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Lélia Gonzalez, Onipresente: Cultura
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Cultura
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Lélia Gonzalez em imagem sem data. Segundo a amiga Ana Maria Felippe, era uma das fotos de que ela mais gostava.
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DANIELA MERCIER
São Paulo - 25 OCT 2020 - 20:01 BRT
“Por que vocês precisam buscar uma referência nos Estados Unidos? Eu
aprendo mais com Lélia Gonzalez do que vocês comigo”, resumiu Angela
Davis, ícone do feminismo negro norte-americano, ao visitar o Brasil em 2019,
num indicativo de que os brasileiros precisam reconhecer mais a sua própria
pensadora, uma das pioneiras nas discussões sobre a relação entre gênero,
classe e raça no mundo.
MAIS INFORMAÇÕES
Por todos os lugares —sociais e geográficos— onde esteve em
seus 59 anos de vida, Lélia Gonzalez deixou uma produção
intelectual intensa e original, que mistura saberes e vivências
de diversas áreas e marcou uma geração de militantes negras.
A abrangência e a atualidade de seu pensamento podem ser
Octavia E.
Butler: a vistas na coletânea Por um feminismo afro-latino-americano,
ressurreição da lançada nesta segunda-feira pela editora Zahar. A obra reúne
grande dama da
ficção científica textos de 1975 a 1994, período que compreendeu o
fortalecimento de movimentos sociais e a redemocratização,
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Lélia de Almeida, que teria feito 85 anos neste 2020, foi a penúltima de 18
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filhos. Nascida em Belo Horizonte, aos sete se mudou para o Rio de Janeiro
após um acontecimento insólito na vida de uma família sem oportunidades.
Um de seus irmãos, 15 anos mais velho, foi convidado para jogar futebol no
Flamengo —era Jaime de Almeida (1920-1973), que se tornaria ídolo rubro-
negro na década de quarenta e foi pai de Jayme de Almeida Filho, ex-
treinador do clube.
Três momentos: aos 31 anos, na década de sessenta; aos 37, nos anos setenta; e aos 45, nos oitenta.
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“Com a Lélia era assim: ela começava a se interessar por psicanálise, então ia
na livraria e comprava tudo de Freud, tudo de Jung. Ela lia tudo de um
assunto, não lia só uma coisa”, conta a amiga Ana Maria Felippe, de 76 anos,
que era ainda adolescente quando conheceu Lélia Gonzalez —de quem foi
aluna no colégio e depois na faculdade de filosofia. “A Lélia foi um facho de
luz que apareceu na minha frente e eu me agarrei nele”, brinca Felippe.
Durante anos, ela manteve um site em homenagem à pensadora e atualmente
alimenta a página do Facebook Memorial Lélia Gonzalez.
“Lélia era griot, era falante”, comenta sua amiga Felippe, que lembra que a
pesquisadora falava muitas vezes de improviso, com base em tópicos, em suas
aulas e palestras, modulando o seu discurso conforme a reação do público.
“Ela tinha todo o fundamento teórico, mas ela queria chegar na pessoa.”
Conseguia: “Desde que vi e ouvi Lélia Gonzalez pela primeira vez, me decidi
politicamente pela militância na questão da mulher negra”, recorda Sueli
Carneiro. A diretora do Geledés Instituto da Mulher Negra assistiu a uma
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Pensamento e ação
Foi perto dos 40 anos que Lélia Gonzalez, já uma intelectual respeitada,
começou a militar no movimento negro. Era a década de setenta, época em
que, como ela narrou no livro Lugar de negro, “uma negadinha jovem
começou a atentar para certos acontecimentos de caráter internacional, a
luta pelos direitos civis nos Estados Unidos e as guerras de libertação dos
povos negro-africanos de língua portuguesa”, reavivando a articulação
silenciada pelo golpe militar de 1964. O trabalho na difusão da cultura afro-
brasileira já havia levado a pesquisadora participar do Grêmio Recreativo de
Arte Negra e Escola de Samba Quilombo, fundada pelo sambista Candeia
(1935-1978) no Rio, e a entidade foi uma das apoiadoras de uma mobilização
que surgia em São Paulo e que depois viraria nacional: o Movimento Negro
Unificado (MNU), lançado em 1978 em um ato que marcou a volta dos
protestos de rua por justiça racial no país em plena ditadura. Gonzalez foi a
escolhida por Candeia para representar a escola de samba na manifestação e,
a partir daí, ela ajudou a fundar e a consolidar o movimento.
Tornou-se ativista, e foi na sua própria casa, no Cosme Velho, que ocorreram
muitas das reuniões com os militantes, conta o filho Rubens Rufino, de 59
anos, sobrinho biológico, mas criado por ela. Aos sábados, os dois
participavam de encontros com outros intelectuais negros no Teatro Opinião,
ambiente de protesto e resistência que tinha à frente nomes como Ferreira
Gullar (1930-2016). “Eu tinha 15 anos e ela me levava para eu começar a
entender a questão do racismo, que eu já sentia na pele. Com esses debates,
eu consegui superar situações muito graves que vieram depois”, afirma o
Rufino.
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Benedita da Silva, então vereadora do Rio, e Lelia Gonzalez em viagem a Nairobi (Quênia), em 1985.
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Para Flavia Rios, todos os lugares por onde Gonzalez passou confluíram para
uma linha de pensamento nem sempre associada à sua imagem, mas
importante de ser ressaltada nos tempos atuais: a defesa da democracia. “Ela
esteve na formação das principais organizações que lutaram contra a
ditadura. No movimento negro, no movimento feminista, nos dois principais
partidos de oposição que emergiram no final da ditadura, na Constituinte, no
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