CARLI Gileno de - Geografia Economi00carl
CARLI Gileno de - Geografia Economi00carl
CARLI Gileno de - Geografia Economi00carl
GEOGRAFIA ECONOMICA|;a /
VÇUCAR NO BRASIL
COM PREFACIO DO SR. A. ANDRADE
QUEIROZ, VICE-PRESIDENTE EM EXERCÍCIO,
DO INSTITUTO DO AÇÚCAR E DO ÁLCOOL
EDIÇÃO DE
BRASIL AÇUCAREIRO
1938
G1LENO DÉ CARLI ^ ^-f^^Gr e*^**
GEOGRAFIA ECONÓMICA /
E SOCIALDA CANNA DE««
AÇÚCAR NO BRASIL
COM PREFACIO DO SR. A. ANDRADE
QUEIROZ, VICE-PRESIDENTE EM EXERCÍCIO,
DO INSTITUTO DO AÇÚCAR E DO ÁLCOOL
EDIÇÃO UE
BRASIL AÇUCAREIRO
1938
r
Meu caro Gileno Dé Carli,
A cana de açúcar teve a sua época, realizou a sua função social e passou
á categoria subalterna, derrotada pelo .café, pelo çacaj^elaJbojTacha, que estão,
também, a reclamar historiadores como V. Não morreu, porem, e, graças á mão
amiga que lhe estendeu o governo trazido pela Revolução de 30, ressurge.
Felizmente, contra a minoria dos que assim pensam, age uma grande maioria,
que observa fatos objetivamente, compulsa estatísticas, crê na experiência me-
todizada e sabe que a economia não se dirije com retórica, nem se subordina
ao interesse de um ou de poucos. Estou certo que vencerão. E para isso o seu
livro lhes será precioso. Os fatos que V. ordena, os algarismos que classifica,
as deduções que tira, em tudo lhes dão razão, mostram que tomaram o bom
caminho, o que conduz a fazer da cana de açúcar um agente pacifico de pros-
peridade coletiva, e não o instrumento grosseiro de riquezas privadas e de dis-
senções brasileiras.
amigo e admirador,
Ri 0/ 5-VI-938
GEOGRAFIA ECONÓMICA E SOCIAL DA CANNA
DE AÇÚCAR NO BRASIL
I f re\A rr~e\
em ^° a ex ^ enSã o do seu vasto
brasil,
====r
imn. mV . .
onde o clima seja quente e húmido,
território,
até o limite da zona de vegetação xerofila, que
•
tem uma adaptação especial ao meio sêco, com suas arvores de espinhos e arbustos
com raizes de grande penetração, a canna de açúcar vegeta e produz economica-
mente. A distribuição geográfica da canna de açúcar occarreu sempre em todas
as Capitanias, em todas as Províncias, em todos os Estados do Brasil; desde o
inicio da colonização portugueza, até os nossos dias.
A
funcção da canna de açúcar na geografia económica e social do Brasil, é
de um
relevo notável. Os dados estatisticos e os números attestam o valor da
canna de açúcar sob os variados aspectos, económico, histórico, social e politico,
e toda sua influencia nos destinos da Brasil. Applica-se muito bem a frase de
Goethe, epigrafando um antigo livro de estatística de Koib: "Man sagt oft: Zahlen
regieren die Welt, Das ober ist gewiss Zalhen zeigen, wie sie regiert wird".
"Diz.se muitas vezes que os números regem o mundo. O que é positivo, é que
os números mostram como o mundo é regido".
Presume-se ser a canna crioula proveniente das índias, tendo emigrado para o
Occidente, dominado o mercado açucareiro da Sicilia, transposto o estreito de Gi-
braltar, sendo cultivada nas ilhas da Madeira, Canárias e Cabo Verde e de lá
levada primeiramente a São Domingos, e da Madeira trazida para o Brasil onde
funda uma civilização' sem igual em toda a historia sul-americana, pois, torna-se
a base predominante de toda a estructura económica, financeira, cultural, social
e politica, durante mais de tres séculos, do mais vasto império americano.
A' canna crioula denominaram na America também de Merim, canna Nativa,
canna dei paiz, canna de tierra.
A canna crioula tem gammos curtos, de espessura média, muito doce, esver-
deada e apezar de apresentar uma porcentagem alta de fibra, attingindo até
16,4%, possue tecido macio.
i
—
o Rio de Janeiro, levada por Manoel Felisberto Caldeira Brant, depois Marquez
de Barbacena, sendo plantada em primeiro logar em 1811, nos engenhos Bangú
e Gerecinó, na freguezia de Campo Grande e de propriedade da Sra. D. Áurea
de Castro.
r reaominiO ao A ru r a r
j /"\ÇUCar -
Sendo o açúcar a base da economia co-
— |
colonial,porém era~cT cultura ~do pobre, "cultivado em' pequenos sities e raramente
encontramos productores defumo que recolhiam "cada anno tres mil e quinhentas
ou quatro mil arrobas, quando os cecidentes do tempo, ou falta de cuidado e
beneficio lhe não diminuem o seu costumado rendimento". O mesmo acontece
com o algodão, que sendo lavoura do sitiante, do meiero, do rendeiro, do traba-
lhador rural, raramente chegou a sobrepujar, como em Pernambuco em 1817, n
situação do açúcar.
E tal foi a corrida então para o algodão, que o encarregado dos negócios e
cônsul geral da França, coronel Mal ler, dizia em sua correspondência official, que
o "pão para os ricos e a mandioca para a classe indigente vinham* de fóra e com-
pravam-se por preços muito elevados". Segundo Lumachi em 1816, em Pernam-
buco, o valor das exportações de algodão era de 3.200 lOOOfOOO e do açúcar
576:0001000.
4
Mas ao /algodão a característica de economia profunda, radicada,
faltava
civilizadora O fumo» a farinha de mandioca, o cacáo, o matte, a
e constante.
borracha e o algodão, são culturas fluctuantes, que esporadicamente exercendo
influencia no Brasil, limitando-se a zonas geográficas, não conseguem criar um
ambiente, uma fisionomia, como a criada pelo açúcar até o segundo reinado e
pelo café. E' interessante focalizar a influencia dessas culturas fluctuantes nos
destinos económicos do paiz, podendo-se, pois, deduzir, o verdadeiro sentido da
actuação da canna de açúcar.
o tabaco o tem feito muito mais afamado em todas as quatro partes do mundo:
em as quaes hoje tanto se deseja, e com todas diligencias, e por qualquer via se
procura". E o chronista informa ser o fumo um dos géneros de maior estimação
que sae da America meridional para o restante do' mundo! e dá grandes cabedaes
aos moradores do Brasil e incríveis emolumentos aos erários dos príncipes.
614:4005000.
No periodo de 1821
a 1860, o volume de fumo vendido foi de 241.000 tone-
ladas, o valor de 44.000 contos. A parti^ dahi já o fumo se distancia bas-
com
tante do açúcar e principalmente do café que slTãpresenta na deanteira, com
um
volume de 3.337 000 toneladas, e com um valor de 838.000 contos de réis!
|
do valor, o açúcar com 24,4 %
e o fumo com 2,2%.
6
da economia brasileira, o fumo entra com 2,5 %, o açúcar com 3,4 e o café, %
soberanamente com 55,5 %, com os valores, respectivamente de 2.400.000 contos
de réis e 20.500.000 contos de réis.
Apesar do seu grande valor nos séculos XVII, XVIII e XIX, esse valor é mais
de fundo económico, que social. O fumo é uma cultura fácil e que não exige gran-
des capitães. Não é uma cultura de nxação pela inversão' de valores em bens e
bemfeitorias, como no açúcar, ou capitães de fundação duma cultura permanente
como no café.
Podia ser explorado por ricos ou pobres, na pequena, média e grande pro-
priedade e apezar disso, chegou em algum tempo,, a gozar de maior/ (importância
commercial que o açúcar. Ahi está a (enorme differenciação entre as duas grandes
culturas da economia colonial do Brasil. O açúcar era nobre, o fumo' plebeu. O
açúcar aristocrático, o fumo democrático.
7
"O género de herva de raiz mais notável, e proveitosa do Brasil, he a que
chamão mandioca. Tem debaixo de si diversíssimas espécies, a saber: mandijbuçú,
mandijibimana, mandijbibiyána, mandijbiyuruçú, apitiúba, aipi j, e este se di-
vide em mui varias espécies apontadas á margem. O sumo d'estas raizes verdes
(exceptas as dos aipi js todos) he venenoso, e mortal a todo o género dé 'vivente.
He esta planta' toda a fartura do Brasil, a he tradição, que a ensinou, aos Índios
o Apostolo S. Thomé, cavando a terra em montinhos, e mettendo em cada qual
quatro pedaços da vara de certos ramos, que chamãormanaiba (maniva) de com-
primento como de hum palmo cada hum dos pedaços, cujas tres partes vão met-
fridas em terra 4 que fiquem em forma de cruz: e dahi a dez dias commumente
brotão os pedaços de vara por todos os nós que tem ameudados, e dentro em sete
ou oito mezes crescem em altura de dois, até treg covados; supposto em he ne-
1
cessário ordinariamente hum anno para perfeição de seU furo, que são raizes,
duas, quatro, seis, e muitas vezes chegão a dez, mais ou menos compridas, e
grossas, conforme a fertilidade da terra.
chamada tipyioca: e do mesmo polme obreas pera cartas, e goma pera roupa,
e manteos.
8
assado, porém os animaes brutos todos comem
he muito gostoso- e saudável;
estas raizes cruas sem prejuízo algum; que como não sabem lançai -a de molho.,
assal-a ou cozel-a, accomodou o Autor da natureza as cousas a necessidade dc
suas criaturas.
Em 1899 "havia as febres, em torno dos paúes, invisíveis. sentinel las, mortaes
guardiães de um advinhado thesouro.
Em volta das raras povoações construídas ao acaso, junto dos ribeiros mais
sereros, campeavam as desordens mais trágicas. Os bandoleiros erravam pelas
9
estradas, as plantações tinham um incerto' destino, a vida era ali barata e pre-
cária, e só uma cousa realmente empurrava o pioneiro na sua
attrahia, fixava- ou
aventura de descobrir novas paragens cheirando ao húmus do diluvio, sob a som-
bra veneranda das mattas pre-historicas: essa cousa era o cacau". (1
Em 1900, a exportação bahiana de cacau sobe a 218.668 saccos, num valor total
de 5.913 :966$000.
1
" "
( Pará . . . 65.000 " "
( Ceará . .
NORDESTE (
10
Da analise desses números deduzimos que a Bahia concorre com 94,5 % e
\mazonia com 4 96, restando pois para os demais Estados,, 1,5 % da producção
>l de cacáu no Brasil.
Em toda sua historia económica o matte jamais logrou attingir siquer uma
jação que motivasse quer o deslocamente de capitães, quer movimentos mi-
] to rios.
11
n A borracha conseguiu em algum tempo,
DOrracna i
A
borracha apagou tudo o que existia, nos tempos anteriores á sua vertigem.
A Amazónia baseada rudimentarmente na canna de açúcar, no
agricultura da
algodão, nos cereaes e na mandioca; as industrias com suas fabricas de tecidos
de algodão e com seus estaleiros; a vida social espalhada pelas innumeras cidades
e vit las; sua vida religiosa em suas innumeras igrejas e conventos; tudo isto, inopi-
nadamente parou, regrediu e quasi desappareceu. Dir-se-ia authentica aquella
síntese de Euclides da Cunha: —
Terra sem historia. A borracha subverteu toda
a actividade da Amazónia, transmudou o caracter das explorações. Emquanto o
sentido das explorações agrícolas tende para a fixação do homem ao solo, para
ambientar o homem á fisionomia das fazendas, dos engenhos, das aldeias e villas,
dando um caracter de conquista consciente, o que occorreu com a borracha da
Amazónia foi uma verdadeira rapina económica, que os geógrafos e economistas
allemãs denominam Raubwistschaft.
12
1847 624.690 kilos Réis 272:448$000
1857 1.808.715 " " 1 .358:279$000
1867 5.826.802 " " 8.721 :900$000
1877 9.215.375 " " . 14.929:695$000
1887 13.390.000 " " 14.509:000$000
1897 21.256.000 " " 203 :525 :206|000
O
anno inicial do desenvolvimento da extracção da borracha foi o de 870. 1
cm que a producção nos dois grandes Estados productores que praticamente to-
talizam a extracção, attingiu a 6.601 .726 kilos, com um valor de 12.510:850$000.
Após uma melhoria em 1925, quando o kilo da borracha subiu a 8$149, attin-
gindo a exportação total a 191 :803:000$000 novamente outro colapso traz o des-
animo e a desorganização ao Amazonas. Num plano inclinado, o volume e o
valor das exportações da borracha attingem um nivel inferior ao de 1870. Em
(4) _ "a Borracha" — José Carlos de Macedo Soare3 — Estudo económico e estatístico.
1 3
1932, para um volume exportado de 6.224 toneladas, o valor dessa exportação é
de 10.626:000$000. Em relaçãa a 1870 ha uma "differença de 5,7 %
no volume
e sobre o valor 15%.
A borracha teve um ciclo muito curto de actuação. Não tendo tido tempo
para traçar no meio amazonico uma fisionomia própria, que denotasse sua fun-
cção precipuamente civilizadora, a in.tluencia da borracha lembra bem o drama
da terra em formação, sem característica. Terra caida é, bem o aspecto da deca-
dência da zona geográfica da "hevea", abrangendo uma area superior a .000.000
1
"A mesma differença que observamos nos paizes da Europa em relação aos
de beira-mar no Brasil, se observa, nestes a respeito dos do sertão ou terra den-
tro, onde as estações mais regulares e as chuvas vêm em tempos determinados,
e constantes, o que faz com que a lavoura seja igual e sempre certo o tempo daí
plantação".
meio o que laz com que as plantações sigão a irregularidade do clima, e se não
possa nelle cultivar com vantagem, senão mandiocas, cafés, arroz, e canna e não
o algodão, que he o principal objecto deste discurso, porque embora cresça nas
terras beira-mar, a sua cultura se não pôde fazer com proveito, porque o terreni.
lhe não he tão próprio e a irregularidade do clima rouba ao lavrador as suas
14
esperanças, vindo as chuvas no tempo da colheita destruir e apodrecer o algodão
ainda nas suas capsulas" (6).
