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1 - Aleitamento Materno - Fatores Que Influenciam o Desmame Precoce

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Artigo

ALEITAMENTO MATERNO: FATORES QUE INFLUENCIAM O DESMAME


PRECOCE

BREASTFEEDING: FACTORS AFFECTING THE EARLY WEANING

Adriana de Paula Mendonça Brandão1


Ana Paula Roberta de Almeida2
Lura Cristina Borges da Silva3
Rafaella Melo Vila Verde4

RESUMO
O aleitamento materno é o alimento completo e mais adequado para os bebês, sendo
recomendado seu uso exclusivo até os seis meses de vida. Contudo, ainda não é
satisfatória a adesão das mães a esta prática, ocorrendo assim o
desmameprecoce.Neste sentido esse trabalho tem por objetivo geral identificar os fatores
de risco para a interrupção do aleitamento materno e desmame precoce em crianças
menores de seis meses de vida. E o objetivo específico é constatar a contribuição do
profissional de saúde no processo do aleitamento materno. Os estudos foram obtidos
através de revisão bibliográfica nas principais bases de dados (BVS, Lilacs, Medline,
Scielo e BDEnf). Nos resultados, identificaram-se os fatores de risco para a interrupção
do aleitamento materno e desmame precoce em crianças menores de seis meses de
vida, sendo os de maior prevalência retorno ao trabalho, intercorrências da mama, leite
fraco, profissional de saúde e uso de chupeta. Permitindo também afirmar que os fatores
que influenciam o desmame precoce não acontecem de forma isolada, e sim,
ocasionados por uma série de condições, inclusive a deficiente assistência do profissional
de saúde. Concluindo-se então que os fatores que influenciam o desmame precoce não
acontecem de forma isolada e sim, ocasionados por uma série de fatores. O profissional
de enfermagem foi apontado como intermediador da promoção do aleitamento materno
exclusivo e prevenção do desmame precoce, por ser o mais capacitado e com mais
proximidade as mães para explicar os benefícios desse ato.
Palavras-chave: Aleitamento Materno. Desmame Precoce. Enfermagem.

ABSTRACT
Breastfeeding is the complete food and more suitable for babies and is recommended its
use only up to six months. However, it is still not satisfactory adherence of mothers to this
practice, so going early weaning. In this sense this work has the objective to identify risk
factors for interruption of breastfeeding and early weaning in children under six months of
life. And the specific objective is to realize the health professional contribution in the
breastfeeding process. Studies were obtained through literature review in the main
databases (BVS, Lilacs, Medline, Scielo and BDEnf). In the results, we identified risk

1
Enfermeira, Especialista em Unidade de Terapia Intensiva, Docente da Faculdade de Inhumas-
FacMais, Membro do Comitê de Ética do COREN/GO. Email: adrianapmb@hotmail.com.
2
Enfermeira (Faculdade de Inhumas-FacMais), Pós-Graduanda em Unidade de Terapia Intensiva
e Cardiologia e Hemodinâmica, Email: ana_paula_roberta@hotmail.com.
3
Enfermeira (Faculdade de Inhumas-FacMais), Pós-Graduanda em Unidade de Terapia Intensiva
e Cardiologia e Hemodinâmica, Email: luracristina@hotmail.com.
4
Enfermeira (Faculdade de Inhumas-FacMais), Pós-Graduanda em Saúde Pública e Unidade de
Terapia Intensiva, Email: rafaella_vilaverde@hotmail.com.

Revista Científica FacMais, Volume V, Número 1. Ano 2016/1º Semestre. ISSN 2238-8427.
Artigo recebido dia 22 de março de 2016 e aprovado dia 04 de maio de 2016.
Adriana de Paula Mendonça Brandão, et al. Aleitamento materno: fatores que influenciam o
desmame precoce.

factors for interruption of breastfeeding and early weaning in children under six months old
children, being the most prevalent return to work, breast complications, weak, professional
milk for health and use of pacifier. Allowing also state that the factors influencing early
weaning does not happen in isolation, but rather caused by a number of conditions,
including poor health care professional. Concluding then that the factors influencing early
weaning does not happen in isolation but, caused by a number of factors. The nursing
professional was appointed as mediator promotion of exclusive breastfeeding and
prevention of early weaning, as the most capable and most proximity mothers to explain
the benefits of this act.
Keywords: Breastfeeding. Earlyweaning. Nursing.

