário entre a Maçonaria e A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Maçonaria por não ser uma religião e não
tentar interferir nesta temática, em nada conflita com A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias ou qualquer outro seguimento religioso, me sinto um cristão mórmon
livre para continuar minha escalada maçônica.
Quando tomei a decisão de fazer esta compilação sobre a relação entre maçonaria e
os “mórmons”, confesso que fiquei em dúvida, meu receio era que em algum momento
viesse a ser interpretado como leviano ou passional. Tenho profunda e alicerçada fé nas
doutrinas de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, sinto que minha fé
completa-se com as normas e rituais da Maçonaria. Então pensei; dentro de meu contexto
social, sou eu no momento a pessoa mais qualificada para fazer um relato imparcial sobre
a relação existente entre as duas organizações, então é a isto que me proponho...
Talvez alguém não contextualizado com A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias ou Maçonaria venha a ter acesso a este trabalho, penso que algumas
colocações não ficarão claras para estes, então minha sugestão é que as dúvidas que
surgirem sejam direcionadas ao meu e-mail cesostre@hotmail.com que terei o maior
prazer em responder a todos os questionamentos. Peço tanto aos maçons, quanto aos
mórmons e a outros que vierem a ler este trabalho, paciência e ponderação, leia
desprovido de preconceitos, esqueça tudo que já foi dito sobre o assunto, e com espírito
desarmado, nutridos pela fé e pela razão, conclua por si só se o que está escrito é verdade
ou mentira.
Espero que o deguste destas páginas ajude dirimir dúvidas, pois esta é minha
intenção. Faço saber a todos: “se algum erro existir” nesta compilação, se alguma
impressão preconceituosa, discriminadora, ou conflitante com as doutrinas de Jesus
Cristo e ou normas da Maçonaria transparecer aqui, deve ser interpretado como
dificuldade de expressão deste autor. Não falo em nome de A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias, nem tão pouco em nome da Maçonaria, sou o único responsável
por este trabalho de pesquisa, as impressões e interpretações são minhas, e desta forma
devem ser compreendidas, convido a todos que despidos de preconceitos e ignorando
interpretações herdadas de escritos sensacionalistas façam a leitura, minha intenção é tão
somente ser fiel aos registros, pois esta é a história, este foi o fato... E aconteceu assim...
“A Maçonaria tem um aspecto externo visível, consistente em seu cerimonial, doutrinas e símbolos, e
acessível somente ao maçom que haja aprendido a usar sua imaginação espiritual e seja capaz de
apreciar a realidade velada pelo símbolo externo (...)” (Dicionário de Maçonaria, Joaquim Gervásio de
Figueiredo)
CAPÍTULO II

SIMBOLOGIA MAÇONICA

‫׵‬
Penso que por vivermos em um mundo competitivo, é natural aparecerem certos
desafetos, com a Maçonaria não poderia ser diferente. Acredito que o preconceito
formado a partir do medo, nascido na mente de indivíduos temerosos daquilo que lhes
parece inexplicável. Que temem aquilo que não compreendem, seja o verdadeiro
causador desta camada de nuvem negra de estigmas que paira sobre a mais antiga de todas
as fraternidades, pois o homem sempre temeu o que parece inexplicável.
Talvez por fazermos uso de certos rituais em nossas reuniões, e também por
mantermos um livro sagrado para a religião (uma Bíblia nos países de predominância
cristã) sobre um altar, algumas pessoas confundem Maçonaria com religião, mas não é.
Isso não significa que a religião não tem nenhuma importância para Maçonaria, pelo
contrário, é de extrema importância que o iniciado tenha uma fé definida. Uma pessoa
que deseja ser iniciado na Maçonaria regular terá que obrigatoriamente crer na existência
de um ser supremo, ser este a quem genericamente a Maçonaria chama de Grande
Arquiteto do Universo. Nenhum ateu jamais será aceito entre nós (Maçonaria regular).
Nossas reuniões são abertas com uma oração, e todo Maçom é ensinado sobre esta
necessidade. Aprendemos que sempre se deve orar ao divino e nele buscar orientação
antes de começar um empreendimento importante. Mas isso não torna a Maçonaria uma
"religião."
As primeiras alegações que ouvimos quando nos comparam a uma religião, é que
chamamos a nossos locais de reuniões de templos. Mas quando assim denominamos a
estes locais, fazemos no mesmo sentido que foi utilizado pela Juíza Ângela Prudente,
quando da inauguração do Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins ela denominou
aquela casa como "Templo da Justiça". Outro motivo que nos leva a chamar nossas Lojas,
templos, é a referência simbólica que fazemos ao Templo de Salomão. Nem Maçonaria
nem o Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins tornam-se uma religião somente por
que as pessoas que lá se reúnem denominam a estes locais como “templo”.
Nós maçons acreditamos na importância da religiosidade. Maçonaria encoraja a
todo Maçom, ser atuante em seu próprio contexto religioso. Maçonaria ensina que, sem a
crença no Grande Arquiteto do Universo, um homem está só e perdido, e que sem esta
crença, ele nunca alcançará seu pleno potencial.
Mas a Maçonaria não dita a uma pessoa que religião ele deverá seguir ou como ele
deverá exercer sua fé. Isso é algo que deverá ser definido entre o indivíduo e o Grande
Arquiteto do Universo. Essa é uma função de sua religião e não da Maçonaria. Aqueles
que tentam impor a Maçonaria a condição de religião, algumas vezes me questionam: “Se
Maçonaria não é religião, por que usa ritual?”.
Considero coerente quando algumas pessoas associam ritual a religião, mas esta
associação não deve ser genérica, uma vez que são utilizados rituais em vários aspectos
da vida, estes rituais são tão repetidos em nosso cotidiano que às vezes nos passam
despercebidos. Um ritual é somente um meio encontrado para que alguma coisa seja feita
de uma mesma forma. Na verdade a intenção é a padronização da rotina a ser seguida.
Tomando como exemplo as reuniões de pais e mestres nas escolas, observei que
elas iniciam com o diretor ou alguma outra pessoa chamando a atenção do grupo. Então o
grupo é levado a seguir um ritual simbólico de submissão, onde a pessoa que fala é centro
das atenções. Ainda hoje perdura a tradição e a rotina em certos Colégios Militares, antes
do inicio das aulas os alunos perfilados cantam o hino nacional e da bandeira. Isso é um
ritual.
Quase toda reunião empresarial tem uma leitura da ata da última reunião. Isso é um
ritual.
Existem muitos rituais sociais que são praticados em nosso dia-a-dia, damos um
aperto de mão para selar um acordo. Para comprar ingressos no cinema esperamos na fila
e não empurramos aqueles que estão a nossa frente. Existem centenas de exemplos que
literalmente são rituais.
Maçonaria faz uso de um ritual porque é um modo eficiente de ensinar uma idéia
importante. Os rituais que praticamos nos lembram quem somos, e onde estamos, da
mesma maneira que o ritual de uma reunião empresarial lembra as pessoas onde elas
estão e o que estão fazendo.
O ritual maçônico é muito rico porque é extremamente antigo. Foi desenvolvido
durante as eras do tempo para conter e expressar idéias através dos símbolos. Volto a
afirmar, não existe nada de anormal em fazer uso de rituais. Todos nós fazemos isto
diariamente.
Outra questão, que constantemente é levantada pelos opositores da Maçonaria é o
uso freqüente que fazemos dos símbolos. Mais uma vez recorrerei ao cotidiano para
demonstrar que esta prática é comum a todos, não somente a nós maçons. Nossos
símbolos e sinais facilitam nossa comunicação. Quando nos encontramos em um
determinado local de transito e observamos um semáforo vermelho, sabemos o que
significa, não é necessário ler a palavra "pare." Na realidade, usamos os símbolos
provavelmente por que é o modo mais antigo de comunicação e a melhor maneira de
ensinar algo.
A Maçonaria usa símbolos pela mesma razão. O "Esquadro e o Compasso" são
símbolos amplamente usados e conhecidos da Maçonaria. De certo modo, estes símbolos
são um tipo de marca registrada para a fraternidade tal como os "arcos dourados" são para
McDonald. Quando alguém observa um Esquadro e um Compasso em um edifício,
automaticamente entende que de algum modo um maçom ali se fez ou faz presente. Outra
coisa que posso dizer sobre a simbologia maçônica é que o Esquadro simboliza as coisas
da terra, e também simboliza honra, integridade, veracidade, e as outras maneiras pelas
quais nós devemos nos relacionar com as pessoas deste mundo. O Compasso simboliza as
coisas do espírito, e a importância de uma vida espiritual bem-desenvolvida, e também a
importância do autocontrole. O G representa Geometria, a ciência que os antigos
acreditavam revelar a glória do Grande Arquiteto do Universo e os trabalhos dele nos
céus, e também representa Deus (no cristianismo) Que deve estar no centro de todos
nossos pensamentos e de todos nossos esforços.
Os significados da maioria dos outros símbolos maçônicos são óbvios, se o curioso
ficar atento descobrira que todos fazem parte do cotidiano da humanidade... O martelo
ensina a importância do autocontrole e autodisciplina. A ampulheta nos ensina que o
tempo sempre está passando, e que sempre estamos a tomar decisões importantes, que
podem mudar nossos destinos e de outros.
Existe uma grande controvérsia por parte dos não iniciados sobre os símbolos
usados por nós (maçons) em nosso dia-a-dia. Algumas pessoas conseguem ver o mal em
tudo que se relaciona a Maçonaria, somos vitimas de escritores não iniciados que no afã
da fama, ou do zelo exagerado, durante décadas tem atribuído significados
completamente estranhos a nossa realidade, é bem verdade que a maioria destes escritores
está de algum modo ligado a uma denominação religiosa. Contudo a interpretação destes
símbolos a partir da compreensão destes pseudos pesquisadores não tem nenhum vinculo
com o real. Ao longo da história temos presenciado diversas interpretações daquilo que
“parece” ter sido dito por algum maçom que não sobe se expressar, e a partir daí as
interpretações desvirtuadas surgem para atender as necessidades destes que denominam a
si próprios buscadores de conhecimentos.
Para entender os significados de nossos símbolos, necessariamente precisamos
compreender que o simbolismo maçônico não representa uma única idéia, com um único
e inequívoco significado. Na verdade, os símbolos são compostos de três formas a serem
entendidas. É correto dizer que estas formas estão bem próximas, mas também sendo
coerentes devemos entender que estas formas têm significados diferentes.
A forma que menos aceito é a chamada interpretação pelo "simbolismo pessoal" no
qual a interpretação tem sua origem a partir da compreensão de cada pessoa. É desta fonte
que tem surgido aquilo que denomino de “lixo”, pois esta é a maior fonte de fantasia que
tem cercado os símbolos maçônicos. Baseado neste contexto qualquer pessoa pode
atribuir qualquer interpretação a qualquer símbolo, e infelizmente, muitos escritores
maçônicos tem enveredado por este caminho.
Em contraste a esta forma, temos a interpretação simbólica que denomino de
verdadeiro "simbolismo maçônico", esta é a mais aceitável de todas, é nesta forma de
interpretação que símbolos específicos são explicados por autoridades maçônicas
respaldadas principalmente em nossas tradições e rituais.
A última forma, esta que denomino de "simbolismo comparativo" onde a
simbologia é comparada aos princípios de uma ou várias religiões que o pesquisador estar
a estudar no momento, e a partir daí, passa a comparar levando em conta as semelhanças
e diferenças, usando como fiel sua compreensão das coisas. Note-se que esta forma de
interpretação é muito similar a forma do “simbolismo pessoal”. Considero esta a mais
perniciosa de todas, ela é comumente utilizada pelos escritores religiosos (principalmente
protestantes) que utilizando dos artifícios da escrita fazem constantes comparações para
associar Maçonaria ao maléfico.
Alguns religiosos cristãos investidos de intolerância por vezes têm acusado a
Maçonaria de excluir Jesus Cristo de nosso contexto. Isto surge por falta de compreensão
de regras específicas da Maçonaria, pois todo Maçom sabe que em respeito à
diversificação religiosa em nosso seio, é terminantemente proibido as discussões
sectárias, portanto nomes como Jesus Cristo, Maomé, Buda, etc., ou ainda temas
partidários políticos estão excluídos de nossos trabalhos quando tratados como únicos
detentores de uma verdade. Penso que as discussões ideológicas, sejam elas religiosas,
partidárias ou quaisquer outras; são temas semelhantes a um jogo mundialmente
conhecido como “jogo da velha” neste jogo não existe um ganhador, e após horas
brincando se descobre que ambos perderam seu tempo. Assim são as discussões
sectaristas, ao final de horas de discussão, conclui-se que tudo aponta para uma única
direção, à dissensão e a divisão. E contra estas coisas todo maçom deve ser contrário.
Devemos entender que na visão maçônica todo iniciado é um irmão, isto no sentido literal
da palavra.
Os intolerantes alegam que raramente um maçom se refere a Deus ou Jesus Cristo,
digo a estes que deveriam buscar aprender mais sobre nosso contexto antes de falarem
tais coisas. A Maçonaria adotou ao longo dos séculos a expressão “Grande Arquiteto do
Universo” em respeito à diversificação religiosa existente no mundo, não é segredo para
ninguém que as religiões existentes estão em constante digladio, onde cada uma reclama
para si o privilégio de estar certa, então nada mais justo e perfeito do que usar uma
nomenclatura que sendo usada uma única vez faça referencia a todos os seguimentos
religiosos, sem trazer para dentro da Maçonaria as disputas religiosas externas.
Religiosos cristãos alegam que um Maçom a fazer suas orações deveria voltar seus
pensamentos inteiramente ao nome de Jesus Cristo. Os que a isto reclamam, deixam
claras provas de seu desconhecimento do contexto maçom, não sabem eles que nenhum
cristão maçom ou qualquer que seja o seguimento religioso está proibido por nossas leis
de fazer suas orações direcionadas aquele a quem sua fé reclama como verdadeiro. A
oração feita dentro da Loja é realizada de uma forma que respeite a todos os seguimentos
religiosos que estão presentes. Porém nada impede um Maçom (de forma individual)
acrescentar mentalmente a oração o nome de Jesus Cristo.
A Maçonaria não desdenha das religiões. Não exclui Jesus Cristo de seu contexto.
Nós maçons nos reunimos sem propósitos religiosos, sendo assim, qualquer menção
sectária seria imprópria para o momento.
Nenhum Maçom estar impedido por nossas leis de seguir a doutrinas religiosas que
sua consciência ditar, porém, é uma reivindicação nossa que todo iniciado deva acima de
tudo colocar sua submissão ao Grande Arquiteto do Universo que é Deus, a família e por
último a Fraternidade maçônica.
Tentar localizar o nascimento da Maçonaria em algum momento da história, é uma tarefa árdua, não
existe a possibilidade de consenso até mesmo entre os pesquisadores Maçom... Muito já se falou. Provas
cabais de um possível nascimento na Idade Média, para tristeza de historiadores convictos, foram
destronadas por documentos datados de 914 d.C. Considero infrutífera qualquer tentativa de apontar
uma data exata. A mim basta saber que estávamos presente quando os elementos foram organizados e o
primeiro planeta tomou forma, também estávamos presente quando as pirâmides do Egito foram
construídas. Na Torre de Babel nossas línguas foram confundidas, pois também estávamos lá. Nos
artífices de Tubal Caim nossa marca ficou registrada. Quando o Profeta Amós viu a Deus junto ao
muro (que construímos), mais uma vez a história registrou nossa presença, também estávamos lá.
Colocamos a primeira pedra no Templo de Salomão e retiramos à última. Assim é a maçonaria, “sem
inicio ou fim de dias”. (... e houve luz – Trabalho de Grau por Cesóstre Guimarães de Oliveira – Loja
Maçônica Humanidade e Concórdia nº 2851)
CAPÍTULO III

