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Curso Aleitamento Materno EDUCA

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Curso Gratuito Aleitamento Materno


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Conteúdo
Aspectos históricos .............................................................................................. Pág.6
A importância da amamentação ........................................................................... Pág.8
As mamas e a produção de leite materno ............................................................ Pág.20
O leite materno ..................................................................................................... Pág.22
A alimentação das lactantes ................................................................................ Pág.26
Posição do aleitamento materno .......................................................................... Pág.29
Dificuldades na amamentação ............................................................................. Pág.42
Casos especiais ................................................................................................... Pág.51
Quando a amamentação não deve ocorrer .......................................................... Pág.59
Quando a amamentação deve ocorrer ................................................................. Pág.63
Relactação ........................................................................................................... Pág.67
A amamentação e as leis ..................................................................................... Pág.69
Políticas de Incentivo ao Aleitamento Materno .................................................... Pág.72
Doação de leite materno ...................................................................................... Pág.78
Introdução de outros alimentos e desmame ........................................................ Pág.83
Bibliografia........................................................................................................... Pág.87
1.1 – Aspectos históricos
O ato de alimentar os filhos faz parte do instinto materno. É possível observar
esse fenômeno também no mundo animal. Assim que seus filhotes nascem, alguns
pássaros, por exemplo, saem em busca de alimentos que serão depositados
diretamente nos bicos dos recém-nascidos. Já com os mamíferos, incluindo os
humanos, a primeira alimentação dos filhos é feita por meio das mamas, onde eles
sugam o leite materno.
Entretanto, a amamentação sofreu grandes influências sociais e culturais ao
longo do tempo. Séculos antes de Cristo, as mulheres
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alimentavam seus bebês usando outros artifícios como xícaras com bicos e pequenos
potes feitos de barro. Esses objetos foram encontrados por arqueólogos em túmulos de
crianças.
Isso indica que as mulheres buscavam uma forma de substituir a amamentação
feita pela mãe. Outra prática, também bastante antiga, para a substituição da
amamentação materna é a das amas de leite.
As amas de leite amamentavam os filhos de mulheres ricas e, muitas vezes
amamentavam também seus próprios filhos. As senhoras ricas obrigavam as amas a
alimentarem primeiro os herdeiros acreditando que ficariam com um leite mais
saudável. Depois é que os filhos das amas eram alimentados.
Há menção de amas de leite na Bíblia e nas mitologias de diversos povos. Por
volta de 1.700 a.C. a prática da ama de leite foi regulamentada em um código de leis
chamado Hamurabi, elaborado pelo Rei Hamurabi.
No Brasil, essa prática foi uma influência do que ocorria na Europa, trazida
para cá pelas mães portuguesas que deixavam a amamentação de seus filhos a cargo
de escravas. A maternidade era vista como algo que atrapalhava o bom andamento da
vida social da mulher.
Entretanto, fazer uso de uma ama de leite não era muito saudável para o bebê.
De acordo com a filósofa francesa Elisabeth Badinter, em Paris entre os anos de 1780
a 1789, 26,5% das crianças amamentadas por ama de leite, faleciam antes de
completar um ano.
Isso porque o leite oferecido pelas amas, muitas vezes já não era mais o
colostro, o leite produzido no primeiro mês de amamentação, que será detalhado mais
adiante. Esse leite possui todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento
saudável do bebê.
Foi então que na Europa, devidas às altas taxas de mortalidade infantil, muitos
estudos começaram a ser desenvolvidos nessa época. Os resultados dos estudos
apontavam que a causa de tantas mortes era justamente a prática das amas de leite.
Assim, foram sendo publicados textos que recomendavam que as mães
amamentassem seus filhos, pelo fato de ser mais saudável aos bebês. Com o tempo a
amamentação se tornou um hábito entre as mães e a taxa de mortalidade infantil
reduziu.
Nos dias de hoje, ainda existem mães que interrompem a amamentação antes
do tempo recomendado, por diversas razões. Mas em contrapartida, há uma grande
conscientização por parte das mães e dos familiares de que a amamentação só traz
benefícios tanto para a mãe quanto para os bebês.
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1.2 – A importância da amamentação
As ações positivas causadas pelo aleitamento materno são inúmeras. Já
durante a gestação as mamas vão sendo preparadas para o momento de amamentar.
Isso só pode significar que amamentar é um processo natural e deve ocorrer.
Os benefícios serão vistos na saúde do bebê, em aspectos psicológicos da
mãe e do filho, no fortalecimento do vínculo mãe/filho e também em aspectos
financeiros, já que o leite materno, além de ter todos os nutrientes que o bebê
necessita, é de graça.
Nos primeiros 30 dias após o nascimento da criança, o organismo da mãe vai
produzir o colostro. Esse é o nome dado ao primeiro leite que o bebê terá contato.
No primeiro mês após o parto o colostro vai se transformando em leite maduro
aos poucos, sendo que nos primeiros sete dias, aproximadamente, ele é unicamente
colostro e, depois dos 30 dias, ele é só leite maduro. O colostro é mais grosso e mais
amarelado do que o leite maduro.
Esse primeiro leite possui muitas vitaminas, proteínas e minerais necessários
ao desenvolvimento do bebê. Ele é também menos gorduroso que o leite maduro e
possui algumas células nutritivas que já estavam presentes nas mamas antes do parto.
Outra qualidade importante do colostro é sua riqueza em imunoglobulinas e
leucócitos, responsáveis pelas defesas do bebê. Essas células são anticorpos
produzidos pelo sistema imunológico da mãe e são indispensáveis à criança, já que,
logo após o parto, as defesas dela diminuem consideravelmente. Depois de 72 horas,
há apenas 20% de anticorpos do que havia nas primeiras 24 horas.
O colostro também funciona como um laxante, pois, no parto, é possível que o
bebê ingira algumas substâncias que precisam sair de seu organismo, como o
mecônio, por exemplo.
O mecônio é um líquido que compõe o líquido amniótico e vai se tornando mais
escuro com o passar da gravidez devido às fezes do bebê. Em alguns partos, pode
ocorrer a ingestão do mecônio e ele será eliminado graças às propriedades laxantes do
colostro. É por isso que as primeiras fezes do bebê são escuras e meio esverdeadas.
A Organização Mundial de Saúde, a OMS, e a UNICEF fazem campanhas de
recomendação para que as mães alimentem seus filhos apenas com o leite materno
nos primeiros seis meses de vida da criança.
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A inclusão de outro tipo de alimento antes do seis meses, até mesmo o leite de
vaca, pode ser prejudicial à nutrição e à saúde do bebê. O leite materno contém tudo o
que a criança necessita nesse estágio da vida. Essa recomendação só pode ser
alterada caso o médico receite algum suplemento.
Após os seis meses, outros alimentos podem ser introduzidos na dieta do
bebê, como sopas, papinhas e algumas frutas. A OMS recomenda que todos os bebês
com mais de seis meses se alimentem tanto desses alimentos como do leite materno.
Os bebês devem continuar a ser amamentados com o leite materno até pelo
menos os dois anos de vida. Os benefícios da amamentação podem ser vistos por toda
a vida do bebê.
Os que mamaram no peito pelo tempo recomendado têm menos risco de
desenvolver uma série de doenças.
As doenças mentais são evitadas graças aos componentes presentes no leite
que revestem o cérebro e também à proximidade entre mãe e filho no momento da
amamentação. Isso também faz com que as crianças saibam administrar melhor
situações de estresse, até mesmo na adolescência.
Por conta de todas as propriedades nutricionais do leite e suas substâncias
benéficas para o bebê, há um menor risco de a criança desenvolver diabetes, diarreias,
meningite, hipertensão, e problemas do coração.
A diabetes tem chances menores de surgir por conta do aleitamento tanto na
criança, quanto na mãe. Isso ocorre porque a mãe que amamenta consegue equilibrar
melhor os níveis de glicose no sangue.
A Organização Mundial de Saúde publicou um estudo que apontou que as
mães que amamentam têm redução de 15% nas chances de adquirir diabetes tipo II
para cada 2 anos de aleitamento.
Os bebês amamentados pelo tempo recomendado, de acordo com esse estudo
da OMS, correm menos riscos de adquirirem hipertensão, têm níveis de colesterol ruim
reduzidos e 37% menos chances de ter diabete tipo II.
Para os casos de diabetes tipo I, mais grave, estima-se que, se o leite de vaca
for introduzido na alimentação da criança antes dos três meses de idade, as chances
de adquirir essa doença aumentam em 50%.
Outro problema que pode ser evitado graças ao tempo recomendado de
aleitamento materno é a obesidade infantil, que, muitas vezes, dura até a vida adulta
da criança.
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O leite materno possui propriedades que auxiliam o trabalho digestivo da
criança, além de ajudarem o bom funcionamento dos rins e do metabolismo para
diminuir as células de gordura.
As doenças respiratórias também podem ser evitadas com amamentação.
Quando estão mamando, os bebês respiram somente pelo nariz e isso vai se tornar um
hábito.
Se a criança não mamou no peito pelo tempo recomendado, ela corre o risco
de respirar pela boca, o que pode ocasionar problemas na garganta, no nariz e
processos alérgicos.
De acordo com a fonoaudióloga Jamile Elias, “respirar pela boca altera a
função muscular. Os músculos da face tornam-se flácidos e a boca fica mais facilmente
aberta. Essa flacidez faz com que ela respire ainda mais pela boca, não tendo força
para mastigar alimentos mais sólidos. A respiração oral altera a mastigação, deglutição
e sucção, e provoca modificações na arcada dentária como queixo para trás, céu da
boca estreito e profundo, além de má formação da arcada”.
E esses problemas causados pela respiração oral podem se estender por toda
a vida da criança, inclusive na fase adulta, fazendo com que ela corra o risco de
desenvolver apneia do sono, distúrbio respiratório em que a língua tampa a garganta e
impede a respiração.
A criança que tem a respiração feita pela boca é geralmente mais agitada,
dorme mal e se cansa com mais facilidade. Por consequência disso, ela terá
dificuldades de concentração, o que refletirá em seu aprendizado.
Mas não é só o bebê que lucra com a amamentação. O corpo da mãe também
se beneficia.
O organismo feminino libera um hormônio chamado oxitocina, que só age em
três situações: nas relações sexuais, no parto e na amamentação. A função dessa
substância é contrair as fibras do útero.
Na gestação, o útero aumenta de 500 a 1000 vezes seu tamanho original para
abrigar o feto. Após o parto, o útero ainda está expandido, ele demora alguns dias para
retornar ao seu tamanho normal. Mas com a amamentação e a liberação de oxitocina,
esse processo é acelerado diminuindo o sangramento pós-parto e evitando anemias.
Amamentar também gasta calorias, pois o corpo usa energia para produzir o
leite. Se uma mulher amamenta seu filho com frequência, a tendência é perder meio
quilo por mês.
A amamentação ajuda a prevenir o câncer de mama, pois as glândulas
mamárias amadurecem no período de aleitamento e as mamas recebem grande carga
de células do sistema imunológico.
Quanto mais tempo a mãe amamentar seu filho, menores são os riscos de
desenvolvimento de câncer de mama. Entretanto, é importante lembrar que a
amamentação não é uma vacina contra o câncer.
Outro tipo de câncer que pode ser prevenido com a amamentação é o de
ovário. Esse câncer ocorre quando há um trauma causado por ovulações sem pausa,
fazendo as células cancerígenas se proliferarem. Durante a amamentação não há
ovulação, por isso ela previne esse tipo de câncer.
A ausência de ovulação também não deixa que a mulher engravide novamente.
Quando a ovulação voltar ao normal, ela poderá engravidar. No período de
amamentação, ficar grávida é mais difícil, mas não é impossível.
A osteoporose também é menos recorrente em mulheres que amamentaram.
Durante o período de aleitamento, a mulher perde uma quantidade considerável de
cálcio, pois ele é transferido para o leite e passado ao bebê.
Quando ocorre o desmame e a normalidade da menstruação, esse cálcio é
reposto e a mulher que amamentou chega a ficar com mais cálcio do que uma que não
tenha amamentado.
Além de todos esses benefícios para a saúde da mãe e do bebê, o vínculo
afetivo criado no momento da amamentação é muito benéfico. O contato físico auxiliará
o bebê a se relacionar melhor com outras pessoas.
A mãe, por sua vez, se sentirá plena e realizada como mãe e mulher. Saber
que vem de dela tudo o que um bebê precisa para se alimentar, é gratificante.
Algumas mentiras sobre o aleitamento materno
A falta de informação e de orientação faz com que muitas mães tomem atitudes
equivocadas em relação à amamentação. Muitas acreditam em algumas crenças
populares e acabam antecipando o desmame dos bebês.
Por isso, é importante consultar sempre um especialista antes de tomar alguma
atitude em relação à alimentação da criança, para que ela não tenha problemas de
saúde, de nutrição ou de desenvolvimento intelectual.
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Vejamos algumas informações falsas sobre amamentação:
• Uma mulher com seios pequenos vai produzir menos leite. Mentira. A produção de
leite não depende do tamanho das mamas, mas sim de outros órgãos. Durante a
gravidez, o seio aumenta de tamanho para poder armazenar o leite.
• É preciso estabelecer um tempo determinado para o bebê mamar. Mentira. Cada
bebê tem seu ritmo e não é aconselhável tirar ele do seio antes que ele mesmo solte
ou adormeça. Existem bebês que gostam tanto da sensação de estar em contato com
a mãe que ficam apenas com a boca no seio, mas não ingerem o leite.
• O leite não está mais sendo produzido. Mentira. O que acontece é justamente o
contrário, quanto mais o bebê mamar, mais leite será produzido. Se o organismo
percebe que a mama está vazia, logo trabalhará para produzir mais leite.
Por isso, se a mãe fica esperando o seio receber mais leite para só depois
amamentar, o corpo vai entender que a quantidade tem sido suficiente e não produzirá
leite extra. O que levará o leite a secar, é a mãe não amamentar.
A quantidade de leite produzida vai ser determinada de acordo com a procura,
portanto, a alegação de que a produção não é suficiente, também é mentira.
Também pode acontecer de o leite “empedrar”. O nome desse fenômeno é
ingurgitamento e ocorre porque o leite fica preso na mama quando o bebê não suga
direito ou mama pouco leite. Ele pode causar muita dor e evoluir para uma inflamação
chamada mastite. Para evitar que isso ocorra, a mãe pode deixar que o bebê mame
bastante e, se ele não mamar ela pode retirar leite com as mãos.
• O leite materno é fraco ou aguado. Mentira. Por mais líquido que possa parecer, o
leite materno possui todos os nutrientes necessários para a alimentação saudável do
bebê. O colostro, leite produzido nos primeiros dias após o parto, tem uma aparência
mais transparente do que o leite de vaca. Mas isso não significa que ele seja menos
saboroso ou nutritivo.
• A mulher que fez cesariana não pode amamentar. Mentira. Ocorre que a recuperação
de uma cesariana é mais demorada do que a recuperação de um parto normal e o leite
pode demorar um pouco mais para ser produzido.
A mãe que está nessa situação deve apenas procurar uma posição que não
pressione os pontos e que ela não sinta dor. O fato de o bebê mamar, mesmo que não
haja leite ainda, estimula a produção.
• Mamar só no peito faz com que a criança não engorde. Mentira. Um bebê que está
gordinho não é necessariamente mais saudável do que outros com menos peso. O
importante é que o bebê seja alimentado com os nutrientes necessários para o seu
desenvolvimento.
Aliás, a falta do aleitamento materno pode causar obesidade infantil. A
obesidade é uma doença crônica, ou seja, pode durar longos períodos e muitas vezes
não ter cura, o que significa, de maneira geral, que uma criança obesa tem grandes
chances de se tornar um adulto obeso.
Isso ocorre, pois o leite materno ajuda no funcionamento da digestão e dos rins
do bebê. Dessa forma, o peso que ele ganhará será suficiente. É importante não
acrescentar nada na dieta dos bebês com menos de 6 meses a menos que haja
prescrição médica.
• Os leites em pó estão muito evoluídos e tem tudo o que há no leite materno. Mentira.
Apesar da evolução dos leites em pó, eles não possuem tudo o que há no leite
materno. Eles não possuem anticorpos, por exemplo, essenciais para evitar doenças
nos bebês.
Além disso, eles são dados em mamadeiras com bicos industrializados. Isso
pode comprometer a formação dos dentes e da boca das crianças. O contato entre
mãe e filho também fica reduzido nesse caso.
• Em dias de calor é necessário dar água ao bebê. Mentira. Existe uma crença de que é
necessário dar água, ou até mesmo água com açúcar nos primeiros dias de vida do
bebê, ou em dias de calor.
Ao nascer, é comum alguns bebês terem os níveis de açúcar no sangue ainda
muito baixos, mas essa é uma condição que vai mudando e algumas horas depois o
bebê já tem os níveis de açúcar normalizados. Por isso, não é necessário dar água
com açúcar aos bebês, isso, além de elevar os níveis de açúcar no organismo dele,
pode fazer com que ele mame menos.
Eles também nascem com uma quantidade extra de água no corpo, e isso é
natural, ocorre porque o leite que vem após o colostro demora uns dias para estar
disponível. Mesmo em dias de calor, o bebê não corre o risco de se desidratar, pois o
leite é composto por mais ou menos 86% de água.
Até os seis meses, o único alimento do bebê deve ser o leite materno, e isso
inclui não oferecer nem mesmo água a eles. Essa condição só muda se o médico
receitar algum complemento alimentar.
