A Verdade Por Trás Da Fantasia Da Pornografia - Lubben Shelley
A Verdade Por Trás Da Fantasia Da Pornografia - Lubben Shelley
A Verdade Por Trás Da Fantasia Da Pornografia - Lubben Shelley
Verdade
Shelley Lubben
A VERDADE
Dedicatória
Gostaria de dedicar este livro a centenas de mulheres e homens que
morreram na indústria pornô de AIDS, suicídio, homicídios e mortes
relacionadas com drogas.
Sua voz será ouvida agora.
Uma Palavra de Shelley
Uma Confissão
Portões do Inferno
Capítulo Seis
Foi uma noite atarefada de sexta-feira, e a música “Love Hurts”, estava
tocando. Uma garota la na estava no palco de dança, enquanto eu estava
na porta da frente conversando com Mário, o bonito novo fanfarrão de
plantão. De repente, ouvi um estalo alto e Mário desabou ao chão. Eu
joguei minha bandeja para baixo e gritei, “Chame o 911!”
Em segundos as pessoas estavam aglomera em torno de Mário tentando
fazer parar o sangramento. As meninas estavam gritando em volta de mim.
“Calem-se!” Eu gritei e empurrei-as para o camarim.
Olhei no espelho e havia manchas de sangue em mim.
“Droga, o que aconteceu?”
Depois de alguns minutos eu corri de volta para Mário e vi os
paramédicos tentando reanimá-lo. Orei em silêncio: “Deus, por favor,
salve-o.” Um pouco antes do ro, Mário estava me contando sobre o novo
bebê que sua esposa acabara de ter.
Outra garota e eu começamos a pegar as garrafas de cerveja como
loucas e esvaziar os cinzeiros. Eu nunca me mudei tão rápido em minha
vida.
Duas horas mais tarde recebemos a no cia de que Mário, o gerente do
clube, estava morto. Fui para casa e sentei-me no escuro, mantendo o top
do biquíni ensanguentado. Pensamentos inundaram a minha mente. Eu me
sen tão mal por Mário e sua família. O cara nha apenas 21 anos de
idade. Em seguida, outro pensamento cruzou minha mente. Poderia ter
sido eu.
De repente, uma sensação horrível agarrou-me de que deveria ter sido
eu. Alguém lá fora estava tentando me matar.
Qualquer um poderia ter puxado o ga lho que matou Mário. Mas eu
não queria ficar por perto para descobrir, então eu telefonei para minha
velha Madame, Vanessa, para tentar obter algum “lugar” de trabalho,
enquanto procurava por outro clube de dança. Eu odiava ter de voltar para
a pros tuição, mas a morte de Mário era um alerta muito próximo a mim.
Vanessa ficou encantada ao ouvir a minha voz e me ter de volta
trabalhando para ela. Até então ela nha uma agência lucra va de
acompanhantes e fazia cerca de 40 negócios por dia. Então eu comprei um
bip e comecei meus truques por todo o sul da Califórnia trabalhando em
qualquer lugar de 300 a 500 dólares por hora, dependendo do que o
cliente queria. Eu dirigi até San Diego e voltando até San Fernando Valley.
Após um ano enganando homens em todo Sul da Califórnia, eu pensava
que estava no ápice do meu jogo.
Através de algumas das minhas conexões de “elite”, comecei a perseguir
o sonho de Hollywood e eu fantasiava sobre isso como uma criança. Como
todos os trabalhadores do sexo no sul da Califórnia, eu pensava que
certamente eu me tornaria a próxima Sharon Stone ou Julia Roberts.
Com diretores e agentes de Hollywood enchendo meu bolso, comecei a
ir a cas ngs e testes para diferente atuações. Tornei-me uma aspirante a
“extra”. Promessas de estourar feitas por diretores quentes de Hollywood,
eu acreditava quando eles me diziam que eu me tornaria uma grande
estrela. Promessas que eram feitas geralmente antes de eu cair de joelhos.
Embora a atuação em Hollywood não tenha dado certo, eu procurei a
indústria da música. Um dos meus “caras” regulares era um produtor
musical que nha um estúdio de gravação em sua mansão em Chatsworth.
Com a sua ajuda eu escrevi, cantei e produzi o meu primeiro álbum de
música em 1991, in tulado “Let There Be House”, que incluiu a canção,
“Men roso”, que eu escrevi para vingar-me de Mellon Ace Man pela
“Men rosa”, uma canção de rap em Espanhol sobre mulheres men rosas.
Talvez eu es vesse um pouco sensível.
Ou talvez eu tenha percebido que minha vida inteira nha sido uma
enorme men ra. Rejeitada, aba da, sobrecarregada e superexposta, eu
era uma mãe solteira sobrevivendo em uma vida dupla. Com um pé na
porta de Hollywood e o outro calcanhar pregado na indústria do sexo, eu
me sen a bloqueada em cada situação. Era como se o próprio Deus
es vesse contra mim.
Um dia, fiquei tão frustrada com todo o cenário de Los Angeles que
comecei a procurar emprego em outras cidades. Desesperadamente à
procura de algum ângulo novo me deparei com um anúncio em um jornal:
BUSCAMOS MULHERES JOVENS. TODAS AS DESPESAS DE VIAGEM
PAGAS. $ 2.000 dólares por semana.
Oh, agora isso soava bem. Imediatamente liguei para o número de
telefone e um cara chamado Rico atendeu e me disse que eles estavam à
procura de dançarinas. Fiquei tão aliviada ao ouvir que não era
pros tuição!
Eu cheguei esperando que fosse uma agência profissional, mas eram
dois homens mexicanos e uma maleta com pilhas de dinheiro. Eu nunca
nha visto tanto dinheiro na minha vida. Eles me disseram que havia muito
mais para mim se eu concordasse em voar para o México para dançar por
duas semanas. Eu estava um pouco hesitante, mas eles me garan ram que
tudo era feito legalmente.
“Não se preocupe, Huera, toda isso é legal. As garotas fazer dinheiro um
monte, e a praia é muy bueno.”
Quando ouvi as minhas duas palavras favoritas “praia” e “dinheiro”
meus olhos brilharam. Eles também prometeram-me um bilhete de
primeira classe e me mostraram um panfleto do belo resort onde eu
ficaria. Um cara amigo meu me adver u que era ilegal, mas eu o ignorei.
Eu estava pronta para uma mudança e precisava dar um tempo da
Califórnia. Além disso, eu era La Huera Loca!
Eu me sen mal em deixar minha filha Tiffany, mas meu amigo me
garan u que ela ficaria bem. Então eu peguei minhas malas e fui em
direção ao Aeroporto Internacional de Los Angeles. Eu peguei um voo de
primeira classe em uma Cia Aérea Mexicana e desembarquei em
Guadalajara três horas e cinco minutos depois. O cheiro de tacos e cigarros
encheu o ar. Peguei minha mala e saí para onde dois homens mexicanos
me puxaram para o lado da calçada. Eu pensei que meus cabelos loiros me
levaram até ali.
“Hola, como estas?” Eu mostrava minhas habilidades em espanhol
quando entreguei minha mala para eles. Eu aprendi um pouco de espanhol
nos bares mexicanos e era despojada.
“Hola”, um homem respondeu, e o resto do passeio foi muito quieto.
Cerca de quarenta minutos depois, chegamos a um prédio an go coberto
por árvores e rodeado por Aves do Paraíso. Saí do carro e subi os degraus
rachados até uma porta trancada. Depois de uma ba da curta um homem
mexicano obeso abriu a porta e eu segui os dois homens por um corredor
de portas de vidro deslizantes. Agora eu sabia que algo estava errado. As
mulheres por trás das portas de vidro não estavam rindo ou conversando.
Notei com o canto de meu olho uma menina limpando as lágrimas que
pareciam escorrer de seu rosto.
Que diabos está acontecendo aqui?
Pensamentos de fugir imediatamente encheram minha mente e eu sen
minhas mãos se transformando em punhos. Quando eu estava prestes a
bater na cabeça do cara, uma voz veio até mim e disse: “Fique calma,
Shelley.” Eu sabia que era Deus. Eu retomei a respiração profunda e meu
sorriso falso levou-me pelo corredor até o meu quarto.
“Esteja pronta até as 20:00hs, Huera”, um dos homens disse enquanto
caminhava a distância. Virei-me para uma mulher jovem com um cabelo
longo e marcante e olhos azuis aterrorizados.
Olhei para ela com um semblante confuso e deixei escapar: “Que diabos
está acontecendo aqui?”
“Shshsh”, disse ela enquanto fechava a porta. Em seguida, ela sussurrou,
“Você não sabe onde está? Você está em um bordel mexicano.”
“Men ra”, eu contestava. “Eu não me inscrevi para trabalhar em um
bordel mexicano. E me disseram que eu ficaria em um resort bacana!”
“Calada!”, disse. “Esses caras vão f*** e matá-la se você não calar a
boca. Você está em um bordel mexicano e nunca mais voltará para casa.”
Atordoada, eu fiquei lá com a minha boca aberta até que balancei minha
cabeça e voltei com ousadia: “Bem, ninguém vai manter-me em uma
prisão. Isso é uma maldição, com certeza.” Então eu me virei ao redor e
olhei pela janela gradeada, enquanto silenciosamente orava a Deus para
me rar desta.
Por volta das 20:00hs, ouvimos uma ba da na porta.
“Vamos, Huera. Hora de irmos.”
Eu segui as outras garotas em uma fila para fora, onde fomos levadas até
um ônibus amarelo velho que estava na rua, no qual embarcamos. Usando
um ves do de um amarelo forte e segurando apenas uma pequena bolsa
para gorjetas e absorventes internos, subi para o ônibus sujo pensando
sobre o que estaria à frente.
“Deus, me re dessa”, eu disse assim que o ônibus se afastou do meio-
fio.
Quando olhei em volta para os rostos das outras jovens garotas eu notei
que em nenhum deles havia emoção. Elas estavam tão frias como o gelo,
olhando diretamente para a visão à frente delas. Tentei falar com uma
delas ao meu lado, mas ela não quis conversar. Sentei-me incrédula de que
nenhuma daquelas mulheres vesse vontade de lutar. Eu era tão lutadora.
Eu não poderia me alinhar ao seu comportamento submisso e comecei a
elaborar um plano para escapar.
Felizmente, eu falava espanhol o suficiente. Acredito que a máfia
mexicana não havia planejado isso quando me atraíram. Chegamos a um
prédio de jolos com muitos andares. Quando olhei para o lado notei
vários seguranças armados.
Maldição, eu pensei.
Quando saí do ônibus amarelo sujo, o ar estava pegajoso e quente.
Limpei minha testa, empurrei o meu cabelo loiro para trás e andei em um
clube escuro e vazio, onde apenas uns poucos homens estavam sentados
nas mesas. Eu segui as outras meninas até um quarto do po camarim,
anexado ao palco e coloquei a minha cabeça através da cor na. Ninguém
estava olhando. Foi tão estranho. Não era nada como os bares mexicanos a
que eu estava acostumada.
Eu queria dar uma olhada no resto do bar sem ser notada, então entrei
no palco e dancei em silêncio enquanto sondava a área. Na esquerda, vi
uma menina em uma dança de cadeiras para um cara que não dava
gorjetas a ela. Nada bom. Para a direita eu vi a porta da frente guardada
por um grande cara mexicano que estava armado. Muito ruim. Acima de
mim estava um andar aberto, onde um casal de homens andava por ali.
Onde estavam as mulheres? Havia um casal delas no palco, mas onde
estavam as outras?
Eu perguntei em espanhol a uma menina mexicana, onde era o banheiro
e ela apontou para o andar superior. Eu escapei por uma janela, já que a
despedida de solteiro ficou fora de cogitação. Eu lentamente me aproximei
de uma escada sinuosa e olhei por cima de mim para ver se alguém estava
por perto. Ela estava vazia, então subi as escadas e me virei para a
esquerda, onde encontrei uma placa que dizia: “Baño”.
Corri para o banheiro quando um som me fez parar como uma morta
durante minha fuga.
“Nãooooo!” Uma voz de mulher gritou do nada.
Oh droga, eu pensava. O que foi isso? Eu andei em direção ao som dos
repe dos gritos e olhei na porta para ver uma mulher que inclinou-se com
um punhado de homens que observava enquanto um homem atrás dela
violentamente ia para cima dela.
“Não, não chega!” implorava ela e o cara deu um tapa na cabeça dela e
disse: “cierra la boca.” Ok, ele simplesmente disselhe para fechar sua boca
depois que ele bateu nela. Isso era o suficiente para eu ver.
Eu sabia que estava no inferno.
Eu imediatamente fui até o banheiro para ver se poderia rastejar para
fora da janela pelo telhado. Mas não havia janelas. Eu entrei em pânico.
Fui para uma sala para me sentar e pensar. Em minha mente eu pensava
em maneiras de escapar do inferno que eu estava.
Talvez eu pudesse criar um jogo e iniciar um incêndio? Não foi bom o
bastante.
Eu poderia enrolar o porteiro e fingir fazer sexo oral nele e então roubar
sua arma. Hummmm, não havia nenhuma garan a de que iria funcionar.
Eu poderia fingir que era possuída por demônios e torcer minha cabeça
ao redor como o exorcista. Não, eles me matariam, com certeza.
Droga, eu estava sem ideias. Então eu sentei lá, orei e implorei a Deus
para me rar desta. Ele nha sido bem sucedido muitas vezes em me
salvar, então eu pensei que talvez Ele me perdoasse essa úl ma vez. Mas
não houve resposta. Lágrimas rolavam por meu rosto quando eu pensei
em minha filha e em como eu nunca mais a veria novamente. Eu estava
além do desespero.
Gritos de outra mulher encheram o ar e eu entrei em desespero. Eu
pensei novamente na ideia do porteiro. Eu teria feito qualquer favor sexual
para sair daquele buraco do inferno. Enquanto eu caminhava em direção
ao porteiro o meu pensamento rápido em espanhol bateu e eu agarrei seu
braço em desespero e gritei: “Fuego! Fuego! Hay un fuego ahí arriba!” Ele
olhou para mim em estado de choque e correu para cima para ver o fogo
que eu havia declarado.
Rapidamente corri para fora da porta, para a rua, e tentava parar os
carros à medida que eles passavam por ali. Um táxi verde reduziu e
encostou no meio-fio. Eu disselhe em espanhol para levar-me de volta ao
bordel e ele entendeu o que eu estava falando. Graças a Deus ele sabia
onde era. Graças a Deus meu espanhol era bom o suficiente.
Durante a corrida de táxi eu me preparei mentalmente para enfrentar o
guarda de segurança do bordel. Eu pensei sobre a porta, a fechadura, sua
mesa, as portas de vidro deslizantes e quanto tempo levaria para pegar
minhas coisas.
Mal chegamos e eu estava pronta de verdade para chutar alguns
traseiros. Cheia de vontade de viver e ver a minha filha novamente, eu
joguei uma nota de vinte dólares para o motorista e disselhe para esperar
cinco minutos e eu lhe daria cem dólares norte-americanos quando
voltasse. Ele balançou a cabeça.
Eu corri até os degraus e ba na porta da frente, onde o guarda de
segurança abriu e eu empurrei-o para trás, enquanto corri pelo corredor
até o meu quarto à esquerda. As portas de vidro deslizantes estavam
trancadas. Droga!