A ORIGEM DA MAÇONARIA

‫׵‬
Nesta parte do livro estarei fazendo uma sinopse de fatos por mim considerados
relevantes na história da ordem, na verdade o que segue é somente uma síntese daquilo
que alguns apontam como verdade, trago para reflexão um pouco daquilo que foi pensado
por pesquisadores da Maçonaria.
Qualquer um que de algum modo tenha ligação (ou não) com a maçonaria já se
perguntou: Qual sua origem, como tudo começou? Nesta primeira parte não tenho a
intenção de responder a estes questionamentos, até mesmo por que este não é o objetivo
central desta compilação, apenas exponho os fatos, e caberá a cada um decidir qual versão
mais lhe agrada.
Não nego que a origem da Maçonaria esteja completamente envolvida em mistérios
para o não iniciado, seu surgimento tem sido constante tema de discussão entre
pesquisadores de sua história, nenhum outro tópico na literatura da instituição é tão
debatido quanto este. Escritores têm atribuído diferentes origens a ordem, alguns têm dito
que ela nasceu nos primeiros momentos da Religião Judaica, outros afirmam ter surgido
na construção do Templo do Rei Salomão, e alguns outros apontam sua manhã primaveril
na ordem dos Cavaleiros Templários. Ainda existem aqueles que insistem em nos dar
como berço os sindicatos dos Pedreiros Operativos da Idade Média, tomando como base
o ano de 1717 quando foi organizada a Grande Loja da Inglaterra, estou propenso a
aceitar qualquer outra teoria, mas discordo em especial desta. É fato histórico irrefutável
que a ordem já existia há muito mais tempo, os fatos e registros históricos comprovam
isto. Não sei precisar quando surgimos, nem tento explicar o que considero inexplicável.
Prefiro acreditar que somos bem mais antigos que os momentos apontados por escritores
afoitos e desejosos por fama. Tenho como verdadeiras as afirmações de Joseph Smith,
Brigham Young, Heber C. Kimball e outros líderes de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias (Mórmons), eles afirmavam que a Maçonaria era tão velha quanto o
mundo. (“Dialogue A Journal of Mormon Thought” -http://www.dialoguejournal.com).
Aconselho aquele que ler a continuar a leitura e ao final concluir por si só se tenho ou não
razão.
Em 1723 foi publicado em caráter oficial um texto editado pela Grande Loja da
Inglaterra onde diz que a maçonaria deu seus primeiros passos a partir das idéias de um
dos descendentes do primeiro assassino da humanidade, Lameque, o cego. Segundo
pesquisas feitas por alguns historiadores maçons, a doutrina de Lameque foi perpetuada
por sua linhagem, chegando até o Rei Salomão, cuja história da construção do seu
Templo serviu de personificação aos ideais sociais e espirituais da Maçonaria. Porém,
antes desta versão existia outra bem mais antiga, que era aceita como verdadeira. Baseado
em alguns documentos antigos da Maçonaria alguns têm apontado Ninrod o idealizador
da Torre de Babel como nosso possível precursor.
Um manuscrito de origem inglesa e autor por mim desconhecido (em nenhuma
fonte encontrei referencias sobre quem o tenha escrito primeiro), datado de 1430, faz
referência a Ninrod afirmando ser ele o primeiro Mestre Maçom, Ninrod era filho de Ham
e descendente direto de Noé, penso que por este motivo seja comum observar que em
alguns documentos anteriores a 1717 os maçons às vezes são chamados de: “Filhos de
Noé”. Este mesmo Ninrod é apontado como o autor do que seria a base para as principais
leis e constituições maçônicas, segundo a tradição escrita, consta em velhos pergaminhos
que ele mesmo iniciou seus irmãos enquanto supervisionava a construção da Torre de
Babel. É também atribuída a ele, pela tradição Árabe a fundação de uma cidade na
Mesopotâmia (atual Turquia), ainda hoje alguns escritores locais por vezes a chamam de
“Trono de Ninrod”, seria esta uma prova da veracidade desta “lenda?”. Também é
atribuída ao mesmo Ninrod a edificação das cidades de Nínive e Babel (Babilônia).
Rebuscando nos textos bíblicos, e em outros textos também antigos, cheguei à
conclusão que a construção da Torre de Babel tinha como principal objetivo a união das
realidades visíveis e invisíveis, terrenas e divinas, assumindo o lugar de Pilar do Mundo.
Com a queda do primeiro homem (Adão), a raça humana agora largada em um mundo
frio e sombrio iniciou desesperadamente a procura por uma forma de retornar a seu
primeiro estado de pureza edênico, a intenção era reconquistar os privilégios perdidos
junto a Deus. Vemos este desejo de ascensão expresso de modo claro na construção da
Torre de Babel, gostaria de ressaltar aqui que o nome Babel, em sua literalidade significa
“Portão de Deus”. Alguns registros antigos afirmam que a torre era constituída de sete
zigurates que simbolizavam as sete forças planetárias, forças estas que regeriam o destino
da humanidade, permitindo desta forma, e de modo simbólico a cada iniciado ultrapassar
as barreiras que mantêm o homem separado da deidade e nele tocar, voltando então a seu
antigo estado de pureza.
Outra lenda árabe é usada na tentativa de dar veracidade ao relato, diz à lenda que
Ninrod construiu a Torre de Babel para que de seu ponto mais alto voasse até o Céu em
seu carro de ouro puxado por quatro pássaros com formas humanas.
Outros autores bem como Michael Howard e Nigel Jackson, afirmam que tal lenda
alegoricamente representa a queda dos anjos que inconformados com o exílio na terra
estão empenhados a qualquer preço em romper as sete dimensões que os impedem de
regressar ao seu estado celestial. Conforme alguns escritos antigos de origem judaica,
Ninrod seria descendente dos Nefilins (Vide Genesis Capítulo 6), isto explicaria seu
desejo de unir a terra ao céu e sua constante luta para retornar ao paraíso.
Devemos entender que esta é somente uma das muitas versões que tentam explicar
a origem da Maçonaria, existem outros textos que endossam as lendas, mais mesmo estes
não são conclusivos ao ponto de dirimir qualquer dúvida, por isso chamamos estes fatos
de lendas. Cabe a quem ler interpretar por sua própria ótica e a partir daí tirar suas
próprias conclusões, o tema é polemico, e ainda muito será dito sobre isto. Aquele que ler
deve ter consciência que o consenso nunca virá. Pois bem sabemos que o mistério, o
oculto, o sigiloso é o maior patrimônio da Maçonaria. As versões existem, escolha uma.
Apresentando agora mais uma versão convido-o a contextualizar-se com a história,
no ano de 1096 o Papa Urbano II tencionando recuperar Jerusalém que se encontrava
cativa dos seguidores de Maomé convoca os cristão para uma “guerra santa” dando início
ao movimento religioso militar denominado historicamente de cruzadas, três anos depois
os cristãos católicos conquistam Jerusalém matando todos os habitantes. Em 1118 o Rei
Balduíno governa absolutamente sobre a cidade santa, com o estabelecimento do poder
católico sobre Jerusalém duas organizações religiosas se estabelecem na cidade, uma
delas eram os “Hospitalários Cavaleiros de São João”, que tinha como principal objetivo
cuidar dos doentes e feridos, a outra trazia características menos humanitárias, pois se
destacavam por estarem voltados para a causa militar e se autodenominavam “Os Pobres
Cavaleiros de Cristo” e são eles os precursores dos Cavaleiros Templários, que
trataremos a seguir.
A organização que inicialmente contava com poucos membros que eram liderados
por um cavaleiro de Burgundian, Hughes de Payens e mais oito amigos (alguns escritores
dizem ter sido seis) tomou para si a responsabilidade de representantes da igreja cristã em
Jerusalém, inicialmente a intenção era proteger os peregrinos que marchassem rumo à
cidade santa.
Eles receberam de Balduíno II um estábulo que ficava ao lado da mesquita de
Al-Aqsa para que lá estabeleçam seu quartel general. O Livro da Lei (Bíblia) deixa claro
que o lugar onde foi construída esta mesquita era o Monte Moriah (II Crônicas 3:1),
supostamente onde anteriormente havia sido construído o Templo de Salomão. Foi em
função do templo que estes Cavaleiros receberam o nome de Templários.
Estes protetores dos cristãos haviam feito votos de pobreza, e adotavam em seu
brasão dois cavaleiros em um só cavalo, a intenção era mostrar sua absoluta pobreza, já
que não tinham dinheiro para comprar um cavalo. Os primeiros nove anos dos também
chamados “Commilitones Christi Templique Salomonis” ou “Os pobres Cavaleiros de
Cristo e do Templo do Rei Salomão” foram transcorridos sem quase nenhum
crescimento, ninguém queria arrisca-se por uma causa ou uma organização onde não
havia ganhos reais, mais muito em breve a organização tomaria novos rumos, seu
crescimento seria fantástico. No ano de 1127 os cavaleiros vão a Roma pedir o apoio do
Papa para sua causa, e lá conhecem St. Bernard de Clairveaux, que era líder dos Monges
Beneditinos a partir daí a história dos “Pobres Cavaleiros de Cristo” toma novos rumos, e
em breve já muito ricos contando com o apoio do Papa e de vários homens ricos eles
passam a ser denominados simplesmente de “Cavaleiros Templários”.
Com a fama e dinheiro a ordem ficou conhecida, e logo se tornou uma necessidade
entre aqueles que desejassem demonstrar sua fidelidade a Igreja Católica ingressar nesta
fraternidade. O respeito, a admiração e a grande riqueza destes cavaleiros compunham
junto com a religiosidade os atrativos que os impulsionavam a ingressar na ordem. A
fortuna destes templários era tamanha que chegaram ao ponto de fazer empréstimos a
reinos, inclusive não cristãos (muçulmanos). Muitos se destacaram na ordem, entre estes
guerreiros da fé estava o Conde de Anjou que posteriormente foi coroado Rei de
Jerusalém. Observamos assim que a ordem dos Cavaleiros Templários só foi instituída
aproximadamente mil anos após a destruição do templo de Jerusalém pelo exército
romano sob a liderança de Vespasiano e seu filho Titus, dando cumprimento a profecia
que dizia: “não ficara pedra sobre pedra”. (Mat. 24:2.)
É um fato histórico que nenhuma pedra de esquina do Templo foi quebrada e que os
Cavaleiros Templários afirmavam ser praticantes dos verdadeiros rituais e cerimônias do
Templo de Salomão. Ao estudar a história dos Cavaleiros me veio uma pergunta; se eles
tinham registros das cerimônias e ordenanças do Templo de Salomão, onde obtiveram
estes registros? Christopher Knight e Robert Lomas autores do livro “A Chave de
Hiram”, afirmam que os templários trabalharam de modo incansável na busca destes
registros. Eles se revezavam em escavações arqueológicas no local onde antes estava o
templo de Salomão. E lá encontraram peças arqueológicas que lhes deu muita luz sobre as
sagradas práticas templárias. Neste momento alguns pesquisadores dizem, ter de fato
iniciado a Maçonaria.
Já Matthew Ramsey, pesquisador e escritor do assunto, embora concorde que a
Maçonaria tenha sua origem nos Cavaleiros Templários aponta outro momento de
nascimento da Ordem. Ainda existem muitos outros pesquisadores do assunto que
calculam o surgimento da Maçonaria em tempo anterior aos Templários, mas neste
momento não os comentaremos, deixarei isto para outro projeto onde pretendo detalhar
todas as teorias de surgimento da maçonaria.
Após se estabelecer em Jerusalém (entre 1118 e 1314), e se tornarem uma
organização poderosa e rica os Cavaleiros Templários começaram a atrair olhares de
cobiças para seu imenso patrimônio. Sabemos que um Templário só se submetia as
ordens do Papa, inclusive alguns escritores afirmam que entre outras atribuições eles
eram a guarda pessoal do Papa, sua submissão era inteiramente voltada para o
“representante de Deus”, e viviam para proteger Jerusalém. Eles se comportavam em pé
de igualdade com os reis, até mesmo Felipe o Belo, Rei da França os temia. Após alguns
anos Jacques De Molay que também era monge católico, assumiu a liderança dos
Cavaleiros Templários com o titulo de Mestre Principal.
O Papa de então era Clemente V, e Phillippe O Belo era Rei da França. O primeiro,
diga-se de passagem, era um fantoche nas mãos do Rei da França, havia chegado ao
“Trono de Pedro” graças às armações de Felipe o Belo que se encontrava completamente
falido. De olho na fortuna dos Templários Felipe o Belo resolveu destruir a ordem e isto
faria com a ajuda de sua marionete o Papa Clemente V, juntos arquitetaram a única
acusação que poderia destruir a ordem dos (não tão) Pobres Cavaleiros de Cristo, heresia,
seria esta a acusação. Como parte deste maquiavélico plano, O Mestre Principal Jacques
De Molay que se encontrava em Jerusalém e estava preparando mais uma expedição para
rechaçar ataques sofridos por peregrinos cristãos por parte dos seguidores da religião
islâmica, recebe ordem do Papa Clemente V para retornar a França, no que é obedecido
de imediato. Na chegada Jacques De Molay foi recebido com grandes demonstrações de
amizade por parte da igreja, mas em seguida o rei ordenou sua prisão e também a de
vários outros Cavaleiros Templários sob acusação de vários crimes hediondos. Mas as
acusações concentravam-se particularmente nas alegações de que todos eram praticantes
de rituais secretos que incluíam adoração de um demônio chamado Baphomet, pisar,
negar e cuspir na cruz, práticas de sodomia e homossexualismo, além de juramentos de
iniciação conspiratórios. Isto tudo aconteceu no dia 13 de outubro de 1307, vindo daí a
superstição de que o dia 13 é um dia de azar.
Após serem torturados foram fossados a reconhecer uma culpa que não lhes
pertencia, no cumprimento de uma ordem do Arcebispo de Sens, Jacques De Molay, e
outros membros da Ordem foram queimados vivos em praça publica no dia 18 de março
de 1314. Mas antes de sua morte Jacques De Molay designou Johan Marcus Larmenio
como seu sucessor para o oficio de Mestre Principal. Encontrei em alguns livros uma
afirmação interessante, registram os autores que enquanto ardia na fogueira Jacques De
Molay disse a Clemente V e Felipe o belo, que antes que se completasse um ano de sua
morte ele os aguardaria no tribunal dos céus para prestarem contas de seus crimes, se isto
procede não sei, mais é fato histórico que no mês seguinte Clemente V veio a falecer e
Felipe o belo seguiu o mesmo caminho sete meses depois...
Em continuidade aos planos de aniquilação da ordem dos templários Clemente V
declarou extinta a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo ou Templários, os membros
desta organização que tanta fidelidade devotou ao líder maior do catolicismo, agora eram
pela igreja caçados como feras, onde houvesse um templário, a ordem do Papa era que
fosse entregue as autoridades eclesiásticas, afim de que fossem interrogados (torturados),
caso houvesse a confissão, ou não, deveriam ser mortos. Com a execução do Mestre
Principal Jacques De Molay e de vários outros cavaleiros a organização se viu
momentaneamente desorientada. Os cavaleiros Templários na tentativa de sobreviver, se
espalharam por toda Europa. Alguns dos que fugiram para Portugal assumiram o título de
Cavaleiros de Cristo e depois de algum tempo tiveram Dom Henrique, o rei, como seu
Grão Mestre. Outros Cavaleiros que fugiram para a Escócia foram acolhidos pelo Rei
Robert Bruce, e lá o Rei não permitiu que nenhuma forma de represália fosse imposta aos
Templários, talvez por isto a Escócia tenha influenciado de modo cabal a Maçonaria
mundial. Lá os Templários se estabeleceram com o título de Ordem dos Pedreiros Livres
e Aceitos do Rito Escocês. Isto aconteceu no ano de 1314 e também atesta contra a teoria
que aponta o ano de 1717, como momento do nascimento da Maçonaria.
Alguns pesquisadores têm dito que durante muito tempo a nova Ordem dos
Templários manteve um juramento que tinha por objetivo vingar a morte de Jacques De
Molay. Mas depois da morte do Papa Clemente V parece ter sido descontinuado este
juramento. A Ordem voltou sua atenção para alegorias e símbolos, e a analise de extensos
textos da Bíblia que eram utilizados como introdução em suas cerimônias.
Vivendo agora na clandestinidade pouco ficou registrado sobre as atividades dos
remanescentes dos templários. Finalmente na noite de 24 de junho de 1717 as quatro
maiores lojas maçônicas da Inglaterra resolveram tornar publica suas existências, foi
oficialmente criada à primeira Loja Principal de Londres. Hoje na maioria dos países
onde estamos (maçons) a maçonaria é uma organização civil devidamente registrada em
cartórios e legalizada
Depois da criação da Loja Principal, a Maçonaria se espalhou rapidamente por toda
Europa, e em 1732 os maçons cruzaram Atlântico rumo a América. A teoria de Chevalier
Ramsey afirma que a Maçonaria moderna teve seu berço na Sociedade dos Cavaleiros da
Escócia sob a proteção de Robert Bruce, com o titulo de Rito Escocês Antigo e Aceito.
Caso ele esteja certo entendo então que seria coerente afirmar que tudo iniciou com a
Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo, contendo enxertos de práticas comuns aos
antigos mistérios praticados no Egito, Caldeia, Grécia, Suméria e outras nações antigas.
Mas, como eu disse no inicio desta compilação, estas são somente algumas das versões
apresentadas como nossa origem, o consenso não existe.
“Cremos na coligação literal de Israel e na restauração das Dez Tribos; que Sião (a Nova Jerusalém)
será construída no continente americano; que Cristo reinará pessoalmente na Terra; e que a Terra será
renovada e receberá sua glória paradisíaca”. (10º Regra de Fé)

“Continuarei a fazer uma obra maravilhosa no meio deste povo, uma obra maravilhosa e um assombro”.
(Isaías 29:14)

“Pois estou prestes a restaurar na Terra muitas coisas relativas ao sacerdócio, diz o Senhor dos
Exércitos”. (D & C 127:8)
CAPÍTULO IV

ORIGEM DO MORMONISMO

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Farei agora uma breve pausa no relato quanto às origens da maçonaria, tratarei
agora de detalhar as razões que culminaram com a organização oficial de A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mas para isto se faz necessário retrocedermos
na história. Já que os motivos que impulsionaram a reorganização estrutural do que nós
mórmons definimos como a verdadeira Igreja de Jesus Cristo (e é verdade), tem suas
razões respaldadas em acontecimentos ligados a momentos imediatamente posteriores a
morte de Jesus Cristo.
Ressalto aqui uma das doutrinas de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias, que diz: logo após a morte de Jesus Cristo e de seus primeiros Apóstolos, a Igreja
criada a partir de seus ensinamentos iniciou um processo de decadência já na segunda
metade do primeiro século da era cristão. A apostasia, expressão utilizada pela Igreja para
definir esta decadência acentuou-se gradativamente nos anos seguintes. Conforme
podemos acompanhar analisando a história já por volta do IV século a Igreja cristã
existente conservava muito pouco dos traços da Igreja original, com isso iniciava-se um
processo que nós mórmons denominamos “era das trevas” ou “grande apostasia”. É dito
que com a morte dos Apóstolos, os líderes locais da Igreja foram aos poucos assumindo
mais autoridade. Estes líderes passaram a controlar e estabelecer as regras e doutrinas
para seus domínios, sob alegação de serem eles os legítimos sucessores dos Apóstolos.
Aos poucos, os líderes de cidades romanas de maior relevância política assumiam a
liderança sobre todos os outros líderes espalhados pelo Império Romano e suas
respectivas regiões, descentralizando as idéias doutrinárias. Entendo que a diversificação
de práticas doutrinárias crescia à medida que estes líderes passaram a se fundamentar na
lógica e na retórica, afastando-se assim dos ensinamentos de Jesus Cristo retransmitidos
pelos Apóstolos.
Logo após a morte de Jesus Cristo, sua doutrina rapidamente se espalhou por todo o
Império Romano levada pelos seguidores da nova fé, que temendo represálias por parte
dos líderes do judaísmo buscavam novo local para se estabelecerem, este movimento de
expansão se alargou com a completa destruição do estado de Israel pelo Imperador Tito
(no comando de 24000 soldados) no ano 70 d.C. Mais a postura dos “cristãos” em não
aceitarem os padrões sociais romano, e suas negativas em assumir cargos políticos, como
também engajar no exercito fez com que passassem a ser visto com maus olhos pelos
governantes que os consideravam anti-sociais. A partir daí a história registra momentos
de extrema intolerância e perseguição religiosa.
Os cristãos eram constantemente vitimas da intolerância generalizada no Império
Romano. Muito sofrimento lhes foi infligido até que em 312 d.C motivado pelo
preconizado desmoronamento do já desgastado império, e na tentativa de insuflar a
unanimidade política em uma tentativa desesperada de salvar a herança de seus filhos, o
Imperador pagão Constantino promulgou o “Édito de Tolerância” onde concedia a todos,
o direito de adorar quem, onde e como desejassem, cancelando definitivamente as
medidas do estado que visavam à supressão do cristianismo. É válido registrar que
Constantino só veio a se tornar cristão bem próximo de sua morte, e esta era mais uma
tentativa sua de transformar os cristãos (que neste momento já ultrapassavam a casa dos
milhares) em seus aliados. Mais a história secular registra que o fabuloso Império
Romano estava com seus dias contados, sua queda era inevitável.
Vendo a debilidade do moribundo Império Romano os povos bárbaros iniciaram
invasões sistemáticas a Europa Ocidental, e em 410 d.C a capital do Império Romano foi
saqueada por estes povos. Era o sinal claro de que a Mãe Loba havia finalmente cansado.
Os godos, vândalos e os hunos cruzaram as fronteiras e aniquilaram as unidades do
ocidente, iniciando com isso o surgimento de vários estados independentes. Os líderes
políticos locais assumiam cada vez maiores influencia sobre suas cidades, afastando-se
assim do controle de Roma. Agora dominados por um povo que não preservava o
conhecimento, um povo para quem arte era sinônimo de conquista militar, o fragilizado
Império Romano deixa de existir. Conseqüentemente nos próximos séculos em vários
países da Europa a cultura, a educação e a moral entraram em decadência iniciando-se
assim aquilo que a história chama de Idade das Trevas.
Em meio a tudo isso livres pensadores deram inicio no século XIV por toda a
Europa um movimento cultural denominado Renascimento, este movimento preconizava
um maior interesse pela cultura grego-romana, fundamentados neste movimento os
artistas abandonaram o misticismo passando a utilizar novas técnicas na escultura, arte e
literatura. Foi esta a era da construção das grandes catedrais.
Este movimento renascentista também foi uma época de profundas mudanças
espirituais que culminaram com o movimento religioso conhecido como “Reforma”.
Neste contexto muitos nomes se destacaram, o mais famoso de todos foi Martinho
Lutero. Ele nascido em Eisleben, Saxônia, no dia 10 de novembro de 1483 iniciou sua
carreira estudando Direito, mas em 1505 abandonou a advocacia para se dedicar a vida
religiosa. Lutero desde tenra idade vivia constantes conflitos ideológicos, parecia
atormentado pelas discrepâncias existentes entre as doutrinas ensinadas pelos líderes
católicos e suas práticas. Viajando para Roma em 1510 ele deparou-se com um clero
decaído e distanciado daquilo que ele imaginava serem os verdadeiros princípios do
Cristo, ficou extremamente chocado com a corrupção do clero e a apatia religiosa que
aparentemente pairava sobre as pessoas. A partir daí Lutero se tornou um ferrenho
contestador do catolicismo, suas constantes críticas a religião, aos poucos se estenderam
para o campo político. Irritado com as acusações de Lutero o líder da Igreja Católica o
intima a se retratar, Lutero nega-se a obedecer a ordem Papal, e em clara demonstração de
rompimento com o clero dominante afixa no dia 31 de outubro de 1517 suas noventa e
cinco teses na porta da capela de Wittenberg, nestas, ele questionava a venda de
indulgências. Mais que imediatamente temendo perder o controle da situação e em
represália o Papa excomunga “o infiel”, iniciava aí oficialmente a reforma protestante.
Seguindo os passos de Lutero vários outros reformadores foram surgindo, mais ele
ainda hoje é considerado o maior de todos.
Nós membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias aceitamos
que estes homens agiam protegidos por Deus nesta perigosa missão de reconstrução da
verdadeira Igreja de Jesus Cristo, porém, também sabemos que não eram eles aqueles que
deveriam conduzir a restauração definitiva da verdade, o que eles faziam era apenas o
trabalho preparatório para o verdadeiro restaurador.
Em continuidade a este processo de restauração do verdadeiro evangelho de Jesus
Cristo, a América foi descoberta e colonizada, cumprindo aí uma profecia de Moroni um
antigo profeta das Américas, que dizia: “Eis que esta é uma terra escolhida e qualquer
nação que a habitar se verá livre da servidão e do cativeiro e de todas as outras nações
debaixo do céu, se apenas servir ao Deus da terra, que é Jesus Cristo, o qual foi manifesto
pelas coisas que escrevemos”. (Éter 2:12).
Em minhas pesquisas encontrei alguns historiadores que afirmam serem as razões
econômicas os fatores determinantes da migração para a América, mas esquecem da
questão religiosa, esquecem que a busca por liberdade de culto também foi outro fator,
talvez até mais determinante nesta migração. Estes foram os acontecimentos que
prepararam o caminho para o retorno da Igreja de Jesus Cristo a terra.
Durante muito tempo o ensinamento surgido a partir da compreensão dos
reformadores se estabeleceu na Europa e se espalhou por todo o mundo, mais ainda não
era a restauração da verdadeira Igreja de Jesus Cristo, um movimento de abrangência
espiritual muito maior estava sendo preparado por Deus, movimento este que ai sim,
concretizaria os planos de Deus.
Nos Estados Unidos da América em uma manhã de primavera, Joseph Smith Júnior
um garoto de apenas 14 anos, dirigi-se a um bosque para orar. Em seu diário pessoal ele
registrou suas dúvidas, embora ainda muito garoto, ele tinha algumas inquietações quanto
à religião, inconformado com as disputas dos líderes locais por adeptos, onde todos
diziam serem os verdadeiros guardiões das verdades do cristianismo, lendo sua bíblia
deparou-se com uma escritura na Bíblia (contida em Tiago 1:5), onde diz: “Ora, se algum
de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não censura, e
ser-lhe-á dada”.
Seguindo as instruções desta passagem bíblica, Joseph retirou-se para orar. Era uma
bela manhã de primavera em um dia claro do ano de 1820. Conforme escreveu
posteriormente em seu diário esta seria a primeira vez em sua vida que faria uma oração
em voz alta.
Chegando ao bosque olhou ao redor para confirmar se estava completamente só,
ajoelhou-se e iniciou a oração externando todos os desejos de seu coração. Tão logo
proferiu as primeiras palavras, sentiu uma força misteriosa se apoderando dele, esta força
assombrosa de presença tão marcante lhe travou a língua deixando incapaz de balbuciar
qualquer palavra. Neste momento uma intensa escuridão o cercou deixando nele a
impressão que morreria.
Juntando todas as suas forças clamou a Deus que o livrasse do poder desse inimigo
invisível, já quase completamente dominado por esta força do mal, e pronto para morrer
ele viu um pilar de luz acima de sua cabeça. Segundo suas palavras este pilar tinha um
brilho mais intenso que o sol, e descia lentamente sobre ele.
Ao ver a coluna de luz, sentiu-se livre do inimigo que o dominava, então ele pode
notar dois “Personagens cujo esplendor e gloria desafiam qualquer descrição, pairando no
ar”, Um dos personagens lhe falou, chamando-o pelo nome, e disse, apontando para o
outro: "Este é Meu Filho Amado. Ouve-O!". A partir deste momento a vida de Joseph
sofreu mudanças radicais, perseguido por líderes religiosos e outras pessoas que o
taxavam de louco, visionário, charlatão, entre outros adjetivos depreciativos. Mais nada
era suficiente para parar o jovem Joseph, como ele mesmo deixou registrado em seu
diário: “Tinha realmente visto uma luz e, no meio dessa luz, dois Personagens; e eles
realmente falaram comigo; e embora eu fosse odiado e perseguido por dizer que tivera
uma visão, isso era verdade; e enquanto me perseguiam, injuriando-me e afirmando
falsamente toda espécie de maldades contra mim por dizê-lo, fui levado a pensar em meu
coração: Por que perseguir-me por contar a verdade? Tive realmente uma visão; e quem
sou eu para opor-me a Deus, ou por que pensa o mundo fazer-me negar o que realmente
vi? Porque eu tivera uma visão; eu sabia-o e sabia que Deus o sabia e não podia negá-la
nem ousaria fazê-lo; pelo menos eu tinha consciência de que, se o fizesse, ofenderia a
Deus e estaria sob condenação”.
Após muitas dificuldades e perseguições, no dia 6 de abril de 1830 a Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias foi oficialmente registrada, era o fim definitivo e
oficial da era da escuridão, o evangelho restaurado novamente estava sobre a terra.
É uma reivindicação nossa (mórmons) que as doutrinas básicas em que cremos
estão alicerçadas no fundamento de nossa fé que é Jesus Cristo, cremos em sermos os
verdadeiros seguidores de seu evangelho.
Diferentes da Maçonaria, não reivindicamos nenhuma relação com os mistérios
antigos do Egito, Grécia, Roma, Síria, etc. Todas as nossas tradições se baseiam
unicamente na doutrina ensinada pelo Salvador Jesus Cristo.
Não somos uma seita no sentido pejorativo da palavra, e também não nascemos da
vontade dos reformadores, somos a restauração daquilo que ensinou Jesus Cristo,
existimos por que esta é sua vontade. Nossas crenças não foram copiadas em parte ou em
todo de qualquer outro seguimento religioso ou doutrinário, não nos baseamos em
nenhuma sociedade, ou organização além daquilo que foi preconizado por Jesus Cristo.
Nossas origens não estão “aninhadas” na Maçonaria como alguns querem fazer crê, e se
alguma influencia recebemos desta fraternidade, posso afirmar que isto aconteceu por
que estas influencias são originárias do autentico cristianismo, sei disso por que sou
conhecedor de ambas, sou Maçom e membro ativo de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias.
Quando compartilhamos nossa doutrina estamos a ensinar o evangelho de salvação,
da mesma maneira que nos foi ensinado por nosso Deus e o Salvador Jesus Cristo, nossa
missão é propagar este evangelho na dispensação que vivemos.
Quanto às semelhanças que alguns alegam existir entre as ordenanças do templo e
rituais da Maçonaria, se existe, isto não é evidencia de que o autentico cristianismo foi
copiado. Mas tão somente isto nos provê provas de que no passado, em épocas remotas,
houve um encontro e posterior desencontro, onde as duas organizações beberam de uma
mesma fonte de conhecimento (Templo de Salomão).
A história de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias vai além daquilo
que aqui registrei, para ser mais minucioso seria necessária escrever um livro somente
com este objetivo, portanto, me omitirei a fazer aqui um relato completo de como
aconteceu este processo de reconstrução da sagrada doutrina de Jesus Cristo. Se o leitor
tiver interesse em se aprofundar neste assunto poderá checar junto ao site www.lds.org.br
neste endereço o processo de restauração é tratado de modo detalhado. Pois como se trata
de um assunto demasiadamente longo optei por omitir uma descrição literal nestas
páginas.
“Algumas vezes Hiram Abiff é citado no Antigo Testamento como um mestre em metalurgia, enviado
pelo rei de Tiro a Salomão quando da construção do Templo, mencionado em Reis I, 7: 13-14 e em
Crônicas II, 2:13-14. Em outras versões do Antigo Testamento, ele é apresentado como sendo
Adonhiram, um coletor de impostos, conforme mencionado em II Samuel, 20:24, ou como o
superintendente dos trabalhos no Monte Líbano, mencionado em I Reis, 5:14”. (A Chave de Hiram –
Christopher Knight & Robert Lomas).
CAPÍTULO V