INTRODUÇÃO

O aumento das taxas de amamentação no Brasil e na maioria dos países


nas últimas décadas, não impediu a tendência ao desmame precoce, visto que
ainda é pequeno o número de crianças amamentadas segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS, 2005).
O aleitamento materno e a amamentação fazem parte de uma ação
fisiológica normal e surge como consequência após o nascimento do bebê,
destacando que a amamentação é a fonte singular que garante a sobrevivência e
o crescimento saudável do bebê (GALVÃO, 2010).
A cada ano crescem as evidências científicas de que a amamentação é a
melhor forma de alimentar a criança até o sexto mês de vida, sendo uma prática
recomendada pelas autoridades de saúde através de políticas e ações que
previnam o desmame precoce (REA, 2004).
Segundo Brecailoet al. (2010), diversos são os benefícios da
amamentação para a mãe e a criança. Para a mãe, pode proporcionar proteção
contra o câncer de mama e ovários e para a criança estão incluídos benefícios
como proteção das vias aéreas, vias respiratórias e do trato gastrointestinal contra
doenças infecciosas. O leite materno é livre de contaminação, contribuí para o
ganho de peso necessário e promove o vínculo entre mãe e filho.
A eficácia do aleitamento materno depende de uma série de fatores, que
incluem desde os fatores biopsicossociais até o posicionamento do profissional de
12

Enfermagem no período do pós-parto (FELEIROS et al., 2006). Segundo


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Machado et al. (2012), o enfermeiro deve estar qualificado para transmitir às

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nutrizes orientações adequadas e acessíveis, o que contribui para o


estabelecimento e manutenção do aleitamento.
No Brasil mesmo existindo campanhas e projetos que incentivam o
aleitamento materno, é possível observar o aumento das estratégias de marketing
dos fabricantes de fórmulas lácteas, situação que contribuí para o desmame
precoce (PARIZOTTO; ZORZI, 2008). Apesar de o país ter apresentado
progressão no decorrer das três últimas décadas nos resultados da Política
Nacional do Aleitamento Materno, o cumprimento das metas propostas pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) e Ministério da Saúde (MS) estão longe de
ser alcançadas, sendo elas a de amamentação até o final do segundo ano de vida
ou mais e aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2010).
O desmame precoce é definido como interrupção do aleitamento materno
antes dos seis meses de vida completos do lactente, com introdução de outros
alimentos na dieta da criança (PARIZOTTO; ZORZI, 2008). As causas do
desmame precoce são várias. De acordo com Ramos e Almeida (2003), alguns
motivos maternos são: leite fraco ou pouco, problemas na mama, falta de
experiência, trabalho, fatores psicológicos e fisiológicos, entre outros.
A interrupção da amamentação e a introdução de outros alimentos à dieta
do bebê são frequentes e podem causar consequências importantes para saúde
da criança, como a exposição a agentes patogênicos, prejuízo da digestão e
assimilação de elementos nutritivos, entre outras (FERREIRA et al., 2001).
A ocorrência do desmame precoce se revela com aspectos complexos,
mediante os quais é possível perceber contradições entre sentimentos e
posicionamento favoráveis e desfavoráveis que se agrupam às questões culturais,
socioeconômicas e psicossociais, contribuindo para a concepção que a mulher
tem sobre sua importância no ato de amamentação (SILVA et al., 2007).
Dado o exposto, faz-se necessário investigar os motivos que levam as
mães ao abandono da amamentação. Identificando os fatores de risco para a
interrupção do aleitamento materno e desmame precoce antes do sexto mês de
vida do lactente, discutindo assim os fatores encontrados. Certificando a
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importância da contribuição do profissional de saúde no processo do aleitamento


Página

materno.

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Adriana de Paula Mendonça Brandão, et al. Aleitamento materno: fatores que influenciam o
desmame precoce.