Zonas quando não impróprias, pelo menos de êxito duvidoso para o cultivo
do algodão se occorre qualquer-anormalidade climática.
Mas essa promiscuidade de algodão com a canna não era permanente. Ces-
sada a febre, o algodão emigrava para a sua verdadeira região. Para o agreste,
para a caatinga, para o sertão. Como poderia viver num ambiente tão aristo-
crático como o da canna de açúcar, uma cultura que foi plebleia e que só actual-
mente está renegando o seu passado de cultura do pobre, de ouro do caatingueiro
ou do sertanejo. Era a lavoura predilecta do pequeno proprietário e depois, uma
cultura sem orgulho, que consentia se associar ao milho, ao feijão, aos legumes.
Que dava o seu lucro em pouco tempo, em seis ou sete mezes. As mulheres e os
meninos podiam-no facilmente colher. Cultura fácil, leve e barata, contrastando
com a canna de açúcar, cultura difficil, '^êlô^ã7*^õTIssimãTTJrfiãTlT^'' exigindo
muitas terras para sua cultura económica, a outra voraz, insaciável, e só podendo
viver á custa da grande propriedade. A canna de açúcar formou uma elite, uma
classe —
do senhor de engenho e depois, do usineiro. Ninguém conhece a classe
formada pelos plantadores de algodão. Pois se eram elles quasi sempre os pobres,
os analfabetos, os descalços, os sem - gravata...
Mas, assim mesmo a somma desse trabalho, excerceu uma grande influencia
na economia brasileira, principalmente no Nordeste. Vem de longe em Pernam-
buco, a noticia sobre o algodão. Hans Staden descrevendo o cerco de Igarassú,
(6) — José de Sá Bittencourt — "Memoria sobre a plantação dos algodoens, sUu ex-
portação e decadência da lavoura de Mandiocas, ho termo da Villa de Camamú"
—
Archivo Publico do Est. da Bahia —
n. 53.
15
em 1548, faz menção ao ataque dos selvicolas que atiravam flechas envoltas de
algodão com cera que accendiam para provocar incêndio. Em 1549, Duarte Coelho
escrevendo a el-rei sobre o progresso de sua capitania faz referencia ás remes-
sas de algodão para a metrópole, e que entre todos os moradores e povoadores —
"uns fazem engenhos de açúcar, porque são poderosos para isso e outros canna-
viaes, algodoaes e mantimentos" (71. Na própria zona da matta antes da invasão
hoilandeza no município do Cabo- zona hoje completamente tributaria de usinas,
João Paes Barreto funda o engenho Algodoaes em terra conquistada aos Índios,
originando-se —
diz o erudito historiador pernambucano Pereira da Costa na- —
turalmente aquelia denominação do engenho, da existência de grandes roças de
algodoeiro na localidade.
Oliveira Lima, citando uma carta do coronel Maller, cônsul geral da França,
nos informa que as exportações de algodão em 1817, foram superiores as dos
Pernambuco além de sua grande producção própria, canalizava para o seu
poWo a producção dos Estados Nordestinos.
23.125.825 libras.
16
A partir de 1822 uma crise, que após se toma aguda, diminue extraordina-
riamente o movimento commerciai do algodão. A exportação pernambucana que
havia sido em 81 6 de 4.315 toneladas e em 1820 de 4.436 toneladas, cae gra-
1
30.699:679*000.
safra 1927-28, em que a producção brasileira de algodão attingia 131 .504 tone-
toneladas, o' que representa um augmento de 208 %
em relação á safra de
1901-02. !;' •
fj|?|
17
neladas. Em síntese, pertencia ao Norte, da producção brasileira de algodão 86,6 %
emquanto ao Sul cabia 13,4%.
Hoje occupa o algodão o' segundo logar nas exportações brasileiras, tendo
attingidoem 1935 o valor de 930.281 :000$000, quando o açúcar somente alcançou
43.724:0005000.
Onde a matta era abatida, onde a queima reduzia tudo a cinza e emerqia
como por encanto um cafezal novo nas terras virgens do hinterland, uma cidade
nova nascia, progredia, se avantajava. E de zona em zona, em procura de terra
bôa — a terra roxa —
o café attendia ao seu destino de civilizador, criando na
terra americana, a maior fisionomia agrícola do mundo.
18
.
19
Do período de 1890 a 1921 inteiramente se firma a supremacia do café, pois
29.282.000 toneladas, pertence
•que da exportação total do Brasil que attingiu a
ao café o montante de 20.584.000 toneladas, cabendo ao açúcar o quarto logar
na classificação da exportação (12).
em que começou
ixo r~~-~_:~_
3 uas exacto a se processar g
—económico
i
E:~~ .
, .,
queda do açúcar e ascençao do cafe.
20
•4
L. j n
de Duas c li. "O Norte açucareiro consta principalmente
uta Culturas ^ Pemambuco \ AlagôaS/ % Su | cafeeiro, d
— '
o
Pernambuco na média quinquennal de 1852 a 1856, estava col locado em 3
logar entre os Estados brasileiros, com uma exportação para o estrangeiro, de
10.799:0005000 e Alagoas em -8o lagar com 1.596:000$000.
o
São Paulo estava em 6o logar e o Rio de Janeiro em I logar, com, respecti-
mente, i. 896 :000$0O0 e 46.191 :000$000.
No quinquennio 1903 a 1907, a primasia cabe a São Paulo com 273 744 :000$000 .
o o
o Rio de Janeiro se colloca em 2 logar com 123.071 :000$000, o 7 logar se
destina a Pernambuco com 19.840:000$000 e o 14° a Alagoas com 5. 1 13:O00|O00.
o o
No anno de 1919 o logar é de São Paulo com .087.487 :000$00C, o 2 ao Rio
I 1
o
de Janeiro com 348. 72 :000$000, o 7 a Pernambuco com 61 .025:000$000 e a Alagoas
1
o
E finalmente no anno de ainda o1929,logar cabe a São Paulo com
I
o
2.098.003:0001000, o 2 ao Rio de Janeiro com 508.021 :000$000, o 7 o a Per-
nambuco com 69.537:000$000 e o 16° logar pertence a Alagoas, com
4.635:000$000.
21
Os números índices falam mais altos e exprimem melhor a realidade. Tomemos j
\
I — IMPÉRIO
II — REPUBLICA
1919 1929
22
.
.
Nos princípios do século XVI I, possuindo o Brasil 200 engenhos, a sua producção
era de 25.000 a 35.000 caixas de açúcar de 35 arrobas cada uma. E' o tempo
áureo do açúcar no Brasil. Em 1618 somente Pernambuco tem uma producção
de 500.000 arrobas. Em pleno dominio hollandez, a producção de açúcar em Per-
nambuco, já sóbe a 990.000 arrobas. Tal o lucro do açúcar, que o Brasil Hol-
landez rendeu á Companhia das índias Occidentaes, dividendos até de 95 do %
capital e a média dos lucros no período dos dez primeiros annos, foi de 50 (14) %
Em 1650 os preços do açúcar sobem fantasticamente a 2$091 a arroba, o que
representava um grande lucro para o productor.
No do
novo século, a producção de açúcar do Brasil era de \ .400.000
inicio
arrobas. Ema producção de Pernambuco cae bastante, pois que sua expor-
1711
tação só attinge 360.500 arrobas de açúcar. Nos fins do século XVIII, a Bahia
já era um grande productor de açúcar, com sua exportação num
valor de 1 .645:576$640 e Campos também, com seus 300 engenhos se apresen-
tava como grande centro de producção.
Durante os vinte primeiros annos do século XIX houve uma verdadeira cor
rida para o açúcar, que se bem tivesse passado por periódicas crises no século
anterior, no entretanto .representava a quasi totalidade do valor de toda a activi-
dade económica da colónia de producção. Já em 1711, conforme Antoni I, a dis-
tribuição dos valores dos productos exportados era:
3.743:992$000
23
Ainda mais um século, em 1827, e dentre os productos exportados pelo Brasil,
Açúcar 9.289:000$000
Café 5.264:0001000
'
Algodão 3 970 :000$000
.
Fumo 457:000$000
Cacáo , 190:000$000
Borracha 9:000|000
Açúcar -48,4—96
Café 27,4 %
Algodão 20,6 %
Fumo 2,3 %
•Cacáo 0,9 %
Borracha 0,04 %
Na época da proclamação da Republica, a collocação dos productos de ex-
portação está completamente mudada como podemos verificar:
Café 172:288:000$00O
Borracha 25 295 :000$000
.
Café 73,9 %
Borracha 10,9 %
Açúcar _6X %
Algodão 2,9 %
Fumo 2,8 %
Matte 1,8 %
Cacáo 1,6 %
Os números exprimem exhuberantemente o valor do café e explicam porque
os destinos do Brasil foram ha mais de meio século governados pela preciosa
rubiacea.
24
. ..
Na balança das trocas, não produzindo ouro, fica o açúcar comparado aos
productos de alimentação, como milho, arroz, batata e farinha de mandioca, de
exclusiva circulação interna. .
finanças (15).
Café . . ,
44,9 %
Borracha 43,8 %
Matte .
3.3 %
Fumo .
2,8 %
Cacáo .
2.4 %
Algodão 1.5 %
Açúcar .
1,3 %
vamos encontrar modificações sensíveis nos
Em 1 920, dez annos mais tarde,
valores das culturas. Alguns productos da exportação brasileira se apresentam no
decorrer dos annos, com escalas de altos e baixos, que fazem crer extravasa-
mentos da capacidade interna de absorpção.
?5
Os valores dos productos de origem vegetal, constantes do presente estudo, nas
exportações foram:
Café 860.958:000$000
Açúcar 105.831 :000$000
Algodão 80.697:000f000
Cacáo .. 64.650:000|000
Borracha 58.350;000$000
Matte 50.559:000$000
Fumo 42.006:000$000
A
melhoria occasional do açúcar e queda fragorosa da borracha, são os aspe-
ctos mais importantes dos números acima. O
açúcar que em 1920 attingiu a
uma cifra um pouco superior a 100.000:0001000 no decorrer do decennio, por
exemplo em 1912 e 1913, teve sua exportação quasi annullada, pois que attingiu
somente aos valores de 841 :000$000 e 974:0001000, respectivamente.
A borracha teve nesse mesmo período decennal, uma queda sempre constante.
Café 68,1 %
Açúca r . . 8^3 %
Algodão 6,4 %
Cacáo : 5,2 %
Borracha ..
4,6 %
Matte 4,0 %
Fumo 3,4 %
JEm 1930 já em
plena crise, as exportações brasileiras resistiam, apresentando
altos valores. O
café então se apresenta com um augmento de 112,2 em re- %
lação ás exportações em 1920.
Café 1 .827.577:364$000
*
Matte 95.352:08 $000
Cacáo 91 .687:66'!$000
Algodão 84.601 :86'1000
Fumo 74.846:00 $000
Açúcar 25.21 8:54' $000
Borracha 23 293 :7S 7$000
.
26
A distribuição desses sete principaes productos de origem vegetal na balança
commercial brasileira, é a que segue:
Café 82,4 %
Matte 4,2 %
Cacáo 4,1 %
Algodão . . 3,8 %
Fumo 3,4 %
•^A&gcar. •
1,1 %
Borracha 1,0 %
Em matéria de valor, o do café é absoluto, pois que em relação ao do açúcar
que tanto já pesou em nossa economia, que foi também soberano, é superior . . .
7390,9 %.
Finalmente em 936, o açúcar occupa o ultimo logar nas exportações dos sete
1
Café 60,9 %
Algodão 25,4 %
Cacáo 7,1 %
Borracha 1.9 %
Fumo 1,8 %
Matte 1,7 %
Açucgr 1,2 %
E' verdade que o açúcar apresenta um alto valor na producção interna, pois
que a média do seu valor no quinquennio 1931-35 foi de 576 280 :000$000, somente .
superado no mesmo periodo pelo café e pelo algodão que respectivamente apre-
sentam os valores de 757 990 :000$000 e 693 30 :000$000, ou sejam uma dif-
1 . . . 1
um producto que tendo deixado de influir nas trocas internacionaes, não cana-
27
lizando ouro, perdeu a influencia preponderante nos destinos económicos e po-
líticos do paiz.
A doença
primeira
A variedade q ue proporcionou um
deiro resur 9Ímento na industria açucareira no
verda-
da Canna de Açúcar
~- —— ~— Brasil, nos princípios do século XIX, foi como
vimos, a canna caiana que até 1830 se desenvolveu admiravelmente no novo habitat,
sem que tivesse soffrido qualquer ataque de natureza fitopathologica.
senador Luiz Felippe Souza Leão e também na Bahia, ha uma extensa bibliografia
brasileira, como os estudos de Carlos Glasch, Mauricio Draenert e Gustavo Dutra,
respectivamente publicados na Revista Agrícola n. 1, 1869, "Jornal do Agricultor",
vols. I e II, e "Diário da Bahia" e "These apresentada á Imperial Escola Agrícola
da Bahia em 1880".
28
o presidente da Província de Pernambuco nomeou uma commissão de
Em 1879
studos, que apresentou um parecer provisório publicado no "Diário Official", em
10 de outubro de 1880. Em 1881 o dr. Cosme de Sá Pereira publica um estudo de-
alhado de trabalhos microscópicos, com cannas doentes. Ainda em 1881, o dr.