HIRAM ABIFF

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Desde os primórdios da história do homem, Deus tem requerido de seus adoradores
que construam locais sagrados para adorá-lo. Dentre estes locais o templo de Salomão
ocupa um lugar de destaque no entendimento tanto dos seguidores do judaísmo como do
próprio cristianismo, mais bem pouco (cristãos ou não) são os que têm conhecimento da
tragédia ocorrida em seu interior pouco tempo antes da conclusão de sua construção.
Qualquer leigo tem consciência da grande quantidade de trabalhadores que foram
convocados para trabalhar em sua construção (os historiadores divergem em números que
vão de 153.000 a 163.000). Operários foram convocados de vários locais, mas a grande
maioria era oriunda da Pérsia (hoje Irã). Homens treinados na arte de construir foram
convocados para liderar no trabalho de alvenaria, eles estavam divididos em equipes que
se alternavam em turnos. Dentre estes trabalhadores destacarei quinze de um turno. Estes
haviam sido escolhidos para liderar, mas percebendo que a construção do Templo estava
em seus últimos detalhes, cogitaram que com a finalização da obra perderiam a
oportunidade de serem instruídos quanto aos segredos de um Mestre Maçom. Eles
decidiram que obteriam esses segredos por quaisquer meios, até mesmo utilizariam de
violência se necessário fosse. Na véspera de concretizar seus projetos, doze desses quinze
recuaram, mas três de caráter mais atrozes e determinados que os outros, persistiram em
suas ímpias decisões, e com este propósito se colocaram respectivamente nos portões sul,
oeste e leste do Templo, pois eles sabiam que diariamente Hiram Abiff (o arquiteto) se
retirava para lá a fim de prestar adoração ao Grande Arquiteto do Universo.
Cumprindo sua rotina e terminada as sua devoção Hiram se dirigiu ao portão sul
para sair do Templo, sendo então abordado pelo perverso operário que ali havia se
colocado. Este lhe exigiu a revelação dos segredos de um Mestre Maçom. No que
recebendo a negativa de Hiram, o agrediu de forma quase letal. É valido frisar que os três
perversos agiam unicamente motivados pela cobiça gerada a partir da impaciência em
aprender tudo ao seu tempo. Ferido, sangrando e desorientado pela dor Hiram Abiff
tentou fugir pelos outros portões do templo, no que há seu tempo foi impedido pelos dois
outros agressores, que na mesma forma ameaçadora exigiram os segredos de um Mestre
Maçom, avisando-o de que a morte seria a conseqüência de sua recusa. Mas, fiel à sua
obrigação Hiram replicou que esses segredos só poderiam ser compartilhados na presença
dos três detentores deste conhecimento, sendo eles: O próprio Hiram Abiff, Hiram rei de
Tiro e o rei Salomão. Ainda ponderou que se tivessem paciência e perseverança, em
pouco tempo receberiam o devido conhecimento agora requerido, e disse ainda que fosse
preferível enfrentar a morte a ter que trair a confiança sagrada que lhe havia sido
depositada.
Tendo estas palavras como resposta e cheios de ódio os traidores desferiram
violentos golpes em partes letais do Mestre. Após consumar seu ato de violência os
algozes de Hiram Abiff enterraram-no e fugiram. Após algum tempo, quando foi sentida
sua falta, houve agitação geral entre os trabalhadores, pois também foi detectado o
desaparecimento do outros três supervisores. Neste mesmo dia, os doze artífices que
haviam originalmente feito parte da conspiração vieram ao rei, e fizeram uma confissão
voluntária de tudo o que eram sabedores. O rei ordenou a quinze outros operários de
confiança que fizessem buscas a fim de localizar o Mestre, para se certificarem de que
ainda estava vivo ou de que havia sido morto na tentativa de extrair-lhe os segredos de seu
grau exaltado. Uma data foi marcada para o retorno a Jerusalém. Agora divididos em três
grupos, partiram os operários saindo cada equipe de busca por uma das portas do Templo.
Muitos dias se passaram em infrutíferas buscas, sendo que uma das equipes retomou sem
ter feito nenhuma descoberta. A segunda foi mais afortunada, porque no entardecer de um
dia, após ter sofrido grandes privações e fadigas, um dos operários que havia reclinado
seu corpo para descansar, na tentativa de erguer-se tentou apóia-se num arbusto que
estava próximo, então ele notou com surpresa que este saía facilmente do solo. Num
exame mais minucioso, descobriu que ali a terra havia sido recentemente revolvida, de
imediato chamou a seus companheiros, e juntando seus esforços reabriram a cova e lá
encontraram o corpo de nosso Mestre desrespeitosamente enterrado. Cobriram-no
novamente com todo o respeito e reverência e, para marcar o lugar, enfiaram um ramo de
acácia na cabeceira da cova, e então se apressaram a ir a Jerusalém narrar o triste fato ao
rei Salomão.
Tomando conhecimento, o rei foi acometido de profunda tristeza, quando as
emoções do rei já estavam amenizadas ele ordenou que os mesmos retornassem e
colocassem nosso Mestre em um sepulcro de acordo com seu grau e talentos exaltados, ao
mesmo tempo informando-lhes que com essa inesperada morte todos os segredos de um
Mestre Maçom estavam perdidos. Exortou-os, portanto, a serem particularmente
cuidadosos ao observar quaisquer Sinais, Atos ou Palavras que pudessem ocorrer,
enquanto as últimas homenagens aos méritos do ausente fossem feitas.
Eles cumpriram sua tarefa com grandiosa fidelidade e ao reabrir a cova um dos
operários, olhando em volta, observou alguns de seus companheiros numa posição que
por respeito aos juramentos feito não posso aqui revelar. Enquanto isso, a terceira equipe
de busca, tinha redirecionado sua atenção na direção de Jopa, e estando discutindo seu
retorno a Jerusalém quando, passando acidentalmente pela entrada de uma caverna,
ouviram sons de lamentação de arrependimento. Entrando na caverna para descobrir as
suas causas, encontraram três homens que correspondiam à descrição dos que haviam
desaparecido, os quais, sendo acusados do assassinato, e não encontrando mais nenhuma
oportunidade de fuga, fizeram uma confissão completa de sua culpa. Foram atados e
levados à Jerusalém, onde o rei Salomão os sentenciou àquela morte que a crueldade de
seu crime sem dúvida merecia.
Foi então ordenado a quinze Companheiros confiáveis que procedessem na forma
certa, a fim de dar um sepultamento honroso ao Mestre Hiram Abiff. Agora revestidos de
seus aventais, calçados em suas luvas brancas, que simbolizavam sua inocência, estes
quinze finalmente permitiram a Hiram descansar tão perto do Sanctum Sanctorum quanto
à lei dos israelitas permitia. Já que não era possível colocá-lo no Sanctum Sanctorum,
porque nem mesmo o Sumo Sacerdote ali adentrava, exceto uma vez por ano, e isso
apenas após muitos banhos e purificações, no importante dia da expiação de todos os
pecados, pois pela lei israelita toda a carne é considerada imunda.
Esta foi a tragédia acontecida dentro do lugar sagrado. As práticas simbólicas
acontecidas durante a construção do Templo. O ritual envolvendo a busca pelo corpo e
sepultamento de Hiram Abiff foi posteriormente agregado à ritualística maçônica. Talvez
por isso, tantos escritores tenham ficado confuso e por isso apontam o Templo do Rei
Salomão como local de nascimento da Maçonaria, embora a tradição e registros
históricos comprovadamente mostrem a existência de praticas maçônica bem mais alem
deste momento.
“Sucedeu, pois, que no ano quatrocentos e oitenta depois de saírem os filhos de Israel da terra do Egito,
no quarto ano do reinado de Salomão sobre Israel, no mês de zive, que é o segundo mês, começou-se a
edificar a casa do Senhor”.
(I Reis 6:1)

“... vi um pilar de luz acima de minha cabeça, mais brilhante que o sol, que descia gradualmente sobre
mim. Assim que pareceu, senti me livre do inimigo que me sujeitava. Quando a luz pousou sobre mim, vi
dois Personagens cujo esplendor e glória desafiam qualquer descrição, pairando no ar, acima de mim.
Um deles falou me, chamando me pelo nome, e disse, apontando para o outro: Este é Meu Filho
Amado. Ouve O!”. (Joseph Smith História 1:16, 17).

“Terça feira, dia 15, hoje oficiei como capelão na instalação da Loja de Maçons de Nauvoo, no Bosque
próximo ao Templo me espera o Grão Mestre Jonas, de Columbus, temos hoje a presença de um grande
número de pessoas. O dia foi muito bom; todas as coisas foram feitas em ordem, e a satisfação universal
foi expressa. Ao anoitecer recebi o primeiro grau da Maçonaria na Loja de Nauvoo, (que funcionou) em
meu escritório geral (...)”. (Inicio do diário do Profeta Joseph Smith, março de 1842).
CAPÍTULO VI