Eu me virei e gritei: “Abierto el porta f***” Ele tentou me segurar, mas
eu empurrei-o contra a parede e o chutei brutalmente até que ele me deu
as chaves. Ele não estava pronto para uma stripper formada com pernas de
aço para chutar o inferno dele para fora. Corri para o meu quarto e tentei
várias chaves no buraco e pronto, eu sen um clique.
Consegui.
Peguei minha mala e arranquei do quarto em direção à porta da frente,
onde saltei das escadas para o táxi. Graças a Deus ele ainda estava lá. Com
a porta batendo atrás de mim eu disse ao motorista para me levar ao
Aeroporto Internacional de Guadalajara. Meu coração estava batendo
rapidamente, enquanto eu sofri durante uma corrida de quarenta minutos
até o aeroporto.
Lágrimas de alívio fluíam pelo meu rosto quando eu saí do táxi e corri
para o balcão das companhias aéreas. Eu men e disse que minha filha
estava doente e precisava mudar meu voo para chegar em casa
imediatamente. Sentei-me na cadeira em frente à mesa segurando
firmemente minha bolsa. Eu não ia deixar que nada me impedisse de
voltar para Los Angeles.
Depois de uma noite sem dormir no aeroporto e um voo de três horas
eu desci do avião em solo americano e beijei o chão. Graças a Deus eu
estava em casa. Graças a Deus eu estava viva.
Fiquei tão trauma zada depois do México que dormi por três dias
seguidos. Quando eu acordei, jurei parar com a pros tuição e voltar para o
clube onde Mário foi morto. Tinha se passado um tempo desde que eu
havia trabalhado lá por isso esperava que o assassino vesse sido
apanhado. Enfim, eu precisava do dinheiro. Uma loira quente com o
espanhol em minha língua e Tequila em minhas veias, eu faria uma
matança.
“Olé!”
VII
Uma Confissão
Mesmo Morta
Capítulo Sete
Eu estava sedenta por sangue.
Aquele psicopata lamentaria a noite, em que me conheceu. Quando
voltei para casa e o encontrei sentado em meu sofá com uma faca enorme,
eu fiquei furiosa.
“O que você está fazendo aqui, Miguel?” Eu queria saber. Ele não me
respondeu, exceto com o som da respiração pesada e balançando para
frente e para trás no meu sofá. Eu rapidamente entreguei minha filha de
três anos para minha companheira de quarto e fiz sinal a ela em direção ao
quarto.
“Tranque-o e não abra a menos que você ouça a minha voz.” Eu disse.
Adrenalina correndo em minhas veias.
Eu vou matá-lo, eu disse a mim mesma. Eu vou cortá-lo em pequenos
pedaços e jogá-los no lixo do outro lado da rua. Mas algo me disse para ir
com calma. Se eu o matasse, eu provavelmente acabaria na cadeia. Ou
pior, ele poderia machucar minha filha Tiffany. Não, esse cara exigia
tratamento “especial”.
“Querido”, eu disse enquanto mudava de tom. “Eu amo você, Miguel.
Largue essa faca, querido. Desculpe-me, eu cheguei em casa tão tarde, mas
foi a minha vez de limpar o bar.” Meus olhos amorosos o acolhiam de volta
para meus braços abertos. Seu rosto suavizou juntamente com a aderência
em torno de sua faca.
Naquela noite eu fiquei até 05:00hs convencendo Miguel de que eu o
amava mais que qualquer outro homem. Eu fiz tudo o que eu nha que
fazer para proteger Tiffany e a mim. Durante meses aquele maníaco estava
assediando-me e me perseguindo. Eu deveria ter reconhecido que ele era
um maníaco na primeira noite que o conheci, mas o dinheiro me cegou.
Tudo que vi foi a montanha de notas verdes em minha frente. Com seus
grandes olhos castanhos e o sorriso de menino, Miguel era o sonho de
toda stripper: um jovem rico e de boa aparência.
A primeira noite que conheci Miguel, ele me deu uma rosa, um cristal e
500 dólares em gorjeta, juntamente com um pedido para jantar na noite
seguinte. Eu lhe disse que nha que trabalhar, mas ele se ofereceu para me
pagar o dobro do que eu geralmente recebia. Eu aceitei avidamente e
cegamente entrei em um dos piores episódios de minha vida louca.
Tudo começou perfeito. Ele estragou-me com dinheiro e presentes e eu
lhe estraguei com sexo e conversa mole. Ele não nha ideia de que eu
estava com vários outros homens ao mesmo tempo em que estava
brincando com ele. Sem mencionar minha babá lésbica. Eu era uma
vigarista profissional até então e não nha coração para amar ninguém. Eu
queria o dinheiro; frio e duro dinheiro pronto e sujo. Além disso, qualquer
homem que entrasse em um clube de strip e esperasse que uma stripper
fosse fiel a ele merecia ser enrolado.
Essa era a minha mentalidade.
Depois de duas semanas Miguel começou a ficar ciumento e iniciar
brigas com meus clientes no bar. Isso foi uma grande chateação para mim.
Expliquei-lhe que ele não estava pagando minhas contas e não nha
direito de perturbar o meu negócio, mas ele insis u que eu pertencia a ele
e que ele iria matar qualquer homem que chegasse perto de mim. Eu disse
a ele para sair imediatamente, mas ele virou a minha bandeja e jogou uma
cadeira. Eu descobri que ele era um equatoriano louco e um assíduo
bebedor de tequila. Eu nha encontrado o meu jogo.
Eu realmente pensava que nha saído com alguns malucos no meu dia,
mas esse cara pegou o bolo. Não importava o que eu fizesse, eu não
conseguia livrar-me dele. Tentei implorando-lhe em lágrimas. Não
funcionou. Eu tentei dizer -lhe que nha uma doença. Ele não se importava
se havia sido infectado por mim. Eu men e disse que um membro da
família nha falecido e eu precisava de tempo para me lamentar. Mas
quando ele veio para o clube e me viu rindo, essa história morreu. Eu
finalmente ve que pedir aos homens no bar para me ajudarem a me livrar
dele. Eles concordaram e o encurralaram perto de seu apartamento e
ameaçaram-no. Ele não foi afetado por tudo isso. Ele era implacável. Era
um psicopata completo sem rar nada. Na verdade, eu o chamava de
“agressivo” delicadamente, porque ele furava não apenas os pneus do meu
carro, mas os pneus de qualquer outra pessoa que se aproximasse de mim.
Ele era implacável.
Depois que me recusei a atender suas chamadas ou falar com ele, ele
começou a fazer ameaças de morte em uma base diária. Liguei para a
polícia para reclamar, mas quando me perguntaram onde eu trabalhava, eu
desliguei o telefone. Nenhum policial ouviria uma stripper.
Uma noite, eu peguei emprestada a motocicleta de um vizinho para
dirigir ao trabalho, porque o “maníaco” nha atacado novamente e
cortado todos os meus quatro pneus. Saí da calçada e olhei ao redor com
cuidado, não havia ninguém por perto, quando então eu saí em disparada
para o trabalho. Cerca de cinco minutos depois ouvi o som acelerado de
um caminhão se aproximando de mim, eu sabia que era ele. Olhei por cima
meu ombro esquerdo e lá estava o psicopata gritando comigo da janela.
“Encoste, Giovanni”, ele me chamava pelo meu nome ar s co. “Encoste
agora. Eu quero falar com você.” Eu o ignorei. Con nuei dirigindo adiante,
esperando que ele me seguisse por todo o caminho até a delegacia mais
próxima. Um segundo depois, eu vi seu caminhão Toyota entrando na
minha pista e achei que era para tentar me assustar mas não, o psicopata
bateu diretamente seu caminhão azul na minha moto! Fui lançada ao ar
para fora da motocicleta, caindo em um monte de arbustos.
Eu me machuquei muito severamente, mas não me importei.
Aterrorizada, levantei-me e corri tão rápido quanto eu podia através de
quintais e arbustos, até que finalmente, cheguei a uma varanda iluminada.
Um homem saiu e viu o sangue e os machucados em mim e ligou para o
911. Os policiais chegaram e fizeram um bole m de ocorrência e a
motocicleta de meu amigo foi rebocada para um ferro-velho.
Maravilha, pensei, a moto de meu amigo estava na lixeira. Miguel nunca
me pegou naquela noite, mas ele me deu alguns hematomas e inchaços
para pensar. Eu fiquei desanimada por alguns dias, enquanto o meu corpo
era curado. Isso deu-me algum tempo para pensar. Eu nha que avançar
com um plano para me livrar dele para sempre.
Uma semana se passou sem uma palavra de Miguel. Imaginei que ele
es vesse assustado com o acidente porque ele estava, provavelmente,
bêbado quando fez aquilo. Além disso, houve uma ba da, e se caísse a
culpa sobre ele, ele iria direto para a cadeia. Ou assim eu pensava.
Ele foi preso cerca de uma semana mais tarde, mas foi liberado. Quando
o gen l e cortês Miguel disse ao juiz que eu era uma stripper, tudo acabou
para mim. Eu saí do tribunal em descrença. Eu não podia acreditar que o
juiz nha me “julgado” assim. Não havia nada que eu pudesse dizer ou
fazer, me sen traída e sem esperança.
Sexta à noite chegou e era minha vez de limpar depois que fechássemos.
Eu empilhava as bandejas das dançarinas e enxugava o bar inteiro. Eu
estava realmente cansada e mal podia esperar para ir para a cama. Meu
amigo Jus n me deu uma carona para casa naquela noite e nós paramos
para pegar minha filha Tiffany e minha companheira de quarto na casa de
um amigo. Era cerca de 02:45hs.
Enquanto caminhávamos em direção ao nosso apartamento, eu peguei
minhas chaves e destranquei a porta da frente. Exausta do trabalho, eu não
percebi a cena, próxima a mim. Quando eu abri a porta eu fiquei chocada
ao ver um homem sentado no meu sofá com uma faca. Miguel!
Aquilo bastava para mim. Ele nha me levado à beira da loucura. Mais
tarde naquele dia liguei para Jus n e tramamos um plano maligno. Jus n
me amava e teria feito qualquer coisa por mim. E ele fez.
Tudo estava definido. Jus n esperou no estacionamento enquanto eu
fiquei do lado de fora de um restaurante perto de minha casa. Miguel
mordeu a isca, e apareceu 30 minutos depois de mim. Eu sabia que ele não
podia aparecer mais cedo do que isso porque era casado e nha filhos. Eu
teria dito a sua esposa sobre o nosso caso “psicopata”, mas eu sempre
sen pena por causa das crianças. Mas não esta noite, pensei. Eu não me
importava se aquelas crianças não veriam o pai novamente.
Miguel suspeitou que eu es vesse armando alguma coisa e cuidava de
tudo que dizia ou fazia. Ele era extremamente inteligente, quando estava
sóbrio. Então eu sugeri que tomássemos uns goles de Tequila pelos “velhos
tempos”.
Eu gen lmente expliquei-lhe como eu queria que aquela briga acabasse,
enquanto eu suavemente colocava minha mão sobre a dele. Eu sabia que
poderia derreter seu coração. Eu também sabia que ele estava carregando
uma arma. Bebemos cerca de dez doses em conjunto, ou pelo menos ele
bebeu. Eu engoli em seco a minha dose e jogava cada uma por trás de
minha orelha. Enquanto ele ficava bêbado eu coloquei um saquinho
“extra” de cocaína em seu bolso. Eu sabia que ele usava cocaína, e
esperava que ele ainda vesse envolvimento com isso.
Depois de uma hora ou mais eu lhe perguntei se eu poderia usar o
banheiro. Ele argumentou que eu estava tentando despachá-lo e eu insis
que realmente precisava ir. Eu andei ao redor e encontrei um telefone
público mais próximo e liguei para o 911.
“Por favor, me ajude. Estou sendo man da como refém em um bar por
um homem com uma arma. Estamos sentados na cabine perto da porta da
frente”. Eu gritei ao telefone.
Dez minutos depois a polícia nos pegou no flagra e revistando Miguel
encontraram uma arma com ele e um saquinho de cocaína em seu bolso
direito. Os olhos de Miguel perturbaram os meus quando eles o
algemaram e o prenderam. Depois de alguns minutos eu caminhava pelo
carro de polícia e sorria para Miguel através do vidro pendurando a sua
chave do caminhão na frente dele. Oh sim, eu me esqueci de mencionar
que eu as roubei do bolso de sua jaqueta.
Miguel foi preso e acusado de carregar uma arma escondida e por posse
de drogas e foi condenado a um mês prisão. Enquanto ele apodreceu atrás
das grades do condado, eu felizmente par em sua caminhonete 4x4 para
desfrutar das praias de areia em Ensenada, México.
Duas semanas depois eu devolvi a caminhonete de Miguel deixando-a
no estacionamento da prisão do Condado de Los Angeles e deixei suas
chaves escondidas sobre o pneu dianteiro.
Vá para o inferno, psicopata, eu pensei comigo mesma enquanto
ajustava meu espelho retrovisor. Uma sensação maligna veio sobre mim,
eu notei um ligeiro sorriso puxando meus lábios.
Hmmm, aquilo era uma psicopata em meu rosto?
VIII
Uma Confissão
Stripper Psicopata
Capítulo Oito
Tornei-me uma genuína psicopata sexual.
Uma sobrevivente de anos de abuso verbal e sico dos homens, gravidez
indesejada, drogas e álcool, falta de moradia, experiências próximas da
morte, tenta vas de estupro, uma fuga ousada do México, e um namorado
psicopata, eu nha perdido completamente a minha mente e meu coração
para a indústria do sexo que suga a alma. O único pedaço de “Shelley” que
ainda restava, era a minha vontade obs nada de sobreviver.
Eu con nuei o ciclo vicioso do trabalho sexual e tentei a minha sorte
novamente em Hollywood. Eu estava me consumindo no louco ambiente
hispânico de garrafas de cerveja voando e mamas Mariachi então eu
tentava me acomodar no mundo monótono e entediante de preguiçosos
homens brancos.
Sunset Boulevard em Hollywood foi chamada de “The Strip” por mais do
que algumas razões. Além de ser a rua mais famosa para os clubes de rock
and roll, restaurantes rocker e a caminhada do rock, Sunset também era
conhecida por suas belas strippers: quentes, com strippers loiras de pernas
avantajadas e sexies. Eu odiava trabalhar lá.
Primeiro de tudo, eu não nha peitos grandes. Eu usava su ã natural
tamanho “B” enquanto cada mulher em torno de mim, usava pelo menos,
um “D”. Naturais ou não, os peitos importavam para os homens,
especialmente para os homens americanos. Os homens mexicanos eram
mais atraídos à personalidade, aparência e desempenho, embora uma
parte traseira curvada fosse um plus.
Mas os homens americanos não gostavam muito de mim. Eu era uma
menina louca branca que queria dançar, não era uma mulherzinha que
queria alguns dez dólares por um show de esconde-esconde. Eu não podia
ficar parada o tempo suficiente sem dar um pio. Ok, com certeza, eu dei
aos clientes um pouco de esconde-esconde privados de vez em quando
por uma quan dade específica de dinheiro, mas era diferente, eu era uma
dançarina “interpreta va”, não uma dançarina de boate.
Negação entra.
Os clubes de strip-tease em Hollywood eram muito piores do que a
pros tuição a que eu estava imaginando. Decadentes e silenciosos,
homens deslizavam notas baratas de dólar pendurando-as no palco para
receber o olhar de uma mulher nua abrindo as pernas. Para tornar as
coisas piores, as mulheres envolviam seus corpos expostos em torno de
um mastro de strip, só Deus sabe quantos fluídos vaginais todas nós
nhamos que par lhar!