3
edro de Athaide Moscoso publicou em annexo ao relatório do ministro da Agri-
:ultura, parecer minucioso do ma! que acomettera a quasi totalidade dos canna-
um
/iaes- brasileiros. Em 1882 o dr. Daniel Heuninger publicou na Revista do Instituto
:
luminense de Agricultura, um dos mais completos trabalhos sobre o assumpto.
A
degenerescência da canna caiaria acar-
><OVas
1 TBiiwqw»
variedades — Canna
de
retou um grande
prejuízo para a industria açu-
1
açúcar. A rôxa, geralmente cultivada nas ilhas Bourbon e Maurícia, apezar de não
;
dar bom açúcar, tem grande rendimento cultural. Finalmente a canna Diard, dá
(bom açúcar, porém é de pouca productividade. A canna rôxa, denominada Tussac,
na índia, é também conhecida em Campos como canna da Batavia, e foi essa va-
riedade que salvou a industria açucareira desse município. Possue côr violácea, não
flecha, e se bnm não seja muito rica em açúcar, possue entretanto características
essenciaes de resistência á gomose, não necessitando de solos excessivamente hu-
mosos para sua cultura.
Em Quissamã, em 1868, existia então uma variedade do mesmo nome dessa fre-
uma variação da caiana, sendo mais fina, porém de igual teor sacca-
guezia, que é
rino. Na mesma época, em Campos e Macahé, se notam as variedades "mole" —
rica em açúcar —
assim chamada por ser muito tenra; a "imperial" listada de
amarei lo e verde, de bom rendimento agrícola e resistente á gomose.
I
29
proximidade dos rios navegáveis, os recôncavos das bahias, pela garantia de trans-
porte dos productos da terra.
i
A
Capitania de Pernambuco, em 1749, possuía 276 engenhos sendo 230
moentes e 46 de fogo morto, distribuídos todos, em zonas littoraneas, zonas mar-
ginaes de lagoas e bahias, ou adjacentes a rio navegáveis. Era a seguinte a
distribuição: Cl 7)
230 46
nas zonas húmidas das várzeas nroximas ao oceano, onde o transporte era f aci' ás
margens das lagoas do Norte e Manguaba e ás margens do grande rio navegável,
— o São Francisco. Na Bahia, também, as lavouras cannavieiras se localizavam ás
margens do Recôncavo, nos municípios de Santo Amaro, Villa de São Francisco, e
adjacências da cidade do Salvador.
30
Em todo Nordeste, os engenhos sendo localizados nessa estreita e ubérrima
faixa do littoral, naturalmente limitada para o interior, de accôrdo com as preci-
pitações pluviometricas que traçaram um verdadeiro zoneamento e com a estru-
ctura geológica da região, —
fixaram a canna de açúcar á única zona húmida do
Nordeste açucareiro, dando assim a característica da civilização littoranea, em
contraposição com a barbárie do sertão, onde o primitivismo da exploração pecuária
era um contraste com o luxo, a ostentação e a grandeza do senhor de engenho.
A
principio, com os altos preços de açúcar dos séculos XVI e XVII, houve
uma reacção da pequena propriedade contra a dominação do latifúndio açuca-
reiro. Conta Reyes, tratando da economia.de Campos, onde aliás se observa,
através de toda historia económica do açúcar o maior fraccionamento da pro-
priedade —
que então, "ha engenhocas que não têm de cobertura senão o
espaço que occupam as moendas, cuja cobertura anda á roda, por estar
armada por uma das alman Jarras; e só móe em tempo de sói, outro ha,
senhor de taes engenhocas aue não possue escravo alaum e se serve com a sua
família —
filhos, irmãos, mulher e aluaados. Faz-se incrível o que se conta de
alqumas dessas fabricas, que assim mesmo fazem muito açúcar com que se re-
medeiam os donos, e vão deixando de cultivar outras culturas, a que antes se
aplicavam. Neste andar passam a adquirir melhores utensílios e alguns escravos,
com o credito, que lhes facilitam os mercadores, e alguns chegam a montar
engenho".
dizer, que somente com autorização do doador, nessa época, era pos-
Quer
sível aue a sesmaria de "cinco mil braças de terra com as alagôas e ribeiros que
nellas houverem, e a ribeira de Goianna nomeadamente, para nella fazer os
31
engenhos que podesse, conforme dois por cento dos açucares para o capitão
senhores" soffresse qualquer desmembramento.
Nas Ordens Régias aos Governadores de Pernambuco existe uma medida dras
tica que não temos sciencia se foi executada. No intuito de corrigir a ampliação
da grande propriedade, de impedir a absorpção da pequena propriedade e final-
mente com o objectivo de augmentar a fortuna publica e particular, com uma mais
equânime divisão de terras, terras doadas sem o supervisionamento do crescer da
economia rústica, e ainda, por ultimo, para diminuir a ambição do latifúndio*
rio, de possuir desmedidas extensões territoriaes, sem culturas, sem trabalho agrí-
E ordenou ainda el-rei, que, de então em deante, qualquer pessoa que recebesse
sesmarias, além de pagar os dizimos á ordem de Christo, despacho e demais taxas,
pagasse também um foro proporcional á grandeza e á qualidade da terra. Se bem
que a intenção da ultima parte da ordem régia fosse desafogar o erário real, no
entretanto a incidência desses novos impostos redundava em cerceamento á cobiça
do grande agricultor. Não pára ahi a legislação portugueza para a Colónia do
Açúcar, o grande ou o maior empório mundial do precioso género.
32
Asesmaria da Cachoeira Furada, na Freguezia de Serinhaem, concedida a
-Aanoel Rodrigues de Aguiar, em .19 de fevereiro de 1818, começava na fóz do
iacho Cachoeira Furada, no rio Serinhaem, com uma legoa de comprimento.
33
1
firmar como colónia de açúcar, Barbados, com o estimulo do capital judaico dos
capitalistas e commerciantes hollandezes, expulsos de Pernambuco, entrou numa
fase brusca de prosperidade. Mas diz Harlow (21) essa brusca prosperidade, van-
tajosa como era sob o ponto de vista económico, posteriormente provou ser a causa
principal da decadência da ilha.
aquella colónia que logo após quinze annos de fundada, era uma das mais fortes,
ricas e povoadas da Inglaterra, se tornou uma grande feitoria de açúcar. E diz Ra-
miro Guerra y Sanchez: "Em 1685, o processo estava terminado. A partir de então,
Barbados quasi não tem historia. Os descendentes dos escravos são legalmente
livres, porém percebendo diárias de 25 centavos, vivem miseravelmente." (22).
34
.
Engenho comprado era logo tentaculado, ligado ó usina pela estrada de ferro
de bitola estreita ou de um metro. Significava a posse. O desmoronamento do
engenho banguê e muitas vezes da casa grande. O ambiente, a fisionomia se des-
caracterizavam. A faina industrial se extinguia. Restava só a monotonia do
verde dos cannoviaes rasgados, pelas linhas de ferro' da usina. O engenho perdeu
até o nome. Chomam-no roça, sitio, fazenda, capitania, secção. Foi absorvido.
Integrou-se na grande propriedade. Desappareceu
(23) — Alfredo Ellis Júnior — "A evolução da economia paulista e sua& causaa."
35
Tomando-se para base de calculo a média das safras do triennio 1934-35 a
1936-37, incluindo todos os tipos de açúcar e comparando com os totaes de fa-
encontraremos os seguintes números para os
bricas, seis principaes productores de
açúcar no Brasil: (24)
E calculando esse excesso de terras, esclarece esse nosso chronista que "em
uma comarca reputada muito cultivada, da Capitania de Pernambuco, a parte em
cultura está para vinte e quatro; ou se se quer abstrair como não sendo baldia
certa quantidade de pastagens igual ao numero de geiras cultivadas, como de um
para doze". (26)
36
.
A base, pois, da riqueza particular não era a extensão territorial e sim, o nu-
mero de trabalhadores escravos. E estigmatizando o uso da enxada, apontando-a
como um dos factores do latifúndio, Arthur Orlando, diz textualmente que "o em-
prego da enxada concorreu, é verdade, para o desenvolvimento da grande proprie-
dade, mas foi um resultado em prejuízo da separação dos dois regimes, agrícola e
industrial (29) Sobre esse assumpto magno da nossa organização económica, é
.
Não é mais para saciar a vaidade de possuir muita terra, o motivo encontrado
por Oliveira Vianna, para explicar a existência do latifúndio, sim, em parte, pela
própria natureza das culturas,- "A lavoura da canna e a lavoura de café exigem
para serem efficientes, grande^ extensões de terrenos" Gu. Em Pernambuco e
Alagoas a situação parece mais critica porque ''infelizmente, estamos com a faixa
do nosso littoral, que é a espinha dorsal da economia pernambucana, entregue
sem freios ao domínio da grande propriedade. São municípios inteiros, em cujos
registros de immoveis encontra-se apenas meia dúzia de nomes substituindo as
dezenas que existiam antes do progresso industrial açucareiro". (32) Sobre a dis-
.
tribuição das propriedades, vem a baila, nesse capitulo de opiniões sobre o lati-
,
nada adianta, provada que será o indice de empobrecimento commum, num regime
37
"A grande concentração económica, isto é, a usina, fez desapparecer em di-
versas zonas a burguezia dos pequenos proprietários ruraes" (34)
(35) — Alfredo Ellis Júnior — "A evolução da economia paulista e suas causas".
(36) — Gilberto Freyre — "Nordeste".
(37) — Discurso pronunciado na cidade de Campos, E. do R. de Janeiro, publicado no
"Jornal do Commercio", de 26-6-1936.
38
mudança do regime da economia cannavieira, trará o almejado equilíbrio social.
Se o encarecimento do custo da producçao satisfará o consumidor de açúcar, bm-
fim, se sem um plano sistemático e bem elaborado, a simples posse da terra, resol-
verá a miséria que lavra entre a população rural.
negro e negra de trabalho 250 covas de mandioca e outras tantas no mez de ja-
por
neiro seguinte, e outros moradores de qualquer nação que fossem plantassem
cada negro e negra de trabalho que tivessem, 500 covas de mandioca em cada
um dos ditos tempos". (38)
39
Nassau queria impedir a repetição do flagelo da fome que occorrera no
anno anterior, por absoluta falta de géneros de alimentação. Em novembro de
1702, em carta ao governador, os officiaes da Camara do Rio de Janeiro, allu-
dem ao prejuízo que resulta da applicação da lei sobre a plantação da man-
dioca. Explicam as differenças existentes nas condições de trabalho e de vida,
entre o Rio de Janeiro e Bahia, e a iniquidade da mesma lei, applicada para
meios desiguaes. Porque "todo o fundamento que S. M. teve para mandar expe-
dir o dito alvará, foi como delle consta, a supplica que da Bahia se lhe fez sobre
a falta ao sustento commum, que padeceu aquella cidade por lhe irem as fari-
nhas de mar em fóra sujeitas ao tempo e ao inimigo, e por qualquer acadente
destes ficar exposta a padecer a falta que continuamente padecia, razão que
mostraram ser conveniente plantar-se no recôncavo Jaquella cidade, livre por
ser do interior e seguro de semelhantes perigos". E criticam a lei que também
veda o plantio de canna aos lavradores que possuíssem menos de 6 peças de es-
cravos, ficando obrigados então ao plantio exclusivo de mandioca.
Na mesma carta explicam ser notório "que nos tempos presentes (por ra-
zão do exhorbitante preço em que hoje se compram os escravos) são poucos os
lavradores de cannas, que possam ter no beneficio delias 6 peças quanto mais
passar delias: já se vê que sendo constrangidos pela lei a largai os cannaviaes
todos os que el la compreende para sj applicarem a plantar mandiocas, ticarão
os engenhos desertos e desnecessários sem terem açucares que fabricar e por
isso irreparavelmente se acabarão de todo, porque todos elles (como também é
notório) se compõem de semelhantes lavradores com poucos escravos, poucas
posses e todos faltos de cabedaes".
40
pitania de Pernambuco que "nam havendo falta de farinha, nessa Capitania,
façaes que os navios que delia navegarem para os portos do Reyno
de Angola,
levem a farinha necessária para o numero de escravos das suas arquiações
e via-
gens". Percebe-se o intuito evidente da administração publica,
ora em forçar o
senhor de engenho a abandonar a monocultura, ora em amparar com
o controle
commercial os consumidores da colónia, contra a carência dos géneros
de pri-
meira necessidade. O senhor de engenho possuía inquestionavelmente
em seus
domínios, quasi sempre, o suficiente para se alimentar e supprir
as necessidades
da escravaria. Mas o lavrador, o trabalhador livre, o operário e os demais habi-
tantes da colónia, soffriam com a irregularidade das producções dos géneros ali-
mentícios e ficavam á mercê das importações
41
sua intimidade, em todos os seus aspectos. Mas aquelles torrões de massapé que
produziam tão bom açúcar e que parecia pelo depoimento daquelle eminente
bahiano tão circumscripto, se estende num lençol de "terra gorda" por todo o
Nordeste. E "ha quatro séculos que o massapé do Nordeste puxa para dentro
de si as pontas de canna, os pés dos homens, as patas dos bois, as rodas vaga-
rosas dos carros, as raizes das mangueiras e das jaqueiras, os alicerces das
casas e das igrejas, deixando-se penetrar como nenhuma outra terra dos trópi-
cos pela civilização agraria dos portuguezes". (41 O massapé só queria en-
)
gulir pontas de canna e não maniva úe mandioca e por isto Pernambuco sof-
treu nos primeiros annos de XIX século cinco annos de fome. Tal a calamidade,
que a despeito de todas as prohibições ae exportação da farinha da Bahia, essa
Capitania exportou "toda quanta foi precisa para que não morressem os seus
habitantes á fome e á necessidade". E o senhor de engenho da Ponta Maio, na
Bahia, em 1807, assim continuava sua interessante correspondência: "Sus- —
tento para cima de duzentos e cincoenta pessoa.,: custa-me semanariamente o
seu sustento, segundo os preços actuaes da farinha, de trinta e seis a quarenta
mil réis; e não planto hum só pé de Mandioca, para não cahir no absurdo de
renunciar a melhor cultura do Paiz pela peior que nella ha e para não obstar
a huma por outra cultura, e complicar trabalhos de natureza differente; e
sempre que desembolso o necessário para o pão de minha familia, quando elle
está caro, assento em emprestar o excedente do seu preço ordinário a quem o
trabalha; e ainda me não succedeo deixar de receber com usura semelhante
avanços". (42)
42
como do Norte, até Rio Formoso e de sertão a dentro, em toda extensão. E
para attender ás necessidades dos particulares localizou a zona de extracção
de madeiras —
o amarello —
nessa região, nas mattas situadas para a parte
do mar, de um lado e outro do rio Una, principalmente do riacho Pirangí-grande,
e Catuama abaixo, para o mar. A sucupira podia ser retirada, em todas as
mattas de Serinhaem.
