Nothing Special   »   [go: up one dir, main page]

Dissertação Maria Madalena Iglésias

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 70

A PERSPETIVA DOS PSICÓLOGOS ACERCA DO SEU

PAPEL NAS EQUIPAS DE CUIDADOS PALIATIVOS

Dissertação apresentada à Universidade Católica Portuguesa para obtenção do grau de mestre


em Psicologia

Especialização em Psicologia Clínica e da Saúde

Maria Madalena Lagoá dos Santos Pereira Iglésias

Porto, julho de 2019


A PERSPETIVA DOS PSICÓLOGOS ACERCA DO SEU
PAPEL NAS EQUIPAS DE CUIDADOS PALIATIVOS

Dissertação apresentada à Universidade Católica Portuguesa para obtenção do grau de mestre


em Psicologia

Especialização em Psicologia Clínica e da Saúde

Maria Madalena Lagoá dos Santos Pereira Iglésias

Trabalho efetuado sob orientação de

Professora Doutora Elisa Veiga

Porto, julho de 2019


Agradecimentos

Quero agradecer à minha supervisora, professora Doutora Elisa Veiga, por todo o
profissionalismo, dedicação e carinho que demonstrou comigo durante estes meses. Sinto-me
bastante grata pelo acompanhamento proporcionado.

Quero agradecer à Doutora Joana Soares e ao Doutor Eduardo Carqueja por me terem
proporcionado um período de estágio enriquecedor a nível pessoal e profissional.

Quero agradecer a todos os participantes do estudo pela simpatia e disponibilidade que


demonstraram ao longo do estudo. As entrevistas foram sem dúvida momentos de enorme
aprendizagem.

Quero agradecer aos meus pais e ao meu irmão por me apoiarem diariamente, me
incentivarem e acreditarem nas minhas capacidades. Ao meu cão, Boss, pela companhia que
me fez durante todo este processo.
Resumo

De acordo com a lei Portaria n.º 66/2018 de 6 de março, os Cuidados Paliativos


consideram-se essenciais a um SNS de qualidade, devendo ser prestados em continuidade, a
todas as pessoas, com doenças muito graves e/ou avançadas e progressivas, que deles
necessitem, onde quer que se encontrem, nos cuidados de saúde primários, hospitalares ou
continuados integrados (Diário da República, n.º 46/2018, Série I de 2018-03-06).

O objetivo geral deste estudo é compreender a perspetiva dos psicólogos acerca do seu
papel nas equipas multidisciplinares de Cuidados Paliativos.

Foi utilizado o método qualitativo que permitiu a realização de entrevistas


semiestruturadas. Foram entrevistados 4 psicólogos clínicos da saúde que trabalham em
Unidades de Cuidados Paliativos no Porto e na Área Metropolitana do Porto, há mais de 3
anos. O tratamento de dados orientou-se de acordo com os princípios da grounded theory e a
sua análise realizou-se a partir do software N-VIVO.

Como resultados salientam-se as necessidades específicas dos doentes e familiares, a


existência de obstáculos culturais e organizacionias, e mudanças necessárias na equipa
multidisciplinar.

Concluindo, a realização deste tipo de estudo é fundamental, pois permite a


compreensão aprofundada do papel do psicólogo nos CP, o aperfeiçoamento das práticas
profissionais e qualidade dos cuidados.

Palavras-chave: Cuidados Paliativos; Papel do Psicólogo; Cuidadores informais; Equipa


multidisciplinar; Necessidades doentes
Abstract

According to the Law no. 66/2018 of March 6, Palliative Care (PC) is essential for the
SNS, and it should be provided in continuity to all people, with very serious and/or advanced
and progressive diseases, whether they are in primary, hospital or integrated continuous care
(Diário da República, no. 46/2018, Series I of 2018-03-06).

The aim of this study is to understand psychologists' perspective and their role in
multidisciplinary Palliative Care teams.

By using the qualitative method, semi-structured interviews were conducted. Four


clinical health psychologists working in Palliative Care Units in Oporto and Oporto
Metropolitan Area for more than 3 years were interviewed. The data processing was guided
according to the principles of grounded theory and its analysis was carried through N-VIVO
software.

The main results are the specific needs of patients and their families, the existence of
cultural and organizational obstacles, and the changes needed within the multidisciplinary
team.

In conclusion, this type of study is crucial, as it allows a deep understanding of the role
of the psychologist in PC, the improvement of professional practices and, therefore, the
quality of care.

Key words: Palliative care; Role of the Psychologist; Informal caregivers; Multidisciplinary
team; Patient needs
Índice

Introdução................................................................................................................................... 7
Enquadramento teórico (Estado da arte) .................................................................................... 8
Papel do Psicólogo em Cuidados Paliativos .................................................................... 10
Necessidades do doente em Cuidados Paliativos e papel do Psicólogo ........................... 11
Necessidades da família em Cuidados Paliativos e papel do Psicólogo .......................... 12
Necessidades dos elementos da equipa e papel do Psicólogo junto dos profissionais ..... 14
Método ..................................................................................................................................... 16
Objetivos do estudo .......................................................................................................... 16
Amostra ............................................................................................................................ 17
Instrumentos ..................................................................................................................... 17
Procedimentos de recolha de dados ................................................................................. 17
Tratamento e Análise de Dados ....................................................................................... 17
Resultados e Discussão ............................................................................................................ 19
Conclusão ................................................................................................................................. 32
Anexos ...................................................................................................................................... 33
Bibliografia............................................................................................................................... 64
Introdução

O objetivo geral deste estudo é compreender a perspetiva dos Psicólogos acerca do seu
papel nas equipas de Cuidados Paliativos.

A Organização Mundial de Saúde (2002) define Cuidados Paliativos (CP) como os


cuidados que visam melhorar a qualidade de vida dos doentes e das suas famílias, que
enfrentam problemas decorrentes de uma doença incurável e/ou grave e com prognóstico
limitado, através da prevenção e alívio do sofrimento, com recurso à identificação precoce e
tratamento rigoroso dos problemas físicos como a dor, mas também dos psicológicos, sociais
e espirituais.

A prática dos CP está a tornar-se cada vez mais essencial, pois quando não existe
possibilidade de cura, os doentes continuam a necessitar de receber cuidados para amenizar o
seu sofrimento e o da sua família. Esta ação não irá possibilitar a cura para o doente, mas vai
proporcionar-lhe uma maior qualidade de vida. Pessini e Bertachini (2006) afirmam que se
não é possível aumentar os dias de vida para estes doentes, deve-se dar vida aos dias que estes
doentes ainda têm.

É verdadeiramente reconhecido que o psicólogo se constitui como um membro


indispensável numa equipa de CP. Os psicólogos têm muito para oferecer nos CP em termos
de avaliações psicológicas e intervenções com o doente e com a família e em contribuições ao
nível do desenvolvimento profissional, especialmente em relação às habilidades de
aconselhamento e de melhoria de comunicação (Payne, S., & Haines, R, 2002).

7
Enquadramento teórico (Estado da arte)

A Organização Mundial de Saúde (2002) define Cuidados Paliativos (CP) como os


cuidados que visam melhorar a qualidade de vida dos doentes e das suas famílias, que
enfrentam problemas decorrentes de uma doença incurável e/ou grave e com prognóstico
limitado, através da prevenção e alívio do sofrimento, com recurso à identificação precoce e
tratamento rigoroso dos problemas físicos como a dor, mas também dos psicológicos, sociais
e espirituais. Neste contexto, a OMS (2010) reconhece e recomenda os CP como a
modalidade de atendimento e assistência indicada para os portadores de doenças incuráveis e
em fase avançada de evolução, para as quais todos os recursos de possibilidade de cura foram
esgotados, destacando que o foco do tratamento é a pessoa, não a doença (Moritz, 2011).

Segundo a Associação de CP, existe um conjunto de valores que garantem a qualidade


dos CP tais como:

1. Autonomia, em que a pessoa é única, autónoma, pelo que os CP só devem ser prestados
quando o doente e/ou família estiverem preparados para tal; o doente deve manter a sua
autodeterminação com vista à tomada de decisão, nomeadamente, o local de prestação de
cuidados e as opções terapêuticas;

2. Dignidade, em que é desejável que os CP sejam prestados de uma forma sensível,


respeitada e aberta, sensível aos valores, crenças, cultura, religião, práticas e leis de cada área,
região ou país;

3. Relacionamento doente-profissional, onde os profissionais de saúde devem manter uma


relação colaborativa com os doentes e com a sua família, pois estes são fundamentais durante
todo o processo;

4. Qualidade de vida, como objetivo central dos CP, visando alcançar o melhor padrão
possível, e promover a sua manutenção;

5. Posição face à vida e à morte, os CP não antecipam nem adiam a morte;

6. Comunicação, as boas capacidades de comunicação são pré-requisitos essenciais para CP


de qualidade; a comunicação refere-se à interação entre o doente e os profissionais de saúde
mas também entre os doentes e os seus familiares, assim como a comunicação entre os
diversos profissionais e entre os diversos serviços implicados (Capelas, Silva, Alvarenga, &
Coelho 2016).
8
Em 2001, nos EUA os líderes dos CP organizaram-se para discutir a standardização
dos CP, com o objetivo de aumentar a sua qualidade. O resultado foi a formação National
Consensus Project for Quality Palliative Care (NCP) com a representação dos cinco maiores
hospitais e organizações dos CP nessa altura (National Consensus Project for Quality
Palliative Care, 2013). Em 2003, Portugal identificou a importância dos Cuidados Paliativos
no contexto de saúde pública (Direcção Geral de Saúde, 2004). Em 2004, O Programa
Nacional de Cuidados Paliativos de Portugal, destaca que a complexidade do sofrimento pode
ser medicamente assistida e a combinação de fatores físicos, psicológicos e existenciais na
fase final da vida, impõem a que a sua abordagem seja uma tarefa multidisciplinar, que
engloba, além do doente, a sua família, os profissionais de saúde com formação e treino
diferenciados, voluntários preparados e dedicados e a própria comunidade (Direcção Geral de
Saúde, 2004). Em 2013, é de salientar o National Consensus Project for Quality Palliative
Care que tem como missão criar um conjunto de diretrizes de prática clínica para orientar o
crescimento e a expansão dos CP nos EUA. A atual 3ª edição Clinical Practice Guidelines for
Quality Palliative Care (2013) foi produzida através de um processo de consenso entre as
principais organizações profissionais de CP. As diretrizes estão em processo de atualização
para melhorar o acesso a CP de qualidade para todas as pessoas com doenças graves,
independentemente da situação, do diagnóstico, do prognóstico ou da idade (National
Consensus Project for Quality Palliative Care, 2013).

De acordo com a Lei n.º 52/2012 de 5 de setembro - Lei de Bases dos Cuidados
Paliativos, em Portugal, no que diz respeito à garantia de qualidade, 1. Os modelos de
promoção e gestão da qualidade são de aplicação obrigatória em cada uma das unidades e
equipas da Rede Nacional Cuidados Paliativos, sendo fixados pelo Ministério da Saúde, sob
proposta da Comissão Nacional. 2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, os
indicadores para avaliação da qualidade dos cuidados paliativos devem contemplar o uso de
opioides, a avaliação e monitorização da dor e outros sintomas, bem como o nível de
formação e experiência profissional dos diferentes elementos que constituem a equipa. A
presente lei entende por multidisciplinaridade, a complementaridade de atuação entre
diferentes especialidades profissionais (Diário da República, 1.ª série – N.º 172 – 5 de
setembro de 2012).

9
Papel do Psicólogo em Cuidados Paliativos
O papel do psicólogo não se limita ao doente na fase final de vida. As suas ações
devem incluir a família, mesmo que esta tenha que ser observada na sua especificidade (Porto,
Gláucia, & Lustosa, 2010). Além desta unidade de cuidados, a psicologia também se dispõe a
atuar próximo da equipa multidisciplinar, uma vez que necessita manter a integridade nas suas
relações e encontrar vias de comunicação que permitam a troca e o conhecimento, a partir de
diferentes saberes. Verificou-se que o papel dos psicólogos nos CP, parece oportuno. Segundo
Payne & Haines (2002), embora o atendimento psicológico tenha sido considerado integral
aos Cuidados Paliativos desde o início, os psicólogos só recentemente é que começaram a
estar envolvidos em atividades de Cuidados Paliativos multidisciplinares. Constata-se que os
desenvolvimentos políticos ao longo dos últimos 15 anos, apoiam um papel para os
psicólogos na entrega e potencial liderança de CP (Payne & Haines, 2002). É
verdadeiramente reconhecido que o psicólogo se constitui como um membro indispensável
numa equipa de CP (Carqueja & Costa, 2014; Beloff , 2008). Os psicólogos têm muito para
oferecer nos CP em termos de avaliações psicológicas e intervenções com o doente e com a
família e em contribuições ao nível do desenvolvimento profissional, especialmente em
relação às habilidades de aconselhamento e de melhoria de comunicação (Payne & Haines,
2002).

No que diz respeito à intervenção do psicólogo em CP, verifica-se que estes trazem
uma perspetiva única para a avaliação e tratamento de doentes. Baseiam-se no conhecimento
de uma ampla gama de teorias psicológicas para explicar e entender a área cognitiva,
emocional, e os aspetos comportamentais das respostas às questões relacionadas com a
doença (Payne & Haines, 2002). Os seus objetivos de intervenção consistem em: 1. favorecer
a adaptação perante a irreversibilidade da doença; 2. promover a adaptação/antecipação de
consequências da doença; 3. facilitar a adaptação/aceitação à morte como realidade; 4.
promover a adaptação à realidade da situação clínica, e por último, 5. facilitar a reorganização
de objetivos de vida (Gum & Snyder, 2002; Arranz et al, 2003; Watson et al, 2009).
Relativamente às competências de intervenção, o psicólogo atua sobre a regulação emocional
dos indivíduos e tem uma formação mais abrangente no desenvolvimento humano ao longo
do ciclo de vida. O seu apoio caracteriza-se essencialmente pela expressão de pensamentos
individuais, sentimentos e preocupações sobre a relação do doente com a doença, auxiliando
no desenvolvimento de estratégias de coping, podendo ajudar os doentes e as suas famílias a
encontrarem as suas próprias soluções para as suas preocupações (Payne & Haines, 2002).

10
Relativamente ao papel do psicólogo com o doente, com os familiares e com os
profissionais, verifica-se que as suas contribuições nos CP, podem ser distribuidas em três
níveis: após o diagnóstico, o psicólogo fornece apoio aos doentes e às suas famílias,
facilitando a comunicação entre o doente e profissional. Durante a doença avançada
progressiva, o psicólogo desenvolve um trabalho psicossocial com o doente e com a sua
família. Durante as intervenções aborda o luto antecipatório e as reações de ajuste, as questões
existenciais e espirituais, os transtornos mentais, a desordem mental, a dor e a gestão de
sintomas físicos, o planeamento antecipado de cuidados e as preocupações de vida não
resolvidas. Por fim, o psicólogo desenvolve a terapia do luto (Golijani-Moghaddam, 2014).

Necessidades do doente em Cuidados Paliativos e papel do Psicólogo


No que diz respeito às necessidades do doente em Cuidados Paliativos, salienta-se as
necessidades psicológicas e espirituais como a ansiedade e preocupação dos seus familiares e
amigos, a ansiedade ou preocupação em relação à doença e tratamento, a necessidade de se
sentirem em paz, a necessidade de partilharem emoções e as necessidades físicas como a dor
(Azevedo, 2018).

O papel do psicólogo destaca-se pela oferta de condições ao doente para lidar com a
situação e redescobrir o sentido da vida (Figueiredo & Bifulco, 2008), facilitando a adaptação
à doença, salientando o que o doente já viveu até ao momento, nomeadamente conquistas e
bons momentos (da Silva Júnior & Resende, 2017) e proporcionando que viva,
independentemente do tempo que ainda lhe resta, uma vida com dignidade, autonomia e
entendendo a morte como uma fase natural da vida (Martinho, Pilha, & Sapeta, 2015). Como
profissional de saúde, o psicólogo deve observar e ouvir cuidadosamente as palavras e os
silêncios, uma vez que é ele quem mais pode oferecer, no campo da terapia humana, a
possibilidade de confronto do doente com a sua angústia e sofrimento na fase da doença,
procurando ultrapassar os períodos de crise como a morte (Porto, Gláucia, & Lustosa, 2010).
O psicólogo procura compreender o que o doente deseja, fornecendo estratégias para que
possa lidar com a sua condição como uma pessoa que pensa e sente, mantendo ativas as suas
opiniões, decisões e o sentido de autonomia, o que repercute diretamente no seu bem-estar
físico e emocional (da Silva Júnior & Resende, 2017). Para além destas contribuições, o
psicólogo apoia o doente na tomada de decisões complexas, na resolução de problemas, nas
questões pendentes; na identificação de possíveis fontes de stress, fornecendo técnicas para

11
gerir os sintomas, tratamentos ou situações; aprimorando os próprios recursos e
implementando novos; apoia na reestruturação de crenças erradas, estabelecendo objetivos
realistas e concretizáveis, e por fim, ajuda o doente a recuperar a sua autoestima e segurança
(Haley, et al., 2003; Reverte, et al., 2008). Desta forma, verifica-se que o vínculo entre o
psicólogo e o doente é crucial para que a abordagem seja eficaz, pois o psicólogo 1. auxilia na
compreensão da relação entre o doente e a doença, 2. possibilita a perceção dos sentimentos
que surgem simultaneamente às dúvidas e às incertezas ao longo do tratamento (da Silva
Júnior & Resende, 2017), 3. minimiza o sofrimento inerente a esta fase da vida, e 4. facilita as
relações entre a equipa e o doente e o doente e a família (Melo, Valero, & Menezes, 2013).

Relativamente ao papel do psicólogo com o doente e com os familiares, este encontra-


se particularmente preparado para compreender a experiência idiossincrática de morrer e para
intervir junto dos indivíduos com doença avançada progressiva e dos seus familiares (Bayés,
2006; Beloff et al. 2008). O trabalho do psicólogo simboliza o apoio emocional aos
familiares, a escuta qualificada, o suporte para a tomada de decisões e o acompanhamento dos
processos de luto (Inácio, Vollmann, Langaro, & Silva, 2015).

Necessidades da família em Cuidados Paliativos e papel do Psicólogo


No que diz respeito às necessidades da família, é de salientar que o papel do prestador
de cuidados no contexto de CP, está associado a exigências físicas e emocionais
extremamente elevadas, (Lloyd-Williams, Dennis & Taylor, 2004) assumindo um papel social
multidimensional, que se altera ao longo do percurso da doença do familiar, em que as
exigências e necessidades variam da mesma forma que os recursos (Payne, 2007). Segundo
Arranz et al (2003), destaca-se: esgotamento físico e mental, labilidade emocional,
sintomatologia e ou perturbações depressivas, sintomatologia e/ou perturbações de ansiedade,
abuso de substâncias, perturbações do sono e alterações do apetite. Pode ainda verificar-se
alterações na dinâmica de organização e funcionamento familiar (ex: reajustamento da
estrutura familiar, redistribuição de papéis); alterações nos padrões de comunicação (ex:
conspiração do silêncio); alterações na relação com a rede (ex: isolamento); e luto
antecipatório (Cobos, Almendro, Strempel, & Molina, 2002).

Relativamente à vivência familiar, independentemente do contexto de prestação de


cuidados, a doença, o morrer e a morte não são acontecimentos meramente individuais, mas
de significado e impacto coletivo (Osswald, 2013). A fase terminal da doença e, por

12
conseguinte, a eminência da morte de um dos membros da família assume-se como uma das
crises mais difíceis que o sistema deve enfrentar, com impactos no sistema no seu todo, nos
seus elementos e nas relações (Monroe & Oliviere, 2009; Rolland, 1984, 1987, 2005).

No que diz respeito ao papel do psicólogo com os familiares, a sua intervenção


depende das necessidades de cada pessoa em particular. De acordo com as necessidades
identificadas, o papel do psicólogo consistirá em facilitar o processo de adaptação à realidade
da situação clínica do familiar, potenciando os seus recursos e diminuindo a sua
vulnerabilidade (Arranz et al 2003).