DE SALOMÃO A RESTAURAÇÃO

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Agora que aprendemos sobre a existência e assassinato de Hiram Abiff,
convido-vos a rompermos a barreira do tempo e nos estabelecermos por alguns
momentos no quarto ano do reinado de Salomão. Neste momento Ele dará inicio ao
projeto de seu pai Davi. Construir um Templo a Yahweh, construção esta que levará sete
anos e meio até ficar pronta, mas antes mesmo de iniciar a construção surge à primeira
dificuldade. Os judeus não tinham qualquer herança arquitetônica, e nenhum, deles
possuía o conhecimento construtivo necessário para erigir qualquer coisa maior que uma
simples parede; em conseqüência disso, o Templo de Jerusalém foi construído por
artesãos contratados de Hiram, o rei de Tiro na Fenícia e supervisionados pelo Arquiteto
Hiram Abiff (falamos dele na parte anterior). É valido dizer aqui que existe o consenso
entre os pesquisadores do assunto (Maçonaria) quando se afirma que Hiram Abiff, Hiram
rei de Tiro e Salomão dirigiam uma importante Loja maçônica, e eram os depositários dos
verdadeiros segredos de um Mestre Maçom.
Rompendo ainda a barreira do tempo, caminhando rumo ao distante futuro
chegaremos ao ano de 1818, nesta data Joseph Smith Sênior será iniciado nos mistérios da
augusta ordem dos Pedreiros Livres (Maçonaria), esta decisão, embora ele ainda não
saiba, faz parte de um plano do Grande Arquiteto do Universo. O futuro será modificado,
seu destino e o de milhares de pessoas está neste momento sendo redimensionado.
Avançando mais um pouco no tempo, agora nos encontramos num silencioso bosque, é
uma serena manhã de primavera do ano de 1820, um garoto de apenas 14 anos em busca
de respostas retira-se para orar, as conseqüências deste ato serão de efeitos intensos na
história da humanidade.
Ainda em galope acelerado pelo tempo, podemos vislumbrar o jovem Hyrum
Smith sendo iniciado na augusta ordem maçônica, não demorou muito seu irmão Alvin
que posteriormente a estes acontecimentos (teve morte tão precoce) também foi iniciado.
Novamente galopando no tempo, nos encontramos com o garoto do bosque, agora
já alguns anos se passaram desde aquela primavera, ele já é homem feito, hoje 6 de abril
de 1830... E a história continua seu curso.
Tenho rebuscado de uma forma quase que compulsiva por qualquer indício que
me aponte à origem da maçonaria, minhas pesquisas me conduziram a acreditar que a
Maçonaria é a mais antiga e maior organização fraternal que se tem conhecimento no
mundo. Sua existência ultrapassa os limites do momento em que surge o Judaísmo,
Budismos, Cristianismo e Islamismo que são as mais antigas referencias organizacionais
que tenho em mente neste momento.
Sinto-me confortável em afirmar e reafirmar que Maçonaria não é religião, e não
tem pretensão de ser. Aqueles que tentam classificá-la como uma organização religiosa
fracassam, pois ao serem aplicados os testes básicos que caracterizam uma religião fica
comprovada a ineficácia dos argumentos. Defino a Maçonaria como uma organização
masculina por tradição e adequação á seus antigos rituais, que embora literalmente sua
ritualística seja voltada ao sexo masculino, ela conta com o auxilio de mulheres. Existe
um seguimento que se auto intitula Maçonaria que aceita iniciar mulheres em seu quadro
de operários, este seguimento foi criado na “FRANÇAREVOLUCIONÁRIA”, mas
este grupo (?) não é aceito pela Maçonaria regular e nenhuma relação existe entre eles e
nós, esta facção esta para a maçonaria, da mesma forma que o judaísmo está para o
cristianismo, embora um tenha seus primeiros passos no outro, um terá que estar errado
para o outro estar certo, ambos não podem ser detentores da verdade já que pensam e
afirmam coisas embora similares, divergentes. As ditas maçonarias femininas ou mistas
não contem o todo, nem parte significativa do verdadeiro conceito de Maçonaria, este
seguimento não é milenar, portanto não tem tradições adquiridas no passar dos séculos e
fundamentalmente não são maçons.
Ao longo de sua existência a Maçonaria tem uma longa trajetória de relacionamento
com as religiões. Inclusive, com A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias,
pois não poderia ser diferente. Qualquer pessoa que deseje se aprofundar tanto na história
da Maçonaria quanto na história de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
(Mórmons) observará a existência dos encontros ocorridos entre as duas organizações.
Poderá também notar que alguns líderes da Igreja têm tentado ignorar esses encontros
bem como os desencontros ocorridos entre as duas organizações, penso eu, que por falta
de respostas para algumas perguntas. Mas sei também que calar a estes encontros e
desencontros, é um objetivo impossível de ser atingido sem prejuízo da verdade. Pois é
publico e notório que tanto a história da Maçonaria quanto a história de A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias estão entrelaçadas de modo intimo. Os primeiros dias
da Igreja e a Maçonaria estão de tais modos relacionados que a simples tentativa de
“ousar” relatar suas existências sem citá-las juntas, torna-se uma tarefa penosa e ruinosa
para a verdade, além de ser impossível de ser atingida, pois sempre ficará aquele que ler a
impressão que algo ficou faltando. Por esta razão, venho abranger a história de uma
maneira lúcida, sem acréscimos ou ocultação intencional de fatos relevantes a ambas.
Desde o início desta compilação, minha maior preocupação tem sido a manutenção
da verdade, pois tenho aprendido em meu berço religioso que a verdade sempre é a
melhor via a ser seguida. Tenho a intenção de registrar de modo claro e objetivo a
trajetória dos primeiros líderes de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e
sua relação com a Maçonaria. Farei isto não por desafeto, mais sim por amor a meu credo.
Incomoda-me ver líderes que tentam ocultar estar parte importante de nossa história
como se algum crime houvesse sido cometido, quase todos os líderes de A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias que foram iniciados na Maçonaria eram dignos
cidadãos, excelentes pais, invejáveis maridos e dedicados ao extremo em suas atribuições
religiosas, são exemplos a serem seguidos. Nenhum destes homens, jamais negou sua
condição de maçom, pois eles conheciam a Maçonaria em sua essência.
Passarei agora a relacionar alguns de nossos líderes (Mórmons) que foram iniciados
e jamais deixaram a Maçonaria. Para iniciar, nada mais justo do que começar relatando
sobre o Profeta Joseph Smith, ele foi chamado por Deus para conduzir a Restauração do
Evangelho, através dele o Livro de Mórmon foi traduzido. Ele também serviu em várias
atividades seculares, como por exemplo: Chefe Geral da Legião de Nauvoo, Prefeito de
Nauvoo, e outras mais. O Profeta foi iniciado na augusta ordem por Mestre Abraham
Jonas (Tecerei alguns comentários sobre este homem mais a frente).
Penso eu ter ficado claro conforme estar exposto no inicio desta compilação quando
afirmo que Hyrum e seu pai Joseph Smith Sr eram bem mais antigos que o Profeta no
contexto maçônico. Hyrum foi iniciado na Loja Monte Moriah em Palmyra, Município de
Ontário – NY, tendo posteriormente sido um dos fundadores da Loja Worshipful em 1841
onde exerceu várias funções.
Outro que teve grande relevância tanto no contexto maçônico como na Igreja, foi
Sidney Rigdon um pastor protestante de Cambellite que se converteu ao Evangelho
Restaurado, tendo posteriormente servido na Primeira Presidência como conselheiro do
Profeta Joseph Smith. (Sidney comandou um grupo dissidente que hoje se intitula Igreja
de Cristo, antes era Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias Reorganizada).
Ele também foi iniciado na maçonaria por Mestre Abraham Jonas, e continuou sua
escalada maçônica mesmo depois das dissidências causadas pela morte do profeta, e da
divisão dos santos em grupos religiosos. Segundo consta no diário de seu filho, e outros
registros maçônicos, Rigdon continuou suas atividades maçônicas até o fim de seus dias.
Como um de seus maiores feitos maçônicos, posso registrar a fundação da Loja A
Amizade, em 18 de junho de 1851. No cumprimento de uma exigência sua quando ainda
em vida, na morte foi enterrado segundo os Ritos Maçônicos que foram administrados
pela Loja Allegheny.
Quando estamos a falar de Santos dos Últimos Dias que abraçaram a Arte Real,
obrigatoriamente temos que citar o Moisés moderno, Brigham Young, assim como o
Moisés do velho testamento guiou uma nação até a terra prometida, nosso Moisés
moderno guiou a nação dos pioneiros mórmon até a terra prometida e perdida em meio ao
deserto. Este foi alguém que venceu suas paixões, e submeteu sua vontade. Ele era
membro do Quorum dos Doze Apóstolos quando foi iniciado. Tendo o sido na Loja de
Nauvoo, em 4 de julho de 1842.
Tendo como base os registros da Loja, e informações contidas em diários pessoais,
posso afirmar que Profeta Joseph Smith estava presente a sua iniciação. Sua fidelidade e a
seriedade de como encarava a maçonaria, pode ser observada nos registros fotográficos
maçônicos e de (documentos da Igreja) alem de outros proprietários. O Presidente
Brigham Young aparece nestas fotos com um broche preso a grava onde claramente se
ver o esquadro e o compasso, que como sabemos são símbolos adotados pela Maçonaria,
é importante frisar que algumas destas fotos são posteriores ao êxodo para Utah.
Outro amigo tão chegado do Profeta era Willard Richards que acumulava as
funções de Apóstolo, Historiador da Igreja, e secretário pessoal do Profeta. Ele estava
presente na cadeia de Cartage quando da chacina. Richards foi iniciado na mesma ocasião
e na mesma Loja que Brigham Young.
Já Heber C. Kimball que também era membro do Primeiro Quorum dos Doze
Apóstolos e foi conselheiro do Presidente Brigham Young. Foi iniciado em Winner,
Município de Ontário, NY em 1825. Estava sendo preparando para ser iniciado no Arco
Real o que não foi concretizado devido o sentimento anti-maçônico estimulado pelo
“Caso Morgan” que provocou o fechamento da maioria das Lojas naquela região do país
(posteriormente trataremos do “Caso Morgan”). Sua dedicação a Maçonaria é digna de
admiração e respeito, comprovadamente Heber C. Kimball desenvolveu várias funções
na Loja de Nauvoo.
O próspero comerciante Newel K. Whitney filiou-se a Igreja no inicio de 1830. Ele
foi ordenado Bispo pelo Profeta Joseph Smith para presidir sobre os Santos de Ohio e os
Estados Orientais. Whitney foi iniciado na Loja Orbe, em Painesville, Ohio. Ele serviu
posteriormente como Tesoureiro da Loja de Nauvoo.
John Taylor que já era membro do Quorum dos Doze Apóstolos, sob a supervisão
do Profeta Joseph Smith foi iniciado na Loja de Nauvoo. Ele sucedeu Brigham Young na
presidência da Igreja.
O novo convertido (1830) Parley P. Pratt, que serviu como Presidente de Missão no
Missouri e depois como um Apóstolo. E posteriormente cumpriu várias missões para a
igreja, passando pela função de editor do Jornal Estrela Milenar, um jornal da Igreja. Foi
iniciado na Loja de Nauvoo em 7 de outubro de 1843.
Também outro Apóstolo que sob a supervisão do Profeta iniciou na Loja de Nauvoo
foi Wilford Woodruff. Ele foi o quarto presidente da Igreja.
O quinto Presidente da Igreja, Lorenzo Snow, com a anuência do Profeta Joseph
Smith foi iniciado na Loja de Nauvoo.
Já o Apóstolo Orson Hyde, que logo após sua conversão assumiu funções
proeminentes na Igreja, e que serviu várias missões, em uma dessas dedicou a Terra Santa
para o ajuntamento final de Israel, foi iniciado na Loja de Orbe nº 10 em Painesville,
Ohio.
Orin Caring Rockwell era um novo converso da igreja e mantinha profundos laços
de amizade com o Profeta Joseph Smith. Alguns historiadores afirmam ser ele um dos
donos do Jornal Danites no Missouri, mais não existe consenso quanto a isso. Rockwell
foi acusado de tentativa de homicídio contra Lilburn W. Boggs, Governador do Missouri
que tinha emitido a "Ordem de Extermínio" contra os membros de A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Durante nove meses ele esteve na prisão por causa
desta acusação. Rockwell foi iniciado na Loja de Nauvoo em 3 de setembro de 1844.
William Clayton um convertido inglês que migrou para Nauvoo em 1840, veio a
torna-se um dos secretários pessoais do Profeta Joseph Smith, em função desta
proximidade Clayton deixou uma riqueza muito grande de informações sobre a Igreja,
embora alguns destes registros hoje não sejam de propriedade de A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias, merecem confiança. Ele foi um dos primeiro a adotar o
casamento plural. Antes da morte do Profeta ele foi iniciado na Loja de Nauvoo em abril
de 1842. William Clayton era muito meticuloso, e em seu diário escreveu e preservou
uma riqueza grandiosa de informações importantes relativas aos primeiros convênios
feitos no templo de Nauvoo, como também os detalhes do dia a dia da vida na cidade. Ele
estava entre os Santos que se deslocaram para o Oeste, liderados pelo Presidente Brigham
Young.
George Miller se converteu em 1839. E logo foi chamado para substituir Edward
Partridge como Bispo, e Don Carlos Smith como presidente dos Sacerdotes em Nauvoo.
De acordo com os registros de sua Loja mãe, Miller foi iniciado em 11 de março de 1819,
Miller era um dos membros do "Conselho dos Cinqüenta”. Depois da morte do Profeta,
Miller teve desentendimentos com o Presidente Brigham Young e eventualmente
afastou-se da Igreja. Existem muitos outros líderes da Igreja, tanto no passado como
contemporâneos, que também são maçons, não citarei aqui os contemporâneos pelo
simples respeito de suas vontades. Os que foram citados, só foram por que em nenhum
momento eles manifestaram o desejo de anonimato, e sua condição de maçom é de
domínio publico, apenas citei estes para demonstrar que nada existe por parte da Igreja
que venha desabonar nossa participação ou permanência na maçonaria.
Antes de me aprofundar de modo mais profuso na relação existente entre a Igreja e
a Maçonaria, farei um relato de fatos que julgo importante ao contexto religioso mórmon,
embora saiba que estes assuntos que abordarei já foram detalhados de maneira copiosa
por alguns outros, mas, julgo necessário tratá-los aqui novamente por compreender que
facilitará a assimilação do contexto mórmon para aqueles que pouco sabem sobre nossa
história.
No início do século XIX Joseph e Lucy Mack Smith moravam em Lebanon, Estado
de New Hampshire, nos Estados Unidos da América, os dois eram de origens muito
humildes e o pouco que ganhavam com seu trabalho era suficiente apenas para sua
sobrevivência. Ressalto este pequeno detalhe para que se compreenda a dificuldade da
família quando aos sete anos de idade o então pequeno Joseph Smith Junior foi acometido
de febre tifóide, esta febre tomou na região proporções de epidemia matando mais de
3.000 pessoas por toda Nova Inglaterra. O sofrimento da família Smith era algo que
parecia não ter fim, em conseqüência a esta enfermidade o pequeno Joseph teve que fazer
uma cirurgia em uma das pernas. Devermos lembrar em que época e local este
acontecimento se desenrolavam, neste contexto, uma cirurgia por mais simples que fosse
era algo que beirava o sofrimento eterno. A cirurgia foi uma verdadeira prova de
resistência para o pequeno Joseph, ele superou este sofrimento como talvez muitos
adultos não conseguissem.
Passado algum tempo depois desta cirurgia a família Smith mudou-se para
Norwich, Estado de Vermont onde trabalharam na agricultura. Mais parece que o destino,
ou alguma outra força desconhecida agia no sentido contrário do progresso daquela
família, infelizmente por três vezes consecutivas os Smiths perderam sua safra anual. A
família encontrava-se num verdadeiro estado de penúria, tendo que trabalhar para
terceiros a fim de conseguir seu próprio sustento. Após isto não demorou muito e mais
uma vez tiveram que se mudar em busca de novas oportunidades, desta feita
deslocaram-se para Palmyra no estado de New York, alguém os impulsionava para aquele
lugar.
A família ainda passou por outras dificuldades, muito cedo Joseph Smith Junior
teve que desenvolver várias atividades para ajudar a ganhar o sustento para sua família,
inclusive derrubando arvores e removendo pedras em fazendas de terceiros.
Lucy a mãe de Joseph Smith Junior escreveu em seu diário, que o jovem Joseph era
dedicado a longas reflexões e constantemente estava preocupado com o bem estar de sua
alma imortal. Naquele momento sua maior preocupação era saber a qual igreja dentre as
representadas em Palmyra estava a propagar o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo.
Usando suas próprias palavras Joseph disse: “Durante esses dias de grande
alvoroço, minha mente foi levada a sérias reflexões e grande inquietação; mas embora
meus sentimentos fossem profundos e muitas vezes pungentes, ainda assim me conservei
afastado de todos esses grupos, embora assistisse a suas diversas reuniões tão
freqüentemente quanto à ocasião me permitisse. Com o correr do tempo, inclinei-me um
tanto para a seita metodista e senti algum desejo de unir-me a eles; mas tão grandes eram
a confusão e a contenda entre as diferentes denominações, que para alguém jovem como
eu, tão inexperiente em relação aos homens e às coisas, era impossível chegar a qualquer
conclusão definitiva acerca de quem estava certo e de quem estava errado.
(...) Em meio à inquietação extrema causada pelas controvérsias desses grupos de
religiosos, li um dia na Epístola de Tiago, primeiro capítulo, versículo cinco, o seguinte:
E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e
o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada.
Jamais uma passagem de escritura penetrou com mais poder no coração de um
homem do que essa, naquele momento, no meu. Pareceu entrar com grande força em cada
fibra de meu coração.
Refleti repetidamente sobre ela, tendo consciência de que, se alguém necessitava da
sabedoria de Deus, era eu, pois eu não sabia como agir e, a menos que conseguisse obter
mais sabedoria do que a que tinha então, nunca saberia; pois os religiosos das diferentes
seitas interpretavam as mesmas passagens de escritura de maneira tão diferente, que
destruíam toda a confiança na solução do problema através de uma consulta à Bíblia.
Finalmente cheguei à conclusão de que teria de permanecer em trevas e confusão, ou
fazer como Tiago aconselha, isto é, pedir a Deus. (...) (Joseph Smith 2:8, 11-13)
Impulsionado por sua necessidade de orar, em uma manhã de primavera no meado
de 1820, Joseph retirou-se para um bosque próximo a sua casa e lá ele abriu seu coração a
Deus, suplicou por orientação, tudo o que ele desejava era saber a qual igreja deveria se
filiar... Quando então aconteceu aquilo que foi descrito pelo próprio Joseph Smith Junior,
ele disse: “(...) Apenas fizera isto, quando fui subitamente subjugado por uma força que
me dominou inteiramente, e seu poder sobre mim era tão assombroso que me travou a
língua de modo que eu não pude falar. Intensa escuridão envolveu-me e pareceu-me por
algum tempo que estivesse destinado a uma destruição repentina.” (JS 2:15)
Aquele que se opõe a tudo que é certo tinha pleno conhecimento do grandioso
trabalho que deveria ser desenvolvido por Joseph e por isso decidiu destruí-lo. Bradando
um pedido de ajuda a Deus, Joseph foi imediatamente socorrido. Ele escreveu: “(...)
justamente nesse momento de grande alarde, vi uma coluna de luz acima de minha
cabeça, de um brilho superior ao do sol, que gradualmente descia até cair sobre mim.
Logo após esse aparecimento, senti-me livre do inimigo que me havia sujeitado. Quando
a luz repousou sobre mim, vi dois personagens cujo resplendor e glória desafiam qualquer
descrição, em pé, acima de mim, no ar. Um Deles falou-me, chamando-me pelo nome, e
disse, apontando para o outro: Este é Meu Filho Amado. Ouve-O!” (JS 2:16-17).
Ao retomar suas forças, ele interrogou a Deus sobre qual religião deveria se filiar, já
que este era o motivo principal de se encontrar ali neste momento. Como resposta obteve
a instrução de que não deveria se filiar a nenhuma delas, pois todas estavam erradas e
tudo que faziam ou diziam eram uma abominação a Deus, Joseph ainda recebeu várias
outras instruções de Deus.
Algum tempo depois, retomando suas forças Joseph notou que estava deitado de
costas levantou-se e dirigiu-se para casa. Nesta ocasião Joseph tinha apenas 14 anos de
idade. Embora tivesse vivido tudo aquilo, o jovem Joseph não tinha noção ainda do que
estava acontecendo, mas, mais uma vez a humanidade tinha um profeta na face da terra,
aquele menino de apenas 14 anos havia sido escolhido por Deus para realizar a
restauração do evangelho, que outrora jazia na escuridão. Ele vira a Deus Pai, Deus Filho,
aquele acontecimento era o alvorecer de um novo dia para a humanidade. Após estes
acontecimentos a vida da família Smith continuou sua rotina, Joseph continuou suas
atividades de adolescentes, ora dividido com o trabalho, ora com os amigos, por ser um
jovem normal, algumas vezes ele se envolveu em brincadeiras comuns a idade, mais nada
que viesse a desabonar sua conduta.
Quando fez três anos que tinha tido a primeira visão, Joseph em oração pediu
perdão a Deus pelas tolices da adolescência, e resolvido a continuar sua busca pediu
orientação, após esta suplica mais uma vez o Pai Celestial se manifestou a ele, desta feita
a manifestação divina veio em forma de um mensageiro enviado por Deus, Joseph
escreveu: “Ele me chamou pelo nome e me disse que era um mensageiro enviado da
presença de Deus, e que se chamava Moroni; que Deus tinha um trabalho a ser feito por
mim; e que meu nome seria conhecido por bem ou por mal entre todas as nações, famílias
e línguas, ou que seria citado por bom ou por mal entre todos os povos. Disse que havia
um livro depositado, escrito sobre placas de ouro, dando conta dos antigos habitantes
deste continente, assim como a origem de sua procedência. “Disse também, que nele se
encerrava a plenitude do Evangelho eterno, como foi entregue pelo Salvador aos antigos
habitantes.” (JS 2:33-34).
Moroni tinha sido o último a fazer um registro neste que seria posteriormente
conhecido como Livro de Mórmon. Moroni instruiu Joseph para que se dirigisse até uma
montanha que ficava nas proximidades e lá ele encontraria estes registros, e que a
encontrá-las não deveria mostrar a ninguém, até que no momento oportuno lhe fosse
autorizado a assim proceder. Este encontro durou a noite toda, e se repetiu algumas vezes,
Joseph foi instruído ainda em outras ocasiões por vários outros seres ressurretos. Após
dirigi-se ao Monte Cumora (local onde estavam as placas de ouro) e resgatar as placas
Joseph escreveu: “(...) Do lado oeste dessa colina, não muito distante do cume, sob uma
pedra de considerável tamanho, estavam as placas depositadas dentro de uma caixa de
pedra. No meio e na parte superior, essa pedra era grossa e redonda, porém, mais fina na
direção dos bordos, de modo que a parte central era visível acima do solo, mas os bordos
em redor estavam cobertos pela terra. Tendo removido a terra, consegui uma alavanca,
que logrei introduzir sob o bordo da pedra e com pequeno esforço, levantei-a. Olhei para
dentro e lá realmente vi as placas, o Urim e Tumim e o peitoral, conforme me fora dito
pelo mensageiro. (...)” (JS 2:51-52), mesmo sabendo onde estavam as placas, e tendo-as
em suas mãos, Joseph ainda não estava autorizado a retirá-las de seu esconderijo, o que só
ocorreu 4 anos depois, quando em 22 de setembro de 1827 Moroni (o anjo) autorizou
Joseph a retirá-las e iniciar sua tradução (já que os registros foram feito numa língua
morta e até então desconhecida, conhecida com egípcio reformado). O processo de
tradução foi lento e muitas vezes teve que ser adiado, pois constantemente Joseph teve
que esconder as placas de ouro, já que muitos tinham intenção de roubá-las para vender o
ouro.
Somente em 1829, agora ajudado por Oliver Cowdery, é que foram concluídos os
trabalhos de tradução. Ainda quando estava no processo de tradução Joseph recebeu uma
revelação divina que apontava Oliver Cowdery, David Whitmer e Martin Harris como
três testemunhas especiais que deveriam ver as placas de ouro, vendo e tocando eles
poderiam dar seu testemunho da veracidade de tais registros.
Após a conclusão do trabalho de tradução do Livro de Mórmon, foi acertado com o
tipógrafo Egbert B. Grandin a impressão de cinco mil exemplares ao custo de três mil
dólares, que deveriam ser pagos ao final dos trabalhos gráficos, como garantia do
pagamento Martins Harris hipotecou sua fazenda. Em 26 de março de 1830 foram postos
a venda os primeiros exemplares do Livro de Mórmon na Livraria E.B. Grandin. Os
registros mórmons contam que Samuel Smith foi o primeiro missionário da Igreja a
utilizar o Livro de Mórmon como auxilio em seu trabalho de proselitismo, e foi através
dele que Brighan Youn veio a tomar conhecimento da nova doutrina.
A partir destes últimos acontecimentos a Igreja iniciou um processo de
prosperidade e crescimento em numero de adeptos, e em 6 de abril de 1830 ela foi
oficialmente organizada, como já vimos em parágrafos anteriores. O trabalho missionário
passou a ser a grande alavanca do crescimento da Igreja, em setembro ou outubro de
1830, Oliver Cowdery, Peter Whitmer Jr., Parley P. Pratt e Ziba Peterson foram enviados
para fazer proselitismo junto aos índios Caterogus, Wyandotte’s, e por fim aos índios
Delaware, que viviam a oeste do Estado de Missouri. Mais eles obtiveram maior sucesso,
junto aos colonizadores de Kirtland, Estado de Ohio, onde 127 pessoas se converteram.
Quando os missionários foram embora o número de mórmons em Ohio já atingia a casa
das centenas. O crescimento era surpreendente, mas, junto ao crescimento demográfico
da Igreja, crescia também a intolerância daqueles que discordavam da fé mórmon. Logo
os primeiros conflitos apareceram e em meados de abril de 1831, os mórmons pela
primeira vez tiveram que abandonar suas casas, o destino agora era Kirtland e Thompson,
esta era somente a primeira das várias vezes em que teriam que abandonar suas casas.
“Os inimigos da Igreja de Jesus Cristo e da Maçonaria, na intenção de criar animosidade entre as duas
partes, tentaram atribuir alusões à maçonaria em algumas páginas do Livro de Mórmon que trata de
sociedades secretas. Tinham eles como único objetivo influenciar a opinião publica levando membros e
não membros da Igreja a repudiar a Maçonaria, e conseqüentemente fazer com que a Maçonaria visse
na Igreja um inimigo a ser combatido”. (Um irmão chamado Joseph Smith – Trabalho de Grau por
Cesóstre Guimarães de Oliveira – Loja Maçônica Humanidade e Concórdia nº 2851)
CAPÍTULO VII

PERSSEGUIÇÕES CONTRA A MAÇONARIA AMERICANA

PERSSEGUIÇÕES CONTRA OS MÓRMONS

‫׵‬
É comum encontrar líderes da Igreja que demonstrem profunda aversão à
maçonaria, porém, necessitamos compreender que alem do preconceito motivado pela
ignorância (e este quase sempre é o fator predominante), existe o temor do desconhecido.
Para melhor assimilarmos este temor, faz-se necessário rebuscar na história fatos que
envolveram as duas organizações. Antes preciso esclarecer que A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias foi restaurada no momento compreendido como “AGONIA
DA MAÇONARIA AMERICANA”. Este ponto negro vivido pelos maçons (EUA) foi
provocado pelo holocausto anti-maçônico desencadeado pelo “Caso Morgan” ocorrido
1826. Passarei agora a relatar respaldado pela história, os acontecimentos que
envolveram A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias com a Maçonaria neste
que foi o acontecimento determinante no rompimento entre as duas organizações. Darei
luz a esta conturbada relação vivida pelas duas organizações. Compreendo que esta não é
uma tarefa fácil, pois a história embora seja rica de registros, sabemos que quem a
explica, o faz segundo sua ótica, assumi o compromisso de ser fiel aos registros, então
meu propósito inicial é fazer um relato fiel aos acontecimentos tomando como base a
verdade absoluta. Tratarei a comoção social que levou ao motim político provocado pelo
“Caso Morgan” no Estado de Nova Iorque com o olhar de um observador. Tenciono
analisar sem paixões os primeiros passos dado na direção da aproximação ocorrida entre a
Maçonaria e os líderes da Igreja em Nauvoo. Também não me esquivarei de comentar o
assassinato do Profeta Joseph Smith (conforme alguns registros, com a conivência de uns
poucos membros da maçonaria).
Convido a todos para embarcarmos nos carrinhos de mão a caminho de Utah sob o
comando e égide do Presidente Brigham Young. Nesta viajem presenciaremos a rejeição
dos membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias por parte da
Maçonaria de Utah. Veremos a chegada da Maçonaria universal em Utah, e finalmente a
reaproximação entre as duas organizações.
Em minhas pesquisas, quando analisando a história, objetivando entender a
relação ocorrida entre a Maçonaria, e os líderes de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias por várias vezes fiquei, embora momentaneamente, frustrado. O material
disponível que trata deste assunto é geralmente parcial, preconceituoso, unilateral, e
ainda, a grande maioria dos trabalhos escritos, o foram por indivíduos sem o fundo
necessário de conhecimento requerido para assimilação das duas organizações, foi
necessário remontar a história a partir de retalhos de registros para que de modo fiel aos
acontecimentos eu pudesse solevantar verdades ora perdidas. É em função deste meu zelo
que me excluo da lista dos passionais, dos tendenciosos, daqueles que distorcem a história
para atender suas necessidades sejam elas quais forem. Sendo assim, não abusando da
modéstia, me considero habilitado para aqui comentar sobre ambas, pois além de tudo sou
membro ativo e regular de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e da
Maçonaria.
Mais nem tudo nas minhas buscas foram dissabores, algumas vezes ao enveredar
pelo caminho da investigação fui pego por agradáveis surpresas. Uma delas foi descobrir
que mesmo entre aqueles que discordavam da família Smith, havia unanimidade em
afirmar que o Profeta Joseph Smith e seus familiares eram reconhecidos por seu grande
afeto e lealdade, demonstrados constantemente entre eles. Não pude deixar de notar que
eles formavam uma família maçônica que vivia e praticava as doutrinas estimáveis e
admiráveis da Maçonaria. Porém, algumas vezes encontrei registros com intenções
duvidosas, que por várias vezes tentam denegrir a imagem do homem integro Joseph
Smith e sua família, acusando-os de serem pessoas inescrupulosas, e de não gozarem de
nenhuma credibilidade junto à comunidade da época. Estes registros depreciativos só
ratificam aquilo que é de domínio publico, são somente o somatório das muitas calunias
feita a Joseph Smith e seus familiares. Delicio-me a comprovar a existência de alguns
documentos que provam a ligação de Joseph Smith Sênior com a Loja Canandaigua, e a
filiação de Hyrum com a Loja de Palmyra, estes mesmos documentos dão grande
importância a ambos no contexto maçônico. Uma nota de jornal foi publicada pela
maçonaria atestando junto à comunidade maçônica e a não maçons da época a integridade
dos Smiths e o reconhecimento da participação ativa deles em duas das Lojas maçônicas
da região. A mim isto parece ser uma evidência convincente da posição idônea e da alta
estima que os membros da família Smith desfrutavam aos olhos dos que os conheciam
melhor. Lógico que existiam os desafetos, a história registra isto, mas o que tenciono
mostrar é que somente aqueles que não os conheciam na intimidade de uma amizade,
podem julgá-los pejorativamente.
De olho na história deparei-me com fatos interessantes que valem a pena aqui ser
comentados. Um deles diz respeito ao momento extremo de turbulência para a Maçonaria
e A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, foi neste ambiente de turbulência
social que A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias foi organizada
oficialmente. Nesta ocasião uma verdadeira caça as bruxas (contra os maçons),
lembrando muito a santa inquisição ocorrida não muita tempo antes, e desencadeada
como todos sabem pela Igreja Católica, estava acontecendo no estado de Nova Iorque,
esta campanha anti-maçom desencadeada pelo “Caso Morgan” de alguma maneira
respingou na jovem Igreja. Este acontecimento que denomino simplesmente como “um
desconforto anti-maçônico” surgiu provocado pelo controverso desaparecimento de
William Morgan. Este sujeito foi o autor de um livro sobre Maçonaria, e este foi apontado
como a causa de seu desaparecimento. O livro publicado na cidade de Batávia, Nova
Iorque, em outubro de 1826 intitulado “Ilustrações Sobre Maçonaria” foi causador de
estragos profundos na credibilidade dos maçons, inclusive daqueles que no futuro
abraçariam a fé Mórmon. É bom ressaltar que antes desta animosidade, William Morgan
havia se dedicado por trinta anos à Maçonaria, as causas ou motivos que levaram Morgan
a querer de forma perniciosa expor a maçonaria não será tratado aqui, uma vez que isto
estar diretamente ligado aos interesses pessoais da Maçonaria.
O Folheto Morgan (como ficou conhecido o livro) foi extensivamente impresso e
distribuído causando uma inundação diluviana de publicidade negativa relacionada às
práticas e cerimônias da Maçonaria. Este livro repleto de mentiras, insinuações e
meias-verdades, foi avidamente devorado por pessoas ansiosas em acreditar no pior sobre
qualquer coisa, eles não entendiam o contexto de uma sociedade por muitos denominada
“secreta”, mas, que é reconhecida pelos seus membros como sigilosa. Foi neste período
que o Profeta Joseph Smith, recebeu e registrou as visitas do Anjo Moroni, traduziu as
placas de ouro que passaram a ser reconhecidas como o Livro de Mórmon.
Durante a terceira semana de março de 1830, o Livro de mórmon foi posto à venda
em Palmyra, Nova Iorque. Os inimigos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias e da Maçonaria, na intenção de criar animosidade entre as duas partes,
tentaram atribuir alusões à maçonaria em algumas páginas do Livro de Mórmon que trata
de sociedades secretas. Tinham eles como único objetivo influenciar a opinião publica
levando membros e não membros da Igreja a repudiar a Maçonaria, e conseqüentemente
fazer com que a Maçonaria visse em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
um inimigo a ser combatido. Vários incidentes entre os Mórmons e a Maçonaria e os
inimigos de ambos logo aconteceram, fatos isolados receberam destaques nas manchetes
nacionais, uma simples discussão era transformada pelos jornais sensacionalistas, em
batalha campal, a intenção era destruir a Igreja e a Maçonaria. O Livro de Mórmon
circulava pelas mãos de homens que não acreditavam em sua origem inspirada, mas o
utilizavam como pomo da discórdia no que concerne a maçonaria.
Textos relativos a sociedades secretas e práticas do mal, logo eram apontados como
alusivos à ordem maçônica. Portanto é compreensível, embora seja um entendimento
errado, que pensando como um só, as pessoas passaram considerar a Maçonaria uma
sociedade secreta e satânica e A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
conseqüentemente relacionada à Maçonaria tinha as mesmas origens secretas e espúrias.
Os textos escritos de formas inexatas por numerosos autores preconceituosos e
sensacionalistas ajudaram confundir o entendimento das pessoas. Logo centenas de
literaturas (escritas por pessoas não ligadas a Igreja ou a Maçonaria) começaram a
aparecer afirmando que o conteúdo do Livro de Mórmon tinha sido influenciado pelo
“Caso Morgan”. Assim ao mesmo tempo em que atacavam a Maçonaria confrontavam-se
com A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, a intenção era matar dois
coelhos pelo preço de um. Em meio a este furor de ódio, as chamas dos sentimentos
anti-mórmons e todas as publicidades que escarneciam dos maçons foram abastecidas
mais ainda pelas alegações públicas (não dos maçons) que o Profeta, tinha usado parte de
textos maçônicos para produzir o Livro de Mórmon. As pessoas passavam cada vez mais
a crê nisto, o fato do Profeta posteriormente vir a se tornar Maçom aumentou junto à
opinião publica o pensamento que Maçonaria e A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias eram as mesmas coisas...
Em meio a tudo isto, se a (provável) morte de William Morgan foi o combustível
que alimentou o grande movimento anti-maçônico, posso dizer então que as ações de sua
esposa foi o ventilador que abanou as chamas. Lucinda Morgan após chorar todas as suas
lágrimas, suportar todas suas aflições de viúva, e ainda, após receber ajuda dos
anti-maçons, depois de jurar viuvez eterna, casou-se novamente em 23 de novembro de
1830 com George W. Harris, um Maçom que posteriormente se converteu a doutrina de A
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e se mudou para Nauvoo.
“... deste o princípio a história do mormonismo é cercada pela intolerância, perseguição religiosa e
política. Por várias vezes os mórmons pioneiros foram expulsos de suas casas, nossos templos foram
profanados, e como se tudo isso não fosse suficiente, os pioneiros tiveram que conviver com a disputa
interna pelo poder, surgida a partir da lacuna criada pela morte de Joseph Smith...”