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• Mulheres que não amamentaram o primeiro filho não conseguirão amamentar os
outros. Mentira. Em cada gestação, o corpo da mulher se prepara para receber o bebê
e alimentá-lo.
Se a mãe não pôde amamentar o primeiro filho, nada impede que ela
amamente os que vierem em seguida, pois haverá leite para todos. Mas, para isso, é
necessário que a mãe estimule o bebê a mamar e não negue quando ele pedir para ser
amamentado.
• Amamentar dói. Nem sempre. Nos primeiros dias é possível que haja mesmo algum
desconforto, mas que não deve durar mais do que 3 ou 4 dias. Se a dor persistir,
procure seu médico, pois pode ser sinal de inflamação.
Por ser uma região muito sensível, a pele do bico pode rachar e até sangrar. É
possível engrossar a pele passando bucha, tomando sol e deixando os seios
descobertos por algum período. O sol ajudará na produção de melanina para que o
mamilo fique mais resistente.
Caso seu médico recomende algum remédio cicatrizante, não se esqueça de
lavar o seio antes de amamentar.
• Mulher que usa prótese de silicone não pode amamentar. Nem sempre. Não existe
nenhum relato de mulheres que não produziram leite ou não puderam amamentar por
usarem prótese de silicone. Entretanto, se a prótese foi introduzida pela auréola do
seio, é possível que ela tenha dificuldades no aleitamento.
• Se a mãe fez cirurgia de redução das mamas não pode amamentar. Mentira. Diminuir
a mama pode fazer com que a produção de leite diminua, mas o organismo feminino
sempre produz mais leite do que o necessário, por isso, a produção de leite para quem
fez redução de mama pode ser suficiente para o bebê. Mas é sempre bom ter um
acompanhamento médico para verificar a quantidade de leite produzido.
• Tomar cerveja preta aumentará a produção de leite. Mentira. Essa informação é muito
difundida entre as pessoas, entretanto não há estudos clínicos que comprovem essa
ação.
Além disso, o álcool, assim como a nicotina, o estresse e o cansaço podem
atrapalhar a produção de leite.
Alimentos que ajudariam a produzir mais leite são chamados de galactogogos
ou lactogogos. Entre eles estariam à canjica, o fubá, o chá de erva-doce, caldo de
cana, chá mate, goiabada e outros. Muitas mulheres afirmam ter produzido mais leite
após a ingestão de alguns desses alimentos.
Entretanto, uma possível causa para esse fenômeno é a ação psicológica que
o organismo tem. Se a mulher acredita que está produzindo mais leite, certamente ela
produzirá.
Alimentar-se bem no período de aleitamento garante que o leite tenha sempre
nutrientes necessários para o bebê. Beber líquidos também ajuda a repor os que foram
com o leite, entretanto, nada de exageros.
É importante também descansar, repor o sono e evitar atividades estressantes
que atrapalhariam a produção de leite.
Anticoncepcionais nesse período só devem ser tomados por indicação médica,
pois alguns componentes de algumas pílulas atrapalham a produção de leite, como é o
caso do hormônio estrógeno. Seu médico dirá qual o remédio mais indicado durante a
amamentação.
• Os seios ficam caídos por causa da amamentação. Mentira. O que pode ocorrer é um
crescimento devido à gravidez e à amamentação, quando passa esse período, eles
diminuem.
Pode ser que a pele fique flácida, mas isso é por conta do estiramento que ela
sofre para acompanhar o aumento dos seios. E por um longo período, a mãe estará
acostumada a ver seus seios grandes, quando eles não estiverem mais produzindo
leite, talvez ela os ache pequenos.
Problemas que fazem as mulheres anteciparem o desmame
A vida da mulher que trabalha, que cuida dos serviços doméstico e de outros
filhos é sempre muito agitada.
Muitas mães gostariam de continuar amamentando seu filho pelo tempo
recomendado, mas outros fatores acabam atrapalhando essa intenção. Vamos ver
alguns itens ligados à interrupção do aleitamento:
• O medo de engravidar novamente. A mãe volta a tomar o anticoncepcional e, ou o
remédio prejudica a produção de leite, ou a mãe tem medo de que a composição
química afete o bebê e para de amamentar.
Nesses casos, é importante procurar o seu médico para que ele indique uma
pílula ou outro método mais adequado para esse momento.
• A pressão do marido. Existem homens que podem reclamar que a amamentação
toma muito do tempo livre da mulher e pedem que ela diminua o número de mamadas.
Por isso é importante explicar ao marido sobre todos os benefícios do
aleitamento e tentar planejar seu tempo para dar atenção a ele também.
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• A mãe tem outras tarefas a realizar. Não é raro encontrar uma mãe que além de
amamentar precisa voltar ao trabalho, fazer os serviços domésticos ou cuidar de outros
filhos.
Quando não há ninguém que possa ajudá-las, essas mães preferem dar
mamadeira aos bebês, porque demanda menos tempo. Assim, elas podem se dedicar
a outras tarefas.
O cansaço por ter muitas tarefas e pouco tempo para realizá-las, e a
preocupação pelo que precisa fazer, atrapalham na produção de leite, o que pode
provocar o desmame mais cedo do que o previsto.
• O medo de não conseguir amamentar. A preocupação, o estresse e o cansaço podem
atrapalhar a amamentação. Quando os profissionais de saúde ou até mesmo a família,
ao informar as mães sobre o aleitamento materno, fazem isso de forma autoritária. A
mãe, por sua vez, acaba se sentindo pressionada a amamentar.
Falar de forma autoritária não significa utilizar voz firme ou expressões
grosseiras, mas falar de forma que a mãe tenha medo das consequências de não
amamentar.
Por isso, a família e os profissionais de saúde devem conscientizar as mães
sobre a importância do aleitamento materno de forma suave e sem fazer com que elas
se sintam culpadas caso não consigam. Essa pressão as deixa preocupadas, e isso
dificulta a produção de leite.
• A falta de informações sobre o aleitamento. Não são todas as mulheres que têm
acesso a informações sobre a amamentação. Muitas vezes, elas seguem instruções
baseadas em crenças populares ou informações que a medicina um dia divulgou, mas
que já foram comprovadas como falsas.
Algumas delas acabam não tirando dúvidas com os médicos, quando se
consultam, pois acreditam que estão agindo de maneira correta. Ou pode ser que a
mãe nem admita estar utilizando técnicas ensinadas por parentes mais velhos com
vergonha de ser repreendida pelo médico.
Há quem afirme que é possível que o leite “estrague” se ficar muito tempo no
seio da mãe. Então, se a mãe ficou alguns poucos dias sem amamentar e acreditar
nessa crença, é provável que não amamente o bebê para que ele não ingira leite
“estragado”.
• O medo da dor ou da flacidez. É possível que a mãe sinta algum desconforto nos
primeiros dias da amamentação, mas ele diminui com o passar dos dias. Entretanto, o
fato de não amamentar o filho acarreta alguns problemas que duram mais do que
alguns dias, podendo ser para a vida toda.
Nesse momento é importante avaliar o que é melhor para a mãe e para o bebê.
Procure seu médico caso haja alguma inflamação ou rachadura no seio.
• O bebê não consegue pegar o bico do seio. Há casos que, por haver muito leite no
seio, o bico fica retraído. Se isso ocorrer, é possível retirar manualmente um pouco de
leite para que o seio fique mais macio.
Quando o bico do seio está para dentro, ou não se projeta muito, o bebê pode
ter dificuldades para mamar. Existem alguns aparelhos e técnicas de massagem para
corrigir esse problema, mas é importante ter orientação médica, principalmente em
gravidez de risco, pois se estimular muito as mamas pode haver contração do útero por
causa do hormônio oxitocina.
O preparo para a amamentação começa antes mesmo de o bebê nascer.
Durante o pré-natal o médico pode oferecer muitas informações sobre o preparo dos
seios e desmentir algumas crenças falsas.
Se a gestante puder procurar grupos de treinamento sobre a gravidez, o
cuidado com o bebê e o aleitamento materno, será bom para ela. Caso o marido possa
participar, melhor ainda.
Saiba que as informações passadas pelos médicos e profissionais da área da
saúde são sempre as que devem ser consideradas. Se souber de alguma informação
sobre aleitamento materno por meio de fonte não segura, procure sempre confirmar a
veracidade dela antes de aplicar em sua vida.
Depressão pós-parto e amamentação
A depressão pós-parto é muito semelhante à depressão comum e chega a
atingir até 40% das mulheres brasileiras.
Durante a gestação, o bebê está na companhia da mãe 24 horas por dia, em
um local aconchegante e sendo bem alimentado. A sensação é a de que o bebê é uma
parte que constitui a mulher.
Nesse período também, há muita atividade hormonal para preparar o corpo
para receber o bebê, dar a luz e amamentá-lo.
Após o parto, ocorrem muitas mudanças de diversas naturezas. Os hormônios
progesterona e estrógeno que, durante a gravidez estavam em quantidade muito
aumentada, começam a se reduzir e chegam a níveis até menores do que antes da
gravidez.
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O nível de hormônio da tireoide também se reduz após o parto. Essa alteração
hormonal, tanto da progesterona e estrógeno, quanto do hormônio da tireoide podem
ocasionar mudança de humor e tristeza na mulher.
Há também mais questões envolvidas como não ter mais o bebê dentro de si
agora, causando uma perda de identidade; o fato de se sentir fora de forma por conta
da gravidez; ter que mudar radicalmente a sua rotina, especialmente para as mães que
trabalham fora; o medo de não serem boas mães e de não conseguir conciliar as
outras atividades com os cuidados do bebê também frustra e angustia muitas
mulheres.
Quando não conseguem dormir e descansar adequadamente, também se
sentem tristes e incapazes de cuidar do bebê. O parto, especialmente a cesariana,
consome muita energia da mãe.
A depressão pós-parto pode acometer mulheres de todas as idades e classes
sociais. Se uma mulher tem depressão antes de ter um filho, as chances de ela ter
depressão pós-parto são maiores.
Pode haver três formas de manifestação da depressão pós-parto:
• Uma tristeza comum, que pode acontecer nos primeiros dias após o parto e durar
algumas horas ou dias. A mãe acometida por essa tristeza tem um humor oscilante, ou
seja, uma hora está feliz, no minuto seguinte está triste, pode chorar muito, sentir-se
irritada e solitária. Nesses casos, apenas a participação em algum grupo de mães com
problema semelhante, ou conversa com outras mães ou especialistas, pode resolver
esse problema.
• A depressão, que pode durar mais tempo do que a tristeza comum. Os sintomas são
semelhantes aos da tristeza, porém são mais intensos e duram mais tempo. Não
ocorre necessariamente na primeira gravidez, pode acontecer em qualquer uma. A
mulher não sente vontade de fazer suas atividades diárias e, nesses casos, devese
procurar ajuda médica o quanto antes.
• Psicose pós-parto: a mulher acometida por essa doença séria tende a ouvir vozes e,
em casos menos comuns, pode ter alucinações visuais. A pessoa não consegue mais
distinguir o que é real do que não é, e passa a sofrer de insônia, irritabilidade, raiva e
outros comportamentos estranhos. Dentre os casos citados, a psicose pósparto é o
mais grave, pois a mãe corre o risco de ferir e até matar o bebê ou outras pessoas,
podendo também cometer suicídio. Para evitar alguma fatalidade, a mãe pode ser
internada e medicada.
Outros sintomas da depressão pós-parto são:
• Cansaço e insônia;
• Chorar muito, sem motivos aparentes e reclamar de tristeza;
• Ter dores no peito, na cabeça, coração mais acelerado e respiração ofegante;
• Perda de apetite ou comer demais;
• Falta de concentração e dificuldade em tomar decisões;
• Memória ruim;
• Sentir-se sempre incapaz ou culpada;
• Preocupação demais com o bebê e medo de machucá-lo ou machucar a si mesma e
não poder cuidar do filho;
• Falta de interesse em atividades que sempre lhe deram prazer;
• Diminuição da libido.
Se houver a suspeita de tristeza, depressão ou psicose pós-parto procure
ajuda médica, especialmente um psiquiatra. Dependendo da severidade da doença,
será necessário tomar medicamento antidepressivo que só o especialista poderá
receitar.
Se estiver amamentando, comunique o médico para que ele indique um
remédio adequado ou recomende a interrupção do tratamento. Evite deixar a mãe
sozinha, pois ela precisará de ajuda dos familiares ou de algum profissional de saúde.
É possível que a depressão pós-parto atrapalhe a produção de leite, pois
quando a mãe se sente cansada, triste ou muito angustiada, esses sentimentos anulam
a ação do hormônio oxitocina, responsável pela ida do leite até os mamilos. A
depressão não é uma doença que é transmitida por meio da amamentação, por isso,
se possível, continue amamentando normalmente.
Em alguns casos, a depressão pós-parto pode ser amenizada com a
amamentação, especialmente quando a causa da depressão tem relação com a
separação entre mãe e filho. Nesse momento, a mãe se sente muito ligada ao bebê, o
que pode gerar tranquilidade a ela. Mas quando não é dessa forma, quando
amamentar é algo sofrível para a mãe, é melhor que ela procure o médico, faça uso de
medicamentos e alimente o bebê por meio de mamadeira até que possa voltar a
amamentar no seio, caso consiga.
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É melhor estar bem para passar sentimentos bons ao bebê, mesmo que seja
alimentando por mamadeira, do que transmitir sensações negativas à criança
amamentando no peito.
1.3 – As mamas e a produção de leite materno
O leite materno, alimento para o bebê nos seus primeiros meses de vida,
começa a ser produzido logo após o parto, mas durante toda a gestação, os seios são
preparados para a amamentação.
Os hormônios sexuais femininos, estrógeno e progesterona, são os
responsáveis por preparar as mamas fazendo-as aumentar de tamanho e com que os
alvéolos, também chamados de ácinos, e dutos (ou ductos) para a lactação aumentem
em número.
Depois do parto, os hormônios que vão entrar em ação são a prolactina e a
oxitocina.
A prolactina só consegue atuar após o parto, pois sua ação é inibida pelo
estrógeno e pela progesterona. Esses últimos têm os níveis bem reduzidos após o
parto.
A prolactina é responsável pela produção do leite e esse hormônio é
estimulado quando o bebê está mamando. O ato de sugar faz com que o hipotálamo,
estrutura localizada no cérebro, entenda que é hora de liberar prolactina e, assim,
produzir mais leite. É por isso que, quanto mais o bebê mama, mais leite a mãe terá.
Já a oxitocina, hormônio que também age na amamentação, faz com que o
leite migre dos alvéolos mamários para os mamilos, também conhecidos como bico do
seio. Esse hormônio contrai a musculatura ao redor dos alvéolos para que o leite vá
para os mamilos. Veja:
As células musculares, com a ação da oxitocina, contraem os alvéolos que
revestem, para que o leite vá para os dutos e chegue até os mamilos. Nos alvéolos
estão as células secretoras de leite.
Esse hormônio também faz com que as mães tenham algumas sensações
como formigamento, ou picadas nos seios no momento da amamentação, cólicas por
conta da contração do útero e a produção de leite quando a mãe pensa no bebê ou
escuta ele chorar. Se a mãe está deprimida, preocupada ou cansada, a ação da
oxitocina é inibida.
Observe a ilustração:
A figura mostra como seria o interior da mama de uma mulher que amamenta.
Durante a gravidez, o número de alvéolos e dutos se multiplica para a produção e
saída de leite.
O conjunto de alvéolos é chamado de lóbulo mamário e o conjunto dos lóbulos
mamários é chamado de lobo mamário. Eles são semelhantes a cachos de uvas.
As glândulas de Montgomery são responsáveis por manter os mamilos limpos
e hidratados por meio da excreção de um óleo. Durante a gravidez, essas glândulas
também estão em maior quantidade.
Os dutos, chamados de dutos lactíferos ou galactóforos, medem entre 2 e 4,5
centímetros. Nas proximidades dos mamilos, os dutos se dilatam para que o leite possa
passar.
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O leite sai dos mamilos por meio de microaberturas de mais ou menos 15
milímetros de diâmetro. Existem entre 15 e 25 aberturas como essas em cada mamilo.
Na gravidez, há uma concentração maior de melanina nos mamilos, por isso
eles ficam mais escurecidos nesse período. Os hormônios da gestação estimulam a
produção desse pigmento que ajuda a deixar o mamilo mais resistente para a
amamentação e não rachar com facilidade.
Quando acaba o período de amamentação, os alvéolos que surgiram na
gestação vão murchando até morrerem. Seus restos são levados pelo organismo.
1.4 – O leite materno
Como foi dito, o leite será o único e principal alimento do bebê em seus
primeiros seis meses de vida. Por esse motivo ele precisa ser composto de todos os
nutrientes necessários ao desenvolvimento da criança.
Durante todo o processo de aleitamento, o leite vai sofrendo transformações
para se adequar às necessidades do bebê. O primeiro leite a ser produzido é o
colostro. Depois ele vai se transformando em leite de transição, até se tornar leite
maduro.
As alterações do leite ocorrem até mesmo em uma única mamada. O leite no
início da mamada é diferente do leite que sai ao final da mamada.
O primeiro leite produzido pela mãe é o colostro, como dito anteriormente. Ele
é secretado algumas horas após o parto e vai se transformando com o passar do
tempo, até ser totalmente leite maduro, o que vai ocorrer após cerca de 30 dias.
A cor amarelada do colostro é graças ao betacaroteno, um pigmento presente
em muitos elementos naturais, inclusive nos alimentos de cor amarela, laranja e
vermelha. Ao ser ingerido, esse pigmento é convertido em vitamina A, que auxilia o
desenvolvimento da visão.