Eca!
Eu simplesmente não nha estômago para clubes de strip de Hollywood.
Eles eram sujos, sórdidos e um terreno fér l para as doenças. Sem
mencionar, que a compe ção era mais dura do que as bebidas.
Esperançosas loiras de Hollywood alinhadas no bar todas as noites, com
seus belos cabelos longos e seios grandes. Não havia maneira de fazer
dinheiro, especialmente em uma noite de sexta-feira quando cinquenta
raparigas apareciam para o trabalho. Eu nha sorte, se vesse dançado
antes da noite acabar. A fim de fazer dinheiro nestes clubes, as meninas
nham que ser absolutamente deslumbrantes ou agitar as bebidas com
suas partes ín mas e masturbar um ou dois, quando aplicável. Não, os
Clubes de strip de Hollywood não eram para mim. Eu poderia muito bem
voltar à pros tuição se eu fosse colocar ambos na balança. Que outra
escolha eu nha?
Frustrada, eu andei por um quiosque e um dia vi o jornal LA Xpress
através do vidro. Um aumento de anúncios sexies, eu observava centenas
de mulheres que ofereciam massagens, danças privadas, companheirismo
e muito mais.
Hmmm, isso é tão tentador, pensei.
A voz baixa interrompeu meus pensamentos: “e os homens viriam até
você, você não teria que trabalhar tão duro. Você teria mais liberdade”.
Argumentei de volta em minha cabeça “sim, mas é extremamente ilegal.
Eu poderia ir para a prisão por gerenciar uma casa de pros tuição”. A
pequena voz cancelou a minha “mas você é inteligente demais para ser
pega. Você nunca foi pega antes, Shelley.”
Então eu concordei com a voz, de quem quer que fosse. Eu estava tão
loucamente intoxicada, que na maioria das vezes eu nem percebia quando
estava falando sozinha.
No mês seguinte eu consegui um número de 0800 e trabalhei com
coragem de ir até o prédio do LA Xpress, em La Brea, onde eu postei um
anúncio com uma foto enorme de mim e algumas garotas se acariciando.
Oh sim, eu pensei. Meu anúncio será defini vamente notado.
E eu estava certa. Meu telefone tocava toda hora.
“Olá”, eu respondia com uma voz sexy. Um homem do outro lado, eu
falei baixinho para ele: “Disponha. Sim, é claro que você pode ter duas
meninas. Sim, são 300 dólares por hora para cada menina. Querido, com
certeza, nós podemos fazer isso. Eu mal posso esperar para conhecê-lo
também.” Até agora, eu era uma vigarista comprovada.
Eu era também uma alcoólatra irada, usuária de drogas, uma horrível
mãe e suicida. Claro, eu era boa em escondê-lo, porque eu nha
construído poderosos mecanismos de defesa ao longo dos anos. Eu era
perito em negação. Eu também era uma men rosa veterana de dezenove
anos fluente em Inglês e espanhol, para não mencionar algum italiano,
árabe, chinês, japonês e quaisquer outras línguas que as centenas de
homens com quem eu dormia falavam. Oh sim, eu fiz as minhas rodadas.
Eu era uma pros tuta em Los Angeles, o lar para uma das maiores
populações mul étnica do mundo, onde eu me tornei uma especialista em
matéria de cultura, drogas, vida noturna de pros tuição, e homens.
Na verdade, tornei-me muito mais uma conselheira para os homens no
final de minha carreira do que realmente uma pros tuta. Ouvia por 45
minutos enquanto eles esmagavam suas esposas ou reclamavam que seus
patrões e então eu dei-lhes conselhos e enfiei a mão para receber o
pagamento.
Admito que era a úl ma pessoa que deveria estar dando conselhos, mas
lembre-se, eu estava em negação.
Eu vivi uma louca, indecente, insalubre, e indescri vel vida. Jack Daniels
regularmente em minhas veias, uma das coisas mais loucas que eu já fiz foi
dirigir em topless durante o dia, com a capota conversível recolhida.
Quando um policial me parou em meu Miata vermelho por dirigir bêbada,
eu executei o teste do vai e volta na linha perfeitamente. Eu era uma
stripper que saía chorando por aí. Quando ele começou a testar minhas
habilidades motoras, disselhe o alfabeto de trás para frente mais rápido do
que qualquer ser humano vivo. Eu pensava que era invencível. E eu estava
lá para provar isso para o mundo.
Até que em uma noite fa dica, quando eu estava terminando um dia de
compras, com um o, e vi carros de polícia em todo o meu condomínio.
Eu sabia que eles estavam lá por mim. Instruí meu o (escravo) para fazer
exatamente o que eu dissesse e fingir ser meu marido e que Tiffany era a
nossa filha.
Nós nos aproximamos do meu apartamento com cautela e sem culpa, é
claro. Eu era uma mulher casada agora e com uma criança. Eu ve que
fazer o meu jogo.
“Olá, desculpe-me, oficial, o que está acontecendo?” Eu humildemente
perguntei quando entrei no meu apartamento.
“Madame, a senhora é a ocupante deste apartamento?”
“Sim, senhor, meu marido, minha filha e eu vivemos aqui”, eu disse
enquanto graciosamente pisava o tapete de porta da frente. “Eu não
entendo, oficial, há algo errado?” Eu me inclinei mais perto com um olhar
sincero de preocupação.
“Madame, a senhora gerencia uma casa de massagem aqui?” O policial
perguntou para mim.
Droga, eu pensei. Eu imediatamente respondi. “Claro que não. Por que
você nos pergunta isso?”
“Bem, há no andar de cima uma garota que estava amarrada e foi
estuprada à mão aramada em sua cama e ela afirma que você cuida de
uma casa de massagem aqui.”
Aquela vadia estúpida, amaldiçoei-a em minha mente. Ela queria que eu
fosse pega no flagra!
Mas cheia de vontade de ver o sol nascer novamente, eu expliquei ao
oficial como meu marido e eu estávamos envergonhados, mas que
havíamos apanhado a jovem em um bar de strip na noite anterior quando
ela nos explicou que não nha onde ficar. Era para ser apenas uma noite,
contei ao oficial. Felizmente, ele acreditou na minha história, mas eu nunca
quis viver tão perto do limite novamente. Então eu parei de aceitar
chamadas por um tempo.
Talvez eu volte para o clube de strip, pensei.
E o ciclo vicioso se repe u por si mesmo.
A história também se repe u. Acabei voltando exatamente para o
primeiro clube de strip onde fiz o teste quando eu nha 17 anos de idade.
Nos anos 80 era chamado de “The Top Hat” (A Cartola), mas o clube havia
mudado de dono e agora no sinal luminoso intermitente lia-se, “Illusions”
(Ilusões).
Que ironia, eu pensei que estar ali fosse um sinal. Minha vida nha se
tornado a maior ilusão na terra onde eu executei o mesmo ato horrível
uma vez após outra.
Uma foca amestrada, eu andava através da familiar entrada da cor na
vermelha no clube de circo e strip para realizar meu ato final.
IX
Uma Confissão
Desafiando A Morte
Capítulo Nove
Nunca houve um tempo para eu analisar. Era 1992 e eu ainda estava
presa na indústria do sexo. Um rosto bonito em um lugar feio, eu nunca
poderia corrigir o disco riscado da música da minha vida, “Hotel Califórnia.”
Toda vez que o DJ tocava essa música, o que acontecia todas as noites, eu
era estapeada na cara pela dura realidade: Eu estava presa na indústria do
sexo e não havia saída.
Não importava quão duro eu chorasse ou quantas vezes eu orasse ao
longo dos anos, Deus não respondia. Devo ser totalmente imperdoável,
pensei.
Sem condições de cuidar de mim mesma ou de qualquer outra coisa, eu
con nuei meu ato de desafio à morte no clube de strip Illusions. Com um
Jack e Coke (é um coquetel que mistura Jack Daniels com refrigerante de
Cola) em uma mão e um cigarro na outra, eu dancei com minha mente,
coração e saúde distantes. Minha condição foi piorando e eu mal
conseguia ficar em pé em algumas noites. Os clientes me viam caindo aos
pedaços, mas eles ignoravam a minha dor e con nuavam a contribuir com
a minha morte.
“O que querer beber Giovanni?”
“Jack e Coke”, eu respondi e rei um cigarro.
Os homens não se preocupavam comigo. Eles só se importavam se o
objeto que eu havia me tornado foi alimentado regularmente para um
bom desempenho.
Eu enfiava minha bebida para baixo.
“Outra bebida, Giovanni?”, Perguntou uma voz corpulenta. “Claro”, eu
disse enquanto limpava minha boca e deslizava meu copo ao redor do bar.
“Obrigada, querido.” Virei-me para meu escuro ambiente familiar para
buscar a minha próxima ví ma ingênua. Era uma sexta-feira à noite e
homens casados egoístas estavam por toda parte. Os reflexos brilhantes de
suas alianças reforçavam a amarga verdade que eu absorvi: os homens
nunca poderiam ser confiáveis, jamais.
Com o dinheiro em minha mente e o álcool no meu cérebro, eu ouvi
meu nome pelo alto-falante.
“Ei cavalheiros, vamos dar calorosas e sexies boas-vindas para uma das
nossas mais quentes dançarinas, Geeeeoooovanni!” Era a minha vez de
dançar. A úl ma semana do concurso de dança deste mês, a mais quente
no contexto, eu nha certeza que iria ganhar. Embora eu vesse vencido
algumas vezes em segundo ou terceiro lugar, uma porção de vezes no
passado, nunca ficava sem meu lugar. Era impensável. Eu era muito boa e
sabia disso.
Dom dom da, da diga dom dada. Dom dom da, da diga dom dada. A
ba da da música me chamou e eu sen meu corpo desintegrar-se sob as
luzes quentes e vermelhas. Quando comecei a rolar em torno do chão
como um animal selvagem no cio, os olhos de todos os homens estavam
em mim. As ba das diabólicas como meu guia, eu deslizava pelo chão em
direção a minhas ví mas e seduzia a cada um deles.
“Querendo. Precisando. Esperando por você, para jus ficar meu amor.”
A ilustre canção sexual de Madonna terminou. Ninguém fez barulho
algum. Não houve aplausos. Eles sabiam que estavam sob um fei ço e não
havia nenhuma maneira de fugir. Cheia de um desejo de poder, eu sem
esforço saí do palco em direção ao bar para ingerir outra bebida.
“Jack e Coke,” eu disse enquanto fumava o meu cigarro com um sorriso
curvo. Eu era totalmente arrogante. É por isso que quando eles
anunciaram a vencedora e não era eu, eu estava mor ficada.
“O quê??” Eu virei minha cabeça. Eu não podia acreditar. Os juízes estão
“pegando” Mina, a garota la na gorda de shorts curto. Lágrimas de
frustração e rejeição encheram meus olhos e eu corri para o banheiro.
Minha companheira de quarto, lésbica tentou falar comigo através da
porta, mas eu não queria ouvir mais. Eu estava farta. Eu odiava tanto a
minha vida que se eu não podia sequer ganhar um concurso de dança, eu
acabaria com ela.
Mais tarde, fui para casa naquela noite e de forma imprudente procurei
por todas e quaisquer pílulas que eu pudesse colocar em minhas mãos.
Comprimidos hormonais, os medicamentos de estômago, Tylenol, pílulas
para dormir, misturados com álcool e metanfetaminas, eu estava falando
sério sobre me matar.
“Faça isso, Shelley. Ninguém se importa. Ninguém te ama. Faça-o!”
Suplicou a voz sinistra.
A voz estava certa. Ninguém me amava. Ninguém se importava comigo.
Eu era uma pessoa descartável que ninguém queria. Seis longos anos de
vida diária em dor e sofrimento, eu estava farta. Engoli os punhados de
comprimidos com goles de Bacardi e descontraí no meu edredom branco e
macio. Era apenas uma questão de tempo, eu esperava. Em lágrimas, eu
sussurrei um doce adeus à minha filha Tiffany.
“Mamãe te ama. Eu lamento, eu fui uma mãe ruim. Alguém virá para
cuidar de você. Não se preeee…” E desmaiei.
Trinta minutos depois eu sen alguém me sacudindo. Abri os olhos e vi
pequenas criaturas correndo para cima e para baixo das minhas cor nas.
Minha cabeça latejava e eu sen um terrível zumbido nos meus dentes. De
repente, uma imagem terrível de uma criatura asiá ca com enormes e
longas presas apareceu ao meu lado com hordas de pequenos demônios
negros mas gando sua carne. Eu estava completamente fora de minha
mente. Minha companheira me arrastou para o carro e levou-me ao
hospital onde fizeram uma lavagem estomacal em mim.
Algumas horas depois eu acordei com a garganta muito dolorida vendo
as mesmas criaturas que a pouco nha visto em minhas cor nas. Uma
mulher entrou com um bloco de notas e começou a me fazer perguntas.
Eu respondi-lhe:
“Não, eu não sou suicida.” “Sim, eu tenho uma filha.”
“Não, eu não tentei me matar. Acho que alguém jogou drogas em minha
bebida.”
Men ra.
Deixei o hospital mais tarde naquele dia irada porque não morri. Por que
diabos Deus me deixava viver? Para que eu pudesse sobreviver a mais um
dia em um buraco do inferno?
Voltei ao realizar o mesmo ato horrível, eu apodreci no clube de strip por
vários meses até que conheci Samantha, de Hollywood. Ela era uma bruxa
de cabelos castanhos escuros e sensuais lábios vermelhos. Percebi seu
olhar para mim pelo canto do olho. Quando terminei minha dança e andei
para fora do palco, ela acenou-me para ir até ela.
“Como você é uma dançarina quente”, ela sussurrou em meu ouvido.
Naquela noite, passamos várias horas conversando e bebendo juntas. Ela
era uma mulher bissexual e eu estava interessada em dinheiro tanto
quanto ela em sexo com mulheres. Eu disse a ela quão cansada eu estava
do clube de strip e como a pros tuição quase me matara. Ela me disse que
conhecia uma maneira melhor e mais segura para fazer dinheiro, e que era
legalizada.
Pornô?
“Sim, e você pode fazer 2.000 dólares por um filme.”
“Uau”. Caí para trás e tomei um gole do meu Jack Daniels. Aquilo era um
monte de dinheiro para uma mãe solteira suicida que estava se
consumindo em clubes de strip e pros tuição.
“Diabos, isso é um monte de dinheiro”, ressoou a voz baixa. Então eu
desliguei de minhas botas de stripper, voei para Utah para colocar
implantes nos seios e corajosamente entrei no mundo do pornô onde eu
realizei o maior ato do meu circo de pulgas: Roxy, a estrela pornô.
Uma Confissão
Ato III
Conheça Roxy a Estrela Pornô
X
Uma Confissão
A Vingança De Roxy
Capítulo Dez
Oh, yeah” Eu gemia enquanto uma mulher loira que eu nunca nha visto
antes apalpava meu corpo e lambia meu rosto. Eu estava de saco cheio.
Mas por enquanto eu era uma men rosa eficiente.
Eu também estava acabada e apavorada. Eu nunca vou esquecer o dia
em que eu realizei minha primeira cena de pornô amador. Ves da com
uma minissaia de couro branco, com o cabelo loiro descolorido, eu abria
empurrando duas portas vermelhas e entrava em um quarto escuro cheio
de fumaça. Oprimida por um sen mento de que eu estava entrando em
algo mais do que apenas um pouco de sexo diante de uma câmera, eu
fiquei está ca com minhas ideias.
