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Artigo FIOCRUZ Resiliência Na Juventude
Artigo FIOCRUZ Resiliência Na Juventude
Artigo FIOCRUZ Resiliência Na Juventude
2
AGRADECIMENTOS
Às minhas orientadoras, Joviana e Miriam, por toda orientação e apoio ao longo desta
Aos meus pais e irmãos, por TUDO até aqui e depois... Aos meus avós, os mais lindos
do mundo!!!!
contribuir tanto, cada uma a seu modo e ao seu tempo, Ritinha com muito pouco
tempo para tamanho carinho e apoio. Obrigada por compartilhar essa jornada.
Aos amigos da vida que me ensinam e ajudam tanto, sem os quais a vida seria sem
Ao meu cão paixão, Pantaii, que me tira de casa e me leva pra passear, obrigada por
E ao Gustavo, meu amor, por incentivar e dar asas aos meus sonhos.
3
Veja!
Não diga que a canção
Está perdida
Tenha fé em Deus
Tenha fé na vida
Tente outra vez!(Raul Seixas, 1945 – 1989)
4
RESUMO
variáveis são analisadas por modelos de regressão logística, tendo a resiliência como
satisfação com a vida possuem estreita relação com o baixo potencial de resiliência
5
dos adolescentes. É de fundamental importância que programas e políticas públicas
particularidades do gênero.
6
ABSTRACT
The dissertation presents unpublished data from a cross-sectional study by the Latin
American Center for the Study of Violence and health Careli Jorge - CLAVES. From
potential of adolescent girls and boys, from the research of family and community
factors. The methodology is based on analysis of data from a survey that included the
participation of 889 adolescents in 9th grade from public and private schools in a
variables are analyzed by logistic regression models, and resilience as the outcome
variable and sex as a modifier effect, included as an interaction term in the model,
with the significance level of 5%. The results are presented in the form of two papers.
her mother or stepmother, the lack of family supervision, and the low use of coping
strategies of distraction, active coping and supportive family factors are associated
with low potential resilience. Variables such as live huddle or have difficult
relationships with brothers show only harmful to the resilience potential of girls. The
variables associated with resilience and community show that different types of social
adolescents, whereas factors related to depression and lack of satisfaction with life
have close relationship with low potential resilience of adolescents. It is vital that
7
programs and policies emphasize the protection of the population of children and
adolescents for prevention of mental health problems and health promotion, focusing
8
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10
5. RESULTADOS ...................................................................................................... 45
9
1. INTRODUÇÃO
Interesse Público (OSCIP), que tem como objetivo intervir em situações de violência
doméstica e risco social. No decorrer do trabalho junto a essas equipes, constatei que
as marcas deixadas pelas adversidades sofridas por aquelas crianças ou jovens não
10
possuíam uma relação de proporção ou de lógica com os eventos sofridos e, aos
para a busca por respostas para as questões que emergem da prática. A escolha por
realizar este trabalho sob a ótica da Saúde Pública parte da aposta de que o trabalho
superação de adversidades.
externos ao indivíduo, que responderá aos eventos ocorridos em sua vida de acordo
adolescência e ao longo da vida adulta. Monteiro & Maia (2009) afirmam que, de
acordo com a perspectiva do desenvolvimento, quanto mais cedo o sujeito for exposto
11
seu desenvolvimento são esperadas. É amplamente aceito na literatura que as diversas
Hansen, 1993; Cardoso & Maia, 2006; Schenker & Minayo, 2005)
sentido do fenômeno e o seu significado psicológico não são dados por uma equação
fenômenos subjetivos e, portanto, aponta para um campo que a todo tempo se mostra
movediço e desafiante.
concreto e imutável, mas sim a um processo que se passa entre o indivíduo e o meio,
ou seja, não se pretende estudar algo estático, mas a relação existente entre os eventos
extrínsecos ao sujeito. A forma como cada um percebe e elabora as situações que vive
12
é sempre singular, pois cada indivíduo possui um sistema próprio de representações e
projeções que pode fazer a partir daquilo que lhe ocorre. Neste sistema de
1982).
Esta noção não costuma levar em conta o processo de subjetivação envolvido nesta
construção. A definição dos gêneros não está colocada a priori. Ao longo de seu
Nesta lógica, o sociólogo francês Pierre Felix Bourdieu afirma que devemos
admitir que o discurso de gênero não é apenas uma mensagem destinada a ser
decifrada; mas também um produto que colocamos à apreciação de outros e cujo valor
se definirá na sua relação com o meio em que vive (Bourdieu, 1982). Dito em outras
que fundamentam o que deve ser adequado e inadequado para cada um. Esta é uma
13
Assumir os padrões de gênero prototípicos pode interferir negativamente na
saúde dos indivíduos. É preciso considerar que as regras de papel de cada gênero
Este projeto tem como objeto o estudo dos aspectos individuais, familiares e
14
sob a ótica da prevenção de doenças e promoção da saúde, bem-estar e da qualidade
15
2. OBJETIVO GERAL DA DISSERTAÇÃO
relação entre os elementos presentes nas relações dos adolescentes com seus
adolescência.