O colostro traz muitos anticorpos produzidos pelo sistema imunológico da mãe,
e é um leve laxante para que o bebê expulse de seu organismo alguns restos de
substâncias nocivas que possam ter sido ingeridas no parto.
Tudo o que o bebê precisa nesse momento é de proteção para se adaptar ao
novo mundo e, embora pareça pouca a quantidade, o colostro vai suprir todas as
necessidades do bebê.
Entre o colostro e o leite maduro, há o leite de transição, que, como o nome
sugere, é um leite que está em transformação, deixando de ser colostro para se tornar
leite maduro.
O leite de transição começará a surgir a partir do sétimo dia do aleitamento e
vai até, mais ou menos, o décimo quarto dia. Nesse período o leite vai aumentando sua
quantidade e sua coloração e, em contrapartida, os anticorpos e as proteínas vão
diminuindo. Aumentam também os níveis de gordura e lactose, que é o açúcar do leite.
O leite maduro é o que está para o bebê após 14 dias do parto. Embora seja
mais aquoso e menos branco que o leite de vaca ele possui a medida certa de
nutrientes que o bebê necessita.
Por conta da maior necessidade do bebê, o leite maduro é produzido em maior
quantidade do que o colostro e o leite de transição. O leite maduro se modifica até
mesmo em uma única mamada, sendo dividido em:
• Leite do começo ou anterior: tem coloração levemente acinzentada, tem mais
proteínas, lactose, vitaminas, minerais e água.
• Leite do fim ou posterior: possui mais gordura, o que lhe confere um aspecto mais
branco e menos aquoso, e é uma fonte de energia e ganho de peso para o bebê.
Veja a diferença entre o leite anterior e o posterior:
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Não há o tempo exato para que o leite anterior cesse, dando espaço ao leite
posterior. Mas recomenda-se que o bebê mame até a hora que ele sentir que deve
parar, e é, mais ou menos, depois de 15 minutos que o leite posterior começa a ser
secretado.
Se a mãe interrompe a amamentação pensando que o bebê pegará com mais
facilidade a segunda mama por ainda ter fome, pode fazer com que o bebê receba
mais leite anterior do que o necessário. Deixe o bebê parar de mamar
espontaneamente, assim, ele receberá leite posterior também para que ganhe peso.
Também não há como afirmar precisamente em que dia há a mudança total de
um tipo de leite para outro. E pode haver resquícios de colostro no leite de transição,
assim como pode haver resquícios de leite de transição no leite maduro.
Veja a tabela que traz os valores nutricionais do leite materno em seus três
estágios:
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Legenda - g/dL = grama por decilitro (um decilitro equivale a cem mililitros,
assim, dez decilitros formam um litro);
- Kcal/dL = caloria por decilitro;
- mEq/L = miliequivalente por litro (significa, nesse caso, uma miligrama por litro);
- mg/dL = miligrama por decilitro;
- μg/dL = micrograma por decilitro (mil microgramas equivalem a um mililitro);
- UI = Unidade Internacional – usada para medir vitaminas.
Veja que é grande a quantidade de componentes do leite materno. Não se
engane se o leite de vaca ou mesmo os leites em pó trouxerem alguns valores maiores
do que os mostrados nessa tabela. A composição do leite está na quantidade
necessária para o bebê, nem mais nem menos.
É possível que ocorram alguns problemas em decorrência de elevada
quantidade de algum componente no organismo. Por isso, consulte sempre seu médico
antes de introduzir qualquer complemento na dieta do bebê.
O que as mães consomem pode fazer variar alguns dos valores apontados na
tabela. Veja no item a seguir como deve ser a alimentação das lactantes.
1.5 – A alimentação das lactantes
A amamentação é um período em que o leite da mãe é a única fonte de
alimento do bebê. Tudo o que mãe ingere terá reflexos no leite, por isso, é necessário
um maior cuidado com a alimentação durante o aleitamento, até mesmo para que a
mãe não fique fraca.
Amamentar um bebê é um processo que gasta muita energia. A própria
produção do leite faz com que a mãe gaste calorias. Por esse motivo, as lactantes
precisam ingerir mais calorias.
Se uma mulher, para manter seu peso normal, ingere por dia cerca de 2.000
calorias, a mulher que está amamentando precisa ingerir entre 2.300 a 2.500 calorias,
por exemplo.
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Para conseguir um maior número de calorias, é preferível optar por
carboidratos a frituras e alimentos gordurosos. O ideal, segundo a nutricionista Roberta
Stella, é que 50 ou 60% da alimentação diária sejam compostos por carboidratos, de
25 a 30% sejam compostos por gorduras boas e de 15 a 20% compostos por proteínas.
Os carboidratos podem ser encontrados em alimentos como a batata, o arroz,
a mandioca, a aveia, o milho, os pães, a farinha de trigo e outros.
As gorduras da alimentação da lactante podem ser encontradas nos alimentos
como o azeite de oliva, óleo de girassol, abacate, castanhas e outros. Deve ser dada
preferência às gorduras saudáveis, ou seja, aquelas que não aumentam o colesterol
ruim.
Os alimentos que possuem gorduras ruins como as gorduras saturadas e
gorduras trans devem ser evitados, assim como frituras, salsichas, comidas prontas,
salgadinhos e outros. Dê preferência a alimentos integrais e livres dessas gorduras.
As proteínas estão presentes em alimentos como carnes vermelhas e brancas,
ovos, queijos, amêndoas, fígado, lentilha, e outros.
As calorias ingeridas no dia podem ir diminuindo quando forem sendo
introduzidos outros alimentos na dieta do bebê, pois o leite materno não será mais a
única fonte de alimentação.
A mãe que está amamentando precisa de uma maior fonte de cálcio, pois boa
parte dele vai para o leite do bebê. Por isso, é importante ingerir leite, iogurte, queijos,
sucos de soja, entre outros.
O número de refeições ideal para a lactante é de 5 refeições, sendo o café da
manhã, o almoço, o jantar e dois lanches intercalados. Não é necessário comer muito,
mas sim, comer bem e não passar muito tempo sem se alimentar.
É importante não deixar de fazer nenhuma das refeições para que a dieta seja
sempre rica. Frutas, verduras e legumes devem fazer parte dessas refeições.
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Alimentos que a lactante deve evitar
Para que o bebê não sofra as consequências de alguns alimentos por ter um
organismo ainda muito sensível, ou mesmo que a própria mãe não tenha problemas, é
importante que ela evite alguns alimentos, tais como:
• Café, chá mate ou chá verde, chocolate e alguns refrigerantes. Esses alimentos, por
conterem cafeína, podem fazer com que o bebê fique muito agitado e não durma bem.
• Feijão, repolho, rabanete, couve flor, brócolis, espinafre e outros alimentos que
tenham enxofre. O enxofre causa alguns gases o que pode gerar algum desconforto ou
dores nas mães.
• Cigarro e álcool devem ser evitados nesse período. Eles atrapalham a produção, além
de contaminarem o leite.
Alguns alimentos podem alterar o odor e o sabor do leite, mas eles só devem
ser evitados se o bebê não reagir bem a eles. Esses alimentos são a cebola, a
alcachofra, a pimenta, alho e outros temperos.
Existem também alimentos que podem causar alergias no bebê como frutos do
mar e carne de porco, pois são muito fortes.
A quantidade de água que a mãe toma não vai fazer com que ela produza mais
leite, entretanto, cerca de 86% da composição do leite é água e, por isso, ela precisa
repor o líquido que vai na amamentação.
Os medicamentos só devem ser tomados se o médico permitir. A mãe nunca
deve se esquecer de avisar o médico que está amamentando para que ele saiba quais
substâncias podem ou não estar no seu organismo.
Assim, o bebê mamará mais e melhor, terá o sono mais tranquilo e a mãe terá
uma amamentação muito mais tranquila e satisfatória.
2.1 – Posição do aleitamento
O momento de amamentar é único e especial para criar um vínculo entre mãe
e filho, além de ser a fonte de alimentação do bebê. Por isso, é preciso dar grande
atenção a ele.
É importante que tanto a mãe quanto o bebê se sintam confortáveis para que a
amamentação não seja cansativa nem desagradável. Ela deve ser um momento de
prazer.
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Deixar o bebê na posição correta na hora de amamentar vai garantir que ele
sugue o leite corretamente, saciando sua fome e evitando que a mãe sinta dores nos
seios.
As informações sobre a amamentação devem ser feitas por todos os
profissionais de saúde, e no acompanhamento pré-natal também pelo médico. As mães
de primeira viagem ou as que não amamentaram os filhos que tiveram anteriormente
são as que precisam de mais atenção dos profissionais de saúde.
A primeira mamada, que é aquela que ocorre na primeira hora depois do parto
é muito importante para estabelecer o vínculo entre mãe e filho, logo aprenderá a
alimentar o bebê de forma correta, já que haverá o acompanhamento de profissionais
capacitados no hospital.
A Organização Mundial de Saúde recomenda que a primeira mamada seja feita
na primeira hora de vida do bebê para garantir o sucesso do aleitamento materno e
reduzir o número de mortes entre os bebês.
Ocorre que alguns fatores impedem que essa recomendação seja seguida.
Uma delas é quando a mãe precisa fazer cesariana. O tempo de recuperação após
essa cirurgia é maior, por isso a mãe precisa de mais de uma hora para poder
amamentar pela primeira vez.
Outro motivo de não amamentar na primeira hora após a cesariana é que pode
ainda haver ação dos hormônios estrógeno e progesterona, produzidos na placenta
durante a gestação. Eles impedem a ação da prolactina, hormônio que produz o leite.
Quando é necessário realizar a cesariana, é possível que a placenta ainda não esteja
pronta para a saída do bebê, e continue ainda a produzir esses hormônios.
Um estudo realizado por pesquisadores da Secretaria da Saúde de
Queimados, da Universidade Federal Fluminense e da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio
de Janeiro, apontou que a mamada na primeira hora de vida foi realizada por 22,4%
das mães que tiveram parto normal contra 5,8% das mães que realizaram cesariana.
Já no primeiro dia de vida dos bebês, das mães que tiveram parto normal, 86%
amamentaram e, das mães que realizaram cesariana, 76% amamentaram. Entre todas
as mães envolvidas na pesquisa, 81% conseguiu realizar o aleitamento no primeiro dia
de vida dos filhos.
Pode ocorrer também alguma complicação que necessite internação imediata
do bebê, o que vai atrasar a primeira mamada.
A primeira mamada vai ocorrer no hospital, sempre que possível. Se puder,
deixe o bebê e a mãe sem roupa para que eles possam sentir a pele um do outro e o
contato físico ser mais intenso.
Manter a mãe e o bebê no mesmo recinto hospitalar é saudável para a
amamentação. O nome dessa prática é alojamento conjunto e facilita o trabalho da
equipe do hospital e também auxilia o processo de amamentação.
Para amamentar, a mãe pode optar pela posição que mais lhe for confortável.
Ela pode estar sentada, deitada e até em pé. O bebê também pode estar sentado ou
deitado, conforme seja melhor pra ele e para a mãe.
A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, a
FEBRASGO, oferece algumas orientações sobre as corretas formas de amamentar.
Em relação à posição da criança, existem quatro indicativos de que a mamada
está sendo feita corretamente:
• O corpo do bebê deve estar colado ao da mãe, barriga com barriga;
• O queixo do bebê deve estar encostado no seio da mãe;
• A cabeça do bebê deve estar alinhada a seu corpo para que ele não precise virá-la
para poder mamar;
• A criança deve estar apoiada no braço da mãe de modo que a cabeça, o pescoço e
as costas estejam envolvidos. Se o bebê for muito pequeno, o braço da mãe deve
chegar até as nádegas do bebê.
Observe essas três posições:
Essas posições estão corretas, pois há o encontro da barriga do bebê com a
barriga da mãe, o queixo da criança encosta no seio e a mãe a envolve nos braços. Na
figura do meio, chamada posição invertida ou jogador de futebol americano, não há o
encontro da barriga do bebê com a
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da mãe, entretanto, o queixo do bebê encosta no seio, e ele está apoiado em
travesseiros e no braço da mãe. Essa posição também pode ser usada na
amamentação.
Ainda de acordo com a FEBRASGO, a posição da mãe pode variar desde que
seja confortável pra ela e para o bebê.
Se a mãe estiver deitada, ela pode escolher ficar de lado e o bebê também
ficará de lado, encostando sua barriga na barriga da mãe. Se for necessário, deixe que
o bebê apoie a cabeça em seu braço ou em um travesseiro.
Outra forma de amamentar deitada é quando a mãe se deita com a barriga pra
cima e o bebê fica sobre ela, de barriga para baixo. Para as mães que se recuperam de
uma cesariana, essa posição é a mais confortável. Veja:
Se a mãe opta por amamentar sentada ela pode apoiar as costas na cabeceira
da cama ou em uma poltrona/cadeira confortável. Ela pode cruzar as pernas para que
o bebê fique deitado sobre elas, ou usar travesseiros sobre as coxas. Se quiser,
também pode apoiar os pés em um banquinho que estiver a sua frente. Assim, a
criança pode estar deitada, em posição invertida, ou mesmo sentada. Observe as
possibilidades:
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Um bebê sadio que nasceu no tempo certo, ou seja, não nasceu
prematuramente, vai ter reflexos para mamar. Um deles é o reflexo da rotação, quando
a criança está com fome e alguma coisa se aproxima de sua boca, ela vai virar o rosto
e abrir a boca para mamar.
Já o reflexo da sucção, que é muito forte na primeira hora após o parto, ocorre
quando entra alguma coisa na boca do bebê que alcance sua garganta. Ele terá o
reflexo de sugar o que quer que seja.
O reflexo da deglutição consiste em engolir o leite assim que sentir que sua
boca encheu. Dessa forma ele estará se alimentando.
A criança já nasce dotada desses reflexos, faz parte da natureza humana. Mas
a mãe precisa auxiliar alguns movimentos que a criança precisa se habituar a fazer
corretamente.
Se a mãe oferece para o bebê apenas o mamilo, ele vai se habituar a pegar
apenas o mamilo quando for mamar, o que não é correto. Por isso, não segure com os
dedos apenas o mamilo para oferecê-lo ao bebê, ofereça a mama toda para que a
criança pegue a quantidade suficiente.
Também não se deve apertar a mama para que a saída de leite não seja
obstruída, por isso, apenas segure. Veja:
Assim, ela fará a pega corretamente. A pega é a forma como o bebê posiciona
sua boca no seio da mãe. Ela deve ser feita corretamente para que o bebê consiga
sugar efetivamente o leite.
A pega feita incorretamente pode acarretar problemas como rachaduras no
mamilo por ficar raspando na boca do bebê. Como não haverá a saída satisfatória de
leite, o bebê pode ficar irritado, com fome e se recusar a mamar. Quanto mais o bebê
mama, mais leite é produzido, e se a pega não for feita corretamente, a produção de
leite diminuirá e haverá o desmame precoce.
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Observe que o bebê abre bem a boca para que consiga envolver a aréola do
seio da mãe. Caso o bebê pegue apenas o mamilo, coloque seu dedo no canto da
boca dele para que ele abra de novo e faça a pega corretamente.
Dentro da boca do bebê deve se formar um bico maior do que o mamilo, pois
ele precisa pressionar o tecido da mama onde estão as saídas de leite. Se não fizer
isso, o leite não sairá.
Veja a ilustração:
Veja como deve estar a boca do bebê no momento da pega:
É assim que o seio deve estar dentro da boca do bebê.
De acordo com a FEBRASGO, a mãe deve observar os seguintes pontos para
saber se a sucção do leite está ocorrendo:
• A boca do bebê deve abrir bem para que ele consiga abocanhar toda ou quase toda a
aréola;
• Veja se o lábio inferior está voltado para fora. Ele deve cobrir boa parte da aréola na
parte de baixo enquanto a parte superior da aréola pode estar visível;
• A língua deve estar encostada no seio. É ela que fará com que o leite saia por meio
de movimentos naturais da deglutição.
• As bochechas devem ter aparência arredondada;
• O bebê deve parecer tranquilo, a sucção lenta com algumas pausas durante a
amamentação.
É a criança quem decide que hora deve mamar e em que momento quer largar
a mama. Toda vez que sentir vontade de mamar, o bebê deve mamar, mesmo se for à
noite. Não se devem estabelecer horários para as mamadas.
O fim da mamada também é decido pelo bebê. Se for necessário tirálo do
peito, coloque o dedo no canto da boca dele para romper o vácuo e não machucar o
seio.
No final da mamada observe se o mamilo está alongado e redondo. Ele não
deve estar achatado nem com estrias vermelhas, pois pode significar que o bebê não
está mamando corretamente.
Também é possível oferecer as duas mamas ao bebê, mas se tirá-lo antes que
ele decida parar, ele pode não aceitar a outra mama. Espere ele soltar o seio
espontaneamente, para, então, oferecer a outra mama.
Na mamada seguinte, ofereça primeiro a mama que o bebê mamou por último.
Se o bebê só quiser mamar em um seio, é necessário fazer a ordenha manual para
não ocorrer ingurgitamento.
Se, antes de amamentar, a aréola estiver inchada por conta do excesso de
leite, ordenhe um pouco para facilitar a saída do líquido para o bebê.
