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Primeira Guerra Mundial
Primeira Guerra Mundial
Primeira Guerra Mundial
Forças italianas ao longo do perímetro defensivo no rio Piave (Foto: Exército Italiano | Wikimedia).
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi um conflito iniciado por países europeus que
atingiu uma proporção até então inédita: uma guerra global. Além de países de vários
continentes – incluindo o Brasil – terem se envolvido na disputa, as batalhas também se
espalharam para além do continente europeu. É sobre a Grande Guerra, suas causas e
consequências que estudaremos em nossa aula.
A França, que perdeu a Guerra Franco-Prussiana (1870-71) e teve que entregar a região da
Alsácia-Lorena – rica em minério de ferro – aos alemães, cultivava um sentimento de
revanche.
Por sua vez, os russos não reagiram bem à tentativa alemã de construir uma estrada de
ferro ligando Berlim a Bagdá, capital do Iraque. A insatisfação era justificada pelo fato de a
estrada cortar regiões ricas em petróleo, sobre as quais a Rússia pretendia estender sua
influência.
Já os ingleses não estavam contentes com a concorrência industrial alemã, que ameaçava o
monopólio da Inglaterra em diversos mercados. Os Estados Unidos também compartilhavam
dessa visão, pois viam a influência política e econômica da Alemanha se espalhar por
importantes países da América, como o Brasil.
O que poderia ter sido apenas mais uma das muitas guerras europeias toma proporções
gigantescas. A Rússia, que tinha tratados de amizade e defesa com a Sérvia e cultivava
inimizades com o Império Austro-Húngaro, partiu em socorro de seu aliado. Assim, iniciou-se
um efeito dominó que acionou as principais alianças militares do continente: Tríplice
Entente e Tríplice Aliança.
Portanto, o assassinato de Francisco Ferdinando é considerado a “gota d’água” que fez as
inúmeras tensões acumuladas entre as potências europeias transbordarem na Primeira
Guerra Mundial.
Guerra de Trincheiras
Como havia um equilíbrio de força entre as Tríplices Entente e Aliança no início da Primeira
Guerra Mundial, os exércitos cavaram trincheiras de forma a manter terreno e aguardar a
chance de atacar para conseguir avançar. O espaço entre as duas trincheiras inimigas era
conhecido como “terra de ninguém” e qualquer um que pisasse ali tornava-se alvo de
disparos de todos os lados.
Essas valas tinham cerca de dois metros de profundidade e tornaram-se complexos onde
soldados podiam descansar e feridos podiam receber atendimento médico. Em locais
chuvosos, como nos terrenos da França e da Bélgica, a água acumulada nas trincheiras
facilitava a transmissão de doenças.
Além de ter que lidar com as más condições físicas dessas valas, os soldados também se
viam em meio a uma guerra psicológica. Isso porque o combate não era constante. Na
verdade, a maior parte da ação consistia em vigiar os movimentos inimigos.
Antes de os soldados efetivamente avançarem sobre a “terra de ninguém”, aviões e canhões
entravam em ação, atacando a fronteira inimiga. Armas químicas, apesar de proibidas,
também eram amplamente usadas, como o gás de cloro e o gás mostarda. Só depois de
todo esse ataque é que os exércitos procuravam avançar.
Esse estágio da Primeira Guerra Mundial durou até 1918. Estima-se que 400 km de
trincheiras tenham sido cavados na frente de batalha ocidental. Esse front, que se estendia
desde o Canal da Mancha (Bélgica) até a fronteira da Suíça tinha, ao todo, cerca de 645 km
de extensão.
Você sabia? O uso de armas químicas na Primeira Guerra Mundial caracterizou um crime
de guerra.
Tratado de Versalhes
O Tratado de Versalhes responsabilizou a Alemanha pela Primeira Guerra Mundial e
estabeleceu uma série de punições ao Estado. Além de ter que pagar indenizações aos
vencedores, os países da Tríplice Entente – que foram quitadas apenas em 2010 –, a
Alemanha foi proibida de ter um exército grande e ainda perdeu colônias e territórios – como
a Alsácia-Lorena, cedida à França.
Todas essas condições instalaram um sentimento de revanchismo que viria a colaborar para
a ascensão do nazismo e culminaria na Segunda Guerra Mundial.
Prejuízos socioeconômicos
Uma das principais consequências da Primeira Guerra Mundial foi o número de mortes. Ao
todo, cerca de 13 milhões de soldados e civis morreram no conflito e outros 20 milhões
foram feridos ou mutilados. Esses números absurdos – que são justificados pelos novos
armamentos construídos com avanço tecnológico da Revolução Industrial – levam o conflito
a ser chamado de a “Grande Guerra”.
Tantas mortes e ferimentos não impactaram apenas a moral dos países, mas também
geraram consequências econômicas, pois os Estados perderam significativas parcelas
da população masculina ativa. A Áustria-Hungria perdeu 17,1% dos homens
economicamente ativos, enquanto a Alemanha e a França tiveram baixas de 15,1% e
10,5%, respectivamente. Também na Alemanha, a sociedade civil sofreu imensamente com
a guerra. Milhares de mortes foram causadas pela fome. A escassez de alimento não era
justificada apenas pelas sanções internacionais impostas ao país, que prejudicavam a
importação, mas também pelo fato de a indústria voltar-se completamente à guerra durante
o conflito.
Além das perdas humanas, os prejuízos materiais foram imensos. A infraestrutura dos
países europeus foi profundamente afetada e a crise econômica causada pelos altos custos
da guerra geraram desemprego e fome. Tanta instabilidade política e social possibilitou a
ascensão de regimes totalitários que consistiram em outro ingrediente fundamental para
a Segunda Guerra Mundial.