Oh, Deus, eu pensei. Onde diabos eu estou me metendo?
Eu mal podia ver um homem deitado acenando para que eu fosse até
ele. Meus olhos estavam fixos no canto bem iluminado onde eu via uma
câmera com uma lente grande angular focando em um sofá roxo sexy e
uma caixa de Baby Wipes (lenços umedecidos).
Engoli em seco.
Eu não conseguia afastar a sensação de “trevas” ao meu redor. Tudo
soava desagradável. Tentei voltar, mas algo poderoso dirigiu-me. Uma voz
masculina interrompeu meus pensamentos. “Ei, você é a loira enviada por
Samantha?”
Caminhei até o homem assustador segurando um cigarro e respondi
com cuidado, “Sim, sou eu”.
Seus olhos me lamberam de cima para baixo enquanto eu lhe entregava
meu teste de AIDS. “Você vai fazer muito bem”, disse ele. Ele se jogou para
frente e perguntou: “Qual é seu nome pornô, querida?”
Uh… Essa é uma boa pergunta. Bem, eu festejei a noite passada no Roxy,
em Hollywood, pensei. Então sim, eu vou me chamar Roxy. Ele acenou com
a cabeça quando lhe contei o meu novo nome, eu me perguntava onde eu
poderia encontrar um banheiro para mandar para baixo alguns goles de
Jack.
Uma mulher nua, loira e sexy, entrou na sala.
De roxo, seus peitos balançaram quando ela veio na minha direção. “Eu
mal posso esperar”, disse ela, com os olhos em minha carne. “Nossa cena é
a próxima. Você está comigo.”
Jack, eu pensei. Eu preciso de Jack agora.
Apressei-me até a parte traseira onde eu vi calcinhas do po fio dental e
brinquedos sexuais jogados no chão em uma sala desgastada onde garotas
nuas estavam se trocando. O banheiro era na parte de trás, mas eu não
queria que as pessoas pensassem que eu era um bebê para me trocar
sozinha. Então, eu caminhei até um canto na sala, olhei em volta para me
cer ficar de que ninguém estava assis ndo, e tomei um gole enorme de
Jack Daniels. O cheiro de sexo e álcool enchia meu nariz.
“Eu não posso acreditar que eu estou fazendo isso”, disse a mim mesma,
perscrutando minhas palavras com outro gole de Jack Daniels.
Mas a pros tuição e o strip quase me mataram, eu raciocinei. De
qualquer forma, a pornografia era legalizada.
Eu bebi um pouco mais de Jack e limpei minha boca com a palma da
mão.
“Ok, pessoal”, gritou um cara de outra sala.
“É hora de gravar.”
Que droga, eu pensava. Eu prendi meu su ã vermelho, tomei outro gole,
em seguida, corri para fora da sala para o sofá, onde duas estrelas pornô
estavam sentadas. Eu estava morrendo de medo.
“Você pode fazer isso, Shelley,” Eu men a para mim mesma enquanto
arrumava minha saia e meu sorriso falso que me levou para o sofá.
Pensamentos correram pela minha mente. Como diabos eu deveria
cumprimentar alguém com quem eu estava prestes a fazer sexo?
“Ei, eu sou Roxy e estarei fazendo sexo com você.” “Olá, prazer em
conhecê-lo. Acho que faremos sexo hoje.” Ok, isso é estranho.
Eu pra quei as palavras em minha mente, mas já era tarde demais e eu
estava de pé ao lado da câmera antes que percebesse. A garota de roxo e
peitões e algumas loiras riram quando o diretor nos disse que a cena era
de um professor que iria ensinar garotas travessas da faculdade sobre
como obter uma nota “A”.
Que idio ce, pensei.
O diretor orgulhosamente terminou explicando sua cena vencedora da
Academy Awards com uma forte salva de palmas e, “Vamos fazê-lo.”
Ok, Spielberg.
Luzes, câmera, ação. Nós estávamos por fora. E, aparentemente, a
equipe queria que es véssemos por fora, também. A maioria deles nha
suas mãos por dentro de suas calças quando a cena começou. Notei com o
canto do meu olho como a loira começou uma conversa de bebê com o
professor sobre como ela precisava de uma boa lição.
Isso é ridículo, eu pensei.
A menina loira falou sobre como estava agindo terrivelmente com suas
más notas, e em seguida, apontou para mim dizendo que ela nha uma
amiga que precisava de uma lição também. Errado. Gostaria de ser a única
a ensinar-lhes uma lição. Cheia de Jack Daniels e um impulso renovado,
peguei a menina pelo pescoço e mostrei-lhes a minha versão da cena. O
diretor adorou.
“Oh, Roxy, você é tão quente. Con nue assim, baby.” O diretor carnal
alimentava o meu ego carente. “Mmmm… Você poderia ser a próxima
maior estrela pornô com um talento assim.”
Pensamentos aleatórios reviravam ao redor de minha mente. Eu
adorava. Eu odiava. Eu amava a atenção. Eu amava a câmera. Eu odiava
que havia a língua de uma garota estúpida em minha boca. Eca.
Naquele momento, uma presença muito sombria veio sobre mim.
“Eu vou fazer você famosa e todo mundo irá amá-la”, a voz familiar
soprou. A presença era tão densa que me fez olhar em volta para ver se
havia alguém lá. De repente, uma vontade poderosa para ser a melhor e
destruir todos em meu caminho tomou conta de mim.
A raiva levantou-se. Anos e anos de raiva contra o meu pai e todos os
homens que já me machucaram tomaram conta de mim. Eu devastei a
minha ví ma loira como um animal selvagem sedento de sangue inocente.
Ela não era páreo para minha ira, eu a empurrei para fora do sofá. Seus
olhos manchados de rímel olharam para mim com medo, enquanto ela
estava lá segurando as marcas vermelhas em seus braços.
De repente, o diretor interrompe, “Ok, eu preciso da cena do dinheiro.
Olhe para a câmera, Roxy. Mostre-me seu olhar fatal.”
“O professor” saiu da loira ejaculando por todo o meu rosto enquanto
eu fingia amar cada minuto daquilo. O sabor do fluído amargo e
degradação encheram minha boca. De repente, vergonha e culpa tomaram
conta de mim, assim como quando eu era uma menina. Lutando contra a
vontade de chorar, eu virei minha cabeça para conter minhas lágrimas.
“Lindo, Roxy. Que filmagem!” o diretor disse e eles aplaudiram. Então
um cara jogou o Baby Wipes (lenços umedecidos) para mim. Eu queria
morrer.
Limpei o esperma do “professor” do meu rosto amaldiçoando seu nome
enquanto respirava. Eu não queria que ninguém visse minha dor. Nem
pensar que eu iria deixá-los me ver sofrer.
Quando olhei para cima o diretor já estava falando sobre a próxima
cena. O que me aconteceria se eu fosse a próxima grande estrela pornô?
O diretor me deu um cartão, pagou-me, e depois disseme para ir ao
encontro de Bobby.
Dinheiro em minha bolsa, Jack em minhas veias, e ira em meu coração
eu estava determinada a me tornar a próxima grande estrela pornô. Eu
provaria que todos estavam errados e me vingaria de todos os homens que
nham me machucado. E os faria me pagar.
Fama, fortuna e uma doce vingança
XI
Uma Confissão
Usada E Abusada
Capítulo Onze
Com uma fome de dinheiro e um desejo de vingança, logo mergulhei de
cabeça em filmes pornô profissionais. Não muito tempo depois de minha
primeira cena de pornô eu apareci na cidade de Van Nuys, onde eu caí nos
olhares do produtor pornô, Bobby Hollander.
“Que par de belos quadris” um homem com a camisa aberta e uma
corrente de ouro no pescoço me cumprimentou. Ele parecia com alguém
da Máfia. Levei na brincadeira e lhe disse isso e aquilo sobre como havia
chegado ali e ele assen u. Ele me convidou para sentar no colo dele, onde
ele gen lmente me instruiu sobre como con nuar a “modelagem” de
minha carreira. Ele foi um dos homens mais carinhosos que eu conheci.
“Roxy, você tem belos quadris. Eu quero que você esteja em meu novo
filme.”
Eu lhe disse que iria fazê-lo, mas que eu ainda nha meu coração focado
em ser uma modelo ou atriz profissional. “Claro, querida, você é uma
garota tão bonita. Mas o pornô pode ajudá-la a entrar em Hollywood.”
Eu confiava nele. Carinhoso e mo vador, ele era como um pai para mim.
Eu apareci no estúdio de meu primeiro filme pornô “real” em 1993.
Quando entrei pela porta de uma casa de luxo, eu estava uma pilha de
nervos. Bobby tentou me acalmar e me fazer sen r confortável.
“Ei pessoal, esta é Roxy. Ela é a nova estrela em ascensão.”
Bobby disse isso e colocou seu braço ao meu redor. Peter North sorriu
para mim.
“Olá, pessoal.” Eu estava sem palavras. Era di cil manter uma cara séria
ao cumprimentar estrelas pornô nuas em plena luz do dia.
“Ei Bobby, onde fica o banheiro?” Eu perguntei em desespero. “É lá no
final, à esquerda, boneca.” Apontou para o salão.
“Ó mo, obrigada.” Eu rapidamente caminhei até o banheiro, fechei a
porta, tranquei-a e rei uma Vodca. Engoli em seco. Parei e olhei para mim
mesma no espelho.
Eu não posso fazer isso, pensei.
Uma ba da na porta me acordou de meu torpor e eu respondi, “Sim?”
“Ei Roxy, você conseguiu o seu enema?”
Oh Deus, eu me preocupei. Ela acabou de dizer enema? Eu tomei mais
uns goles e respondi de volta “Uh, não, por que eu iria precisar de um?”
“É para a cena com o dildo” (brinquedo eró co geralmente em formato
de um pênis). Engoli em seco. Eu engoli a vodca até que vesse coragem
suficiente para sair do banheiro.
Cheia do líquido da coragem eu caminhava pelo corredor para onde as
mulheres estavam se trocando. Graças a Deus a cena delas era antes da
minha, porque me deu algum tempo para pensar. Olhando para um canto
vazio, sen outra pessoa na sala comigo.
O que Ele estava fazendo aqui?
P****, eu pensei. A úl ma coisa que eu queria era que Jesus me
visitasse em um estúdio de pornografia. Não, obrigada. Eu agarrei a minha
Vodca e a engoli. Então eu O lembrei que Ele não estava pagando as
minhas contas, e eu nha que fazer o que nha que fazer.
“Shelley, por favor, não faça isso. Eu tenho algo melhor para você”, uma
Voz sussurrou.
“Deus, por favor, deixe-me só. Eu tenho que fazer isso.” Virei cabeça de
vergonha e a dor começou a surgir. Puxei meus nylons, ignorei minha dor e
saí da sala.
Com uma pequena ajuda de Vodca e um lote completo de ajuda da
Men ra, eu entrei em um dos momentos mais trauma zantes de minha
carreira. A úl ma coisa que me lembro é de estar rangendo os dentes
enquanto Nikki Sinn usava e abusava de mim com um vibrador espetado.
(Específico para tortura sexual).
Eu queria morrer.
Eu jurei para mim mesma que seria o úl mo filme pornô que eu faria e
liguei para contatos an gos Hollywood. Uma cena de um harém abriu
então eu imediatamente decolei para Los Angeles.
Quando cheguei para o teste havia centenas de outras garotas como eu.
De várias centenas de mulheres, apenas 250 de nós nhamos o papel de
garotas nuas no harém do filme, “Don Juan Demarco”. Quando Johnny
Depp passou fumando para apreciar a paisagem, eu apontei para ele e
deixei escapar: “Ei, por que ele está fumando?”
Ele olhou para mim como se eu es vesse louca e foi embora deixando
uma nuvem de fumaça atrás dele. Eu não me importava com o que ele
pensava. Eu estava tendo que trabalhar por oito horas em um set de não
fumantes.
Contudo, Hollywood não deu certo, e fiquei desesperada por dinheiro, e
caí de volta no pornô. Eu odiava o pensamento de ter alguns fluídos
corporais de homem em meu rosto então eu tentava apenas fazer garota /
garota, cenas lésbicas. Mesmo que eu não fosse uma lésbica sincera, eu
defini vamente poderia fingir um orgasmo. A pros tuição ensinou-me
isso.
Em minha primeira cena lésbica eu estava muito nervosa, especialmente
quando vi a bandeira americana em uma colcha. A culpa tomou conta de
mim quando um flashback de 1976 lembrou-me que eu comprei uma placa
do bicentenário para minha mãe. Eu havia sido uma menina muito patriota
até então. Mas essa menina não exis a mais, eu disse a mim mesma.
Quando a câmera começou a rolar as primeiras palavras da minha boca
foram: “Eu não acho que vou conseguir fazer isso.” Rindo para filmar a
primeira vez de uma lésbica, isso me ajudou a esconder o meu embaraço
extremo. Quando a câmera deu o zoom e focou em mim, eu realmente
sen uma pressão para executar.
“Oi, eu sou a Roxy,” Eu tentei parecer com Marilyn Monroe. Eu era
realmente uma fumante com uma voz rouca e desgastada. Eu estava tão
envergonhada.
De repente, o diretor mudou a câmera para o umbigo da outra garota.
Quando olhei pude ver um cão farejando sua perna. Eu não podia
acreditar.
Que p**** é essa, pensei.
Eu queria que a cena acabasse, eu fiz um movimento para mostrar a
tatuagem sexy da garota. Mas quando eu puxei sua cinta liga para o lado,
eu fiquei chocada ao ver uma cruz em seu quadril. Ela disse que era um
“Presente de Deus” aquela coisa, mas foi um sinal do inferno para mim.
Eu tentei afastar a sensação terrível e concentrar-me na cena, mas a
maldita tatuagem foi um lembrete de QUEM também estava no quarto.
Deus, eu preciso de uma bebida, pensei.
O mal dentro de mim estava excitado e me deu forças para terminar a
cena. Em segundos eu estava transformada em um animal selvagem, uma
pessoa completamente diferente daquela garota nervosa do início. Como
uma porca voraz, acabei a cena lambendo-me por toda parte. Fui para casa
com Jack Daniels naquela noite e lavei todas as minhas culpas e sujeiras. Eu
odiava meu cheiro após fazer pornô.
Uma semana depois, apareci no mesmo estúdio e profanei a bandeira
americana mais uma vez. Só que desta vez eu me dei e me degradei com
um homem. Gostaria de saber se a colcha nha sido lavada.
Os comentários espalharam-se rapidamente de que uma nova e
“energé ca” loira dupla nha ba do no cenário pornô e eu comecei a
receber telefonemas.
“Roxy, eu preciso de você para um filme com Dave Hardman.”
“Roxy, este é Rodney Moore. Eu sou um amigo de Bobby.”
“Roxy, eu preciso de você para uma cena dupla.”
“Hey Roxy, vou colocá-la na capa de meu filme se você fizer uma cena de
anal.”
Sem anal, prome a mim mesma. Eu já nha cedido por pressão dos
produtores de pornografia para fazer cenas com homens. Que já eram
ruins o bastante. Ficar horas intermináveis suja no estúdio, imunda e os
homens com seus horríveis odores corporais era muito além do meu
limite. Eu não poderia imaginar um desses homens sujos me penetrando
no ânus. Era impensável. Eu ainda não nha feito isso na pros tuição.
Felizmente, os seios pos ços me deram uma vantagem e pude evitar o
impensável por um tempo. Eu também descobri que eu poderia fazer
dinheiro como estrela pornô pros tuta. Um dos produtores de pornografia
do topo com quem eu trabalhei, me ofereceu muito dinheiro para fazer
“privados” para clientes de altos dólares.