1935 1936
40.054:011000 68.494:7555000
pela
O próprioaugmento das importações de farinha de trigo foi occasionado
mandioca. Quer dizer que o pão substituiu em
falta accentuada de farinha de
desfavorecidas, aggravando o seu
parte a farinha, na alimentação das classes
plantio de mandioca e cereaes e demais
cuseo de vida. Não havendo praticamente
na única zona húmida de Pernambuco, isto e,
veqetaes destinados ó alimentação,
occasionou uma grave
a zona soberanamente cannavieira, o distúrbio climático
desorganização no Estado.
43
Repete-se ainda hoje, o que o coronel Mal ler, cônsul geral da França em Per-
nambuco, dizia nos princípios do século XIX: "o pão para os ricos e a mandioca
para a classe indigente vinham de fóra e compravam-se por preços muito elevados''.
De facto, tal a situação que atravessa Pernambuco, que "o preço da farinha de
mandioca attingiu e vem excedendo até o preço da farinha de trigo proveniente
ce paizes os mais distantes. Assim é que o preço da farinha de trigo nos portos
nacionaes foi em .1936, de 963 réis, emquanro que p preço da farinha de mandioca
em Pernambuco pelos dados da Directoria de Estatística Estadual, variou de rs....
|980 a 5330". (43J
1
ij r O monocultura necessaria-
latifúndio e a
O, i i
Elie é que plantava a. canna nas ladeiras de barro vermelho do norte de Per-
nambuco ou nas suas várzeas do Capibaribe, do Cabo e Serinhaem, nos férteis
valles ao Coruripe e de Camaragibe, em Alagoas, no recôncavo ubérrimo de Santo
Amaro, na Bahia, nas terras planas de Campos dos Goitacazes, nas terras pretas
de São Paulo; ao Norte, ao Centro, ao Sui, no litoral civilizado ou nas brocas dos
capoeirões, nos "certões" do Brasil.
44
Tomou grande impulso o trafico de negros tanto para o Brasil como para todas
as colónias inglezas e hespanholas. O trafico a principio era
feito por particulares
que se obrigavam por meio de' um "assento" (contrato) a entregar
determinado
numero de "peças" em suas viagens de Africa para a America. O primeiro
j contrato
de immigração parece ter sido assignado em 1586, por Salvador Correia
;
de Sá, ca-
bendo a primazia da introducção do elemento servil negro no Brasil a Mcírtim
Affonso de Souza. Já em 1549, D. João III com o fito de animar
a fundação de
engenhos, permittira a cada senhor de engenho a importação
de 120 escravos, com
pagamento reduzido de impostos.
| De 1803 a 1807, uma média annual de 17 mil negros importados. De 1807 a 1819
•
\ uma media annual de 56.666 negros. De 1819 a 1847, importou o Brasil 1.122 mil
cravos, dando uma media annual' de 40.071. negros. Finalmente de 1847 a 1852,
<
^ Não
fôra essa grande massa de trabalhador africano, e jamais o Brasil teria
sido o empório mundial do açúcar. Era, pois, esse mercado humano, considerado
uma necessidade vital para a colónia de producçâo. Aliás nesse ponta coincidia
perfeitamente a mentalidade brasileira de então, com a reinante em Barbados —
colónia ingleza. Diz-nos Harlow que "o cultivo das grandes plantações requeria
o jSO da mão de obra barata em grande escala, e immediatamente os senhores
de engenho puderam comprovar que com o dinheiro gasto com os serviços de um
trabalhador branco por dez annos, podiam comprar um escravo por toda vida".
Lia como entre nós/ com a abolição do trafico e da escravatura feitas immedia-
.
u
O dilemma com a abolição se apresentou: ou ficar na mesma endo
terra rece
soldos baratos para assim attender ás exigências da canna de açúcar ou emigrar.
Emigrar, significou perambular por terras estranhas nessa ânsia incontida de hau-
rir liberdade na miséria. Ficar, significou continuidade do estado de semi -servi dão.
45
Quando se processou a emancipação dos escravos, o valor delles era de 500
mil contos, não entrando em consideração os trabalhadores alforriados, em face
das leis anteriores, ou alforriados pelos proprietários, sob o império dos factos qu3
se succediam.
lá J •
\/ I Se a base da riqueza media pelo
rural se
fYiercaaoria - Valor engenho e o fa-
valor da descravaria, o senhor de
zendeirc tratavam o negro escravo como merca-
doria de real valor. Dahi o cuidado em sua alimentação. Sempre alimentado com
géneros de alto valor nutritivo, como feijão e milho. Sempre com horas de des-
canso. Differentemente occorria na America do Norte onde uma Commissão de
Inquérito, nomeada pelo Congresso, em 1830, informava que annualmente havia
um excesso de 2 12 1 %
de óbitos sobre os nascimentos E as causas apontadas
desse desequilíbrio eram o excesso de trabalho diurno e noturno, e a má alimentação.
E o calculo de farinha por negro, era de uma libra, por dia Afóra toda a varie-
aade de alimentação descripta pelo productor fluminense, cada escravo recebia
por anno, duas roupas.
(45) _ Rebello e Silva — "Economia Rural" — Citado por João José Carneiro da Silva
(46) — João José Carneiro da Silva. Obra citada.
46
para a conservação do estado do senhor, cuja importância e posição avaliava-se
pelo numero de seus escravos". (47)
passava pela cidade mais próxima, o chapéo de Chile de abas largas na cabeço,
de botas de montar fortes e altas, fazendo barulho com as pesadas esporas de
as imme-
^
°-se fo te -
47
diações das suas fazendas dependia dei le. Na época da colheita, corria-íhe ouro
em abundância sob a forma de açúcar. Era, com ef feito, para eile que centenas
de escravos trabalhavam com o suor do seu rosto, e esse suor transforma-se-lhe
em ouro".
"I
a
—A agricultura irracional, a mania do desperdício e a politica, isto é, a
compra de votos para as eleições;
3
a — A emancipação dos escravos".
— —
uma
outra classe a do trabalhador rural
~^^^^^^^^^Z ingressava num estado de maior decadência
ainda. A abolição modificou a situação social do trabalhador escravo, mas o es-
cravização económica do homem continuou. A literatura dos congressos açuca-
reiros sempre allude á miserabilidade dosHiomens do campo, porém inocuamente,
48
Moenda de um engenho banguê
.
mente 600 réis. (51 Os preços de açúcar de usina, então, oscilavam no Rio de
)
De então até hoje, os preços de açúcar sobem; após, vem o ciclo de crise,
para um posterior resurgimento. As pequenas usinas de capacidade de 200 a 300
toneladas diárias foram sendo substituídas por usinas maiores, cada vez mais
perfeitas, attingindo grande perfeição technica. Surgem as Centraes dominando
sobranceiramente propriedades immensas. A racionalização dá elementos de re-
sistência ás crises que attingiram a industria açucareira. E apesar de toda bôa
vontade dos Congressos Agrícolas fazendo inscrever em suas conclusões a reso-
lução de ser melhorada a sorte dos trabalhadores, jámais foi cogitação gover-
namental fazer integrar toda essa massa operaria numa situação mais adequada
á sua condição humana. O productor, esse, ora attingido pela desvalorização dos
preços desvalorizava o salário rural, ora com saldos elevados, melhorava suas fa-
bricas, ampliava seus latifúndios e esquecia lamentavelmente a machina humana
que deveria ser "melhor apparelhada para a funcção". No decennio de 1914 a
1923, o augmento annual do custo de vida foi em Pernambuco de 10,19% e em-
quanto o augmento annual de salários quasi para lei lamente se eleva no Esta-
do do Rio e na Bahia, em Pernambuco se rebaixavam em 71,7%. Essa disparidade
tem que ter um motivo real e profundo que escapando á analise rápida, vá se
entroncar na fatalidade económica e geográfica que localizando no Nordés-
te a canna de açúcar, impoz como medida de êxito, a própria desgraça do ho-
(52)
— Pauta dos preços da Recebedoria do Estado de Alagoas. Revista Agrícola. 1901
49
mem, o qual sendo legalmente livre, vive entretanto miseravelmente. (53) Che-
gamos assim, hoje em dia, com o problema do salário mais aggravado. E como con-
sequência desse nivel baixo do valor do trabalho, a subnutrição das massas ru-
raes é uma affronta aos foros de civilização, da civilização agraria açucareira.
Civilização que foi innegavelmente no tempo, um dos paradigmas de civilização
americana. Porem muito distanciada, mesmo hoje, da comparação das duas civi-
lizações occidentaes: —
da Europa e da America. Se "a Europa desperdiça os
homens e economiza as cousas e a America gasta as cousas e economiza os ho-
mens" (54) na civilização americana do açúcar, o homem é'annullado, se perde.
Não porque haja perdido aquelle motivo de vangloria do francez de produzir com
personalidade, (55) não, que com a technica moderna de producção desappare-
ça completamente "uma certa concepção de homem, associado no pensamento á
própria idéa de civilização" (56) mas por se tornar um autómato mal pago, mal
nutrido, insatisfeito, trabalhando deficientemente, recalcadamente irado, pela
contingência do seu próprio viver. Como Índice da subnutrição do homem que
trabalho nos campos de canna de açúcar, basta citar que em 1849, em Pernam-
buco " o jornal médio de um homem é 640 réis; o homem socialmente considerado
é a reunião de tres pessoas, marido, mulher e filho; e o primeiro é quem suppor-
ta o máximo de trabalho, o trabalho de permuta que a todos vae supprir. Suppo-
nho que cada um coma uma libra de carne por dia, não passando esta de dez
patacas a arroba, em carne gastará 300 réis; se ajuntarmos 80 réis de farinha,
e 20 reis de lenha, teremos que o homem gasta em comida 400 reis por dia. (57)
Não houve nenhuma melhoria no gasto "per capita" do trabalhador da zona
açucareira do Nordeste. E hoje como naquelle tempo "a carne sêca, o peixe sêco
e salgado e a mais das vezes arruinado, a farinha sem gomma, a má comida, a
má dormida, a má casa, a fazenda arruinada, são os productos que consomem o
pobre; além da diminuição que é obrigado a fazer para acommodar-se". E du-
rante auasi um século após esse estudo, o homem mais se enraizou á fatalidade
económica da monocultura e do latifúndio. Perde-se dentro delle. Amesquinha-se,
se entorpece. Definha. Definha oorque amsi não come, porque tem que trabalhai
a baixo salário. Num inquérito que ph mesmo procedi entre trabalhadores da
Central Leão Utinga, Usina Santo Antonio e Usina Capricho, no Espado de Ala-
goas, usinas que pela grande, media e pequena capacidade, dão uma media de
potencia económica e productora, encontrei números que seria criminoso guardar
oelo receio de poder ferir susceptibilidades. Aliás os números e resultados que en-
contrei nas tros usinas nortistas retratam a fisionomia do trabalho em quasi to-
das as zonas açucareiros do paiz. Das fichas que compuz em 1934, transcre-
vendo algumas delias, ter-se-á uma impressão do nivel de vida do nosso traba-
lhador livre. Tomando-se em consideração as principaes despesas de alimentação
em seus valores de acquisiçõo, tomando em consideração os gastos com aguar-
dente e fumo, finalmente chegamos a uma dolorosa conclusão quando verificamos
o estado civil e o numero de filhos em funcção do salário.
Eis o quadro:
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A apuração envolve cento e treze pessoas —
o trabalhador e sua família —
havendo um gasto semanal de 3531200, nos géneros assigna lados. Quer dizer um
gasto "per capita" de 446 réis. E' mais incrível, se deduzirmos os vicios. Encon-
traremos 413 réis. E se calcularmos somente o valor dos géneros de alimentação,
encontramos um gasto "per capita" de 395 réis. E' preciso notar ainda, que os
dados do custo dos géneros alimentícios foram tomados antes da alta vertiginosa
dos preços.
52
calorias (62) kilo, dá um total de 148 calorias "per capita", tomando-se
por
em consideração os trabalhadores e sua tamilia —
isto é, 113 pessoas. Em idênti-
cas condições, a farinha de mandioca, ao preço de |980 o kilo e com 3.655 calo-
rias o kilo, aò um total de 320 calorias "per capita". O bacalhau, valendo o kilo
3$840, dá para cada pessoa 23 calorias, sendo de 1,692 calorias, a receita de um
kilo desse alimento animal conservado.
O xarque, cujo numero de calorias por kilo é de 3.138 calorias ,ao preço
de 2$500 o kilo, dá "per capita" 139 calorias.