16
3. QUADRO TEÓRICO
definido como a capacidade de um corpo físico voltar ao normal depois de ter havido
uma pressão sobre si. Seria, portanto, a capacidade de um material absorver energia
uma fórmula matemática que relaciona tensão e deformação e fornece com precisão a
Study (Werner & Smith, 1977, 1982, 1993), iniciado em 1955 por uma equipe
17
aqueles que conseguiram conduzir suas vidas de maneira positiva daqueles que
pessoais para um interesse no estudo dos fatores externos aos indivíduos, tais como,
Dessa forma, podemos dizer que a resiliência refere-se à capacidade dos seres
contextos com os quais o sujeito interage e cuja presença é observada, com mais
clareza, quando o ser humano está passando por uma situação adversa, seja esta de
acordo com as circunstâncias, não sucumbindo a ela. Elas alertam para a necessidade
18
eventos potencialmente estressores. Acreditam que o termo resiliência traduz
de adversidade.
estresse ou que não seja atingida pela situação adversa. Pelo contrário, o sujeito
permite prosseguir, delineando uma trajetória que pode ser considerada positiva
(Silva, 2003).
todas as fases do ciclo vital, sendo que cada uma delas passa por diferentes
(Cyrulnik, 2004).
19
O potencial de resiliência de uma pessoa começa a ser desenvolvido durante a
gestação por meio das expectativas e desejos que o bebê desperta na mãe e no núcleo
familiar. Nos primeiros meses e anos de vida, o cuidado e afeto dedicados à criança
circuito mais amplo de pessoas, com a troca entre pares e com o educador, que pode
fase busca conquistar um espaço e sentir-se pertencente a ele. Este espaço também
será palco de reconhecimento dos limites impostos pelo mundo e pelo outro, sendo
pré-adolescente tende a buscar maior independência dos pais, uma vez que seu
afastamento.
20
Há também nesta fase a busca pela autonomia e independência em relação à
21
3.2. Fatores individuais, familiares e sociais associados ao potencial de
Pedromônico, 2005).
ainda precário, são fatores citados pela literatura como riscos ao desenvolvimento da
população ali presente. (Assis, 2006; Garbarino & Pardo,1992; Pesce, Assis & Santos,
2004).
de violência, experiências de doença, abandono, maus tratos, dentre outros, são alguns
adolescentes.
conflitos familiares entre outros são eventos considerados adversos e que podem vir a
educacional.
para o indivíduo. O que já se sabe é que alguns indivíduos, por diferenças físicas,
É importante lembrar que, ainda que os estudos sobre fatores de risco tenham,
sofisticadas sugerem que o risco é um processo, e que, por exemplo, o número total
exposição grave (Pesce, 2004). Para Kaplan (1999), é a combinação entre a natureza,
necessária para a resiliência. Por essa razão, um evento pode ser enfrentado como
perigo por um indivíduo e para outro, ser apenas um desafio (Yunes, 2001).
23
A habilidade de significar positiva ou negativamente as dificuldades
proteção, segundo Polleto & Koller (2006), são aqueles que, numa trajetória de risco,
do meio em que vive são elementos cruciais para estimular o potencial de resiliência
ao longo da vida. Fatores de proteção são descritos como recursos pessoais ou sociais
literatura (Rutter, 1971; Bowlby, 1990; Garmezy, 1991; Werner & Smith, 2001;
24
reconhecer como pertencente. A construção e o fortalecimento de sua subjetividade
social.
A escola pode servir como fator de proteção, quando seu ambiente acolhe e
2010).
maior independência, ampliam seus domínios para além do seio familiar e dessa
forma são submetidos a um campo cultural e a uma rede de relações maiores. Tais
25
que cerca o adolescente respalda-se no fato que a atuação no macro ambiente se
reflete nas micro redes de relação em que as pessoas estão inseridas neste espaço.
26
3.3. Resiliência e gênero
2012). Essas diferenças entre os gêneros são evidentes, no entanto se apresentam mais
como tendências. Cada sujeito tem sua maneira singular de funcionar e existir, seja
diferenças genéticas.
Eliot afirma ainda que, ao contrário do que vem sendo exposto pela mídia, os
como plasticidade neural. Este termo engloba as mudanças que ocorrem no cérebro
vidas.
