Historia Da Fotografia
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CAPÍTULO 1
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Hélio em grego significa Sol. Heliografia, portanto, é a escrita com o sol.
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betume-da-judéia, que endurecia ao ser atingido por raios solares. A primeira imagem
obtida por ele que se conservou, da janela de sua casa, precisou de oito horas de
exposição. Um passo muito importante para o processo fotográfico. Mas Niépce não foi
o único. Há um grande número de relatos de experiências similares e simultâneas em
diversos países.
Em Paris, Louis-Jacques-Mandé Daguerre (1787 - 1851) se torna conhecido com sua
invenção, o “diorama” - painéis translúcidos, pintados por intermédio da câmera escura,
que produziam efeitos visuais (fusão, tridimensionalidade) mediante iluminação
controlada por trás deles.
Quando tomam conhecimento um do outro Niépce e Daguerre passam a manter
correspondência sobre seus trabalhos. Em 1829 firmam acordo para compartilhar seus
conhecimentos secretos e aperfeiçoar a heliografia, mas a sociedade não funciona.
Após a morte de Niépce, Daguerre descobre que uma imagem latente (quase invisível),
que podia ser revelada com o vapor de mercúrio, reduzindo o tempo de exposição para
10 a 20 minutos.
Em 19 de agosto de 1839, Daguerre apresenta na Academia de Ciências e Belas Artes de
Paris seu processo, chamado de daguerreotipia. O governo francês compra o processo e
o doa ao mundo, com restrição de uso na Inglaterra. Marca oficialmente o início do
processo fotográfico, porém não é o primeiro nem o único.
Em 1932 o francês Hércules Florence, radicado no Brasil, já imprimia diplomas maçônicos
e rótulos de farmácia expondo-os ao sol em contato com papéis sensibilizados com
cloreto de ouro, processo que batizou de Photographie.
Na Inglaterra, Willian Henry Fox-Talbot usava a câmera escura para desenhos em
viagens. Com o daguerreótipo proibido em seu país busca impressionar quimicamente o
papel. Obtém uma imagem negativa, fixada em sal de cozinha e submetida a contato
com outro papel sensível. Assim a cópia apresentava-se positiva sem inversão lateral.
As imagens de Talbot eram pequenas (2,50cm²) e sem detalhes se comparadas com a
heliografia de Niépce (25x55cm), obtida nove anos antes. A lentidão, o pequeno
tamanho e a falta de detalhes não atraem o público que prefere o daguerreótipo. Mas
sua invenção é de grande importância, por inaugurar o processo negativo/positivo, que
permite a realização de cópias idênticas, impossíveis no daguerreótipo.
A falta de detalhes deve-se à falta de transparência do papel, utilizado porque não era
ainda possível “grudar” a substância fotossensível a uma superfície com mais
transparência, o vidro.
Em 1847 Abel Niépce da Saint-Victor (primo de Nicéphore Niépce), descobre que a clara
de ovo, ou albumina, era adequada para fazer o material fotossensível aderir ao vidro. O
método proporciona grande precisão de detalhes, mas com exposição de cerca de 15
minutos. As placas podiam ser guardadas durante 15 dias.Em 1848 o inglês Frederick
Scott Archer (1813-1857) inventa o processo de colódio úmido, difundido a partir de
1851. O colódio (éter e álcool numa solução de nitrato de celulose) é a substância ligante
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que faz o nitrato de prata fotossensível aderir à chapa de vidro, gerando a base de um
negativo. A exposição deve ser realizada com o negativo ainda úmido que é revelado
imediatamente. O processo dominou a segunda metade do século XIX, produzindo
negativos bem mais nítidos e com maior gradação tonal do que os negativos de papel.
Em 1871 surgem as placas secas criadas por Richard Leach Maddox (1816-1902), de
manuseio muito mais fácil. A partir da década de 1880 as placas secas substituem
definitivamente o colódio úmido. O novo processo permite que o fotógrafo compre as
placas prontas e impõe a necessidade do obturador, já que a velocidade da emulsão
deste processo permite exposições curtas, de 1/25 seg.