Na intervenção de luto do psicólogo com a família, é de extrema importância ter em


consideração que existem determinados fatores que podem alterar a forma como as pessoas
vivenciam o luto, fatores estes que, de acordo com Worden (1983) se podem dividir em seis
categorias: características da pessoa que morreu; natureza da relação de vinculação;
circunstâncias da perda; história pessoal; personalidade e variáveis sociais. O luto
antecipatório caracteriza-se pela absorção da realidade da perda de uma forma gradual, ao
longo do tempo (Franco, 2008). Nesta fase, o familiar irá resolver questões pendentes com a
pessoa doente, nomeadamente, expressar sentimentos, perdoar e ser perdoado, iniciará
mudanças de conceção sobre a vida e a sua identidade e irá realizar planos para o futuro de
forma a que não seja sentido como traição por parte da pessoa doente (Franco, 2008). Durante
a intervenção é fundamental ter em consideração que o processo de luto, pode ocorrer de
forma adaptativa ou de forma desadaptativa. Franco (2008) define como luto adaptativo, a
aceitação da realidade da perda, a confrontação das emoções relacionadas com a perda, a
adaptação à vida sem o ente querido, o encontro de formas adequadas para lembrar a pessoa
que morreu e a reconstrução da identidade e da vida, por parte do familiar. Arizmendi e
O’Connor (2015) acrescentam que este tipo de luto engloba respostas de coping positivas, por
parte do familiar, um ajustamento à perda de forma saudável, a recordação com carinho da
pessoa que morreu e a capacidade de experienciar e expressar emoções positivas. Em
contrapartida, relativamente ao luto desadaptativo, Boerner e Shulz (2009) nomeiam alguns
aspetos que podem originar o desenvolvimento de um luto desadaptativo, nomeadamente a
existência de uma grande saudade pela pessoa que morreu, a ocorrência de sentimentos
intrusivos e recorrentes acerca da ausência dessa mesma pessoa, impossibilitando a
construção de novas relações interpessoais e a participação em atividades do quotidiano. A
dor emocional significativa relacionada com a perda e o sentimento de anseio contínuo para
com o ente querido, são fatores que podem levar a este tipo de luto (Arizmendi & O’Connor,

13
2015).

Relativamente aos modelos de luto destaca-se a Teoria da Vinculação, desenvolvida


por Bowlby (1982), que refere que os tipos de vinculação, principalmente a segura e a
insegura, associam-se a várias formas e resultados de reação à perda. O processo de luto pode
ser compreendido com base em diversas fases, que estão relacionadas com este processo e
passam pelo entorpecimento, a procura e saudade, a desorganização e desespero e, por último,
a reorganização (Bowlby, 1982). De acordo com Worden, o psicólogo tem um papel essencial
no processo de luto intervindo no sentido de promover 1. a aceitação da realidade da perda, 2.
o processamento das emoções e sofrimento da perda, 3. a adaptação a um novo mundo sem a
pessoa perdida, 4. construindo com a mesma uma ligação duradoura prosseguindo com a sua
nova vida (Worden, 2009).

No processo de luto o psicólogo assume-se como essencial na facilitação de um


processo de reconstrução de significado da perda ajudando o enlutado a construir um sentido
na experiência da perda e encontrar benefícios (Janoff – Bulman, 2004), (Calhoun &
Tedeschi, 2010), integrando uma nova realidade (O´Connor, 2002). Segundo Gillies e
Neimeyer (2006), a reconstrução de significado da perda leva o indivíduo a percecionar o
mundo de uma forma diferente, reavaliando prioridades, permitindo o crescimento pessoal,
novas relações, uma nova visão do mundo e novas perspetivas.

As estratégias de intervenção como a reestruturação cognitiva (Cherny, 2009), são


eficazes na medida em que atuam nos familiares, no sentido de modificarem a avaliação que
fazem da sua situação atual, diminuindo a intensidade do seu sofrimento e potenciando um
sentido de maior confiança e dignidade (Chochinov, Hack, Hassard & Kristjanson, 2005).

Necessidades dos elementos da equipa e papel do Psicólogo junto dos profissionais


No que diz respeito ao papel do psicólogo com os profissionais, de acordo com Beloff
et al (2008), a intensidade emocional decorrente do tipo de trabalho realizado em CP pode
exercer uma influência nas dinâmicas de uma equipa, afetando as relações entre profissionais.
O trabalho desenvolvido em CP afeta os profissionais de saúde, devido ao contacto
permanente que têm com a morte (Pereira, Fonseca & Carvalho, 2011). As perdas repetitivas,
o ambiente intenso (Abiven, 2001), a comunicação de más notícias, (Twycross, 2001) as
poucas condições de trabalho (ex: recursos inadequados, falta de profissionais na área e falta
de organização nos sistemas de saúde) são algumas problemáticas que conduzem ao desgaste

14
dos profissionais (Cole & Carlin, 2009). Desta forma, alguns profissionais revelam ansiedade
e depressão (Cole & Carlin, 2009). A perceção de stress continuada e prolongada no tempo
poderá levar ao burnout do indivíduo (Beloff et al., 2008). De acordo com os autores, a
síndrome de burnout pode ter repercussões importantes nos profissionais de saúde e
respetivamente nas suas equipas, especialmente nos profissionais que trabalham em CP. Os
autores explicam que a maior parte dos profissionais de saúde não obtiveram formação ou
preparação adequada para o impacto emocional que a sua função acarreta. Neste sentido, o
psicólogo, através da sua formação e competências específicas, é o profissional mais
competente e melhor colocado para intervir no sentido da construção de significado de
situações complexas e para ajudar outros profissionais a reconhecerem e idenficarem estas
questões (Beloff et al., 2008). De acordo com Payne & Haines (2002), os psicólogos têm
competências para atuar junto da equipa no sentido de atenuar o stress associado à perda
contínua de pessoas acompanhadas pela equipa de Cuidados Paliativos. Uma forma através da
qual os psicólogos podem atuar a este nível é através da realização de sessões de reflexão
direcionadas para a partilha livre de experiências, facilitando o suporte emocional e reduzindo
eventuais sentimentos de culpa.

Concluindo, a intervenção psicológica e psicoterapêutica é particularmente pertinente


no contexto dos CP e na promoção de bem-estar e/ou diminuição do sofrimento, repercutindo-
se inequivocamente numa melhor qualidade de vida das pessoas com doença e dos seus
familiares (Carqueja & Costa, 2014).

15
Método

Objetivos do estudo
Com a realização deste estudo pretende-se compreender/caracterizar o papel dos
Psicólogos nas Unidades de Cuidados Paliativos em relação ao doente, à família e à equipa.

Pretendeu-se explorar especificamente:

Objetivo 1: Explorar a perceção do psicólogo acerca do seu papel junto dos doentes:
necessidades, objetivos, obstáculos e facilitadores.

Objetivo 2: Explorar a perceção do psicólogo acerca do seu papel junto dos familiares:
necessidades, objetivos, obstáculos e facilitadores.

Objetivo 3: Explorar a perceção do psicólogo acerca do seu papel com a equipa


multidisciplinar: necessidades, obstáculos e facilitadores.

Objetivo 4: Compreender a perceção do psicólogo acerca da intervenção psicológica no


contexto dos cuidados paliativos: necessidades, obstáculos e facilitadores.

O estudo irá seguir uma metodologia qualitativa de caráter exploratório. Segundo


Creswell (2007), esta metodologia possibilita uma visão mais abrangente e permite observar
os fenómenos sociais de uma forma mais holística. É uma abordagem que se interessa pela
compreensão dos significados que são atribuídos aos fenómenos no que diz respeito ao
mundo social. Ao privilegiar o testemunho de cada participante obtido através de uma
entrevista irá permitir explorar as suas perceções, vivências e o seu enquadramento contextual
(Marecek, 2003).

De acordo com os objetivos do nosso estudo, será utilizado o método qualitativo, uma
vez que a partir deste conseguimos entender e compreender, de uma forma mais precisa e
aprofundada, toda a pessoa num contexto mais subjetivo (Ritchie & Lewis, 2003).

Neste sentido, a entrevista semiestruturada constitui-se o método de recolha mais


ajustado (Ritchie & Lewis, 2003).

16
Amostra
A amostra utilizada é de conveniência e intencional. Os participantes, dois homens e
duas mulheres, são psicólogos clínicos da saúde que trabalham em Unidades de Cuidados
Paliativos no Porto e na Área Metropolitana Do Porto, há mais de 3 anos.

P1: E; P2: J; P3: F; P4: S.

Instrumentos
A entrevista semiestruturada foi guiada por um conjunto de tópicos que constituem o
guião da entrevista. Este procura explorar a perceção dos psicólogos relativamente ao papel
que desempenham no contexto de Cuidados Paliativos, nomeadamente junto do doente, da
família e da equipa multidisciplinar, incluindo a sua perceção sobre necessidades, obstáculos
e facilitadores.

Procedimentos de recolha de dados


Os dados foram recolhidos através da entrevista semiestruturada, agendada no
momento e no local que fosse mais conveniente para o participante. Depois de clarificarmos,
mais uma vez, o objetivo do estudo, e garantidas as condições de anonimato e
confidencialidade dos dados, os participantes assinaram o consentimento informado. Em
todas as entrevistas foi realizada a gravação em áudio, com uma duração de aproximadamente
60 minutos.

Tratamento e Análise de Dados


Todos os dados foram tratados de forma anónima de forma a assegurar todas as
questões éticas e de confidencialidade. Procedeu-se à transcrição das entrevistas e realizou-se
uma leitura flutuante das mesmas.

O tratamento dos dados realizou-se de acordo com os princípios da grounded theory,


que têm como principal objetivo gerar teoria que é construída com base na recolha e análise
sistemática e rigorosa dos dados e na orientação dos investigadores através de um processo
indutivo de produção de conhecimento (Corbin & Strauss, 1990; Fernandes & Maia, 2001). A
grounded theory preocupa-se em recolher interpretações objetivas, fiéis e válidas, refletindo
um esforço de controlar o ponto de vista individual e compreendendo a experiência e

17
construção de significados (Corbin & Strauss, 1990; Fernandes & Maia, 2001). Esta
abordagem proporciona o desenvolvimento da sensibilidade teórica, de modo a criar abertura
para desafiar os próprios pressupostos, aprofundar a experiência e olhar para além da
literatura (Corbin & Strauss, 1990; Fernandes & Maia, 2001). Estes princípios parecem-nos
coerentes com a natureza axploratória do nosso estudo.

Posteriormente, e a partir do envolvimento dos dois investigadores, desenvolveu-se o


processo de codificação, através da criação de categorias, onde se estabeleceu as relações de
similaridade entre conceitos que parecem associar-se ao mesmo fenómeno (Fernandes &
Maia, 2001; Elo & Kyngäs, 2007; Saldaña, 2015).

A análise de dados foi suportada pelo software N-VIVO11.

18
Resultados e Discussão

A apresentação e discussão dos resultados considerou os objetivos do estudo. Para


uma melhor compreensão, o sistema de categorias encontra-se na íntegra em anexo, sendo
que, por si só, já se constitui como um resultado. É de salientar que a negrito são apresentadas
as categorias geradas a partir da análise dos dados. Ao longo da apresentação procederemos
igualmente à análise dos nosso resultados integrando dados da literatura.

Vivência psicológica do doente e suas necessidades

Na perceção do psicólogo, relativamente ao estado emocional do doente (15 REFª),


dois participantes (P3|P4 / 2 REFª) descrevem o sofrimento existencial (“A equipa
normalmente sinaliza ou seja, quando consegue perceber que os utentes estão num
sofrimento existencial muito grande”; (...) os doentes já estão numa fase de declínio, quase
em agonia, ou pré agonia ou uma fase já de agitação terminal em que os doentes têm
sofrimento existencial”); onde está presente a tristeza, referido por um participante (P1/ 1
REFª) (“E é muito interessante vermos nos doentes que a tristeza e temos vindo a constatar
que quer a tristeza quer o sofrimento têm uma prevalência muito maior do que o próprio
quadro depressivo). Um dos participantes reporta que os doentes apresentam dificuldades na
compreensão da vivência, (P1/ 1 REFª) (“(...) quando o doente diz “mas isto eu sei Dr. isto
tá para terminar e a mulher diz “oh não fales isso, tu és doido, não vais estar a falar disso,
não vais morrer nada, isto não vai acontecer, tu ainda vais ficar bem.” Ou seja, temos aqui 2
níveis de compreensão da vivência”); e estão magoados com percurso (P1/ 1 REFª)
(“Porque as palavras são palavras e naturalmente estas pessoas tão muito feridas e que estão
muito magoadas com o (seu) percurso”). Os nossos dados são coerentes com os encontrados
por Cassell (1991), o sofrimento caracteriza-se como um estado de desconforto severo,
provocado por uma ameaça atual ou percebida como iminente à integridade ou à continuidade
da existência da pessoa como um todo. O intenso sofrimento psicológico experienciado ao
longo da trajetória do doente encontra-se associado a uma prevalência significativa de
sintomas de ansiedade e depressão (Trancas, et al., 2010). Azevedo (2018), refere que o
doente apresenta ansiedade ou preocupação em relação à doença e tratamento.

Relativamente às necessidades do doente (17 REFª), três participantes (P4|P1|P3 / 17


REFª) descreveram necessidades emocionais, nomeadamente: alívio sofrimento (P4 / 1

19
REFª); face às perdas relacionadas com a doença (P4 / 1 REFª); que ameaçam o equilíbrio
e o bem estar psicológico (P1/ 1 REFª) (“é a possibilidade de se encontrar um equilíbrio no
bem-estar psicológico, que é transcrito muita das vezes(...)”). A estas necessidades
emocionais está associado o receio de falar (P3/ 1 REFª) (“(...) há determinadas situações
que eles querem partilhar e têm (...), algum receio, não falam com a equipa”); o receio de
falar com a família (P3/ 1 REFª) ((...) “ai não vou falar porque ao falar daquilo que sinto, se
calhar vou preocupá-los” ”); e de a preocupar (P3/ 1 REFª). De acordo com Azevedo
(2018), as necessidades do doente em CP, caracterizam-se em necessidades psicológicas e
espirituais como a ansiedade e preocupação dos seus familiares e amigos, a ansiedade ou
preocupação em relação à doença e tratamento, a necessidade de se sentirem em paz, a
necessidade de partilharem emoções e por fim as necessidades físicas como a dor.

As necessidades de processamento de informação (P3| P4 / 6 REFªs), são também


apontadas: falta de consciência da etapa de doença (P3 / 1 REFª) e o que faz sentido neste
momento (P4 / 2 REFª). Surgem igualmente necessidades de natureza prática de apoio à
resolução problemas (P3 / 1 REFª) (“e às vezes são coisas muito importantes, e é uma cama,
uma presença, um partilhar de algumas situações, de algumas coisas que ainda não estão
resolvidas”); e a incompreensão (P1 / 1 REFª). Estas necessidades são asseguradas pelo
psicólogo, pois este fornece apoio ao doente na tomada de decisões complexas, na resolução
de problemas e nas questões pendentes (Haley, et al., 2003; Reverte, et al., 2008).

Vivência psicológica dos familiares e suas necessidades

Relativamente ao estado emocional dos familiares (12 REFª), dois participantes


descrevem exaustão (P2 | P4 / 5 REFªs) (“Com o doente em vida, (...) aquilo que nós vemos
sempre ou com muita frequência acontecer é o cuidador que está hipervigilante(...) Que não
dorme, que tem medo que o marido ou que a mulher deixem de respirar ou que possa
precisar de alguma coisa, (...) que deixa de cuidar de si próprio (...) situações de grande
desgaste físico e psicológico são muito frequentes; (...) estão numa fase de muito exaustão,
que também às vezes me permite que a família não teja tão capaz”) e dois participantes
descreveram sofrimento (P1|P4 / 2 REFª) (há cuidadores que sofrem muito porque o outro
está a sofrer e pelo amor que têm, pela dificuldade que têm, até muita das vezes da
iimpotênciaque sentem em poder ajudar mais. (...)há outros cuidadores que sofrem porque
estão a sofrer e então o sofrimento deles é porque não queriam estar a sofrer); (comunique

20
com o doente de uma forma eficaz, (...).. às vezes as famílias não conseguem porque já têm
muito sofrimento, porque não conseguem, porque elas próprias estão esgotadas. Segundo
Arranz et al (2003), os familiares podem apresentar esgotamento físico e mental, labilidade
emocional, sintomatologia, perturbações depressivas, sintomatologia e/ou perturbações de
ansiedade, abuso de substâncias, perturbações do sono, alterações do apetite e perturbações de
somatização. Pode ainda verificar-se alterações na dinâmica de organização e funcionamento
familiar (ex: reajustamento da estrutura familiar, redistribuição de papéis); alterações nos
padrões de comunicação (ex: conspiração do silêncio); alterações na relação com a rede (ex:
isolamento); e luto antecipatório (Cobos, Almendro, Strempel, & Molina, 2002).

Quanto às necessidades dos familiares, todos os participantes (21 REFªs)


descreveram necessidades emocionais, que incluem impreparação (P3 / 1 REFª) (“(...) estas
famílias (...) não foram preparadas, ninguém tá preparado para estes momentos”), que leva à
impotência (P1 / 1 REFª) (“(...) há cuidadores que sofrem muito porque o outro está a sofrer
e pelo amor que têm, pela dificuldade que têm, até muita das vezes da impotência que sentem
em poder ajudar mais”); a necessidade de partilha e comunicação (P3 / 1 REFª) (“porque
até não temos esta oportunidade de nos sentarmos todos”) e de validarem o seu papel (P2|P4
/ 2 REFª) (“(...) perguntam muitas vezes se é normal, (...), porque é que eu ainda estou assim.
(...) questões das vozes que se ouve e da sensação da presença, dos sonhos, (...) toda essa
gama de experiências que podem ser mais ou menos estranhas para as pessoas; (...) estas
famílias muitas vezes necessitam de apoio psicológico também para validar o tipo de
trabalho ou intervenção”). A literatura realça que a fase terminal da doença e, por
conseguinte, a eminência da morte de um dos membros da família assume-se como uma das
crises mais difíceis que o sistema deve enfrentar, com impactos no sistema no seu todo, nos
seus elementos e relações (Monroe & Oliviere, 2009; Rolland, 1984, 1987, 2005). Arranz et
al (2003) referem que o papel do psicólogo consistirá em facilitar o processo de adaptação à
realidade da situação clínica do familiar, potenciando os seus recursos e diminuindo a sua
vulnerabilidade.

Intervenção psicológica junto do doente e familiares

No que diz respeito aos objetivos da intervenção psicológica junto do doente (41
REFª), todos os participantes descreveram que o psicólogo tem como objetivos ir de
encontro ao doente (P4 / 1 REFª), colocá-lo perante a evidência humana (P1 / 1 REFª)

21
(“Esta abordagem visa sobretudo podermos colocar a pessoa naquilo que é uma evidência
humana que é o nascer e o morrer”); ajudar a identificar necessidades (P2|P3 / 5 REFª)
(“(...) sinto que a nossa mais valia é mesmo na compreensão da forma como a pessoa
expressa o seu sofrimento, as suas dúvidas, os seus pensamentos”); cuidar do self (P2 / 2
REFª) (“eu costumo ver muito a nossa atuação como: nós nao cuidamos direitamente do
corpo, cuidamos do self”); Relativamente a esta categoria, a literatura refere que o doente
deve manter a sua autodeterminação com vista à tomada de decisão e a dignidade em que é
desejável que os CP sejam prestados de uma forma sensível e respeitada; perceber como
vivencia doença (P4 / 1 REFª); e o seu impacto (P4 / 1 REFª). É também referida a
necessidade valorizar sofrimento (P2 / 1 REFª) (“Portanto acho que é uma questão de eu
não sei se esta palavra existe assim.. o valorar ou dar o devido valor ao sofrimento daquela
pessoa”); e de que forma o pode aliviar (P4 / 1 REFª). O psicólogo fornece a sua presença
(P2 / 1 REFª) (“sabemos que há outras pessoas que são mais circunspectas que não dizem
nada, que tão num sofrimento e que nós temos que quase que arranjar maneiras de impor de
uma forma simpática a nossa presença até não se justificar, mas na esperança que se consiga
chegar a algum lado”); restituindo a perceção de controlo (P1 / 2 REFª) (“(...) o controlo
da própria vida e estes doentes, (...) o grande problema deles para além da dependência, é
não ter controlo. foram apanhados na esquina por uma doença que os vai levar à morte. E
então aqui o controlo, porque eles não controlam a quimioterapia (...) não consigo fazer
quimioterapia por exemplo. “eu até fiz tudo direitinho, eu não percebo o que é que está a
acontecer” - então é aqui, nas nossas intervenções, é fundamental, é essencial e é nuclear
restituir ao outro a perceção de controlo sobre as coisas”); proporcionando aceitação,
validação, normalização (P2 / 1 REFª) (“(...) é uma coisa muito relacional, muito de
aceitação, muito de validação, de expressão de coisas ainda não expressas e se calhar com
menos frequência se entra na modificação de cognições”). De acordo com Martínez &
Barreto (2002), o psicólogo centra-se no alívio do sofrimento do doente e da família,
facilitando o processo de adaptação à doença e à morte (estratégias de coping adaptativas),
respondendo às necessidades emocionais através de técnicas de intervenção psicológica. Para
isto o psicólogo precisa de compreender a organização do doente com família (P1 / 2
REFª) (“é muito importante para nós, a maior parte das vezes, a 1ª consulta do doente ser
feita em conjunto. percebermos sobretudo como é que a organização num contexto de 2 com
mais 1 funciona”); abordar as incompetências comunicacionais (P1 / 1 REFª) e facilitar a
comunicação com doente e família (P3 | P4 / 3 REFª). É também objetivo da intervenção do
psicólogo facilitar comunicação com doente e equipa (P3|P4 / 2 REFª) (“Às vezes também

22
temos que ser nós a mediar um bocadinho as questões doente-familia-equipa. Também é o
nosso papel, não é só intervir diretamente com a família, só com o doente, mas também com a
equipa nesse sentido. Muitas vezes a gestão de comunicação que às vezes ajudam a melhorar
a qualidade de vida do dente e que ele esteja mais tranquilo”); O psicólogo procura também
manter a acessibilidade (P2 / 1 REFª), sem nunca olvidar a compreensão dos próprios
limites (P2 / 1 REFª) (“E também me parece que perceber os nossos limites, não é. Saber que
há um certo ponto que nós, uma coisa é que sabemos que ela pessoa tá realmente em
sofrimento e outra coisa é percebermos se aquele sofrimento pode ser objeto da nossa
intervenção ou não”).