O açúcar bruto com 3.772 calorias, ao preço de 1 $320 o kilo, dá "per ca-
pita" 124 calorias.
(62) — O valor nutritivo dos alimentos é calculado segundo determinações do prof. Alfrrrio
A. de Andrade. Quadro publicado em "O problema da alimentação no Brasil".
53
mente, já existem algumas excepções, demonstrando o interesse pela elevação
do nivel de vida do trabalhador.) Para a victoria da machina na industria açu-
careira se amesquinhou, se diminuiu, se desprezou, se annullou o homem. Para a
redempção do homem seria incrível a destruição da machina. Mas, indagar-se-á,
porque é um sub-nutrido o trabalhador rural? Por causa da indolência, por causa
da falta de organização, pela ignorância. Mas, se não trabalha ptrque não come,
se não trabalha porque é doente se não come porque não trabalha, o que de
positivo é necessário que se diga, é que é preciso interessar esse homem apático
á terra, melhorar o seu sjandard de vida, libertal-o duma escravidão que ama-
nhã, a incúria, o desprezo, a má vontade ou o medo de encontrar solução para
problemas dessa natureza, trarão, além de dias amargos, pesadas consequências
para o nosso erro.
"Desta analise concluímos que não é dos melhores o viver da nossa popula-
ção rural.
"Com este estudo,! tenho em mira mostrar a todos o soffrimento estóico, deste
batalhão crioulo que sustenta á custa da própria vida, a nossa occidentalissima
civilização egoísta. Alicerçadores anónimos e intemeratos do nosso progresso, os
successores da infeliz raça escrava, escrevem uma pagina fulgurante de heroísmo
na palha de canna dos nossos engenhos e um trecho commovente de dôr, nos
escalvados boqueirões do sertão nordestino" (63).
54
.
Pernambuco 100
Alagoas 101
Sergipe 106,9
Bahia ~
119,6
Campos 151,4
Minas 149,0
São Paulo 221,5
Quer dizer que os salários em Campos, Minas e São Paulo, são respectiva-
mente superiores aos de Pernambuco em 51,4 %, 49 % e 121,5%.
(64; Em Pernambuco, foram tomados para a mérjia os saiarios ruraes em 1936, das se-
guintes usinas: Aripibú, Bom Jesus, Central Serro Azul, Cucau, Olho d'Agua, Santa
Theresa, São José, Serro Azul, Santa Theresinha de Jesus, União e Industria,
Uruaé e Tiuma.
Em Alagoas, a média foi obtida com os saiarios ruraes das usinas Central-Leão,
Em Sergipe as seguintes usinas deram a média dos saiarios ruraes: Antas, Aroei-
ra, Belém, Bôa Sorte, Bôa Vista, Carahibas, Castello, Cedro; Central, Cruanha,
Cruzes, Escurial, Flor do Rio, Itaptroá, Jordão, Matta Verde, Outerinho, Palmeira,
Bom Jesus, Coruripe, João de Deus, Santo Antonio e SanfAnna.
Francisco, S. José, Salobro, Santa Maria, Santo Antonio, S. Carlos, S. Luiz, Serra
Paty, Pedras, Porto dos Barcos, Priapu', Rio Branco, S. Domingos, S. Felix; S.
Negra, Tijuca, Timbó, Várzea Grande, Varzinha e Vassoura.
Na Bahia, o salário foi obtido com a media dos saiarios das seguintes usinas:
Acutinga, Alliança, Cinco Rios, Paranaguá, Passagem, Pitanga, Santa Elisa, Santa
Luiza, São Bento, S. Carlos, e São Paulo.
Em pampos, foram tomados os saiarios das seguintes usinas: Conceição, Cupim,
Laranjeiras, Mineiros, Poço Gordo, Queimado, SanfAnna, Santo Antonio e S. José.
Em Minas, as seguintes usinas deram a media dos saiarios ruraes: Anna Flo-
rência, Adriadnopolis, Bôa Vista, Bomfirh, Malvina Dolabella, Maria Sofia, Pedrão,
Rio Branco, Santa Cruz, Santa Theresa, Santa Helena, S. José e Ubaense.
Em São Paulo, a média dos saiarios foi obtida com os saiarios ruraes pagos pi ias
seguintes usinas: Amália, Barbacena, Capuava, Costa Pinto, Esthc-r, Pui!
quara, Junqueira Lambari, Monte Alegre, Piracicaba, Santa Cruz; Tamolo e Vas-
sununga
55
A razão dessa differença reside entre outras causas, no factor geográfico
da localização dos centros de producção no Nordeste, longe dos centros de dis-
tribuição e consumo.
Pernambuco . . 36,0 %
Campos 29,1 %
Alagoas 18,3 %
Sergipe 10,4%
Bahia 3,9%
Parahiba 1,2%
Diversos 1,1 %
Cabe, portanto, o primeiro logar a Pernambuco, que teve no decennio, sobre
Campos, uma ascendência no açúcar distribuído, de 23,7 %.
56
A amo dt 1935 apresento um aspecto completamente diffe-
distribuição no
rente do decennio. Pernambuco passa para o segundo logar^ com a
melhor collo-
cação ae Campos. Alagoas praticamente perdeu seu
mercado no Districto Fe-
deral, tal o decréscimo que affectou sua
exportação/para esse grande centro
consumidor, em 1935. O volume total das entradas foi de 2.059.024 saccos, as-
sim distribuídos:
Campos 38,6 %
Pernambuco 35,3 %
Sergipe 14,5 %
Alagoas 4,4 %
Bahia 4,3%
Minas '
0,5%
Parahiba 0,3 % |
Diversos 2,1 %
57
Em 1936, as entradas de açúcar no Districto Federal attingiram a 1.958.755
saccos, com a seguinte distribuição, de accordo com as procedências:
Bahia .. 0,3 %
Parahiba 0,07 %
Diversos 0,13%
Decennio
Estados 1925|34 1935 1936
58
cennio 1925|1934. E Minas Geraes augmenta em 1936, de 54,4%, em relação ao
anno cnterior.
Assim temos:
São números que merecem e precisam ser meditados pelos que querem e
têm o dever de salvar a economia açucareira de Pernambuco, e em summa do
Nordeste, que está seriamente ameaçado de mergulhar na miséria, consequência,
entre outras causas, da fatalidade geográfica, que o collocou a uma grande dis-
tancia dos centros de consumo. De Maceió a Santos por exemplo, as despesas de
um sacco de açúcar á base de 72$000 o sacco Cif Santos, são:
Banco 14 %
1 1
Alvarengagem $510
Trapiche (Norte) $^00
Frete 5$090
Lucro do Exportador $500
1
13|730
Para o productor sulista, isto é, paulista ou mineiro, basta que o lucro por
sacco de açúcar seja o valor do transporte e demais despesas de exportação, para
que a industria açucareira seja um lucrativo negocio. De forma que, o productor
nordestino tendo que enfrentar concorrência tão forte, tem que accelerar a raciona-
lização de sua producção cannavieira.
59
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Verificamos por esse bem elaborado mappa, que o salário dos trabalhadores
nacionaes, durante o quinquennio, por sacco de açúcar foi de 451 réis, o dos en-
genheiros electricistas e mecânicos, estrangeiros, de 405 réis e o do chimico,
igualmente estrangeiro, de 453 réis.
Quer dizer que o salário de um único homem foi superior ao dos operários
de 14 secções da fabrica. E se computarmos a somma dos salários dos engenhei-
ros mecânicos, electricistas' e do chimico, verificamos que é superior 47,5 ao %
total dos salários de todos os operários nacionaes. dentro da fabrica.
Culturas 6$591
Administração geral 4$441
Colheita 2$235
1 3$267
Cultura 6$050
Administração geral 5$Q67
Colheita . . . .
2 $ 324
13$441
foram de 23$000. O lucro agrícola, pois, por tonelada de canna foi de 9$559.
11 $525
61
Causa naturalmente admiração a capacidade de organização de uma usina
modelo, como a Central Leão, que conseguiu através de sua technica agrícola,
com bôa semente, com trabalho agrícola sob base scientifica, com adubação e
irrigação, um rebaixamento tão considerável no custo de producção da canna de
açúcar, a ponto de equiparar seu custo de producção da tonelada de canna, com
o das usinas de Campos e S. Paulo.
Mas o que causa certa estranhesa é que com tão grande lucro agrícola,
não houve nenhuma melhoria no standard de vida do trabalhador rural. Concorreu
esse lucro somente para a ampliação dos seus vastos domínios territoriaes na zona
da Matta. A Central Leão absorveu, agora, as usinas Páo Amarei lo e Esperança,
com um limite de producção de 81.842 saccos, com todas suas zonas agrícolas.
Chegaríamos assim, a um resultado paradoxal: —
a racionalização da. pro-
ducção é factor de ampliação do latifúndio açucareiro, em nada melhorando a
vida do trabalhador rural. Para se poder aquilatar o desprezo absoluto por esse
problema económico, social e biológico, basta que se estudem os números que se-
guem, e que representam o salário por dia e por trabalhador, por cada secção de
uma usina no Norte, o valor por hora de trabalho e o numero de horas de traba-
lho precisas oara acquisição de géneros de Drimeira necessidade:
4$512
Distillaria . . , 4$845
Turma volante 2$409
Despezas geraes 3$491
Empregados 12|004
Média 4$260
Estrada de ferro
Conservação (Média) 2$937
Trabalhadores de campo
Engenho A 1$959
Engenho B 2$1 60
Engenho C 2$393
Engenho D 2$462
Engenho E 2J107
Média 2$270
62
Amédia geral das 3 categorias de trabalhadores é de
3|155.
Noestudo de horas de trabalho na acquisição de géneros de primeira
ne-
cessidade, tomo como valor desses géneros, os verificados
na praça de Recife
dyante o mez de marça de 1937. Os preços são:
"
Farinha de mandioca $980
Feijão 1$045
Kerozene $700 a garrafa
Milho $560 o kilo
Ovos - 2$400 a dúzia
Pão 2$000 o kilo
Sabão azul 1$900
Sal '
. $400
Vinagre $560 a garrafa
63
Ha uma observação a notar: apesar de só serem precisas 1,4 horas de tra-
balhe para acquisição de um ki lo de milho, existe uma como que indiosincrasia
pelo milho, na zona cannavieira do Nordeste. Porque "o horror á lembrança da
escravatura, por tudo que fizesse perpassar num instante fugaz, o quadro hor-
rendo pela mente do trabalhador livre, é o motivo da ogerisa, verdadeira indio-
sincrasia pelo milho, de grande relação nutritiva, substituído pela farinha d'agua
de mandioca, somente porque o angú de milho foi a base da alimentação do
escravo no eito. E, á proporção que se sae da zona de distribuição e actividade,
onde viveu mais intensamente a raça africana, o regime alimentar irá passando
cie farinha para o milho, a tal ponto, que no sertão, esse precioso cereal é a base
da alimentação popular. Somente a mórbida hereditariedade, teria força bas-
tante para desviar até a própria base da alimentação do nosso homem rural, a
ponto de tornal-o fisicamente menos efficiente, pela impressão que através das
gerações ficou sulcada no sub-consciente, como um brado de revolta, como um
grito ousado de independência que as contingências da vida suffocaram ou que
fatalidade do destino emmudeceu". (66). De tudo, não resta duvida porém, que
a principal causa da sub-nutrição é o salário. Salário somente, quasi compará-
vel ao do indigena da tribu dos Kavisondo cuja "falta de energia é compensada
pela pouca elevação dos salários (10 shillings por mez e mais uma ração alimen-
tar de farinha de milho" (67)
Precisamos sei sinceros e convir, que não é justo que não se procure um
meio de ser resolvida, entre nós, uma questão tão séria e tão complexa. E* que
não pôde, nem deve perdurar uma situação angustiosa, da qual ninguém quer
se aproximar siquer, com receio de fazer doer a explanação de um assumpto por
demais melindroso. Mas, o perigo reside em adiarmos o estudo do problema. A
quem cabe a culpa directa de um standard de vida tão baixo, e de salários tão
aviltantes?
64
.
O documento que tão bem retrata essa directriz, é o contracto firmado por
Keller & Cia., com a Província de Pernambuco para a construcção de ires enge-
nhos centraes, dos quaes um seria em Agua Preta. Firmado o contracto pelo ba-
rão de Lucena, os fornecedores capitão José Alves da Silva, padre David Madei-
ra, Sebastião Alves da Silva e sua mulher, major José Francisco Coelho e sua
mulher e o dr. Manoel de Barros Wanderley e sua mulher, assumiram por con-
tracto de 30 de abril de 1875 o compromisso do fornecimento de cannas. Os in-
corporadores não eram agricultores e se compromettiam a adquirir as cannas no
^centro" de cada terreno de producção" e a base de compra era "na razão de
cinco e meio por cento do açúcar sobre o peso de canna,. calculando-se esta base
pelos preços correntes do açúcar bruto —
não purgado, sêco e de primeira qua-
lidade, ou na de 7 réis por kilogramma de canna, tudo isto quando não haja en-
tre os contractantes e os fornecedores de canna estipulações ou ajustes em
contrario"
65
cortando morros, em busca de íenha e também em busca de novas terras. Terras
para garantia da matéria prima e para "fechar zona".
66
. .
1925|26 .. '..
240 usinas
1926127... . . . 249
1927|28 261
1928129 279
1929j30 298
1930|31 302
1931 132 307
1932|33 298
1933|34 ,.. . 290
1934(35 296
1935|36 300
1936137 . .
