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BERNAT, Isaac. Um Próspero Africano.
BERNAT, Isaac. Um Próspero Africano.
BERNAT, Isaac. Um Próspero Africano.
11
.
diçoes . r considerado um
no desenvolv imento de um teatro sem front .
111 arco . . . euas, onde até mes-
língua deixa de ser um 1mped1mento pois O teat
ruo a ' ro passa a ser 0
comunitá rio no qual a cultura global possa sem
espaÇ O am.festar:
Um Próspero africano
Se em "Mahabharata' segundo o roteirista Jean-Claude Carriere, Soti-
1
,
gui abriu uma porta para criação do espetáculo, em "A tempe st ªde1',
sua presença é o fio condutor de uma leitura mais intuitiva da obra de
Shakespeare. "A tempesta de" por ser a última peça de Shakespeare se
apresenta
como uma espécie de testamen to do bar dO mg · 1~ sendo
es,
Prósp .
ero talvez uma de suas vozes mais amargas. No entanto, este
senti ,
rnento e vivido por alguém que isolado d O mu ndo dito civilizado
. , .
se dect· .d de seus m1stenos
ica a uma compreen são mais sutil da vi ª e
atravé ,
s do contato com o sobrenatu ral. Prospero te m os canais abertos
Para s . . , te intensamente na
. e relacionar com o mundo inv1s1vel presen
Ilha
89
- separa ça- 0 entre O mundo visível e o mund o invisível é Um
A nao ••ia
consta nte na co nduta e no olhar de um griot e esta é uma das qualict
a-
des mais exaltad as por Brook no desem penho de Sotigu i. Tambérn é
sem dúvida a princip al caracte rística que o diferen cia da maiori a dos
atores ociden tais com os quais Brook já havia trabalh ado. Este aspecto
é assinal ado pela crítica de Pierre Marca bru (1990) sobre a montagern
de "A tempes tade":
Numa reporta gem sobre a peça, outra caracte rística é aponta da,
desta vez revela ndo a simpli cidade na atuaçã o de Sotigu i e a reação da
plateia :
Nas tradições africanas - pelo menos nas que conheço e que di-
zem respeito a toda a região da savana do sul do Saara - a palavra
falada se empossava, além de um valor moral fundamental, de um
caráter sagrado vinculado à sua origem divina e às forças ocultas
nela depositadas. Agente mágico por excelência, grande vetor das
"forças etéreas", não era utilizada sem prudência (Hampâté Bâ,
1980, p. 182).
:------
Maneir
él ª pessoal d e cad a co ntador estabelece r contc1. to. con
. 1 0 Júblico ant es ele com eça r
1
contar . ,
urna hi storia .
91
acordo com entendimen to humano, reve lar-se de acordo com as
O
-
o
"i:
C"I
pode apagar o fogo, o vento pode secar a água, o homem pode vencer
o vento, a embriaguez esmorece o homem, o sono enfraquece a ern·
o briaguez, a preocupação mata o sono, a morte termina com as preo-
E
o
I.J
cupações, e a ressurreição encerra a morte. Porém o homem é o único
...,
ft::: que pode vencer O vento, já que os outros animais não têm e st e po·
o
I.J
t:::
1..1.1
" Cidade situada a 80 quil ôm etros de Oug d .
a ougou, em Burkma Faso .
94
der. O homem, por exemplo , corre contra o vento, os outros animais
não O fazem. Este aspecto já o diferenci a deles. Esta cosmogo nia afri-
cana coloca o homem no centro, mas totalmen te conectad o às de-
mais forças.
Se Próspero se comunic a com as forças da natureza através de Ariel
1
-::;----
ternpestact "
e , ato IV, cen a 1.
95
•a . .
gi11 , farty.Kouyaté
no ero, em "A tempestade", dirigido por Brook. Foto da coleção particular de
fst!Je,- \ papel de Prósp
Bakari Sangaré (Ariel) e Sotigui Kouyaté (Próspero),
II
em A tempestade", direção de Peter Brook (1990).
Foto da coleção particular de Esther Marty-Kouyaté