“Roxy, agora que seus filmes estão nos cinemas adultos, fãs pagarão
dólares superiores para passar tempo com você.” Eu odiava a ideia de fazer
a pros tuição de novo, mas eu odiava o pornô ainda mais. Quando me
ofereceram 2.500 dólares para gastar um fim de semana com um
advogado rico, eu relutantemente concordei e peguei o próximo voo para
Phoenix, onde conheci Howard, o viciado em metanfetamina.
Um fim de semana inteiro com a droga quase me matou. Não só deixava
Howard “aceso” por horas, com ele não calava a boca. Sem mencionar que
ele se recusava a usar preserva vo. Eu tentei tudo que podia imaginar para
fazer com que ele usasse, mas ele me lembrou da grande soma de dinheiro
que eu estava ganhando. Quando liguei para o meu novo “cafetão” para
me queixar, ele disse, “Não se preocupe, ele é limpo.” Como diabos ele
sabia se ele era limpo, pensei.
Quando voltei do Arizona, dormi por dois dias seguidos.
Depois de uma ressaca terrível e 2.500 dólares em dinheiro, gastei meu
dinheiro em sapatos, su ãs, peles e bebidas. Quando eu apareci para
trabalhar com a minha mala roxa, eu estava perecida com todas as outras
cínicas estrelas pornô. Desgastada, perdida e só querendo que as malditas
cenas terminassem.
Maldição, eu queria que esse cara se apressasse e gozasse, pensava.
Maldição, eu me sen a tão usada e abusada.
XII
Uma Confissão
Inferno Humano
Capítulo Doze
“Força, f**** me com mais força!” Eu gritei de volta violentamente.
As palavras vulgares saltavam de minha boca enquanto eu estava sendo
penetrada no ânus por um ator brutal. Quando gritar não era suficiente
para suportar a dor, eu enchi minha boca com o pênis de outro homem
como uma chupeta humana. A sucção ajudou a aliviar a dor. Respirar
profundamente pelas narinas, o fedor de fluídos corporais enchiam meus
pulmões queimando. Podre, cheiro sujo de anal, eu estava em um inferno
humano.
Eu não conseguia sair dele. Não era permi do chorar. Eu via o que
acontecia com outras garotas que gritavam e destruíam as cenas. Eu não ia
gritar e tomar um soco no rosto.
Além disso, esta era a minha chance de provar ao mundo que eu era a
melhor.
Então, eu fiquei com a dor aguda. Dura, rápida e furiosa eu gritava
através das estocadas violentas. “F***-me! F***-me!” Eu gritei mais alto.
F***-se, pensei! Nenhum homem maldito poderia me machucar. Eu jurava
a cada estocada violenta. Nada que pudessem fazer para mim teria efeito
sobre mim. Imundos porcos selvagens, eles não eram nada e eu os usava
para pagar minhas contas. Rangendo os dentes em negação, as poderosas
men ras em minha mente se repe am ao som de cada tapa e impulso
violento.
Slap, slap, slap, slap, slap.
Aguente, Shelley. Aguente a dor. Mostre-lhes que você pode suportar.
Respire, apenas respire, Shelley.
“Oh Deus, oh Deus,” Eu gritava de dor.
Claro que não, eu disse a mim mesma. Eu não vou deixar que esses
babacas me vejam sofrer.
Então, eu escondia a dor excruciante, fingindo que era puro prazer. Mas
era puro inferno.
Com seis homens me penetrando em cada buraco possível, e de formas
imagináveis, fiquei mais doente e mais machucada. Quando eu me tornei
fraca demais para suportar a dor, o próprio Satanás entrou em mim para
me dar força ilimitada. Meus olhos verdes tornaram-se negros e dilatados.
Com um olhar infernal em meu rosto eu rosnei para a câmera.
Então os porcos saíram de mim um por um e apontaram e pulverizaram
sua sujeira líquida por todo o meu rosto vermelho. Um bocado de líquidos
amargos e fezes, e eu fingi amar cada minuto nauseante daquilo.
“Oh yeah baby, eu amo isso”, eu men a com meus dentes cerrados. A
cena terminou com o úl mo cara, que mal podia espremer uma gota. Que
porco.
Alguém me jogou alguns lenços umedecidos e disseme que eu havia
feito um bom trabalho. Limpando o esperma do meu nariz, boca e olhos, o
sabor amargo daqueles porcos preso ao fundo de minha garganta.
Vodca, pensei. Eu preciso de Vodca agora.
Eu levantei-me para ir ao banheiro, mas quando me sentei a dor pegou
todo o meu corpo. Peguei um lenço umedecido e delicadamente comecei a
limpar ao redor de minha bunda vermelha e inchada.
Maldição isso dói, amaldiçoei.
Mancando em direção ao chuveiro, alguém o estava usando. Ó mo,
pensei. Eu sou aquela que está com o rosto cheio de esperma e que
apanhou de alguns porcos e vai para o chuveiro. Peguei um pouco mais de
lenços umedecidos e me dirigi para a sala onde estavam minhas malas.
“Isso não foi tão ruim, não é mesmo, Roxy”, disse um ator enquanto eu
limpava o esperma de meu rosto.
“Vá para o inferno”, eu disse a ele.
Naquela noite fui para casa e fumei uma erva e joguei tabuleiro Ouija
para relaxar. Quando perguntei ao meu guia espiritual qual era seu nome,
ele soletrou:
JESUS CRISTO
XIII
Uma Confissão
Úl ma Chance:
Ato final
Capítulo Treze
Como os dias avançavam mortalmente e as noites ficavam mais escuras,
eu sabia que algo estava muito errado comigo. Eu passei das cenas de
garota / garota para cenas brutais de estupro em questão de meses. Cada
minuto era um verdadeiro inferno e, ainda assim, eu prosperava na
escuridão. Aquilo nha se tornado o meu conforto, um esconderijo para
toda a minha feiura. Seis anos de desempenho em clubes de strip, eu me
sen a à vontade no escuro. Aquilo também me dava poder. Uma mulher
poderosamente sombria, eu podia entrar em qualquer personagem desde
ví ma a agressora. Eu podia andar em uma sala como um anjo de luz ou eu
poderia dominar uma alma e torturá-la. Eu poderia fingir ser uma estrela
pornô glamorosa e amar cada minuto do abuso ou agir como agressora e
com força destruir minhas ví mas. O pornô era o lugar perfeito para eu
atuar com minhas diversas habilidades. Pornógrafos adoraram isso. Na
verdade, quão mais escura eu me tornava, mais os pornógrafos
enriqueciam.
Como eu con nuei a fazer mais e mais pornô grosseiro e violento, eu me
transformei de ví ma em agressora. Na minha vida profissional, comecei a
agir como um homem e abusar de mulheres diante das câmeras. Com um
vibrador, eu fazia com as mulheres exatamente o que os homens nham
feito comigo. Eu até sabia quão egoísta eu me tornava como um homem.
Todos esses anos na pros tuição assis ndo aqueles porcos, valeram a
pena. Os homens no pornô eram mais porcos ainda, ejaculavam em
qualquer mulher fraca e em qualquer “santo lugar” do corpo delas. Agi em
vingança como se eu fosse a mesma coisa que eu anto odiava: um porco.
Eu também abusava de homens em qualquer oportunidade que me
fosse dada. Em minha vida privada, eu nha vários escravos do sexo
masculino que tomavam conta de mim. Nunca alguma vez paguei a minha
conta de energia elétrica durante os úl mos anos de minha carreira no
sexo. Meus escravos cuidavam de coisas como essa. Eu nem sequer
colocava minha própria gasolina. Em todos os lugares que eu ia, eu
dominava os homens e lhes dizia o que fazer. Era como se, ninguém
pudesse dizer não para mim.
Em minha vida profissional, eu con nuei a guerra contra os homens na
frente da câmera. Todo filme que eu fazia se tornava uma zona de combate
e eu estava determinada a conquistar. Eu era implacável. Eu até
determinava que alguns filmes fossem feitos em meu apartamento, onde
eu poderia controlar a atmosfera. Com meu Conselheiro Ouija ao meu
lado, demônios em todos os cantos e dentro de mim, eu nha o reinado
total sobre minhas ví mas. Eu pensava que estava no controle total da
escuridão. Mas eu não estava.
Infelizmente, quando ninguém estava olhando, é claro, eu sucumbia.
Atormentada por demônios a cada noite, eu ficava em minha cama por
horas e ouvia suas palavras vulgares e odiosas. Eu estava tão atormentada
que sempre que eu ia para fora e havia uma Lua cheia, a face da Lua me
amaldiçoava e me dizia que me odiava. Eu pensava que poderiam ter sido
as drogas e o álcool, mas quando eu pedia para as pessoas ao meu redor
para me contarem o que eles viram, elas se voltavam para mim com medo
e me perguntavam se eu estava jogando com o Tabuleiro Ouija novamente.
Eu nha aberto um mundo demoníaco para o qual não estava
preparada, e Satanás queria a minha vida por isso.
Clamei a Deus mais e mais para me salvar de Satanás e de mim mesma,
mas Deus parecia não responder. Eu não conseguia entender por que Deus
não me resgatava. Eu nunca duvidei de Deus ou de quem Jesus era por
todo o tempo em que es ve na indústria do sexo. Mas eu duvidava do
amor de Deus por mim. Como Deus poderia permi r que tantas coisas
ruins acontecessem se Ele era um Deus de amor?
Cegada pelas men ras da pornografia e do Satanismo, eu con nuei
sobre a escuridão. Todos nós con nuamos. Um mundo de fraude e de
moedas de madeira, que ignora o óbvio: Glamorosas estrelas pornô eram
exaustos viciados em drogas. Pornógrafos amigáveis eram máquinas de
crueldade. Sexies colchas roxas eram leitos descoloridos de doenças. Os
banheiros eram estações da imundície humana. Não há nada de sagrado
na pornografia. Tudo era doença, destruição e condenação.
Nós éramos filhos da ira, gra ficando nossas naturezas pecaminosas sem
nenhum pensamento sobre as consequências. Alguns de nós morremos
em nossa ignorância. Alguns de nós estávamos esperando para morrer.
E agora, era a minha vez.
O relógio bateu 22:00hs e eu sen . Um carocinho em meus lábios, eu
me perguntei o que poderia ser. É claro que eu o ignorei como eu ignorava
tudo em minha vida. A ignorância é a felicidade na indústria pornô.
Eu estava com um casal de marido e mulher naquela noite. Eles viram
um de meus filmes solicitaram um tempo comigo: um encontro privado
com uma estrela pornô. Como eu saí do banheiro e ajustei minha calcinha
para esconder o meu recém-descoberto “caroço”, pedi que as luzes fossem
reduzidas. Eu realmente não estava interessada em assustar o jovem casal
que contratou uma pros tuta pela primeira vez. Ninguém precisava saber
sobre o meu “carocinho”, além de mim.
Uma semana depois, fui abruptamente despertada por uma picada
entre minhas pernas e uma febre alta. Rolei para fora da cama, a minha
região lombar doía muito. O que há de errado comigo? Pensei. Ainda
bêbada da noite anterior, eu lentamente caminhei para o banheiro onde
eu olhei no espelho. Em estado de choque eu observei uma imagem de
mim mesma com os lábios rachados e feridas vermelhas. Eu parecia um
monstro. Enquanto eu engolia o choque, a minha garganta parecia picada.
Um olhar mais atento no espelho, eu abri minha boca para examinar a dor
de garganta e descobri uma ENORME ferida vermelha na parte de trás da
minha garganta.
“O que é ISSO?” Eu soltei em voz alta.
Puxei meus lábios e feridas vermelhas estavam por toda parte na minha
boca. Fiquei horrorizada. Eu não podia acreditar. Eu não sabia o que era.
Isso é péssimo, pensei.
Eu rei minha calcinha para procurar mais danos possíveis.
Bolhas cheias de líquido por toda parte. Apalpei com minha mão e um
espelho para olhar por trás.
Oh meu Deus, pensei.
As bolhas estavam em toda parte em minha vagina e ânus. Eu não
ousaria tocar-me para que elas não viessem parar em minhas mãos.
Levantei-me, perplexa e com temor. Nada como isso havia acontecido
antes comigo.
Eu ves algumas roupas, saltei para o carro e dirigi até para a próxima
clínica médica. Quando finalmente foi minha vez de ser examinada, o
médico indiano insensível exclamou: “Oh meu… você tem huppies”.
“O que diabos é huppies?” Eu quis saber.
Ele me explicou que eu nha um caso sério de Herpes Genital, uma
doença incurável, e levou uma amostra do meu sangue para mais testes.
Eu estava pasma. Eu não podia acreditar. Se eu assustei até o médico com
a minha Herpes, ela deveria ser realmente ruim.
Oh meu Deus, pensei novamente. Eu tenho uma doença infecciosa
incurável.
Uma risada maligna interrompeu meus pensamentos chocados e uma
voz baixa falou para mim: “Ninguém vai te amar agora. Você não é nada
senão um monstro horrível. Ninguém vai querer você. Bem que você
poderia se matar.”
Sim, eu balancei a cabeça. Eu deveria me matar.
Naquele dia fui para casa e peguei mais de 30 pílulas.
Desta vez eu estava falando sério. Minha vida era um desastre. Eu não
nha nada para viver. Todos me odiavam. Ninguém me amava. Meus pais
não se importavam. Deus não se importava.
Por que eu deveria me importar, pensei.
E eu tomei uma overdose novamente, só que desta vez eu sofri com isso
sozinha na escuridão, com um bando de demônios na minha cama
enfiando em mim seus dedos e tudo estaria finalmente acabado.
“Morra, Shelley. Apenas morra. Nós odiamos você. Você não vale nada.
Você é um pedaço de merda. Ninguém quer você. Deus odeia você.
Apenas morra!”
As vozes malignas sibilaram para mim a noite toda. Mas de alguma
forma eu acordei. E então eu desapareci. Eu silenciosamente deixei a
indústria pornográfica para sempre. Parei de atender as ligações. Fiquei
longe de festas pornô. Fingi que isso jamais aconteceu.
Sem outras opções disponíveis para mim, eu logo voltei para a
pros tuição onde eu poderia pelo menos usar um preserva vo. Ninguém
teria que saber que eu nha Herpes. Aquilo seria o meu segredinho. Liguei
para velhos clientes e estava trabalhando à minha maneira até que um dia,
uma Voz interrompeu meus pensamentos,
“Shelley, você está indo na direção errada.”
Sen um aviso muito sério sobre mim enquanto dirigia na autoestrada
60 em direção ao oeste de Los Angeles.
“PARE!” A voz explodiu em minha cabeça.
Lágrimas encheram meus olhos e eu argumentei: “Deus, eu não quero
voltar. Eu odeio a pros tuição. Mas Você não está me ajudando.”
“PARE!” A voz cresceu novamente.
Eu não conseguia afastar a sensação horrível de que algo muito ruim,
algo pior do que eu jamais poderia imaginar estava prestes a acontecer. Eu
engoli algum Jack Daniels para aliviar a minha ansiedade. Coloquei uma fita
cassete para abafar a voz.
Tudo vai ficar bem, eu me tranquilizei.
Em uma queda súbita meu carro capotou no ar e eu vi de cabeça para
baixo a estrada dar voltas e voltas enquanto eu observava minha vida
como um flash diante dos meus olhos.
“CRASH BOOM!”