(Um irmão chamado Joseph Smith – Trabalho de Grau por Cesóstre Guimarães de Oliveira – Loja
Maçônica Humanidade e Concórdia nº 2851)
CAPÍTULO VIII

DE KIRTLAND A NAUVOO

‫׵‬
Na Primavera de 1836 no templo de Kirtland pela primeira vez o Profeta Joseph
Smith ensinou sobre os rituais que lá deveriam ser ministrados. Estes rituais alargam a
visão sobre o Reino de Deus, deixa claro que este reino é eterno, e ainda estes rituais tem
o objetivo de preparar o ser humano para uma convivência eterna com Deus. Dentre os
novos rituais ensinados consta o batismo pelos mortos, a iniciatória onde deveria
acontecer a unção e preparação para se vestir as roupas sagradas em alusão simbológica a
Adão, onde o iniciado recebe a promessa de se tornar rei e sacerdote pelas eras dos
tempos. Também foi nesta ocasião que pela primeira vez foi ensinado sobre a importância
dos símbolos e sinais, com a apresentação do juramento de fidelidade através de
convênios que são necessários para o reencontro do ser humano com Deus. Foi ali
também que pela primeira vez foi apresentado o selamento das famílias para o tempo e a
eternidade, entre outras ordenanças apenas destaquei estas para referendar a história.
Alguns dos membros da Igreja que receberam estas ordenanças (os primeiros foram os
homens) registraram suas experiências em seus próprios diários, ou ainda em troca de
cartas entre si. O que pude notar nestas correspondências era a freqüência com que eles
utilizavam códigos, símbolos, estenografia, abreviações, ou frases cifradas na forma que
hoje é comum para mim.
Considerando a grande preocupação do Profeta em preservar estes ensinamentos
muita coisa foi suprimida para ser reveladas em momento posterior, em função desta
supressão algumas informações não fazem parte da rotina de todos os membros de A
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, sabendo disto, talvez alguém venha a
questionar como então obtive estas informações? A resposta é simples. Não esqueça
quem, ou o que sou. Nem tudo ficou restrito ao circulo de amizade religiosa do Profeta
Joseph Smith, já nesta época a grande maioria dos lideres de A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias haviam sido iniciados na Maçonaria, e alguns outros eram
maçons há tempos posteriores ao ano de 1830, e era comum entre eles a troca de
correspondências. Tudo era muito novo para todos, devemos lembrar que por centenas de
anos estas ordenanças sagradas estiveram longe da percepção humana. Talvez por esta
razão Heber C. Kimball ao registrar os últimos acontecimentos ocorridos no templo de
Kirtland escreveu nas páginas de seu diário, (antes de fazer os registros dos últimos
acontecimentos no Templo) a seguinte expressão "Eventos Estranhos".
Os sentimentos de Joseph Smith estavam agitados. Nos diversos diários escritos
podemos encontrar expressões que confirmam esta euforia de Joseph. Seu tempo estava
se esgotando, ele sabia disso, havia uma grande preocupação de sua parte em conclui o
trabalho para o qual foi chamado. Em 28 de abril de 1842, em uma reunião da Sociedade
de Socorro (organização feminina de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias) que havia sido organizada por ele, recentemente em Nauvoo, ensinou que as
mulheres usufruiriam dos benefícios do sacerdócio através de seus maridos.
No ano 1844, pouco tempo antes de sua morte Joseph freqüentemente se reunia
para orar com os líderes que compunham o primeiro quorum dos Doze Apóstolos, e
vários outros líderes proeminentes, inclusive, cada um vinha acompanhado de suas
respectivas esposas. Foi em uma destas ocasiões que Joseph falou detalhadamente sobre
certas doutrinas que deveriam ser preservadas, mesmo após sua morte. Como também foi
em um destes encontros que ele conferiu aos Doze Apóstolos todas as chaves e poderes
inerentes ao Sacerdócio, e ainda ensinou que sobre as cabeças dos Doze Apóstolos
descansaria o fardo do reino, e que eles seriam os responsáveis pela direção de A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em determinados momentos da história.
Ao fazer isto Joseph Smith estava dando os primeiros passos na direção da
definição de como deveria acontecer sua sucessão. Brigham Young citou o testemunho
do profeta relativo responsabilidade dos Doze Apóstolos: "Agora onde os Doze
estiverem, lá também estarão todas as Chaves do Reino”.
Quando Joseph Smith foi levado preso a Cartage, dez dos Doze Apóstolos estavam
em missão no Leste. Ao tomar conhecimento da morte de Joseph e Hyrum Smith,
Brigham Young bateu as mãos em seus joelhos e exclamou, "As chaves do reino estão
aqui mesmo com a Igreja". De imediato ele afirmou que era dever dos Doze conduzir a
Igreja. Os Doze logo confirmaram que eles tinham recebido as chaves do reino e que o
profeta tinha os encarregado ministrar essas chaves.
Porém, nem todos estavam dispostos a aceitar a liderança dos Doze, alguns
desafiaram a autoridade dos Apóstolos. Escritores opositores da Igreja têm dito que esta
crise de liderança surgiu porque Joseph Smith não deixou nenhuma instrução quanto à
sucessão, mais isto não passa de falácias, como vimos anteriormente, o Senhor cuida
muito bem de sua Igreja. Tanto o Profeta Joseph Smith quanto os Doze haviam sido
instruídos sobre estes procedimentos relativos à sucessão.
Alguns líderes de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, não
contentes com a forma que estava acontecendo à transição iniciaram a maquinar formas
de usurparem a presidência da Igreja que até o momento era exercida pelos Doze. Entre
estes se destacaram Sidney Rigdon e William Smith (este último era irmão mais novo do
Profeta) eles disputavam a vacância provocada pela morte prematura do Profeta, onde o
único objetivo ter nas mãos o controle da Igreja.
Com a morte de Joseph Smith a maioria dos líderes que estavam viajando voltou a
Nauvoo, mais William Smith permaneceu no Leste. Ele escreveu a Brigam Young
declarando que não desejava ser sucessor de Joseph Smith como profeta, pois alegava ele,
que nenhum homem na terra poderia ocupar o lugar que antes havia sido de Joseph Smith.
Todavia sua declaração inicial de que não desejava suceder a Joseph Smith era falsa, na
verdade era uma estratégia política, William Smith começou a fazer várias
reivindicações, e terminou por convencer a William W. Phelps, que era o editor do Jornal
Tempo e Estações. Phelps iniciou então uma campanha em seu Jornal visando empossar
William Smith como Presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Em discordância das pretensas aspirações de William Smith, John Taylor fez várias
criticas mostrando que William Smith já havia sido ordenado Patriarca da Igreja, e que
aos Doze cabia a responsabilidade de liderar até que um sucessor fosse escolhido.
Enfurecido pela refutação, William Smith enviou outra carta a Brigham Young com o
seguinte teor: “... minha condição de Patriarca da Igreja me qualifica para presidir toda a
Igreja...”, esta carta indica claramente que William Smith desejava ser sucessor de Joseph
Smith. Antes que Brigham Young respondesse à carta de William Smith, Lucy Mack
Smith (a matriarca) tomou as dores de seu filho e partiu em sua defesa, Ela reivindicou
haver recebido três revelações, que apoiavam as falas de seu filho mais novo. Mais na
ânsia de defender a William ela esqueceu uma instrução muito importante de Joseph
Smith onde dizia que qualquer nova revelação deveria ser apresentada primeiro ao
quorum dos Doze, e se aprovada por eles, então poderia ser apresentada a toda Igreja.
Á pedido da matriarca Smith sete dos Doze, os Bispos Miller, Whitney, e Reynolds
Cahoon se reuniram com os membros remanescentes da família Smith no dia 30 de junho
de 1845. Brigham Young foi deixado de fora desta reunião comandada por William
Smith, já que este tencionava claramente ser detentor do poder absoluto a frente da Igreja
em substituição de seu falecido irmão, mais nem a maioria dos membros em Nauvoo,
nem tão pouco os demais líderes consentiram nisto, nesta reunião as pessoas lá presente
manifestaram claramente sua discordância ao que pretendia fazer William. Os líderes da
Igreja mostraram a William Smith que não poderiam apoiá-lo nesta empreitada já que
aquilo que ele alegava como direito era algo que transcendia a organização eclesiástica da
Igreja. E que segundo os padrões revelados a Joseph Smith esta era uma decisão exclusiva
de Deus. Vendo falhar sua tentativa de entregar a liderança da Igreja a seu filho mais
novo, Lucy Mack Smith volta atrás, alegando que nunca havia dito serem suas revelações
para toda a Igreja, mas sim, que era algo pessoal, só para ela e sua família, e ela mais do
que ninguém queria paz, união, e harmonia para toda a Igreja. Antes de deixar a casa dos
Smith, os Doze Apóstolos assinaram um documento em resposta à carta de William
Smith, o texto diz o seguinte: "Sobre suas reivindicações constadas em sua carta dizemos:
nós estamos perfeitamente dispostos a corrigir tudo que parecer estar fora do lugar, mas
existem algumas ordenanças na Igreja que não podem no momento serem administradas
por qualquer pessoa fora do Quorum dos Doze Apóstolos, se houver algo a ser corrigido,
isto deverá ser feito por nós, após consulta a Deus. Sobre William Smith estar autorizado
a administrar todas as ordenanças do reino de Deus por todo o mundo, não podemos
sancionar esta alegação, uma vez que esta é mordomia do Presidente da Igreja e de cada
membro do Quorum dos Doze Apóstolos quando designados para isso”.
Após o martírio de Joseph e Hyrum Smith, os líderes remanescentes passaram a se
encontrar regularmente, nestas reuniões eles debatiam os novos rumos a ser seguidos pela
Igreja, estudavam as instruções deixadas por Joseph, havia uma grande preocupação de
não se afastar de seus ensinamentos. Estas reuniões agora não aconteciam mais na loja de
Joseph Smith, mas nas casas dos líderes sobreviventes, inclusive Brigham Young, Parley
P. Pratt, Willard Richard, John Taylor, e Joseph B. Noble.
Antes do martírio eram comuns as mulheres compareceram às reuniões de oração
com seus maridos, mas depois que o Profeta morreu elas se afastaram, não que isto tenha
sido imposição de alguém, mas foi sim, uma decisão pessoal delas.
No dia 25 de janeiro de 1845, Helen M. Kimball, filha de Heber C. Kimball, e três
outras mulheres receberam suas investiduras. Em outra oportunidade as esposas de Heber
C. Kimball e Newel K. Whitney trouxe os bebês delas para receberem bênçãos especiais
dos Doze Apóstolos. Com exceção desta ocasião, as mulheres não mais voltaram a
participar das reuniões até momentos posteriores a conclusão do Templo de Nauvoo.
As reuniões aconteciam quase que diariamente, muitas decisões precisavam ser
tomadas. Agora sem Joseph Smith os membros comuns de A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias haviam perdido a referencia, não sabiam a quem se dirigir sobre
suas dúvidas, era clara a necessidade urgente de um sucessor para Joseph, em função
disto os Doze Apóstolos rotineiramente em seus encontros oravam pedindo a Deus
solução para esta demanda. Mas os Apóstolos estavam sobrecarregados, eles tinham
assumido como sua maior responsabilidade para o momento a conclusão do Templo de
Nauvoo. Em um dos encontros Brigham Young, Heber C. Kimball, e Newel K. Whitney
se encontraram a fim de definir se os membros da Igreja deveriam permanecer em
Nauvoo e deveriam terminar o templo. Brigham Young registrou: "A resposta não
demorou. Deveríamos ficar”. Em 26 de novembro de 1845, os trabalhadores terminaram
o interior templo. Os preparativos finais envolveram uma grande quantidade de homens e
mulheres, havia a necessidade de se fabricar os arranjos finais para a ministração das
investiduras (pratica religiosa a que são submetidos os mórmons adultos no interior do
Templo). No dia 29 de novembro de 1845 eles concluíram o tapete que revestiria o piso
do templo, e naquela mesma noite vários homens se encontraram com Brigham Young
em seu escritório para orar. No amanhecer do dia, vinte homens, todos líderes
proeminentes, reuniram-se no templo e dedicaram o sótão para o trabalho de ordenação.
Entre os dias 1 e 9 de dezembro eles trabalharam diuturnamente no sótão.
Na tarde de 10 de dezembro de 1845, os líderes ministraram os primeiros rituais no
Templo de Nauvoo a vários membros da Igreja. A ansiedade dos membros de A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias residentes em Nauvoo em receber suas
investiduras antes da marcha para o Oeste era tal, que muitos oficiantes se viram
obrigados a trabalhar dia e noite dentro do Templo a fim de acabar com as longas filas que
se formavam na parte externa do prédio. Brigham Young escreveu em seu diário: “Tal era
a ansiedade dos membros da Igreja em receber as ordenanças do Templo que me deixei
ficar completamente absorvido pelo trabalho de Deus no interior do local sagrado,
ficando quase que noite e dia, dentro do local sagrado, durante estes dias não dormi mais
que 4 horas em média, cheguei a ir a minha casa somente uma vez por semana”.
Os Santos foram iniciados a todas as ordenanças do Templo. No dia 7 de janeiro de
1846, os primeiros casais foram selados. Eventualmente mais de 2.000 pessoas fizeram
este convenio.
Também foi neste momento que Brigham Young organizou os vários quoruns do
sacerdócio, nascia aí à estrutura organizacional da Igreja como a temos hoje.
“A cidade de Nauvoo, que os mórmons chamavam “A Bela”, foi fundada em 1839, quase dez anos
depois da organização oficial da Igreja. Nos primeiros dias da Maçonaria em Nauvoo, a Loja
funcionava no quarto superior da loja comercial de Joseph Smith Jr. enquanto um prédio definitivo
estava sendo construído. E este foi dedicado por Hyrum Smith no dia 6 de abril de 1844, e foi usado
várias vezes pela Igreja”. (Um irmão chamado Joseph Smith – Trabalho de Grau por Cesóstre
Guimarães de Oliveira – Loja Maçônica Humanidade e Concórdia nº 2851)
CAPÍTULO IX