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Veja esse quadro de procedimentos que devem ser orientados pela equipe de
saúde (obstetras, enfermeiros) às mães que amamentam:
É possível que entre ar no estômago do bebê se ele estiver mal posicionado
ou mamar na mamadeira, esse ar sairá quando o bebê arrotar. O arroto pode, ou não,
vir acompanhado de leite, que é o regurgitamento.
Se o bebê estiver deitado e houver regurgitamento, ele pode se engasgar. Para
que o bebê arrote, coloque-o em uma posição vertical com a cabeça encostada em seu
ombro, fazendo com que a barriga do bebê fique próxima a seu peito. Se quiser, pode
até dar leves batidinhas em suas costas.
Se o bebê não arrotar pode ser que não tenha engolido ar durante a
amamentação, ou pode ser que a mãe não tenha ouvido o arroto. Por isso, não é
necessário entrar em pânico. Coloque o bebê deitado de barriga pra cima, pois essa
posição é considerada a mais segura.
Ordenha manual
Saber fazer a ordenha manualmente é importante para evitar o ingurgitamento
das mamas, para reservar leite quando a mãe estiver ausente ou mesmo para doá-lo.
A ordenha deve ser um processo indolor e não ultrapassar mais do que 20 ou
30 minutos. Se doer é sinal de que a ordenha está sendo feita de forma incorreta.
É necessário ter alguns cuidados de higiene para que o leite não seja
contaminado. Veja os passos da ordenha manual:
• Lavar bem as mãos e os antebraços, não esqueça de usar sabonete e secá-los com
toalha seca e limpa. Não é necessário lavar sempre os seios, só quando estiverem com
pomadas, cremes ou óleos;
• Prender os cabelos para que não caia nenhum fio sobre o leite. Se quiser, pode usar
uma touca;
• Se puder usar máscara no rosto, será mais higiênico. Caso não possa, evite falar,
espirrar ou tossir enquanto estiver ordenhando;
• Usar um recipiente esterilizado ou fervido por mais ou menos 20 minutos. Posicione-o
abaixo do seio.
• Massagear o seio delicadamente com movimentos circulares que vão da base até a
aréola;
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• Escolher um lugar tranquilo e uma posição confortável para ordenhar. Se pensar no
bebê, a tarefa será facilitada, pois esse pensamento ajuda a oxitocina a agir. Se for
possível, segure o bebê por alguns instantes;
• Curvar o tórax para frente, sobre a barriga, para facilitar a saída de leite;
• Posicionar os dedos em forma de “C”, sendo que o polegar ficará acima do mamilo
(não em cima) e o dedo indicador abaixo do mamilo. Esses dedos devem ficar onde a
aréola acaba para começar a mama. Os outros dedos devem sustentar a mama.
• Usar, de preferência, a mão esquerda para ordenhar a mama direita e a mão direita
para ordenhar a mama esquerda. Também pode usar as duas mãos para ordenhar
uma mama;
• Pressionar sem muita força o seio, com um movimento de “pinça” e levemente para
dentro. Se usar muita força, pode tampar as saídas de leite;
• O movimento deve ser intermitente, ou seja, deve pressionar e soltar, pressionar e
soltar novamente e assim por diante. Faça isso em toda a volta da aréola para extrair o
leite de todas as saídas;
• Descartar os primeiros jatos para que diminua o número de microorganismos que
possam contaminar o leite. Nas primeiras pressões é mais difícil o leite sair, mas logo
ele começará a pingar. Se a ação do hormônio oxitocina estiver alta, o leite sairá em
maior quantidade;
• Quando o fluxo de leite de uma mama diminuir ordenhe a outra mama. Não há
problema em reservar o leite das duas mamas em um único recipiente, se couber;
• Se for dar o leite ordenhado em um copo para a criança, não despeje o líquido em
sua boca. Encoste a borda do copo no lábio inferior da criança e deixe o leite tocar sua
boca. O reflexo dela será de lamber e engolir o líquido.
Veja como a ordenha manual deve ser feita:
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De acordo com a FEBRASGO, para conservar o leite ordenhado, deve-se
respeitar os seguintes prazos:
• Temperatura ambiente: 6 horas
• Geladeira (4 a 5oC): 24 horas
• Congelador (zero a -5oC): 7 dias
• Freezer (-15 a -18oC): 15 dias
Para descongelar o leite armazenado, pode ser usado o banho- maria ou o
forno de micro-ondas, mas é importante observar para que a temperatura do leite não
passe de 5 oC.
No caso do banho-maria, a temperatura da água deve ser de 40 oC, por isso é
importante ter um termômetro. A altura da água deve cobrir a do leite. Os frascos
devem ser agitados a cada 5 minutos. Assim que saírem do banho-maria, os frascos de
leite devem ser mergulhados em água a 5 oC.
No descongelamento em forno de micro-ondas, é necessário que se conheça a
potência do aparelho. As tampas das embalagens de leite devem estar semiabertas, ou
com 1⁄4 de folga. Deixe a potência mais baixa e vá observando até o leite ser
descongelado. Assim que sair do forno de microondas, os frascos de leite devem ser
mergulhados em água a 5 oC.
É importante não deixar o leite ferver, não descongelar o leite diretamente no
forno, não congelar o leite novamente, não manter o leite em banho-maria depois de
descongelado e não manter o leite em temperatura ambiente. Essas são
recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a ANVISA.
Além da ordenha manual, existem as ordenhas feitas com bombas de sucção,
que podem ser mecânicas ou elétricas. Quando as mamas estão ingurgitadas, talvez
seja preciso retirar o leite com uma bomba.
O trabalho delas se torna mais fácil quando as mamas estão cheias, mas é
mais difícil quando as mamas estão vazias.
Fonte: http://www.cientistaqueviroumae.com.br/2011/02/bombas-de-destruicao-em- massa-e-
bombas.html

Essa foto mostra um aparelho que faz a ordenha de forma mecânica. A bolinha
alaranjada é apertada fazendo uma pressão que tira o leite da mama. Existem alguns
mais evoluídos do que o da ilustração acima, como esses:
Fonte: http://www.clasf.com.br/bomba-tira-leite-matern-milk-em-s%C3%A3o-paulo- 254852

Esse último modelo já traz o recipiente que se transforma em uma mamadeira.


Lembrando que esses aparelhos devem ser sempre esterilizados.
Veja agora uma bomba de sucção elétrica:
Essa forma de fazer a ordenha é rápida, pois consegue retirar leite das duas
mamas ao mesmo tempo, entretanto esse aparelho é mais caro que os de ordenha
mecânica.
Veja alguns exemplos:
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Não se esqueça de perguntar ao médico qual método é o mais indicado para
cada caso. Lembre-se também de esterilizar os aparelhos para não contaminar o leite.
2.2 – Dificuldades na amamentação
Existem algumas complicações ou casos particulares na amamentação que
podem fazer com que as mães antecipem o desmame, ou por não conseguir
amamentar, ou por não saber como agir em alguns casos.
Vamos ver alguns deles:
• O bebê não suga direito ou não quer mamar. Isso pode ocorrer quando o bebê tem
contato com chupetas ou mamadeiras, ou se ele estiver mal posicionado, o que
causará dor ou desconforto. Alguns bebês não mamam por razões desconhecidas.
Quando isso acontece, a mãe precisa fazer a ordenha manual, pelo menos 5
vezes por dia para que não pare de produzir leite. Se o caso for a introdução de
mamadeiras ou chupetas, será necessário suspender o uso desses objetos para que o
bebê volte a mamar no peito.
Quando o bebê não está bem posicionado, ele pode não fazer a pega
corretamente, ou sentir alguma dor. Nesse caso, ele começará a mamar e logo soltará
o peito e chorará. Outro motivo que impede a pega correta é a mama estar com muito
leite, fazendo os mamilos ficarem duros.
Pode ocorrer também de o bebê só aceitar mamar em uma das mamas porque
o outro mamilo é diferente, ou pode estar ingurgitado e/ou a posição não agrada. Uma
tentativa de fazer o bebê aceitar a outra mama é segurá-lo na posição invertida. Dessa
forma, ele não sentirá muita diferença na posição entre uma mama e outra. Se, mesmo
assim, ele não aceitar a outra mama, amamente apenas com uma.
• Mamilos planos ou invertidos. Esses casos não podem impedir o aleitamento
materno, mas podem dificultar.
Mamilos planos são aqueles que não se projetam muito, ficam retos ou pouco
salientes. Já os mamilos invertidos são aqueles que, quando a aréola é pressionada
com os dedos, o mamilo se retrai, entrando no seio.
A mãe que possui um desses tipos de mamilo deve ter orientação médica e
não deve deixar de amamentar. Com o passar do tempo, os mamilos vão se tornando
mais adequados à amamentação. Nesses casos, os profissionais de saúde ajudarão as
mães das seguintes formas:
• Não deixar a mãe desanimar do aleitamento e acalmá-la dizendo que esses são
problemas facilmente solucionados, ela só precisa de calma e paciência. Deixar que os
bebês tenham contato com as mamas para estimular a produção de leite.
• Auxiliá-las e ensiná-las como deve ser a pega correta e falar da importância da aréola
estar macia.
• Mostrar as diferentes posições de amamentação para que ela e o bebê se sintam
confortáveis.
• Ensinar para as mães algumas técnicas para projetar os mamilos planos ou invertidos
como compressas com água fria, bomba de sucção, ou uma seringa adaptada, cortada
a parte onde se encaixa a agulha. Veja:
Veja:
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Essa técnica da seringa pode ser usada antes das mamadas ou até nos
intervalos. O mamilo é sugado por 30 a 60 segundos, se não houver dor ou
desconforto. Não se deve puxar com força o êmbolo da seringa, o mamilo é uma região
muito sensível.
Mas é importante não estimular as mamas na gravidez sem o consentimento
médico. O estímulo faz com que o hormônio oxitocina aja e ele contrai a musculatura
do útero.
Existem também modeladores de bicos:
Fonte: http://feminefisioterapia.wordpress.com/2011/03/29/amamentacao- preparo-das-
mamas/
Os modeladores fazem certa pressão no mamilo para que ele se projete. É
importante lembrar as mães que, enquanto o bebê ainda não consegue mamar, ela
deve fazer a ordenha manual e preparar a mama para quando ele conseguir fazer à
pega e mamar.
• Ingurgitamento das mamas. É o chamado popularmente de “leite empedrado”. No
ingurgitamento, o leite fica preso nos alvéolos causando dor e vermelhidão. O leite que fica nas
mamas vai se tornando viscoso, por isso parece duro e “empedrado”. Se o leite não sair, ele vai
ser reabsorvido pelo organismo e a produção de leite pode ser interrompida.
Há duas formas de ingurgitamento: o fisiológico e o patológico. O primeiro caso
é bastante normal e é um sinal de que o leite está “descendo”, ou seja, sendo
produzido para o consumo do bebê. Aqui não é necessário fazer nenhum
procedimento.
Já no ingurgitamento patológico, a mama estica muito, fica avermelhada,
dolorida e desconfortável e pode causar febre e mal estar. Os mamilos ficam achatados
o que vai dificultar a amamentação.
Esse ingurgitamento patológico é mais comum nas mães que tiveram seu
primeiro filho e ocorre de 3 a 5 dias após o parto. Pode ser causado por muito leite
sendo produzido, início tardio da amamentação, poucas ou curtas mamadas ou pega
incorreta.
Para evitar o ingurgitamento patológico, deve-se começar o aleitamento o
quanto antes, de preferência na primeira hora após o parto e deixar o bebê mamar
sempre que quiser, pelo tempo que quiser.
Quando houver caso de ingurgitamento, a mãe pode:
• Fazer ordenha manual para que a aréola fique macia para o bebê mamar;
• Deixar o bebê mamar sem restrições de tempo nem de horários;
• Massagear delicadamente as mamas com movimentos circulares para deixar o leite
menos viscoso. Esses estímulos também fazem com que a oxitocina tenha ação;
• Existem alguns anti-inflamatórios ou analgésicos que a mãe pode tomar, mas sempre
com a receita médica. Eles podem aliviar as dores e a inflamação;
• Fazer compressas frias ou passar gelo envolvido em tecido em intervalos regulares.
Para os casos mais graves as compressas podem ser feitas de 2 em 2 horas. Mas é
importante que o tempo de permanência das compressas não ultrapasse 20 minutos.
Se ficar mais tempo, o sangue vai circular mais no local para poder esquentálo, e os
efeitos serão contrários;
• Ordenhar manualmente se o bebê não quiser mamar. Com o leite saindo há o alívio
da dor e do desconforto.
Resolvendo o ingurgitamento patológico, evita-se que ele evolua para uma
mastite, que é a inflamação na glândula mamária.
• Mamilos machucados. No início do aleitamento materno, é comum sentir alguma dor
nos mamilos por causa da sucção. Essa dor dura mais ou menos uma semana.
Quando a dor persistir por mais tempo ou quando os mamilos estiverem muito
doloridos ou machucados, é necessário pedir ajuda médica.
Há muitos fatores que machucam os mamilos: a pega incorreta em que há a
sucção só do mamilo; mamilos curtos, planos ou invertidos; quando o bebê tem má
formação da boca ou o freio da língua muito curto, forçando mais o mamilo; uso errado
de bombas de sucção; quando o bebê suga o mamilo sem beber leite por muito tempo;
cremes ou pomadas que causem alergia ou afinem a pele dos mamilos, entre outros.
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Observe o que pode ser feito para prevenir que os mamilos fiquem
machucados:
• Deixar os mamilos expostos ao sol ou passar bucha para engrossar a pele. Se vazar
leite, não deixe o mamilo molhado por muito tempo;
• Ter atenção para que a pega seja feita corretamente;
• Evitar usar nos mamilos produtos que retirem sua proteção, como álcool, sabões ou
produtos secantes;
• Deixar a criança mamar sempre que quiser, pois se houver um intervalo muito grande
entre uma mamada e outra, o bebê sugará com mais força o mamilo, por estar com
fome;
• Fazer ordenha manual para deixar a aréola macia e a pega ser feita corretamente;
• Protetores de mamilo podem causar algumas rachaduras. O que se pode fazer é usar
os protetores em forma de concha, que evitam o contato da mama com a roupa,
minimizando a dor.
Tome cuidado com receitas populares para tratar essas lesões, como uso de
casca de banana ou de mamão, chá e outras. Não existem pesquisas clínicas que
comprovem seus resultados, por isso, consulte sempre um médico.
• Candidíase (monilíase). Essa infecção pode atingir somente o mamilo e a aréola, ou
até mesmo o seio todo. Ela é caracterizada por coceira, ardor como o de queimadura e
sensação de agulhada. O que causa a candidíase é um fungo, e o bebê é o
responsável por transmitir a infecção de uma mama à outra.
Se o seio permanecer muito tempo úmido, se estiver machucado e a mãe
estiver usando antibióticos, anticoncepcionais em pílula ou medicamentos com
esteroides, corre um maior risco de desenvolver a candidíase.
Observe se o bebê tem algumas manchinhas brancas na boca, diferentes das
que são causadas pelo leite que secou. Para evitar que esse fungo se prolifere,
mantenha o mamilo sempre seco e, se possível, exponha o seio ao sol por alguns
momentos.
O tratamento da candidíase é feito ao mesmo tempo na mãe e no bebê, para
que um não contamine o outro. Mesmo se o bebê não apresentar sinais de candidíase,
ele deve ser tratado. O médico receitará alguns medicamentos para a mãe e outros
para o bebê.
As chupetas e mamadeiras também podem conter os fungos, por isso, não
deixe que seu bebê tenha contato com elas. Se isso não for possível, ferva-os todos os
dias por 20 minutos.
• Fenômeno de Raynaud. Ocorre quando falta irrigação sanguínea no mamilo e ele fica
com aparência esbranquiçada em alguns momentos, especialmente se for exposto ao
frio, se o bebê o apertar com muita força ou se houver forte pancada no seio. Os
mamilos também sofrem alguns espasmos nesse caso.
Pode ocorrer essa palidez nos mamilos seguida de forte dor, antes, durante ou
depois das mamadas. Entretanto, é mais comum ocorrer depois, pois a boca do bebê é
quente, e, após a mamada, o mamilo entra em contato com o ar mais frio do ambiente.
Há mulheres que relataram sentir algumas agulhadas ou ardor no seio e isso
pode confundir o Fenômedo de Raynaud com candidíase. O anticoncepcional oral e
alguns medicamentos contra fungos, podem agravar o problema.
A causa do Fenômeno de Raynaud não é precisa, mas pode estar associada a
uma pega incorreta da mama. Compressas mornas podem ajudar a aliviar a dor. Se
isso não ocorrer, procure seu médico, pois será necessário fazer tratamento com
medicamentos.
• Bloqueio dos dutos lactíferos. Ocorre quando a saída de leite pelos mamilos fica
tampada por alguma razão, impedindo que ele saia. Algumas das possíveis causas
são: o uso de sutiã muito apertado, o uso de alguns cremes nos mamilos que obstruem
as saídas de leite, e quando o bebê não mama o suficiente para esvaziar a mama.
O bloqueio dos dutos comumente causa nos seios alguns pequenos nódulos
sensíveis e dolorosos e a região fica quente e avermelhada. Pode também surgir um
pontinho branco na ponta do mamilo que dói durante as mamadas e causa febre na
mãe. Esse pontinho deve ser removido, de preferência com auxílio médico.
Para prevenir esse quadro é necessário que, quando o bebê não mama
frequentemente, as mamas sejam esvaziadas com ordenha manual. Compressas
mornas e algumas massagens antes, durante e depois da amamentação ajudam a
prevenir.