Assim, chega ao fim o processo artesanal e a fotografia entra na era industrial, que será
definitiva a partir da invenção da câmera Kodak, que veremos.
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CAPÍTULO 2
Como foi visto, a pobreza de detalhes das fotografias de Talbot devia-se à falta de
transparência do papel, utilizado porque não era ainda possível “grudar” a substância
fotossensível a uma superfície com mais transparência, o vidro.
Em 1847 Abel Niépce de Saint-Victor (primo de Nicéphore Niépce), descobriu que a clara
de ovo, ou albumina, era adequada para fazer o material fotossensível aderir ao vidro. O
método proporcionava grande precisão de detalhes, mas com exposição de cerca de 15
minutos. As placas podiam ser guardadas durante 15 dias.
Em 1848 o inglês Frederick Scott Archer (1813-1857) inventou o processo de colódio
úmido, difundido a partir de 1851. O colódio (éter e álcool numa solução de nitrato de
celulose) é a substância ligante que faz o nitrato de prata fotossensível aderir à chapa de
vidro, gerando a base de um negativo. A exposição deve ser realizada com o negativo
ainda úmido que é revelado imediatamente. O processo dominou a segunda metade do
século XIX, produzindo negativos bem mais nítidos e com maior gradação tonal do que os
negativos de papel.
Em 1871 surgiram as placas secas criadas por Richard Leach Maddox (1816-1902), de
manuseio muito mais fácil. A partir da década de 1880 as placas secas substituíram
definitivamente o colódio úmido. O novo processo permitia que o fotógrafo comprasse
as placas prontas e impôs a necessidade do obturador, já que a velocidade da emulsão
deste processo permitia exposições curtas, de 1/25 seg.
A fotografia entrava na era industrial.
Em 1877, o americano George Eastman lançou no mercado a película emulsionada em
rolo, fina e transparente, feita com nitrato de celulose, com capacidade para 100
fotografias.
Em 1888, fundou a empresa Kodak e lançou também uma câmera portátil, a Kodak nº 1.
Ao terminar o filme ele era mandado para a fábrica onde era revelado e copiado. O
cliente recebia de volta a câmera carregada com um novo filme e as 100 fotografias
montadas em papel-cartão.
A fotografia, que era exclusividade dos profissionais, foi popularizada. A invenção de
Eastmam mudou totalmente a forma de se praticar fotografia, o público que dela fazia
uso e a desfrutava.
Com a Kodak número 1 surgiu também a fotografia amadora. As famílias podiam fazer
seus próprios retratos, o fluxo de imagens e a sua circulação se transformou. O cidadão
comum podia criar sua própria narrativa visual do mundo. A prática da fotografia
amadora no âmbito familiar possibilitou transformações no regime de visualidade.
No campo profissional também aconteceram importantes transformações na década de
1880. Em 1882 Georg Meisenbach patenteou a autotipia, processo em que a figura é
reproduzida através de uma retícula ou malha de vidro, fragmentada em pontos de
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CAPÍTULO 3
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perde o contato com o objeto fotografado, mas por outro lado não vê no visor
exatamente o que fotografa (efeito paralaxe).
O visor telemétrico (rangefinder) está diretamente ligado ao conceito de “momento
decisivo” formulado por Henri Cartier-Bresson: como nessa câmera o fotógrafo vê a cena
por um visor independente da objetiva, nunca perde o contato com o objeto
fotografado, como acontece nas câmeras reflex.
Como não tinha espelho, a Leica M podia ser utilizada em baixa velocidade, de até 1/15s,
sem perigo de tremer a foto. Também não havia o barulho que este componente faz ao
se deslocar.
Com essas novas câmeras o fotógrafo se livrava do equipamento pesado, podendo se
colocar em qualquer lugar carregando apenas o compacto equipamento.
A liberdade não se restringia aos inéditos pontos de vista conquistados.
Com o filme de 36 poses, a claridade e variedade das lentes recambiáveis, era possível
realizar mais fotografias e captar situações antes impossíveis, invisíveis para o olho
humano.