27
A plasticidade neural é a base de toda aprendizagem. Na infância o cérebro é
ainda mais plástico do que em qualquer outra fase da vida. Realizar ações como
calcular, ler, correr, cantar, chorar são atividades que criam redes neurais no cérebro
possuem sobre os trilhos que traçam caminhos neuronais, seria muito incoerente se os
realizado, que os próprios cientistas já não polarizam mais este debate, mas percebem
que meninos e meninas chegam ao mundo com genes e hormônios diferentes, mas
para que aquele bebê que está sendo gerado nasça pertencendo a um gênero ou a
pré-natal e continua ao longo de cada aula de balé ou de judô, das bonecas ou dos
28
Fávero (2010) afirma ainda que a experiência de ter nascido do sexo feminino
culturais, com os elementos que constituem a sua rede de interação social e mediam
seus pares e com as figuras de apoio. Estes são apontados como figuras importantes
escassos. Grande parte deles é da década de oitenta e trazem resultados que apontam
as meninas como mais resilientes do que meninos, quando expostos a riscos múltiplos
do meio ambiente (Rutter, 1982; Werner, 1985; Gamble & Zigler, 1986). Estes
adversidades.
no Ensino Médio de São Paulo revelou que o escore geral de resiliência obtido com a
íntimos, enquanto as meninas têm posição mais ativa para a resolução de problemas,
29
McDonough & Walters (2001) também relatam diferenças de gênero, onde
meninas tendem a desenvolver mais patologias do que meninos sob estresse crônico e
eventos de vida adversos. Nos casos de estresse crônico, meninos aparecem como
proteção" foram relatados para ambos os sexos, no entanto o sexo masculino obteve
(Montgomery, 2010). Diferenças entre os sexos aparecem de forma muito variada nos
2007).
meninas tendem a se tornar mais resilientes quando podem contar com o afeto de
em pessoas do sexo feminino, enquanto que o sexo masculino tem maiores índices de
30
exposição a eventos traumáticos (Becker, 2007). O mesmo autor afirma, em
consonância com outros trabalhos já citados, que estas diferenças não refletem apenas
as diferenças entre os sexos, mas uma série de fatores que influenciam a resiliência,
traumáticos.
31
4. MATERIAL E MÉTODOS
objetivo é analisar a associação entre os aspectos das relações dos adolescentes com
integrará um livro que tem como temática a resiliência e é organizada por Normanda
cada manuscrito.
Jorge Careli da Fundação Oswaldo Cruz, com o apoio do CNPq. O estudo contou
32
com a participação de adolescentes escolares do município de São Gonçalo/Rio de
Janeiro.
15° maior cidade do país, com uma população de 999.728 habitantes, dos quais cerca
de um terço são crianças e adolescentes e 7,8% são crianças entre 5 a 9 anos de idade
seus moradores.
este crescimento não está diretamente relacionado à melhora nas condições de vida e
jovens, ocupando, em 2011, a 92° posição entre as cidades onde há maior número de
SUS 2008-2009). Neste contexto, cerca de 15% dos estudantes adolescentes da rede
33
cotidianamente com atos com elevado potencial de ferir, tais como: ser chutado,
mordido, esmurrado, espancado, ameaçado com arma ou faca ou efetivamente ter sido
4.2 Amostra
públicas e 28 particulares, contando com duas turmas por escola. A maior parte dos
maior poder aquisitivo; tem entre 13 e 14 anos (61,1%) e informa ter a cor de pele
terem vivenciado nenhum evento traumático segundo a escala de eventos de vida (The
analisada.
34
proporcional à quantidade de alunos de 9° ano (PPT sistemática) em cada um dos 12
alunos por turma uma vez que não existiam listas de número de alunos por turma,
apenas uma única listagem com número de turmas e de alunos por escola.
no número de alunos esperados nas turmas. Tal fato pode ser justificado pela
quantitativo de alunos (2008), através das quais a amostra foi baseada. Ao calcular as
acima de um. Para correção da diferença entre os anos, as escolas sorteadas com mais
estratos para corrigir o cálculo dos pesos amostrais. É importante citar que as escolas
4.3 Instrumentos
35
equipe de pesquisadores treinados, que foram supervisionados durante todo o trabalho
de campo.