MÉTODO

Esta pesquisa trata-se de uma revisão bibliográfica da literatura, através


de levantamento bibliográfico em material eletrônico. Visando almejar o objetivo
proposto, elegeu-se a seguinte questão norteadora: Quaisos motivos que levam
as mães ao abandono da amamentação?
Apesquisa ocorreu nos meses de agosto a novembro de 2015, através de
consultas de literatura nasbases de dados da biblioteca virtual de saúde (BVS)
LILACS, MEDILINE, SCIELO e BDEnf.
Verificaram-se artigos completos, publicados entre os anos de 2010 a
2015. Os artigos possuíam como tema central o aleitamento materno, desmame
precoce e a contribuição do profissional de saúde, disponíveis online. Como
palavras chaves foram utilizadas: aleitamento materno, desmame precoce e
profissional de saúde, separadas pelo operador booleano “AND”.
Foram incluídos na pesquisa artigos originais, de coleção brasileira e
idioma português que abordassem o tema aleitamento materno, desmame
precoce e profissional de saúde, perfazendo um total de 101(cento e um) artigos
selecionados.
Conquanto, excluídos da pesquisa 86artigos que não estavam disponíveis
com textos completos, não pertenciam a coleções brasileiras e país/região como
assunto do Brasil, em que o assunto principal não relacionava ao tema central e
aos objetivos propostos e o tipo de documento não eram artigos. Ao final da
exclusão obtivemos 15 (quinze) artigos, sendo destes 4(quatro) artigos como
repetidos, finalizando com um total de 11 (onze) artigos.
Após extração dos dados, os mesmos foram apresentados em forma de
resultados encontrados e discussão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Por meio da busca nas bases de dados, chegou-se a um total de 11


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(onze) artigos analisados. Dos quais sintetizam informações correlacionadas aos

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desmame precoce.

objetivos propostos, tendo em vista que foram selecionados segundo autor, título,
ano, objetivos e principais resultados. Completando a busca de subsídios que
sustentam a necessidade da participação desses profissionais no processo de
aleitamento materno (Quadro 1).

Quadro 1 –Artigos relacionados ao desmame precoce antes do sexto mês de vida do lactente, ao
aleitamento materno e a contribuição dos profissionais de saúde selecionados segundo autor,
título, ano objetivo do autor e resultados.
Nº Autor Título Ano

Impacto do incentivo ao
aleitamento materno entre
01 BRASILEIRO, et al. 2010
mulheres trabalhadoras
formais

Fatores associados à
duração do aleitamento
02 SALUSTIANO, et al. 2012
materno em crianças
menores de seis meses

Aleitamento materno
exclusivo e fatores
associados a sua
03 BEZERRA, et al. 2011
interrupção precoce: estudo
comparativo entre 1998 e
2008

Introdução de alimentos
04 para lactentes considerados 2014
MARTINS, et al. de risco ao nascimento

Prevalência de aleitamento
materno exclusivo até a
idade de seis meses e
características maternas
associadas, em área de
05 STEPHAN, et al. 2012
abrangência de unidade de
Saúde da Família no
Município de Pelotas,
Estado do Rio Grande do
Sul, Brasil, 2010.

Causas do desmame
precoce e suas interfaces
06 DIOGO, et al. com a condição 2011
socioeconômica e
escolaridade

Fatores associados ao
07 OLIVEIRA, et al. desmame precoce entre 2010
multíparas

Dificuldades no aleitamento
08 ROCCI; FERNANDES materno e influência no 2014
15

desmame precoce
Página

Percepção e atitudes
10 BROILO et al. 2013
maternas em relação ás
orientações de profissionais

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Adriana de Paula Mendonça Brandão, et al. Aleitamento materno: fatores que influenciam o
desmame precoce.

de saúde referentes a
práticas alimentares no
primeiro ano de vida

Percepção materna sobre o


apoio recebido para a
amamentação: o olhar na
11 LIMA; SOUZA 2013
perspectiva da
vulnerabilidade
programática

Dos 11 (onze) artigos selecionados, 81% referem-se ao aleitamento


materno e desmame precoce, subdividindo os artigos 01 ao 08, em que
apresentam os fatores de risco para a interrupção do aleitamento materno e
desmame precoce em crianças menores de seis meses de vida. E em 19% dos
artigosdescrevem a contribuição do profissional de saúde no processo de
aleitamento materno, sendodos artigos 09 ao11.
Com o levantamento de dados identificou-se 23 (vinte e três) fatores de
risco para o desmame precoce perfazendo um total de 100%, por conseguinte,
calculou-se a porcentagem de cada um através de regra de três simples,
chegando ao resultado de que cada fator permaneceu com valor de 2,3%.
Retorno ao trabalho foi o fator que apareceu nos artigos 01, 02, 05, 06 e
07 durante a análise, com 11,5%. Em sequência intercorrências da mama nos
artigos 05, 06, 07 e 08 com 9,2%.Leite fraco nos artigos 05, 07 e 08 com
6,9%.Profissional de saúde nos artigos 05, 07 e 08 com 6,9%.Uso de chupeta nos
artigos 02, 04 e 08 com 6,9%.Recusa do bebê nos artigos 05 e 07 com 4,6%.Uso
de mamadeira nos artigos 04 e 07 com 4,6%.Tipo de parto nos artigos 02 e 03
com 4,6%.Número de gestações nos artigos 02 e 03 com 4,6%.Nível de
escolaridade nos artigos 06 e 08 com 4,6% e introdução de outros alimentos nos
artigos 04 e 06 com 4,6%.
Identificou-se 13 (treze) outros fatores que apareceram somente uma vez
durante a análise, sendo eles: pouco leite, leite secou, não supria a fome do bebê,
introdução de chá ou água, dificuldade na pega do bebê, sexo do bebê, número
de consultas pré-natal, prematuridade, peso fetal ao nascer, intercorrências na
gravidez ou puerpério e hospitalização da criança. Cada fator recebeu um valor
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de 2,3%, totalizando 31,2% dos fatores, sendo atribuídos como “outros” motivos.
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desmame precoce.