A MAÇONARIA E OS MÓRMONS EM NAUVOO

‫׵‬
Antes dos acontecimentos pós-morte de Joseph Smith, vários outros
acontecimentos ocorridos em Nauvoo merecem nossa atenção. Estarei agora dissertando
sobre a maçonaria em Nauvoo, mais antes preciso esclarecer que penso ser certo afirmar
que a Maçonaria na forma como a conhecemos hoje sofreu algumas influencias dos
construtores de catedrais da Idade Média.
Durante séculos a ordem maçônica fugiu dos registros escritos, tendo aí uma
maneira de preservar seus rituais. Alguns poucos registros existentes foram queimados
em praça publica para cumprir as ordens dos desatinados comandados por Clemente V
(Papa). Bem poucos foram os que escaparam desta falta de lucidez, destes poucos alguns
“sobreviveram” até nossos dias no premiando com referências escritas que tratam sobre
uma possível origem da Maçonaria. A mais antiga que tenho conhecimento é datada de
975, este documento foi escrito na cidade de York, Inglaterra. Embora exista uma tímida
unanimidade que acredite que este texto seja autentico, seu autor é desconhecido, mais
existe outro datado de 2 de fevereiro de 1356 que é aceito por todos os pesquisadores do
assunto como sendo “o primeiro código ou regulamento dos maçons da Inglaterra”. Com
certeza existem muitos outros documentos anteriores a este, apenas citei estes em especial
para destronar uma possível teoria de surgimento da Maçonaria em 1717. Qualquer
pesquisador por mais leigo que seja sabe que a Maçonaria na forma que temos agora
sofreu forte influencias do iluminismo, trazendo para dentro da ordem uma visão que para
alguns pode parecer utópica, tendo como objetivo a confraternização universal, onde
todos os homens, independente das religiões e outros pensamentos antagônicos,
respeitarão uns aos outros, e serão irmãos.
É em função disto que em seu principio de liberdade e tolerância à maçonaria
respeita e protege todas as tradições religiosas, aglutinando homens de todas as
convicções em seu seio. Em “nossos” templos reúnem-se a um só tempo; protestantes,
judeus, budistas, muçulmanos, católicos, mórmons, etc. Independente das divergências,
aos olhos da ordem maçônica, todos são iguais.
Muitos já tentaram explicar a relação entre Maçonaria e A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias, mais a grande maioria destes que tentaram, apenas falaram de
seus sentimentos e estes refletem somente sua ótica das coisas. Antes de mim, aqueles
que tentaram, se forem membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
a tendência é que haja uma distorção natural e não intencional em favor da Igreja, do
mesmo modo acontece quando o autor é Maçom. A fim de contrariar esta regra me propus
a escrever este tratado.
De forma sucinta detalharei como aconteceu o verdadeiro encontro entre A Igreja
de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e a Maçonaria. Como já vimos antes, muitos
líderes de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias eram maçons antes
mesmo da organização social da Igreja, mas eu considero o dia 6 de abril de 1840, dia da
formação da Loja Principal de Illinois por James Adams, que também era Mórmon como
pontapé inicial para o verdadeiro encontro das duas organizações.
Antes ressaltarei aqui algo bem interessante que colhi a título de informação para
nós. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias foi organizada no dia 6 de abril
de 1830. O Templo de Nauvoo teve o inicio de sua construção em 6 de abril de 1841 e
também a Loja Maçônica de Nauvoo foi dedicada por Hyrum em 6 de abril de 1844,
tornou-se oficial para todos os membros da Igreja que o nascimento de Jesus Cristo
aconteceu em 6 de abril.
A cidade de Nauvoo, também conhecida como “A Bela”, foi fundada pelos Santos
dos Últimos Dias em 1839, quase dez anos depois de a Igreja ter sido reorganizada. A
década tinha sido um período de muita perseguição contra os membros da Igreja. As
forças do mal haviam se combinado contra a restauração do evangelho de Jesus Cristo.
As perseguições eram constantes, Joseph vivia constantes riscos de morte, na
tentativa de se proteger, ele se viu obrigado a fugir de Kirtland, Ohio, sede da Igreja onde
um templo e muitos outros empreendimentos tinham acabado de ser construídos. Os
Mórmons foram expulsos do Missouri, escorraçados por uma perversa e ilegal “ordem de
extermínio" emitida pelo governador do estado, apesar de várias contribuições da Igreja
conduzindo o estado a prosperidade. Sendo mais uma vez escorraçados de suas casas os
membros da Igreja agora procuravam uma nova cidade refúgio, não sei precisar de quem
foi a idéia, talvez do próprio Joseph Smith, mais o certo é que os Mórmons chegaram
onde no futuro seria construída Nauvoo, na ocasião existia somente uma pequena aldeia
chamada Commerce, o local era pantanoso, as doenças comuns a locais deste tipo se
tornaram o maior empecilho na construção da cidade, nos primeiros dias o desejo de
desistir era muito forte, mais desistir e ir para onde eram questões antagônicas.
Sem ter para onde ir e agora determinados a viver naquele local os Santos dos
Últimos Dias pensavam que agora poderiam viver em paz para adorar a Deus conforme
os ditames de suas consciências. Iniciaram a construir suas casas, prédios comerciais
foram logo surgindo, não demorou muito Nauvoo era a cidade mais populosa e prospera
do Estado de Illinois. Mas logo, aquele que deveria ser um pedacinho do céu, iniciou a dar
demonstrações que mais uma vez passariam por dificuldades de convivência com os não
mórmons. Rapidamente os vizinhos começaram a questionar as doutrinas da Igreja. A
prosperidade dos Santos que eram mais industriosos que seus vizinhos logo incitaram o
ciúme por parte de pessoas que não estavam dispostas a pagar o preço da labuta para
chegar ao sucesso. A perseguição logo iniciou igual aos outros lugares de onde os Santos
haviam sido expulsos. As diferenças políticas e outras opiniões dos membros da Igreja
faziam parte deste contexto de divergências.
Os Santos conheciam bem o significado de sofrimento e perseguição, afinal esta era
a história de suas vidas. Joseph Smith, um excelente negociador, estava em constante
busca de meios que amenizassem a incansável e crescente oposição sofrida por A Igreja
de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Alguns dos líderes da Igreja que também eram maçons, líderes como Hyrum, Heber C.
Kimball, Elijah Fordham, Newel K. Whitney, James Adams, e John C. Bennett lutavam
inclusive no meio político para amenizar este sofrimento infligido aos seus irmãos de fé.
Neste ponto faço uma pausa e vos convido a rebuscar na história a contextualização
entre Bennett, o mormonismo e a maçonaria. John C. Bennett chegou a Nauvoo em
agosto de 1840 e quase que de imediato à sua chegada, se tornou um proeminente cidadão
de Nauvoo, Bennett rapidamente passou a desenvolver atividades de destaques na
sociedade local, entre estas atividades posso destacar as atividades de médico, pregador
metodista, fundador de universidade, líder militar. Em abril de 1841 Joseph Smith o
empossou como Presidente Assistente (da Igreja), em substituição provisória a Sidney
Rigdon que se encontrava gravemente enfermo, esta proximidade com Joseph Smith
permitiu a Bennett estreitar seus laços de amizades com o líder maior dos mórmons,
inclusive tornando-se seu maior confidente e conselheiro. Mais infelizmente mesmo
aqueles que parecem ser bons, às vezes nos decepcionam, com Bennett não foi diferente,
alguém com tal posição de destaque dentro da Igreja ninguém jamais poderia pensar
trata-se de um sujeito maquiavélico, mais como toda mentira tende a vir à tona um dia...
Bennett não contava com a possibilidade de sua outra face vir á tona, dois meses após ser
empossado como Presidente Assistente, ele foi desmascarado por uma correspondência
enviada por Hyrum Smith e William Law que se encontravam em Pittsburgh, nesta
correspondência eles avisavam a Joseph Smith que o aparente bom moço Bennett não
passava de um mau exemplo de esposo e pai, já que o mesmo havia abandonado sua
família, deixando-os em condições financeiras deploráveis em Ohio, como agravante
contra Bennett existia o fato do mesmo ao chegar a Nauvoo ter dito ser solteiro e inclusive
contraindo matrimonio como veremos a frente. Descoberto o maquiavélico Bennett numa
tentativa de simulação de remorso ele ensaiou uma tentativa de suicídio.
Em meio a tudo isto, para complicar mais a situação de Bennett pesava contra ele a
acusação de praticar atos imorais, ele era acusado por membros da Igreja de haver tentado
perverter a doutrina do casamento plural (poligamia autorizada por Deus),
aproveitando-se de sua proximidade com Joseph Smith e de seu destacado cargo na Igreja
convenceu a várias esposas de outros líderes eclesiásticos a manterem com ele relações
sexuais, mais o que pesou mesmo foi a descoberta de um plano por ele arquitetado
quando ainda este seu perfil era desconhecido a todos da Igreja. Ele havia planejado
assassinar Joseph Smith e assumir a liderança da Igreja. Com a estas coisas vindo a tona
como não poderia ser diferente John C. Bennett foi excomungado da Igreja, foi
dispensado da Legião de Nauvoo (milícia mórmon que fazia a proteção da cidade de
Nauvoo), e também foi pressionado a renunciar ao cargo de prefeito, e como também a
maçonaria em Nauvoo era predominantemente mórmon Bennett também foi expulso da
fraternidade maçônica, furioso com seus antigos amigos e cheio de mágoas ele publicou
um livro no qual tecia comentários mentirosos distorcendo as doutrinas da Igreja. E na
companhia de outros opositores da Igreja, fundou um jornal para combater os mórmons,
tornando-se assim um dos maiores vilões da história do mormonismo. É dele a autoria do
livro anti-mórmon mais controverso da época, “História dos Santos”.
John C. Bennett foi a primeira pessoa a acusar Joseph Smith de plagiar os rituais da
Maçonaria. Ele foi tão feroz em suas acusações que até mesmo inimigos contumazes da
Igreja alegaram não ver as semelhanças proclamadas por ele.
As dúvidas disseminadas por Bennett perduram até os dias de hoje, ainda é comum
observar pessoas a se questionarem: Por que Joseph e outros líderes ingressaram na
Maçonaria? É histórico quando afirmo que os amigos mais ligados ao Profeta chamaram
sua atenção para que atentasse ao espírito de fraternidade e união que são os alicerces da
fraternidade maçônica, os quais caracterizam sua essência.
Nos registros da Maçonaria, de várias Lojas espalhadas pelo mundo constam as
atividades de maçons que dedicam seu tempo e trabalho para praticar a filantropia tão
comum em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias com o nome de
“caridade”, esta é uma prática rotineira no cotidiano dos maçons.
Estes princípios estavam sintonizados com os altos ideais de Joseph. Além disso,
ele ficou sabendo que alguns dos homens proeminentes e influentes do estado eram
maçons, e que poderiam lhe auxiliar na defesa dos Santos dos Últimos Dias quando fosse
necessário. A associação com a fraternidade maçônica poderia ajudar minorar as
perseguições futuras, este é o argumento mais plausível que se pode apresentar. Os
membros da Igreja precisavam de amigos que os socorressem quando necessário. O
trabalho em Nauvoo estaria seriamente comprometido se fosse permitido crescer a
oposição à Igreja. Os Santos dos Últimos Dias já tinham sofrido muito sem motivos
justificáveis, eram apenas pessoas querendo adorar a Deus. Eles queriam paz e talvez a
Maçonaria ajudasse. Assim, analisando os acontecimentos à luz da história concluo ter
sido este o raciocínio do Profeta.
Com este pensamento os membros da Igreja que já eram maçons solicitaram ao
Mestre Principal de Illinois permissão para montar uma Loja em Nauvoo. A resposta não
demorou muito e foi concedida a permissão sob forma de autorização provisória. Depois
de organizada a Loja, os Mórmons/Maçons passaram a se reunir, mais os momentos da
Loja de Nauvoo foram passados às duras penas, mas isto já era esperado, afinal nada
nunca veio fácil para os Santos dos Últimos Dias.
A Loja só teve seu reconhecimento de regularidade oficial em maio de 1840, e isto
só ocorreu devido à intervenção do Mestre Principal Abraham Jonas, este era uma pessoa
de caráter interessante. Ele foi o primeiro Grão Mestre de Illinois. A Loja de Illinois foi
inicialmente estabelecida em 1805, mas foi fechada durante a comoção anti-maçônica
provocada pelo desaparecimento de William Morgan e não foi restabelecida até 1839.
Jonas foi o primeiro Mestre Principal judeu da América. Era é um bom amigo dos
mórmons e era politicamente ambicioso. Certa vez afirmou que provavelmente sua
amizade com Joseph Smith e os mórmons aconteceu pelo menos em parte em função de
suas ambições políticas já que ele tencionava se tornar governador de Illinois. Jonas
também foi um dos fundadores do Partido Republicano. Algo interessante na biografia de
Abraham Jonas era que ele sabia por experiência própria o significado da dor gerada a
partir das perseguições religiosas. Pois isto fazia parte do cotidiano de um judeu (ele era
judeu) na fronteira ocidental dos Estados Unidos, eu penso que talvez este “trauma” o
tenha estimulado a estabelecer Lojas em Nauvoo e nas comunidades mórmons
circunvizinhas. O objetivo era frear a intolerância religiosa sofrida pelos Santos dos
Últimos Dias. Neste seu empreendimento Abraham Jonas contou com o apoio de outro
homem que nutria igualmente aspirações políticas, James Adams.
Por se tratar de uma Loja inteiramente composta por Santos dos Últimos Dias,
algumas vezes a nova Loja ocupou-se de algumas transações incomuns para a maçonaria.
Por vezes os locais de reuniões maçônicas foram cedidos para reuniões da Sociedade de
Socorro (Organização feminina da Igreja), isto era incomum, mas de tudo o que mais
incomodou aos outros maçons, foram às iniciações de forma massificada. (Embora estas
iniciações contassem com a autorização do Mestre Principal), para a maçonaria, esta é
uma irregularidade intolerável. A ritualística era atropelada, as pesquisas sobre a vida
pregressa do neófito eram negligenciadas sob alegação de que todos eram membros
ativos e regulares da Igreja, os formulários não eram preenchidos. Em função disso,
pessoas sem nenhum preparo psicológico e social, que discutiam assuntos da maçonaria
em lugares públicos foram iniciadas.
Existe um consenso hoje quando se afirma que o fator motivador de tais iniciações
massificadas, foram as aspirações políticas de Mestre Adams e Mestre Jonas, eles
tencionavam utilizar os membros da Igreja em seus projetos políticos pessoais, por esta
razão escancararam as portas da Maçonaria desrespeitando regras milenares.
Inicialmente a Loja Principal de Illinois recomendara que só fosse iniciado na Loja
de Nauvoo somente um grupo elitista selecionado. (Entre estes constava toda a hierarquia
maior da Igreja), mas Joseph Smith (que nesta ocasião ainda não havia sido iniciado)
insistiu que todo homem digno da Igreja que tivesse interesse de ingressar na fraternidade
poderia solicitar admissão. A única exceção seria o solicitante que possuísse qualidades
excepcionalmente negativas, outra reivindicação de Joseph Smith era que a Loja Nauvoo
fosse exclusivamente composta por Santos dos Últimos Dias, embora maçons não
membros da Igreja oriundos de outras Lojas fossem bem vindos a visitá-los. Isso mais
uma vez foi um fator de discórdia entre o líder de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias e os maçons não membros da Igreja. Esta “interferência” nos assuntos da
maçonaria era causa de discórdia entre eles, uma vez que Joseph não era um iniciado e
não sendo, estava impedido de arbitrar sobre decisões que afetariam a fraternidade.
Não demorou muito Nauvoo contava com três Lojas e Iowa duas, as cinco Lojas
eram identificadas coletivamente como a “Loja Mórmon". Registros que hoje
pertencem a Igreja Reorganizada (Sidney Rigdon) afirmam que Nauvoo tinha um total de
1550 Maçons. Os registros da Maçonaria sugerem que os totais das cinco Lojas excediam
2000 Maçons.
Finalmente na ata da Loja de Nauvoo datada de terça-feira, 15 de março de 1842.
Ficou registrado que o Mestre Principal Abraham Jonas abriu a Loja no Primeiro Grau de
Maçonaria, nesta ocasião, Joseph Smith e Sidney Rigdon foram iniciados Maçons. No dia
seguinte um novo registro com data de quarta-feira, 16 de março, relata sobre uma nova
cerimônia e informa que os dois candidatos foram feitos Mestre Maçom.
É comum encontrar escritos, quando se estar a pesquisar a história da Igreja,
afirmando que Joseph Smith foi um Maçom do Grau 33. Eu discordo desta afirmação, o
Grau 33 é uma característica do Rito Escocês Antigo e Aceito, e este Rito ainda não havia
chegado a Illinois nesta data, a exemplo de hoje, o rito de York é quase uma unanimidade
nos EUA, portanto não estava ao alcance do Profeta Joseph Smith ou qualquer outra
pessoa em Illinois na ocasião. O Profeta foi tão somente um Maçom do Terceiro Grau ou
Mestre Maçom. Talvez ele tenha adentrado ao mais alto grau do (Rito de York) Arco
Real, mais não existe nenhuma comprovação maçônica quanto a isso.
O fato de Joseph ter chegado ao Grau 3 em curto espaço de tempo, foi algo
surpreendente, é extremamente raro na Maçonaria. Por via de regra um recém iniciado
tem que trabalhar durante, no mínimo 6 meses em cada um dos Graus Simbólicos (este
tempo já é considerado anormal, por via de regra são necessários três anos para cada
grau), pois neste espaço de tempo o iniciado precisa memorizar alguns elementos do
ritual, que exigem bastante tempo para serem assimilados devido a sua complexidade.
Porém, no caso do Profeta Joseph Smith, ele demonstrou estar preparado para cumprir
estes procedimentos num surpreendente espaço de tempo tão curto. É como se ele sempre
tivesse sido Maçom, Ele sabia tudo que precisava saber, tinha todo o conhecimento
necessário para avançar nos graus. A cada degrau ele crescia de “graça em graça”. Os
críticos como sempre, em descontentamento com o seu desempenho, inventaram que
Joseph havia sido ajudado por seus familiares e outros líderes da Igreja, mas todos,
inclusive a própria maçonaria discorda desta versão. Um iniciado sabe que é praticamente
impossível alguém digerir tantas informações em tão pouco espaço de tempo.
Imediatamente posterior a estes acontecimentos o Profeta serviu como Capelão da
Loja, é preciso esclarecer que a posição de Capelão mostrou um Joseph Smith investido
de poder notável no domínio dos rituais de Maçonaria e ressaltou de forma espantosa
(conforme registro daquela Loja) sua capacidade de ensinar idéias complexas. Que
homem admirável, somente alguém que tenha recebido doutrinamento divino poderia
acumular tais virtudes que exalavam por todos os seus poros.
A partir deste momento passou a ser rotina entre os conversos (homens) da Igreja,
tão logo se filiavam eram iniciados na Maçonaria. Como resultado desta prática, no futuro
posterior a morte do Profeta tivemos quatro Presidentes da Igreja que eram maçons, a
contar: Brigham Young, John Taylor, Wilford Woodruff, e Lorenzo Snow. Também
praticamente todos os outros líderes foram iniciados logo após o Profeta ser recebido no
grau de Mestre Maçom.
Com exceção da Loja Nove Irmãos em Paris, França, não existe nenhuma outra
Loja na história da Maçonaria que tenha ultrapassado a Loja de Nauvoo em número de
membros. Sua memória é perpetuada em placa de bronze que hoje é de propriedade da
Grande Loja Maçônica de Lago Salgado.
Nos primeiros dias da Maçonaria em Nauvoo, a Loja funcionava no quarto superior
da loja comercial de Joseph enquanto um prédio definitivo estava sendo construído. E
este foi dedicado por Hyrum Smith no dia 6 de abril de 1844, e foi usado várias vezes
pela Igreja para muitas eclesiásticas.
Vale ressaltar que na restauração da cidade de Nauvoo, A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias reconstruiu o edifício onde funcionou a primeira Loja, inclusive
com a colocação de placa de bronze com os dizeres: “Centro Cultural Maçônico”.
Penso que devido à intimidade dos relacionamentos vividos entre a Igreja e a
Maçonaria, a influencia arquitetônica maçônica nos prédios da Igreja é tão presente. É
interessante observar na arquitetura dos prédios Santos dos Últimos Dias, objetos como o
cata-vento colocado no templo de Nauvoo, que mostra um anjo vestido em roupão
sacerdotal com o Livro de Mórmon em uma das mãos e uma trombeta na outra. O anjo
está usando um chapéu e sobre ele estão um esquadro e um compasso.
“Hyrum Smith fez quarenta e quatro anos em fevereiro de 1844 e Joseph Smith fez trinta e oito em
dezembro de 1843; e de agora em diante seus nomes serão incluídos entre os mártires da religião; e os
leitores de todas as nações lembram-se-ão de que o surgimento do Livro de Mórmon e deste livro de
Doutrina e Convênios da igreja para a salvação de um mundo arruinado custou o melhor sangue do
século dezenove; e de que, se o fogo consegue queimar uma árvore verdejante para a glória de Deus,
quão facilmente não queimará as árvores secas para purificar a vinha de corrupção! Eles viveram pela
glória; eles morreram pela glória; e a glória é sua eterna recompensa. De geração em geração, seus nomes
passarão à posteridade como jóias para os santificados”. (Doutrina & Convênios 135:6)
CAPÍTULO X

JOSEPH SMITH É ASSASSINADO

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Aqueles que sonharam com a paz, pensaram que com o ingresso dos membros da
Igreja na Maçonaria teriam a almejada tranqüilidade descobriram da forma mais difícil
que tudo não tinha passado de utopia. Os conflitos continuaram, e cada vez se acirravam
mais, em meio a tantos desentendimentos, o que já era previsível aconteceu, motivados
pelo antagonismo religioso e as constantes disputas físicas, os inimigos da Igreja
chegaram ao seu intento final, o martírio sangrento de Joseph e Hyrum Smith no dia 27 de
junho de 1844.
Contrariando as afirmações de alguns autores Joseph Smith desde sua iniciação até
a morte permaneceu fiel a Maçonaria. Morreu Maçom regular usufruindo de todos os
seus direitos na Loja de Nauvoo. Enquanto Hyrum no momento de sua morte ainda era o
Presidente da Loja. Alguns não compreendem porque aparentemente nada fez a
Maçonaria para defender os seus, o que posso dizer é que um Maçom deve viver segundo
as regras da Maçonaria. Muito foi feito para proteger a vida de Joseph, mas era necessário
que ele selasse com seu próprio sangue seu testamento, ele havia dito isto, ele melhor do
que ninguém era sabedor disto, e nem mesmo a Maçonaria poderia ficar entre Deus e seus
planos, era necessário que o testador morresse para que só então seu testamento
vigorasse.
O martírio começou a ganhar corpo definitivo na manhã de 27 de junho de 1844. Os
cidadãos de Varsóvia em assembléia votaram uma resolução para exterminar Nauvoo e
seus habitantes mórmons. Dando prosseguimento a esta resolução o Coronel Levi
Williams convocou seu regimento de milícia e juntos marcharam para Cartage onde o
Profeta e outros estavam aprisionados. Eles levavam consigo uma ordem do Governador
que licenciava o regimento para agir conforme achasse melhor. Em reunião posterior o
Coronel Williams leu a ordem e pediu mais voluntários. O Capitão Mark Aldrich falou a
favor dos mórmons e não concordou com o extermínio, mas, se omitiu quanto a fazer algo
de concreto contra a chacina, já Thomas Sharp um ex-advogado e redator do jornal
Warsaw Signal comandou um grupo de homens rumo a Cartage. O Capitão Jacob C.
Davis que era então Senador se absteve de falar, mas foi com a turba e estava presente ao
assassinato. Aproximadamente 150 pessoas lustraram suas faces com lama e pólvora.
Foram feitos arranjos para que os guardas da prisão carregassem suas armas com balas de
festim que eles detonariam contra os homens quando viessem para chacinar o Profeta.
Este era o plano, e foi executado em seus mínimos detalhes. No momento em que a turba
iniciou a atirar John Taylor e Willard Richards, se lançaram contra a porta a fim de
impedir sua entrada. Foram detonados vários tiros contra a porta, Hyrum foi de imediato
mortalmente ferido. Joseph Smith descarregou uma pistola que tinha sido entregue a ele,
atingindo quatro dos seus algozes cruéis, quando. Tendo as mãos uma arma agora vazia e
vendo a turba que tentava derrubar a porta, ele tentou escapar saltando pela janela, mas
estava atordoado devido ao grande tumulto. Alguns pesquisadores sugerem que nesta
tentativa de fuga Joseph viu no meio da multidão alguns maçons, e por isso tentou
balbuciar um pedido de ajuda maçônico, que se completado, pelas regras da maçonaria,
deveria ser atendido por todos os maçons presentes, expressão esta que não chegou a ser
concluída, pois suas palavras foram cortadas por uma salva de balas de mosquete...
Joseph estava morto, seu testamento agora estava completo.
Eu penso que bem poucos homens foram de tanta relevância para a Maçonaria
quanto o Profeta de Deus Joseph Smith tenha sido em tão curto espaço de tempo. Joseph
nasceu nas colinas de Vermont, foi criado nos bosques de Nova Iorque, e nunca
freqüentou uma faculdade ou escola secundária, durante vários meses de sua vida esteve
nas prisões mais vis da época. Ele não conhecia o significado da palavra tranqüilidade,
pois até mesmo quando estava em liberdade era perseguido como um fugitivo. Ele teve
seu corpo coberto de piche e penas e foi deixado para morrer. Com a idade de trinta e oito
foi covardemente assassinado. Ele foi o prefeito da maior cidade de Illinois e o cidadão
mais proeminente do estado, foi o chefe do maior contingente de soldados treinados fora
o Exército Federal, mais agora estava morto. Alguns apontam como seu maior erro,
aspirar se tornar Presidente dos Estados Unidos. Esquecem estes que assim dizem, aquilo
que apontam como erro só consigo enxergar altruísmo, sua motivação não era política
nem a vaidade pessoal, tudo que ele desejava era defender o direito de liberdade religiosa.
É ele o tradutor de um livro que confunde os críticos literários há mais de cem anos, e
quase e é tão lido quanto a Bíblia. Ele tentou implantar em sua época um mecanismo
social perfeito até mesmo para o mundo moderno, como parte deste mecanismo seria
implantado um sistema econômico que tiraria a mesquinharia do coração do homem,
levaria para longe de todos o medo das doenças, da velhice, do desemprego, e da pobreza.
Atualmente em mais de 170 países ele é reconhecido por homens e mulheres como um
líder similar a Moisés e um profeta igual a Isaias, este era Joseph Smith um Profeta de
Deus.
Para demonstrar sua aprovação aos assassinatos, A Loja de Varsóvia, na reunião
subseqüente a chacina, exaltou Mark Aldrich a mestre e iniciou Levi Williams, Thomas
Sharp, e Jacob Davis. Todos eles estavam sob acusação de assassinato. A Loja de
Varsóvia foi sumariamente punida pela Loja Principal de Illinois. Eventualmente teve
suas escrituras cassadas e todos os que participaram da reunião que premiou os quatro
assassinos do Profeta foram expulsos da ordem e condenados ao silencio, sob ameaças de
severas retaliações caso se manifestassem sobre os rituais e praticas da maçonaria. Com a
morte do Profeta. Por alguns momentos a jovem Igreja sentiu-se órfã e desorientada. Mas
logo um novo líder substituiu Joseph Smith. Após a morte de Joseph cada vez mais se
tornava insuportável à permanência em Nauvoo, agora os mórmons acalentavam um
velho projeto de se estabelecer no Oeste, e este sonho foi realizado sob a liderança de
Brigham Young que os conduziu a “terra prometida”.
“A primeira companhia pioneira entrou no Vale do Lago Salgado no dia 24 de julho de 1847. Liderados
pelo Presidente Brigham Young e um grupo significante de maçons, a alegria e o cansaço se
confundiam, haviam chegado a terra prometido, o sentimento agora era de que nunca mais seriam
expulsos de suas casas”. Mormonismo e Maçonaria – Terry Chateau
CAPÍTULO XI