.•
295
Bahia 17 16 15
Alagoas 21 23 22
E. do Rio 27 27 28
Minas Geraes. . 21 21 23
S. Paulo 32 32 34
Pernambuco . . 62 63 59
Sergipe 82 80 76
67
Classificando os diversos Estados productores, de accordo com o volume de pro-
ducção em relação ao numero de Usinas na média do triennio, verificamos:
68
Figura 1
o açúcar do Nordeste, avança também no progresso industrial açucareiro e prin-
cipalmente na lavoura cannavieira, onde os methodos de trabalho, precisam ser
imitados. S. Paulo não tendo attingido em 1934|35 o seu limite, apresenta na
média de producção geral do triennio uma insignificante differença de 979 saccos
de açúcar por fabrica em relação á sua capacidade pela limitação, correspon-
dendo essa differença, a 1,5%.
69
6 — A Republica do Perú, para a producção média das sa-
"
fras de 1933 e 1934, dá uma capacidade por fabrica, de 227.425
70
navieira,que já possuindo innumeras variedades, no entretanto não se aclimatavam
bem. Annunciava-se officialmente a obtenção de novas variedades de cannas, con-
seguidas da germinação das semente. Parece que a primeira noticia documentada
'
sobre cannas obtidas expontaneamente da germinação da semente, se encontra
numa carta de Paris, de 1859, publicada em "Barbados Advocate". Esta desco-
berta foi confirmada ainda. nessa possessão ingleza. por Drumm, em 1869, no
"Agricultura! Report". (69).
Segundo informa dr. J. Jeswiet (70), em 1862 Noto Hami Prodjo, cidadão
Javanez, conseguiu algumas variedades de canna de açúcar, obtidas por via se-
xual, publicando uma noticia no "Journal of Science for Netherland índia". Em
1885 Soltwedel tratou de conseguir semente da espécie silvestre de Saccharum
spontaneum, produzindo vários seedlings da mesma, proseguindo o estudo durante
o anno seguinte, das variedades de canna da Mauricio, pertencentes ás espécies
Saccharum officinarum e das cannas Loethers, bem como das sementes da co-
nhecida Giong-gong, do género Erianthus. Em 1887 tentou vários cruzamento
entre as variedades Loethers e a Saccharum Spontaneum, castrando as flores de
ambas. Se bem as experiências não tenham dado resultados satisfatórios, porém
ficou pela primeira vez patenteada a possibilidade da fecundação artificial. Nesse
mesmo anno o doutor Ostermann obteve em Java, sementes de uma canna ja-
vaneza, provavelmente a Ardjoena. Nesse periodo', Sa Itwedel conseguiu seedlings
da Saccharum officinarum e de uma canna rústica hawaiana, cujo nome se ignora.
Concomitantemente Harrisson e Bovel em 1889 obtinham em Barbados novas va-
riedades. As experiências de Soltwedel tiveram como continuador Moquette, que
conseguiu innumeros seedlings da canna Fidji, e até 1892 conseguiu reunir 5.000
71
des pertencentes á espécie Saccharum officinarum, outras promoveram o soergui-
mento da industria açucareira jav<Jneza, jx>rém, todas ellas eram susceptíveis ao
mosaico e ao sereh.
—
foram os primeiros que conseguiram o cruzamento com a canna silvestre, encon-
trada por M. Kruger no vulcão Moeriah, a Kassoer (70 A). As cannas obtidas por
esse cruzamento, desde o principio demonstraram immunidade ao mosaico e ao sereh,
se bem que apresentassem um baixo conteúdo de açúcar.
36, 139, 228 e 234. Após uma longa série de variedades obtidas pelos geneticistas,
principalmente de Java, em 1910 Wilbrink torna a cruzar a Kassoer, fecundando
a "Alistada Preanger", a Cheribon Negra e a P. O. J. 100. Do cruzamento da
P. O. J. 100 x Kassoer, foi obtida a P. O. J. 2364. Em 1917, feito o cruzamento
da P. O. J. 2346 com a E. K. 28, foram conseguidas as variedades P. O. J. 2714,
P. O. J. 2722 e P. O. J. 2725, a P. O. J. 2878 e a P. O. J. 2883. Todas ellas
ricas de açúcar, erectas, de raizame forte e commercialmente immunes ao mo-
saico. E a ilha de Java através dos esplendidos trabalhos da genética vegetal lan-
çou ao mundo uma nova ordem na economia açucareira, possibilitando um rápido
progresso agrícola e industrial.
72
Cachoeirinha, situado no município de Victorio, depois de uma série
de estudos
conseguiu em 1894, uma variedade de canna que dominou, annos
depois, total-
mente os cannaviaes pernambucanos e alagoanos: a "manteiga", também deno-
minada "sem pello"., "envernizada", "Cavalcanti", "Flôr de Cuba". Ó nome mais vul-
gar é o de "manteiga"» dada sua côr ao attingir a maturidade, sendo arroxea-
da quando nova Os gomos são de mediano comprimento, occorrendo lascaduras
no sentido longitudinal, que porém logo cicatrizam. Em memorial apresentado á
2a Conferencia Açucareira, realizada em Recife, uni estudioso da cultura can-
navieira considera então, o rendimento agrícola da canna manteiga bastante
elevado.
73
No anno seguinte o proprietário da Usina Brasileiro importou as variedades:
Demerara 848, 1.082 e 4.805, e Barbados 1.566, 3.405, 3.675 e 6.450. Em março
de 1910 importou e plantou as variedades, Barbados 3.747, 3.922, 4.578, 6.204,
6.360, 1.108, 2.468, 3.956 e 4.397. Finalmente em julho de 1911 recebeu ainda
as variedades Barbados 3.859 e 6.835.
Logo após a obtenção da canna manteiga por via sexual, no engenho Ca-
choeirinha, pelo agricultor Manoel Cavalcanti de Albuquerque, outro agricultor
pernambucano, sr. Antonio Cavalcanti de Araujo, proprietário do engenho S. Cae-
tano, localizado no município de Victoria, conseguiu também após pacientes es-
74
tudos, uma de variedades de cannas assignalando-as pela ordem alfabética.
série
Existe umavariedade muito rica em açúcar, ainda plantada nos canna-
viaes de Pernambuco —
a S. Caetano —
que é o resultdo dos esforços desse fito-
technista nato. Por essa mesma época, o sr. Jerónimo Alves Varella, cunhado do
senhor de engenho Caetano, obtém a canna Varei la, de bôa germinação e de
S.
notável riqueza. Um
outro agricultor, o sr. João Cavalcanti de Araujo, irmão do
proprietário do engenho S. Caetano, consegue uma bôa variedade de canna, deno-
minada "Lyra" que segundo analises chimicas apresentou resultados satisfatórios,
de pureza e riqueza.
75
Brix % açúcar Pureza
Todas porém viveram uma vida efémera nos cannaviaes do Norte e em aJ-
gumas outras zonas açucareiros do paiz.
76
No Brasil, o mosaico foi assignalarío em sua fase incipiente, pelo sr. José
Vizzioli, no Estado de São Paulo, nos municípios de Piracicaba e Campinas, em
fins de 1923. (71)
192223 ::.v. :
2.233.295
"
1923 24 1-968.353
"
192425 187.532
1925 26 2.418.114
1926 27 2.597.657
"
• •• 3.209.301
1927J28
existen-
O combate ao Mosaico pela selecção da semente das variedades
feito através da acção do Estado e por iniciativa particular.
tes no Estado, foi
também de
As safras da Usina Tiuma, fóco irradiador da moléstia, cairam
safras foram:
maneira accentuada. Assim vemos que a partir de 1921 122 as
1925|26 78.829
1926127 156.750
"
I927|28 189-280
real,
928(29, a producção consegue galgar seu
nível
Somente na safra de 1
em 12 de abril de 1929.
77
c mosaico não produziu em Pernambuco tão profundos distúrbios como o Decor-
rido em diversos centros productores do mundo, bem como en, alguns Estados do
Brasil, principalmente os Estados do Rio e S. Paulo.
e 2883. Em 1930 foram importadas directamente a CO. 213, CO. 290, CO. 312
e CO. 313 provenientes de Coimbatore. Ainda em 1930, recebeu novamente da
Estação Experimental de Piracicaba a P. O. J. 2878 e 2883, da America do
Norte.
78
Variedades
1925 99% 1%
1926 88% 12%
1927 75% 25%
1928 25% 75%
1929 15% 85%
1930 7% 93%
1931 5% 95%
1932 1% 99%
Leão Utinga,
de inteira justiça resaltar o esforço da Usina Central
E'
em poucos annos conseguiu renovar em mais de 70 h
no Estado de Alagoas, que
suas variedades de canna. E' certamente a Usina no Norte que mais conse-
as
guiu na esfera da technica agrícola, a racionalização dos seus traba, ™s de
nessa Central poderemos deduzir ser infundado o
campo E dos dados colhidos
receio de muitos productores nortistas de que a
transplantação, a mudança de
devo a cem
(74) Todos esses dados sobre variedades de cannas em São Paulo
agrónomo Corrêa Meyer.
do ex.director da Estação Experimental de Piracicaba, o
79
1 i
12 P. 0. J. 2873 i n a £
D .
1
1
1
Z ^
JO. l
>
1 C. 0. 290 14 1 1 41
M.Tl1 7ft
lo .
1
1
2 P. 0. J. 2878 17 3 1
1
4
n ."O OZ.5
3 C. 0. 313 1 1 K Q7
j y1.
4 C. 0. 285 1
1
7 D
Z 3 . o .ZU CO O .
5 C. 0. 210 1
1
1 Q
z y .
Q
y .
fid
ot-
6 B. H. 10.12 1 7 Q 1 C 03
91 .4
1 C. P. 27)139 11 .7 8.03 65.8
8 F. L. 29|265 14.5 12.12 80.5
9 Otaheite 13.6 9.64 69.8
10 F. L 29-7 17.1 14.51 82.4
11 B. 3405 14.7 11.19 73.6
12 P. 0. J. 2883 13.3 9.39 68.0
13 D. P. 625 15.2 10.91 70.8
80
11 1 4
B.
'
81
Em 9/T2J36 — . Com 13 mezes
1 C. 0. 290 —
2 P. 0. J. 2878 21 .4 20.08 90.8
3 C. 0. 313 18.7 16.51 85.5
4 C. 0. 285 18.4 16.36 86.1
5 C. 0. 210 21 .1 19.35 89.2
6 B. H. 10.12 23.2 22.48 94.5
7 C. P. 27|139
8 F. L. 291265 21 .9 19.92 88.1
9 Otaheite 16.9 15.59 89.1
10 F. L. 29-7
1 B. 3405 19.3 17.98 91 .3
1
1
7
z. P. 0. J. 2883
13
ij P. 0. J. 625 21 .9 19.37 86.1
1 C. 0. 290 — — —
2 P. 0. J. 2878 21 .8 20.86 91 .8
3 C. 0. 313 19.4 17.88 88.9
4 C. 0. 285 19.6 18.08 89.0
5 C. 0. 210 21 .1 19.88' 90.3
6 B. H. 10.12 23.7 23.33 94.8
7 C. P. 27 139
8 F. L 29 265 21 .8 20.43 90.3
9 Otaheite
10 F. L. 29-7
11 B. 3405 20.0 18.88 90.7
12 P. 0. J. 2883
13 P. 0. J. 625 23.. 22.22 92.5
82
Ante taes números, apresentados pelas P. O. J. e CO. principalmente
por
serem immunes ou altamente resistentes ao mosaico, haverá ainda
quem se ape-
que á "manteiga", com sua baixa pureza e sucrose interior muitas
vezes a 10%?
Como resistir á concorrência se a canna que se esmaga, é inferior em cerca
de
50% da quantidade de saccarose contida nas cannas dos cannaviaes paulistas
e fluminenses?
Os productores tinham o café que dava para tudo, inclusive para a compra
do açúcar de Pernambuco ou Alagoas.
83
Safras S. Paulo Estado do Rio Minas Geraes
925126
1 155 348 ses 861 070 çrs OZ. . UOO bLS
" "
1926127 375 930 1 467 800
" " "
1927128 652 867 1l
.
38^
177í DOrJ 1 Q Ql
1 1
"
1 928 29 945.980 opn 434 v Ql 1111
y/. ZZ
"
.
" "
1 930(31 1108 510 1 34S ?Q7 TO D^O
1 .
" " "
1931 132 1565 824
. .
1 7DS 100 177
\1 1
C\C
Uo .
1
84
Calculado a augmento da safra nos dois extremos dos doze
annos de pro-
ducçáo, verificamos que a producção pernambucana caiu
5,9%, a alagoana augmen-
tou 39,2% e a sergipana augmentou 53,6 %.
São Paulo •
1,. 295. 457 saccos
Estado do Rio 1 .605.768
Minas Geraes "
192.442
"
Pernambuco 3.427.709
Alagoas 896^675
Sergipe 490.190
Quer dizer que o Sul açucareiro teve uma producção média nos doze annos,
de 3.093.667 saccos annuaes, quando em Í925|26 essa producção era de .098.506 1
O Sul açucareiro, na média dos doze annos tem um augmento sobre a safra
de 1925|26, de 181 % e uma differença de 41 %em relação á safra 1936|37.
E o Norte açucareiro, na média dos doze annos, tem um augmento sobre a
safra de 1925|26, de 56% e em vez de uma differença como no Sul açucareiro, um
augmento de 44% em relação á safra 1936|37.
85
pQm se ex P |iCQ
plenamente o actua! f&l
Fenómeno paulista
= nomeno açucareiro
que demonstra a
possibilidade de deslocar o eixo da producção
i"
paulista,
O
Estado de S. Paulo praticamente não tem tradição açucareira. Mesmo se
se concordasse em dar ao grande Estado a prioridade da fundação do engenho de
açúcar, discordando da forte argumentação de Freire" Al lemão e da prova real dç
pagamento de dízimos de açúcar pernambucano entrado em Lisboa, acceitando
assim a these de Frei Gaspar de que o engenho São Jorge "foi o primeiro que hou-
ve no Brasil e delle sairão cannas para as outras capitanias brasílicas", esse facto
teria um valor puramente histórico. Porque em São Paulo, o engenho de açúcar
não logrou crear uma fisionomia como a do Nordeste açucareiro. Depois da esta-
bilidade do homem branco
no sólo paulista, não se fundou uma élite conserva-
aora, estável. O bandeirante, emquanto no Norte se fundava uma
paulista foi
economia, uma civilização fixando homens, forjando! riquezas, appropridndo a
terra para funcção productiva.