No que diz respeito à intervenção psicológica junto dos familiares (38 REFª), todos
os participantes descreveram que o psicólogo tem como objetivos: responder às necessidades
emocionais ex: reduzir ansiedade (P2 / 1 REFª); compreender o seu papel (P1 / 1 REFª)
(“Quem é o cuidador, que papel tem? Papel ativo, evidente, sufocante? Tem papel que se
anula, que dá privilégio ao doente? É capaz de escutar, não é? (...)De que forma é que eu
tenho este cuidador como um parceiro de ajuda ao doente ou tenho um doente que é parceiro
na ajuda ao cuidador?”); identificar as suas preocupações (P3 / 1 REFª); responder à
mediação doente/familiares, respeitando relação família doente (P4 / 1 REFª); compreender
se existe conspiração do silêncio (P1 P3 / 2 REFª) (“(...)De que forma falam abertamente da
situação. Falam da vivência? Não falam? Que nomes dão ao que está a acontecer? Que
nomes dão à doença?”) para posterior resolução e compreensão das coisas (P1 / 1 REFª) e
integrar a família no sistema, informando a família que apoio existe (P4 / 2 REFª); explicar
as decisões e os objetivos do plano de cuidados (P3 / 1 REFª); compreender organização
do sistema (P1 P4 / 3 REFª) (“(...) na 1ª consulta ajuda imenso estarem os dois ou os 3
dependendo de quem vem”). Na preparação para o processo de perda perceber como família
estava antes da doença (P4 / 1 REFª); avaliar a sua personalidade (P1 / 1 REFª); fazer com
que se centre no presente (P4 / 1 REFª) (“(...) ele quando estiver vivo está vivo e é
importante que as pessoas sintam isso, sintam a presença do doente como vivo naqueles
momentos”); ajudar a integrar possibilidade de sofrer (P1 / 1 REFª) (“(...) colocarmos isto
num processo natural da própria vida e do próprio decorrer da vida de cada um de nós”);
fazer com que família comunique com doente de forma eficaz (P3 | P4 / 2 REFª); preparar
familiares para que luto não seja doloroso (P1 / 1 REFª) (“(...) quando as pessoas dizem
que querem que as cinzas sejam lançadas ao mar. O que é que significa para si depois não
ter sítio, para ir junto de partes, seja em cinzas, seja de outra forma do seu marido ou da sua

23
esposa, já pensou sobre isso? E isto são situações muito objetivas, muito reais de como nós
podemos ir preparando aqui para que o luto não seja uma coisa mais dolorosa do que ela já
é naturalmente.”); ajudar a lidar com a perda (P4 / 1 REFª). Segundo Golijani-Moghaddam
(2014), durante as intervenções o psicólogo aborda o luto antecipatório e as reações de ajuste,
as questões existenciais e espirituais, os transtornos mentais, a desordem mental, a dor e a
gestão de sintomas físicos, o planeamento antecipado de cuidados e as preocupações de vida
não resolvidas. No pós perda, o psicólogo estabelece contacto família (P4 / 1 REFª),
normaliza e valida (P2 / 3 REFª) (“grande parte das intervenções é a normalizar e a validar
processos que são normais”); faz com que as famílias tenham noção que a sua perda é
adaptativa (P4 / 1 REFª) e acima de tudo, o psicólogo demonstra que existe porta aberta
para quando necessário (P4 / 1 REFª) (“eu costumo dizer que é a porta aberta. estamos ali,
dizemos (...) que este apoio existe, esta intervenção psicológica existe nesta fase, não só na
fase da doença mas também posteriormente no luto, mas as pessoas saberem que no momento
podem não necessitar mas no outro momento estamos lá para ajudar”). De acordo com
Worden (2009), o psicólogo tem um papel essencial no processo de luto intervindo no sentido
de promover 1. a aceitação da realidade da perda, 2. o processamento das emoções e
sofrimento da perda, 3. a adaptação a um novo mundo sem a pessoa perdida, 4. construindo
com a mesma uma ligação duradoura prosseguindo com a sua nova vida.

Obstáculos e facilitadores à intervenção psicológica junto dos doentes e familiares

Relativamente aos obstáculos da intervenção psicológica com os doentes (31 REFª),


todos os participantes descrevem condição dos doentes (P1 / 1 REFª); cuidados paliativos
como derrota (P1 / 1 REFª) (“Muito da narrativa que os doentes nos fazem chegar (...) eles
dizerem “pois, este acompanhamento psicológico é importante, mas devia ter acontecido
muito mais cedo” porque agora eu de facto sei que isto é irreversível, O que é que leva? Leva
depois a chegada aos cuidados paliativos seja quase como uma derrota”); dificuldade
interpretação (P2 / 1 REFª); doente não entender papel do psicólogo (P4 / 1 REFª);
dominância de sentimentos negativos (P3 / 1 REFª) (“Quando ainda estão na fase do
curativo, na parte da procura do curativo é um bocadinho difícil porque tem um conjunto de
emoções e de sentimentos ligados às vezes com a frustração, com a raiva, com a revolta, e aí
olham para aquele técnico como “o que é que tu me vens cá fazer””); estigma associado a
Cuidados Paliativos (P3 / 1 REFª) (“(...) já não há nada a fazer”); falta de espaços (P3 / 1
REFª). tempo (P2 e P3 / 3 REFª).

24
Relativamente aos obstáculos da intervenção psicológica com a família (31 REFª),
todos os participantes referiram conspiração do silêncio (P4 / 1 REFª); estigma associado ao
psicólogo (P4 / 2 REFª); procura de outras possibilidades (P3 / 2 REFª); questões
disfuncionais família (P4 / 2 REFª) (“(...) quando a família não quer falar com o doente
sobre isso, (...) família também tenta-nos dizer “não quero que fale com o meu familiar
porque não quero que lhe diga nada.””); solidão (P1 / 2 REFª) (“Por outro lado, muita das
vezes também muita solidão de quem fica sozinho e tem medo (...)”); consulta de luto –
impacto local (P4 / 2 REFª) (“As pessoas normalmente quando vêm à consulta de luto
referem que de facto vir cá novamente a um espaço onde o familiar esteve internado e onde o
familiar morreu é um fator que é uma barreira”); falta de espaços (P3 / 2 REFª); falta de
psicólogos (P3 / 1 REFª); referenciação tardia (P3 / 1 REFª) (“A referenciação tardia, (...)
os nossos utentes e familias serem referenciados muito tarde, que é um ponto fraco”); tempo
(P3 / 2 REFª). Em contrapartida, a Lei n.º 52/2012 de 5 de setembro - Lei de Bases dos
Cuidados Paliativos, em Portugal, no que diz respeito à garantia de qualidade, 1. Os modelos
de promoção e gestão da qualidade são de aplicação obrigatória em cada uma das unidades e
equipas da Rede Nacional Cuidados Paliativos, sendo fixados pelo Ministério da Saúde, sob
proposta da Comissão Nacional (Diário da República, 1.ª série – N.º 172 – 5 de setembro de
2012).

No que diz respeito aos facilitadores da intervenção com o doente (8 REFª), um


participante (P1 / 2 REFª) referiu não ter pressão de horas.

Relativamente aos facilitadores da intervenção com os familiares (9 REFª), um


participante referiu família funcional (P4 / 1 REFª) (“(...) se temos uma família funcional por
de trás de um doente é importante porque é um fator facilitador, vai-nos ajudar muitas vezes
(...) na questão da comunicação com o próprio doente, se há situações para resolver, se a
família funcione de uma forma normativa, pode nos ajudar a ser um fator facilitador para
chegarmos até ao doente”); pós morte intervenção facilitada com família (P2 / 4 REFª)
(“(...) num período de luto o processo pelo menos para nós fica mais fácil, é muito mais fácil
de gerir porque não há idas à urgência, (...) não há aquela instabilidade, aquela angústia
toda; É um trabalho muito mais fácil de estruturar e portanto conseguimos dar respostas
mais rapidamente,(...)”).

25
A equipa multidisciplinar: necessidades e competências

Relativamente à perceção do psicólogo sobre a equipa, nomeadamente as suas


necessidades (18 REFª) três participantes descreveram burnout (P1, P2, P3 / 4 REFª)
(“Muitos vão porque são obrigados e esses sim entram em burnout porque 1º são obrigados,
2º não têm formação interna sobre o desenvolvimento pessoal (...)”). Um participante referiu
supervisão e reflexão (P3 / 2 REFª) (“saber que haveria ali uma disponibilidade ou momento
de e sim, quando nós tivessemos em alturas que tivessemos assim mais cansados, mais
exaustos emocionalmente, com situações que de facto nos tocassem, difíceis de gerir e até de
nos destanciar, nas nossas vidas pessoais, seria uma mais valia (...)”).

Na perceção do psicólogo, relativamente às características da equipa (19 REFª),


todos os participantes referiram equipa bem formada e informada (P2 e P3 / 2 REFª) (“(...)
é uma equipa muito atenta e muito peculiar a nossa, (...) é uma equipa muito bem formada e
informada (...)”); bem apetrechada (P4 / 3 REFª) (“(...) estas equipas tão bem apetrechadas,
de facto têm todos os profissionais que necessitam para intervir com os doentes e com as
famílias em paliativos, portanto, nós falamos de médicos, de enfermeiros, de auxilares, de
nutricionistas, de psicólogos, de até padres ou freires que dão apoio espiritual”); com
competências de comunicação (P2 e P4 / 3 REFª). De acordo com a literatura, as boas
capacidades de comunicação são pré-requisitos essenciais para CP de qualidade; a
comunicação refere-se à interação entre o doente e os profissionais de saúde mas também
entre os doentes e os seus familiares, assim como a comunicação entre os diversos
profissionais e entre os diversos serviços implicados (Capelas, Silva, Alvarenga, & Coelho
2016). Equipa atenta à dimensão psicológica (P4 / 1 REFª), reconhecendo a importância
da intervenção (P1 e P4 / 3 REFª) (“(...) (...) há um maior reconhecimento do que nós
fazemos. Há situações que nunca nos pederiam há 15 anos atrás e agora pedem”).

Todos os participantes identificaram obstáculos ao envolvimento do psicólogo na


intervenção multidisciplinar (20 REFª), reportando: ilusão dos doentes (P1 / 2 REFª) (“aqui é
ilusão de eu ficar bem e muita das vezes isto é induzido pelos profissionais de saúde muito
vincada e muito intensa, sempre aqui com cariz de bondade de quem diz, (...) ”); achar a
intervenção psicológica de todos (P1 / 1 REFª), e dificuldade de delimitação (P1 / 3 REFª)
(“A intervenção médica é só do médico, a intervenção dos enfermeiros é só dos enfermeiros,
a psicológica toda a gente sabe e até o apoio psicossocial portanto tudo isto dá aqui aso a
que haja uma interpretações erradas daquilo que é a nossa intervenção e dos limites dos

26
outros. (...) uma das barreiras grandes é esta dificuldade da limitação até onde ir”);
expectativas que criam sobre o psicólogo (P4 / 2 REFª) (“(...) esperar que nós resolvemos
tudo rapidamente, que às vezes não é possível porque estes processos psicoterapêuticos
demoram de facto tempo (...)”). São igualmente obstáculos ao envolvimento do psicólogo na
intervenção multidisciplinar as condições de trabalho (P2 / 2 REFª), incluindo o número
horas insuficientes (P3 / 1 REFª), os elementos insuficientes (P4 / 2 REFª), a falha da
comunicação (P4 / 1 REFª) que compromete a complementaridade de atuação entre
diferentes especialidades profissionais (Diário da República, 1.ª série – N.º 172 – 5 de
setembro de 2012); a falta linguagem de saúde (P1 / 2 REFª); os juizos de valor aos
familiares (P1 / 1 REFª) (“Aquela ideia que não se quer cuidar e que não quer e que
abandona, juízos de valor ainda é, ainda está muito impregnada nalguns profissionais de
saúde e o julgamento sai muito rápido, mais depressa que a atitude”).

Neste sentido os participantes identificaram mudanças a operar na equipa (14 REFª),


dois participantes descreveram mudanças ao nível organizacional (P2 / 1 REFª); incluindo a
expansão da equipa (P4 / 1 REFª); integração de psicólogo (P2 / 1 REFª); a necessidade de
profissionais com formação (P4 / 5 REFª) (“(...) a formação é fundamental. Não só a
formação teórica mas também prática. Que também de facto as equipas estejam cada vez
mais bem apetrechadas não só no número de profissionais mas também na valorização dos
próprios profissionais”); e melhorar a referenciação (P4 / 2 REFª).

Obstáculos e facilitadores à intervenção psicológica em Cuidados Paliativos

Na perceção do psicólogo relativamente à intervenção psicológica em CP, todos os


participantes (P2|P3|P4|P1 / 9 REFª) apontam necessidades de caráter organizacional como:
agenda (P2 /1 REFª); melhoria referenciação tardia (P4 /2 REFª) (“Se calhar a avaliação
do distress psicológico do próprio doente. (...)a partir do momento em que o doente é
referenciado para CP ou está, é um doente paliativo, há uma coisa muito simples que é o
termómetro de distress – fazer uma avaliação”); necessidade de mais psicólogos (P3 / 1
REFª); reconhecimento (P1 / 1 REFª) (“Naturalmente, não são reconhecimentos como nós
gostaríamos, ainda muito aquém daquilo que é efetivamente um reconhecimento genuíno,
penso que isso não haverá”); necessidades de caráter emocional como: investir
emocionalmente (P2 / 1 REFª), esse senhor tem 1 semana de vida “o que é que tu vais lá
fazer?”.. Vou estar ali a investir emocionalmente neste doente e ele mais dias menos dia vai

27
falecer e portanto nós jogamos à defesa. Ter consciência dessas defesas é importante mas
fazemos o nosso trabalho sem dúvida.”); desejando salvar vida doente (P2 / 2 REFª) (“lá no
Hospital que parece uma coisa que não faz sentido nenhum, mas eu acho que para nós
psicólogos faz, que é nos podemos ter a motivação não consciente de a pessoa, salvar a vida
da pessoa, quer dizer nós se nos perguntarem o que é que nós tamos a fazer não tamos a
salvar a vida de ninguém mas tudo em nós vai sesse sentido”); que pode naturalmente pode
provocar angústia pessoal (P2 / 4 REFª) (“É aquele turbilhão do fim de vida, a nossa própria
angústia à mistura, não é. (...) controlo muito menos o processo do que num caso de luto”),
burnout (P2 / 1 REFª) e frustração (P2 / 1 REFª) (“percebermos se aquele sofrimento pode
ser objeto da nossa intervenção ou não. Porque pode ser frustrante para nós e sobretudo
para nós pode ser uma espécie de uma batata quente: o que é que eu faço com todo este
sofrimento”). Segundo Beloff et al (2008), a maior parte dos profissionais de saúde não
obtiveram formação ou preparação adequada para o impacto emocional que a sua função
acarreta.

Os obstáculos descritos pelos participantes (36 REFª) incluem: a falta de recursos de


psicólogos (P3 / 1 REFª); a falta de acessibilidade (P1 / 1 REFª) que leva ao trabalho não
específico do psicólogo (P2 / 4 REFª) (“(...)sinto que estou a fazer um trabalho que não é
específico do psicólogo; Às vezes até a fazer outro trabalho que é de outro profissional, da
enfermagem, ou da medicina, por constrangimentos, pela organização do próprio trabalho”)
e ao pouco tempo alocado aos psicólogos (P1 / 1 REFª) (“(...) o pouco tempo alocado para
os psicólogos poderem se dedicar a estes doentes, e a este cuidar em fim de vida quer doente
quer família e ao mesmo tempo”); a falta de tempo (P1| P2| P3 / 4 REFª); a intervenção
tardia (P1 / 1 REFª) (“(...) os doentes (...) dizerem “pois, este acompanhamento psicológico é
importante, mas devia ter acontecido muito mais cedo” porque agora eu de facto sei que isto
é irreversível, faz-me sofrer e o tempo de espera das consultas (P1 / 2 REFª) são também
obstáculos. Quando exploramos as razões para a referenciação tardia, problema identificado
por todos os participantes, esta acontece devido à desvalorização de sintomas psicológicos
(P4 / 2 REFª) (“(...) há desvalorização de alguns sintomas psicológicos”); ao doente (“(...) o
doente que acha que cada vez mais está assim mais autónomo, ele próprio ser capaz de..) ao
estigma de ir ao psicólogo (P4 / 1 REFª). Todos estes obstáculos despoletam burnout (P2 / 2
REFª) (“(...) nós podemos ter a motivação não consciente (...), salvar a vida da pessoa, quer
dizer nós se nos perguntarem o que é que nós tamos a fazer não tamos a salvar a vida de

28
ninguém mas tudo em nós vai sesse sentido. Quer dizer os nossos objetivos completamente
irrealistas chegam e aí voltamos à questão do burnout porque aí num instante.”).

De acordo com Beloff et al (2008), a maior parte dos profissionais de saúde não obteve
formação ou preparação adequada para o impacto emocional que a sua função acarreta.
Segundo, Pereira, Fonseca & Carvalho (2011), o trabalho desenvolvido em CP afeta os
profissionais de saúde, devido ao contacto permanente que têm com a morte. As perdas
repetitivas, o ambiente deprimente (Abiven, 2001), a comunicação de más notícias,
(Twycross, 2001) as poucas condições de trabalho (ex: recursos inadequados, falta de
profissionais na área e falta de organização nos sistemas de saúde) são algumas problemáticas
que conduzem ao desgaste dos profissionais (Cole & Carlin, 2009). Desta forma, alguns
profissionais revelam ansiedade e depressão (Cole & Carlin, 2009). A perceção de stress
continuada e prolongada no tempo poderá levar ao burnout do indivíduo (Beloff et al., 2008).

Por outro lado, existe por parte dos profissionais da equipa um caminhar pouco realista (P1 /
2 REFª) (“(...) um caminhar pouco realista nas ofertas que se fazem aos doentes e isto eleva
para patamares muito altos de concretização do bem-estar das pessoas que depois se
desmorona e é o caos (...)”), baseado no modelo biomédico (P3 / 1 REFª) (“(...) modelo
biomédico que é, (...) muito centrado ainda nesta questão do curar”), com lacunas de
formação (P1 / 1 REFª) (“(...) colegas que têm muitos deles cursos básicos ainda e que são
recursos que já estão no sistema e as administrações vão buscá-los para eles exercerem estas
áreas”). Os profissionais desvalorizam o trabalho do psicólogo (P1 2 REFª) (“e aqui há uns
tempos atrás assisti alguém com responsabilidades dizer que é importante que as pessoas se
lembrem que a equipa base é médico e o enfermeiro, quem diz isto é a marcar o terreno..”);
considerando que o doente é de todos (P1 / 1 REFª) (“é exigido que a psicóloga da equipa de
apoio psicossocial veja determinado doente, e a colega diz “não, mas eu não vou ver este
doente porque amanhã está cá a colega que está a seguir a doente” e alguém lhe impor que
tem que ver porque na equipa não há doentes de ninguém, portanto os doentes são de
todos”).

Quanto aos facilitadores da intervenção psicológica (1 REFª), um participante referiu


liberdade de gestão de tempo (P1 / 1 REFª).