A partir do momento em que foi possível captar um instantâneo a capacidade visual foi
ampliada. O que a câmera vê vai além do que o olho humano enxerga e o ponto de vista
do fotógrafo muitas vezes é inédito.
O instantâneo fotográfico é uma aquisição tecnológica, uma fração de tempo não
perceptível para o olhar humano. A visão humana tem uma capacidade relativamente
baixa de “separação temporal” já que para a mente é impossível distinguir o
encadeamento de imagens que se movem numa velocidade superior a 1/10 segundos
Para congelar a imagem é preciso aumentar a velocidade do obturador de uma forma
proporcional ao movimento do objeto.
Por isso o instantâneo captado pela câmera fotográfica é invisível para o olho humano.
Ao tornar o invisível visível, a fotografia engendra uma nova visualidade.
O instantâneo fotográfico inseriu a fotografia na modernidade, possibilitou o
rompimento com a tradição imagética anterior e influenciou a visualidade
comunicacional e artística.
As diversas expressões fotográficas do século XX que veremos nos próximos capítulos são
tributárias da liberdade proporcionada pelas câmeras compactas e rápidas.
Câmera Leica
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CAPÍTULO 4
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Japan", com cem fotografias cada um. Em "Native Types" as fotografias são pintadas à
mão, característica da fotografia japonesa do século XIX.
Trabalhou também em estúdio e tinha fotografias avançadas, como "Girl in Heavy Storm"
(cuja autoria é discutida entre Beato, Stillfried e Kusakabe Kimbei). A foto é referência
para a história da fotografia. Passa a sensação de vento forte suspendendo as pontas do
quimono com fios invisíveis. O negativo de vidro foi riscado para criar a impressão de
chuva. A concepção desta foto é avançada para a época.
Beato documentou o cotidiano e realizou imagens impressionantes como o de um
homem crucificado e a encenação de uma decapitação.
A limitação tecnológica não impossibilitava mostrar o horror da guerra. O fotógrafo
veiculava as imagens através de gravuras e vendia álbuns e fotografias soltas.
O quarto conflito documentado por uma câmera foi a Guerra de Secessão Norte-
americana, outro importante marco no registro sensacional dos conflitos.
Fotógrafos dos dois lados viram no conflito a oportunidade de ampliar seu mercado.
As primeiras imagens são de George S. Cook (1819-1902), mas apenas um fotógrafo,
Andrew J. Russel (1830-1902) foi pago pelo governo dos EUA.
Alguns dos mais importantes fotógrafos foram Mathew Brady (1823-1896), Alexander
Gardner (1821-1882), Timothy O`Sullivan (1840- 1882) e George N. Barnard (1814-1902).
As imagens da guerra que circulavam em cartões e eram reproduzidas por gravuras em
vários periódicos criando uma crônica visual do conflito.
Fotografias de líderes como Abraham Lincoln e outros eram populares. As famílias
encomendavam fotos dos soldados que também levavam as fotografias de seus parentes
para o campo de batalha. Mais de 1400 fotógrafos fizeram imagens de soldados
individualmente, das tropas, instalações militares e campos de batalha. Os negativos
eram revelados no campo e depois enviados para os estúdios para serem feitas as
impressões. Estúdios fotográficos eram montados no campo de batalha.
Mathew Brady é o mais conhecido fotógrafo da Guerra de Secessão. Fotografou
soldados individualmente ou em grupos. Tinha tradição de retratista: Em 1850 publicou
The Gallery of Illustrious Americans, com fotografias de políticos que militavam em lados
opostos, o que lhe deu fama.
Antes do início da Guerra Civil já tinha mais de 10 mil fotografias de celebridades,
inclusive presidentes como a do presidente norte-americano Abraham Lincoln, tirada em
1860. Vendeu cópia das fotos de Lincoln para vários periódicos. A maior parte das
pessoas jamais vira Lincoln, e durante a campanha presidencial corriam boatos de uma
suposta doença. A foto disfarça a aparência debilitada do futuro presidente.
Posteriormente foi usada em moedas e na nota de 5 dólares.