Meu carro caiu com o lado direito virado para cima perfeitamente. Em
estado de choque, eu peguei o espelho retrovisor. Nada de sangue em meu
rosto. Olhei para baixo. Sem sangue nos meus joelhos. Olhei para o lado. A
porta do carro estava esmagada por dentro, eu virei minha cabeça. A janela
traseira estava destruída.
Tudo foi esmagado, exceto eu. Eu não ve um arranhão.
Eu me arrastei para fora de minha janela e corri o mais rápido que pude
em choque. Olhei para trás de mim e vi as luzes da polícia dirigindo-se até
os destroços. Fiz um gesto para um motorista parar e me pegar. Eu disselhe
para me levar para casa. Ele queria me levar ao hospital. Eu disse a ele
minha filha estava em casa sozinha e que eu precisava buscá-la em
primeiro lugar.
Eu men . Minha filha estava na casa da babá, mas eu precisava ira para
casa.
Quando nos afastamos, eu assis pelo espelho retrovisor os carros de
polícia puxando para cima o meu Miata vermelho conversível.
O único pensamento em minha mente: Eu não quero ser acusada de
dirigir sob influência de álcool.
Fui para casa e chamei a polícia e men que alguém nha roubado o
meu carro em uma festa. Quando eu desliguei o telefone apenas fiquei lá
em estado de choque.
Talvez Deus es vesse falando comigo.
Oh sim, eu pensava sarcas camente. Entre a Herpes e perto de um
acidente de carro fatal, Deus está, ENTÃO falando comigo.
Poucos dias depois, fui até a polícia para reivindicar meu veículo
esmagado. Eu andei em direção ao vermelho esmagado em assombro. O
carro era metade do tamanho que nha antes do acidente. Isso é o quanto
ele foi esmagado. Apalpei dentro para pegar algumas das minhas coisas e
notei que o toca-fitas ainda nha a fita cassete que eu havia colocado
antes do capotamento.
Ela ejetou para fora e eu pulei para trás. A música que estava tocando
durante o acidente era “Last Chance” (Úl ma Chance), de Duran Duran. Eu
nha noção.
Engoli em seco. Deus estava defini vamente falando comigo.
Uma Confissão
Ato IV
Dois Mundos se Colidem
XIV
Uma Confissão
Poof, Ele Está Aqui!
Capítulo Quatorze
Eu estava tão entediada. Eu não nha carro. Eu não podia dirigir em
qualquer lugar e eu estava cansada de pedir aos os que me levassem
por aí. Eles não conseguiam manter suas mãos longe de mim. Eu estava tão
farta de homens.
Durante o meu tempo em “off” eu re rei os meus livros de Nova Era e
pra quei minhas técnicas psíquicas. Eu percebi que Deus estava tentando
falar comigo então eu deveria tentar ir para o outro lado. Pelo menos era o
que a “voz” me dizia.
Eu acreditava em Jesus e em Deus e me lembrava de quando Jesus me
disse que eu era especial. Eu nha apenas seis anos de idade, mas eu
nunca me esqueci da visão que ve de mim quando me vi pregando para
uma mul dão de milhares de pessoas. Talvez houvesse ainda uma
possibilidade? Quero dizer, Ele nha acabado de salvar a minha vida de um
acidente de carro que teria sido fatal.
Eu fiquei realmente boa em meus poderes. Eu pra cava isso o dia todo
enquanto estava sentada no chão rodeada de velas brancas. Eu amava
velas. É claro que eu amava, eu era uma criatura das trevas! No início, a voz
parecia amigável e eu nha certeza de que o Espírito Santo estava falando
comigo. O Conselheiro do tabuleiro Ouija disseme que meu espírito guia
era Jesus Cristo. Ele também me disse que eu era uma escolhida e que eu
havia recebido grandes poderes de cura. É claro que meu ego adorava
ouvir o quanto eu era especial.
Em questões de mente e em matéria de manipulação de energia, eu usei
meus poderes para tudo. Se eu queria que o telefone tocasse, POOF
tocava. Se eu quisesse que cor na se movesse, POOF se movia. Eu estava
movendo e manipulando coisas a torto e a direita. Na verdade, eu mesma
movi (POOF) minha filha de quatro anos que caiu do outro lado do quarto!
Tudo do mundo psíquico vinha muito fácil até mim. Claro, eu já era uma
grande manipuladora.
Após cerca de seis semanas trancada em um mundo de Nova Era, eu
finalmente ve o meu carro de volta e queria mexer com as mentes das
pessoas. Eu também estava com pouco dinheiro e precisava conseguir
algum. Acabei em um bar em Covina, onde algumas bandas estavam
tocando.
Eu estava cuidando dos meus negócios até que alguém no bar tocou o
meu ombro. Virei-me para ver um cara alto Americano com cara de quem
foi criado à base de torta de maçã que me perguntou se eu queria jogar
bilhar.
Eu calmamente respondi: “Por bebidas, com certeza.”
Eu sabia que podia vencê-lo. Ele obviamente não sabia com quem estava
mexendo. Ele era apenas um menino para mim. Ele não parecia ter idade
superior a 23 anos.
Provavelmente mora com os pais, pensei.
Quando ele apareceu e acumulou as bolas com força dentro em um
minuto, comecei a me preocupar. Esse cara não era um estranho para a
mesa de bilhar. A vigarista em mim rapidamente se levantou. Eu não sabia
perder, e certamente eu não estava a fim de perder para esse cara. Foi
quando comecei a usar meus poderes de POOF.
“POOF!” Eu disse enquanto apontei minhas mãos para seu taco. Ele
olhou para mim como se eu fosse louca, riu, e fez o ro perfeitamente.
Esse cara não nha sido ainda incomodado por qualquer um dos meus
POOFS. Eu bebi um gole de Bacardi e recorri a outros meios de
manipulação: Eu puxei meu top para baixo. Foi quando ele perdeu a
tacada.
Quando acabamos as tacadas Kamikaze - nele, é claro. Foi quando ele
me pediu para jogar dardos. Ok, dardos são para nerds. Mas eu estava
entediada, ele me ofereceu bebidas grá s, e além disso, ele era um cara
legal. Ele não queria conversar com meus seios.
Aquilo era diferente.
Como ele estava compar lhando informações pessoais, o que eu nunca
nha visto antes, eu percebi com o canto do meu olho que eu ba a de
frente com seus grandes olhos azuis todas as vezes! Esse cara era um
vigarista ou algo assim. Ele me intrigou. Mas é claro que eu não estava
interessada em amor ou qualquer coisa. Eu estava interessada em suas
habilidades e especialmente em sua carteira. Talvez por trás desse cara
esperto houvesse um cara rico. Uma pros tuta doente poderia ao menos
sonhar.
Alto, loiro e não muito bonito, ele nha apenas 22 anos e trabalhava em
uma fábrica de caixas Ok, ele não tem dinheiro.
Esqueça, eu disse a mim mesma.
“Ei, qual é o seu telefone?” Ele me perguntou.
“Hum, eu não namoro de graça. Eu sou uma stripper. Somente com
dinheiro.” Meus olhos zeraram em seu bolso. Ele percebeu que tudo
envolveria dinheiro e por isso men u e disse que precisava de uma stripper
para uma despedida de solteiro.
“Certo”, eu disse a ele. “Este menino, provavelmente, irá mijar nas calças
se alguma vez ver uma mulher nua”, e ri. Eu lhe entreguei meu cartão
apenas para o caso de ele realmente precisar de uma stripper.
“Trezentos por hora, docinho. Te vejo”, e eu saí de sua vida para sempre.
Uma semana depois o telefone tocou.
Deus, eu espero que não seja alguém da indústria pornô, eu me
preocupei.
Eu atendi ao telefone com um falso sotaque Inglês, “Ra-lo” “Ei, Giovanni,
você quer jogar sinuca esta noite?” “Quem é?” Eu perguntei irritada com
sotaque Inglês.
“Aqui é o Gary. Nós nos encontramos no bar algumas semanas atrás.”
Ok, eu nha que pensar sobre que era esse um. Em todos os lugares que
eu ia, eu conhecia caras. Parei um segundo para tentar lembrar. Ok, eu
desisto.
“Não, eu não me lembro de você.” Voltei para a minha voz normal.
“Eu sou o cara que jogou sinuca e dardos com você.”
“Ohhh, ok eu acho que lembro de você. Hum, bem, é noite de sexta-
feira. Eu tenho que trabalhar esta noite.”
“Eu também tenho que trabalhar”, disse ele. “Eu só pensei que
poderíamos nos encontrar algumas horas antes de eu ir para o trabalho às
22:00hs.”
“Não, não nesta noite, mas obrigada.” E desliguei o telefone. Eu não
tenho tempo para meninos. Eu precisava fazer algum dinheiro.
Mas o cara con nuou me ligando! Durante o próximo mês eu disse a ele
“Não, obrigada” repe damente e que eu precisava trabalhar. Quero dizer,
ele poderia ter me oferecido dinheiro. Dei indiretas o bastante.
Finalmente, em outra noite de sexta ele me ligou novamente. Desta vez
eu estava sentada sozinha em casa cansada de tentar pensar se eu estava
oficialmente de volta na pros tuição ou não. Eu odiava o strip. Eu odiava a
pros tuição. Talvez esse cara tenha me ligado na noite certa!
“Ok, eu vou jogar sinuca com você, mas você compra as bebidas” Eu
disselhe sem rodeios. Achei que iria, pelo menos, rar algo de ele. Sem
dizer que talvez fizesse alguns “negócios” no bar. Eu poderia puxar um
cliente em qualquer lugar.
“Claro, até breve!” Ele parecia um tonto menino de escola. Onde eu
tenho me me do, pensei.
Nós nos encontramos no bar e o cara me surpreendeu totalmente
naquela noite. Ele não apenas dirigia como um demônio veloz, mas ele
caminhou pelas bordas da mesa de sinuca com velocidade.
“P**M**!” Exclamei. “Onde diabos você conseguiu toda essa
metanfetamina?” Eu olhei para aquela cara dele de torta de maçã em
estado de choque. “Eu sempre tenho isso. Você quer voar?”
Bem, é claro que eu gostaria de voar, pensei. Eu perdi o embalo. A
indústria pornô foi o meu fornecedor de drogas por um tempo.
Uau! Pensei. Este poderia ser o início de um belo relacionamento de
longa duração.
Se ao menos eu soubesse.
Gary começou a vir mais com a sua metanfetamina. Nós cheiramos. Nós
conversamos. Ficamos acordados a noite toda e rimos. Ele era realmente
um bom garoto. Ele nunca tentou me tocar uma única vez.
Uma pros tuta usada poderia se acostumar com isso, pensei.
Uma noite, ele trouxe jogo de damas.
“Um, para que são os jogos de damas?” Eu disse com um olhar
engraçado.
“Eles são para se jogar, são bobagem.”
“Hum, eu não quero jogar damas.” Ele riu e definiu o jogo. Quando ele
disse que poderia me vencer em qualquer jogo, foi quando ele apertou o
botão direito. Eu era extremamente compe va sem mencionar que era
uma louca por ter o controle principal. Ninguém se atreveu a um jogo
comigo e ganhou. Ninguém!
O miserável me venceu. Eu o odiava. É claro que eu queria jogar
novamente e novamente e novamente. De jeito nenhum eu poderia deixar
esse cara ganhar.
Jogamos Gin Rummy 5, Card Stud Poker, Texas Hold, e muito mais. Nós
apenas jogamos jogos. Havia anos que eu não jogava jogos com ninguém.
Eu ainda não nha contado a Gary sobre meu passado ou mesmo meu
horrível presente.
Eu estava esperando que nós pudéssemos apenas ficar no “jogo” e
apenas amigos por um tempo. Mas uma noite ele veio à minha casa e me
viu autografando uma foto para os guardas de segurança.
“O que é isso?” Perguntou ele.
“Bem, hum, eu era uma atriz pornô.”
“Ah, ok.” Ele simplesmente entrou em casa e montou o jogo de damas.
Isso foi estranho.
Eu marchei direto para dentro de casa e deixei escapar: “Você não sabe
que po de mulher eu sou? Eu sou uma vadia, uma pros tuta, uma
stripper e eu trabalhava em filmes pornô!”
Afetado ele me perguntou: “Como você começou no strip?” Eu não
podia acreditar. A maioria dos homens teria me pedido para fazer sexo
imediatamente. Não o Gary. Ele realmente queria saber o que nha
acontecido comigo. Então, eu disse a ele que fui expulsa de casa aos 18 e
acabei nas ruas de San Fernando Valley. Eu disselhe que um cafetão me
atraiu e me ofereceu dinheiro quando eu estava sem-teto. Ele ficou
chocado, ficou atordoado com a minha história trágica. Todo o seu rosto
mudou e ele estendeu sua mão para segurar a minha.
“Shelley, isso que aconteceu com você é terrível.” Pensei que ia vomitar.
Oh droga, eu pensava. Esse cara realmente se preocupa comigo. Eu
puxei minha mão de volta.
Nervosa, eu rapidamente mudei de assunto e perguntei-lhe como ele se
envolveu com drogas.
“Papai e mamãe eram pastores.”
O quê? Pensei. Gary é filhinho de um pastor?
“Sim, meu pai traiu a minha mãe com a secretária da igreja quando eu
nha 17 anos. Nossa casa nunca mais foi a mesma. Meu pai tornou-se um
marinheiro alcoólatra, o que desestruturou minha família. Eu comecei a
usar drogas quando nha 20 anos de idade.” “Você só está usando drogas
há dois anos?” “Sim”.
Oh, pensei. Esse cara é maduro. Gostaria de saber se ele ainda vivia com
a mamãe e o papai. “Onde você mora?” Eu perguntei.
“Eu moro com meus pais em Chino.”
Oh droga, eu estava certa, pensei. Ele vive com seus pais.
Eu não podia acreditar que nha deixado um inocente filhinho de pastor
entrar em minha vida.
Como eu não vi isso? Como eu não percebi isso? Eu comecei a pirar. Os
demônios em mim não estavam felizes.
“Shelley, você acredita em Deus?”
Maldição, ele quer falar sobre Deus. Eu ve uma sensação terrível de ser
encurralada.
“Claro que eu acredito em Deus. Fui criada na Escola Dominical quando
eu era uma garo nha.” “Algo” dentro de mim acendeu, porque eu passei
os próximos 15 minutos falando e falando sobre Deus. Provavelmente era a
rapidez do tempo.
“E então eu estava em uma peça da Igreja chamada, ‘O Peregrino’ e eu
encenei o Fiel, o peregrino, que é amigo de Cristão na Cidade da
Destruição.”
“Uau, eu conheço essa história. Você encenou Fiel?” Perguntou ele.
“Sim, e eu mesma memorizei o alfabeto de trás para frente quando
cantei a canção de Z a A. Na verdade, Deus me disse quando eu nha nove
anos que o cara com quem eu me casaria um dia, seria capaz de dizer o
alfabeto de trás para frente o mais rápido que pudesse.”
Sem hesitar, ele disse:
“ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA.”
Nós dois apenas olhamos um para o outro.
Furiosa, levantei-me e disselhe para sair.
Eu nunca queria vê-lo novamente. Corri para o meu quarto no andar de
cima frene camente e olhei para o meu reflexo no espelho buscando
algumas respostas.
Vamos lá, Shelley, use suas habilidades psíquicas.
POOF, ELE ESTÁ AQUI!