Perfil de competências do Psicólogo em Cuidados Paliativos

29
Relativamente às especificidades do perfil do psicólogo (13 REFª) dois participantes
descreveram: o trabalho único e muito próprio (P3 / 1 REFª) (“(...) conseguir, contactar as
famílias de longe, de perto, agilizar as necessidades fundamentais e ir de encontro com
aquilo que os nossos utentes pedem e precisam e vejo um momento de dignidade”); o
conhecimento especializado (P3 / 1 REFª) (“(...) aquilo que me parece o nosso conhecimento
mais diferenciado, mais especializado, mais qualificado, permite um trabalho mais eficaz,
naquilo que é pressuposto em equipa fazer no âmbito dos Cuidados Paliativos, ou seja,
aquilo que me é transmitido pelos colegas de equipa é: quando fala, fala pouco, mas quando
fala tem um saber diferenciado, pronto.”). De acordo com Payne & Haines (2002), os
psicólogos trazem uma perspetiva única para a avaliação e tratamento de doentes. Baseiam-se
no conhecimento de uma ampla gama de teorias psicológicas para explicar e entender a área
cognitiva, emocional, e os aspetos comportamentais das respostas às questões relacionadas
com a doença. Foi também referido pelos participantes o cuidar do self do doente (P2 / 1
REFª) (“(...) costumo ver muito a nossa atuação como: nós nao cuidamos direitamente do
corpo, cuidamos do self”); enquadrar o seu sofrimento (P2 / 1 REFª); e realizar a leitura da
personalidade (P2 / 2 REFª). Salienta-se a atenção e o olhar específico do psicólogo (P3 /1
REFª) (“conseguimos identificar necessidades que por vezes a equipa não consegue fazê-lo,
ou seja, estamos mais atentos, ou temos um outro olhar, temos um outro saber e de facto
sabemos identificar outras necessidades”) que permite mediar (P3 / 1 REFª) (“(...)
funcionamos muito bem como mediadores, e pelo facto de estarmos mais recetivos, mais
disponíveis para os compreender”); e preservar a identidade do doente (P2 / 1 REFª);
facilitando a comunicação com familiares (P3 / 1 REFª). Segundo Payne & Haines (2002),
os psicólogos têm muito para oferecer nos CP em termos de avaliações psicológicas e
intervenções com o doente e com a família e em contribuições ao nível do desenvolvimento
profissional, especialmente em relação às habilidades de aconselhamento e de melhoria de
comunicação. Segundo Beloff et al (2008) o psicólogo opera sobre a regulação emocional dos
indivíduos, possui uma formação mais abrangente no desenvolvimento humano, e é o
profissional mais competente para intervir no sentido da construção de significado de
situações complexas.

No que diz respeito aos requisitos da intervenção psicológica (23 REFª), todos os
participantes descrevem realizar uma abordagem muito centrada na existência da pessoa
(P4 / 1 REFª) (“(...) lidar com doentes em fim de vida, sobretudo temos que lidar com uma
situação, com uma intervenção muito humanista, muito centrada na existência da pessoa”),

30
no sofrimento existencial (P4 / 1 REFª); permitindo o equilíbrio do doente (P1 / 1 REFª).
Torna-se essencial o desenvolvimento pessoal (P1 / 1 REFª), a compreensão do prórprio
trabalho (P2 / 1 REFª) (“nós vamos com a palavra, no limite é aquilo com que vamos e
portanto acho que é muito importante nós percebermos o que é que estamos a fazer,
percebermos os limites do que é que estamos a fazer pelo doente e por nós próprios”); a
existência de disponibilidade (P3 / 1 REFª); empatia (P2 / 1 REFª) (“a nossa prática tá
muito ancorada em aspetos relacionais e de empatia.(...) essa capacidade para nos ligarmos
ao outro, para sintonizarmos, para empatizarmos acho que não se aprende na faculdade e
portanto parece-me uma condição extremamente importante”); perfil (P3 / 1 REFª);
interrogação (P2 / 1 REFª); e formação (P1 / 1 REFª). Acima de tudo a existência de um
trabalho individual sobre o adoecer e morrer (P1 / 2 REFª) (“(...) um trabalho individual
sobre o meu adoecer e sobre o meu morrer, este crescimento, este desenvolvimento pessoal
que é desenvolvimental nestas áreas”). Tais requisitos encontram-se evidenciados na Lei n.º
52/2012 de 5 de setembro - Lei de Bases dos Cuidados Paliativos, em Portugal, uma vez que
esta refere que os indicadores para avaliação da qualidade dos cuidados paliativos devem
contemplar o nível de formação e experiência profissional dos diferentes elementos que
constituem a equipa (Diário da República, 1.ª série – N.º 172 – 5 de setembro de 2012).
Segundo Payne & Haines (2002), os psicólogos clínicos possuem uma perspetiva única para a
avaliação e tratamento de doentes. Baseiam-se no conhecimento de uma vasta gama de teorias
psicológicas para explicar a área cognitiva, emocional, e aspetos comportamentais das
questões relacionadas com a doença.

31
Conclusão

Segundo a Ordem dos Psicólogos Portugueses (2012), na nova Lei de Bases dos
Cuidados Paliativos, alegam que a pertinência da intervenção psicológica e o papel dos
Psicólogos nos Cuidados Paliativos se foca em: facilitar o apoio psicológico aos cuidadores
profissionais, numa lógica de prevenção do esgotamento e de diminuição dos riscos
psicossociais; facilitar o processo de luto nos doentes e familiares.

A partir da realização deste estudo conclui-se a necessidade de diferenciar a


abordagem consoante as necessidades específicas dos doentes e familiares; a existência de
obstáculos de natureza cultural, nomeadamente os doentes estarem centrados na cura e pouco
conscientes do seu estado de saúde, as mudanças ao nível da referenciação, valorização do
sofrimento existencial, delimitação da intervenção psicológica, necessidade de formação e
supervisão para atuar nestas áreas.

As implicações práticas para os CP referem-se a questões relacionadas com o que


acontece antes do doente e dos familiares chegarem aos CP; nomeadamente no que diz
respeito à consciência dos doentes relativamente ao estado de evolução da sua doença; à
estigmatização dos CP e a possibilidade dos doentes encararem os CP como o fim de linha; a
saliência da impossibilidade da cura do corpo mas a possibilidade de cuidar o self e a
valorização do papel do psicólogo. Salienta-se obstáculos de natureza organizacional,
nomeadamente, a referenciação tardia, a falta de tempo, de espaços, a intervisão
(multidisciplinar) e a especialização no perfil dos psicólogos.

As forças do estudo relacionam-se com os participantes serem profissionais que


trabalham na área há mais de 3 anos e em Hospitais reconhecidos no Porto e na área
metropolitana do Porto.

As limitações do estudo prendem-se com o tamanho da amostra, nomeadamente a


delimitação da área geográfica.

Para investigações futuras, seria interessante a realização de um focus group, com


diversos psicólogos, pois seria uma possibilidade enriquecedora de debate, observação e
análise das diferentes perspetivas do papel do psicólogo.

32
Anexos

DESCRIÇÃO DO SISTEMA GERAL DE CATEGORIAS

1. DOENTE

Categorias e Subcategorias Nº de Nª de Exemplos dos dados


fontes referências
1.1 Estado emocional 4 15
(codifica os excertos que referem a
perspetiva do psicólogo sobre o estado
emocional do doente)
Positivo 2 2
1.1.1 felicidade nesta fase 1 1 “noutro dia ainda um doente me disse que nunca foi
tão feliz como numa fase destas”
1.1.2 mais confiança no enfermeiro 1 1 “portanto às vezes pode haver aqui uma componente
de facto de terem mais confiança no enfermeiro do
que no marido ou na mulher”
Negativo 4 13
1.1.3 tristeza 1 1 “E é muito interessante vermos nos doentes que a
tristeza e temos vindo a constatar que quer a tristeza
quer o sofrimento têm uma prevalência muito maior
do que o próprio quadro depressivo”
1.1.4 sofrimento sem outra 2 3 “E é muito interessante vermos nos doentes que a
especificação tristeza e temos vindo a constatar que quer a tristeza
quer o sofrimento têm uma prevalência muito maior
do que o próprio quadro depressivo, com avaliação
instrumental e que mesmo muita das vezes o pedido é
feito com uma dimensão de doente deprimido e o que
se verifica é doente em sofrimento”
1.1.5 sofrimento psicológico 1 2 “há sofrimento psicológico que nós podemos ajudar
a aliviar relativamente ao doente, à família, mas
depois não vamos conseguir trabalhar muitas
questões porque já não, o doente já não tem
capacidade para nós intervirmos juntamente com
ele”
1.1.6 sofrimento existencial 2 2 “A equipa normalmente finaliza, ou seja, quando
consegue perceber que os utentes estão num
sofrimento existencial muito grande”; Às vezes temos
situações que referenciam tarde, os doentes náo digo
agonia mas fazem que os doentes já estão numa fase
de delcinio, quase em agonia, ou pré agonia ou uma
fase já de agitação terminal em que os doentes têm
sofrimento existencial”
1.1.7 magoadas com percurso 1 1 “Porque as palavras são palavras e naturalmente
estas pessoas tão muito feridas e que estão muito
magoadas com o percurso”
1.1.8 frustração, raiva, revolta 1 1 “Quando ainda estão na fase do curativo, na parte
da procura do curativo é um bocadinho difícil
porque tem um conjunto de emoções e de sentimentos
ligados às vezes com a frustração, com a raiva, com
a revolta, e aí olham pa aquele técnico como “o que

33
é que tu me vens cá fazer”, à semelhança do serviço
social, o que é que tu me podes ajudar neste
momento”
1.1.9 culpabilização 1 1 “às vezes aparece as questoes da culpa, porque tem
um canro porque tou a ser castigado”
1.1. 10 compreensão da vivência 1 1 “(...) quando o doente diz “mas isto eu sei Dr. E.,
isto tá para terminar e a mulher diz “oh não fales
isso, tu és doido, não vais estar a falar disso, não
vais morrer nada, isto não vai acontecer, tu ainda
vais ficar bem.” Ou seja, temos aqui 2 níveis de
compreensão da vivência”
1.1.11 angústia alta 1 1 “Às vezes os próprios familiares também vivem pelas
mesmas razões a sua alta com angústia porque vão
dar trabalho em casa e no aspeto da dor às vezes têm
dor em casa e não têm hospital e creio que há uma
pescadinha de rabo na boca – em casa tão a
incomodar e no hospital não estão e vêm os
familiares mais descansados”
1.2 Necessidades 3 17
(codifica os excertos que referem a
perspetiva do psicólogo acerca das
necessidades do doente em CP)
1.2. 1 Presença física 1 1 “e às vezes são coisas muito importantes, e é uma
cama, uma presença, um partilhar de algumas
situações, de algumas coisas que ainda não estão
resolvidas e pronto, penso que será por aí”
1.2.2acompanhamento psicológico 1 1 “Muito da narrativa que os doentes nos fazem chegar
mais cedo é muito interessante eles dizerem “pois, este
acompanhamento psicológico é importante, mas
devia ter acontecido muito mais cedo” porque agora
eu de facto sei que isto é irreversível”
1.2.3 alívio sofrimento 1 1 “(...) as necessidades de alívio do sofrimento que o
doente apresenta numa fase destas”
1.2.4 esperança 1 1 “Não há aqui suporte, a realidade que eles vivem é
extremamente diferente da realidade da que lhes é
prometida, Mas eu preciso de acreditar nessa
realidade porque se me dizem e a equipa assistencial
se me diz eu vou acreditar porque eu quero que isso
aconteça mesmo que não seja possível”
1.2.5 perdas relacionadas com 1 1 “das questões relacionadas com todas as perdas que
doença tem a ver com o processo da doença e
nomeadamente uma doença avançada, todas as
perdas que o doente tem que lidar nesta fase da
doença e pronto que não só tem a ver com ele
próprio como doente mas com a própria família no
meio em que ele tá inserido”
1.2.6 questões existenciais 1 1 “mas aquilo que são necessidades no fundo de
aliviar sofrimento neste caso psicológico a muitos
níveis, ou seja, muitas vezes as questões mais
existenciais do próprio doente”
1.2.7 receio de falar 1 1 “e portanto há determinadas situações que eles
querem partilhar e têm alguma, algum receio, não
falam com a equipa”
1.2.8 receio de preocupar família 1 1 “é o doente que se refugia e tem medo para não

34
preocupar a família, não quer aumentar o sofrimento
deles”
1.2.9 receio de falar com a família 1 1 “situações em que os utentes estão com receio de
falar com a família, nomeadamente este fim de vida,
por exemplo têm receio “ai não vou falar porque ao
falar daquilo que sinto, se calhar vou preocupá-los”
1.2.10 sofrimento emocional 1 1 “Porque muitas vezes não é só a questão do
sofrimento emocional”
1.2.11 sofrimento existencial 1 1 “Porque muitas vezes não é só a questão do
sofrimento emocional ou existencial”
1.2.13 apoio resolução de problemas 1 1 “e às vezes são coisas muito importantes, e é uma
cama, uma presença, um partilhar de algumas
situações, de algumas coisas que ainda não estão
resolvidas”
1.2.14 falta de consciência da etapa 1 1 “os utentes estão num sofrimento existencial muito
da doença grande, que ainda não integraram muito bem a
posição e os pedidos da doença”
1.2.15 incompreensão 1 1 “imagina alguém que está com o nível de
hemoglobina muito baixo, que efetivamente tem
edemas nas pernas, nos membros inferiores e que a
família diz “ oh Senhor Doutor, se ele andasse, se ele
andasse ia ficar melhor porquê? o apetite e aqui é
extremamente perigoso se nós por ignorância e
desconhecimento alinhamos e “ sim é bom que ande,
porque não vai ficar em casa no sofá, porque até vai
ver outras pessoas e isto tamos a colocar no doente
uma responsabilidade e uma tarefa que ele não
consegue, então sente-se incompreendido e então
temos aqui outro problema”
1.2.16 equilibrio bem estar 1 1 “é a possibilidade de se encontrar um equilíbrio no
psicológico bem-estar psicológico, que é transcrito muita das
vezes”
1.2.17 o que faz sentido neste 1 2 “mas também as necessidades e aquilo que o doente
momento dá, o que é que faz sentido para a vida da pessoa
neste momento”
1.2.18 percurso doente 1 1 “As necessidades do doente em fim de vida tem a ver
muito também com o percurso do próprio doente ao
longo do seu processo de vida, trajeto de vida”
1.3 Obstáculos 4 31
(codifica os excertos que referem os
obstáculos à intervenção do psicólogo
em CP)
1.3.1 doente já em fase de declínio 1 1 “Às vezes temos situações que referenciam tarde, os
doentes náo digo agonia mas fazem que os doentes já
estão numa fase de delcinio, quase em agonia, ou pré
agonia ou uma fase já de agitação terminal”
1.3.2 paradigma curativo 2 3 “Vemos também muitas vezes um caminho que foi
feito se calhar numa matriz de grande ilusão em que,
ilusão no sentido de alguém que espera vir-se a
curar da doença que tem e isto ser alimentado muita
das vezes pela equipa assistencial prévia à chegada
dos cuidados paliativos”
1.3.3 modelo biomédico 1 2 “depois é o modelo biomédico que é, ainda acho que
é muito centrado ainda nesta questão do curar”

35
1.3.4 realização de exames 1 1 “(...) os doentes ainda são submetidos a muitos
diagnóstico exames complementares de diagnóstico e que às
vezes não havia necessidade para os fazer porque
aquele exame não vai contribuir”
1.3.5 referenciação tardia 4 7 “Por outro lado, também temos que ver que muita
das vezes os doentes já chegam tarde à equipa de
paliativos e mais tarde chegam à nossa intervenção;
A referenciação tardia, eu acho que portanto que há
aqui os nossos utentes e familias serem referenciados
muito tarde, que é um ponto fraco”
1.3.6 doentes dispersos 1 1 “As pessoas tão muito dispersas em consultas
diferentes, mal articuladas e portanto têm uma
maneira de interpretar aquilo que é o seu percurso
no Hospital pronto que é muito própria”
1.3.7 falta de espaços 1 1 “A falta de espaços muito prórpios de apoio aos
doentes e à família, porque nós não temos, não temos
espaço. Portanto é muito importante às vezes temos
gabinetes onde cabem 3 pessoas e às vezes
aparecem-nos às vezes 6 familiares, acho que é um
ponto fraco”
1.3.8 tempo 2 3 “as horas restritas são muito insuficientes, muito,
muito, muito; portanto a falta deste tempo”
1.3.9 acessibilidade 1 1 “Por outro lado, aqui algumas barreiras têm a ver
por exemplo e isto é uma questão que não é só
barreiras com o cuidador, é barreiras com os
doentes. Se por exemplo eu tiver um cuidador e um
doente que precisa de vir à minha consulta só e
precisava de vir na ambulância, não pode vir porque
vai ter que pagar a ambulância, porque não é uma
consulta médica e o SNS não paga. Portanto, isto
aqui é uma barreira brutal de acessibilidade aos
doentes”
1.3.10 doente não quer intervenção 1 1 “E às vezes os próprios doentes também não, por
psicológica exemplo, muitas vezes pelo próprio doente há
pedidos de intervenção psicológica que o doente não
quer portanto isso também é uma barreira porque se
o doente não está de facto disponível para a
intervenção ou acha que não faz sentido naquele
momento para ele ter este tipo de intervenção, claro
que é uma barreira nesse sentido. Nós não
conseguimos intervir com ninguém que não queira o
nosso apoio”
1.3.11 dominância de sentimentos 1 1 “Quando ainda estão na fase do curativo, na parte
negativos da procura do curativo é um bocadinho difícil
porque tem um conjunto de emoções e de sentimentos
ligados às vezes com a frustração, com a raiva, com
a revolta, e aí olham pa aquele técnico como “o que
é que tu me vens cá fazer”, à semelhança do serviço
social, o que é que tu me podes ajudar neste
momento”
1.3.12 não surge necessidade doente 1 1 “não surge essa necessidade do doente”
1.3.13 não verbaliza, não exprime 1 1 “ou muitas vezes o doente também não verbaliza, não
exprime”

36
1.3.14 doente não está capaz 1 1 “muitas vezes também não conseguimos porque não
há e porque é tardiamente e o doente cognitivamente
não está tão capaz mesmo de conseguirmos intervir
com ele de forma a conseguirmos aliviar o
sofrimento verdadeiramente dele. Pessoas que já
estão mesmo em fim de vida, isso é uma barreira
para a nossa intervenção. Às vezes há coisa que não
conseguimos trabalhar nessa fase porque de facto o
doente não está capaz”
1.3.15 CP como derrota 1 1 “Muito da narrativa que os doentes nos fazem chegar
é muito interessante eles dizerem “pois, este
acompanhamento psicológico é importante, mas
devia ter acontecido muito mais cedo” porque agora
eu de facto sei que isto é irreversível, faz-me sofrer
mas na altura eu criei aqui algumas ilusões que me
levaram a pensar que efetivamente podia ficar bem,
que me podia curar e que isso me foi sempre muito
prometido. O que é que leva? Leva depois a chegada
aos cuidados paliativos seja quase como uma derrota
porque eu só não consegui ficar bem porque se
calhar não soube como fazer com os fármacos que
existe, com as terapêuticas que existe, toda a gente
pode sair e eu se calhar sou um fraco”
1.3.16 dificuldade interpretação 1 1 “terem mais dificuldade em interpretar, às vezes
também se demitem, muitas vezes também se demitem
e é o que o médico achar”
1.3.17 condição dos doentes 1 1 “Depois temos várias barreiras: o próprio momento,
a condição em que as pessoas nos chegam”
1.3.18 culturais 1 1 “Mas portanto há vários, há barreiras que são
culturais, das pessoas não saberem o que é que se
passa”
1.3.19 doente não entender papel do 1 1 “muitas vezes as pessoas não entendem muitas vezes
psi o que é o papel do psicólogo. O que é que o
psicólogo pode fazer para ajudar? ”
1.3.20 estigma associado a CP 1 1 portanto porque tem o estigma que quando as
famílias e os utentes são transferidos para os CP têm
aquele estigma, não é, já não há nada a fazer”
1.4 Facilitadores 4 8
(codifica os excertos que na perspetiva
do psicólogo são facilitadores da sua
intervenção)
1.4.1 equipa alerta para a necessidade 1 1 “A equipa normalmente finaliza, ou seja, quando
de IP consegue perceber que os utentes estão num
sofrimento existencial muito grande, que ainda não
integraram muito bem a posição e os pedidos da
doença onde estão, algumas coisas que estejam, que
não estão ainda bem(...)”
1.4.2 necessidades que transmitem 1 1 “eu acho que é mesmo as necessidades que os utentes
e as famílias transmitem”
1.4.3 doente querer acompanhamento 1 1 “o doente querer esse acompanhamento, fazer
sentido para o doente”
1.4.4 disponibilidade de tempo 1 1 “eu tenho disponibilidade de tempo para os doentes
conforme as suas necessidades”
1.4.5 não ter pressão de horas 1 2 “os facilitadores é sobretudo eu não ter a pressão de