George N. Barnard, que trabalhou com Brady, publicou Photographic Views with
Sherman’s Campaign (1866) mostrando a destruição metódica das ferrovias sulistas pelas
tropas do norte.
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CAPÍTULO 5
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CAPÍTULO 6
Fotografia foi usada no século XIX para fins topográficos, científicos (geologia, biologia
astronomia, química) e nas ciências sociais. Contribuiu para o ambiente positivista.
Também foi utilizada para fins policiais, tanto para identificação como para evidências
criminais. A partir de 1870 serviu para a polícia identificar os membros da Comuna de
Paris. Tinha o estatuto de prova, o senso de autenticidade não apenas na guerra, nas
ciências e terras exóticas, mas também nos retratos do dia a dia.
Eventos e personalidades passam a ser figurados para o público.
As pessoas comuns também podem ser figuradas: retrato, antes exclusividade dos
nobres, se torna acessível à burguesia. Os principiais retratistas atendiam aos
endinheirados e também são das classes mais favorecidas, como Félix Nadar, Étienne
Carjat, Gustave Le Gray, David Octavius Hill, Robert Adamson e Julia Margaret Cameron.
Um retrato de Nadar custava 100 francos.
Em 1854 o fotógrafo André-Adolphe Disdéri (1819-1889) começou a fazer retratos no
formato cartão de visita, conhecidos como carte-de-visite. Inventou uma câmera com
quatro objetivas que produziam oito fotografias que depois eram recortadas e montadas
sobre um cartão. Os carte-de-visite eram vendidos a cinco francos, muito menos do que
era cobrado por qualquer outro fotógrafo.
O carte-de-visite colocava a fotografia ao alcance de camadas mais baixas. A fotografia se
transformou em produto industrial, barato e popular. Surgiu uma indústria de cartões de
pessoas famosas, vendidos a preços populares.
Ao contrário dos retratos que se concentravam no rosto, Disdéri fotografava o corpo
inteiro em cenários que definiam status, longe do cotidiano do indivíduo e perto da
máscara social, numa paródia da auto-representação em que se fundiam o realismo
essencial da fotografia e a idealização intelectual do modelo.
A partir de 1855 Disdéri começou a retocar as fotografias, eliminando imperfeições. Foi
um dos primeiros a fazer fotografias de nus eróticos e teve êxito comercial. A fotografia
atingiu um novo patamar, popularizada e acessível.
Na segunda metade do século XIX houve um aumento de demanda de fotos de lugares e
culturas exóticas juntamente com a busca de tornar as cenas mais reais, através de
efeitos visuais. A estereografia se popularizou, assim como as panorâmicas de até 360º.
Aimé Civiale (1821-1893) fez panorâmicas da Itália, França, Áustria e Alpes suíços.
Também o rosto humano era objeto dos fotógrafos. Com a popularização da fotografia e
o avanço tecnológico foi possível registrar expressões e se acreditava que poderiam
revelar o interior do ser humano.
Guillaume Benjamin Duchenne de Boulogne (1806-1875) foi um médico francês que
tratava epilépticos, pessoas com problemas neurológicos e mentais. Publicou em 1862
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Carte-de -visite
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CAPÍTULO 7
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3ª) fotografia de foco suave, influenciada pelo impressionismo. Destaque Peter Henry
Emerson que em 1886 lança o livro Naturalistic Photography com imagens construídas a
partir das teorias sobre a imagem fotográfica e a visão humana desenvolvidas por Henry
Peach Robinson. A fotografia deveria ser tão natural como a visão da natureza e
reproduzir o olhar humano, que tem foco seletivo, portanto com as áreas adjacentes
desfocadas.
A expansão do pictorialismo como movimento internacional durante a primeira década
do século XX coincidiu com o período em que Alfred Stieglitz (1864 – 1946) liderava a
Photo-Secession (1902) e atuava como curador de mostras de fotógrafos americanos e
europeus dentro e fora dos Estados Unidos.