idade, cor da pele, religião, série escolar); estrutura familiar; situação socioeconômica
Escala de Resiliência
por Wagnild & Young (1993) que é um dos poucos instrumentos usados para medir
25 itens descritos de forma positiva com resposta tipo Likert variando de 1 (discordo
pontos, com valores altos indicando elevada resiliência. Estudos têm mostrado boa
36
foram comparados com os de seus pais, em resposta ao mesmo instrumento. Foi
verificada correlação 0.64 entre o adolescente e o pai e 0.33 entre o primeiro e sua
mãe no que tange à violência (estes são valores altos se analisados entre os diferentes
obtida. O exame de confiabilidade foi efetuado através de duas técnicas para avaliar a
total e através do coeficiente alfa (0.82 entre irmãos e 0.62 de violência entre pais e
inglês. A CTS original em inglês tem sido investigada desde sua concepção e vários
estudos apontam para uma baixa taxa de recusa; boa confiabilidade; e validade do tipo
cada um destes níveis, torna o sujeito um caso de violência e/ou agressão verbal. São
eles:
37
Agressão verbal (ou simbólica): uso de meios simbólicos ou verbais para
Violência: atos que têm a intenção (percebida ou não) de causar dor física ou
ferir o adolescente. Inclui jogar objetos sobre o pesquisado, empurrar, dar tapas ou
bofetadas, murros, chutar, bater ou tentar bater com objetos, espancar, ameaçar ou
apenas chutar, morder ou dar murros, espancar, ameaçar ou usar arma ou faca.
na violência entre os irmãos, o alfa de Cronbach obtido foi de 0.83, ICC (índice de
correlação intraclasse) de 0.6 e kappa moderado; para a que ocorre entre os pais
contatou-se ICC de 0.68. Neste estudo, o alpha de Cronbach para os itens de violência
praticada pela mãe foi de 0,742, a violência severa foi de 0,685. A violência praticada
pelo jovem, em que uma pessoa significativa denegriu suas qualidades, capacidades,
38
transculturalmente à realidade brasileira por Avanci (2005), onde foi verificado alfa
1986), violência cometida pela mãe e entre pais (CTS; Hasselman, 1996). Neste
trabalho, o Kappa dos itens desta escala variou entre 0,395 e 0,683. O alpha de
(self reported offenses). No Brasil vem sendo empregado pelo Instituto Latino-
teve danificado alguma coisa sua, se já conviveu com pessoas que carregam armas
brasileira por Chor (2001), possui 19 itens relativos ao apoio social e cinco de rede
social. Neste trabalho, apenas os itens referentes ao apoio social foram utilizados, pois
39
ajudar nas tarefas diárias se ficar doente), afetiva (demonstração de afeto e amor, dar
agradáveis e distrair a cabeça). Cinco escores são obtidos para cada dimensão, que
tem como opção de resposta: nunca, raramente, às vezes, quase sempre, sempre. O
tercil foi o ponto de corte adotado para avaliar as dimensões da escala. Com uma
Cronbach de 0.92, ICC de 0.79 para apoio afetivo, 0.82 para o emocional, 0.82 para o
Cronbach para o apoio afetivo (0,821), apoio material (0,568), interação positiva
0,099 a 0,744.
português por Hutz e Giacomoni (1998). É composta por cinco itens que aferem um
que gostaria; ter condições de vida excelentes; estar satisfeito com a vida; alcançar
metas importantes que quer na vida; se pudesse viver de novo não mudaria quase
nada. As respostas sao avaliadas em sete itens que variam de concordo (totalmente,
muito, pouco) a não concordo nem discordo e discordo (totalmente, muito, pouco).
os adolescentes satisfeitos com suas vidas como aqueles com escores acima de 50,7%
40
Escala de coping
por Antoniazzi (1999). Foi empregada neste estudo para avaliar as formas de lidar
com problemas nas seguintes áreas: escola, relação com os pais, colegas,
namorado(a), consigo mesmo e com seu futuro. Possui três dimensões especificas,
quando surge e nao se preocupar mais com ele; tentar obter ajuda em instituições
(escolas, igreja ou grupos de ajuda); tentar falar sobre o problema com a pessoa
ajuda e apoio de pessoas que estão na mesma situação, tentar resolver o problema
com a ajuda dos amigos; b) coping interno: aceitar os limites; não se preocupar,
porque tudo costuma acabar bem; pensar sobre o problema e tentar encontrar soluções
alternativas; fazer o que os outros querem para acabar logo com o problema; dizer
para si mesmo que sempre vai haver problemas; só pensar nos problemas quando eles
portas); tentar não pensar sobre o problema; tentar esquecer os problemas com álcool
e drogas, tentar não pensar no problema porque de qualquer forma não pode mudar
nada.