37
horas de tempos de consulta”
1.4.6 explicar ao deonte papel do psi 1 1 “muitas vezes as pessoas não entendem muitas vezes
o que é o papel do psicólogo. O que é que o
psicólogo pode fazer para ajudar? E às vezes depois
nós conversamos e temos uma consulta com a pessoa
e explicamos o que é que é o nosso objetivo de
trabalho, o que é que nós tamos, às vezes se calhar aí
perceber que faz sentido”
1.4.7 fé 1 1 “Por ex a questão da fé que eu acho que é protetora
também, é protetora dos doentes”
1.5 Papel do psicólogo
(codifica os excertos em que o psicólogo 4 47
define o seu papel. inclui objetivos,
técnicas e orientações conceptuais e
efeito percebido da sua ação nos doentes)
Objetivos 4 41
1.5.1 identificar necessidades 2 5 “(...) pelo menos sinto que a nossa mais valia é
mesmo na compreensão da forma como a pessoa
expressa o seu sofrimento, as suas dúvidas, os seus
pensamentos”
1.5.2 facilitar a comunicação do 2 3 “connosco até abordam e até falam e nós
doente com família conseguimos de facto ajudá-los a facilitar este
processo e por vezes os receios são de ambas as
partes, ou seja, a conspiração do silêncio”
1.5.3 facilitar a comunicação com o 2 2 “Às vezes também temos que ser nós a mediar um
doente com a equipa bocadinho as questões doente-familia-equipa.
Também é o nosso papel, não é só intervir
diretamente com a família, só com o doente, mas
também com a equipa nesse sentido. Muitas vezes a
gestão de comunicação que às vezes ajudam a
melhorar a qualidade de vida do dente e que ele
esteja mais tranquilo”
1.5.4 encaminhar o doente 1 1 “pelo menos sinto-me na obrigação de não só nos
Paliativos mas de encaminhar as pessoas da melhor
maneira possível”
1.5.5 presença 1 1 “também sabemos que há outras pessoas que são
mais circunspectas que não dizem nada, que tão num
sofrimento e que nós temos que quase que arranjar
maneiras de impor de uma forma simpática a nossa
presença até não se justiicar, mas na esperança que
se consiga chegar a algum lado”
1.5.6 valorizar sofrimento 1 1 “Portanto acho que é uma questão de eu não sei se
esta palavra exsite assim.. o valorar ou dar o devido
valor ao sofrimento daquela pessoa”
1.5.7 compreender os próprios 1 1 “E também me parece que perceber os nossos
limites limites, não é. Saber que há um certo ponto que nós,
uma coisa é que sabemos que ela pessoa tá
realmente em sofrimento e outra coisa é percebermos
se aquele sofrimento pode ser objeto da nossa
intervenção ou não”
1.5.8 acessibilidade 1 1 “De qualquer maneira aquilo que com que eu me
preocupo é que a pessoa, é estar facilmente em
contacto com a pessoa”

38
1.5.9 compreensão da organização do 1 2 “é muito importante para nós, a maior parte das
doente com família vezes, a 1ª consulta do doente ser feita em
conjunto(...)”
1.5.10 Desenvolver incompetências 1 1 “pode ajudar a desenvolver por ex incompetências
comunicacionais ou emocioanais comunicacionais, incompetências de emoções que
não são ditas, sofrimentos que estão ali rasurados ou
escondidos entre eles”
1.5.11 reparar danos e mesmo nível 1 1 “o importante na nossa intervenção com o doente e
diálogo depois com o alargar à família, não é só reparar os
danos que está a acontecer num e que está a
acontecer noutro, é pô-los também ao mesmo nível
de diálogo e sintonia na vivência da doença”
1.5.12 restituir perceção de controlo 1 2 “Depois temos aqui outra dimensão que é o controlo
da própria vida e estes doentes, muitos deles, o
grande problema deles para além da dependência, é
não ter controlo. foram apanhados na esquina por
uma doença que os vai levar à morte. (...)é
fundamental, é essencial e é nuclear restituir ao
outro a perceção de controlo sobre as coisas”
1.5.13 resolução e compreensão das 1 1 “E o luto prolongado trabalha-se muito ainda na
coisas vida de cuidador e aqui temos que junto do cuidador
e do doente temos aqui um caminho que as coisas
fiquem possível resolvidas mas que fiquem sobretudo
compreendidas”
1.5.14 perceber como doente 1 1 “As necessidades podem ser várias e portanto o
vivencia doença importante é percebermos como é que o doente
vivencia a sua doença”
1.5.15 perceber necessidades doente 1 1 “Sim, a intervenção do psicólogo é no fundo
perceber estas necessidades que o doente tem”
1.5.16 perceber impacto doença 1 1 “que impacto que esta deonça tem na vida do doente
e numa fase avançada na vida, na vida física, na
relacional e também pessoal”
1.5.17 de que forma aliviar 1 1 “e de que forma é que nós podemos aliviar esse
sofrimento sofrimento”
1.5.18 dar sentido ao sofrimento 1 1 “e dar sentido a todo este sofrimento”
1.5.19 avaliar patologia 1 1 “Portanto é importante avaliar que patologia´é que
existe neste doente
1.5. 20 avaliar sofrimento 1 1 que sofrimento é que ele tem”
1.5. 21 significado vida 1 1 “que significado é que ele tem pa vida dele”
1.5. 22 Que vão de encontro ao 1 1 “Portanto, vamos no fundo criar objetivos que vão de
doente encontro ao doente”
1.5.23 preencher e aliviar 1 1 “Se calhar há coisas que nós achamos que nem são
nada relevantes, para aquele doente são. Portanto
tem a ver com o preencher e o aliviar”
1.5.24 ir de encontro às necessidades 1 1 “nós temos que ir sempre de encontro às
necessidades que pra ele diz que é importante”
1.5.25 trabalhar questões de fundo e 1 1 “Porque nós vamos trabalhar questões muito de
perda de sentido funto e perda de sentido de vida muitas vezes, de
questões de muito profundo”
1.5.26 intervenção importante 1 2 “Cada sessão, cada momento em que estamos com o
doente a intervirmos é importante porque podemos
conseguir muitas coisas num momento”

39
1.5.27 aceitação, validação, 1 1 “Se calhar é muito por exclusão de partes porque é
normalização uma coisa muito relacional, muito de aceitação,
muito de validação, de expressão de coisas ainda
não expressas e se calhar com menos frequência se
entra na modificação de cognições”
1.5.28 colocar o doente na evidência 1 1 “Esta abordagem visa sobretudo podermos colocar a
humana pessoa naquilo que é uma evidência humana que é o
nascer e o morrer”
1.5.29 cuidar da identidade do doente 1 1 “Mas há muitas vezes nessa lógica do preservar,
digamos assim ou do cuidar da identidade da
pessoa”
1.5.30 cuidar do self 1 2 “eu costumo ver muito a nossa atuação como: nós
nao cuidamos direitamente do corpo, cuidamos do
self”
Efeitos decorrentes da IP 1 1
1.5.31 doente mais tranquila depois 1 1 “a partir do momento que falou comigo, por
da intervenção do psicólogo exemplo, a senhora ficou muito mais tranquila”
Tipo abordagem 2 5
1.5.32 Humanista 2 5 “psicólogo aqui tem um papel muito importante e
desde logo numa matriz muito humanista, ou seja,
nós temos que ganhar esta pessoa antes de
ganharmos este doente e só ganhamos a pessoa se
nos colocarmos numa dimensão humana e não
conhecedor de determinadas técnicas, numa relação
humana”
Morte 2 2
1.5.33 morte do self 1 1 “como é que o self morre? Não é? Como é que a
pessoa vai perdendo, se é que vai, pode nao a perder
dessa forma... Mas a pessoa pode antecipar a sua
própria, a sua própria morte física, no sentido em
que se desliga das suas relações, das atividades que
lhe interessam, de poder pensar noutras coisas que
são agradáveis e não apenas na doença, não é?
Formas de, de viver esta fase. E isso tem muito a ver
creio com a própria personalidade da pessoa, com o
contexto familiar, depois começa a ter a ver com o
próprio quadro e com a própria instituição e com a
quantidade de procedimentos médicos e de
enfermagem”
1.5.34 percepção de proximidade 1 1 “E muita das vezes o discurso das pessoas é neste
sentido “pra que tanto sofrimento se eu sei que mais
dia, menos dia a morte está próxima, ok porquê?”).
1.6 Características pessoais 1 2
(codifica os excertos referentes às
características pessoais dos doentes)
1.6.1 equilibrados, estabilizados e 1 1 “Maior parte dos doentes até estão até muito
adaptativos equilibrados e estabilizados e adaptativos”
1.6.2 valoriza questões de fim de 1 1 “Porque o doente valoriza muito como é obvio se tá
vida no fim de vida, ainda mais estas questões que não
estão resolvidas pa trás”

40
2. FAMILIARES

2.1 Estado emocional 3 12


(codifica os excertos que referem a
perspetiva do psicólogo sobre o estado
emocional dos familiares)
2.1.1 sofrimento 2 2 “porque depois é muito interessante percebermos
que há cuidadores que sofrem muito porque o outro
está a sofrer e pelo amor que têm, pela dificuldade
que têm, até muita das vezes da impotencialidade que
sentem em poder ajudar mais.”
2.1.2 com acompanhamento 1 1 “Nós temos cuidadores que também têm
psiquiátrico e psicológico acompanhamento psiquiátrico ou psicológico prévio
e tudo isto tem que ser entendido num conjunto
alargado numa avaliação até um bocadinho
sistémica ou até mais ecológica”
2.1. 3 compreensão da vivência 1 1 “um exemplo muito concreto: quando o doente diz
“mas isto eu sei Dr. E., isto tá para terminar e a
mulher diz “oh não fales isso, tu és doido, não vais
estar a falar disso, não vais morrer nada, isto não
vai acontecer, tu ainda vais ficar bem.” Ou seja,
temos aqui 2 níveis de compreensão da vivência.”
2.1.4 exaustão 2 5 “Com o doente em vida, não é, aquilo que nós vemos
sempre ou com muita frequência acontecer é o
cuidador que está hipervigilante, não é. Que não
dorme, que tem medo que o marido ou que a mulher
deixem de respirar ou que possa precisar de alguma
coisa, não é e portanto que deixa de cuidar de si
próprio porque de facto não é a preocupação. E
portanto situações de grande desgaste físico e
psicológico são muito frequentes; às vezes também
estão numa fase de muito exaustão, que também às
vezes me permite que a família não teja tão capaz”
2.1.5 angústia de cuidados 1 2 “Há muita angústia também para os cuidados em
casa; E portanto vivem com muita angústia as altas,
as altas dos seus familiares”
2.1.6 hipervigilância 1 1 “Com o doente em vida, não é, aquilo que nós vemos
sempre ou com muita frequência acontecer é o
cuidador que está hipervigilante, não é. Que não
dorme, que tem medo que o marido ou que a mulher
deixem de respirar ou que possa precisar de alguma
coisa, não é e portanto que deixa de cuidar de si
próprio porque de facto não é a preocupação. E
portanto situações de grande desgaste físico e
psicológico são muito frequentes”
2.2 Facilitadores 4 9
(codifica os excertos que na perspetiva
do psicólogo são facilitadores da sua
intervenção)
2.2.1 necessidades que transmitem 1 1 “É assim, eu acho que é mesmo as necessidades que
os utentes e as famílias transmitem”
2.2.2 psicólogo não associado a 1 1 “cada vez menos o estigma eu não quero ir ao
estigma psicólogo”

41
2.2.3 família funcional 1 1 “É obvio que se temos uma família funcional por de
trás de um doente é importante porque é um fator
facilitador, vai-nos ajudar muitas vezes a por
exemplo na questão da comunicação com o próprio
doente, se há situações pa resolver, se a família
funcione de uma forma normativa, pode nos ajudar a
ser um fator facilitador para chegarmos até ao
doente”
2.2. 4 proporciona informação 1 1 “Porque às vezes a informação que o próprio doente
não nos pode dar ou que alguma situação que seja
importante”
2.2.5 pós morte intervenção facilitada 1 4 “Mais tarde, num período de luto o processo pelo
com a família menos para nós fica mais fácil, é muito mais fácil de
gerir porque não há idas à urgência, não há quer
dizer não há aquela instabilidade, aquela angústia
toda; É um trabalho muito mais fácil de estruturar e
portanto conseguimos dar respostas mais
rapidamente, é muito mais fácil de gerir, o processo
é todo mais fácil”
2.2.6 presença de rede de suporte 1 1 “Quantas vezes ouço dizer que aquela população do
familiar bairro pescatório em espinho tem um sentido de
comunidade que os leva a viver estas questões e é
protetora”
2.3 Necessidades 4 21
(codifica os excertos que referem a
perspetiva do psicólogo acerca das
necessidades dos familiares em CP)
2.3.1 família motivada 1 1 “A família também é importante que seja, ou seja,
que tenhamos que intervir com uma família que
esteja de alguma forma também ela própria
motivada para ter este apoio para caso seja
necessário”
2.3.2 validação do seu papel 2 2 “portanto as pessoas perguntam muitas vezes se é
normal, se isto é normal, porque é que eu ainda estou
assim. Para não falar das questões das vozes que se
ouve e da sensação da presença, dos sonhos, toda
uma série, enfim toda essa gama de experiências que
podem ser mais ou menos estranhas para as pessoas;
Claro que estas famílias muitas vezes necessitam de
apoio psicológico também para validar o tipo de
trabalho ou intervenção”
2.3.3 precisam tempo para serem 1 1 “precisam de se sentar com alguém com muita
ouvidos disponibilidade de tempo e dizer “estamos aqui,
vamos lá, então o que é que, em que é que podemos
ajudar, o que é que não tá a correr bem, quais são as
suas preocupações ou as vossas preocupações do
momento, como é que gostariam que isto
acontecesse, que isto levasse o seu rumo, isto é um
processo”
2.3.4 família quer poupar o doente 1 1 “e a família também não quer falar do assunto para
os poupar”
2.3.5 impotencia 1 1 “é muito interessante percebermos que há
cuidadores que sofrem muito porque o outro está a
sofrer e pelo amor que têm, pela dificuldade que têm,

42
até muita das vezes da impotencialidade que sentem
em poder ajudar mais”
2.3.6 impreparação 1 1 “Eu acho que é muito importante estas famílias ficam
muito.. porque não foram preparadas, ninguém tá
preparado para estes momentos”
2.3.7 lidar com perdas 1 1 “E as perdas não é só a perda efetiva pela morte, são
perdas muito anteriores, a familia também tem
muitas perdas, não é, que tem que lidar”
2.3.8 necessidade de intervenção 2 3 “há cuidadores que aparecem já numa fase mais
psicológica final, em situações mais intensas de maior
necessidade, maior crise e aparecem. E aqui a
corrida, desculpando a expressão, é mais curta. E
depois temos aqueles que são corredores de
maratona e que temos que os ajudar aí porquê?”
2.3.9 partilha e comunicação 1 1 “porque até não temos esta oportunidade de nos
sentarmos todos”
2.3.10 ir ao encontro da necessidades 1 1 “e ajudamos no sentido de eles até irem de encontro
dos doentes com as necessidades dos utentes, ou seja, porque é
que aquele utente quer de facto voltar a casa, se de
facto podemos ou não permitir e facilitar esta
vontade do doente, não é, porque muitas vezes eles
pensam que o doente tá com alguns indicadores
complicados e o melhor é ir ao hospital”
Processo de luto 1 3
2.3.11 sofrimento 1 1 “com o passar cas consulas e percebendo o familiar
que isto é benéfico para ele e que trás de facto
resposta às necessidades dele em termos de
intervenção psicológica, do sofrimento existencial e
do sofrimento psicológico, a pessoa tá a ter um
processo de luto que é um processo de grande
sofrimento”
2.3.12 apoio pós perda 1 2 “Ahh dizer que todas as pessoas que eu acompanho e
que contacto no luto que vêm todas, não. Mas uma
grande maior parte daquelas pessoas que eu
acompanho acabam por pelo menos querer vir a uma
1ª consulta; às vezes há outras circunstâncias da
distância, pronto outras situações que nós também
não conseguimos controlar e normalmente o que eu
tento fazer é se há, se não há essa possibilidade cá
tentar perceber, ou seja, que referenciaçóes é que
podemos fazer para as pessoas não ficarem de facto
sem esse apoio psicológico, sem essa intervenção
psicológica que necessitariam, mas que por outras
circunstâncias não podem recorrer”
2.3.13 rede de suporte 1 1 “Nesse tipo de situações depois fico muito na dúvida
se nós lembrarmos às pessoas que devem cuidar delas
próprias para poderem cuidar melhor, se tem eficácia
ou não. Às vezes pode passar por medidas mais
comportamentais, não é? Tentar perceber se há algum
filho que possa dormir lá em casa para uma mãe ou
um pai poderem..”
Processamento informação 3 4
2.3.14 mediar questões 1 1 “uma família que de facto, que consiga de facto

43
mediar as questões
2.3.15 opinião técnica por parte do 1 1 “Ontem falava com uma senhora que perdeu um filho
psi jovem, morte súbita, noutro contexto e ela dizia e
tava à espera de uma opinião técnica “mas então eu
devo ir ao cemitério ou não”? Porque eu já me
disseram pa ir, já me disseram pa não ir” e as
pessoas muitas vezes esperam de nós que lhes
digamos como é que um luto se faz e nós não
podemos fazer isso”
2.3.16 estar informada sobre o doente 1 1 “Acho que sobretudo é importante que a família
esteja informada daquilo que se passa com o doente,
acho que é o primeiro passo é a informação sobre o
que é que se tá a passar realmente e ter a perceção
do que é que se está a passar”
2.3.17 não integração da informação 1 1 “As famílias, por vezes, portanto também ainda não
estão, ainda não integraram, não tiveram o seu
tempo para integrar bem a informação que tiveram,
não é, relativamente ao prognóstico do familiar”
2.4 Obstáculos 4 31
(codifica os excertos que referem os
obstáculos à intervenção do psicólogo
em CP)
2.4.1 Não estruturais 1 1 “Há outras dimensões. Há outras barreiras de tu
poderes encontrar até a nível psicológico aqui
estratégias, que parece que sejam estruturais mas
não são. Quando se diz alguém “ok, tem que
continuar ou deve continuar, já pensou que deveria
continuar ou poderia continuar a fazer coisas que
fazia antes. E as pessoas, muita das vezes deixam-nos
sem palavras. Sim isso eu já pensei mas tomara eu e
quem fica lá? Então aqui temos um problema”
Organizacionais 3 12
2.4.2 tempo 1 2 “portanto, as horas restritas são muito insuficientes,
muito, muito, muito”
2.4.3 referenciação tardia 1 1 “A referenciação tardia, eu acho que portanto que há
aqui os nossos utentes e familias serem referenciados
muito tarde, que é um ponto fraco”
2.4.4 falta de psicólogos 1 1 “a falta de, penso que a falta de recursos de
psicólogos”
2.4.5 falta de espaços 1 2 “A falta de espaços muito prórpios de apoio aos
doentes e à família, porque nós não temos, não temos
espaço. Portanto é muito importante às vezes temos
gabinetes onde cabem 3 pessoas e às vezes
aparecem-nos às vezes 6 familiares, acho que é um
ponto fraco”
2.4.6 estruturais 1 2 “olha, barreiras são imensas as barreiras. Imensas
no sentido de várias situações que podem decorrer
dessas barreiras. Desde logo até questões tão
simples como questões estruturais da própria casa.
questões estruturais da cama que agora, da cadeira
de rodas não consegue, a casa de banho que tem
banheira e ele não consegue movimentar-se ou tem
que fazer um esforço muito grande, depois fica-me a
doer as costas e eu já fui ao ortopedista por causa
44
das minhas costinhas, tenho que ajudá-lo, desde logo
barreiras estruturais são reais”
2.4.7 consulta luto - impacto local 1 2 “As pessoas normalmente quando vêm à consulta de
luto referem que de facto vir cá novamente a um
espaço onde o familiar esteve internado e onde o
familiar morreu é um fator que é uma barreira”
2.4.8 apoio ao domicílio 1 1 “E pronto e depois também sabemos que a nível de
apoio ao domicílio ainda temos uma lacuna muito
grande e isso é uma evidência que todos nós
conhecemos mas que não devemos ficar focados
nisto, devemos é ao mesmo tempo criar outras
estruturas que as pessoas possam vir”
2.4.9 acessibilidade 1 1 “A barreira é a acessibilidade aos cuidados que eu
acho que hoje em dia as barreiras grandes,
nomeadamente na área da saúde mental
especificamente e nesta possibilidade de acesso a
isto, é ou são sobretudo as dificuldades de acesso e
isto é que é complicado”
Na família 4 18
2.4.10 pré-conceito 1 1 “pessoas que me falam de algumas experiências
prévias com algum tipo de outro tipo de consultas
também que é na área da psicologia, quer na
psiquiatria que às vezes as pessoas têm um
bocadinho pré conceito”
2.4.11 recusa apoio psi 1 1 “quando o doente está em vida, nós dizemos “esta
família vai precisar, precisar da consulta de
psicologia” e depois recusa, ou seja, nós próprios
percecionamos o luto daquelas pessoas como sendo
mais complicado do que na realidade vem a ser”
2.4.12 questões disfuncionais 1 2 “questões mais disfuncionais da própria família –
família pronto quando a família não quer falar com o doente
sobre isso, por ex às vezes a própria família também
tenta-nos dizer “não quero que fale com o meu
familiar porque não quero que lhe diga nada.””
2.4.13 obrigação do cuidar 1 1 “Uma coisa é eu estou porque efetivamente quero
estar, outra coisa é eu estou porque tenho que estar.
E quando eu tenho que estar eu tenho que fazer de
conta que quero estar, que é outra tremenda que a
nível social ainda as pessoas têm alguma
dificuldade, porque os olhares não são só olhares da
própria sociedade sobre quem não cuida, mas
também da própria equipa existencial”
2.4.14 conspiração do silêncio 1 1 “Muitas vezes a questão da conspiração do silêncio é
uma das grandes barreiras muitas vezes”
2.4.15 achar que nada nem ninguém 1 1 “Às vezes as pessoas tarem num sofrimento tal ou
pode ajudar mais desajustadas e acham que nada nem ninguém
os pode ajudar no sentido que por ex nós não vamos
de facto dar resposta a muitas coisas que eles
gostariam que acontecesse”
2.4.16 dominio da agenda do doente 1 1 “Quando o doente está em vida são os tempos do
doente, não é? Nós falamos com os familiares
quando eles os acompanham à consulta, mudamos as
agendas para que isso seja possível. E portanto as