Gráfico 1 – Fatores de risco encontrados como influenciadores do desmame precoce antes do


sexto mês de vida do lactente.

Desde 2001 o aleitamento materno exclusivo até os seis primeiros meses


de vida do lactente é preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e
após os seis meses a introdução de outros alimentos é indicada, porém de forma
complementar ao aleitamento, até os dois anos de vida da criança (OMS, 2011).
Para discutir os dados encontrados, buscou-se em outros artigos de
autores que realizaram pesquisa de campo sobre a temática em questão, no qual
obtiveram resultados correlacionados aos apresentados nesse trabalho, iniciando
as discussões.
O estudo de Stephanet al. (2012), realizado em uma Unidade de Saúde
da Família no município de Pelotas (RS) com 83 (oitenta e três) mães, a
prevalência de aleitamento materno aos seis meses e os motivos alegados pelas
mães para o desmame não foram diferentes dos resultados encontrados em
outros locais. Como é possível observar no estudo realizado por Caldeira e
Goulart (2000),que apontou como principal motivo da introdução precoce de
outros alimentos a convicção que só o leite materno “não sustenta” a criança com
31,8%, e a segunda razão foi que o “leite secou” com 11,1%. Logo após vieram o
profissional de saúde com 10,7%, volta ao trabalho com 9,6% e recusa bebê com
5,8%.
Em muitas situações as mães possuem leite suficiente para alimentar o
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bebê, porém a falta de confiança as remete a ideia de que seu leite é insuficiente,
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desmame precoce.

devido à demora das mamadas, ao choro frequente da criança e ao tamanho das


mamas (UNICEF, 2008).
Estudo realizado por Uchimuraet al. (2001), no Hospital Universitário de
Maringá (PR) apontou que 23,5% das mães entrevistadas interromperam o
aleitamento por prematuridade do filho, 11,8% por retorno ao trabalho ou estudo,
35,2% porque o “leite secou”, 17,5% por “leite fraco”, 6,0% por “leite insuficiente”
e por fim 6,0% porque o recém-nascido não ganhou peso. Pode-se assim
constatar que os quatro últimos itens são conceitos inadequados sobre o leite e
aleitamento, com isso, percebe-se que 64,7% dos casos do desmame precoce
poderiam ser evitados.
Encontra-se uma forte cultura em relação ao leite fraco. Boa parte das
mulheres possuem leite suficiente para alimentar a criança, a errada convicção
pode estar relacionada à falta de conhecimento das mulheres quanto a riqueza do
seu leite e como ele é produzido (ROCCI; FERNANDES, 2014).
França et al. (2007), apresenta outro fator como risco para o aleitamento
materno, o uso de chupeta, entre as mães entrevistadas neste estudo. A chupeta
apareceu como principal fator de risco para o desmame, com riscos de 2,9% para
menores de 120 dias, 3,26% para menores de 180 dias e 6,90% até um ano. O
uso de chupeta também foi a variável mais correlacionada com a prática do
desmame, um estudo realizado por Salustiano et al. (2012), durante a campanha
de multivacinação em Uberlândia (MG) com 667 (seiscentos e sessenta e sete)
crianças menores de seis meses, observou-se o aumento de quatro vezes mais
chances de desmame precoce nas crianças que faziam uso de chupeta.
Parizotto e Zorzi (2008) realizaram um estudo em Passo Fundo (RS) na
sala de vacina de um centro de saúde e identificaram o déficit de
conhecimento/desinformação. Na entrevista as mães relatam que receberam
informações, mais não as seguem por continuarem acreditando em suas crenças
e tabus, deste modo então introduzem por conta própria outros alimentos antes
dos seis meses. Os pesquisadores observaram a crença do “pouco leite ou leite
fraco”, dado também apresentado no estudo de Uchimuraet al. (2001), outro fator
contribuinte para o desmame apontado no estudo foi intercorrências da mama.
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O estudo de Parizotto e Zorzi (2008) aborda que os problemas mamários