XV
Uma Confissão
Invadida Pelo Amor
Capítulo Quinze
Sob nenhuma circunstância eu me casaria com ele. Anos e anos de dor
enterrada e protegida pela parede sólida de pedra em torno de meu
coração negro, eu era impenetrável.
Joguei o pensamento sobre Gary fora de minha mente e corri de volta às
men ras e uma mente doen a, o mundo escuro e familiar onde eu me
sen a segura: um mundo sem amor e sem luz. Eu desliguei meu celular e
fechei as cor nas rasgadas. Eu não teria nada a ver com ele.
Subi para tomar um banho para me lavar de tudo que Gary vesse
depositado sobre mim. O fluxo de água quente em minha face, e lágrimas
que escorriam dos meus olhos. Eu o perdi.
A voz baixa sibilou para mim, “Nós não precisamos dele. Tire-o de sua
mente. Lembra-se de sua garrafa de Jack Daniels que está no banheiro?”
Eu peguei a garrafa e bebi. A sensação de calor lavou meu corpo e eu caí
na cama desgastada. Enfiei meu rosto no travesseiro, e chorei para dormir.
“Mamãe, você está bem?” Uma pequena voz me acordou.
“Ei querida, mamãe acabou de rar uma soneca. O que você quer?” Eu
disse enquanto esfregava os olhos. “Há um homem na porta com uma
caixa.” “O que?” Eu estava irritada. Era provavelmente um dos meus os
quebrando as regras novamente. Eles sabiam fazer isso e aparecer sem
avisar.
Idiotas.
Meio bêbada e zangada, eu fui lá embaixo e abri a porta gritando: “O
que você está fazendo aqui?” A voz por trás da caixa respondeu: “Eu lhe
trouxe uma caixa com panos. Eu vim para limpar sua casa.” Meu queixo
caiu.
Gary entrou direto em meu mundo até a mesa onde depositou uma
caixa de toalhas brancas dobradas. Ele olhou e sorriu para mim com um
pano na mão, enquanto eu ficava lá olhando.
“Shelley, me sen mal por você. Sua casa é realmente uma bagunça.
Você precisa de alguém para cuidar de você.”
Então ele sumiu virando o corredor e de repente eu ouvi água corrente.
Sen um golpe terrível em meu peito. A dor irradiava pela minha
espinha através do meu pescoço até meu rosto e maxilares. Sentei-me no
sofá e peguei um cigarro do cinzeiro. Tentando frene camente acendê-lo,
eu engasguei com a fumaça em meus pulmões arejados.
Eu não posso fazer isso, pensei enquanto a fumaça cinza explodiu fora de
mim. Balançando para frente e para trás em meu sofá com os braços
cruzados em volta de mim, um sen mento terrível tomou conta de mim.
Preciso de ar, pensei.
Caminhei até a varanda olhando em volta buscando qualquer coisa que
fizesse sen do. Não havia nenhum conforto. Não havia maneira de sair
desta dor horrível. Eu não conseguia respirar.
“Shelley, você está bem?” Uma figura além da fumaça veio em minha
direção.
Era Gary. Recuei. Eu estava com muito medo dele.
“Fique aí. Eu não me sinto à vontade.”
“Shelley, sou apenas eu, Gary. Eu não quero te machucar. Por favor…”
“Não! Afaste-se.” Fiz uma careta, joguei meu cigarro no chão e pisei nele.
Corri para cima até meu quarto, tranquei a porta e me escondi sob os
lençóis da cama.
Tremendo e assustada com a dor intensa, clamei a Deus: “Deus, leve isso
embora. Por favor Deus, leve embora.” As vozes começaram a gritar
comigo:
Pros tuta estúpida. Ninguém nunca vai te amar. Ele vai usá-la e ferir
você como todos os outros fizeram. Fique longe dele!
Outra Voz interrompia: “Shelley, aquiete-se e Me conheça. Gary foi
enviado por Mim para ajudá-la. É tempo.”
“Tempo? Para quê?” Eu perguntei a Voz. Esperei uma resposta, mas
houve silêncio. Até mesmo as outras vozes se foram.
Sentei-me e olhei no espelho para a mulher feia que olhava para mim.
Extensões de cabelo loiro saindo de minhas raízes escuras com círculos
escuros sob meus olhos, eu era um desastre horrível. Como Gary podia até
querer estar perto dessa bagunça?
Ele me deixaria, eu sabia apenas disso. Eu nha que me proteger. Eu
coloquei minha cara de falsa e agi como se não me importasse. Desci pelas
escadas para acabar com tudo aquilo.
“Gary, eu…”
Ele virou-se com o sorriso mais angelical e uma cozinha perfeitamente
brilhante atrás dele.
“Sim?”
Eu fiquei sem palavras. Meu coração derreteu e o mal dentro de mim
recuou. Ele caminhou na minha direção, tocou meu rosto e me beijou
suavemente. Um beijo suave lento e caloroso, eu queria comer seus lábios.
Eu não nha sido beijada suavemente por um homem em anos.
Nosso lindo beijo terminou e eu enterrei minha cabeça em seu peito e
chorei amargamente. Lágrimas enormes de anos quebrados jorraram de
meus olhos e a dor forte de ira, rejeição e ódio levantaram-se do interior.
Eu o empurrei violentamente e puxei meu cabelo.
“Eu te odeio! Odeio vocês!” Eu peguei o telefone e joguei nele. Eu joguei
a lata de lixo. Eu dei um soco no sofá. Eu cuspi. Eu ba . Eu chutei. Eu os
odiava!
“Eu odeio vocês! Eu odeio os homens! Eu odeio todos vocês! Vá para o
inferno f*** seus perdedores!” Eu arremessei minha concha do outro lado
da sala. Gary ficou chocado, mas manteve-se firme.
“Fique longe de mim! F***você!” Eu gritava violentamente para ele. O
mal dentro de mim era tão loucamente furioso que tudo desabou dentro
de mim.
“F*** seu perdedor. Seu men roso. Eu odeio você. Fique longe de
mim!”
Peguei uma faca de cozinha e ferozmente apontei para ele.
Apontando para ele cheia de raiva, eu lhe disse para dar o fora e ficar
fora para sempre.
“Inferno! Fique longe de mim, AGORA!” Selvagens fios de cabelo
descoloridos caiam em meu rosto, e eu respirava como um animal feroz.
“Shelley, eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu não vou desis r de você.”
A faca escorregou da minha mão.
Meu corpo caiu no chão e eu chorei.
Seu amor avassalador me crucificou. Aquilo entrou no próprio núcleo de
cada decepção que eu havia sofrido e fez o impensável: me deu esperança.
Pela primeira vez em mais de 17 anos eu me sen esperança em meu
coração.
Destruída maciçamente no chão, Gary me envolveu em seus braços e
orou de coração.
“Senhor, peço-lhe para curar Shelley; para curar todas as feridas do topo
da cabeça até a planta dos seus pés. Eu sei que Você pode fazê-lo,
Jesus. Em seu nome eu oro. Amém.”
Foi a oração que mudou minha vida para sempre.
Aquela que Deus ouviu e que o inferno ouviu também.
E a guerra pela minha vida começou.
XVI
Uma Confissão
Madalena Casando
Capítulo Dezesseis
Um anel em forma de coração, eu disse sim. Eu não estava atraída por ele.
Eu realmente não o amava. Mas ele me amava. Era isso que importava.
Além disso, onde mais eu poderia encontrar um cara que quisesse casar
com uma estrela pornô com Herpes e uma filha?
“Shelley, por favor, case-se comigo. Deus me enviou a você.” Deus sabe
que eu sou uma vadia?
Dirigimos até Norwalk, Califórnia, em um dia de inverno rigoroso em 14
de fevereiro de 1995. Não houve casamento branco, apenas um cinza
nublado. Os passos frios do cartório eram o sonho de qualquer menininha.
Eu par cularmente pensava que o cara sem-teto teria feito uma menina
feliz.
Como de costume, eu estava de mau humor naquele dia. “Tem certeza
de que não temos que agendar antes? Hoje está provavelmente muito
cheio.” Tentei pensar em maneiras de sair daquilo. A realidade bateu em
mim depois daquele primeiro beijo e eu percebi que isso nunca iria
funcionar.
“Não, não temos que agendar. Hoje é o Especial de Dia dos Namorados.
Eles estão ofertando casamentos o dia todo.”
Ó mo, o Especial de Dia dos Namorados, dããã que garota de sorte eu
sou, eu sarcas camente pensava. Ves da em um ves do preto estampado
de floral, parecia que eu estava indo para um funeral. É, o meu funeral,
pensei.
Ficamos na fila e, em seguida, foi a nossa vez.
“Olá, posso verificar suas fotos da iden dade?” Uma senhora por trás de
uma janela perguntou.
“Claro”, eu disse sem entusiasmo, enquanto lhe entreguei nossas
iden dades e o formulário. Dessa vez eu era a da foto é claro.
“Quanto custa uma cer dão de casamento?” Eu perguntei emburrada
com um olhar de nojo no rosto.
“Isso custa 35 dólares, por favor.” Engasguei com minha saliva.
“Espere, quanto que você disse?”
“Isso custa 35 dólares, por favor.”
P***, eu pensei. Isso é o quanto eu ve que pagar para minha primeira
audição!
Então uma voz falou ao meu coração, “Trinta e cinco dólares para entrar
na indústria do sexo e trinta e cinco dólares para sair.” Só Deus poderia
saber isso.
Baixei a cabeça e olhei para os meus sapatos rasgados.
Deus poderia realmente me resgatar? Eu estava tão suja e indigna. Gary
pegou minha mão e me levou lá em cima até um salão branco e brilhante
onde outros casais esperavam contra a parede para o seu número ser
chamado. Eu parei e olhei para a parede contemplando a enorme decisão
de vida diante de mim. Vozes malignas tentaram me rar dali. Gary viu
minha dificuldade e apertou minha mão firmemente e disse: “Você
consegue fazer isso, Shelley.”
“Eu não consigo fazer isso, Gary. Eu não consigo.” Eu me encolhi sob
minha respiração e virei meu rosto pálido para a parede branca. Gary
colocou os braços ao redor de mim por trás e sussurrou suavemente:
“Você consegue fazer isso Shelley, Deus está conosco.”
As vozes em minha cabeça argumentaram “Você está muito doente. Ele
vai deixar você. Ele não sabe que você está doente. Quando ele descobrir
sobre você, ele vai te deixar. Rápido, corra agora!”
Uma sensação terrível de doença tomou conta de mim e eu me sen
arrasada. As vozes estavam certas. Gary não sabia com o quê iria se casar.
Ele não sabia sobre a minha doença misturada ao abuso sexual. Ele não
sabia quão péssimos meus vícios eram. Ele não sabia que eu era uma
manipuladora e uma men rosa. Ele não me conhecia realmente. Ele não
nha noção do poderoso rombo que Satanás nha feito em minha vida.
Era uma guerra para qual ele não estava preparado.
“Gary, não podemos fazer isso. Não é justo com você. Eu não sou quem
você pensa que eu sou. Eu sou muito pior. Eu tenho tantos demônios. Eu
irei machucá-lo.”
“Shelley, você nunca poderá me machucar. Eu te amo. Deus está
conosco.”
“Eu não posso”, eu insis enquanto puxei sua camisa e enterrei meu
rosto em seu peito.
Uma voz saiu da sala, “Número 15.”
Chamaram o nosso número. Eu olhei para Gary com medo em meus
olhos. Se ele não queria me ouvir, pelo menos, eu queria que ele notasse o
terror em meus olhos.
Ele pegou na minha mão com segurança e me levou até uma mulher
negra usando uma beca negra. Era um sinal, eu sabia disso. Olhei para ele
com medo de novo. Seus gen s olhos azuis sorriram de volta para mim.
Repe mos os nossos votos ou devo dizer Gary repe u. Eu estava
congelada em estado de choque. Só me lembro de dizer: “eu aceito”. Eu
aceito? Eu nem nha uma vontade. Eu só nha morte e destruição.
Saímos do prédio branco com as nuvens escuras e uma chuva torrencial.
Gary interrompeu a tempestade e me perguntou se eu queria um
hambúrguer na porta ao lado no Wendy. Eu balancei minha cabeça
nega vamente em desgosto. Eu não gostava de comer carne.
A mente doen a se levantou em mim e eu repeli Gary com meu pedido
bizarro para se apressar e consumar logo o casamento. Era ritualís co para
mim. Ele me disse para, por favor, aguardar até que ele voltasse para casa
do trabalho. Ele queria me levar para um român co jantar e celebrar. Eu
queria sexo sem sen mento frio e duro. Eu queria a odiá-lo de qualquer
forma.
Eu ve o que eu queria. Depois que terminamos, eu empurrei ele de
cima de mim e disselhe que queria o divórcio.
“Fique longe de mim! Eu quero o divórcio! Eu odeio você. Você não é
nada, além de um porco!” Dor e Abuso ergueram suas cabeças feias e
ameaçaram jogar alguma coisa nele. Ele imediatamente colocou suas
roupas e saiu. Seu semblante estava tão ferido. Eu sabia que nha
machucado ele. Bom, eu odiava homens.
O mal em mim ficou sa sfeito e nós comemoramos mais um fracasso em
minha vida com a nossa garrafa favorita de alívio: Jack Daniels.
Ele teria me deixado de qualquer maneira, eu tentei tranquilizar-me com
salpicos de Jack em minha garganta. Mas por que eu tenho uma terrível
sensação de que perdi a coisa mais importante de minha vida?
Eu me sen doente. Eu queria vomitar.
Oh Deus, eu pensei. O que eu fiz?
Eu queria morrer. A carga emocional era demais para mim e eu acabei
com mais uma garrafa de Jack. Eu coloquei no chão, segurando e
acariciando a minha garrafa. Ela era minha única amiga de confiança, Jack.
Bêbada, adormeci.
“Shelley, Shelley, acorde.” Abri os olhos com um belo buquê de rosas
vermelhas com um grande arco branco pendurado em minha cara. “Hã?”
Eu tentei me sentar.
“Eu te amo. Feliz dia de Casados querida,” disse Gary enquanto se
inclinou e beijou minha boca cheirando a Jack Daniels. Eu me sen tão
grosseira e indigna.
Eu lentamente agradeci e disse a ele que não queria sair para jantar. Eu
me sen a horrível por meu comportamento terrível e chorando me
desculpei. Ele colocou meu cabelo para o lado e beijou minha bochecha.
“Está tudo bem, querida. Eu sei que você está machucada gravemente.
Estou aqui para você.”
Eu enterrei minha cabeça em seu peito forte e gemi. Ninguém jamais me
amou em minha vida como Gary me amou. Ninguém. Eu nunca ve amor
de uma mãe. Eu nunca ve amor de um pai. Eu só conhecia a dor e o
abuso desde quando era uma criança pequena. Eu enterrei minhas unhas
profundamente em sua pele e apertei-lhe com cada gota de dor que eu
nha dentro de mim. Ele era a minha Cruz gigante, alguém que poderia
tomar a minha dor e me deixar pregada.
E ser pregada foi di cil. Golpeei-lhe com cada men ra poderosa, com
expressões de raiva e ódio, vulgaridades e maldades e ele suportou isso.
Ele tomou a dor insuportável por mim.
Ele se tornou Cristo para mim e eu me tornei sua pros tuta arrependida,
como a mulher pecadora com sete demônios. Só que eu nha mais de
sete. Eu nha legiões.
Olhos pretos dilatados e um sorriso maligno contra o seu peito, que o
exorcismo começasse.
XVII
Uma Confissão
Você E Qual Exército?