45
dificuldades com os familliares nessas alturas são
próximas das dificuldades dos doentes, que tem
muito a ver com o tempo”
2.4.17 estigma associado a CP 1 1 “família que ainda procura, tá sempre à procura de
alguém que possa dizer existe mais esta possibilidade
e existe mais esta possibilidade e portanto porque
tem o estigma que quando as famílias e os utentes
são transferidos para os CP têm aquele estigma, não
é, já não há nada a fazer”
2.4.18 estigma associado ao psi 1 2 “agora o estigma já está um bocadinho mais
esbatido. Mas ainda há aquele estigma de às vezes
muito menor sem dúvida”
2.4.19 luto prolongado 1 1 “quando alguém diz que quer morrer em casa, uma
coisa simples que a pessoa diz quer morrer em casa e
a família normalmente cede isto, ok morrer em casa.
mas quando se pergunta depois a quem fica e é capaz
depois do seu familiar morrer, ou seja, cônjuge
homem ou mulher já pensou que vai dormir na cama
onde morreu o seu marido? Já pensou sobre isto?
Sim ou não? E as pessoas: “ah não pensei mas se
calhar não vou conseguir dormir lá, mas também
não tem mal, durmo no sofá. Então tamos aqui com
um problema. Um problema, porquê? Porque esta
senhora neste caso concreto que vai fazer todas as
vezes que dormir no sofá está-se a lembrar da morte
do marido”
2.4.20 solidão 1 2 “Por outro lado, muita das vezes também muita
solidão de quem fica sozinho e tem medo. E depois
temos o que? Temos situações de pessoas já idosas a
cuidar de pessoas idosas e que efetivamente, temos
um quase a ficar demenciado e um quase a morrer e
cuida de quem?”
2.4.21 procura de outras 1 2 “a família que ainda procura, tá sempre à procura
possibilidade de alguém que possa dizer existe mais esta
possibilidade e existe mais esta possibilidade”
2.4.22 problemas de saúde mental 1 2 “Nós temos muitos cuidadores com, eu não quero
prévios dizer com patologia ou com psicopatologia, mas com
dificuldades psicológicas, emocionais já prévias, e
aqui é mais uma barreira. É uma barreira porque
como é que tu vais trabalhar isto?”
2.5 Papel do psicólogo 4 44
(codifica os excertos em que o psicólogo
define o seu papel. inclui objetivos,
técnicas e orientações conceptuais e
efeito percebido da sua ação nos
familiares)
Objetivos 4 38
Com os familiares 4 35
2.5.1 ajudar a integrar a possibilidade 1 1 “Aqui a nossa intervenção é exatamente essa – é
de sofrer ajudar as pessoas a integrarem em si esta
possibilidade de sofrerem por alguém que amam e
colocarmos isto num processo natural da própria
vida e do próprio decorrer da vida de cada um de
nós”

46
2.5.2 compreender organização do 2 3 “perceber como é que este sistema está organizado.
sistema Isto é fundamental. Evidentemente, num seguimento
posterior o doente será visto sozinho, numa consulta
única, individual, melhor dizendo. Mas é muito
interessante percebermos na 1ª consulta ajuda
imenso tarem os dois ou os 3 dependendo de quem
vem”
2.5.3 compreender papel do cuidador 1 1 “Quem é o cuidador, que papel tem? Papel ativo,
evidente, sufocante? Tem papel que se anula, que dá
privilégio ao doente? É capaz de escutar, não é? Isso
vai nos dar desde logo aqui um olhar de muito do
que possa vir a desenvolver-se. De que forma é que
eu tenho este cuidador como um parceiro de ajuda
ao doente ou tenho um doente que é parceiro na
ajuda ao cuidador?”
2.5.4 cuidador como familiar 1 1 “Desde logo é importante nós pormos aqui o
cuidador numa vertente até de familiar que é o que
mais costuma acontecer”
2.5.5 estar ao lado famílias 1 1 “o nosso papel aqui é muito importante de estar ao
lado das familias, de as ajudar a lidar com a perda
do familiar e a morte do familiar que vai
eventualmente acontecer”
2.5.6 explicar as decisões e os 1 1 “explicamos muitas vezes as decisões e os objetivos
objetivos do plano de cuidados do plano de cuidados”
2.5.7 família comunique com doente 2 2 “Que de facto comunique com o doente de uma
de forma eficaz forma eficaz”
2.5.8 famílias terem noção que a sua 1 1 “as pessoas terem uma noção de que viverem a sua
perda é adaptativa perda de uma forma adaptativa”
2.5.9 abstração de juízos de valor 1 1 “E acho sobretudo que temos que nos abstrair dos
juizos de valor, do quer que seja em relação à
família porque muitas vezes há alguma tendência
para o fazermos”
2.5.10 reduzir ansiedade 1 1 “Depois temos que tar, creio eu, que temos que tar
sempre atentos a..pronto para estas questões mais
de., que acabam por dedondar numa enorme
ansiedade.
2.5.11 aceitar que não conseguem 1 1 “O que eu costumo dizer é que temos que aceitar
mudar aquilo que não conseguimos mudar e mesmo pas
famílias às vezes é um bocadinho dificil lidar com a
frustração, com impotência, de querer”
2.5.12 ajudar a lidar com a perda 1 1 “E acho que o nosso papel aqui é muito importante
de estar ao lado das familias, de as ajudar a lidar
com a perda do familiar e a morte do familiar que
vai eventualmente acontecer.”);
2.5.13 avaliação da personalidade 1 1 “a personalidade de cada cuidador também tem que
ser muito bem avaliada”
2.5.14 centrar no presente 1 1 “acho que é muito importante também as pessoas
terem uma noção de que viverem a sua perda de uma
forma adaptativa, ou seja, centrarmo-nos no
presente, ele quando estiver vivo está vivo e é
importante que as pessoas sintam isso, sintam a
presença do doente como vivo naqueles momentos”
2.5.15 conspiração do silêncio 2 2 “outro nível de comunicação que tem a ver com a

47
conspiração do silêncio. De que forma falam
abertamente da situação. Falam da vivência? Não
falam? Que nomes dão ao que está a acontecer? Que
nomes dão à doença?”
2.5.16 identificar as preocupações 1 1 “muitas vezes precisam de se sentar com alguém com
muita disponibilidade de tempo e dizer “estamos
aqui, vamos lá, então o que é que, em que é que
podemos ajudar, o que é que não tá a correr bem,
quais são as suas preocupações ou as vossas
preocupações do momento, como é que gostariam
que isto acontecesse, que isto levasse o seu rumo,
isto é um processo”
2.5.17 individualidade - respeitar 1 1 “Uma individulalidade como pessoas e isso é muito
relação família com doente importante nós mantermos, tentando respeitar tudo,
todo o tipo de relação que existe com o doente”
2.5.18 informar familia que o apoio 1 2 “Eu acho que é importante nós informarmos sempre
existe a família que este apoio existe.”
2.5.19 intervir naturalmente com 1 1 “e de facto também a família naturalmente porque
família eu quando intervenho com um doente naturalmente
intervenho com a família.”
2.5.20 perceber como família estava 1 1 “como é que aquela família estava antes desta
antes da doença doença aparecer”
2.5.21 normalizar e validar 1 3 “uma grande parte das intervenções é a normalizar
e a validar processos que são normais”)
2.5.22 porta aberta para quando 1 1 “eu costumo dizer que é a porta aberta. Tamos ali,
necessário dizemos que isto existe, que este apoio existe, esta
intervenção psicológica existe nesta fase, não só na
fase da doença mas também posteriormente no luto,
mas as pessoas saberem que no momento podem não
necessitar mas no outro momento estamos lá para
ajudar.”
2.5.23 pós perda - contacto família 1 1 “Mas quando há essa proximidade, por norma, ou
somos nós, neste caso serei eu a fazer o contacto
futuro, quando tenho essa referência normalmente
faço um contacto quando há uma família que
imagine: tem fatores de risco, tem filhos pequenos;
uma grande maior parte daquelas pessoas que eu
acompanho acabam por pelo menos querer vir a uma
1ª consulta; às vezes há outras circunstâncias da
distância, pronto outras situações que nós também
não conseguimos controlar e normalmente o que eu
tento fazer é se há, se não há essa possibilidade cá
tentar perceber, ou seja, que referenciaçóes é que
podemos fazer para as pessoas não ficarem de facto
sem esse apoio psicológico, sem essa intervenção
psicológica que necessitariam, mas que por outras
circunstâncias não podem recorrer”
2.5.24 potenciar situações indutoras 1 1 “muito do trabalho que eu faço passa muito por isto
de luto prolongado de potenciar situações que à partida podem vir a
serem indutoras de um luto mais prolongado.”
2.5.25 preparar familiar para que luto 1 1 “E outro caso concreto é quando as pessoas dizem
não seja doloroso que querem que as cinzas sejam lançadas ao mar. O
que é que significa para si depois não ter sítio, para

48
ir junto de partes, seja em cinzas, seja de outra forma
do seu marido ou da sua esposa, já pensou sobre
isso? E isto são situações muito objetivas, muito
reais de como nós podemos ir preparando aqui para
que o luto não seja uma coisa mais dolorosa do que
ela já é naturalmente.”
2.5.26 prevenção luto 1 1 “E aqui é a parte preventiva no fundo para a
preparação para o luto que aí vem. Eu não defendo o
luto antecipado”
2.5.27 reparar danos e mesmo nível 1 1 “Porque o importante na nossa intervenção com o
diálogo doente e depois com o alargar à família, não é só
reparar os danos que está a acontecer num e que
está a acontecer noutro, é pô-los também ao mesmo
nível de diálogo e sintonia na vivência da doença.”
2.5.28 resolução e compreensão das 1 1 “E o luto prolongado trabalha-se muito ainda na
coisas vida de cuidador e aqui temos que junto do cuidador
e do doente temos aqui um caminho que as coisas
fiquem possível resolvidas mas que fiquem sobretudo
compreendidas. E é o nosso papel enquanto
psicólogos, muita das vezes trabalhamos”).
Com o doente 2 3
2.5.29 Compreensão do estado 1 1 “porque muitas vezes eles pensam que o doente tá
clínico do doente com alguns indicadores complicados e o melhor é ir
ao hospital e muitas vezes alguém que sente, que
fale, que comunique, pronto facilita um bocadinho o
processo de integração e aquilo do momento de
crise, um momento de agudização, que será
ultrapassado de outra forma”
2.5.30 facilitar a vontade do doente 1 1 “de facto podemos ou não permitir e facilitar esta
vontade do doente”
2.5.31 resolução dimensões afetivas, 1 1 “não só as coisas práticas do dia a dia, as coisas
emocionais e relacionais estruturais mais imediatas ficarem resolvidas, mas
também ficarem resolvidas as dimensões afetivas e
emocionais e até relacionais”
2.6 Efeitos da IP 2 4
2.6.1 facilitar a comunicação 2 2 (“e elas, uma das coisas que nos transmitem e
portanto nos seus processos de luto e posteriormente
é que “olhe agradeço, viemos cá porque de facto não
tivemos sozinhos no momento difícil e foi muito
importante nós sentarmo-nos todos, porque até não
temos esta oportunidade de nos sentarmos todos e
reunirmos, mas sentamo-nos todos, conseguimos
escutar, conseguimos ver e conseguimos perceber
que houve aqui muita discussão, muita informação,
muita partilha da própria equipa para otimizar o
plano de cuidados do nosso familiar e estamos muito
gratos””);
2.6.2 familiar mais aliviado 1 1 “Ontem falava com uma senhora que perdeu um filho
jovem, morte súbita, noutro contexto e ela dizia e
tava à espera de uma opinião técnica “mas então eu
devo ir ao cemitério ou não”? Porque eu já me
disseram pa ir, já me disseram pa não ir” e as
pessoas muitas vezes esperam de nós que lhes

49
digamos como é que um luto se faz e nós não
podemos fazer isso. Mas quando nós dizemos isso às
pessoas, elas acho que elas ficam aliviadas.. essa tal
normalização.”
2.6.3 reconhecimento do trabalho 1 1 “uma das coisas que nos transmitem e portanto nos
realizado pelo psicólogo e pela seus processos de luto e posteriormente é que “olhe
equipa agradeço, viemos cá porque de facto não tivemos
sozinhos no momento difícil e foi muito importante
nós sentarmo-nos todos, porque até não temos esta
oportunidade de nos sentarmos todos e reunirmos,
mas sentamo-nos todos, conseguimos escutar,
conseguimos ver e conseguimos perceber que houve
aqui muita discussão, muita informação, muita
partilha da própria equipa para otimizar o plano de
cuidados do nosso familiar e estamos muito gratos”).
2.7 Tipo abordagem 2 2
2.7.1 Humanista com aspetos 2 2 “talvez eu sinta em relação a estes aspetos técnicos
técnicos que o trabalho com os doentes é muito mais numa
linha humanista”
2.8 Características pessoais 3 5
(codifica os excertos que de acordo com
a perspetiva do psicólogo são
características dos familiares)
2.8.1 autoconceito frágil 1 1 “E por outro lado, no hospital são cuidados por
profissionais e portanto às vezes pode haver aqui
uma componente de facto de terem mais confiança no
enfermeiro do que no marido ou na mulher, não é?
E essas questões que depois são importantes po luto,
que são aqueles cuidadores que têm um.. se calhar
enfim um autoconceito mais frágil e que acham que
cuidam mal, que têm mais tendência para se
responsabilizarem, para sentirem culpa e portanto
que tem uma vivência mais depressiva deste tipo de
situações, não é?”
2.8.2 consciência que a morte vai 1 2 “Porque as pessaos tando conscientes daquilo que tá
acontecer a acontecer com o seu familiar têm consciência que a
morte vai acontecer” (...)
2.8.3 dependência 1 1 ““Ai nós somos muito unidos”. Mas que tipo de
união é que isto é? É que podem ser muito unidos e
como tu dizes mais saudável ou menos saudável e
podemos ter aqui situações de grande dependência
dos elementos e quando esse elemento fragiliza por
alguma razão desestrutura-se tudo, que não há
aquela capacidade de regeneração própria do
contexto familiar.”
2.8.4 exagerar 1 1 “Porque as pessoas percecionam uma dificuldade..
exageram, exageram. Não têm hitorial, não é? Mas
acham que vai ser muito mais difícil do que na
prática se verifica ser”

3. EQUIPA

3.1 Características da equipa 4 19


(codifica os excertos que de acordo com

50
a perspetiva do psicólogo são
características da equipa)
3.1.1 equipa alerta para necessidades 1 1 “A equipa normalmente finaliza, ou seja, quando
do doente consegue perceber que os utentes estão num
sofrimento existencial muito grande”(...)
3.1.2 equipa bem formada e 2 2 “a própria equipa que também é uma equipa muito
informada atenta e muito peculiar a nossa, eu penso que é uma
equipa muito bem formada e informada e que pronto
desenvolveu bem o seu trabalho”
3.1.3 trabalho realizado por 1 1 “Porque muitas vezes os doentes passam por um
enfermeiras período de agudização e depois têm alta para casa-
isso é um trabalho que preferencialmente ou muito
bem feito pelas enfermeiras”
3.1.4 sensibilidade enorme 1 1 “acho que se aplica às médicas também mas as
enfermeiras são pessoas com uma sensibilidade, de
pelo menos na nossa equipa, com uma sensibilidade
enorme e isso é uma ajuda em termos de
comunicação, em termos técnicos eu não percebo o
trabalho delas”
3.1.5 comunicação 2 3 “Em termos de comunicação acho que funcionam
muito bem”
3.1.6 organização 1 1 “eu considero que é mais fácil trabalhar numa
equipa de paliativos bem organizada do que dar
apoio a um serviço de oncologia com menor
articulação”);
3.1.7 reconhecimento intervenção psi 2 3 “Mesmo em relação ao nosso trabalho acho que há
um maior reconhecimento do que nós fazemos. Há
situações que nunca nos pederiam há 15 anos atrás e
agora pedem”
3.1.8 equipa não é uma barreira 1 1 “A equipa ser uma barreira para a intervenção com
a família.. é assim da minha experiência
sinceramente assim diretamente não vejo assim
nenhuma.. não é uma barreira propriamente dita”
3.1.9 atentas à dimensão psicológica 1 1 “Eu acho que cada vez mais esta dimensão
psicológica e do sofrimento emocional tá cada vez
mais presente, as pessoas tão atentas a isso”);
3.1.10 bem apetrechadas 1 3 “eu acho que estas equipas tão bem apetrechadas, de
facto têm todos os profissionais que necessitam para
intervir com os doentes e com as famílias em
paliativos, portanto, nós falamos de médicos, de
enfermeiros, de auxilares, de nutricionistas, de
psicólogos, de até padres ou freires que dão apoio
espiritual”)
3.1.11 cumplicidade 1 1 “Mas acho que apesar de tudo em CP e o facto de se
trabalhar muito em equipa nota-se muito diferença
muitas vezes noutras situações de outros contextos
que se percebe a diferença grande que existe.
Realmente aqui trabalha-se em equipa, vê-se, é
visivel”
3.1.12 visão ajustada do trabalho psi 1 1 “(...)acho que há uma visão do nosso trabalho, acho
que as expectativas em relação ao nosso trabalho tão
mais ajustadas neste momento”
3.2 Necessidades 4 18
(codifica os excertos que de acordo com

51
a perspetiva do psicólogo são
necessidades da equipa)
3.2.1 conferências familiares 1 1 (“pedem, ultimamente, até me têm dito, portanto têm
mesmo que estar presentes nas conferências
familiares que eles fazem”
3.2.2 burnout 3 4 “Muitos vão porque são obrigados e esses sim
entram em burnout porque 1º são obrigados, 2º não
têm formação interna sobre o desenvolvimento
pessoal. E isto dava um viés muito grande naquilo
que é o meu posicionamento nestas equipas”
3.2.3 supervisão e reflexão 1 2 “saber que haveria ali uma disponibilidade ou
momento de e sim, quando nós tivessemos em alturas
que tivessemos assim mais cansados, mais exaustos
emocionalmente, com situações que de facto nos
tocassem, difíceis de gerir e até de nos destanciar,
nas nossas vidas pessoais, seria uma mais valia, o
facto de poder contar com esta.. podia se chamar um
momento de partilha ou reflexão ou de supervisão”
3.2.4 emparelhação colegas 1 1 “Aquilo que nós fazemos até por uma questão de
sigilo e de conforto para quem recorre a esse tipo de
ajuda, acabamos por estar emparelhados com os
colegas de [...] e portanto se alguém muito próximo
da equipa precisar de alguma coisa é mais provável
eu falar com o [...] e pedir ajuda nesse sentido”
3.2.5 outras questões 1 1 “mas normalmente procuram por outras questões,
podem não ter nada a ver ou não diretamente a ver
com o trabalho e eu não tenho dúvidas que o
trabalho nessa área é interminável, não tenho
dúvidas nenhumas”
3.2.6 apoio do psicólogo 1 1 “E até o próprio olhar e aqui há 3 anos pediram me
para fazer ali a supervisão de uma equipa e a queixa
era muito curiosa”
3.2.7 programas obrigatórios de auto 1 1 “Sim, há necessidades ao nível da equipa e devia de
cuidado haver programas obrigatórios de auto cuidado para
os elementos da equipa de uma forma perfeitamente
estruturada, obrigatório, tutelada e como quem faz a
verificação da qualidade dos fármacos porque era
importante”);
3.2.8 ser trabalhada - de se 1 1 “E se calhar também a própria equipa ser
autocuidar trabalhada porque acho que isso é fundamental; Ter
a possibilidade de se autocuidar e de prevenir muitas
situações de burnout e de situações de excesso de
trabalho, que as pessoas de facto entram
nomeamente lidando com doentes em fim de vida,
lidando com a morte todos os dias, de facto a
exaustão física e emocional é frequente. E portanto
as pessoas de irem fazer um trabalho não só com
alguém externo ou consulta externa que pudesse
trabalhar as equipas de forma a que fortalecesse a
nível de autocuidado”
3.2.9 desenvolvimento pessoal 1 1 “sobretudo situações de desenvolvimento pessoal
para as pessoas tarem mais capacitadas,
trabalharem mais elas próprias uma coisa mais
experiencial”