A Photo-Secession também visava o reconhecimento da fotografia como meio de
expressão artística. Além de Stieglitz, foram fundadores Edward Steichen (1879 – 1973),
John G. Bullock (1854 – 1939), Frank Eugene (1865 – 1936), Gertrude Käsebier (1852 –
1934), Dallet Fuguet (1868 – 1933), Joseph Keiley (1869 – 1914) e Clarence White (1871 –
1925).
Em 1905 fundaram no número 291 da Quinta Avenida, em Nova York, a Galeria 291.
Stieglitz não expunha apenas fotografias, mas desenhos, pinturas, esculturas e objetos
de artistas como August Rodin (1840 – 1917), Henry Matisse (1869 – 1954), Marcel
Duchamp (1887 – 1968), Francis Picabia (1879 – 1953) e, pela primeira vez nos Estados
Unidos, Pablo Picasso (1881 – 1973). A Galeria 291 se tornou referência para a Arte
Moderna e fotografia perdeu terreno. Entre 1910 e 1913 de 47 mostras apenas três
foram fotográficas.
De 1903 a 1917, Stieglitz edita Camera Work, revista luxuosa dedicada à publicação de
imagens e monografias de integrantes da Photo-Secession e de pictorialistas europeus
como Robert Demachy (1859 – 1938) e de fotógrafos do século XIX. A partir de 1910 a
revista passou a divulgar outras categorias de arte moderna.
Em 1908, a Photo-Secession dominou o tradicional salão pictorialista inglês Photographic
Salon of the Linked Ring com mais da metade dos trabalhos expostos. Os pictorialistas
tradicionais se ressentiram da hegemonia norte-americana e do afastamento dos
padrões estéticos e temáticos do pictorialismo. As imagens do mundo contemporâneo
destoavam das cenas idílicas e atemporais da estética pictorialista. Outras fotos
apresentavam um forte sentido geométrico e pouca profundidade, remetendo à pintura
abstrata de vanguarda, que surgia nessa época.
A Photo-Secession deu visibilidade internacional ao pictorialismo norte-americano e
também a representou a decadência do movimento. Na década de 1910 críticos norte-
americanos começaram a empregar o conceito de straight photography (fotografia
direta) para imagens obtidas diretamente da câmera sem intervenções posteriores. A
realização de imagens de caráter artístico explorando apenas os recursos fotográficos
passa a ser valorizada.
A partir de 1907 Stieglitz se voltou para a fotografia direta. Em 1917, dedicou o último
número de Camera Work à obra de Paul Strand, um dos principais representantes da
straight photography. O conceito passou a identificar a produção fotográfica moderna
norte-americana a partir do pós-guerra.
Ansel Adams e Edward Weston exploraram ao máximo a condição de “pureza” da
straight photography desenvolvendo técnicas particulares de controle de tons no
negativo.
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Em 1932 fundaram com Willard Van Dyke o Grupo f/64 que defendia a fotografia como
arte pura. Imagens nítidas, máxima profundidade de campo, papéis fotográficos com
baixo brilho, concentrando-se unicamente no processo fotográfico.
f/64 é o diafragma mais fechado das objetivas que permite uma grande profundidade de
campo.
Adam sistematizou um controle total de tonalidades de cinzas, baseado em princípios
sensitométricos, que chamou de zone system, e é considerado outro expoente máximo
da straight photography.
Em 1913, ainda na Photo-Secession, Alvin Langdon Coburn experimentou processos
artesanais de produção. Numa exposição em Londres apresentou uma série de
fotografias sob o título New York from its pinnacles, feitas com câmaras pinhole. Ligado
ao Grupo Vorticista de pintores abstratos, inventou uma forma de fotografar baseada no
princípio do caleidoscópio. Antecipou as imagens fotográficas sem o uso da câmara das
colagens de Christian Schad (grupo Zurich Dada), dos rayographs de Man Ray (grupo
surrealista), dos photograms de Molohy-Nagy (Bauhaus), e a angulação e composição de
Alexandre Rodtchenko que serão vistos a seguir.
Apesar de se tratar de um período de das rupturas aparentes, o processo de
conhecimento e de desenvolvimento da linguagem fotográfica foi e ainda é feito
também de continuidades.