Página

tem um grande destaque entre as causas do desmame precoce, durante as

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entrevistas os pesquisadores detectaram uma forte cultura a respeito da


mamadeira, que é passado de geração para geração.
O preparo das mamas apresenta grande importância no ato da
amamentação, tranquilizando a mulher por meio do exame da mama, passando
informações quanto à possibilidade de amamentar, independentemente do tipo da
mama, contribuindo dessa forma para uma estratégia eficaz de prevenção das
complicações mamárias (DRANSKI et al., 2010).
Diogo et al. (2011), realizou sua pesquisa com puérperas que frequentam
a Unidade Básica de Saúde no Município de Viamão estado do Rio Grande do
Sul, percebeu-se que um dos fatores que as mães deixam de amamentar são
traumas mamilares, isso acaba levando as mães a introduzirem outros alimentos
precocemente, dados também encontrados por Parizotto e Zorzi (2008).
Outro fator encontrado pelos pesquisadores Diogo et al. (2011), eram que
o grau de escolaridade das mães também influencia na prática e manutenção do
aleitamento, mães com grau de escolaridade menor, amamentam menos seus
filhos.Quando questionadas, as mães referiam exercer o aleitamento materno
exclusivo, porém os pesquisadores identificaram uma incoerência de dados, isso
porque as mães ofereciam outras fontes de alimentação para os bebês além do
leite materno, mostrando assim que quando elas receberam as orientações sobre
aleitamento materno exclusivo não conseguiram compreender, porque todas
diziam oferecer apenas leite materno e, no entanto ofereciam outros tipos,
concluindo então que houve sim o desmame precoce antes do sexto mês, fator
esse também citado no estudo de Rocci; Fernandes (2014).
O retorno ao trabalho foi o fator com maior índice de prevalência entre os
artigos discutidos. Evidenciado nos artigos 01, 02, 05, 06 e 07. O estudo de Diogo
et al. (2011), apresenta também o retorno ao trabalho como fator para o desmame
precoce, devido ao fato da licença ser de quatro meses e o aleitamento materno
exclusivo ser preconizado até o sexto mês, reafirmando dados dos estudos de
Uchimuraet al. (2001). Apenas uma pequena parte da população tinha condições
de requerer licença gestante para o aleitamento no local e horário de trabalho,
porém a maioria das mulheres trabalhavam sem carteira assinada e não
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usufruíam desse direito (DIOGO et al., 2011).


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A pesquisa de Valdugaet al. (2013), realizada no serviço ambulatorial de


saúde vinculadas a Secretária de Saúde em Luzerna (SC), mostrou novamente
como fator desencadeante do desmame precoce o vínculo empregatício formal,
de dez mulheres que participaram do estudo 8 (oito) exerciam atividade formal
remunerada, essas mulheres começaram a introduzir alimentos assim que a
licença maternidade acabou, assim a pesquisa de Valdugaet al. reafirma dados
apresentados no estudo de Uchimuraet al. (2001) e Diogo et al. (2011).
A Constituição Federal Brasileira e a Consolidação das Leis Trabalhista
(CLT) asseguram uma sequência de direitos às mães trabalhadoras, as mesmas
precisam estar esclarecidas sobre seus direitos, podendo ser essas informações
passadas pelo profissional de saúde. Segundo a Constituição Federal (Capítulo II
– Art. 7º, XVIII, 1988), as trabalhadoras da cidade e do campo tem direito a
licença maternidade de 120 dias sem prejuízo do emprego e do salário. Ao
retorno do trabalho a mulher terá direito a dois descansos especiais de meia hora
cada um, para amamentar seu filho até que o mesmo complete seis meses de
idade (Art. 396 da CLT).

Quadro 2– Contribuição do Profissional de Saúde no processo do aleitamento materno.


Intervenção Técnica

Profissional de Saúde Orientações e Informações

Planejamento Educativo

O profissional de saúde foi fator que apareceu nos artigos 09, 10 e 11.
Segundo o estudo de Parizotto e Zorzi (2008), um dado também apontado que
influencia no desmame precoce foi o profissional de saúde, infelizmente este foi
identificado como um dos fatores que favorecem o desmame apesar do mesmo
ser habilitado para incentivar o aleitamento. Na pesquisa de Zorzi e Bonilha
(2006) realizada em um Centro de Atenção Integral à Saúde, o profissional de
saúde também é mencionado relacionado aos fatores que ocasionam o desmame
precoce. As puérperas acompanhadas na pesquisa relataram ter recebido poucas
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informações sobre a amamentação durante o acompanhamento pré-natal.