52
3.2.10 fazer formações 1 1 “fazerem formações mais na área experiencial e
como é que as pessoas lidam, como nós lidamos com
a morte”
3.2.11 estar saudável 1 1 “Portanto a própria equipa tem que também que...
para estar saudável e funcionar de uma forma
normal e adaptativa”
3.2.12 trabalhar em conjunto 1 1 “Podemos ser exteriores à equipa no sentido que
trabalhamos noutros locais, mas naquele momento
somos a pessoa de referenciação daquela equipa,
portanto trabalhamos com aquela equipa. Portanto
é importante que haja um trabalho conjunto nesse
sentido”
3.2.13 estar vocacionada 1 1 “À mistura, sim e acho que sobretudo importante
nestas situações é de facto as pessoas estarem
vocacionadas para aquilo que esta área e de facto
fazer
3.2.14 ter perfil 1 1 “Tem que se ter um perfil para se trabalhar também
nalgum tipo de áreas. E acho que este exige um
perfil”
3.3 Facilitadores 3 10
(pontos fortes)
3.3.1 reconhecimento do papel do 1 1 “(...)e há coisas que a F. consegue ver e que nós não
psicólogo conseguimos ver, porque tem outro olhar, tem o
olhar da psicologia, não é”
3.3.2 envolvida na decisão 1 1 “Quando é a perceção dos médicos ou dos
enfermeiros já é mais discutido, não é, porque é feito
em reunião normalmente”
3.3.3 fé 1 1 “a questão da fé que eu acho que é protetora
também, é protetora dos doentes mas é dos técnicos
também (...)”
3.3.4 equipa como facilitadora 3 6 “O próprio trabalho em equipa, eu acho como
fatores facilitadores acho que nós nos CP não
trabalhamos de todo sozinhos, alias acho que em
nada na nossa vida trabalhamos de todo sozinhos,
em nenhum tipo de trabalho, mas mais aqui num tipo
de trabalho em que tamos a lidar com pessoas em fim
de vida, muitas vezes em sofrimento, portanto acho
que o trabalho em equipa é de todo um fator
facilitador”
3.3.5 valorizar o trabalho 1 1 “É de tal forma a questão do excesso de doentes, sai
multidisciplinar de tal forma em primeiro lugar, de forma destacada
que acaba por esconder um bocadinho os outros. Se
calhar vejo pelo lado positivo. Valorizo muito este
trabalho multidisciplinar nos paliativos”
3.4 Obstáculos 4 20
(pontos fracos)
3.4.1 número de horas insuficientes 1 1 “todas as semanas eles discutem o numero de horas
disponibilizadas que é insuficiente”
3.4.2 organizacionais 1 1 “é nós estarmos a procurar estratégias para
combater o burnout quando toda a estrutura tá e
quando tudo tá feito para que nós entremos em
burnout e aí voltamos às questões organizacionais,
com doentes a mais, com falta de condições”

53
3.4.3 condições de trabalho 1 2 “quantas vezes se houve médicos a dizerem “não
gosto de ser médido” “devia tar a fazer outra coisa”
e a maior parte das vezes não é isso. Maior parte das
vezes não é desinteresse pela medicina, não é chegar
à vida prática e ah afinal não gosto de medicina,
devia ter ido pa advocacia, não tem a ver com isso,
tem a ver com as condições de trabalho”
3.4.4 ilusão nos doentes 1 2 “aqui é ilusão de eu ficar bem e muita das vezes isto
é induzido pelos profissionais de saúde muito
vincada e muito intensa, sempre aqui com cariz de
bondade de quem diz, não vemos isto aqui feito de
uma forma maléfica, nada disso! ”
3.4.5 juizos de valor familiares 1 1 “Aquela ideia que não se quer cuidar e que não quer
e que abandona, juízos de valor ainda é, ainda está
muito impregnada nalguns profissionais de saúde e o
julgamento sai muito rápido, mais depressa que a
atitude;
3.4.6 falta linguagem de saúde 1 2 “A linguagem da saúde e isto é algo que muita das
vezes eu vejo que os colegas não têm
3.4.7 achar a intervenção psicológica 1 1 “acharem que o nosso tipo de intervenção não é
de todos muito necessário ou eplo contrário, acharem que nós
conseguimos tudo rapidamente”
3.4.8 dificuldade de limitação 1 3 “A intervenção médica é só do médico, a intervenção
dos enfermeiros é só dos enfermeiros, a psicológica
toda a gente sabe e até o apoio psicossocial portanto
tudo isto dá aqui aso a que haja uma interpretações
erradas daquilo que é a nossa intervenção e dos
limites dos outros. Isto é para mim uma das barreiras
grandes é esta dificuldade da limitação até onde ir”
3.4.9 profissional complicado 1 1 “também às vezes o próprio profissional confesso
que é complicado, às vezes fazer uma avaliação de
alguma necessidade a esse nível”).
3.4.10 expectativas que criam sobre o 1 2 “às vezes as expectativas que se criam em relação ao
psi nosso trabalho, ou seja, esperar que nós resolvemos
tudo rapidamente, que às vezes não é possível porque
estes processos psicoterepeuticos demoram de facto
tempo para se realizarem”
3.4.11 achar intervenção psi não 1 1 “acharem que o nosso tipo de intervenção não é
necessária muito necessário ou eplo contrário, acharem que nós
conseguimos tudo rapidamente”
3.4.12 elementos insuficientes 1 2 “Temos que dar reposta e às vezes não há
profissionais.. ”
falha a comunicação 1 1 “A meu ver o que falha, às vezes é a comunicação
3.5 Mudanças a operar 2 14
(codifica os excertos que de acordo com
os psicólogos são mudanças necessárias)
3.5.1 nível organizacional 1 1 “eu aliás considero pelo menos na parte que me toca
eu sei que há razões de queixas em termos
organizacionais da parte médica nomeadamente
falta de profissionais, falta de meios pas consultas
domiciciliárias e tudo mais”
3.5.2 funcionamento multidisciplinar 1 2 “Sim. eu aliás considero pelo menos na parte que me
toca eu sei que há razões de queixas em termos

54
organizacionais da parte médica nomeadamente
falta de profissionais, falta de meios pas consultas
domiciciliárias e tudo mais”
3.5.3 integrar psicólogo 1 1 “Portanto se calhar respondendo à sua pergunta,
não era verdadeiramente à sua pergunta mas seria
essa a proposta que eu faria por ex à oncologia.
Poder integrar um psicólogo”
3.5.4 referenciação 1 2 “Pois é tanta coisa.... eu acho que a questão de que
eu falei há bocadinho da referenciação, a
referenciação para mim é fundamental”
3.5.5 estruturas para dar resposta 1 1 “Só que depois aí tinha que haver estruturas pa dar
resposta”
3.5.6 mais profissionais 1 1 “mais profissionais a trabalhar na área e com
formação eu acho que isso é importante”
3.5.7 profissionais com formação 1 5 “E às vezes a formação é fundamental. Não só a
formação teórica mas também prática. Que também
de facto as equipas estejam cada vez mais bem
apetrechadas não só no número de profissionais mas
também na valorização dos próprios profissionais”
3.5.8 alargar 1 1 “Acho que temos que alargar isto.. não há dúvidas”
3.6 Papel do psicólogo 2 5
3.6.1 Ajustamento linguagem 1 1 “Se me colocarem a mim numa equipa de CP na
china não vou entender nada porque eu não sei nada
se chinês. Então eu tenho que me ajustar à
linguagem deles e aqui o psicólogo que tem estar
muito bem preparado não é para falar a língua, é
para falar uma língua que seja conhecimento de
todos e essa língua tá instituída”
3.7 Facilitadores 1 1
(codifica os excertos que de acordo com
os psicólogos são facilitadores do seu
trabalho)
3.7. 1 linguagem 1 1 “Eu para mim é muito facilitador até pelo meu
percurso de vida que me possibilita muito discutir
situações que se calhar eles não conseguem discutir
porque não têm conhecimento sobre isso
3.7.2 Defesa perante profissionais 1 1 “Por outro lado, também temos que ver que muita
das vezes os doentes já chegam tarde à equipa de
paliativos e mais tarde chegam à nossa intervenção
e aqui a ordem nas linhas orientadoras da
intervenção psicológica em CP define muito bem
isto, temos que ter cuidado para, e estas palavras
não estão no guia, são minhas, temos que ter muito
cuidado para não nos queimarmos, porquê? Porque
podem ser presentes envenenados. Se me dão um
doente para eu avaliar e intervir a oito dias, a cinco
dias de morrer, um doente quase agónico, eu não vou
fazer nada, pouco vou fazer”
3.7.3 Conhecimento da 1 1 “Sim, portanto esse conhecimento daquilo que é a
especificidade da área profissional especificidade da área profissional é importante
quando trabalhamos neste contexto”
3.8 Objetivos 1 1
3.8.1 trabalho em conjunto com 1 1 “Aliás, há uma série de coisas que nós acabamos por

55
equipa fazer em conjunto com os outros profissionais”
3.9 Desafios 1 2
(identificados pelo psi)
3.9.1 confronto com fim vida 1 2 “Acho que o maior desafio é o confronto com o fim
de vida, todas as questões que tem a ver com fim de
vida”

4. INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA

4.1 Critérios para o 1 3


encaminhamento
(codifica os excertos que referem os
critérios para encaminhamento para IP)
4.1.1 personalidade psi 1 2 “eu acho que de facto a nossa personalidade é
importante. Eu e a minha colega tamos em polos
muito diferentes.. ela é mais expressiva e eu sou mais
assim sou mais obssessivo e acho que isso faz
alguma diferença”
4.1.2 dar devido valor ao sofrimento 1 1 “Tentar perceber.. conseguir entre “ porque isto não
é desvalorizar nada mas é conseguir enquadrar
aquela expressão de sofrimento”
4.2 Perfil do psicólogo 2 14
(codifica os excertos que remetem para
as características do psicólogo em CP
(conhecimentos, características pessoais,
autocuidado))
4.2.1 Dedicação total 1 1 “porque eu quando tou com os meus familiares, com
os meus utentes, eu estou na minha plenitude, não é,
eu estou completa, e portanto sem tempos, sem
telefones, sem ningúem e estou ali, muitas vezes em
silêncio, mas estou, com uma dedicação total”
4.3 Especificidades 2 13
(codifica os excertos referentes às
especificidades do trabalho do psicólogo)
4.3.1 conhecimento especializado 1 1 “Acho que é fundamental, e encontro de facto muitos
pontos fortes, e então aquilo que me parece o nosso
conhecimento mais diferenciado, mais especializado,
mais qualificado, permite um trabalho mais eficaz,
naquilo que é pressuposto em equipa fazer no âmbito
dos Cuidados Paliativos, ou seja, aquilo que me é
transmitido pelos colegas de equipa é: quando fala,
fala pouco, mas quando fala tem um saber
diferenciado, pronto.”
4.3.2 facilitadores comunicação com 1 1 “E muitas vezes, quando é preciso selecionar, ou..
familiares selecionar não, ou ajudar a escolher ou a optar por
um cuidador familair, não é, nós também ajudamos
nesse sentido, qual é aquela pessoa que está mais
disponível e que pode ajudar e que o próprio utente
até prefere a companhia e nós, muitas vezes somos
faciliatadores desta comunicação, desta vontade,
desta resposta”
4.3.3 mais atentos, outro olhar 1 1 “conseguimos identificar necessidades que por vezes
a equipa não consegue fazê-lo, ou seja, estamos mais
atentos, ou temos um outro olhar, temos um outro

56
saber e de facto sabemos identificar outras
necessidades”
4.3.4 preservar identidade 1 1 “eu acho que nós trabalhamos muito no sentido de
preservar a identidade das pessoas”
4.3.5 enquadrar sofrimento 1 1 “conseguir enquadrar aquela expressão de
sofrimento”
4.3.6 leitura personalidade 1 2 “Portanto, no fundo, a leitura da personalidade da
pessoa, não é. Eu acho que nós.. eu tou a pensar em
termos da nossa mais em termos da nossa formação
e se calhar não do que fazemos na nossa prática ”
4.3.7 cuidar do self 1 1 “portanto eu.. eu costumo ver muito a nossa atuação
como: nós nao cuidamos direitamente do corpo,
cuidamos do self”
4.3.8 situações não definidas 1 1 “a alguns receios, a algumas situações que não estão
bem organizadas, não estão tão bem definidas”
4.3.9 trabalho único e muito próprio 1 1 “nós conseguimos, de facto, fazer um trabalho que
tem sido único e muito próprio, não é, que é
conseguir, contactar as famílias de longe, de perto,
agilizar as necessidades fundamentais e ir de
encontro com aquilo que os nossos utentes pedem e
precisam e vejo um momento de dignidade”
4.3.10 ver coisas estriónicas 1 1 “nós vemos mais as coisas estriónicas”
mediadores 1 1 “Penso que funcionamos muito bem como
mediadores, e pelo facto de estarmos mais recetivos,
mais disponíveis para os compreender”
4.4.Obstáculos 4 36
(Falta de recursos de psicólogos)
Organizacionais 4 25
4.4.1 acessibilidade 1 1 “E isto fica aqui também muito ambivalente do que
fazer e andamos sempre à procura do que vamos
fazer, como intervir, e isto é outra barreira, a
acessibilidade.”
4.4.2 desumanização espaços 1 2 “É a desumanização e isto é um problema
transversal acho eu do nosso Sistema Nacional de
Saúde”
4.4.3 falta de recursos de psicólogos 1 1 “A falta de, penso que a falta de recursos de
psicólogos”
4.4.4 intervenção tardia 1 1 “Muito da narrativa que os doentes nos fazem chegar
é muito interessante eles dizerem “pois, este
acompanhamento psicológico é importante, mas
devia ter acontecido muito mais cedo” porque agora
eu de facto sei que isto é irreversível, faz-me sofrer
mas na altura eu criei aqui algumas ilusões que me
levaram a pensar que efetivamente podia ficar bem,
que me podia curar e que isso me foi sempre muito
prometido”
4.4.5 pouco tempo alocado psis 1 1 “Depois temos uma outra barreira que não pode ser
retirada e a nós psicólogos é uma barreira muito
forte que é apesar de tudo ainda o pouco tempo
alocado para os psicólogos poderem se dedicar a
estes doentes, e a este cuidar em fim de vida quer
doente quer família e ao mesmo tempo”
4.4.6 pressão de números 1 1 “Existe uma pressão muito grande de números”

57
4.4.7 tempo 3 4 “se por um lado nós pretendemos que os doentes
mais precocemente possível venham à nossa
consulta, por outro lado queremos que não venham
porque não temos tempo para aqueles que estão no
seu processo final
4.4.8 tempo de espera consultas 1 2 “Depois temos várias barreiras: o próprio momento,
a condição em que as pessoas nos chegam, tempo de
espera das consultas de CP”
4.4.9 cultura dos números 1 2 “Eu acho que graça fortemente nos hospitais em
portugal sinceramente, sinceramente acho. Portanto
é a cultura dos números, não é. Isso é muito, é muito
complicado porque quer uma pessoa quer não passo
a expressão, começa a desinvestir entra ali, começa
a entrar numa área cinzenta quando não passa po
lado de lá, não é. Sem dúvida nenhuma, portanto eu
acho que os obstáculos são.. há obstáculos culturais”
4.4.10 trabalho não específico do psi 1 4 “porque muitas vezes sinto que tou a fazer um
trabalho que não é específico do psicólogo; Às vezes
até a fazer outro trabalho que é de outro
profissional, da enfermagem, ou da medicina, por
constragimentos, pela organização do próprio
trabalho”
4.5 Porquê referenciação tardia 1 6
(codifica os excertos que de acordo com
os psicólogos são as causas da
referenciação tardia)
4.5.1 desvalorização sintomas 1 2 “assim, às vezes eu acho que há desvalorização de
psicológicos alguns sintomas psicológicos”
4.5.2 estigma de ir ao psicólogo 1 1 “Portanto tem a ver um bocadinho com este estigma
que há bocadinho falei de ir ao psicólogo, ir ao
psiquiatra”
4.5.3 hipervalorização sintomas 1 2 “O valorizar demais leva-nos à referenciação, leva-
psicológicos nos a fazer esse pedido”
4.6 Profissionais da equipa 3 10
4.6.1 burnout 1 2 “acho que pa nós psicólogos faz, que é nos podemos
ter a motivação não consciente de a pessoa, salvar a
vida da pessoa, quer dizer nós se nos perguntarem o
que é que nós tamos a fazer não tamos a salvar a
vida de ninguém mas tudo em nós vai sesse sentido.
Quer dizer os nossos objetivos completamente
irrealistas chegam e aí voltamos à questão do
burnout porque aí num instante.”
4.6.2 caminhar pouco realista 1 2 “o maior obstáculo ainda continua a ser aquilo que
eu há bocadinho falava que é um caminhar pouco
realista nas ofertas que se fazem aos doentes e isto
eleva para patamares muito altos de concretização
do bem-estar das pessoas que depois se desmorona e
é o caos, instala-se o caos.”
4.6.3 decisão pouco partilhada 1 1 “Quando é uma decisão minha tende a ser menos
debatida mas é defeito meu, é defeito meu. Eu faço
um esforço para dar mais feedback mas é mais pela
correria e às vezes não dou tanto feedback como
deveria”

58
4.6.4 desvalorização do trabalho do 1 2 “e aqui há uns tempos atrás assisti alguém com
psi responsabilidades dizer que é importante que as
pessoas se lembrem que a equipa base é médico e o
enfermeiro, quem diz isto é a marcar o terreno..”
4.6.5 modelo biomédico 1 1 “e depois é o modelo biomédico que é, ainda acho
que é muito centrado ainda nesta questão do curar”
4.6.6 o doente é de todos 1 1 “a colega diz “não, mas eu não vou ver este doente
porque amanhã está cá a colega que está a seguir a
doente” e alguém lhe impor que tem que ver porque
na equipa não há doentes de ninguém, portanto os
doentes são de todos”
4.6.7 lacunas de formação 1 1 “também ainda lacunas de formação, porquê?
Porque o que nós temos são colegas que têm muitos
deles cursos básicos ainda e que são recursos que já
estão no sistema e as administrações vão buscá-los
para eles exercerem estas áreas”
4.7 Falha na avaliação psicológica 1 1 “Às vezes sai um bocadinho furado neste sentido: há
doentes ou familiares que tomam iniciativa e há
outros e isso é erro meu portanto é um erro de
avaliação da minha parte eu achar que posso ter a
confiança que aquela pessoa nos liga”
4.8 Necessidades 4 19
(codifica os excertos referentes às
necessidades identificadas pelos
psicólogos)
Necessidades emocionais 2 10
4.8.1 acompanhamento dos colegas 1 1 “o período de férias, agora vão uns, depois vão
da equipa outros e tamos sempre “olha ainda bem, que agora a
colega tava um bocadinho mais esgotada, vai ter 1
ou 2 semanas de férias, vai descansar um bocadinho
mais”
4.8.2 lidar com angústia pessoal 1 4 “É aquele turbilhão do fim de vida, a nossa própria
angústia à mistura”
4.8.3 burnout 1 1 “Outra coisa é que nós também tamos sujeitos a
burnout, tamos sem dúvida”
4.8.4 frustração 1 1 “Saber que há um certo ponto que nós, uma coisa é
que sabemos que ela pessoa tá realmente em
sofrimento e outra coisa é percebermos se aquele
sofrimento pode ser objeto da nossa intervenção ou
não. Porque pode ser frustrante para nós e sobretudo
para nós pode ser uma espécie de uma batata
quente: o que é que eu faço com todo este
sofrimento”
4.8.5 investir emocionalmente 1 1 (“às vezes falo de alguma situação ou que vou a
determinado internamento e pessoas muito bem
formadas, com muita experiência clínica me
pergunta “mas o que é que tu vais lá fazer?”, isto é,
esse senhor tem 1 semana de vida “o que é que tu
vais lá fazer?”. Portanto isto é uma coisa fóbica
também. Por um lado é esta coisa de que o doente em
fim de vida não vale a pena investir nele e depois
também há este aspeto fóbico que é “vou tar a
investir emocionalmente, não é o meu tempo. Vou tar
ali a investir emocionalmente neste doente e ele mais