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CAPÍTULO 8
As Vanguardas:
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Dali Atômico
CAPÍTULO 9
Fotodocumentarismo social:
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cortes que aumentavam o impacto. Além disso, por ser uma mostra artística, ocultava os
defeitos técnicos e o caráter espontâneo das fotos de Riis.
Como Riis, Lewis Hine (1874-1940) não tinha formação em fotografia. Dava aulas na New
York Ethical Culture School, uma instituição progressista. Aprendeu fotografia e passou a
trabalhar exclusivamente com o meio. Fotografou imigrantes desembarcando na ilha
Ellis e seu cotidiano em bairros pobres. Fazia free-lancers para o National Child Labor
Committee (NCLC), entidade privada que pretendia reformar as leis trabalhistas.
Hine viajou pelos EUA entre 1907 e 1918 e fez cerca de 5 mil fotos de trabalho infantil,
várias vezes assumindo identidade falsa para fotografar as crianças trabalhando em
fábricas, minas, moinhos. Criou o que chamou de “photo story”, uma narrativa composta
de imagens e palavras para ser publicada em jornais e revistas. Exigia o crédito para suas
fotografias numa época em que isso não existia.
Entre 1909-14 trabalhou no projeto The Pittsburgh Survey, um estudo da vida dos
trabalhadores imigrantes e profissionais estabelecidos e seus conflitos trabalhistas. Hine
(imagens e texto) se alinhava com a orientação objetiva da reportagem econômica e da
emergente profissão de sociólogo, em contraste como a abordagem pessoal de Riis.
Fotografou também o trabalho da Cruz Vermelha na Europa depois da I Guerra e
publicou Men at Work: photographic study of Men and Machines (1932) que registrava a
construção do Empire State Building.
Depois do NCLC deixou de mostrar abusos para retratar a dignidade da classe
trabalhadora. Suas últimas fotografias, especialmente as que ele chamava de “retratos
do trabalho” colocava os trabalhadores no centro do quadro celebrando seu talento e
perseverança. Também publicou muitas fotos em jornais dirigidos a profissionais e
voluntários de trabalhos sociais. Em pronunciamento em 1909 sugeriu que os
trabalhadores fotografassem sua própria situação.
A idéia de uma fotografia do trabalho se desenvolve na Europa entre as guerras.
Apesar do crescente movimento trabalhista da virada do século, a fotografia não foi
empregada sistematicamente como propaganda ou documento pelos trabalhadores,
enquanto as indústrias e corporações a usavam para melhorar sua imagem junto aos
trabalhadores e à sociedade.
O Estado Norte Americano foi responsável por uma das mais importantes experiências
de documentação social. Em 1935 Franklin Roosevelt criou a Resettlement
Administration (RA) entre os esforços para combater a depressão. A Agência
supervisionava créditos, controle de enchentes, campos de migrantes e educação
agrícola. Seu maior objetivo era o re-assentamento de fazendeiros falidos, inclusive na
indústria.
Em 1937 a RA passou a se chamar Farm Security Administration (FSA) e suas atividades
fotográficas continuaram supervisionadas por Roy Stryker (1893-1976) na Historical
Section – Photographic. O objetivo era documentar evidências dos bons trabalhos da
agência e divulga-los na imprensa.
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CAPÍTULO 10
A fotografia foi usada como libelo contra a guerra. Em 1924 Ernest Friedrich publicou
Guerra contra Guerra, livro com 180 fotografias chocantes e legendas sarcásticas. Eram
imagens de mortos nos campos de batalhas, construções destruídas, civis famintos,
execuções, cemitérios e closes de soldados desfigurados.
O embate ideológico que teve lugar na Europa após a I Guerra logo se transformaria em
um conflito de fato. A Guerra Civil Espanhola atraiu e despertou a solidariedade de
artistas e intelectuais em todo o mundo. Refletia as tensões ideológicas que deram
origem à II Guerra e foi também o balão de ensaio para as tecnologias bélicas, além de
ter inaugurado o bombardeio aéreo a cidades européias. A cobertura fotográfica
também foi inovadora, graças ao avanço tecnológico, especialmente a câmera Leica 35
mm.