41
Brasil vem sendo empregado pelo Instituto Latino-Americano das Nações Unidas
ter convivido com pessoas que carregam armas brancas ou de fogo, e ter sido vítima
p<0,001). Para a violência na escola o alfa Cronbach obtido foi de 0,53 (IC 95% 0,45-
fossem contados maiores detalhes sobre o assunto, que eram digitados pelo
2008
Scale (Bird, 2005) foi utilizada para mensurar prejuízo global da criança e do
adolescente, a partir da visão dos pais. Consiste em 23 itens que incluem três áreas de
para a criança se dar bem com seus pais, irmãos ou outros familiares? Como tem sido
42
o aproveitamento da criança na escola? Comparando com outras crianças da mesma
anos de uma amostra clínica (N= 757) e duas amostras da comunidade (N= 1.888 e
N= 1.132). A consistência interna da escala total variou entre 0.81 e 0.88, e entre 0.56
variaram entre bom e substancial para a maioria dos itens. A BIS mostrou alta
prejuízo funcional global. O ponto de corte para a versão brasileira foi estabelecido a
43
O estudo original foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola
temática do estudo.
Por ser derivado dessa pesquisa original, o presente estudo foi submetido à
15737313.0.0000.5240 em 07/08/2013.
44
5. RESULTADOS
45
46
47
48
49
50
51
52
53
54
55
56
57
5.2 – Capítulo de livro: Aspectos individuais e comunitários associados
58
Aspectos individuais e comunitários associados relacionados à resiliência em
adolescentes
(Boris Cyrulnik)
políticas públicas voltadas a esta faixa etária. Busca também refletir sobre o impacto
intervenção. Tais informações podem ser muito úteis na reflexão sobre a promoção da
intenção é que a discussão deste capítulo possa oferecer subsídios para a atuação de
2
Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli/Fundação Oswaldo Cruz
59
A adolescência é tipicamente um período singular no desenvolvimento
humano, onde uma série de competências funcionais são exigidas para acompanhar as
diversas mudanças desta fase. Para o adolescente há uma ampliação dos domínios
(Bordini, 2012).
emergência é observada com mais clareza quando a pessoa está atravessando uma
situação adversa, seja esta de caráter temporário ou constante em sua vida (Silva,
sentido do fenômeno e o seu significado psicológico não são dados por uma equação
60
Estudos e pesquisas acerca do tema da resiliência buscam compreender por
ocorrido em sua história, enquanto outros sucumbem com mais facilidade às situações
o suporte familiar, a escola e a história singular de cada um, composta por uma
seus domínios para além do seio familiar, ela é submetida a um amplo campo cultural,
e a uma rede maior de relações, que complementam sua identidade e que têm
61
Neste capítulo o foco é dado às questões da comunidade como elemento
adolescente respalda-se no fato que a atuação no macro ambiente se reflete nas micro
A pesquisa original
Rio de Janeiro, São Gonçalo. Esta cidade é a segunda maior do estado em termos
habitantes, dos quais cerca de um terço são crianças e adolescentes (Assis & Avanci,
de apoio aos moradores de baixa renda. Possui índices alarmantes no que diz respeito
à violência contra jovens, ocupando, em 2011, 92° posição entre as cidades onde há
Janeiro. Foram excluídos da análise deste capítulo, os adolescentes que reportam não
62
terem vivenciado nenhum evento traumático segundo a escala UCLA-PTSD, descrita
Wagnild e Young (1993) e adaptada para o Brasil por Pesce et al (2005). Esta escala é
usada para medir níveis de adaptação psicossocial positiva em face de eventos de vida
importantes. Possui 25 itens descritos de forma positiva com resposta tipo likert
de Cronbach de 0,78 e a exclusão de cada um dos itens não afetou o índice geral. O
satisfatória. Neste trabalho, a resiliência foi avaliada por tercil e optou-se por analisá-
particulares, contando com duas turmas por escola. A maior parte dos entrevistados é
aquisitivo; tem entre 13 e 14 anos (61,1%) e informa ter a cor de pele negra/parda
(CCEB) que tem como objetivo avaliar o poder de compra de grupos de consumidores
63
no pais e determinar a partir dele o estrato social a que estre grupo pertence
(ABIPEME, 2001).
analisada.
número de alunos por escolas foi fornecida pelas Secretarias Municipal e Estadual de
Educação para o ano de 2008. Trabalhou-se com a média de alunos por turma uma
vez que não existiam listas de número de alunos por turma, apenas uma listagem geral
no número de alunos esperados nas turmas. Tal fato pode ser justificado pela
quantitativo de alunos (2008), através das quais a amostra foi baseada. Para contornar
essa diferença, escolas sorteadas com mais alunos em 2010 do que havia sido listado
64
em 2008 foram agrupadas em diferentes estratos para corrigir o cálculo dos pesos
amostrais.