Em São Paulo, em 1548, havia 6 engenhos e ao findar ainda esse século, a in-
dustria açucareira regredia.
"Em S. Vicente segundo Bleau, no fim do século XVII o panorama era ainda
de atrazo. Setenta casas com uma centena de habitantes portuguezes e nortis- —
tas. Tres ou quatro engenhos de açúcar."
O
século XVIII, trouxe uma maior prosperidade para S. Paulo e ao findar
esse século a agricultura "acha-se em hum progresso muito grande, de sorte que
se pôde dizer que se acabou a preguiça de que geralmente era accusada a Ca-
pitania de S. Paulo.
caixas de açúcar, 805 feixos e 130 caras de açúcar, ou a dos engenhos da Bahia
86
ZT^Z^O niT F° $2J'
C 17 826 CQÍXQS 6 109 feixos de Q
-
,
° exp0rtaçâo do °^
<W ™ valor
car P Qulist a fôra de 88.435
(78?
orrobas
87
Em São Paulo, 1818, já quando se notava um surto bem accentuado de
em
progresso, o principalcentro productor de açúcar era Campinas onde havia "no
termo desta Villa sessenta engenhos, contando com os do fabrico de aguardente;
quinze dos quaes são movidos por agua; e outros muitos se podem levantar por
esta maneira commoda. O principal senhor de engenho he o Coronel de Milícias
Luiz Antonio de Souza Macedo Queiroz, morador em São Paulo, homem ajudado
pela fortuna de hum modo espantoso, e que possue huma das mais solidas casas do
Brasil; só elle, em Campinas, tem dezeseis engenhos, hum dos quaes lhe rendeu
em 1817, nove contos; a sua colheita annual não desce de trinta mil arrobas d'as-
sucar, e a renda da sua casa anda em oitenta mil cruzados". (80) Às trinta mil
arrobas de açúcar de producçâo annual, distribuídas pelos dezeseis engenhos, dão
uma média de .874 arrobas por engenho, quando o engenho Salgado safrejava
1
cinco mil arrobas. Certamente a grande maioria dos engenhos de São Paulo se
approximava dos descriptos por Saint Hilaire, em Cachoeira: "A canna de açúcar
e o café são os dois productos que mais se cultivam nessa comarca. Vêm-se enge-
nhocas de açúcar mesmo perto de casas que não indicam senão a indigência". Em
todo caso, os engenhos eram em grande numero, accusando em 1808 uma prc-
ducção de 122.993 arrobas de açúcar, em 1813 uma exportação de 578.657 ar-
robas.
88
)
No Norte, o fornecedor —
antigo senhor de engenho, com alto standard
de vida; sem luxo, porém vivendo decentemente; installado na vida e precisando
viver a sua época, dentro das commodidades que a civilização creou. No Norte a
tradicção açucareira determinando motivos e exigindo uma apresentação. E num
meio em que o' rendimento agrícola é baixo, a semente de canna má, a technica
agrícola atrazada, o custo de producção portanto elevado, o preço da canna jamais
satisfará. Dahi os aborrecimentos constantes, os maf-entendidos permanentes, o
ta que por vezes tem explodido, entre usineiros e fornecedores.
89
Para contrapor ao fornecedor de canna do Nordeste, tem a industria açu-
careira paulista o colono. As tabeliãs de cannas dos Estados, principalmente as
de Pernambuco, e São Paulo pedem um estudo pormenorizado, para uma explica-
ção mais clara do fenómeno paulista.
Com odvento do usina Q PP Q,eceu um
Tabeliãs de compra '
dj a de —canna
-—
problema que nos tempos
K 1 K
era bastante simples.
do enqenho banquê
Nesse tempo o lavrador
, ,
peso da canna, calculando-se esta base pelos preços correntes do açúcar bruto
— não purgado —
sêco e de primeira qualidade, ou na de 7 réis por kilogramma
de canna, tudo isto quando não haja entre os contractantes e os fornecedores de
cannas estipulações ou ajustes em contrario". Para evitar qualquer compressão
da Companhia sobre os fornecedores, ficou estabelecido em clausula contractual,
4ue toaos os contractos seriam apreciados e approvados pelo presidente da
Província.
90
bre o peso< sendo tal desconto applicado á carga total do vagão, mesmo quando
a canna roxa estiver misturada com outras de qualidades differentes".
91
Considerando que o mais antigo órgão da lavoura do Estado, ou seja
a Sociedade Auxiliadora da Agricultura já se pronunciou desde 1927, pela
intervenção do poder publico no caso em apreço;
DECRETA:
Art. o —
Para o effeito de pagamento de cannas pelas usinas aos
I
Art. 2
o —
O frete é referente ao sacco de açúcar de sessenta kilos
transportado por barcaça ou via-ferrea, não sendo computada neste calculo
a despesa de transporte pelas usinas nas linhas de sua propriedade.
Art. 3
o —
As usinas pagarão as cannas postas nos seus carros, de
accôrdo com a média dos preços máximos de açúcar cristal em cada quin-
zena, de conformidade com as cotações obtidas e verificadas pela commis-
são de síndicos na praça de Recife.
§ I
o —
Até o preço de oito mil novencentos e noventa réis (8$990)
por quinze kilos de açúcar cristal, as usinas de primeira categoria pagarão:
— sobre a base de tres mil réis (3$000) por quinze kilos de açúcar, sete
mil e quinhentos réis (7$500) por tonelada de canna e mais trezentos réis
em cada cem réis de oscilação no preço de partida.
tidas.
92
na Usina Petribú, no Estado
Variedade de canna P. O. J. 2878, cultivada
de Pernambuco
Art. 5
o
—O
fornecedor terá direito sobre cada tonelada de canna
fornecida á usina, a. meio litro de álcool e a uma camada
de mel.
6o
Art. —
Assiste aos fornecedores o direito de fiscalizar a
pesagem
de suas cannas nas usinas, pessoalmente ou por meio de representantes.
Art. 7
o
—
O preço das cannas será isento de qualquer desconto, bem
corno serão mantidas as tabeliãs superiores ás estabelecidas pelo
presente
Decreto.
Art. 8° —
As usinas, cujas safras não excederem de quinze mil —
U 5.000) toneladas de canna, poderão pagar menos quinhentos réis que
as
demais da categoria a que pertencem.
An. 9o —
O presente decreto, que será submettido á approvação do
Governo da União, entrará em vigor da data de sua publicação, até que se-
jam estabelecidas as bases para definitiva regulamentação da espécie.
Art. 10° —O
Governo do Estado nomeará dentro de dez (10) dias
uma commissão composta de representantes do Estado e das classes
interessadas para assentarem as bases definitivas das tabeliãs de paga-
mento de cannas.
Art. 1 I
o
— Revogam-se as disposições em contrario".
Nos demais Estados cada usina tinha sua tabeliã, elevando-a ou abai-
xando-a de accordo com a quantidade de cannas durante a safra. Na Bahia, o
Sindicato Açucareiro desde 1920 estabeleceu uma tabeliã que perdurou até 1936.
Tabeliã que em si não era má, no entanto perdia a possibilidade de con-
trole pela originalidade da formula para se encontrar a média dos preços.
Os preços de açúcar- correspondiam á média dos preços durante o mez, de açu
o
car de o e 2o jactos, na proporção de 70% para o o e 30% para o 2
I
não I ,
93
sal do açúcar? Se no período da safra, pela super-abundancia da producção nos
mezes de outubro a fevereiro, já existe um recalcamento de preço, porque de-
vera influir nelles um estoque cuja tendência é a valorização automática na
entre-safra?
Por esses números verificamos que a tabela de São Paulo era muito in-
reriora da Bahia, que por..sua vez era inferior á de Pernambuco. Correspondendo
em São Paulo o preço de 245000 a tonelada a 705000 o sacco de açúcar cristal,
na Bahia idêntico preço por tonelada de canna correspondia a açúcar de 37|200
o sacco.
"Art.
o —
Ficam os proprietários, ou possuidores de usinas de
I
§ I
o —
Para esse fim, os usineiros deverão adquirir a quantidade
correspondente de canna, e os lavradores entrega l-a, no periodo da safra.
§ 2
o —
As obrigações, acima determinadas, não prevalecerão
desde que os lavradores, fornecedores de canna, tiverem deixado de forne-
cer canna á usina de que se trata, durante uma safra, salvo por motivo de
força maior, como sêca, incêndio —
ou innundação, devidamente provado;
e só prevalecerão com a mesma reducção proporciona! de quantidade, que
possa ter soffrido por força dos citados decretos, ou de determinações do
94
Instituto dó Açúcar e do Álcool, a quantidade média de producção de —
açúcar da usina no quinquennio, a que se referem os mesmos decretos.
§3° —
Caso não forneça o lavrador canna em quantidade sufi-
ciente, oude todo não a forneça, o usineiro poderá applicar, na producção
do açúcar, até o limite fixado, canna de sua própria cultura ou de outra
procedência.
2o
Art. —
A transgressão dos dispositivos desta lei, pelo usineiro,
acarretará, de pleno direito, a reducção do limite de sua producção de
açúcar em quantidade correspondente á canna que tenha, indevidamente,
recusado de seu fornecedor, procedendo o Instituto do Açúcar e do Alcooí
na conformidade das leis applicaveis, para assegurar a observância da
mesma reducção e para garantir a indemnização, pelo usineiro, dos pre-
juízos que, por aquelle motivo, soffreu o fornecedor.
Paragrafo único —
Não estando o fornecedor indemnizado até 40 dias
após a apresentação de sua reclamação ao Instituto do Açúcar e do Álcool,
poderá recorrer ao Poder Judiciário, sujeito o infractor a appreensão do
producto, ou, em falta de outros bens, de sua usina, á multa de importância
o
igual ao valor da canna offerecida pelo lavrador, nos termos do art. 5 e
seus parágrafos do decreto n. 24.749, de 14 de julho de 1934, sendo o pro-
ducto da venda dos bens appreendidos applicado, precipuamente, com
preferencia a quaesquer outros créditos, a indemnizar ao fornecedor res-
o
pectivo o valor da canna offerecida de conformidade com o art. e não I
3
o
/\ r f. —
Caso a usina, a que fornecia a canna de suas culturas,
tenha suspendido os trabalhos e se nenhuma outra usina da localidade ad-
quiril-a nas mesmas condições, poderá o lavrador valer-se da faculdade
conferida pelo paragrafo único art. 4°, do decreto n. 24.749, cessando, desde
o
então, para o mesmo usineiro, a obrigação constante do art. I .
/\ rT 40 —
Nos Estados onde não houver, entre usineiros e lavrado-
res tabeliãs de preço do pagamento de canna e sua pesagem, regulamen-
tadas por lei, será organizada uma commissão de cinco membros, compos-
ta de representantes do Ministério da Agricultura, do Governo Estadual, do
Instituto do Açúcar e do Álcool, dos plantadores e dos industriaes, a qual
ficará incumbida da organização das alludidas tabeliãs.
—
Dentro do prazo de 30 dias, da data
Paragrafo único
desta lei
dentro
ficarão concluídos
começarão os trabalhos da Commissão, os quaes
de tres mezes.
Art. 5
o — Revogam-se as disposições em contrario",
incompleto e conruso,
A lei n. 178, denota além das falhas de um trabalho
também o desconhecimento dos legisladores sobre o assumpto.
de cannas:
95
a) — Quando o fornecedor tem cinco annos de fornecimento^o divisor é 5.
96
:
Art. I
o - O
tabellamento do preço da canna do açúcar, bem como
o presente regulamento, revogam os contractos existentes anteriormente, en-
tre lavradores e usineiros.
regula-
§ lo incidem no tabellamento e estão sujeitos ao presente
seguintes
mento, os usineiros que recebem canna de fornecedores, e estes nos
casos
e venda da canna.
97
a) — Lavradores de canna a serviço de usinas, remunerados de ac-
cordo com os contractos de locação de serviços, das leis do
trabalho;
Art. 2
o —
Publicado o presente regulamento, os usinei ros e planta-
dores que desejarem de commum accordo, continuar nas mesmas condições
anteriores têm o praso de 60 dias para communicar tal deliberação ao Insti-
tuto do Açúcar e do Álcool, mediante preenchimento de ficha adequada,
cujo modelo se encontra annexo ao presente, na Collectoria Federal de sua
jurisdicção.
§ I
o — Essa resolução fundamentada
bilateral irá na própria ficha.
Art. 3
o —
O Tabellamento só será applicado ás variedades de canna
de açúcar preconizadas e recommendadas pela Secretaria de Agricultura do
Estado, por seus órgãos competentes, para fabricação de açúcar e desde que
a riqueza theorica minima do caldo não seja inferior a 12%.
§ I
o — Para as variedades differentes, anteriormente fornecidas,
prevalecerá o tabellamento até á próxima renovação das
lavouras quando deverão ser substituídas.