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desmame precoce.

Evidenciando a lacuna que estes especialistas do assunto deixam nesse


processo.
Alguns motivos correlacionados aos profissionais de saúde e suas
orientações, evidenciam a falta de informação da parte dos mesmos. Estudos
indagam que somente as informações oferecidas, não são suficientes para
incentivar as mães quanto à prática da amamentação. É importante a intervenção
técnica para motivar e aumentar a aceitação materna às orientações sobre o ato
de amamentar (BROILO et al., 2013).
No ambiente hospitalar quando as temáticas são orientações e
informações sobre o aleitamento materno, mostra que os profissionais de saúde
estão preparados para estimularem as puérperas ao ato de amamentar (LIMA;
SOUZA, 2013).Na prática do aleitamento não se tem um modelo ideal a seguir,
mas a forma de cuidados e assistência padronizadasfazem com que o profissional
possa interagir com a mulher trocando experiências e conhecimentos para a
promoção e proteção da saúde, nas quais informações e decisões podem ser
compartilhadas evitando assim o desmame precoce (SOUZA et al., 2013).
As primeiras quatro semanas de puerpério tornam-se críticas devido a
maior ocorrência do desmame precoce nesse período, sendo relacionado aos
conceitos errados sobre a amamentação. Desta forma, o profissional de saúde
deve desenvolver planejamento educativo para o incentivo do aleitamento
materno exclusivo, para obtenção de maiores resultados associados ao sucesso
da amamentação e melhor desenvolvimento da criança repercutindo na sua vida
adulta Uchimuraet al. (2001).

CONCLUSÕES

Constatamos que os fatores de riscos interferem diretamente no sucesso


da amamentação. O meio em que as mulheres vivem, as condições de saúde e a
falta de informação são dificuldades que podem surgir nesse processo.
Evidenciou-se que a experiência da amamentação no início pode ser
conturbada, pois na prática do dia a dia, as orientações que foram recebidas
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podem não corresponder com a realidade. O profissional de saúde, destacando o


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enfermeiro como ponte primordial para promover a prática do aleitamento, visto

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desmame precoce.

que ele é o profissional que tem contato diretamente coma mulher no período do
pré-parto, pós-parto e puerpério. A forma mais simples de orientá-las é a
comunicação, que permite esclarecer de forma clara e objetiva todas as dúvidas e
a importância do aleitamento materno exclusivo prevenindo assim o desmame
precoce.
Estudos nos mostram a necessidade de se exercer ações que promovam
a prática do aleitamento materno exclusivo. O profissional de enfermagem foi
apontado como intermediador da promoção do aleitamento materno exclusivo e
prevenção do desmame precoce, por ser o mais capacitado e com maior
proximidade as mães para explicar os benefícios desse ato.
Os profissionais de enfermagem devem ter o comprometimento de
exercer um atendimento de qualidade as mães, para que elas desempenhem o
ato da amamentação de forma prazerosa e não se sintam obrigadas pelas
condições estabelecidas pelo seu meio. É de suma importância que as mulheres
percebam que estão sendo bem assistidas, para que assim elas se sintam
confiantes na hora de cumprir o papel de mãe e de amamentar os seus filhos.

REFERÊNCIAS

BEZERRA et al. Aleitamento materno exclusivo e fatores associados a sua


interrupção precoce: estudo comparativo entre 1999 e 2008. Rev. Paul. Pediatr.
Brasília (DF), v. 30, n. 2, p. 173-179, 2011.

BRASILEIRO et al. Impacto do incentivo ao aleitamento materno entre


trabalhadoras formais. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro (RJ), v. 26, n. 9, p
1705-1713, 2010.

BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto-Lei nº 5.442, de 01.


mai.1943. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-
Lei/Del5452compilado.htm. Acesso em: 09/11/2015.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de


1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm.
Acesso em: 09/11/2015.
22

BRECAILO, M. K. et al. Fatores associados ao aleitamento materno exclusivo em


Página

Guarapuava, Rev. Nutr. Paraná, v. 23, n. 4, p. 553-563, 2010.

Revista Científica FacMais, Volume V, Número 1. Ano 2016/1º Semestre. ISSN 2238-8427.
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