Deixe que o bebê mame em várias posições para que o leite saia de todos os
lados das mamas. Se o queixo do bebê puder estar na direção da área afetada, será
melhor para drenar o leite preso ali. Deixe o bebê mamar quando quiser e inicie a
mamada pelo seio afetado.
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O quadro de bloqueio dos dutos lactíferos, assim como o ingurgitamento, se
não tratado, pode evoluir para uma mastite.
• Mastite. É uma inflamação de uma ou mais partes da mama que pode, ou não,
progredir para uma infecção bacteriana. É mais comum inflamar a área superior
esquerda da mama. A mastite, geralmente, ocorre entre a segunda e a terceira semana
após o parto. É menos comum ocorrer após a 12a semana.
Se houver alguma ferida na mama, pode ser que bactérias se instalem por
essas aberturas. Quando houver a presença de bactéria, a mastite é infecciosa e pode
causar mal estar e febre alta.
O sabor do leite materno fica mais salgado, pois há um aumento de sódio e
diminuição de lactose no leite. Por conta disso, o bebê pode rejeitar o leite.
Se não tratada a tempo, a mastite pode evoluir para um abscesso mamário, um
problema mais sério. Para prevenir a mastite ou impedir que ela evolua, deixe o bebê
mamar, mesmo se a mama estiver com bactérias, pois, de acordo com o Ministério da
Saúde, não há riscos para os bebês sadios que nasceram no tempo certo, ou seja, não
são prematuros.
O tratamento da mastite é feito com antibióticos receitados apenas por
médicos. A mãe deve repousar e ser encorajada a não parar de amamentar. Os sutiãs
usados devem ser bem firmes.
• Abscesso mamário. Quando a mastite não é tratada, ou o tratamento ocorreu muito
tarde, ou não funcionou, ela pode evoluir para um abscesso mamário. Ele causa dor
intensa, febre, mal estar e algumas áreas da mama podem ficar protuberantes.
Esse caso é bastante sério, pois ele pode impedir que a mãe amamente
novamente em 10% dos casos. Prevenindo a mastite ou tratando o quanto antes, há a
prevenção do abscesso.
O tratamento do abscesso mamário envolve um procedimento cirúrgico para
retirar o pus da inflamação, além do uso de antibióticos. A Organização Mundial de
Saúde recomenda que a amamentação na mama afetada seja interrompida até que o
abscesso tenha sido drenado e o tratamento com antibióticos iniciado. A amamentação
deve continuar na mama sadia.
Se o abscesso não for tratado a tempo, ele pode estourar e vazar pus, e o
tecido mamário pode necrosar. Se o abscesso for muito grande, será necessária uma
cirurgia para retirar um pedaço da mama, o que pode deixála deformada e com perda
da capacidade de amamentação.
• Galactocele. É quando há a formação de um cisto nos dutos lactíferos que bloqueia a
passagem do leite. O leite que fica parado pelo cisto vai adquirindo aspecto viscoso.
Para tirar o cisto é necessário fazer uma aspiração e ele é diagnosticado por meio de
um ultrassom. O cisto, muitas vezes, pode formar uma barreira, por isso, para acabar
com o problema é necessário extrair o cisto por meio de cirurgia, pois ele volta a
encher depois da aspiração.
• Grande saída de leite. Os médicos chamam esse quadro de reflexo anormal de
ejeção do leite. Nesses casos, o bebê pode engasgar com o grande fluxo que sai da
mama. Para que isso não ocorra, a mãe pode fazer uma pequena ordenha antes da
mamada até que o fluxo de leite diminua.
Leitura Complementar:
Eu amamentei!
Flávia Gomes - Mãe de Léo
Engravidei e de um momento para o outro me vi com dúvidas e ideias que jamais
pensei ter. Que jamais pensei existirem. Que jamais sonhei em meus devaneios que
tais pensamentos faziam parte do mundo materno ou de uma gravidinha. Pois bem,
uma delas, foi a preocupação com a amamentação. Durante o período da gestação
ouvi todo tipo de histórias. De amigas, familiares, mãe e sogra, cunhadas, gente
desconhecida encontrada no mundo louco e solidário da internet e reportagens de
revista. Eram peitos enormes de cheios, bicos rachados, dores enlouquecedoras.
Houve quem desistisse, houve quem, guerreira, tentasse até dar certo. Durante os
nove meses fiquei com aquilo na cabeça. E eu, como seria? Era a pergunta que não se
calava nunca em minha cabeça. Passei bucha nos seios para engrossar a pele, tomei
sol fazendo topless no quintal de casa e pensava se meu filho seria um bom sugador
ou daria trabalho com a boquinha que não faz a pega correta. Até que resolvi relaxar e
deixar ver para saber como seria. Mas torcendo para que Leonardo fosse daqueles
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gulosinhos que não machucam a mamãe.
Pois bem, o grande dia chegou. Após um parto longe de ser o que eu queria – tive que
fazer cesárea – mas nem por isso menos emocionante, desci para a sala de
recuperação. Esperando voltar da anestesia, sentir novamente minhas pernocas,
depois de já ter visto várias vezes meu bebê, que passeava no colo do pai, a
enfermeira disse que ele poderia colocar o pequeno Leo para ser amamentado pela
mamãe aqui. Um dos momentos mais emocionantes da minha vida, naquela noite de
emoções fortes e embaralhadas, foi quando meu filho, seguindo seu instinto de bicho
mamífero que precisa ser alimentado, colocou a boquinha em meu peito e sugou,
sugou e sugou. Deus ouviu minhas preces e me deu de presente um bezerro perfeito
que fez a pega correta e mamou me trazendo a sensação mais maravilhosa no mundo
materno.
Depois disso ele mamou várias vezes, com as enfermeiras vindo ver se estava tudo
bem, mandando acordá-lo para mamar quando ele dormia direto. Lembro que um dos
momentos em que achei tudo absurdo foi quando uma das enfermeiras entrou no
quarto, ele estava dormindo na mamada e ela disse para pegar um algodão molhado e
passar no rostinho dele. Achei aquilo uma agressão, mas depois soube que há muitos
bebês que não mamam direito e essa é uma das técnicas para que ele não durma
enquanto mama, já que esse ato gasta muita energia e eles acabam dormindo de tão
cansados. Eu e o pai acabamos resolvendo deixá-lo dormir e quando acordasse,
mamaria.
De volta para casa, com meu bebê nos braços, sofri o primeiro baque da
amamentação. No terceiro dia depois que ele nasceu, meu leite desceu (para quem
não sabe, é quando o leite de fato desce e toma o lugar do colostro). Isso causou uma
dor difícil de aguentar e aquele anjinho que mamava toda hora passou a ser uma
boquinha que sugava um peito imenso, duro e muito dolorido. Ele mamava e eu
chorava. Tentei ordenhar, maridão ajudou, mas nada fazia passar. Parecendo um
trapo, sem conseguir dormir, entrei na internet em busca de um vídeo que me
mostrasse como fazer. Aí mesmo foi que me desesperei! Os vídeos eram todos com
mulheres que já ordenhavam há tempos e jorravam leite na tela. Só serviu para me
fazer chorar mais e desesperar de vez! No dia seguinte liguei para uma prima do
maridão, especialista em amamentação, que morava em outra cidade, e chorei como
uma maluca no telefone. Ela foi fundamental nesse momento para me acalmar e dizer
que aquilo era normal e que meu choro desesperado também era normal. Disse-me
que eu poderia telefonar para ela durante a madrugada se precisasse desabafar
porque ninguém entende a gente nesse momento. Foi o que eu precisava. Maridão
apoiava, mas não era mulher e não seria a mesma coisa.
No dia seguinte fui ao banco de leite, que foi fundamental nesse momento, e aprendi
direitinho como fazer a ordenha e virei doadora para os bebezinhos que não tinham a
sorte de ter uma mãe como eu, literalmente uma vaca leiteira. Mas ainda assim, era
muito dolorido e cansativo. Ainda
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não conseguia ordenhar com a bombinha e seguia fazendo no manual. Mesmo com
tudo isso, uma semana depois, tive a febre do leite. 40° suando na cama, alternando
entre frio e calor, sem falar na dor nos mamares. Nada fácil! Fui parar novamente no
banco de leite onde a enfermeira, muito atenciosa, me encaminhou ao hospital, já que
teria que ser medicada pelo obstetra. Uma longa espera se seguiu, maridão ficou no
banco de leite com o filhote, tentando fazê-lo não chorar de fome enquanto eu tentava
ser atendida no PS. Passei mal, demorei tanto para ser atendida pelo médico que a
febre aumentou, moleza, enfim, caos total! Depois de três horas consegui ser medicada
e fomos embora para casa, onde um batalhão com mãe, sogra, cunhada, a prima
especialista que veio de Goiânia com as duas filhas, me esperavam.
Mas o que posso dizer é que depois dessa aventura doída, só ficou a parte boa. Meu
peito nunca rachou, feriu só um pouquinho e eu consegui amamentar meu bebê-
bezerrinho com todo o leite ao qual ele tinha direito e até de sobra. Virei doadora do
banco de leite, que já chegou a buscar seis vidros na minha casa, quando a média são
dois ou três, e sigo feliz na minha rotina de vaquinha leiteira. É difícil, sim, mas com a
informação correta e a ajuda necessária, fica mais fácil e ninguém precisa parar de
amamentar.
Grande abraço.
2.3 – Casos especiais
Existem casos em que a amamentação merece orientações diferenciadas para
que haja sucesso sem que a mãe ou o bebê saiam prejudicados.
Vejamos alguns casos que precisam de atenção especial no aleitamento
materno:
Nova gravidez
Se a nova gravidez não for de risco, é possível amamentar normalmente e
manter a gravidez. Ocorre que, com o tempo, o próprio bebê começa a recusar a
mama, pois o fluxo de leite diminui, ele começa a ficar mais salgado e, com o
crescimento da barriga, o colo da mãe fica desconfortável.
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Em casos de gravidez de risco, a amamentação faz com que o hormônio
oxitocina aja, contraindo a musculatura do útero, o que pode ser fatal para o novo
bebê. Se houver a ameaça de parto prematuro, a amamentação deve ser interrompida,
pois o recém-nascido precisará de muitos nutrientes.
Se depois do parto a mãe ainda quiser amamentar o filho mais velho, deve dar
preferência ao recém-nascido, pois é ele que necessita de mais nutrientes.
Há mulheres que acreditam que a relação sexual pode interferir na qualidade
do leite, o que não é verdade. Não há riscos para o aleitamento materno mantendo as
relações sexuais.
Gêmeos
Em caso de gravidez com dois ou mais bebês, fica mais difícil dar total atenção
a um só filho. Mas há como amamentar mais de um bebê sem nenhum problema nem
para as mães nem para eles.
Em casos assim, o organismo da mulher vai produzir a quantidade de leite
necessária para suprir as necessidades de todos os bebês. O que fica difícil em
gravidez de gêmeos é a atenção da mãe e o tempo que ela terá que disponibilizar para
cuidar dos bebês. Por isso, é importante que as mães de gêmeos recebam ajuda e
orientações sobre esses casos.
Por mais trabalhoso que seja, é importante que a mãe amamente sempre que
os bebês quiserem. Dessa forma, o organismo vai entender que precisa produzir mais
leite e não faltará alimento para nenhum dos bebês. Se for necessário ordenhar, a mãe
deve fazer isso na mesma quantidade de mamadas dos bebês para que a produção de
leite não diminua.
A preparação dos mamilos para amamentar deve ser evitada em caso de
gravidez gemelar para que não ocorra parto prematuro. Como dito, a estimulação dos
mamilos ativa o hormônio oxitocina.
A indicação de amamentar na primeira hora também é válida para filhos
gêmeos. Se algum dos bebês não puder ser amamentado na primeira hora, a mãe
deve ordenhar leite o quanto antes e dar ao filho.
Para amamentar gêmeos um de cada vez, pode-se alternar os seios em cada
mamada. Por exemplo, se o bebê “João” mamou na mama esquerda, na próxima
mamada, ele deverá começar pela mama direita.
Outra forma de alternar as mamas é em um dia dar somente uma mama para
um bebê e no outro dia dar a outra mama para esse mesmo
bebê. Por exemplo, na segunda-feira, o bebê “João” vai mamar na mama direita e o bebê “José”
vai mamar na mama esquerda. Na terça-feira, o bebê “João” vai mamar na mama esquerda e o
bebê “José” vai mamar na mama direita. Nos outros dias consecutivos, as mamas vão sendo
alternadas entre os bebês.
Se a mãe tiver mais de dois bebês, a mama que teve menos mamadas hoje,
terá mais mamadas amanhã para que todas produzam bastante leite. É importante que
as duas mamas sejam igualmente estimuladas.
Há mães que preferem manter um bebê em uma mama específica. Essa forma
de amamentar pode deixar uma mama maior do que a outra, se caso um dos bebês
não sugar o leite como o outro.
Uma sugestão do Ministério da Saúde para esses casos é fazer com que o
bebê mame em variadas posições para que a criança tenha a visão estimulada em
vários pontos, como se mamasse nas duas mamas.
Quando as mães, ou mesmo os bebês, já se sentirem mais seguros e
confortáveis na amamentação, pode-se tentar amamentar dois bebês ao mesmo
tempo. Dessa forma, a mãe economiza tempo e um dos bebês não precisa esperar sua
hora de mamar.
O Ministério da Saúde afirma que existem evidências de que amamentar
simultaneamente faz com que o organismo produza mais leite.
Para isso, a mãe pode escolher a posição que melhor se adequar. Na posição
tradicional, os bebês ficam um de frente para o outro, apoiados nos braços da mãe.
Suas barrigas terão contato com a barriga da mãe. Veja:
A mãe também pode optar por deixar as crianças sentadas em suas pernas e
de frente para as mamas.
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A posição invertida, ou jogador de futebol americano, também pode ser
confortável. As duas crianças podem estar nessa posição ou apenas uma delas. Veja:
Com o crescimento dos bebês, fica cada vez mais complicado encontrar uma
posição confortável para amamentar, por isso, a mãe deve experimentar diversas
posições e usar almofadas ou travesseiros para auxiliar. Veja algumas sugestões:
A mãe de gêmeos não precisa se preocupar achando que não há leite
suficiente para todos os filhos. Algumas mulheres acreditam ser necessário
complementar a alimentação dos filhos por haver pouco leite, mas isso não deve
ocorrer antes dos seis meses, a menos que haja uma orientação médica.
Para verificar se os bebês estão recebendo quantidade de leite suficiente, a
mãe pode anotar o número de mamadas e depois verificar quantas vezes o bebê faz
xixi nas fraldas. Se o bebê recebe somente leite materno, ele deverá urinar, em média,
seis vezes ao dia. Mas isso se ele não receber nada além de leite materno, nem
mesmo água.
Outra forma de verificar se o bebê está mamando e se alimentando
corretamente é verificar se ele tem ganhado peso. Para isso, a mãe pode pesar a
criança mensalmente e verificar um aumento no peso do bebê. Um bebê sadio ganha
de meio a um quilo por mês, o que dá mais ou menos 125 gramas por semana.
Se, por alguma razão, um dos bebês não puder ser amamentado diretamente
no seio da mãe, deve-se aumentar o contato físico entre a mãe e esse bebê, para que
ele não sinta falta de contato materno. O vínculo afetivo criado no momento da
amamentação, com o olhar da mãe no olhar do bebê, ajuda para que ele seja uma
criança mais calma e sem problemas de relacionamentos.
Bebês com má formação na face
Alguns bebês nascem com alguma má formação que atinge a boca e/ou os
lábios, a mandíbula e o nariz. Esses casos podem atrapalhar a amamentação e devem
ser orientados por especialistas.
Mas a amamentação não deve ser interrompida nesses casos, pois essas
crianças necessitam do leite materno para que seu organismo funcione
adequadamente e para que criem um vínculo afetivo com a mãe.
Quando há má formação na boca da criança, o aleitamento materno deve ser
feito. Nesses casos, ele pode diminuir as chances de infecções no ouvido ou na
mucosa do nariz causadas por refluxo do leite, o que é comum em crianças com essa
má formação.
A amamentação também vai auxiliar a criança a desenvolver a musculatura da
boca no ato de mamar.
É importante que a mãe seja orientada na hora de amamentar o bebê com má
formação facial, pois muitas delas podem achar que não serão capazes de cuidar de
um bebê que precisa de atenção especial e acabar antecipando o desmame.
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Há algumas fissuras ou má formação, como por exemplo, na mandíbula ou no
nariz, que vão dificultar mais a amamentação do que algumas fissuras menores como
nos lábios ou no céu da boca, que, quando pequenas, não atrapalham tanto a
amamentação. Em alguns casos, o bebê deverá receber o leite materno por meio de
sonda.
Veja um exemplo de má formação nos lábios com uma fenda no céu da boca
(palato):
Os bebês que possuem algum tipo de má formação facial que atrapalhe a
amamentação sugam o leite com menos força, têm dificuldades na pega e refluxo de
leite pelo nariz, podendo engasgar com mais facilidade e demorar mais tempo para
ganhar peso.
Já para as mães desses bebês, se não for feita ordenha manual, corre-se o
risco de haver ingurgitamento das mamas.
Para facilitar o aleitamento, as mães podem fazer uma pequena ordenha antes
de o bebê mamar para que a aréola fique mais macia, além de tampar com o dedo a
abertura no lábio do bebê, para que ele consiga fazer a pega. Sugerem-se também
compressas mornas para ajudar a descida do leite, posicionar o mamilo do lado oposto
ao da fissura e deixar a criança semi sentada para evitar o refluxo pelo nariz.