Muitos fotógrafos registraram a guerra entre eles dois dos futuros fundadores da
agência Magnum, David Seymour (Chim) (1911-1956) e Robert Capa (1913-1954), além
de sua companheira Gerda Taro (1910 - 1937), morta no conflito. Também se
destacaram Agustí Centelles i Osso (1909-1985), Juan Guzmán Hans Namuth (1915 –
1990), Georg Reisner (1911-1940), Walter Reuter (1906 – 2005) e os Irmãos Mayo,
coletivo mexicano composto por 5 fotógrafos.
A foto de Chim: “Assembléia para distribuição de terras, Extremadura, Espanha, 1936”
mostra uma mulher amamentando e olhando para o alto, e ficou associada aos
bombardeios aéreos. No entanto foi feita quatro meses antes do início da guerra.
É de Robert Capa a mais marcante foto da guerra, Morte de um Miliciano, publicada pela
primeira vez em setembro de 1936 na Vu e em julho de 1937 na Life. Mostra o exato
momento da queda de um soldado republicano, morto com um tiro na cabeça. Alguns
consideravam a fotografia forjada até que em janeiro de 2008 foram descobertos no
México 127 rolos de negativos de Capa, Taro e Chim, dados como perdidos. Entre eles
está a sequencia da morte do miliciano.
A guerra civil espanhola foi fotografada por equipamentos leves, como a Leica, e filmada
com equipamentos cinematográficos mais flexíveis como a Éclair. Foram produzidas mais
de cem películas de longa e curta-metragem do lado republicano. Outro fundador da
Magnum, Henri Cartier-Bresson, realizou dois filmes para os republicanos.
A fotografia passou a ser vista como uma ameaça ao poder instituído e em 1933 Hitler
mandou registrar todos os fotógrafos alemães, um baque para o ativo movimento de
fotografia trabalhista alemã. A revista AIZ – Revista Ilustrada Trabalhista, criada em 1921
e dedicada a causas liberais e humanitárias se transferiu para Praga.
Neste ano Alfred Eisenstaedt (1898-1995), trabalhando para a Associated Press
fotografou Joseph Goebbels, chefe da propaganda nazista na Assembléia da Liga das
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A imagem sempre ligada aos horrores dessa guerra foi feita por Nick Ut. A menina de 9
anos Kim Phuc, nua, fugindo de seu povoado que estava sofrendo um bombardeio de
napalm.
A foto que selou definitivamente o fim da guerra não foi tomada por um profissional
nem feita em solo asiático. Em 4 de Maio de 1970 John Filo, estudante de fotografia,
fotografa Jeffrey Miller, 20 anos, também estudante, morto pela Guarda Nacional
durante um protesto não-autorizado contra a decisão de Nixon de enviar tropas para o
Cambodja que deixou três estudantes mortos e nove feridos. O ângulo da foto não
mostra o rosto desfigurado de Miller, atingido na boca. Mas a expressão de Mary Ann
Vecchio horrorizada com o que vê completa a foto. Depois se sabe que a menina não é
estudante na Universidade, tem apenas 14 anos e fugiu de casa dos pais em Miami.
Depois de publicada a foto o Governador da Florida, Claude Kirk, afirmou que Mary Ann
era uma “dissidente comunista”.
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CAPÍTULO 11
A fotografia documental:
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prova nos tribunais. Suas fotos têm um acurado senso estético e são trabalhadas em
laboratório, usava lentes olho de peixe imprimindo uma visão destorcida e angustiante
da realidade, numa direta relação entre recursos técnicos e estéticos.
O japonês Shisei Kuwabara (1936) também fotografou os trágicos resultados e publicou o
livro Minamata.
O norte-americano Robert Frank (1924) tinha uma abordagem documental diferente.