Trombeta & Guzzo, 2002, Kahn et al., 1999), escala de apoio social (Chor et al.,
de satisfação com a vida (Diener et al, 1985; Giacomoni & Hutz, 1998), além de uso
indivíduo vive e faz parte, podendo promover apoio e assistência, mas também impor
65
dentro da outra, como um conjunto de bonecas russas (Bronfenbrenner, 1979/1996,
p. 5).
exemplo (Ceconello & Koller, 2000). Eventos considerados como risco são
para resultados negativos no seu desenvolvimento (Assis et al, 2006). De acordo com
em outro estudo realizado com amostra de adolescentes das mesmas redes de ensino
no início dos anos 2000 (Assis, Pesce & Avanci, 2004). Tal achado revela que, apesar
adolescentes, por mais pobre que seja uma comunidade o potencial de resiliência
se reflete nas relações interpessoais mais próximas do espaço físico dos bairros e das
66
comparações. Neste capítulo é definida como aquela vivenciada ou testemunhada pelo
diversas formas e nas mais variadas relações entre os membros de uma comunidade,
facções criminosas que cerceiam o direito de ir e vir dos moradores e ditam regras e
leis próprias e se utilizam de meios agressivos para se impor. O medo originado pelo
famílias tendem a se sentir impotentes, pois não possuem condições de intervir nem
possuem meios para proteger efetivamente seus jovens deste contato (Fowler et al.,
2009).
Revisão de estudos sobre o tema mostra que mais de 70% das amostras de
jovens já testemunharam essa forma de violência no lugar em que vivem (Phelps et al.
13,5% a 67,4%, com estudos desenvolvidos nas seguintes cidades brasileiras: São
Gonçalo (RJ), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ) e Brasília (DF).
Crianças mais velhas e adolescentes são mais expostos a violência comunitária, bem
67
Dentre as situações de violência comunitária investigada no presente estudo,
potencial de resiliência entre adolescentes. Aqueles que afirmam ter vivido esta
Resiliência
N (%) N (%)
Ser espancado, levar um tiro ou Sim 140 (61,3) 89 (38,7) 1,33 (0,69-2,53)
ser seriamente ameaçado de ser
machucado Não 871 (67,8) 414 (32,2) 1
Ter recebido a noticia da morte Sim 519 (68,4) 240 (31,6) 0,86 (0,56-1,30)
violenta ou o ferimento grave de
um ente querido Não 489 (65,0) 264 (35,0) 1
68
Sim 80 (69,1) 36 (30,9) 0,89 (0,34-2,28)
Conviver com pessoas que
carregam armas brancas
Não 914 (66,5) 461 (33,5) 1
ameaças, teve coisas danificadas, andou com pessoas que usam armas de fogo e
branca, e teve coisas furtadas neste espaço da escola. Em pesquisa realizada no sul do
Brasil com estudantes de colégios públicos, notou-se que 99,7% dos adolescentes
escola, e um em cada quatro adolescentes teve objetos pessoais furtados neste espaço.
Neste trabalho também é apontado que os adolescentes relataram também que tiveram
roubados no espaço escolar (2,5%). Contudo, pouco se sabe como essas variadas
adolescentes.
69
O que se sabe é que a escola tem papel indispensável no desenvolvimento de
Para que a escola seja um ambiente promotor de resiliência, ela precisa desenvolver,
dentre outros aspectos, relações de confiança e de afetividade entre seus alunos. Mas,
Tal como encontrado por Assis, Pesce e Avanci (2006) nas mesmas redes de
ensino de São Gonçalo há cerca de uma década atrás, os resultados ora analisados
revelam que o impacto das situações de violência vividas no meio escolar não se
ameaças e furtos, por ter coisas danificadas, ou andar com pessoas que usam armas de
o relato de apoio social percebido por estes jovens no meio em que vivem, incluindo
comunidade e família. O apoio social parece ser decisivo para que o potencial de
inseguranças, pode fazer toda diferença à forma com que ele enfrenta as adversidades
70
A escala de apoio social utilizada foi desenvolvida por Sherbourne & Stewart
dezenove itens relativos ao apoio social e cinco referentes à rede social. Neste
material (ajuda se ficar de cama, levar ao médico, preparar refeições, e suporte nas
informação, o que permite sugerir que receber conselhos, informações e ajuda para
71
Tabela 2: Razão de chances entre tipos de apoio social e o potencial de resiliência em
adolescentes de São Gonçalo*
Resiliência
N (%) N (%)
comunidade quanto nas famílias, uma cultura de apoio e suporte voltados para esta
72
Robert e Li (2001) sugerem três indicadores de comunidades resilientes, os
físico positivo, (2) de ambiente social propício ao convívio e, (3) presença de uma
depende da qualidade das interações nestas relações, que podem ser marcadas por
(Bronfenbrenner, 1996).