Com as devidas orientações a amamentação de crianças com esses
problemas pode durar o mesmo tempo que duraria a amamentação de crianças com a
formação normal.
Crianças portadoras de distúrbios neurológicos
Os distúrbios neurológicos podem ser causados por alguns fatores como
complicações no parto que deixaram a criança sem oxigenação, síndromes genéticas,
infecções no momento do nascimento ou algum tempo depois, má formação no
sistema nervoso central, entre outros.
Algumas crianças com esses distúrbios podem ter a coordenação motora
prejudicada, dificuldades para sugar ou engolir o leite, dificuldade em respirar e mamar
ao mesmo tempo, podem também ter refluxo ou recusar a amamentação.
Se o distúrbio neurológico faz com que a criança tenha dificuldade de sugar o
leite, a mãe pode fazer ordenha e oferecer o leite ao bebê de outras maneiras. Além
disso, pode estimular o ato de sucção, colocando o dedo mínimo na boca do bebê para
que ele aprenda a sugar. Com o tempo e acompanhamento médico a mãe pode
introduzir o seio a esse bebê, desde que ele tenha aprendido a sugar, respirar e
engolir.
É possível que algumas crianças não consigam mamar de nenhuma forma.
Nesses casos, o médico deve ser consultado para que sejam introduzidos outros
alimentos ou vitaminas na dieta do bebê.
Crianças portadoras de alguns distúrbios, entre eles a Síndrome de Down, têm
menos força muscular, a chamada hipotonia. Por esse motivo, elas podem ter mais
dificuldade no aleitamento materno, o que não significa que essas crianças não
conseguirão mamar. Algumas conseguem mamar normalmente.
Existe um fator que pode atrapalhar muito o aleitamento materno e, às vezes,
até fazer com que a mãe não consiga amamentar. É a falta de orientação ou a forma
como a equipe médica informa a mãe sobre o distúrbio do filho.
Quando exames pré-natais não revelam nenhum distúrbio neurológico e a mãe
passa a saber só na hora do parto ou um tempo depois, a equipe médica precisa saber
dar a notícia. Se os médicos e enfermeiros informam a mãe focando somente nas
dificuldades, é muito provável que elas se preocupem a ponto de não conseguirem
amamentar.
A equipe médica precisa instruir essa mãe, encorajá-la a amamentar, porque o
bebê precisa da mãe para sobreviver. Não se deve nunca deixar a mãe com medo ou
desamparada. Não há razões para assustá-las, pois muitos bebês com distúrbios
neurológicos conseguem mamar normalmente.
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Quando o caso é mais grave e o bebê não mama diretamente no seio, a mãe
deve fornecer leite para alimentar o bebê por outros meios, por isso, ela deve estar
calma e confiante. Nesses casos, deve haver um maior contato físico entre mãe e filho
para suprir o que não haverá com a ausência da amamentação.
Os bebês com distúrbios neurológicos precisam tanto do leite materno quanto
os bebês sem distúrbios. A mãe não deve tratar esse filho com desprezo, ele deve ser
amado e querido. Ele precisa da mãe talvez muito mais do que o bebê sem distúrbio.
Mães com necessidades especiais
Alguns profissionais de saúde podem se deparar com mães com limitações
auditivas ou visuais, o que torna mais difícil ensinar algumas técnicas de
amamentação.
Essas mães precisam de maior ajuda da família e dos médicos que as
acompanham. Elas não devem deixar de amamentar por falta de orientação médica.
Os médicos não devem ser negligentes por terem medo de se comunicar com elas. O
direito a inclusão deve ser praticado.
Não há riscos de o bebê ter as mesmas limitações da mãe por conta do
aleitamento materno.
Veja o sinal de aleitamento materno em Língua Brasileira de Sinais, a LIBRAS:
Refluxo gastroesofágico
Os bebês com refluxo gastroesofágico não devem deixar de ser amamentados
pela mãe. Essa complicação é comum de ocorrer em alguns bebês, entretanto,
desaparece com o passar do tempo.
O refluxo ocorre quando os alimentos e ácidos que estão no estômago vão
para o esôfago. Há sensação de queimação, o bebê pode vomitar o que é perigoso se
ele não conseguir expelir.
Os bebês que têm refluxo e são amamentados no peito, tem quadros mais
suaves do que os bebês amamentados com leite de vaca ou artificial. Isso ocorre
porque os movimentos que o bebê faz com a língua para sugar o bico da mamadeira
são mais fortes, o que pode fazer com que o refluxo seja mais intenso.
O Ministério da Saúde recomenda que os bebês com refluxo gastroesofágico
recebam aleitamento materno exclusivo até os seis meses e complementar até os dois
anos de idade.
A posição do aleitamento materno também colabora para abrandar o refluxo
gastroesofágico. O bebê fica mais sentado, o que facilita o leite de chegar ao
estômago.
2.4 – Quando a amamentação não deve ocorrer
Há casos que a amamentação não deve ocorrer ou deve ser interrompida para
não causar prejuízos à saúde do bebê. Nesses casos, o leite pode estar contaminado
por alguma doença ou substância presente no organismo da mãe.
Quando isso ocorrer, o médico poderá indicar quais alimentos substituem o
leite materno. Existem alguns medicamentos que diminuem a produção de prolactina,
hormônio responsável pela produção do leite. Se seu médico achar necessário, ele vai
indicar o medicamento.
Vejamos quais casos são esses:
Mães portadoras de HIV
Quando foi detectado o Vírus da Imunodeficiência Humana, o HIV no Brasil, na
década de 80, não se sabia se ele poderia contaminar o leite das mulheres que
amamentam. Com alguns estudos posteriores, foi possível identificar que há sim risco
de contaminação do bebê por meio do aleitamento materno.
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Esse vírus é o responsável pela AIDS, ou Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida. A mãe soropositiva pode transmitir o vírus ao bebê em três momentos: na
gravidez, no parto ou na amamentação. Esse meio de transmissão é chamado
transmissão vertical.
Assim que descobre que está grávida, a mulher deve fazer um teste anti-HIV
para saber se é soropositiva. O próprio médico deve solicitar esse exame à mãe. Caso
o resultado seja positivo, ela deve iniciar um tratamento o quanto antes para evitar que
o bebê seja contaminado.
Esse tratamento é indicado por um médico e é iniciado, geralmente, na 14a
semana de gestação. Os remédios podem ser conseguidos gratuitamente na rede
pública de saúde. O tratamento deve durar até o parto e o bebê deverá tomar os
medicamentos até mais ou menos um mês de vida, mas sempre com indicação
médica.
Até mesmo as mães que não têm nenhum sintoma de AIDS, mas possuem o
vírus, devem fazer o tratamento para diminuir as cargas virais em seu organismo,
diminuindo as chances de contaminar o bebê. Se o tratamento for feito corretamente, o
bebê pode ter grandes chances de nascer saudável.
É mais aconselhável, nesses casos, o parto cesariano e a mãe não deve ficar
com a bolsa rompida por mais de 4 horas. O cordão umbilical deve ser cortado
imediatamente após o nascimento do bebê.
De acordo com o Ministério da Saúde, a taxa de mães que transmitem o vírus a
seus filhos tem diminuído consideravelmente. Em 1997, essa taxa era de 16%, o que
significa que a cada 100 mães, 16 transmitiam a doença aos bebês. Já em 2000, a taxa
caiu para 8,6%, em 2004 diminuiu para 6,8%.
Em 2009, a incidência de crianças soropositivas de até cinco anos era de 3
casos para cada 100 mil pessoas no Brasil, o que mostra uma queda considerável em
relação aos números em 2000, que era de 5,4 para cada 100 mil habitantes brasileiros.
O que fez esse número diminuir foi a conscientização das pessoas e dos profissionais
de saúde.
Se for possível que o bebê se alimente por substâncias que substituam o leite,
o médico indicará qual a melhor para a saúde do bebê. Caso isso não seja possível, o
leite materno deverá ser pasteurizado.
Não é recomendável ferver ou congelar o leite em casa e depois oferecê-lo a
criança. Somente a pasteurização, feita pelos aparelhos indicados, elimina 100% das
partículas de HIV.
A mulher soropositiva não pode dar o seio diretamente para o bebê mamar.
Também não é recomendada uma ama de leite nesses casos. É
importante que as mães façam todos os exames do pré-natal e não tenham vergonha
de se tratar.
Mães infectadas pelo HTLV 1 e HTLV 2
Os vírus HTLV 1 e 2 (Human T lymphotropic Virus) são vírus que atacam as
células T, ou seja, células brancas do sangue que atuam no sistema imunológico da
pessoa.
Embora se estima que haja no mundo entre 10 e 20 milhões de pessoas
infectadas, apenas 2 ou 3% apresentam sintomas do vírus. Esses sintomas podem ser
leucemia ou linfoma de células T nos adultos, ou um quadro degenerativo crônico que
impede a pessoa de andar.
O meio de transmissão é o mesmo do HIV, ou seja, por relações sexuais,
compartilhamento de agulhas ou outro material cortante, amamentação ou contato com
sangue infectado.
A taxa de risco de transmissão do HTLV na gravidez é menor que 10%, mas na
lactação há um risco maior, por isso, recomenda-se que o bebê seja alimentado por
substâncias que substituam o leite materno ou tomar leite de bancos de leite.
O risco de transmissão da doença pela amamentação é de cerca de 25%. Isso
porque estão presentes no leite células do sistema imunológico da mãe, ou seja, as
que são afetadas pelo vírus HTLV.
Crianças com galactosemia
Essa doença é caracterizada por uma intolerância a lactose do leite, seja
humano ou de outra origem. O bebê que possui essa doença poderá vomitar o leite e
não ganhará peso.
Se a doença não for identificada e o tratamento iniciado, o bebê corre o risco
de desenvolver problemas no fígado, nos rins, cataratas e problemas mentais,
problemas na fala e na coordenação motora, além de outras complicações.
Em caso de galactosemia, a amamentação deve ser interrompida para não
causar danos mais sérios ao bebê. O médico indicará alimentos que poderão substituir
o leite materno.
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Herpes na mama
O herpes é uma infecção causada por um vírus e que pode ficar no organismo
da pessoa por muitos anos sem que nenhum sintoma apareça. Alguns fatores podem
fazer com que o herpes se manifeste como forte estresse, exposição prolongada ao sol
forte, febre, cansaço intenso ou outras condições que façam cair à imunidade da
pessoa.
Se, por algum motivo, a mãe apresentar caso de herpes em uma das mamas, a
amamentação deve ser mantida na mama sadia até que a outra mama se recupere das
lesões.
Caso a mãe toque nas feridas causadas por herpes, é necessário que ela lave
as mãos antes de entrar em contato com o bebê ou com ela mesma, pois o herpes
pode passar para outros locais do corpo.
Varicela
A varicela é uma infecção causada por um vírus que faz surgir pequenas
feridas, semelhantes às da catapora, entretanto, com pus em alguns casos. Ela é
altamente contagiosa e pode causar febre, dor de cabeça, mal estar e falta de apetite.
Se a mãe apresentar varicela cinco dias antes do parto ou até dois dias depois
do parto, ela não deve ter contato com o bebê e deve permanecer isolada até que as
feridas criem crostas. O bebê vai precisar receber uma vacina contra varicela, nas
primeiras 96 horas após seu nascimento.
Somente quando o quadro estiver normalizado, a mãe poderá amamentar
normalmente.
Doença de Chagas
Essa doença é causa por um parasita transmitido por meio da picada do
mosquito barbeiro. O mosquito pica um animal infectado e transmite para os humanos.
O mosquito pica, abrindo um orifício na pele e, se a pessoa coçar, vai fazer com que as
fezes do barbeiro, ali presentes, entrem na corrente sanguínea.
A transmissão também pode ocorrer por meio de transfusão de sangue ou
durante a gravidez.
Se a mãe for portadora da doença de chagas, não deve amamentar se a
doença estiver em sua fase aguda, ou seja, a mais grave, ou se houver sangramento
nas mamas. Mas é importante sempre informar o seu médico sobre a doença.
Consumo de drogas
Quando a mãe consome algum tipo de droga, as chamadas drogas de abuso,
durante a amamentação, não deve amamentar o bebê até que o organismo esteja livre
das substâncias. Ela pode ordenhar o leite para não haver ingurgitamento das mamas,
mas esse deve ser desprezado.
O Ministério da Saúde disponibiliza uma tabela que indica quanto tempo o
aleitamento materno deve ser interrompido no caso de consumo de drogas. Veja:
Droga Período recomendado de
interrupção da amamentação
Anfetamina, ecstasy 24–36 horas
Barbitúricos 48 horas
Cocaína, crack 24 horas
Etanol 1 hora por dose ou até estar sóbria
Heroína, morfina 24 horas
LSD 48 horas
Maconha 24 horas
Fenciclidina 1–2 semanas
Fonte: hale e hall (2005) In: Ministério da Saúde. Saúde da Criança: nutrição
infantil. Aleitamento materno e alimentação complementar
Como os períodos indicados são relativamente curtos, para que a produção de
leite não seja prejudicada, o número de ordenhas deve ser igual ao número de
mamadas do bebê.
2.5 – Quando a amamentação deve ocorrer
Existem alguns casos em que, por mais que a mãe esteja doente ou fazendo
uso de algumas substâncias, a amamentação não deve ser interrompida por não
oferecer riscos ao bebê, ou os riscos oferecidos serem muito pequenos em relação às
vantagens do aleitamento.
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Vamos ver quais são esses casos:
Tuberculose
Caso a mãe tenha contraído tuberculose, não é necessário que ela interrompa
o aleitamento. A tuberculose é transmitida pelo bacilo de Koch, uma bactéria, que não
tem o poder de contaminar o leite materno. A transmissão ocorre por meio de gotículas
que saem com a respiração, por meio de tosse e espirros.
Entretanto, a mulher que está amamentando e tem tuberculose precisa tomar
alguns cuidados para que o bebê não seja exposto à doença. Ela deve amamentar
usando uma máscara e evitar o contato próximo ao bebê para que ele não tenha
contato com as gotículas da respiração. Antes de amamentar, a mãe deve lavar muito
bem as mãos.
O bebê também precisa se submeter a um tratamento com medicamentos por
cerca de três meses. Após esse período é feito um exame para saber se o bebê
adquiriu a doença. Em caso positivo o médico vai indicar uma continuação do
tratamento, em caso negativo, o bebê não tomará mais o medicamento e receberá a
vacina BCG.
Hanseníase
A hanseníase é transmitida pelas secreções do nariz, e gotículas de saliva. É
uma doença que se manifesta na pele, mas pode afetar nervos, olhos e alguns órgãos.
Também conhecida como lepra, a hanseníase é transmitida por uma bactéria,
conhecida como bacilo de Hansen.
Na relação entre mãe e filho, o contato prolongado entre os dois pode transmitir
a hanseníase se a mãe não estiver em tratamento. Assim que o tratamento for iniciado,
ele já terá algum efeito para que não transmita ao bebê. A amamentação deve ser
mantida.
Se a mãe estiver na fase em que a doença pode ser transmitida, deve-se evitar
o contato prolongado e íntimo entre ela e o filho, amamentar usando máscara, lavar
bem as mãos antes de amamentar e evitar tossir e espirrar durante a amamentação.
Hepatite A
Essa doença é uma inflamação no fígado que causa febre, mal estar, vômito,
falta de apetite e outros sintomas. Também podem estar ligados à hepatite A quadros
de icterícia, fezes amarelo-esbranquiçadas, e urina marrom. Mas a hepatite A também
pode permanecer no organismo da pessoa e não causar qualquer sintoma.
Ela pode ser transmitida por meio de alimentos contaminados especialmente
os frutos do mar, alguns vegetais e até recheios cremosos de doces. Há mais casos de
hepatite A em locais onde não há saneamento básico ou esse é muito precário.
Só é possível a transmissão de mãe para filho por meio do leite materno se a
doença estiver em sua fase aguda. É mais provável que a transmissão ocorra durante
o parto, principalmente se for parto normal, pois há grande risco do bebê ter contato
com as fezes da mãe.
Para casos de mães com hepatite A não é necessário suspender a
amamentação. Se a doença estiver em sua fase aguda, consulte seu médico para ele
indicar ou não a suspensão da amamentação.
Se o parto ocorrer na fase aguda, o bebê deverá fazer tratamento com
medicamentos e receber anticorpos adequados.
Hepatite B
A hepatite B também é uma inflamação que afeta o fígado e é transmitida pelo
contato com o sangue contaminado, ou seja, por meio de materiais cortantes, agulhas
compartilhadas, transfusão de sangue e também por meio de relações sexuais.
Também é possível que, sem os devidos cuidados, os bebês sejam contaminados no
momento do parto.
No caso de ficar constatado que a mãe tem hepatite B, a amamentação deve
ocorrer, mas o bebê precisa ser medicado logo após o nascimento e tomar a vacina
contra hepatite B. O médico prescreverá o tratamento e também a vacina à criança.
O medicamento aliado à vacina torna quase nulas as possibilidades de
contaminação do bebê por meio do leite materno.
Hepatite C
A hepatite C, assim como as do tipo A e B, também é uma inflamação que
afeta o fígado, entretanto, os sintomas desse tipo de hepatite demoram muito a
aparecer e quanto aparecem são mais brandos.
As formas de contaminação são semelhantes às do tipo B, mas o risco de isso
ocorrer, por meio de relação sexual e no momento do parto, é muito reduzido em
relação à hepatite B.