Capítulo Dezessete
Os próximos meses foram um verdadeiro inferno. Gary perdeu o
emprego e teve que ser subme do a uma cirurgia no joelho. Sua mãe
tentou fazê-lo se divorciar de mim. Sua a chamou o serviço de proteção à
criança para tentar ganhar a guarda de Tiffany e seu pai deixou sua mãe
exatamente depois que nos casamos. O que mais faltava?
O diabo não ia deixar-me sair tão facilmente.
Eu queria o divórcio. Gary queria lutar por nós. Então, ele parou com a
metanfetamina e se juntou ao Exército dos Estados Unidos.
Exército, pensei. Eu amo homens militares.
“Quando par mos?” Eu perguntei.
“Nós não par mos. Eu par rei”, ele respondeu de volta.
“Como é?”
“Shelley, eu tenho que ir para Formação básica por dez semanas na
Carolina do Sul e, em seguida, tenho que fazer formação avançada em
San Antonio, Texas por mais oito semanas. Mas depois disso podemos
estar juntos.”
O que diabos eu ficaria fazendo? Pensei.
Vou lhe dizer o que eu fiz. Eu fiz o que qualquer psicopata, e ex
trabalhadora do sexo esposa faria, eu fui a um psiquiatra e peguei um
atestado do doutor. Era a única maneira de o Exército me deixar
acompanhá-lo durante seu treinamento. Sim, eu manipulei o Exército dos
Estados Unidos.
Gary não estava feliz com a minha armação. Deve ter sido terrível
quando seu comandante o chamou ao escritório para lhe dizer que a Cruz
Vermelha nha uma mensagem de emergência de sua esposa depressiva e
que ela precisava que ele fosse para casa para levá-la ao Texas. Gary teve
que refazer todo seu curso por causa da minha armaçãozinha.
Bem, eu estava mentalmente doente. Não era apenas como eu men a,
ou qualquer coisa. Era como eu usava isso.
Gary parecia tão bem quando o vi. Eu não podia acreditar.
Dois meses desgastantes de programa de treinamento básico do
Exército, e Gary parecia incrível! Ele também voltou com um novo e
poderoso nome: Soldado Garre Lubben. O Exército não permi a apelidos.
Os militares fizeram sair o verdadeiro homem de dentro dele!
Garre , eu poderia me acostumar com isso, pensei.
Havia apenas um problema. Garre estava sóbrio, e totalmente curado.
Eu era uma fossa de transtornos mentais, vícios e fortalezas demoníacas.
Não só isso, Garre nha um novo e belo sico, enquanto eu rapidamente
ganhei peso na recuperação. Eu me sen mais feia, e mais indigna do que
nunca.
“Há apenas mais de você para amar, Shelley.”
‘Gee’, obrigada por perceber a minha gordura. Bem, pelo menos eu não
poderia voltar para a indústria do sexo. Ninguém iria me contratar agora.
Quando chegamos ao Texas Eu nha que encontrar um emprego. Os
militares pagavam quase nada a Garre e por isso no primeiro dia que
chegamos a Fort Sam Houston, fui passear na rua e apreciar o pôr do Sol e
consegui um emprego como Bartender.
Finalmente, eu estava do outro lado do bar. Eu era uma profissional. É
claro que sim, eu era uma alcoólatra. Não havia bebida que eu não
pudesse inventar e os clientes me amavam. Nós festejávamos durante todo
o dia e noite, enquanto Garre sofria com o treinamento militar intenso.
Eu só via ele nos fins de semana. Tiffany ficava com uma babá no nosso
conjunto de apartamentos. As coisas começaram a aparecer para mim.
Infelizmente, eu come um grande e terrível erro. Uma noite quando
estava bêbada e o dinheiro nha sido baixo, eu concordei tolamente em
fazer sexo por dinheiro. Em minha mente embriagada e desarrumada, eu
estava tentando ajudar a sustentar minha família. Eu também era viciada
em dinheiro rápido e fácil.
Demônios e o álcool tentaram destruir a minha vida mais uma vez. Eu
descobri três semanas depois que estava grávida e eu literalmente entrei
pelo cano. O homem que fez sexo comigo era negro. Garre vai me matar
com certeza. Eu me odiava e queria morrer.
Na noite que fiz sexo com o homem, eu me sen tão culpada. Eu sabia
que aquilo era errado. A pros tuição não era mais algo tranquilo para mim.
Eu me sen horrível, então eu só ve relações sexuais por cerca de um
minuto com um preserva vo e depois o empurrei porque eu sabia que era
errado. Eu não poderia passar por aquilo e agora, aqui estava eu, grávida.
Eu era uma mulher amaldiçoada. Eu ve que dizer a verdade Garre .
Eu estupidamente chamei-o ao telefone.
“Garre , tenho uma no cia terrível. Você promete não me deixar?”
“Sim, Shelley, eu prometo.”
“Eu fiz sexo com alguém quando estava bêbada…” Garre não disse uma
palavra. “… E agora estou grávida.” O telefone desligou.
Eu realmente estraguei tudo desta vez, pensei. Entrei na banheira, abri a
torneira e chorei gigantes lágrimas de arrependimento. Eu estava com a
maior tristeza que já nha sen do em minha vida. Eu odiava o que eu nha
feito. Eu odiava meu pecado contra Garre e contra Deus. Como eu pude
deixar isso acontecer?
Eu desesperadamente implorei a Deus: “Por favor Deus, por favor Deus,
deixe este bebê ser de Garre . Por favor, perdoe-me e tenha misericórdia
de mim. Eu prometo te obedecer. Eu prometo!”
Garre chegou em casa naquele fim de semana e não disse uma palavra.
Eu seguia ele, implorando seu perdão jurando a Deus, que eu faria
qualquer coisa para salvar nosso casamento. Eu prome até mesmo parar
de beber.
Eu também lhe prome que quando o bebê nascesse, se não fosse seu
eu lhe daria para adoção. Ele concordou em ficar ao meu lado não
importando o que acontecesse. Mas eu vi a dor em seus olhos. Eu
esmagara seu grande e lindo coração.
Garre finalmente terminou seus estudos e recebeu ordens para ir para
Fort Lewis, Washington. Graças a Deus, pensei. Eu ve que sair fora do
Texas e me afastar daquele bar!
Nós cruzamos todo país dentro de um caminhão preto Datsun que eu
havia recebido em troca de dinheiro de um dos clientes do bar. A pobre
Tiffany teve que se sentar atrás do meu assento por três mil quilômetros.
Ainda bem que nenhum policial nos parou.
Depois de dirigir sobriamente ao longo da costa de Oregon, ouvi uma
voz internamente dizer, “Confie em mim, Shelley.”
Eu não nha escolha a não ser confiar em Deus. Eu não nha mais
ninguém para me apoiar.
Garre estava fora o tempo todo e quase não falava comigo quando
estava em casa. Meus pais não estavam por perto e não se importavam.
Minha sogra não me suportava. Eu não nha amigos para conversar.
Éramos apenas eu, Deus e o pequeno bebê crescendo dentro de mim.
“Bebê, lamento a sua mãe é tão estúpida. Eu realmente amo você.”
Olhei para baixo em lágrimas para minha pequena barriga. Meu coração se
par u com o pensamento de ter que dar o meu bebê. Todos os dias eu caía
de joelhos e implorava a Deus que vesse misericórdia e que, por favor,
deixasse o bebê ser de Garre .
“Por favor, Deus, tenha misericórdia de mim. Você me salvou todas
aquelas vezes durante a indústria do sexo. Salve-me mais uma vez, por
favor.”
Eu chorei e chorei. Fiquei profundamente triste por meus pecados.
Eu era um desastre emocional. Comecei a ter regularmente lembranças
e pesadelos horríveis do meu passado. Imagens de homens penetrando-
me em todos os ori cios me assombravam todas as noites. Eu acordava
gritando e socando meu travesseiro. Durante o dia eu vivia mudanças de
humor constantes. Um minuto eu estava com raiva e jogando coisas e no
minuto seguinte eu estava no chão chorando em lágrimas. Garre pensava
que eram hormônios da gravidez. Mas eu sabia que era mais do que isso.
Eu estava lutando contra demônios reais e precisava de ajuda real.
Eu sabia que precisava ir à igreja. Desesperada por qualquer ajuda que
eu pudesse ter, peguei as Páginas Amarelas e escolhi a primeira igreja onde
meus dedos apontaram.
“Centro de Campeões”, soou boa o suficiente para mim.
O Domingo chegou, e nós chegamos a uma igreja glamorosa e grande
com nossa ba da e feia Datsun. Eu estava tão envergonhada. Todos
pareciam felizes e brilhantes; mães e pais com crianças pequenas felizes
correndo por ali. Isso me fez estremecer. Eu odiava a família onde havia
crescido.
Assim que entrei sen um choque cultural enorme.
A música era ensurdecedora e as pessoas estavam pulando para cima e
para baixo e acenando com as mãos ao ar.
Por que diabos essas pessoas eram tão felizes, eu me perguntava.
“TODAS AS COISAS SÃO POS-SÍ-VEIS”, cantava e dançava um coral
estrondoso com pessoas ves das de roxo.
Impressionada com as luzes brilhantes e a música poderosa em torno de
mim, eu caí em uma cadeira no meio da mul dão e baixei a cabeça.
Paranoica, eu pensei que alguém poderia me reconhecer. Olhei para
Garre e seu rosto se iluminou como uma criança em um carnaval. Ele era
acostumado com a luz e com a música. Eu era acostumada com a morte e
com as trevas. Eu apenas sentei lá e observei.
A música parou e um cara jovem entrou no palco louvando ao Senhor.
“O sucesso começa no Domingo!” O pastor explodiu. Então ele abriu um
livro e disse que estava ensinando sobre os nove testes que provavam
algum po de potencial ou algo assim. Nada disso fez sen do para mim. Eu
estava prestes a levantar-me quando ele parou e apontou o dedo
diretamente para mim.
“Você sabia que há uma campeã dentro de você?”
A verdade a ngiu meu rosto como um caminhão de meia tonelada.
Chutando e gritando dentro de minha alma, a talentosa menina campeã
em mim estava morrendo de vontade de sair. Ela nha sido trancada em
uma cela do inferno por mais de 17 anos e queria sair!
Tocada pelas palavras poderosas do Pastor, eu explodi em lágrimas
violentas, e 17 anos de dor reprimida explodiram para fora de mim.
Comecei a chorar por minha vida destroçada diante de todos. Um estouro
de um milhão de pedaços trauma zados, eu gemia sobre as injus ças
feitas contra mim desde quando eu era criança. Chorei de dor pela
maldade absoluta da traição dos meus pais. Eu soluçava sobre o auto ódio
contra a minha própria alma. Eu odiava totalmente a mim mesma.
Aquele culto todo se tornou o funeral de minha men ra e todo o mal em
mim foi exposto. Foi o verdadeiro encontro de uma vida toda, e isso era
apenas o começo.
O discurso sobre os mortos, e o meu inesperado funeral terminou
comigo enxugando as lágrimas e as palavras do pastor de conclusão:
“Resis ao diabo e ele fugirá de vós.”
Eu soube então o que eu nha que fazer.
Fui direto para casa, fiquei de joelhos e orei.
“Jesus, por favor, perdoe-me por todos os meus pecados, que são
muitos. Por favor, tenha misericórdia e me ajude a passar por esta
gravidez. Por favor, deixe o bebê ser de Garre . Por favor, Senhor. Eu sei
que eu mereço ser jogada fora na rua, ou pior, mas Senhor, eu
desesperadamente preciso de você.”
Enquanto eu estava orando, alguém entrou na sala em minha frente. Eu
reconheci aquela Presença de imediato. Era Jesus. O mesmo Jesus que eu
conhecia quando era menina e o mesmo Jesus que foi comigo ao estúdio
pornô. Ele nunca saiu do meu lado por um momento. Eu me arrependi por
todos os pecados que nha come do e agradeci totalmente a Ele por eu
não estar queimando no inferno.
Mais alguém também entrou na sala. Uma presença escura in midante,
eu reconheci a força maligna familiar. Mas o Senhor não nha ido embora.
Forte e lindo, Ele estendeu a Sua mão e me desafiou a fazer o impossível.
A Bíblia em minha mão, o bebê em minha barriga e uma fé de recém
nascida, eu cheguei até Jesus e, juntos, nós declaramos guerra à Satanás.
Uma feliz garo nha com quatro anos de idade
NOTAS FINAIS
I: Sob o GrAnde topo
1. Regan Starr Interview. Talk Magazine, h p://www.cwfa.org/ar cles/
3838/LEGAL/pornography/index.htm, February 2001.
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3. Becca Brat Interview. h p://www.shelleylubben.com/pornstarsspeakout-stds-drugs-and-
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4. Chris an XXX. “Chris an Sings the Blues”. January 2008.
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h p://www.shelleylubben.com/shelleysblog/ shelleylubben/06/3/2009/michelle-avan -leaves-porn
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9. Porn Star doctor Sharon Mitchell, “We keep the adult entertainmen ndustry safe.” Video at
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11. Rong-Gong Lin II. “Porn Star recalls nightmare of tes ng HIV posi ve.”
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Founder of AIM (Adult Industry
Medical Healthcare Founda on). Porn Legend Sharon Mitchell -
Interview
With Court. h p://www.sharonmitchell.plazadiscounts.com/ page15.html
13. Johnathon E. Fielding, M.D., M.P.H. Adult Film Industry Health Report.
h p://www.shelleylubben.com/sites/default/files/LA_Public_Health_
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nypost.com/p/pagesix/marital_stress_in_the_treme_qCVvNWMkSQ vDPkseFQh58M
II: que entrem oS pAlhAçoS
16. Based upon in-depth interviews and public tes monies by pornography
employees, we es mate 90% are adult survivors of childhood sexual abuse. These data are
considered reasonable based upon the extant data from established governmental sta s cal
findings as follows:
1 in 4 girls is sexually abused before the age of 18.
(h p://www.cdc.gov/nccdphp/ace/prevalence.htm, ACE Study Prevalence - Adverse Childhood
Experiences); 1 in 6 boys is sexually abused before the age of 18.
(h p://www.cdc.gov/nccdphp/ace/ prevalence.htm, CE Study - Prevalence - Adverse Childhood
Experiences);
An es mated 39 million survivors of childhood sexual abuse exist in America today. (Abel, G., Becker,
J., Mi elman , M.,
Cunningham—
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garris/177-april-garris, March 8, 2010.
19. Adam Higginbotham. The porn broker. October 9, 2004, Telegraph Magazine, presented by
The Age.
20. Shelley Lubben. Aids, Suicide, Homicide and Drug Related Deaths since
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21. Dead Porn Stars. h p://www.rame.net/faq/deadporn/
22. Glenn Peoples. Analysis: Important Sales Trends You Need To Know.
h p://www.billboard.biz/bbbiz/content_display/industry/e3i4ad94
ea6265fac02d4c813c0b6a93ca2, June 2, 2010.
23. Nomina ons for 2010 AVN Awards Announced.
h p://business.avn.com/ar cles/Nomina ons-for-2010-AVN-Awards-
Announced370904.html, December 2, 2009.
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26. Ibid., 20.
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29. Blazing Grace. Sta s cs and Informa on on Pornography in the USA.
h p://www.blazinggrace.org/cms/bg/pornstats
Notas
[←1]
[←2]
O OxyCon n pode aliviar dores por até 12 horas, mas, em excesso, pode causar dependência
química.
[←3]
Ácido Gamma-Hydroxybutyrico