OS MÓRMONS CHEGAM A LAGO SALGADO

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Quando a primeira companhia pioneira entrou no Vale do Lago Salgado no dia 24
de julho de 1847. Liderados pelo Presidente Brigham Young e um grupo significante de
maçons a alegria e o cansaço se confundiam, haviam chegado a terra prometido, o
sentimento agora era de que nunca mais seriam expulsos de suas casas. Ao longo do
tempo a hierarquia da Igreja foi composta por Santos dos Últimos Dias maçons que se
destacaram na jornada para Lago Salgado.
Rebuscando em velhos registros nota-se que 143 pessoas do sexo masculino
entraram no Vale do Lago Salgado na primeira companhia. Destes, três eram negros,
(inclusive a título de curiosidade, um dos três negros era Elijah Abel um negro que foi
ordenado a Elder pelo Profeta Joseph Smith). 16 não tinham idade para ingressar na
ordem maçônica, 48 não eram maçons, os 76 restantes comprovadamente faziam parte da
maçonaria e todos estavam devidamente documentados, ou seja, 53% dos pioneiros da
primeira companhia posso afirmar de forma convicta, eles eram maçons. Na tentativa de
proteger a Igreja o Presidente Brigham Young decretou silencio sobre maçonaria, onde a
Igreja nada declarava publicamente relativo à fraternidade. Esta posição vigorou de
forma discreta por quase um século e meio. Embora tenha tomado esta medida, existem
evidências fortes que comprovam que o Presidente Brigham Young levou a Maçonaria
dele seriamente e foi profundo estudioso de seu significado. Isto pode ser notado pelas
muitas fotografias e pinturas que o mostram usando seus alfinetes maçônicos. A
Maçonaria reconhece seus trabalhos em Loja, ainda hoje ele é citado por muitos maçons
não membros da Igreja. É comum ouvir ou ler pesquisadores maçons reconhecendo que a
maioria absoluta dos antigos Maçons Mórmons levou as suas obrigações maçônicas de
uma forma impressionante e de grande profundeza de coração, todos eram extremamente
dedicados e verdadeiramente amaram a Ordem. A Maçonaria para os mórmons não era
somente uma fraternidade nem uma experiência fraternal superficial e trivial. Era o que
realmente é, uma fraternidade genuína, o berço do santo sacerdócio. As reuniões de suas
Lojas eram convocações sérias, completamente destituídas de alegria trivial. O tempo
deles e atenção estavam completamente ocupados com as demandas pesadas dos
trabalhos do Grau.
Os Santos sabiam quem foram os mentores da matança de Hyrum e Joseph. Eles
também estavam bem informados sobre quais os maçons (individuais) participaram dos
assassinatos. Significativamente, os Santos de Nauvoo também souberam fazer a
distinção vital entre os maçons que agiram pela própria iniciativa e o fato de que a Ordem
maçônica em nenhum momento participou como uma organização de tal barbárie. O
Presidente Brigham Young estava especialmente ciente do fato de que toda organização
tem exemplos lamentáveis de membros que não podem medir as doutrinas e as
divergências da associação.
Os fatos anteriores são mais algumas das numerosas razões que incentivaram o
Presidente Brigham Young a declarar uma proibição (subtendida) de silêncio relativo à
experiência mórmon com a Maçonaria.
Para entender a relação vivida entre A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias e a Maçonaria, faz necessário explicar que existe dentro da Maçonaria uma
corrente de pesquisadores que apontam o Templo do Rei Salomão como local de sua
origem. Eu penso que somos bem mais antigos, nossa estadia na construção do Templo de
Salomão não passa de mais um dos feitos dos antigos construtores. A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias ensina que praticas semelhantes as dos templos atuais
aconteciam no templo de Salomão. Talvez ai alguns pesquisadores justifiquem a
similaridade de símbolos adotados pelas duas organizações, muito se tem especulado
sobre isso, mas o que posso dizer é que tudo não passa de especulações.
As similaridades entre as duas organizações existem, isto é inegável, a Maçonaria
tem na colméia um símbolo do trabalho e recomenda a prática desta virtude. O Profeta
Joseph Smith adotou a colméia como símbolo da Igreja e de comunidade, o Presidente
Brigham Young acrescentou este símbolo ao selo pessoal dele. Em Utah, ele construiu
uma casa sobre a qual colocou uma colméia dourada. Ela ficou conhecida como a Casa
da Colméia, e era a casa de uma das suas esposas. A colméia hoje faz parte do selo oficial
e bandeira de Utah como também estar nos selos da Universidade de Utah e Universidade
Brigham Young. Existe uma imensa colméia sobre o Hotel Utah. A palavra colméia e
deseret são tão extensivamente usadas que os nascidos na região quase não notam sua
semelhança com o simbolismo maçônico. Até mesmo as calçadas de Lago Salgado são
adornadas com um padrão de azulejo do favo de mel.
No próprio Templo existem vários artigos simbólicos inscritos. Junto com a
colméia existem outros símbolos característicos usados na Maçonaria que fazem parte
também do contexto SUD, o Sol, a Lua, as Estrelas, não posso deixar de citar as mãos
apertadas. Esta intima semelhança adotada por ambas as organizações foi durante algum
tempo usada pela Maçonaria de Utah como uma das razões para trancar as portas de suas
Lojas para os mórmons.
Por outro lado, os Santos dos Últimos Dias agora definitivamente determinados a
não mais serem expulsos de suas casas fecharam-se dentro do estado de Utah para o
mundo. Poucas eram as informações que saiam de Lago Salgado, e estas poucas
chegaram desvirtuadas aos ouvidos do Presidente James Buchanan que temendo uma
rebelião enviou tropas para Utah a fim de suprimir um suposto motim. Mas esta boataria
não passava de mais uma das artimanhas dos inimigos de A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias que visavam sua aniquilação.
À medida que os primeiros mórmons chegavam a Utah, (um lugar encravado no
meio do deserto americano), principiou a florescer. Durante quase uma década os
mórmons viveram relativa em paz Utah, agora estavam livres para praticar sua religião
conforme os desejos de seus corações.
Neste período James Buchanan era o Presidente dos Estados Unidos. Ele, um
democrata que vivia fortes pressões políticas por parte do recém formado Partido
Republicano, que já em 1856 fazia campanhas contra aquilo que denominavam como
“relíquias gêmeas do barbarismo”. Constantemente faziam referencias ao casamento
plural praticado pelos seguidores da Igreja e a escravidão dos negros que já era combatida
pela Igreja. Naquele momento, naquele contexto, a escravidão não era só legal, mas era
também um importante fator econômico para quinze estados americanos. O casamento
plural era praticado em grande escala pela Igreja no território de Utah. Aproveitando-se
destes fatores, o Partido Republicano iniciou fortes campanhas contra a escravidão negra
e o casamento plural, neste contexto, Utah encontrava-se como uma panela de pressão
sem sua válvula de segurança, a explosão era eminente.
Foram nomeados pelo Governo Federal interventores para vários órgãos públicos
do estado, inclusive cartórios. Algumas destas pessoas agiam de modo a se pensar que ou
eram incompetentes, ou corruptos, ou quem sabe eram ambos. Descontentes com as
desmazelas dos interventores, a população revoltada expulsou estes criminosos para fora
do território. Os administradores corruptos após serem expulsos formaram uma comissão
e passaram acusar os Mórmons de rebelião contra as autoridades dos Estados Unidos.
Este era o pretexto que Buchanan queria para exonerar Brigham Young de seu cargo de
governador, fazendo isto, imediatamente nomeou Alfred Cumming como novo
Governador do Estado de Utah, recomendando que ele assumisse imediatamente seu
posto.
Alfred Cumming solicitou reforço militar para resguardar sua segurança e combater
a possível rebelião que estava prestes a acontecer em Utah, James Buchanan deu ordem
para que cinco mil soldados sob o comando do Coronel Albert Sidney Johnston
acompanhassem o novo Governador até o território.
Movimentando-se politicamente, como um jogador de xadrez movimenta suas
peças rumo ao xeque mate, o Presidente Buchanan, (por engano ou por negligencia) não
comunicou ao Presidente Brigham Young, que tinha sido substituído.
A história registra que todas as rotas de comunicação que passavam por Utah foram
desviadas. Estas ações sugerem que Buchanan estava determinado a manter o Brigham
Young no escuro. E este só veio a tomar conhecimento do que vinha acontecendo através
de dois membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Porter O.
Rockwell e Abraham O. Smoot que souberam destes acontecimentos quando no Leste, no
que tão logo foram informados dirigiram-se para o Oeste numa viajem acelerada.
A data era 23 de julho de 1857, agora fazia quase dez anos que os mórmons tinham
chegado a Utah. O exército estava a caminho.
Brigham Young e a grande maioria dos membros da Igreja já haviam
experimentado a dor e a humilhação ao serem expulsos de suas casas mais de uma vez, as
lembranças de Nauvoo ainda estavam frescas em suas mentes, agora eles estavam
determinados a não mais saírem de suas casas, o sentimento era o mesmo em todos,
lutariam até a morte para preservar seu último refúgio, e seus lugares de orações. Tudo
que eles sabiam era que uma força militar com intenções hostis estava a caminho de Utah
para retirá-los de suas casas, era inevitável o confronto, foram feito os preparativos para
defender o território contra a invasão do exercito.
Embora tudo indicasse que o confronto era algo inevitável, Brigham Young
preocupado com o bem estar dos membros da Igreja resolveu sentar-se para negociar, e
em abril de 1858, em reunião com Alfred Cumming (novo Governador) obteve garantias
de que as tropas federais não perseguiriam os mórmons assentados, obtendo a promessa
de que cada membro da Igreja teria garantida sua segurança. Brigham Young renunciou
ao cargo de governador, e em poucas semanas o exército teve permissão de entrar no Vale
do Lago Salgado respeitando o acordo feito com os mórmons, de que cruzariam a Cidade
do Lago Salgado, mas não acampariam dentro de seus limites.
Ao entrar no vale e cruzar a cidade, os soldados encontraram alguns guardas e estes
armados com revólveres e machados afiados. As casas e os celeiros estavam cheios de
palha, prontos para serem incendiados em caso de violação, e os machados estavam
prontos para destruir os pomares os líderes da Igreja estavam dispostos a não permitir que
mais uma vez suas casas, e suas propriedades fossem violadas. Todas as mulheres,
crianças e idosos haviam sido enviados para Provo (Utah), e outras cidades mais
distantes, apenas os homens em condições físicas de lutar haviam ficado. O General
Johnston's entrou numa cidade fantasma.
A guerra foi evitada, e o exército pode confirmar que nunca houve a intenção de
rebelião por parte dos mórmons. O exército acampou a 65 quilômetros a sudoeste da
cidade, e a população pode voltar a suas casas.
Em 1875, ao visitar o estado de Utah, o Presidente dos Estados Unidos da América,
Ulysses S. Grant chegando a Lago Salgado, cruzou a rua principal aclamado por uma
grande multidão. Como a maioria dos americanos que moravam no leste, ele também
acreditava nas mentiras inventadas sobre os Mórmons, passando por longas filas de
crianças limpas e bem alimentadas que acenavam as mãozinhas e davam vivas.
Voltando-se para o governador perguntou de quem eram aquelas crianças. "Filhos de
Mórmons", respondeu o governador. Ao ouvir isto, o Presidente observou: "Fui
enganado".
Nesta ocasião Brigham Young estava com 74 anos de idade. Embora gozasse boa
saúde, as provações que sofreram ao longo dos anos eram visíveis na fisionomia daquele
cansado líder. Do momento em que se filiou a Igreja em 1833 até a morte, ele viveu fortes
provações. Em seus últimos momentos de vida a pedido do editor de um jornal de Nova
York, foi feito um resumo de seus trabalhos: Resumindo vinte e seis anos em que esteve à
frente da Igreja, o presidente Brigham Young é responsável pelo povoamento do
território de Utah, pela fundação de mais de duzentas cidades, vilas e povoados, abriu
escolas, fábricas, moinhos e outras instituições.
A partir de sua conversão toda sua vida foi dedicada ao serviço do (Grande
Arquiteto do Universo) Pai Celestial. Ele disse: “Deixo para a posteridade o julgamento
de minha obra e de seu resultado".
No dia 29 de agosto de 1877 Brigham Young morreu, finalizando uma longa
história de luta. Alguns dias antes de sua morte ele havia adoecido em conseqüência do
que posteriormente os médicos vieram a concluir trata-se de apendicite. Suas últimas
palavras foram: "Joseph... Joseph... Joseph..."
“...em 16 de janeiro de 1872 foi oficialmente criada a Loja Principal de Utah”.
(A Relação Entre Mormonismo e Maçonaria - Elder Anthony W. Ivins)
XII

A MAÇONARIA CHEGA OFICIALMENTE A UTAH

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Chegando a Utah os Santos dos Últimos Dias dedicaram os primeiros anos a
sobrevivência numa terra inóspita. Mas assim mesmo, embora bem poucos saibam, duas
tentativas foram feitas para estabelecer uma Loja Mórmon em Utah. Em seu diário o
Presidente Brigham Young registrou que era sabedor de que nenhuma Loja americana
(EUA) lhe daria uma autorização para abrir uma Loja. Por isso ele recorreu a Grande Loja
do México e a Grande Loja da Inglaterra. Como resposta a Grande Loja do México
rejeitou seu pedido e a Grande Loja da Inglaterra após alguns anos alegou não haver
recebido a petição, ao que parece esta foi uma saída honrosa, eles também temiam fazer
parte do conflito, visto que pareceu ser incomum, já que navios trafegavam regularmente
fazendo a rota Inglaterra Estados Unidos naquele tempo.
E assim, a Maçonaria não veio para Utah trazida pelos membros de A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. ...E sim por não membros, e se tornou uma
instituição essencialmente proibida para mórmons, este era o temor do Presidente
Brigham Young. Para complicar ainda mais, os maçons não mórmons começaram a criar
todos os tipos de impedimentos a fim de manter os mórmons já iniciados fora da
instituição.
Tentando localizar na história como foi o primeiro contado de Utah com a
Maçonaria concluo que se deu com a chegada das forças do governo. Estabelecendo-se
em Lago Salgado os militares levantaram o Acampamento Floyd, alguns Maçons do
Exército solicitaram então a Loja Principal de Missouri uma autorização para se
reunirem, a autorização foi emitida em 1859. Porém, logo após isto teve inicio a Guerra
civil e os soldados foram recambiados para outro fronte de batalha, eles então um ano
depois da fundação da Loja devolveram as jóias para o Missouri.
Depois da guerra, um grupo de maçons solicitou a Loja Principal de Nevada uma
autorização para se reunirem, a autorização foi concedida, mas, com a condição de que a
nenhum Mórmon fosse permitido se unir a eles. A Loja de Illinois contestou; não porque
eles queriam que os mórmons se reunissem em suas Lojas, mas porque eles não queriam
que uma Loja estrangeira exercesse tal autoridade (Já que nesta data o Estado de Nevada
pertencia ao México). Outro grupo de maçons solicitou a Loja Principal de Montana
autorização para abrir a Loja Rei Salomão. Montana concedeu a petição, mas contestou o
nome de Rei Salomão que era um polígamo. Foi chamada então Loja Wasatch 8 (depois
1), Wasatch é o nome da grama montês que limita a Cidade de Lago Salgado no leste.
Monte Moriah passou então suas escrituras para o Kansas, tornando-se Monte Moriah 70
(depois 2). A Loja Principal de Utah foi então formada em 16 de janeiro de 1872 com
aproximadamente 123 maçons em três Lojas.
Não demorou muito tempo chegou a Utah a via férrea e as indústrias mineiras, com
isto a Maçonaria crescia, embora de modo lento. Em seus primeiros 25 anos de existência,
Utah contava apenas com 9 Lojas e 763 Mestres Maçons.
No ato de criação da Loja Principal foi declarada abertamente sua não intenção de
aceitar membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em seu quadro
de operários. Inclusive, membros da Igreja que haviam sido iniciados em outras
localidades, quando em visita, constantemente eram barrados a porta da Loja de Lago
Salgado, este constrangimento por várias vezes deixou a Loja Principal de Utah em
situações difíceis, uma vez que a Maçonaria mundial proíbe a qualquer Loja no mundo
negar acolhida a um maçom regular. As retaliações existiam, as outras Lojas
recusavam-se a receber visitantes provenientes da Loja de Lago Salgado. Tratados de
reconhecimento e ajuda mutua foram cancelados, estas foram algumas das punições
aplicadas a Loja Principal de Utah, mas nada adiantava, ela declarou-se oficialmente uma
Loja anti-mórmon, contrariando os ideais de liberdade de escolha religiosa. Este conflito
deixou a maçonaria em sérias dificuldades, um cisma parecia eminente a acontecer, uma
organização milenar que combatia os preconceitos e os erros agora parecia estar prestes a
sofrer a interferência direta da intolerância que ela tanto combatia.
Documentos do arquivo da Loja Principal de Utah declaram que em seqüência a
estes acontecimentos um grupo de maçons liderados por S. H. Goodwin publicou em
1925 um livro intitulado "Mormonismo e Maçonaria." Este livro foi editado e publicado
em várias revistas maçônicas espalhadas por todo os Estados Unidos da América.
Em 1927 outro livro, intitulado “Estudos Adicionais sobre Mormonismo e
Maçonaria", escrito pelo mesmo autor, foi publicado e tratava do mesmo assunto.
Os objetivos do autor ao lançar suas publicações era apresentar razões do por que
"A Maçonaria de Utah” não deveria abrir suas portas aos membros de A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Sendo eu um maçom, entendo que a Maçonaria estar organizada com propósitos
que só interessam a nós, por isto penso que cabe a Maçonaria e a mais ninguém definir as
qualificações para que alguém seja aceito em nossa organização. Se nossas regras
impedissem aos membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Igreja
Católica, ou ainda pessoas que são afiliadas a qualquer outra igreja serem aceitos em
nosso meio, esta seria uma prerrogativa de interesse da Ordem, e ninguém teria o direito
ou deveria contestar nossas regras, uma vez que estas só dizem respeito a nós.
Mas não posso concordar com a iniciativa de S. H. Goodwin, uma vez que suas
razões estavam limitadas ao campo da intolerância e do preconceito, isto
verdadeiramente é contraditório, pois todo maçom sabe que é regra vital para nossa
existência o combate aos erros, submetendo nossa vontade e fazendo progressos
espirituais. Estas são as características de uma organização “justa e perfeita”. Estar mais
do que claro que esta decisão errada foi tendenciosa. No momento em que nutriu
preconceito e estabeleceu conclusões injustificáveis baseadas em inverdades sobre o
caráter de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, concluo que as razões da
Loja de Utah eram arbitrárias, de modo berrante ficou claro que uma grande injustiça foi
cometida, e a Maçonaria de Utah pagou um alto preço por esse erro.
Concluo então, que A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias não
tomou a iniciativa de se afastar da Maçonaria, pelo contrário, mais uma vez os mórmons
foram vitimas dos preconceitos e dos erros. Costumo afirmar que não existe hoje por
parte de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias nenhuma disputa com a
Maçonaria, na verdade nunca ouve, somos ensinados a respeitar qualquer organização
que seja formada para um propósito íntegro.
Um maçom pode tranquilamente ser membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias e jamais terá que fazer uma escolha entre os dois. Da mesma maneira
nenhum membro da Igreja está proibido de ser Maçom. Qualquer membro após ser
aceito, poderá ser iniciado Maçom em qualquer um de seus níveis sem que isto o prive de
receber a maior honra concedida por Deus a um homem que é portar o sacerdócio,
inclusive a este homem, conforme sua dignidade poderá ser conferido o Sacerdócio de
Melquizedeque.
Envergonho-me daqueles que um dia se disseram meus irmãos (maçons), e
desvirtuaram as normas da Maçonaria para impedir o acesso dos irmãos Santos dos
Últimos Dias na Ordem maçônica. As Lojas de Utah não encontram em mim justificativa
para seu gritante ato de preconceito, que durante tanto tempo impediu membros de A
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias serem iniciados nos segredos da
ordem.
Na tentativa de justificar esta atitude preconceituosa os maçons opositores da Igreja
faziam severas criticas as nossas doutrinas. S. H. Goodwin, contrariando princípios que
para a maçonaria são invioláveis afirmava que o irmão (maçom) Joseph Smith não era um
Profeta de Deus, nem foi chamado para conduzir a restauração do evangelho, não é esta a
função da Maçonaria, não existimos para criticar ou julgar as religiões, respeitamos a
todas, e de modo silencioso as protegemos. Ele contestava as escrituras padrão de A
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e declarava que o conhecimento do
profeta sobre Maçonaria foi utilizado para escrever o Livro de mórmon e organizar a
Igreja. Em seu escrito afirmava que as ordenanças administradas no templo eram cópias
de cerimônias da Maçonaria, não entendo como pode ele ter afirmado isto, uma vez que o
mesmo não teve oportunidade de participar das ordenanças sagradas do Templo. Posso
afirmar, ele estava enganado, conheço os rituais da Maçonaria, sou maçom, fiz convênios
no Templo sagrado do Senhor, sei que se alguma semelhança existe, esta é de extrema
superficialidade, bem pouco são as semelhanças que lembram os rituais da Maçonaria nos
convênios sagrados do Templo, estas vagas lembranças se limitam às representações
gráficas de determinados objetos, tais como: O esquadro, compasso, etc. Mais afirmo que
significações diferentes são dadas as estes símbolos nas duas organizações, além disso,
estes e outros símbolos são encontrados em vários outros seguimentos religiosos.
“... em 31 de janeiro de 1984 foi caçada pela Loja Principal de Utah a restrição contra iniciação de
mórmons em suas lojas”. (Mormonismo e Maçonaria – Terry Chateau).
XIII