Embora não haja risco de contaminação da hepatite C pelo leite materno, é
importante que a mãe fique atenta a pequenos machucados nos seios que possam
sangrar. O contato com o sangue pode fazer com que a criança adquira hepatite C.
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Dengue
Essa doença, transmitida pela fêmea do mosquito Aedes aegypti, causa febre
dores nas juntas e na cabeça, mal estar, entre outros sintomas. Em sua forma mais
severa, a dengue hemorrágica, pode levar o portador da doença ao falecimento se não
for tratada rapidamente.
Se a mãe estiver com dengue, a amamentação não deve ser interrompida, pois
não há meios de transmissão da doença pelo leite materno. A mãe deve procurar o
médico o quanto antes para que a doença não evolua.
Cigarro
Por mais que a nicotina deixe resíduos no leite e seus reflexos alterem a
produção do líquido, os benefícios causados pelo aleitamento materno superam os
riscos de prejudicar o bebê.
Ou seja, se a mãe não conseguir parar de fumar, é melhor que continue a
amamentação, pois, mesmo com resíduos de nicotina no leite, o bebê ainda precisa
dele para sobreviver.
Durante o período de aleitamento, o número de cigarros deve ser reduzido
drasticamente. O ideal seria que a mãe não fumasse, mas caso não consiga, evite
fumar antes das mamadas, prefira fumar logo em seguida e não fume no mesmo
ambiente que o bebê.
O cigarro não é saudável para a mãe e nem para o bebê, pois pode fazer com
ele tenha problemas de desenvolvimento e de ganho de peso, pois o cigarro faz com
que o leite seja produzido em menos quantidade.
Álcool
Consumir álcool do período da amamentação não é aconselhável, pois ele
também atrapalha a produção normal de leite, fazendo-a diminuir. Há indícios, ainda
não comprovados cientificamente, de que o consumo regular de álcool durante o
período de aleitamento poderia causar atrasos no desenvolvimento do bebê.
O Ministério da Saúde afirma que pequenas doses de álcool, tomadas
eventualmente, não prejudicam a amamentação. Essas pequenas doses representam
0,5 gramas de álcool por quilo do peso da mãe por dia. Esse valor é equivalente a um
cálice de vinho ou até duas latas de cerveja.
Como o álcool demora entre uma e duas horas para ser eliminado do
organismo da mãe, se for possível, espere esse tempo antes de amamentar e tome
água durante e depois do consumo de álcool para evitar mal estar e alterações nos
reflexos.
2.6 – Relactação
A relactação ou translactação é um procedimento indicado para bebês que
necessitam de alguma complementação alimentar ou para mães que querem continuar,
ou voltar, a amamentar no peito.
O objetivo da relactação é fazer com que a mulher produza mais leite e para
que o bebê continue tendo todos os benefícios do aleitamento materno, inclusive o do
vínculo entre mãe e filho conseguidos nesse momento único.
O contato entre o bebê e o seio da mãe, vai ativar os hormônios oxitocina e
prolactina fazendo com que a produção de leite aumente. Essa é uma solução para as
mães que não querem deixar de amamentar.
Existem bebês que nascem com problemas de saúde, como os cardíacos ou
outros que os impedem de fazer grandes esforços. Há aqueles que rejeitaram o peito,
ou a mãe acabou introduzindo a mamadeira fazendo com que os bebês perdessem o
interesse pelo aleitamento materno.
Há as mães que tomaram remédio para cessar a produção de leite e gostariam
de voltar atrás nessa decisão. Há mães que adotaram bebês e gostariam de
amamentá-los no peito. Há bebês prematuros que precisam ganhar peso rapidamente.
Para esses casos, a relactação pode funcionar muito bem. Quem indica esse
procedimento é sempre o médico, pois ele é quem vai avaliar se é necessário entrar
com esse recurso.
Na relactação o bebê vai continuar sugando pelo peito, entretanto haverá
nutrientes a mais do que os encontrados no leite materno. Eles são oferecidos ao bebê
por meio de uma sonda que fica junto do mamilo. Veja:
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O recipiente pode estar pendurado no pescoço, ou a mãe pode segurá-lo, ou a
sonda pode estar conectada a uma mamadeira. Dentro do recipiente pode estar leite
ordenhado ou o complemento receitado pelo médico.
Para usar o método da relactação, é importante não dar ao bebê nada além do
que seu médico recomendar. Isso poderia causar alguns danos à saúde do bebê.
O médico recomendará uma sonda bem fina e a extremidade mais larga deve
estar acoplada ao copinho, seringa, ou mamadeira. A parte mais fina é presa ao seio
por meio de um esparadrapo ou fita adesiva.
Mãe e filho devem estar calmos e em uma posição confortável. O recipiente do
leite deve ficar abaixo da boca do bebê para que a quantidade de leite que sairá pela
sonda seja adequada. Também é possível controlar a saída de leite apertando o cano
da sonda. Se o bebê não pegar o seio, a mãe poderá pingar algumas gotas de leite no
mamilo e na boca do bebê para despertar seu interesse.
No período em que se estiver usando esse método, é importante não deixar o
bebê mamar na mamadeira nem dar outro líquido a ele, nem mesmo água. Isso
poderia fazer todos os esforços serem em vão.
Como já foi dito, quanto mais o bebê suga, mais leite será produzido, pois os
seios serão estimulados a fazer isso. No caso de mães adotivas, se a mulher já
amamentou uma vez, o leite já pode alimentar o bebê em sete dias.
Se a mãe nunca amamentou antes, será necessário um pouco mais de tempo
e a produção de leite vai depender da estimulação dos seios. Nesse caso, a relactação
estimula, e a ordenha manual ou com bombas também pode ajudar.
Os mamilos também podem ser preparados para a amamentação com banhos
de sol para estimular a produção de melanina e massagens com bucha para engrossar
a pele.
Como os seios das mães adotivas não passaram pelas transformações que os
seios passam em uma gravidez, é possível que se machuquem com mais facilidade,
entretanto, se houver uma boa preparação, essas chances diminuem muito.
É importante procurar seu médico e informar que pretende amamentar o filho
adotivo no seio. Se for o caso, ele pode receitar algum remédio que estimule a
prolactina, hormônio responsável pela produção do leite materno.
3.1 – A amamentação e as leis
Um dos principais estímulos para o sucesso do aleitamento materno tem sido o
número de informações divulgadas a respeito. Em todos os meios de comunicação é
possível encontrar os efeitos positivos do aleitamento exclusivo nos seis primeiros
meses e de seu efeito como alimentação complementar.
O apoio à maternidade pode ser visto já na Constituição Federal de 1988, em
seu Capítulo II, artigo 6o “São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer,
a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência
aos desamparados na forma dessa Constituição”.
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A Constituição prevê acabar com as desigualdades no trabalho entre homens e
mulheres. Muitas mulheres ao se casarem ou engravidarem eram desligadas de seus
trabalhos sem justa causa, antes de essas leis entrarem em vigor.
Agora, amparadas pela Constituição, as gestantes têm o direito a estabilidade,
ou seja, elas não podem ser desligadas da empresa desde quando a gravidez é
confirmada até cinco meses depois do parto.
Se a empresa, mesmo sabendo da gravidez, decide demitir a funcionária, deve
lhe pagar uma indenização juntamente com o salário correspondente a 16 semanas,
período total da licença.
As mulheres que trabalham em empresas, com carteira assinada, têm uma
série de direitos assegurados pelas leis. A Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT,
é um documento que unifica todas as leis trabalhistas no Brasil.
O Capítulo III da CLT é dedicado à proteção do trabalho da mulher. A seção V
trata exclusivamente dos direitos que as mulheres têm por conta da maternidade.
De acordo com o artigo 392 da seção V, Capítulo III da CLT, a mulher que
trabalha tem direito a uma licença de 120 (cento e vinte) dias sem que seu salário seja
cortado e sem que perca o vínculo empregatício, ou seja, ela não pode ser desligada
da empresa nesse período.
Já a lei criada em 9 de setembro de 2008, Lei no 11.770, dilata a licença
maternidade para 180 (cento e oitenta dias) com a instituição do Programa Empresa
Cidadã.
As mães que adotaram ou obtiveram guarda judicial também têm direito a essa
licença. A licença concedida pela CLT para esses casos também foi aumentada com a
Lei no 11.770.
Se o bebê tiver até um ano de idade, o período é de 180 (cento e oitenta) dias.
Se a criança tiver entre um e quatro anos de idade, a licença é de 120 (cento e vinte)
dias, e entre quatro e oito anos de idade, a licença é de 90 (noventa) dias. É necessário
apresentar documento que comprove a guarda da criança.
O salário dessas mulheres é pago pela empresa contratante. Já para as
trabalhadoras rurais ou sem carteira assinada que contribuem para a Previdência
Social há, pelo menos, dez meses, quem paga o salário maternidade é o Instituto
Nacional do Seguro Social, o INSS, por 120 (cento e vinte) dias.
O INSS também oferece esse benefício às mães adotivas ou às mulheres que
receberam a guarda judicial de uma criança. O salário é pago
durante 120 (cento e vinte) dias para as crianças até um ano, 60 (sessenta) dias para
crianças entre 1 e 4 anos e 30 (trinta) dias para crianças entre 4 e 8 anos.
É importante notificar a gestação ao empregador com a cópia de um exame
laboratorial. Peça que a empresa notifique por escrito o recebimento de uma cópia do
exame.
A gestante também tem direito a se ausentar para consultas médicas e a
mudança de função se as condições de saúde exigirem.
O artigo 396 desse mesmo capítulo da CLT fala sobre o aleitamento materno.
O texto é o seguinte:
“Art. 396 - Para amamentar o próprio filho, até que este complete 6 (seis)
meses de idade, a mulher terá direito, durante a jornada de trabalho, a 2 (dois)
descansos especiais, de meia hora cada um.
Parágrafo único - Quando o exigir a saúde do filho, o período de 6 (seis) meses
poderá ser dilatado, a critério da autoridade competente.”.
Esses direitos já revelam a importância do aleitamento materno exclusivo, pois
foi baseado em estudos sobre seus benefícios, que esses artigos foram criados.
Outra lei que ampara as gestantes é a Lei Federal n.° 6.202, de 17 de abril de
1975. Essa lei oferece à mulher estudante que engravidou alguns direitos. Veja o texto
do artigo 1o dessa lei:
“Artigo 1o - A partir do oitavo mês de gestação e durante 3 meses após o parto
a estudante em estado de gravidez ficará assistida pelo regime de exercícios
domiciliares instituído pelo Decreto-Lei No 1.044 de 31 de outubro de 1969 (a gestante
ou mãe pode receber o conteúdo das matérias escolares em casa)”.
Essa lei ainda prevê que o prazo de licença pode ser aumentado pelo médico e
que a mãe não precisa fazer as provas finais na instituição e pode substituir essas
notas por trabalhos feitos em casa.
Até mesmo as mulheres que se encontram em detenção têm direito a
amamentar seus filhos. A Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984, prevê que as
penitenciárias femininas tenham berçários para os bebês serem amamentados.
Essa lei mostra que não há exclusão de pessoas no exercício de seus direitos.
O aleitamento materno é um direito tanto da mãe, quanto da criança.
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O direito da criança de ser amamentado é assegurado pelo Estatuto da Criança
e do Adolescente, o ECA, Lei no 8.069 de 13 de julho de 1990. Já em seu Capítulo I,
artigo 9o, há o seguinte texto:
“Art. 9° O poder público, as instituições e os empregadores propiciarão
condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães
submetidas à medida privativa de liberdade”.
O Estatuto também confere a informação aos benefícios do aleitamento
materno, afirmando ser dever dos Estados assegurar que todos os setores da
sociedade tenham conhecimento sobre isso.
3.2 - Políticas de Incentivo ao Aleitamento Materno
Os benefícios do aleitamento materno são inúmeros, ao mesmo tempo em que
o desmame precoce ou o não aleitamento podem ser bastante prejudiciais ao
desenvolvimento do bebê.
A falta da amamentação é uma das principais causas de mortes em bebês no
mundo. Preocupados com os altos índices de mortalidade infantil, a OMS e o UNICEF
promoveram uma reunião com dirigentes de diversos países em 1979 para tratar desse
assunto.
Como reflexo dessa atitude, foi criado no Brasil em 1981 o Programa Nacional
de Incentivo ao Aleitamento Materno, o PNIAM pelo Instituto Nacional de Alimentação e
Nutrição, o INAN, uma autarquia do Ministério da Saúde.
O Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno foi anunciado
internacionalmente e envolvia campanhas feitas através dos meios de comunicação,
treinamento e capacitação dos profissionais das maternidades, produção e distribuição
de folhetos sobre amamentação, criação de grupos de apoio à lactante, promulgação
de leis de proteção à maternidade, entre outras medidas.
Atualmente, o INAM não existe mais e o PNIAM está ligado à Área Técnica de
Saúde da Criança e Aleitamento Materno do Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde.
Essa área é responsável por elaborar programas que tratam da saúde de
crianças de zero a nove anos, além de incentivar os estados e municípios a aderirem
essas políticas por meio de coordenadores estaduais e municipais.
No Brasil, o aleitamento materno tem sido praticado em larga escala, cerca de
95% dos bebês iniciam o aleitamento adequadamente. O que ocorre, porém, é que
poucos desses bebês continuam a ser amamentados pelo tempo recomendado.
Por esse motivo o PNIAM conta com algumas ações para promoção do
aleitamento materno, das quais vamos apresentar algumas agora:
Iniciativa Hospital Amigo da Criança
A Iniciativa Hospital Amigos da Criança, a IHAC, foi criada em 1990 pela
Organização Mundial de Saúde em parceria com a UNICEF para cumprir o que se
pede na Declaração de Innocenti.
A Declaração de Innocenti é um documento elaborado também em 1990 e
atualizado em 2005 que fala sobre a promoção, proteção e apoio ao aleitamento
materno.
Nesse documento constam os benefícios do aleitamento materno e a
importância do incentivo que as mães devem ter para amamentar seus filhos. A
Declaração também pretendeu fazer com que todos os países do mundo, até 1995,
atingissem metas de instituição de programas de apoio à amamentação.
Por esse motivo, o Brasil implantou em 1992 a Iniciativa Hospital Amigo da
Criança – IHAC, como parte do Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento
Materno, a fim de que pudesse alcançar as metas previstas na Declaração de
Inoccenti, que eram ter:
• “nomeado uma autoridade competente como coordenador nacional de aleitamento
materno e estabelecido um comitê nacional de aleitamento materno composto por
membros do governo e organizações não governamentais;
• Assegurado que todas a maternidades coloquem em prática os “Dez Passos Para o
Sucesso do Aleitamento Materno;
• Implementar totalmente o Código Internacional de Comercialização de Substitutos do
Leite Materno e as subsequentes resoluções da Assembleia da Organização Mundial
da Saúde;
• Elaborar uma legislação criativa de proteção ao direito ao aleitamento da mulher
trabalhadora e estabelecido meios para sua implementação.”
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Com o tempo, a IHAC foi crescendo, sendo adotada por diversos países e
hospitais. Em janeiro de 2011, 156 países e mais de 20.000 hospitais estavam
apoiando a Iniciativa, inclusive o Brasil.
Em nosso país, a IHAC teve início em março de 1992 e desde essa data até
dezembro de 2010, o número de hospitais credenciados foi de 359. Por algumas
mudanças nos critérios feitas pelo Ministério da Saúde, 26 hospitais foram
descredenciados, restando apenas 333.
Pode-se atribuir essa queda à exigência da diminuição do número de
cesarianas realizadas. Muitos hospitais consideram inviável diminuir muito o número
desse tipo de parto.
Entre os anos de 1999 e 2002, foram ministrados muitos cursos de
sensibilização de gestores, o que contribuiu para um maior número de credenciamento
de hospitais.
Entretanto, esse é ainda um número muito pequeno em relação ao total de
hospitais existentes no Brasil, que é cerca de 5.340. Desses, apenas 6,2% estão
credenciados no IHAC.
Os Dez Passos Para o Sucesso do Aleitamento Materno são recomendações
que servem tanto às mães quanto aos profissionais da área da saúde, como forma de
informar e incentivar o aleitamento materno. Veja quais são esses passos:
Ficou comprovado por meio da Pesquisa Nacional de Prevalência de
Aleitamento Materno em Municípios Brasileiros, feita em 2010 pelo Ministério da
Saúde, que é maior o número de crianças que são amamentadas em Hospitais Amigos
da Criança (HAC).
Essa pesquisa mostrou que a duração média do aleitamento exclusivo materno
em crianças que nasceram em HAC foi de 60,2 dias. Em contrapartida, esse número
reduz para 48,1 dias para as crianças que não nasceram em HAC.
A taxa de bebês que são amamentados na primeira hora de vida também é
maior nos HAC, chegando a ser 9% maior dos que nos hospitais comuns. Lembrando
que amamentar na primeira hora é uma recomendação da OMS e da UNICEF.
Para se manter de acordo com a IHAC, a equipe da maternidade precisa
passar por um curso de 20 horas de treinamentos sobre aleitamento materno chamado
Manejo em Aleitamento Materno.
Há também um curso de 12 horas para sensibilizar os gerentes e diretores de
hospitais, informando-os do impacto positivo da IHAC para o hospital e para as mães e
bebês. Esse treinamento também é oferecido para os governantes dos municípios e
estados brasileiros.