coping. Lazarus e Folkman (1984), pioneiros dos estudos acerca deste conceito,
73
Para avaliação das estratégias de coping, utilizou-se a escala de coping (How
I Coped Under Pressure Scale - Program for Prevention Research, 1999), composta
por 19 questões, que englobam as seguintes dimensões: distração (vê televisão ou lê,
meditar, rezar, fazer ginástica ou esporte, desenhar ou escrever), ativo (dizer para si
que as coisas vão melhorar, aprender o máximo com a situação difícil e fazer trabalho
voluntário), evitação (gritar, se envolver em briga, faltar aula, evitar pessoas, tomar
bebida alcóolica, fumar cigarro e ficar fora de casa) e suporte (conversar sobre o
sido recorrentemente exaltada nas revisões da literatura sobre o tema (Ayres et al,
1996; Compas, 2001; Skinner, 2003). Cada dimensão foi avaliada por tercil,
estreita relação com o potencial de resiliência. Aqueles que afirmam ter mais
74
Tabela 3: Razão de chances entre tipos de coping e o potencial de resiliência em
adolescentes de São Gonçalo*
Resiliência
Coping X resiliência Médio+Alto Baixo OR IC95%
N (%) N (%)
Baixo 471 (62,1) 288 (37,9) 1,67 (0,93- 0,30)
Coping Distração Médio 263 (70,2) 111 (29,8) 1,16 (0,61-2,18)
Alto 281 (73,2) 103 (26,8) 1
Baixo 318 (54,0) 270 (46,0) 2,80 (1,38-5,66)
Coping Ativo Médio 363 (73,4) 131 (26,6) 1,19 (0,66-2,13)
Alto 334 (76,7) 101 (23,3) 1
Baixo 350 (67,4) 169 (32,6) 1,03 (0,60-1,75)
Coping Evitação Médio 315 (65,0) 169 (35,0) 1,15 (0,57-2,29)
Alto 349 (68,1) 164 (31,9) 1
Baixo 158 (53,8) 136 (46,2) 2,87 (1,55-5,27)
Coping suporte Médio 501 (65,7) 262 (34,3) 1,75 (0,89-3,42)
Alto 352 (77,0) 105 (23,0) 1
*Em negrito os resultados que obtiveram significância estatística.
15% dos adolescentes desenvolva o transtorno depressivo (Salle, 2001; Avanci, Assis
& Oliveira, 2008), mas este percentual se eleva quando é analisada a presença de
sintomas depressivos (e não o transtorno já instalado), quadro que também precisa ser
75
e suicídio, assim como a duração dos sintomas e o prejuízo no funcionamento social
(APA, 2003).
Depressão Infantil (CDI) (Kovacs, 2003; Gouveia et al, 1995), que verifica a presença
resiliência do que o outro grupo mais resiliente, o que reforça a urgente necessidade
devido ao seu contato diário com os jovens. A escola pode ser a fonte de sofrimento,
importante que o profissional esteja atento e possa intervir neste ciclo de violência, e
sua vida (Diener et al, 1985; Giacomoni & Hutz, 1998). Constatou-se que aqueles
mais insatisfeitos com sua vida apresentam mais chances (OR=5,7) de desenvolver
76
O consumo de álcool e maconha também foram estudados segundo o
superação dos problemas (tabela 4). Apesar disso, este tema deve ser sempre
Tabela 4: Razão de chances entre tipos de uso de álcool e outras drogas, depressão e
satisfação de vida e o potencial de resiliência em adolescentes de São Gonçalo*
Resiliência
N (%) N (%)
77
feminilidades, independente das bases biológicas (Segato, 1997; Roughgarden, 2005).
Psicologia (2005) define como orientação sexual a escolha afetiva, romântica, sexual
e emocional.
significados específicos (Assis et al., 2008). Estes são fruto de suas experiências
passadas e das projeções que pode fazer a partir daquilo que lhe ocorre. Neste sistema
ainda crimes relacionados à homofobia. De acordo com Elizur e Niv (2001) esta
Steiner, 1999; Safren & Heiberg, 1999; Costa & Nardi, 2013).