§ I
o — Vigorará para os cálculos de pagamento a fornecedores, por
tonelada de canna, entregue, nas balanças ou carregadei-
ras de ferrovias das usinas, a seguinte tabeliã progressiva:
98
A' cotaçõo do preço de açúcar crista! do Estado na Bolsa de Mercadorias de
São Paulo — sacco de 60 kilos —
do disponível., corresponde no preço a ser pago
por tonelada de canna:
18$400
C\ A íTb (~\f\
41 $500 18$600 42$000 18$800
f\
-4 í^i ífi /~i f~\ a OdPAAA 19$200 43$500 19$400
42$500 19$000
a a #cr AA
44$000 19$600 44$5U0 19$800 45$000 201000
45$500 20$200 4o$000 20$400 46$500 20$600
47$000 20$800 47$500 21$000 48$000 21$200
s\ a r\ r\(D>AAA 21$800
48$500
c\-4
21 $400
Lin á
49$000 21$600 49$500
CAÍI»KAA 22$200 51$000 22$400
50|000 22$000 50|5UU
51 $500 22$600
EfOtíPAAA
52it>UUU 22$800 52$500 23$000
53$000 23$200 23$400 54$000 23$600
Cf CTA AA
dl»
24$000 55$500 24$200
54$500 23$800 55$000
56$000 24$400 5o$500 24$600 57$000 24$800
57$500 25$000 58$000 25$200 58$500 25$400
AíH>Cf aa 26$000
59$000 25$600
cr
59$500 25$800 601000
AH ÚT>AAA 611500 26Ç600
60$500 26$200 61 $000 26$400
o2$000 2b$õ(JU 27$000 63$000 27$200
27$400 64$000 27$600 64$500 27$800
63$500
65$500 28$200 66$000 28$400
65$000 28$000
67$000 281800 67$500 29$000
66$500 28$600
68$000 29$200 68$500 29$400 69$000 29S600
69$500 29$800 70$000 30$000 70$500 30S200
71 $000 30$400 71$500 30$600 72$000 30S800
31$200 731500 31 $400
72$500 31 $000 73$000
74$500 31$800 75$000 321000
74$000 31 $600
76$000 321400 76$500 32$600
75$500 32$200
77$000 32$800 77$500 33$000 78$000 33f2
79$000 33$600 79$500 33$800
78$500 33$400
80$000 34Ç000
99
§ 2° — Quando a balança da usina ou os pontos de carregamento
dos vagões estiverem localizados a mais de 5 kilometros das
plantações actuaes e sendo inevitável o transporte por conta
do lavrador, serão os preços da tabeliã constante do para-
grafo primeiro accrescidos de Rs. $400 (quatrocentos réis)
por kilometro a percorrer, excedente áquelle limite, não
estando incluídas neste beneficio as novas plantações a dis-
tancias maiores do que as actuaes. A fracção única do kilo-
metro a ser considerada será a de 500 metros, á razão de
$200 (duzentos réis).
§3° — Não possuindo a usina esteira, nem estrada de ferro, e
não dispondo de meio rápido para descarga da matéria
prima trazida por seus fornecedores, por meio de trans-
porte, cuja demora na descarga influa no encarecimento
do frete, deverá haver ainda uma majoração na tabeliã
constante do art. 4 o para cobertura dos prejuízos decor-
,
§ I
o — Em todo fornecimento de canna, independentes destas
condições o usineiro terá direito a um desconto no peso
bruto até 10 °|°, nos seguintes casos:
100
a) — nunca superior a 15% quando as cannas apresentarem
quantidade excessiva de palha, salvo se o plantador pre-
terir a limpeza ou se o usineiro concordar em fazel-o pot
conta do plantador;
b) — nunca superior a 25% quando a entrega da canna tenha
sido retardada de mais de tres dias- da data do seu corte,
salvo se a usina não houver satisfeito dentro do praso pre-
viamente estipulado o pedido de vagão, caso em que não
caberá o desconto, permanecendo, entretanto, a obrigação
do recebimento da canna.
Art. 8
o — As cannas queimadas por fogo, voluntária ou involun-
ranamente, deverão ser fornecidas dentro de 48 horas após
a queima e mesmo assim sujeitas a um desconto especial
de 20%. As cannas queimadas pelo fogo ou peia geada,
tornecidas após esse praso soffrerão um desconto de 30%,
cabendo ao usineiro o direito de regeital-a se a analise do
laboratório da usina indicar que já estão impróprias para
a fabricação do açúcar.
Art. 11
o
—O presente regulamento entra em vigor na data de sua
publicação no "Diário Official" do Estado de São Paulo".
101
açucareira a ponto de tornal-a não só a mais florescente mas a mais resistente,
deixou uma outra região o Nordeste — —
tradicionalmente açucareira, geogra-
ficamente mal situada em relação aos granaes mercados consumidores, se esvair -
do, a comprar uma matéria prima inferior, a preço muito mais elevado que ern
São Paulo.
(83) — caballeria
1 == 33 acres lj3; 1 acre = 4.046m2, 71.
102
Verificamos que o. valor de 24$000 por tonelada de cana, em Pernambuco,
correspondendo ao preço de 33$000 o sacco, vae encontrar em S. Paulo equivalência,
quando o preço do açúcar está a 56§000. Isto é, para os usineiros pernambucanos e
paulistas pagarem o mesmo preço da tonelada de cana, é necessário que a diffe-
rença entre os dois Estados seja de 23$000 por sacco de açúcar. Ainda na ultima sa-
fra, quando Pernambuco teve uma média de preço de 43$000 e S. Pauo 63$91 F ;
E' preciso notar ainda, que não ficaram ahi as vantagens da industria açuca-
reira paulista. As Usinas do grande Estado sulista moeram as seguintes tonelagens
a partir de 1934:
Pareceria assim, que a tabeliã de cenas do Estado de São Paulo é baixa por.
que são poucos os fornecedores. Tal porém, não é um facto real, porque S. Paulo
o que fez foi imprimir á industria açucareira a technica do trabalho trazido da la-
voura caféeira. Em vez do grande fornecedor, o usineiro paulista creou o colono que
de accordo com o art.
o
parag. 2o da tabeHa de S. Paulo, não está compreendido
I
,
nos benefícios do tabel lamento. E com isso ainda mais se avantajam as differenças
porte de colonos, inteiramente esquecidos pelo legislador que creando a lei n 78,
103
nada conhecia dos problemas agrícola, industrial, económico e social da canna de
açúcar.
— II —
Os colonos obrigar-se-ão a plantar, formar e entregar as cannas nas
balanças da Usina ou no local designado pela administração da Usina.
— Ill —
Na pesagem das cannas a Usina fará os seguintes descontos: cinco
oor cento (5%) para
as cannas boas, limpas e maduras, desconto esse cor-
respondente ás amarras; dez por cento (10 %) para as cannas que embora
boas forem queimadas accidentalmente; e trinta por cento (30 %) para as
cannas queimadas propositalmente.
— IV —
As datas de inicio dos cortes das cannas e quantidades a fornecer dia-
riamente serão designados pela administração da Usina, que para isso usará
o critério do tempo para o aproveitamento das soqueiras.
Na proporção que os colonos forem terminando o córte das cannas
obrigar-se-ão a auxiliar os colonos atrasados com o serviço, cujo auxilio será
pago pelos beneficiados, garantido pela Usina, nas bases do preço corrente.
— VI —
expressamente vedado aos colonos vender, onerar ou permutar sua
E'
lavoura sem
prévio assentimento da administração da Usina que concordando,
dará autorização mediante contracto de transmissão.
— VII —
A Usina pagará pelas cannas plantadas, formadas e fornecidas na ba-
lança ou onde designar, o preço seguinte: vinte mil réis (20$000) por mil e
quinhentos kilos (1.500).
104
— VIII —
Os pagamentos das cannas serão feitos na proporção de trinta por
cento (30%) cada fim de mez, calculados sobre as cannas entregues
e o
restante de setenta por cento (70%), sessenta dias depois da ultima entrega.
— IX —
A Usina fornecerá aos colonos terras para plantio de cereaes etc. des
finados ao sustento de suas famílias, cujas terras terão direito na proporção
de cincoenta por cento (50 %) das terras que cultivarem em cannas. A Usi-
na não cobrará fôro, sendo entretanto expressamente prohibido as plantações
intercaladas nas lavouras cannavieiras.
—X—
Os colonos obrigar-se-áo a conservar os pastos e terrenos sob sua guarda
e uso, bem limpos e cercados, assim como manterem em bom estado os cami-
nhos e carreadores de suas lavouras fornecendo a Usina, arame farpado,
grampos e madeiras do matto da mesma Usina, ficando a mão de obra a cargo
dos colonos, bem como a conducção e extracção do material.
— XI —
Nas queimadas das roças ou palhoças, os colonos serão obrigados a
fazer os acêiros de modo a isolar as lavouras visinhas, estrada de ferro Soro-
cabana e outros logares a juizo da administração da Usina, que para isso de-
verá sempre ser avisada, afim de mandar fiscalizar. Os prejuízos que advie-
rem por negligencia ou abusos consequentes, serão indemnizados pelos cau-
sadores independentemente de qualquer formalidade.
— XII —
Os colonos que deixarem de cumprir qualquer das clausulas deste con-
tracto: derem-se ao vicio de embriaguez habitual; promoverem desordens;
participarem directa ou indirectamente em roubos; ou que por qualquer outro
motivo indigno forem autoados pela policia, terão, a juizo da Administração
seus contractos rescindidos.
— XIII —
No caso de rescisão do contracto o colono será indemnizado pelo valor
de sua lavoura e pertences, avaliados por dois peritos, nomeados pelas partei
contractantes e por um terceiro no caso de divergência. Da avaliação será
teito o desconto de quinze por cento (15%) e o saldo pago depois do colono
ter desoccupado a casa e retirar-se da propriedade sem damnificar qualauer
das bernfeitorias. A sua retirada deverá dar-se dentro do prazo máximo de
trinta (30) dias a contar da data da rescisão do contracto, respondendo o co-
lono por qualquer prejuizo que venha causar á Usina na sua mudança.
105
As garantias deste contracto ficarão suspensas no caso de destruição
ou incêndio no engenho e lavouras; gréves; desarranjos ou quebras de machi-
msmos, etc, não se tornando desfarte, os contractantes obrigados a indemni-
zações, pelos prejuízos causados por motivos alheios á vontade da Usina.'''
I
o — O em vigor no começo da safra
presente contracto entrará
de... e extinguir-se-á em
da safra..., podendo continuar por mais
fins
tempo por tacita reconducção, se não houver declaração em contrario de
alguma das partes.
2o —
O preço das cannas acompanha a cotação do açúcar "Cris-
tal "na Bolsa de Mercadorias de São Paulo, no mez do fornecimento, de
accordo com a tabeliã abaixo:
11 $000 15$000
13$000 20$000
14$000 25$000
15$000 30$000
16$000 351000
17$000 40$000
18$000 45$000
191000 50$000
20|000 55$000
21 $000 60$000
22$000 65$000
23$O00 70$000
24$000 75$O0O
251000 80$000
26$000 85$0O0
27$000 90$000
28$000 951000
29$000 1001000
106
O preço do açúcar "Cristal" que servirá de base a esta tabeliã sera
o da média das cotações de compradores do disponível da Bolsa de Mer-
cadorias de São Paulo, publicadas no jornal "O Estado de São Paulo", entre
os dias 20 e 30 do mez do fornecimento.
3
o — As
cannas deverão ser fornecidas limpas, sem pontas nem
barbas, para compensação dos atilhos, serão pesadas com o desconto de
e,
10% em seu peso, como fazem todas así Usinas. Se as cannas estiverem sujas
e com pontas verdes, o desconto será feito ao arbítrio da companhia, po-
dendo até serem regeitadas. Não havendo atilhos, nada se descontará.
4o —
O fornecedor terá direito de assistir a pesagem de suas can-
nas na balança da Usina, não sendo admittidas reclamações depois da
pesagem.
- 5
o
— Os pagamentos das cannas fornecidas pelos empreiteiros á
Usina, serão feitos no mez immediato ao do fornecimento, por occasião do
pagamento geral.
6 o —
Os fornecimentos de cannas não serão interrompidos aos do-
mingos e dias santificados ou feriados.
7o —
O corte será feito mediante entendimento com a gerência da
Usina e será iniciado nos talhões mais adeantados e á margem da linha
férrea, para o competente areií-o. As cannas serão carregadas pelo vende-
dores, na melhor fórma possível e o prazo a contar entre o córte das mes-
mas e o seu carregamento não deverá exceder de 48 horas.
8o —
A Usina fornecerá gratuitamente as pontas necessárias á pri-
meira plantação, não sendo permittido ao contractante desviar canna al-
guma de sua empreitada para qualquer outro negocio, sob pena de rescisão
deste contracto e a multa de rs. 250|000 (duzentos e cincoenta mil réis)
por quartel de canna que tiver sido contractado, a juizo do gerente.
107
10° — O empreiteiro não poderá transferir suas lavouras a terceiros
sem autorização por escripto do director-gerente da Usina.
11° — Na occasião da safra o empreiteiro obriga-se a attender to-
das as ordens do gerente da Companhia, relativas ao córte de canna, e as-
sim como entrará em accordo com o mesmo a respeito do numero de vagões
diários que lhe fôr necessários, para que possa terminar sua safra ao mesmo
tempo que a Usina.
12° —-As terras plantadas com cannas para fornecimetno á Usina,
poderão ser adubadas, porém, a adubação será feita de accordo com a for-
mula indicada pela gerência e sob a fiscalização da mesma. O empreiteiro
informará a gerência, de agosto a setembro, sobre a área a ser adubada.
A Usina fornecerá os adubos, debitando-os aos empreiteiros para lhes ser
descontados nos fornecimentos de cannas".
A O dum
==
equilíbrio politico é resultante equi-
°
líbrio económico. A solidariedade nacional se
attenua quando aos responsáveis pela vitalidade
do paiz escapa a solução de problemas vitaes para uma região.
108
7
109
M. FAZ E M SA
D. A. - NRA G B
-
* 59234 r
COM, INVENTAR!©
: PORT, 114/73
18 NQg '49
— —
tima data carimbada
«aDt'52
Biblioteca do Ministério da Fazenda