FINALMENTE A PAZ

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Durante muito tempo as reivindicações contra a participação dos membros de A
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (mórmons) na Maçonaria de Utah
foram mantidas como regras invioláveis. Somente em 31 de janeiro de 1984 em uma
reunião que contou com a presença de vários líderes da Igreja, realizada no Hotel Utah. O
Presidente Spencer W. Kimball em um gesto de boa vontade declarou que os mórmons
nada tinham contra qualquer instituição que praticasse atos louváveis. Após isso, a Loja
Principal de Utah removeu todas as restrições impostas durante quase dois séculos contra
os mórmons de Utah, em conseqüência a isso, muitos homens da Igreja retornaram aos
passos de nossos primeiros líderes. Ao longo destes vinte anos homens respeitados da
Igreja tem se tornado líderes na fraternidade maçônica por todo o mundo. Em
continuidade ao processo de reaproximação a Loja Principal de Utah em declaração
oficial e publica renegou todas as afirmações contrárias aos mórmons, inclusive tecendo
elogios aos Profetas Joseph Smith e Brigham Young. Citando-os como referencias de
homens íntegros e corretos, afirmando que eles viveram e preservaram a maçonaria em
sua totalidade. Que embora (O Mestre Principal de Utah) não tenha participado de
nenhuma cerimônia do Templo, pode tranquilamente afirmar que se existem
semelhanças, existem apenas porque ambos tiveram encontros e aprendizados em uma
mesma escola, ou seja, o Templo de Salomão. Esta declaração revogou, invalidou e
repudiou os sentimentos anti-mórmons que foi nutrido durante décadas. Finalmente a
Maçonaria de Utah se alinhou com o verdadeiro espírito e significado da Maçonaria
Universal, podendo agora então, e só então, se unir a Ordem Internacional Maçônica
podendo assim praticar os ideais da Fraternidade Humana.
Agora a Maçonaria Universal está em paz com seus ideais de Liberdade, Igualdade
e Fraternidade, que permitem a todos os homens crê no Grande Arquiteto do Universo
conforme seu entendimento. Finalmente terminou a longa contenda dando início a uma
nova era de luz em Utah... Que o Pai Celestial (o Grande Arquiteto do Universo) continue
a nos permitir exercer nosso livre arbítrio, e que a luz (conhecimento armazenado) da
maçonaria brilhe sobre os homens livres e de bons costumes.
O Parágrafo anterior deveria ser uma pedra sobre esta longa disputa, mais
infelizmente ainda perduram novas formas de restrições impostas aos membros de A
Igreja de Jesus Cristos dos Santos dos Últimos Dias. Desta vez por líderes desinformados
e nutridos pelo preconceito baseado no conhecimento herdado do velho catolicismo e de
suas dissidências protestantes. Deveria ser diferente, mais o que temos visto são líderes
mórmons que desafiando o livre arbítrio do Profeta Joseph e demais mórmons maçons,
insistem em criar barreiras retaliativas para aqueles que ingressam na fraternidade
maçônica. Às vezes fico a pensar, tentando entender o que motivaria um líder mórmon a
caçar os direitos e privilégios de um mórmon maçom. Em nossos dias não existe espaço
para as alegações de “falta de sintonia com as doutrinas de Jesus Cristo” somente por que
um homem foi iniciado Maçom. Só consigo pensar que a ignorância seja o motivador
destes líderes. Mais mesmo assim persiste em mim a dúvida, pois não consigo entender
como podemos estar errados hoje, se Joseph Smith Sr, Joseph Smith Junior, Hyrum
Smith, Alvim Smith, Dom Smith, William Smith, Brigham Young, John Taylor, Wilford
Woodruff, Lorenzo Snow e outros, estavam corretos no passado, já que todos eram
maçons atuantes como vimos no decorrer deste livro. Neste momento tudo que posso
esperar destes líderes é que saiam desta inércia e se desvinculem de velhos dogmas que
nada tem haver com as doutrinas de Jesus Cristo.
...nada há encoberto que não haja de ser descoberto, nem oculto que não haja de ser conhecido. O que vos
digo às escuras, dizei-o às claras; e o que escutais ao ouvido, do alto dos edifícios pregai. (Yehoshua Bem
Joseph (Jesus Cristo) – Mat. 10:26 - 27).
APENDICE I

‫׵‬
A Maçonaria e A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, têm
perseverado em manter sob sigilo suas cerimônias, e muitos esforços inquisitivos alguns
têm feito na tentativa de descobrir aquilo que ambas as organizações tem tentado
preservar dos olhos do “mundo”. Assim, somente uns poucos escolhidos tem acessado
aos seus recônditos mais íntimos.
A História da Maçonaria adentra aos mais ínfimos recônditos da História da
Humanidade e, às vezes, confunde-se com acontecimentos que nada tem a ver com ela,
principalmente quando se trata de buscar suas origens. O estudo é de tamanha
complexidade que não só maçons, estudiosos da Arte Real, mas também duros
adversários têm manifestado a dificuldade de encontrar o intransponível caminho que
leva ao seu início, à sua origem.
Existem muitas outras fontes de informações Santas dos Últimos Dias que
relatam sobre a relação vivida pela A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
e a Maçonaria. Estas fontes são de fácil acesso a qualquer pesquisador, uma rápida
consulta a manual do Instituo e outros, ajudarão a dirimir algumas dúvidas que possam vir
a perdurar. As informações aqui constadas podem ser checadas com os líderes locais ou
ainda podem ser encaminhas a:

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias Avenida Professor Francisco
Morato, 2430 - Caxingui 05512-300 - São Paulo – SP – Brasil (0xx11) 3723-3314.

The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints 50 - East North Temple Salt Lake
City, UT 84150
(801) 340-3323

● Dúvidas quanto ao texto exposto poderão ser encaminhadas a cesostre@hotmail.com


APENDICE II

‫׵‬
O irmão Joseph sente-se bem como nunca o vi antes. Uma razão é que ele agora faz parte
de um grupo em que ele se sente seguro. E não é a todos que ele pode abrir seu peito e
sentir-se seguro. Queria que você estivesse aqui e sentisse e ouvisse por si mesmo.
Recebemos algumas coisas preciosas do Profeta sobre o sacerdócio que faria sua alma
regozijar. Não posso dá-las a você no papel porque não são para serem escritas. Portanto,
você deve vir e obtê-las por si próprio. Organizamos uma loja de Maçons desde que
obtivemos uma Carta. Isso foi em março e desde então quase duzentos foram feitos
maçons. Irmão Joseph e Sidney foram os primeiros a serem recebidos na Loja. Todos dos
doze tornaram-se membros, exceto Orson P. Pratt, ele reluta. Mas ele vai acordar em
breve, há uma semelhança entre o sacerdócio e a Maçonaria.
(Heber C. Kimball para Parley P. Pratt, 17 de junho de 1842, Church Archives. por
David John Burgers em The Mysteries of Godliness: A history of Mormon Temple
Worship, p. 40). Benjamin F. Johnson, referindo-se a Joseph Smith:

Franklin D. Richards, que registrou muito dos discursos de Joseph Smith em Nauvoo, fez
a seguinte declaração em 4 de abril de 1899. Joseph, o Profeta, estava ciente de que havia
coisas sobre a Maçonaria que vieram desde o princípio e ele desejava saber o que eram;
daí a loja. Os maçons admitiram que algumas chaves concernentes à Maçonaria estavam
perdidas. Joseph inquiriu o Senhor com respeito ao assunto e Ele revelou ao Profeta a
verdadeira Maçonaria, como a temos em nossos templos. Devido a esse conhecimento
superior que Joseph havia recebido, os maçons ficaram invejosos e fecharam a Loja
Maçônica.
(Journal of Rudger Clawson, 1899).

Nós temos a verdadeira Maçonaria. A Maçonaria de hoje é recebida da apostasia que


ocorreu nos dias de Salomão e Davi. Eles têm uma ou outra coisa correta, mas nós temos
a coisa verdadeira.
(Heber C. Kimball, Manuscript History of Brigham Young, Unpublished,
November 13, 1858, LDS Church Archives. Citado por Stanley B. Kimball, Heber
C. Kimball: Mormon Patriarch & Pioneer.)

Muitos se filiaram à instituição maçônica. Isto parece ter sido um degrau ou preparação
para algo maior, a verdadeira origem da Maçonaria.
(Joseph Fielding, Diary (1843-1846), Church Archives, citado em "`They Might
Have Known He Was Not a Fallen Prophet' – The Nauvoo Journal of Joseph
Fielding", editado por Andrew F. Ehat. BYU Studies 19 -Winter 1979).

Março de 1842, terça-feira, dia 15, hoje oficiei como capelão na instalação da Loja de
Maçons de Nauvoo. No Bosque próximo ao Templo me espera o Mestre Jonas, de
Columbus, temos hoje a presença de um grande número de pessoas. O dia foi muito bom;
todas as coisas foram feitas em ordem, e a satisfação universal foi expressa. Ao anoitecer
recebi o primeiro grau da Maçonaria na Loja de Nauvoo, (que funcionou) em meu
escritório geral (...). Quarta-feira, 16 de março – Estive na Loja Maçônica e cheguei ao
grau sublime da rosa. (Nesta ocasião o Profeta teve acesso aos registros milenares da
história de Hiram Abiff).
(Joseph Smith. Diary. History the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, Vol.
4, Ch. 32).

Comentário do Élder Marvin J. Ballard (que, diferente dos demais acima, não era um
maçom.). O que é Maçonaria? Um fragmento da antiga verdade vinda talvez do templo de
Salomão nos dias passados, mas senão como um fragmento, como o cristianismo é senão
um fragmento do evangelho do Senhor Jesus Cristo. Era apenas para ser possuída e
usufruída por aqueles que possuem o santo sacerdócio. O profeta Elias revelou essas
verdades: ele as possuía antigamente e as deu em sua perfeição e simplicidade e pureza ao
Profeta Joseph Smith.
(Elder Marvin J. Ballard General Conference Reports, October 1913, p. 124)

Brigham Young referindo-se a Hiram Abif. É verdade que Salomão construiu um templo
com o propósito de dar investiduras, mas disso podemos aprender com a história da época
que eles, se deram alguma, deram muito poucas investiduras, e um dos sumo sacerdotes
foi assassinado por homens iníquos e corruptos, que já haviam iniciado a apostatar,
porque ele não revelaria aquelas coisas pertencente ao Sacerdócio que eram proibidas a
ele revelar até ele ir ao local apropriado.
(Brigham Young, Journal of Discourses, Vol. II, April 17, 1853).

Comentários de Brigham Young sobre a não aceitação de membros da Igreja pelas lojas
maçônicas de Utah por causa da poligamia. “Há outra classe dos indivíduos a quem eu
referirei brevemente. Devemos chamá-los de cristãos? Eram cristãos originalmente. Nós
não podemos ser admitidos em suas sociedades, em seus lugares de reunião em certos
momentos e em determinadas ocasiões, porque estão receosos da poligamia. Eu vou lhes
dar seu título para que vocês possam saber de quem eu estou falando: refiro-me aos
maçons. Eles recusaram a filiação de nossos irmãos em suas lojas porque eram
poligamistas. Quem foi o fundador da maçonaria? Eles podem ir até Salomão, e param lá.
Ele estabeleceu esta elevada e sagrada ordem, mas era um poligamista, ou não era? Se ele
acreditava em monogamia, ele não a praticou muito, porque teve setecentas esposas, e
isso é mais do que eu tenho; e teve trezentas concubinas, e eu não tenho nenhuma que eu
saiba.” (Brigham Young, Journal of Discourses, Vol. XI, February 10, 1867). Tal
proibição só foi retirada em 1984 pela Loja Maçônica de Utah.

“O Templo de Kirtland foi apenas um templo preparatório, construído antes de ser


revelada a natureza das ordenanças do templo. O principal propósito de seu erguimento
foi prover um santuário ao qual o Senhor pudesse enviar mensageiros de sua presença,
para restaurar o Sacerdócio e chaves em vigor nas dispensações anteriores, a fim de que
pudesse ir avante o trabalho de juntar todas as coisas em uma, na dispensação da
plenitude dos tempos. No Templo de Kirtland, não havia nenhum dispositivo para as
ordenanças em favor dos mortos, ainda que nele fossem feitos alguns endowments
parciais para os vivos.”
Joseph Fielding Smith - Doutrinas de Salvação-Volume II pág.235

A Maçonaria possui na sua tradição, a informação de que é guardiã dos segredos do


Templo de Salomão. Antes do mesmo ter sido destruído pelos exércitos Babilônicos, os
Sumos-Sacerdotes do Templo, mantiveram esses segredos, passando-os de geração em
geração, na forma oral. Chegou aos nossos dias através da Maçonaria. Os três primeiros
graus do Rito de York (o Rito ao qual Joseph Smith se filiou) são os que possuem os
segredos maçônicos. Os Segredos vão sendo passados gradativamente de grau em grau
até o terceiro grau. Ou seja, o terceiro grau é o que capacita o Maçom a ter todos os
direitos e privilégios dessa Ordem, estando portanto, já de posse de todos os segredos. Os
Segredos Maçônicos fazem parte do Endowment, o que leva a crer que os Segredos do
Templo de Salomão chegaram até aos nossos dias intactos, de forma que Joseph Smith
simplesmente completou o Endowment com esses conhecimentos essenciais. Os
Segredos Maçônicos consistem basicamente nos dizeres de Brigham Young “... depois de
haverdes deixado esta vida, caminhar de volta à presença do Pai, passando pelos anjos
que estão de sentinela, podendo apresentar-lhes as palavras-chave, os sinais e símbolos
pertencentes ao Santo Sacerdócio...”. Abaixo estão transcritos em ordem cronológica,
trechos do Diário de Joseph Smith (History of the Church), onde mostra o estreito
relacionamento do Profeta com a Maçonaria. O Irmão Hyrum assim como outros
membros e líderes da Igreja, já eram Maçons há muito tempo. Joseph Smith só o foi, por
absoluta necessidade. Visto não haver nada escrito com relação a uma revelação do
Senhor ao Profeta, autorizando-o a entrar na Maçonaria...
História da Igreja na Plenitude dos Templos pág.253.
CRONOLOGIA

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968 a.C - Quarto ano do reinado de Salomão inicia a construção do Templo de Jerusalém,
no Monte Moriah, no lugar que ocupava a eira de Ornã e Jebuseu, ponto que separava a
tribo de Judá e de Benjamim.

960 a.C - O Templo de Jerusalém é consagrado. A construção durou 7,5 anos e teve um
custo de 4.900 milhões de dólares (Fonte: Dicionário da Bíblia).

925 a.C - O Templo de Jerusalém é saqueado pelo faraó Sheshonq (ou Shishak ou Sesac
I).

715 a.C - O rei de Roma, Numa Pompilio, funda os Collegia de artesãos que tiveram
influência fundamental para as fraternidades e corporações da Idade Média, onde alguns
apontam como mais um dos possíveis pontos de origem da Maçonaria.

598 ou 586 a.C - O Templo de Jerusalém é destruído por Nabucodonosor II, rei de
Assíria.

536 a.C - Ciro, rei dos persas autoriza a re-edificação do Templo. A obra é executada por
Zorobabel, príncipe de descendência direta de Davi (2º ano de retorno do cativeiro).

515 a.C - No 6º ano do reinado de Dario I, rei dos persas, é concluída a reconstrução do
Templo, sendo conhecido como 2º Templo ou Templo de Zorobabel. Tinha menos
riquezas para não atrair a cobiça dos povos invasores. A Arca da Aliança já tinha
desaparecido.

300 a.C - Os arquitetos de Dionísio passam a se reconhecer por toques e sinais.

168 a.C - Antioco Epifanes IV, rei da Síria saqueia e profana o Templo de Jerusalém,
manda suspender os sacrifícios quotidianos e oferece carne de porco sobre o Altar e
proíbe o culto a Jeová.

70 d.C - Soldados romanos, incendeiam o 3º Templo, ficando destruído para sempre. Tito
leva para Roma o Candelabro, a Mesa dos Pães da Proposição e os Livro da Lei.

1717 - É criada a Loja Maçônica Principal da Inglaterra, e logo depois migra para as
Américas.

1819 - 11 de março - George Miller é iniciado.

1823 – Morre Alvin Smith aos 27 anos de idade, ele era irmão do Profeta Joseph Smith e
era maçom da Loja de Palmyra.

1826 - Em setembro estoura em Nova Iorque o “Caso Morgan”.

1827 – Em setembro o Profeta Joseph Smith recebe as placas de ouro que compunham o
Livro de Mórmon.

1830 - 6 de abril A Igreja de Jesus Cristo é reorganizada oficialmente, por Joseph Smith
Jr.

1833 - 6 de junho, é criado o comitê encarregado de procurar materiais para dar inicio a
construção do Templo de Kirtland.

1833 - 23 de julho, as pedras de esquina do Templo de Kirtland foram assentadas.

1836 - 27 de março (domingo) é dedicado o Templo de Kirtland.

1839 - George Miller se converte e logo é chamado para substituir Edward Partridge

como Bispo, e Don Carlos Smith como presidente dos Sacerdotes em Nauvoo.

1839 - Os Santos fundam Nauvoo, “A Bela”.

1840 - 6 de abril é formada a Loja Principal de Illinois por James Adams, que também era

Mórmon.

1841 - 6 de abril inicia a construção do Templo de Nauvoo.

1841 - 30 de dezembro alguns Mórmons Maçons, com a anuência do Profeta Joseph

Smith, solicitam autorização da Loja Principal para estabelecer em Nauvoo, Illinois, uma

Loja maçônica.

1842 - 3 de fevereiro a Loja Principal de Illinois emite parecer favorável à criação da Loja

de Nauvoo.

1842 - 15 de março o Profeta Joseph Smith e Sidney Rigdon são iniciados como

Aprendizes Maçom.

1842 - 16 de março, em menos de 24 horas, o Profeta Joseph Smith avança para o Grau de

Mestre Maçom.

1842 – De março a maio o Profeta Joseph Smith participa de cinco sessões no Grau de

Aprendiz, três no Grau de Companheiro, e cinco no Grau de Mestre Maçom.

1842 - 17 de junho Heber C. Kimball escreve para Parley P. Pratt dizendo: Nós

organizamos uma Loja maçônica aqui (em Nauvoo). ...Desde março um numero próximo

duzentos já foram iniciados, Joseph e Sydney foram os primeiros. Todos os doze também

já se tornaram maçons, exceto Orson P. Pratt, ele ainda tem dúvidas duvidas, mas logo ele

acordará.

1842 - 4 de julho Brigham Young é iniciado na Loja de Nauvoo, na ocasião ele era

membro do Quorum dos Doze Apóstolos.

1842 - 11 de agosto a Loja de Nauvoo inicia 286 membros da Igreja na Maçonaria.

1843 - 7 de outubro Parley P. Pratt é iniciado na Loja de Nauvoo.

1844 - 5 de abril Hyrum Smith é escolhido para presidir as Lojas de Nauvoo.

1844 - 6 de abril é dedicada a Loja de Nauvoo por Hyrum Smith.

1844 - 27 de junho são cruelmente assassinados Joseph e Hyrum Smith.

1844 - 3 de setembro Orin Caring Rockwell um novo converso da igreja e amigo do

Profeta Joseph Smith é iniciado na Loja de Nauvoo.

1845 - 10 de abril é decretado pela Loja Principal de Illinois o fechamento de todas as

Lojas maçônicas de Nauvoo.

1846 - Fevereiro a marcha para o Oeste tem inicio, os pioneiros cruzam o Rio Mississipi

completamente congelado.

1847 - 24 de julho liderados pelo Presidente Brigham Young entra no Vale do Lago

Salgado a primeira companhia pioneira.

1851 - 18 de junho Sidney Rigdon funda a loja “A Amizade”.

1853 - 17 de abril o Presidente Brigham Young discursa sobre Hiram Abiff, o construtor

do templo de Salomão.

1858 - 13 de novembro Heber C. Kimball cita numa conferencia uma declaração de

Brigham Young que diz: “Nós temos a verdadeira Maçonaria. A Maçonaria de hoje é

resultante da apostasia que aconteceu nos dias de Salomão, e Davi. Eles ainda possuem

algumas coisas que estão corretas, mas nós temos o todo”.

1867 - 10 de fevereiro o Presidente Brigham Young discursa sobre a restrição imposta

pela maçonaria contra a aceitação dos Santos dos Últimos Dias.

1872 - 16 de janeiro é criada a Loja Principal de Utah.

1877 – Morre o Presidente (de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias)

Brigham Young.

1879 - John O. Sorenson é expulso da Grande Loja de Lago Salgado (Maçonaria) porque

se filiou a Igreja de Jesus Cristo.

1880 - Morre o Presidente (de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias) John

Taylor.

1890 – Outubro, o Presidente (de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias)

Wilford Woodruff emite o manifesto suspendendo a prática do casamento plural.

1898 – Morre o Presidente Wilford Woodruff.

1899 - 4 de abril, Franklin D. Richards, que registrou muitos dos discursos do Profeta

Joseph Smith em Nauvoo, fez a seguinte declaração: “Joseph, o Profeta, estava ciente de

que havia coisas sobre a Maçonaria que vieram desde o princípio e ele desejava saber o
que eram”.

1900 - Elder Franklin D. Richards fala ao Quorum dos Doze Apóstolos: Uma Loja
maçônica... Foi estabelecido em Nauvoo e Joseph Smith, Brigham Young, Willard
Richards, John Taylor, Lorenzo Snow, Orson Hyde, F.D. Richards, e aproximadamente
2000 outros se tornaram maçons. Joseph, o Profeta, percebeu que havia algumas coisas na
Maçonaria que vinha desde o princípio e ele desejou saber o que eram. Ele descobriu que
alguns dos conhecimentos da Maçonaria estavam perdidos. Joseph orou a Deus relativo
ao assunto e o Pai Celestial revelou ao Profeta a verdadeira Maçonaria, como nós temos
em nossos templos.

1901 - Morre o Presidente Lorenzo Snow (o ultimo Profeta Mórmon Maçom).

1923 – A Loja Principal de Utah emite novo documento negando direito de visitação aos
membros da Igreja que foram iniciados (na maçonaria) em outros estados americanos.

1984 - 31 de janeiro a Loja Principal de Utah em declaração oficial e publica abre suas
portas para todos os “Mórmons” que desejarem ingressar na ordem, é o fim da discórdia.

1990 - 30 de março Cesóstre Guimarães de Oliveira filiasse a Igreja de Jesus Cristo.

2004 - 27 de março Cesóstre Guimarães de Oliveira é recebido como Aprendiz Maçom na


Loja Maçônica Humanidade e Concórdia nº 2851, em São Luis capital do Maranhão.
REFERENCIAS

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A Chave de Hiram – Christopher Knight & Robert Lomas;

A Relação Entre Maçonaria e Mormonismo – Elder Anthony W. Ivins;

Antes dos Maçons - Michael W. Walker (Grande Secretário da Grande Loja da Irlanda);

Carta da Loja Principal de Utah, 27 de agosto de 2002, em posse de T. Thurman;

Curso de Maçonaria Simbólica - Theobaldo Varoli Filho;

Dicionário de Maçonaria - Joaquim Gervásio de Figueiredo;

Discursos de Brigham Young – A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias;

Historia da Igreja - Volume 1 – A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias;

Historia da Igreja - Volume 2 – A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias;

Historia da Igreja - Volume 3 – A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias;

História da Igreja - Volume 4 – A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias;

História da Igreja na Plenitude dos Tempos – A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos

Últimos Dias;

História Secreta da Maçonaria – C. W. Leadbeater;

Maçonaria Histórica - Terry Chateau;

Mormonismo e Maçonaria - Terry Chateau;

O Templo de Salomão - Fernando de Farias;

Sidney Rigdon: Uma Descrição de Excesso Religioso - Richard S. Van Wagoner;

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