78
feminino e masculino, bem como a questão da homo/heteroafetividade, estimulando o
terem baixo potencial de resiliência ; (2) o uso da maconha ou outras drogas é mais
meninos com este nível de resiliência. Tal resultado pode sugerir que as meninas,
79
lar, enquanto meninos são encorajados a atuar ativamente no ambiente em que vivem.
ser analisados com cautela, uma vez que o número de participantes é baixo ao se
resiliência dos adolescentes de São Gonçalo, é fundamental que se possa incluir este
constructo nos programas de atenção aos adolescentes. Existem diversos estudos que
reflexões
quais são os mecanismos que devem ser estimulados com este fim e de que maneira é
80
programas de atuação e diretrizes para o trabalho dos profissionais que pretendem
atuar nesta direção. Edith Grotberg (1993), um dos grandes nomes internacionais do
A autora propõe o debate acerca do tema e a dinâmica de grupo como estratégias para
adolescentes e sobre o papel das instituições envolvidas, ou seja, onde falharam, o que
poderiam mudar e que medidas poderiam ser tomadas a curto e a longo prazo. A
partir disso, foram criados modelos de atenção às famílias juntamente às escolas, além
81
aos adolescentes foi importante e procurou fortalecê-los para que se tornassem
enfrentavam.
individual e comunitário (Ferreira, Silveira & Peixoto, 2013; Munist et al, 2013).
Ojeda (2007) afirma que atualmente pode-se considerar a resiliência como ferramenta
de genuíno cunho latino-americano, que pode ser utilizada na luta contra a pobreza e a
desigualdade.
82
de baixa renda, com objetivo de promover o desenvolvimento humano e a inclusão
competências sociais, cognitivas e pessoais dos alunos, que mantém com o projeto, o
dessas comunidades com boas notícias, como a da medalha de ouro conquistada pela
adolescente pode contar com o apoio de pares e de pessoas próximas, para alguns a
2003)
83
O ambiente escolar também deve ser incluído no trabalho de promoção de
resiliência. Os profissionais que ali atuam devem ser capacitados para lidar com as
para identificar situações onde devem intervir, tais como: situações de violência, maus
tratos ou negligência de cuidados básicos, conflitos entre alunos, bem como situações
de resiliência.
que este constructo não se limita apenas a um estado psicológico de bem estar, nem
promotor de saúde e bem estar e possam ainda ter um papel ativo na multiplicação
deste processo. Assim, a resiliência pode ser desenvolvida enquanto traço comum ao
coletivo, cada um dos sujeitos tendo um papel, um lugar social e político onde se
84
constrói e se é construído, se fortalece e é fortalecido pela capacidade de superação
das adversidades.
por indivíduos fortalecidos e cientes de que possuem papel ativo para melhorá-la, o
resiliência é enorme, com ele estão propostos também outras questões, não basta
âmbito, privado, onde já ficou claro que o apoio de pessoas próximas, supervisão
o crescimento da ênfase dada aos fatores positivos que levam um indivíduo a superar
85
acreditar que é possível, através de ações e programas, promover o bem estar do
culturas, então exercitar um permanente olhar sobre as competências é uma ação que
em nível comunitário, à medida que suas equipes possam se preparar para lidar com
esses tipos de problemas. Trabalhar a família como foco da atenção tem sido uma
comunidades, uma vez que elas têm responsabilidade e potencial para atuar frente aos
problemas dos locais em que vivem, tais como marginalidade e violência. Agregar o
86
as barreiras das dificuldades locais para fazer as mudanças acontecerem. É possível
87
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96
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
enquanto conjunto de fenômenos, e não mais como uma característica estanque que o
individuo possui ou não. Esta noção de processo que se tem hoje acerca do conceito
capazes de suportar qualquer adversidade. Muito pelo contrário, a ideia visa promover
97
sim a resiliência, mas juntamente a propostas que vão ao encontro da linha de
Americana de Saúde (OPS) entende que estes são cuidados complementares e associa
trabalham com modelos de resiliência em suas pesquisas alertam para o fato de que
adaptação passiva diante de adversidades (Luthar & Cicchetti, 2000; Rutter & Bishop,
2011). Indicar a resiliência como uma característica intrínseca é justamente negar que
e meninas. No entanto, foi possível observar que alguns fatores familiares parecem
98
à criança e ao adolescente; conjugado à violência como forma de comunicação Com
sujeito e lhe confere segurança por ser pautado na aceitação de sua autoimagem.
resultados destacam o apoio social como um elemento decisivo para que o potencial
dividir medos e inseguranças - pode fazer diferença na forma com que ele enfrenta as
presente estudo revelou que ser menino ou menina não está associado ao potencial de
nos programas de atenção aos adolescentes. Existem diversos estudos que relacionam
a importância das diferenças de gêneros nas mais distintas formas de relação (Rohlfs,
99
essas diferenças nas estratégias de atuação em saúde, educação e conscientização dos
indivíduos que compõem uma comunidade, a fim de construir uma cultura de respeito
entanto, somente a partir da união de forças das diversas estratégias dos governos, das
acontecer.
100
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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