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Cantigas de Amor
Cantigas de Amor
Cantigas de Amor
Nos finais do século XI, na região da Provença (sul de França) nasceu uma literatura
familiar e confidente do tipo da canção de amor. Este lirismo provençal era regido por direitos e
leis que formavam um código do amante perfeito, apresentando três características:
1. a supremacia da mulher;
3. o fingimento de amor.
Este lirismo difundiu-se na Península Ibérica, nos séculos XII e XIII, dando origem às
cantigas de amor de carácter aristocrático, cujo ambiente era precisamente o cortesão. Com
efeito, os nossos poetas passaram a imitar os cantares provençais — «Quer’eu en maneira de
proençal / fazer agora un cantar d’amor» (D. Dinis) — ainda que os adaptassem às formas já
existentes e expressas nas cantigas de amigo. Aliás, a própria língua dos poetas ficou imbuída
de numerosos provençalismos tais como sen (senso), cor (coração), prez (preço; valor), gréu
(grave; difícil) entre outros. O emissor das cantigas de amor é um homem — o trovador — que
se dirige a uma dona ou senhor (casada, portanto), pertencente a uma classe social superior,
em atitude de vassalagem. Deste modo, era invertida a ordem normal das relações sociais: na
sociedade feudal, o casamento era um negócio que visava aumentar a glória e a riqueza de
uma família, sem ter em conta os impulsos do coração; e além disso, era o marido que
dominava inteiramente a esposa e nunca o contrário; no jogo amoroso, é o amante que serve a
dama, que se inclina perante os seus caprichos e que se submete às provas impostas por ela.
Massaud Moisés
Quanto ao mozdobre, este era um artifício poético que consistia em repetir, na parte final
de um verso, uma variante gramatical da última palavra do verso anterior:
Se eu podesse desamar
a que(n) me sempre desamou,
e podess’ algü mal buscar
a quen me sempre mal buscou!
(...)
Pêro da Fonte
(CA289/CV567/CBN 923)
A atafinda era um processo poético que consistia em levar o pensamento sem interromper
até ao fim da cantiga, havendo um encadeamento estrófico; a finda era uma copia-remate, de
um a três versos, que rimava normalmente com o refrão ou, nas cantigas de mestria, com a
segunda parte da última estrofe.