Iniciou sua carreira fazendo fotografia de moda para o Harper’s Bazaar e produziu
editoriais na rua durante um ano, quando passou a viajar por vários países, trabalhando
como free lancer. Odiava as histórias da Life com começo, meio e fim. Produziu Black,
White and Things um livro diferente dos foto-ensaios da Life e dos livros fotográficos da
época. Sem narrativa sem ordem cronológica como em A night in London de Bill Brandt
(1938) e Day of Paris de André Kertész (1945), sem tema social como The English at
Home, de Brandt (1936). Frank representa a Fotografia Contemporânea Crítica. Também
participou da exposição de Steichen, Family of Man. Frank não procurava nenhuma
justificativa moral, não havia princípio meio e fim nos seus ensaios e não compactuava
com a idéia de que a fotografia é uma linguagem universal. Não pretendia registrar fatos
importantes. Numa viagem pelos EUA Frank fez cerca de 20 mil fotos das quais
selecionou 83. Em 1958 publicou o trabalho Les Americanes na França que mais tarde
saiu nos EUA com o título The Americans e foi alvo de fortes controvérsias.
Companheira de Frank no Family of Man Diane Arbus (1923-1971) também se dedicou a
um “outro lado” da sociedade americana, os outsiders e freaks, marginais na sociedade.
Ao contrário dos seus contemporâneos adotou a câmera de médio formato Rolleiflex em
detrimento das já tão populares 35 mm. Fotografando de Rolleiflex não perdia jamais o
contato com o objeto fotografado, além de explorar o maior tamanho do negativo.
Usava flash com luz do dia.
Assim como Frank, Arbus usava a câmera para denunciar a insatisfação com frivolidade
da sociedade, mas não visava mudanças sociais. Essa atitude cética influenciará as
próximas gerações de fotógrafos documentais.
Outros destacados documentaristas influenciados por Frank e the Americans são Lee
Friedlander (1934) e Garry Winogrand (1928-1984), ambos participantes juntamente
com Diane Arbus e William Klein (1928) da exposição New Documents de 1967.
As fotos de Friedlander são um retrato impiedoso da sociedade americana, mas menos
emocional que as de Frank. Seu trabalho era realizado em séries: ruas, flores, árvores,
jardins, paisagens, nus, retratos e auto retratos. Em meados dos anos 1960 inicia o seu
trabalho sobre monumentos americanos esquecidos American Monument – 1976 com
forte influência Walker Evans.
Também influenciado por Evans e Frank, além de Cartier-Bresson, Garry Winogrand
fotografava com Leica e grande angular fazendo inúmeras fotos que mal conseguia
revelar, deixando cerca de 300 mil negativos. Seu primeiro livro The Animals foi feito no
zoológico do Bronx e no aquário de Coney Island. Em Public Relations, de 1977,
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CAPÍTULO 12
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Ao longo dos anos 1980 e 1990, fez campanhas publicitárias para designers de moda
como Jean Paul Gaultier e Rei Kawakubo da Comme des Garçons, o que tornou seu
trabalho conhecido internacionalmente.
Apropriou-se de numerosos gêneros visuais, inclusive o filme still, centerfold, fotografia
de moda, retrato histórico, filmes softcore.
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violência visual que a história política moderna do Japão induziu em sua imaginação
comum.
Um de seus primeiros trabalhos chamou-se "Goma de mascar e chocolate", onde a maior
parte das pessoas eram soldados negros americanos perto das bases norte-americanas
num cenário que podia facilmente ser tomado por um país estrangeiro. Apresenta uma
atmosfera niilista desconectada do mundo cotidiano, fragmentada e sem coerência,
numa crítica à versão oficial da história do Japão do pós-guerra, que apresentava uma
democracia pacífica convivendo com a ocupação americana.
A partir dos anos 1960 começou a fotografar Nagasaki, inicialmente a pedido do governo
japonês. Encampou pessoalmente a documentação da cidade, trabalho que mantém até
hoje. Documenta também Okinawa, o último território ocupado pelos Estados Unidos
onde haviam acontecido numerosas atividades contra o colonialismo dos Estados Unidos
e do governo central do Japão, refletindo o clima político e social do Japão do pós-
guerra.
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