Já as pessoas que avaliam se os hospitais e a equipe médica estão cumprindo
com os Dez Passos passam por um treinamento de 40 horas. Eles verificam se estão
sendo obedecidos os Critérios Globais que são fundamentais para a continuidade da
IHAC. Esses Critérios se aplicam a todos os hospitais de todos os países na promoção
do aleitamento materno.
Além de cumprir com os Dez Passos, o hospital precisa preencher uma série
de requisitos para se cadastrar como HAC. Os avaliadores verificam se está tudo em
conformidade com as exigências e solicitam ao Ministério da Saúde o credenciamento
do Hospital.
O credenciamento ocorre por meio de uma publicação no Diário Oficial da
União, o DOU. Após três anos, é necessária uma nova avaliação.
O Hospital Amigo da Criança no Brasil também precisa seguir a Norma
Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira
Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras, a NBCAL, Lei no 11.265/2006.
O objetivo dessa lei é contribuir para a adequada nutrição das mulheres que
amamentam e também das crianças mais novas. Os profissionais dos hospitais que
desejam se credenciar como HAC também passam por um curso que tem duração de 8
horas.
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Alojamento Conjunto
O alojamento conjunto é quando, o bebê que nasceu sadio, permanece no
quarto com a mãe até ter a alta. Assim, a mãe pode cuidar do bebê, receber auxílio e
orientações médicas e promover o aleitamento.
A Sociedade de Pediatria de São Paulo recomendou já em 1989 que todas as
maternidades do Estado deveriam implantar o alojamento conjunto para que houvesse
um maior vínculo entre mãe e filho, prestar um atendimento mais humanizado ao bebê
e ensinar a mãe, especialmente as com o primeiro filho, os cuidados em saúde.
O pai também pode participar dos cuidados com o bebê no sistema de
alojamento conjunto e aprender a cuidar do bebê para auxiliar a mãe futuramente.
Método Canguru
Esse método é mais indicado para os bebês que têm baixo peso, além de
promover o aleitamento, promove o contato físico e, consequentemente, o vínculo entre
mãe e filho. Os pais também podem ter esse contato físico com o bebê no método
canguru.
Veja a placa que o UNICEF disponibiliza:
Desde que foi implementado em 2000, esse método já possui mais de 7.000
profissionais treinados.
Quando o recém-nascido é prematuro ou nasceu com baixo peso, ele
necessita ir para a incubadora e ser tratado. Os pais podem, em alguns hospitais, ter
livre acesso a essa área e manter um contato físico com o filho.
Assim que o bebê tiver condições mais estáveis de saúde, e o médico permitir,
o bebê pode ficar apenas de fralda, “amarrado” ao peito nu da mãe, ou até mesmo do
pai.
Com o tempo, o bebê já poderá ir para o alojamento conjunto, onde a mãe fará
seus cuidados e poderá permanecer na posição canguru por 24 horas se quiser.
A adoção desse método auxilia o bebê a ter menos refluxos, o bebê respira
melhor e tem menor risco de apneia, que é a parada respiratória enquanto dorme.
Mesmo depois da alta, a mãe ou o pai podem fazer uso desse método em casa
durante as 24 horas do dia. As visitas ao hospital continuam para verificar a saúde do
bebê. É importante lembrar que esse método é só um complemento aos tratamentos
que o bebê necessita fazer e não substitui nenhum outro.
Veja como é a posição do método canguru:
O bebê pode permanecer no método canguru até atingir mais ou menos dois
quilos ou quando começar a ficar muito agitado. É como se esse contato fosse uma
continuação da gestação em que o bebê ficou no útero, mas precisou sair antes do
tempo. Quando ele fica agitado é um sinal que chegou o momento de “nascer”.
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Programa Carteiro Amigo
Esse programa, que inicialmente ocorria somente na Região Nordeste do
Brasil, teve início em 1999 a partir de uma ideia da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos, Correios, juntamente com o UNICEF e a Secretaria Estadual de Saúde do
Ceará.
A campanha foi responsável pela duplicação do número de mães que
passaram a amamentar seus filhos no Ceará.
Durante todo o mês de agosto, mês que se comemora a Semana Mundial de
Amamentação, que ocorre todos os anos entre os dias 1 e 7, os carteiros vestem uma
camiseta especial e distribuem folhetos que contêm informações sobre os benefícios
da amamentação. Quem recebe os folhetos são, especialmente, as mães de bebês
menores de um ano.
Uma das principais causas que impedem a amamentação é a falta de
informação. Muitas mães não puderam ter acesso a informações sobre amamentação
durante o pré-natal. A inovação na ação dos carteiros tem trazido a essas mães muito
do que elas precisam saber sobre o aleitamento.
Projeto Bombeiros da Vida
Esse projeto promovido pelo Corpo de Bombeiros em 2002 tem o objetivo de
ampliar os estoques de leite materno dos bancos de leite humano. Os bombeiros
realizam diversas funções, como transporte de leite e até informações sobre ordenha e
armazenamento.
O Ministério da Saúde buscou levar essa iniciativa para todos os Corpos de
Bombeiros do país. Para isso, os bombeiros receberiam treinamentos sobre o
aleitamento materno para que pudessem auxiliar as doadoras.
Todos os projetos que buscam apoiar o aleitamento materno têm resultados
bastante satisfatórios. Quanto mais segmentos sociais puderem transmitir informações,
mais mães amamentarão seus filhos e assim, os níveis de saúde no país se tornarão
melhores.
3.3 – Doação de Leite materno
O primeiro banco de leite humano foi implantado no Brasil em 1943.
Inicialmente, o objetivo do banco de leite humano (BLH) era coletar leite para suprir as
necessidades de bebês prematuros, desnutridos ou com alergia a outros alimentos.
Naquela época ainda era muito grande o número de mães que não
amamentavam ou praticavam um desmame precoce. Havia altas taxas de mortalidade
infantil e a maioria delas era causada por conta disso.
Por isso, foi necessário requisitar mais doadoras para aumentar os estoques de
leite. Como a doação não ocorria em larga escala, os BLH precisavam recompensar as
nutrizes de alguma forma, ou pagando salários ou oferecendo benefícios.
O Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno é que fez com que
o número de BLH aumentasse consideravelmente, especialmente a partir de 1985. As
mulheres foram tomando conhecimento dos benefícios do aleitamento materno e as
doações começaram a ser mais frequentes.
Os BLH são vinculados a maternidades ou hospitais infantis e precisam estar
devidamente cadastrados e possuir licença da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária, a ANVISA.
Também é responsabilidade dos BLH ensinar as mães sobre a pega correta,
posições de amamentação, alimentação, cuidados com a mama e técnicas de ordenha
e armazenamento.
Existe a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, a Rede BLHBR. Ela é
uma iniciativa do Ministério da Saúde e da Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz, e tem
como objetivo promover a saúde das mães e dos bebês integrando a sociedade aos
órgãos públicos.
A mulher que produz mais leite do que o seu bebê necessita pode ser doadora
de leite humano. Essa exigência está em acordo com a Resolução no 171 da Anvisa
que caracteriza a doadora no item 4.13. Veja o texto:
“Doadora de leite humano: nutriz saudável que apresenta secreção lática
superior às exigências de seu filho, que se dispõe a ordenhar e doar o excedente; ou
aquela que ordenha o próprio leite para manutenção da lactação e/ou alimentação de
seu filho.”
Também podem doar leite as mulheres que têm produção lática, mas o filho
não pode mamar diretamente do peito por alguma doença ou outra impossibilidade.
As doadoras preenchem um formulário no BLH em que vão informar nome,
endereço, data de nascimento, informações sobre o pré-natal e parto, o peso que
ganhou na gravidez e o resultado dos exames realizados.
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De acordo com a Fiocruz e o Ministério da saúde, é necessário que as
doadoras preencham uma série de pré-requisitos como:
• Estar amamentando ou ordenhando leite para o próprio filho;
• Ser saudável;
• Apresentar exames pré ou pós-natal compatíveis com a doação
de leite ordenhado;
• Não fumar mais que 10 cigarros por dia;
• Não usar medicamentos incompatíveis com a amamentação;
• Não usar álcool ou drogas ilícitas;
• Realizar exames (hemograma completo, VDRL, anti-HIV e demais sorologias
usualmente realizadas durante o pré-natal) quando o cartão de pré-natal não estiver
disponível ou quando a nutriz não tiver feito o pré-natal;
• Outros exames podem ser realizados conforme perfil
epidemiológico local ou necessidade individual da doadora.
As orientações da ANVISA, Fiocruz e do Ministério da Saúde para doação de
leite materno são as seguintes:
Como preparar o frasco para coletar o leite humano?
• Escolha um frasco de vidro com tampa plástica, pode ser de café
solúvel ou maionese;
• Retire o rótulo e o papelão que fica sob a tampa e lave com água e
sabão, enxaguando bem;
• Em seguida coloque em uma panela o vidro e a tampa e cubra com
água, deixando ferver por 15 minutos (conte o tempo a partir do início
da fervura);
• Escorra a água da panela e coloque o frasco e a tampa para secar de
boca para baixo em um pano limpo;
• Deixe escorrer a água do frasco e da tampa. Não enxugue;
• Você poderá usar quando estiver seco.
Como se preparar para retirar o leite humano (ordenhar)?
O leite deve ser retirado depois que o bebê mamar ou quando as mamas
estiverem muito cheias.
Ao retirar o leite é importante que você siga algumas recomendações que
fazem parte da garantia de qualidade do leite humano distribuído aos bebês
hospitalizados:
1. Escolha um lugar limpo, tranquilo e longe de animais;
2. Prenda e cubra os cabelos com uma touca ou lenço;
3. Evite conversar durante a retirada do leite ou utilize uma máscara ou
fralda cobrindo o nariz e a boca;
4. Lave as mãos e antebraços com água e sabão e seque em uma
toalha limpa.
Como retirar o leite humano (ordenhar)?
Comece fazendo massagem suave e circular nas mamas.
É ideal que o leite seja retirado de forma manual:
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Como guardar o leite retirado para doação?
O frasco com o leite retirado deve ser armazenado no congelador ou freezer.
Na próxima vez que for retirar o leite, utilize outro recipiente esterilizado e ao terminar
acrescente este leite no frasco que está no freezer ou congelador.
O leite pode ficar armazenado congelado por até 15 dias.
O leite humano doado, após passar por processo que envolve seleção,
classificação e pasteurização, é distribuído com qualidade certificada aos bebês
internados em unidades neonatais.
Fonte: http://www.fiocruz.br/redeblh/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=360#
Quando o leite é ordenhado em um lugar que não seja o Banco de Leite
Humano ele deve ser cuidadosamente transportado em baixas temperaturas ou mesmo
congelado. Esse transporte não deve ser superior a 6 horas.
Se o leite precisar ficar estocado na casa da doadora antes de ser
transportado, ele deve permanecer por, no máximo 15 dias congelado e separado de
outros alimentos. Caso não seja possível congelá-lo isoladamente, coloque o frasco do
leite dentro de outro recipiente impermeável. É importante colocar uma etiqueta com a
data da coleta.
Todo leite que chega ao BLH precisa passar por alguns exames. São
verificadas as condições da embalagem, se há alguma sujeira, se o leite está ácido,
qual sua cor, odor e sabor entre outras verificações.
A coloração normal do leite varia entre a amarelada e a branca, como foi dito
anteriormente. O leite que tiver coloração avermelhada pode conter sangue e, nesse
caso, só pode ser consumido pelo filho da doadora, caso ela não seja portadora de
doença que impeça a amamentação.
Se o leite apresentar coloração verde-escura, deve ser descartado, pois isso
indica a presença de bactérias. Dependendo do que a doadora come, a coloração do
leite pode variar.
Depois disso, os funcionários do BLH colocam o leite em frascos apropriados
para que eles possam passar pela pasteurização. A pasteurização é um processo
térmico em que o leite é submetido com o objetivo de tornar inativos micro-organismos
que possam prejudicar a saúde do bebê.
A pasteurização do leite humano ordenhado é feita a 62,5 oC por 30 minutos
após o tempo de pré-aquecimento. O leite depois é resfriado.
Depois disso, o leite é novamente analisado para verificar se não há mais
micro-organismos nocivos ao bebê. Se os resultados forem negativos, o leite está
pronto para o consumo, caso dê algum resultado positivo, o leite deve ser descartado.
Para que o bebê receba leite do BLH, é necessário fazer um cadastro. Têm
prioridade os recém-nascidos de baixo peso, prematuros ou os que tiverem a
capacidade de sucção comprometida, em resumo, bebês cuja mãe não pode
amamentar, ou casos em que o médico recomende expressamente.
O leite que o bebê vai receber deve ser compatível com suas necessidades, ou
seja, os recém-nascidos precisam de colostro, os bebês mais velhos devem receber
leite maduro, por exemplo. Esses casos são analisados pelos funcionários do Banco de
Leite Humano.
O leite do BLH pode ser oferecido aos bebês por meio de um copinho ou de
mamadeira para os mais velhos. Para os bebês recém- nascidos, com problemas
cardíacos ou problemas de sucção não é recomendado oferecer a mamadeira. Ela
pode fazer com que o bebê sugue incorretamente para se alimentar ou faça força
demais. Nesses casos, pode- se dar o leite em um copinho, encostando o líquido na
boca do bebê e deixando que ele tome.
3.4 – Introdução de outros alimentos e desmame
É sabido que o aleitamento exclusivo, ou seja, sem a inserção de nenhum
outro tipo de alimento, é recomendado pela OMS por seis meses. Após esse período o
bebê já está pronto para receber outros tipos de alimentos, mas a amamentação deve
continuar como complemento.
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Se o bebê não mama satisfatoriamente no peito e se o médico indicar, alguns
alimentos podem ser dados ao bebê antes dos seis meses, mas nunca antes dos
quatro meses.
A OMS, que tem o apoio do Ministério da Saúde, afirma que o tempo médio
ideal para que a amamentação sirva de complementação à alimentação da criança é
de dois anos. O leite materno pode ser ainda uma grande fonte de nutrientes, energia e
vitaminas para as crianças após seu primeiro ano de vida.
Os primeiros alimentos dados à criança logo após os seis meses são
chamados alimentos de transição. Eles ainda não são os alimentos consumidos pelo
restante da família e servem como complemento para o leite materno.
É possível oferecer algumas frutas, sucos naturais, e sopas. Prefira as feitas
em casa às industrializadas. Evite ao máximo o uso de liquidificador, pois ele elimina
grande parte dos nutrientes dos alimentos. Amasse com garfos ou passe pela peneira.
Observe se os alimentos estão bem limpos e lave bem as mãos antes de
cozinhar para o bebê. É muito importante que os alimentos possuam a quantidade
necessária de nutrientes.
Embora a recomendação da OMS seja que o aleitamento materno dure cerca
de dois anos, o desmame pode ainda acontecer antes desse período por diversos
fatores. Até mesmo o bebê, depois que passa a ter contato com outros alimentos
começa a rejeitar o peito.
A vida da mãe que trabalha fora de casa também acaba por promover o
desmame naturalmente. Mas é importante que o desmame seja feito de forma
gradativa, para que o bebê não sofra um impacto.
Quando se sentir segura sobre o desmame, consulte o pediatra do bebê e diga
a ele sua intenção, ele passará orientações de como proceder. A mãe pode ir
diminuindo aos poucos o número de mamadas diárias até que o bebê pare de mamar
totalmente. Desmamar gradativamente também evita que haja ingurgitamento das
mamas.
Se o bebê não der sinais de falta de interesse pelo peito e ainda quiser mamar
a todo o momento, talvez ele ainda não esteja pronto para desmamar. Mas se não
houver alternativa e o desmame precisar ocorrer, e se o médico tiver liberado, a mãe
pode dizer ao filho, quando ele pedir para mamar, que ainda não é hora de mamar e
buscar chamar sua atenção para outras atividades.
Também é importante só dar o peito ao bebê se ele pedir. Se quiser
desmamar, evite ficar oferecendo.
Nem sempre substituir o peito com a mamadeira é o mais indicado, pois a
mamadeira vai exigir um segundo desmame. Se quiser continuar a dar leite ao bebê,
prefira os copinhos. É importante que o bebê continue tomando leite, pois ele é uma
fonte de cálcio.
Se a mãe optar por dar chupeta ou mamadeira, verifique se elas estão em
conformidade com a NBCAL.
Existem mães que têm receio de desmamar seus bebês com medo de perder o
vínculo criado com o momento da amamentação. As mães podem ficar tranquilas, o
bebê não vai deixar de amá-las. A mãe pode procurar novas maneiras de contato e
interação com o bebê.
É bem possível que alguns bebês, percebendo que as mamadas estão
diminuindo, fiquem mais manhosos e chatinhos. A mãe precisa ter paciência e procurar
inovar o cardápio do bebê, pois eles podem recusar uma série de alimentos.
Conversar com o bebê sobre isso pode ajudar bastante, especialmente se ele
já tiver idade para entender o que está acontecendo.
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BIBLIOGRAFIA
BADINTER, E. Um amor conquistado: o mito do amor materno. 3aed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1985.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Banco de Leite
Humano:Funcionamento, Prevenção e Controle de Riscos. Brasília – DF. 2008.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução ANVISA RDC no 171, de
4 de setembro de 2006. Disponível em
BRASIL. Ministério da Saúde. Iniciativa Hospital Amigo da Criança.
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde da Criança: nutrição infantil. Aleitamento
materno e alimentação complementar. Brasília – DF. 2009.
BRASIL. Ministério da Justiça. Estatuto da Criança e do Adolescente. Edição
Especial 12 anos. Brasília – DF. 2002.
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