59
dias menos dia vai falecer e portanto nós jogamos à
defesa. Ter consciência dessas defesas é importante
mas fazemos isso sem dúvida.”
4.8.6 salvar a vida doente 1 2 “lá no Hospital que parece uma coisa que não faz
sentido nenhum, mas eu acho que pa nós psicólogos
faz, que é nos podemos ter a motivação não
consciente de a pessoa, salvar a vida da pessoa, quer
dizer nós se nos perguntarem o que é que nós tamos
a fazer não tamos a salvar a vida de ninguém mas
tudo em nós vai sesse sentido”
4.9 Necessidades estruturais 4 9
4.9.1 agenda 1 1 “As dificuldades que eu sinto são dificuldades que
não passam pela equipa, passam por ex por
dificuldades de agenda, de conseguir ver um doente
ou um cuidador num dia”
4.9.2 apoio à comunidade 1 1 “há uma coisa que eu sinto que de facto que seria
para funcionar melhor, que era haver ou a
continuidade da nossa equipa no apoio à
comunidade”
4.9.3 criação de oportunidades 1 1 “até já me atrevo a falar mais a nível de
oportunidades, até porque não o desenvolvimento ou
a criação de uma consulta de psicologia paliativa,
um porta onde as famílias tão, não é, à semelhança
de um telefone que temos, onde a enfermeira ou a
médica dá uma resposta, também porque não uma
porta da psicologia”
4.9.4 encaminhamento dos doentes 1 1 “eu pelo menos sinto-me na obrigação de não só nos
Paliativos mas de encaminhar as pessoas da melhor
maneira possível”
4.9.5 melhorar referenciação tardia 1 2 “Se calhar a avaliação do distress psicológico do
próprio doente. A partir do momento em que o
doente entra num.. quer dizer independentemente de
estar ou não estar, tamos a falar em CP, mas se
calhar a partir do momento em que o doente é
referenciado para CP ou está, é um doente paliativo,
há uma coisa muito simples que é o termómetro de
distress – fazer uma avaliação”
4.9.6 necessário mais psicólogos 1 1 “era necessário um psicólogo só para os Cuidados
Paliativos”
4.9.7 reconhecimento 1 1 “Naturalmente, não são reconhecimentos como nós
gostaríamos, ainda muito aquém daquilo que é
efetivamente um reconhecimento genuíno, penso que
isso não haverá”
4.9.8 trabalhar em conjunto 1 1 “Portanto é importante que haja um trabalho
conjunto nesse sentido”
4.10 Facilitadores 1 1
(excertos que evocam os facilitadores do
trabalho do psicólogo)
4.10.1 liberdade gestão de tempo 1 1 “A gestão de tempo é uma gestão minha que eu tenho
essa possibilidade de preservar e de a agarrar como
muita intensidade e não a perder porque, noutras
áreas não é exatamente assim”
4.11 Profissionais da equipa 3 5
(codifica os excertos referentes aos

60
profissionais da equipa)
4.11.1burnout 1 1 “Costumo estar atenta aos colegas que estão assim
mais fragilizados, portanto em termos de stress, em
termos de algum sofrimento, burnout, de algumas
situações que de facto são um bocadinho difíceis de
gerir, nomeadamente, questões de decisões”
4.11.2 suporte colegas 2 3 “e percecionamos que alguma situação está menos
bem porque tamos a trabalhar com aquela equipa há
situações que nós vamos conhecendo, vamos
percebendo que há ali alguma coisa que não está a
funcionar de uma forma tão ajustada e que há ali
uma coisa que nos tá a chamar à atenção. Se calhar,
naturalmente devemos e podemos ajudar a
identificar esses fatores de risco”
4.11.3 constragimentos 1 1 “O que nós defendemos e que eu defendo também é
que a nossa intervenção não seja intervenção na
dinâmica da própria equipa, porquê? Porque eu não
deixo de ser um elemento da equipa. E se há coisas
imagina que têm a ver com a liderança, eu enquanto
elemento da equipa, não posso colocar isso, ou
melhor, eu poder posso mas sei que a intervenção é
sempre muito vista de uma forma muito diferente e
até um bocadinho perniciosa daquilo que é a
intenção porque não nos vêm como psicólogo, mas
vemos como mais um elemento da equipa que está
desagradado com a própria equipa”
4.12 Requisitos
(codifica os excertos que os psicólogos 4 23
identificam como sendo necessários à
prática profissional)

4.12.1 disponibilidade 1 1 “(...) têm que ser colegas ou profissionais que


estejam, que estejam, eu não queria bem empregar
estes termos, mas bem resolvidos, ou seja, que
estejam bem situados no tempo, no espaço, que
saibam exatamente distinguir determinadas
situações, determinadas situações pessoais e estarem
de entrega total, não é, de entrega total, de
disponibilidade mental e interior para poder, só
desta forma é que eu acho que se consegue fazer
algum trabalho, algum trabalho de qualidade”
4.12.2 perfil 1 1 “tem que haver um padrão, tem que haver um perfil”
(...)
4.12.3 empatia 1 1 “a nossa prática tá muito ancorada em aspetos
relacionais e de empatia. E portanto mais do que
noutras áreas da psicologia, essa capacidade para
nos ligarmos ao outro, para sintonizarmos, para
empatizarmos acho que não se aprende na faculdade
e portanto parece-me uma condição extremamente
importante”
4.12.4 interrogação 1 1 “eu acho que nós nos devemos interrogar sobre o
que nós fazemos”
4.12.5 compreensão do próprio 1 1 “nós vamos com a palavra, no limite é aquilo com
trabalho que vamos e portanto acho que é muito importante

61
nós percebermos o que é que estamos a fazer,
percebermos os limites do que é que estamos a fazer
pelo doente e por nós próprios”
4.12.6 personalidade 1 1 “todos aqueles aspetos que tem a ver com a nossa
personalidade e maneira como nós estamos na nossa
vida se calhar nesta área tem mais peso do que nos
outros”
4.12.7 desenvolvimento pessoal 1 1 “Desde logo tem que ter um desenvolvimento pessoal
muito grande”
4.12. 8 formação 1 1 “Desde logo tem que ter um desenvolvimento pessoal
muito grande, tem que ter formação”
4.12.9 trabalho individual sobre 1 2 “tem que ter um desenvolvimento pessoal muito
adoecer e morrer grande, tem que ter formação eu defendo com toda a
vivacidade tem que haver um trabalho individual
sobre o meu adoecer e sobre o meu morrer, este
crescimento, este desenvolvimento pessoal que é
desenvolvimental nestas áreas”
4.12.10 cuidado nas sugestões ao 1 1 “nós temos que ter aqui muito cuidado naquilo que é
doente possível de sugerir, de refletir, de pensar em
conjunto com o doente de uma possibilidade”
4.12.11 lidar com situação 1 1 “temos que lidar com uma situação”
4.12.12 lidar com intervenção muito 1 4 “eu penso que lidar com doentes em fim de vida,
humanista-existencial sobretudo temos que lidar com uma situação, com
uma intervenção muito humanista, muito centrada na
existência da pessoa”
4.12.13 intervenção muito centrada 1 1 “eu penso que lidar com doentes em fim de vida,
na existência da pessoa sobretudo temos que lidar com uma situação, com
uma intervenção muito humanista, muito centrada na
existência da pessoa”
4.12.14 ir de encontro à questão mais 1 1 “o importante é irmos de facto de encontro à questão
existencial mais existencial da pessoa – o que é que essa pessoa
perdeu, o que é que faz mais sentido para ela neste
momento, o que é que para ela é importante
reintegrar o processo de doença na sua vida, o que é
que podemos ajudá-la a fazer para que ele resolva
questões sei lá, assuntos pendentes que ele tenha pa
resolver”
4.12.15 integrar doente contexto 1 1 “também temos que inegrar o doente num contexto
familiar familiar e muitas vezes as questões da gestão da
comunicação com o doente – família”
4.12.16 ajudar o doente a equilibrar- 1 1 “Portanto ajudar o doente a equilibrar-se no meio
se daquela disfuncionalidade”
4.12.17 centrada no sofrimento 1 1 “Mas sobretudo a nossa intervenção é muito
existencial centrada no sofrimento existencial, muito no
humanista-existencial, acho que é sobretudo essa
vertente, que eu considero que é mais importante”
4.12.18 estar vocacionada 1 1 “À mistura, sim e acho que sobretudo importante
nestas situações é de facto as pessoas estarem
vocacionadas para aquilo que esta área e de facto
fazer. acho que é importante, aliás como todas as
áreas, nesta área acho que é berrante de facto que a
pessoa perceba”
4.12.19 abordagem natural do doente 1 1 “Que características pessoais tenho eu? E eu penso

62
que não devemos ter vergonha nem preconceitos,
nem aqui outras coisas de dizer que se calhar há
características pessoais de cada um de nós que nos
facilita e que potencia esta aproximação e este
desempenho perante pessoas que estão nesta
condição”
4.13 Formação 1 1
(codifica os excertos referentes às
ferramentas do ponto de vista
científico que o psi recorre)
4.13.1 ferramentas 1 1 “É assim, eu tenho alguns livros de cabeceira e que
gosto de os ler e além disso, eu acho que portanto
vou fazendo, já fiz alguma formação neste âmbito,
mas continuo a fazer formação no âmbito do luto,
âmbito de apoio às famílias, no âmbito dos
Paliativos.. ah.. pronto.. continuo a fazer”

63
Bibliografia

1. Abiven, M. (2001). Para uma morte mais humana: Experiência de uma unidade ,
Loures: Lusociência. ISBN
2. Alves, R. F., Melo, M., Andrade, S., & Sousa, V. (2014). Saberes e práticas sobre
cuidados paliativos segundo psicólogos atuantes em hospitais públicos. Psicologia,
Saúde & Doenças, 15(1), 77-95.
3. Arizmendi, B. J., & O’Connor, M. F. (2015). What is “normal” in grief?. Australian
Critical Care, 28(2), 58-62.
4. Arranz P, Barbero J, Barreto P, Bayés R. Intervención emocional en cuidados
paliativos: Modelo y protocolos. Barcelona: Editorial Ariel; 2003.
5. Azevedo, C. (2018). Cuidados Paliativos: necessidades psicológicas e espirituais são
as que mais preocupam doentes. Cientesis in http://cintesis.eu/pt/cuidados-paliativos-
necessidades-psicologicas-e-espirituais-sao-as-que-mais-preocupam-doentes/
6. Basso, L. A., & Wainer, R. (2011). Luto e perdas repentinas: contribuições da Terapia
Cognitivo-Comportamental. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 7(1), 35-43.
7. Beloff H, Brennan J, Williams E, Payne S, Royan L, Russel P. The role of Psychology
in End of Life Care. A report published by the Professional Practice Board of the
British Psychological Society. The British Psychological Society; 2008 p. 1-30.
8. Boelen, P. & Van den Bout (2008). Complicated grief and uncomplicated grief are
distinguishable constructs. Psychiatry Research, 157,311–314.
9. Boerner, K., & Shulz, R. (2009). Caregiving, bereavement and complicated grief.
Bereave Care, 28, 10-13. DOI: 10.1080/ 02682620903355382
10. Bos, W., & Tarnai, C. (1999). Content analysis in empirical social research.
International journal of educational research, 31(8), 659-671.
11. Bowlby, J. (1982). Attachment and loss: Retrospect and prospect. American journal of
Orthopsychiatry, 52(4), 664. DOI: 10.1111/j.1939-0025. 1982.tb01456.x
12. Bowlby, J. (1990). Apego e perda (Vol. 1: A natureza do vínculo). São Paulo, SP:
Martins Fontes.
13. Calhoun L, Tedeschi R. Post-traumatic Growth: The Positive Lessons of Loss. In:
Neimeyer R, ed. by. Meaning Reconstruction and the Experience of Lost. 1st ed.
Washington: American Psychological Association; 2010. p. 157-172.
14. Capelas, D. M. L., Silva, S. C. F. S. D., Alvarenga, M. I. S. F., & Coelho, P. (2016).
Cuidados paliativos: O que é importante saber. PATIENT CARE, 17.
64
15. Carqueja, E., Costa, C. (2014) O Psicólogo em Cuidados Paliativos: Uma reflexão
possível. Orgão Oficial da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, 1.
16. Casellato, G. et al. O processo de luto: técnicas de intervenções no processo de luto. 4
Estações, Instituto de Psicologia. São Paulo, 2003, p. 133-156.
17. CASSELL, Eric J. (1991) – Recognizing suffering. In Hastings Center Report. p. 24-
31.
18. Cherny N. The Treatment of Suffering in Patients with Advanced Cancer. In
Chochinov H, Breitbart W, ed. by. Handbook of Psychiatry in Palliative Medicine. 1st
ed. New York: Oxford University Press; 2009. p. 300-323.
19. Chochinov H, Hack T, Hassard T, Kristjanson L. Dignity of Therapy: A novel
Psychotherapeutic Intervention for Pations near the end of life. Journal of Clinical
Oncology. 2005; 23 (24): 5520-5525.
20. Cobos, M., Almendro, E., Strempel, P., & Molina, R. (2002a). La familia en la
enfermedad terminal (I). Medicina de Familia, 3(3), 190-199.
21. Cooper, J. (2014). Investigating place of death preference among cancer patients and
their carers. ANMJ Palliative Care, 21(10), 44.
22. Corbin, J. M., & Strauss, A. (1990). Grounded theory research: Procedures, canons,
and evaluative criteria. Qualitative sociology, 13(1), 3-21.
23. da Silva Júnior, V., & de Resende, M. C. (2017) PSICOLOGIA E CUIDADOS
PALIATIVOS: IMPLANTAÇÃO DO SERVIÇO NA UTI DE UM HOSPITAL
ESCOLA. Perspectivas em Psicologia, 21(1).
24. da Silva, S., Carneiro, M. I. P., & Zandonadi, A. C. (2017). O luto patológico e a
atuação do psicólogo sob o enfoque da psicoterapia dinâmica breve. Revista
FAROL, 3(3), 142-157.
25. Delalibera M., Coelho, A., & Barbosa, A. (2011). Validação do Instrumento de Luto
Prolongado Para a População Portuguesa. Acta médica portuguesa, 24(6).
26. Diário da República, 1.ª série – N.º 172 – 5 de setembro de 2012
27. Diário da República, n.º 46/2018, Série I de 2018-03-06.
28. Direção Geral da Saúde (2014). Portugal – Doenças oncológicas em números – 2014.
Retirado do website da Direção Geral da Saúde: https://www.dgs.pt/
29. Direção Geral de Saúde (2004). Programa nacional de cuidados paliativos. Retirado
do website da Direção Geral de Saúde: https://www.dgs.pt/
30. Elo, S., & Kyngäs, H. (2007). The qualitative content analysis process. Journal of
advanced nursing, 62(1), 107-115. DOI: 10.1111/j.1365-2648.2007.04569.

65
31. European Association for Palliative Care (2010). White Paper on standards and norms
for hospice and palliative care in Europe: Part 2. Recommendations from the
European Association for Palliative Care. European Journal of Palliative Care, 17(1).
22-33.
32. Fan, S. Y., Lin, W. C., & Lin, I. M. (2015). Psychosocial care and the role of clinical
psychologists in palliative care. American Journal of Hospice and Palliative
Medicine®, 32(8), 861-868.
33. Fernandes, E. & Maia, A. (2001). Métodos e Técnicas de Avaliação: contributos para
a prática e investigação psicológicas. Braga: Universidade do Minho.
34. Ferrel, B., Borneman, T., & Thai, C. (2009). Family caregiving in hospitals and
palliative care units. In P. Hudson, & S. Payne (eds), Family carers in palliative care.
A guide for health and social care professionals (pp. 131-148). New York: Oxford
University Press.
35. Figueiredo, M.G.M.C.A. & Bifulco, V.A. (Org.). (2008). Temas em Psico-oncologia.
São Paulo: Summus.
36. Forbat, L., McManus, E., & Haraldsdottir, E. (2012). Clinical implications for
supporting caregivers at the end-of-life: Findings and from a qualitative study.
Contemporary Family Therapy, 34(2), 282-292. doi: 10.1007/s10591-012-9194-6.
37. Franco, M. H. P. (2009). Luto como experiência vital. Cuidados paliativos: discutindo
a vida, a morte e o morrer. São Paulo: Editora Atheneu.
38. Franco, M. H. P. (2010). Por que estudar o luto na atualidade? In M. H. P. Franco
(Org.), Formação e rompimento de vínculos (pp. 17-42). São Paulo, SP: Summus.
39. Gillies, J. & Neimeyer, R. (2006). Loss, Grief, and The Search for Significance:
Toward a Model of Meaning Reconstruction in Bereavement. Journal of
Constructivist Psychology, 19, 31-65. Doi: 10.1080/10720530500311182
40. Golden, A. & Dalgleish, T. (2010). Is prolonged grief distinct from bereavement-
related posttraumatic stress? Psychiatry Research, 178, 336–341.
41. Golijani-Moghaddam, N. (2014). Practitioner psychologists in palliative care: Past,
present, and future directions. Counselling Psychology Review, 29(1), 2940.
42. Griffith, J. L., & Norris, L. (2012). Distinguishing spiritual, psychological, and
psychiatric issues in palliative care: Their overlap and differences. Progress in
Palliative Care, 20(2), 79-85.

66
43. Haley, W. E., Larson, D. G., Kasl-Godley, J., Neimeyer, R. A., & Kwilosz, D. M.
(2003). Roles for Psychologists in End-of-Life Care: Emerging Models of Practice.
Professional Psychology: Research and Practice, 34(6), 626.
44. Horowitz, M., Bonanno, G., & Holen, A. (1993). Pathological grief: Diagnosis and
explanation. Psychosomatic Medicine, 55, 260 – 273.
45. https://doi.org/10.1089/jpm.2011.0466
46. https://umavisaobiopsicossocialdoluto.wordpress.com/2015/07/07/24/
47. Hudson, P. L., Remedios, C., Zordan, R., Thomas, K., Clifton, D., Crewdson, M. et al.
(2012). Guidelines for the psychosocial and bereavement support of family caregivers
of palliative care patients. Journal of Palliative Medicine, 15(6), 696-702.
48. Inácio, A. C., Vollman, D. D., Langaro, F., & Silva, M. C. C. O. (2015). Psicologia e
Cuidados Paliativos em UTI neonatal. Revista Interdisciplinar de Estudos em Saúde,
4(2).
49. Instituto Nacional de Estatística (2015). Anuário Estatístico de Portugal 2014 (Edição
2015). Retirado do website do Instituto Nacional de Estatística: https://www.ine.pt/
50. Janoff- Bulman R. Commentaries: Post-traumatic Growth: Three Explanatory Models.
Psychological Inquiry. 2004; 15 (1): 30-34.
51. Kissane, D., & Bloch, S. (2002). Family Focused Grief Therapy: A Model of Family-
Centered Care during Palliative Care and Bereavement. London, England: Open
University Press.
52. Komaroff, A. & Coburn, E. (2006). Complicated grief. Harvard Medical School, 23,
1.
53. Lloyd-Williams M, Dennis M, Taylor F. A prospective study to determine the
association between psysical symptoms and depression in patients with advanced
cancer. Palliative Medicine. 2004; 18: 558-563
54. Marecek, J. (2003). Dancing through minefields: Toward a qualitative stance in
psychology.
55. Martínez, E. & Barreto, M. P. (2002). Cuidados paliativos a la persona en la fase final
de la vida. In M. R. Durá (Coord), Territórios da Psicologia Oncológica, 527545.
56. Martinho, A. R., Pilha, L., & Sapeta, P. (2015). Competências do psicólogo em
cuidados paliativos.
57. McCubbin, H. I., Larson, A., & Olson, D. (1996). F-COPES Family Crisis Orient
Personal Scales. Family assessment: Resiliency, coping and adaptation, 455-505.
58. McCubbin, H. I., Patterson, J. M., & Wilson, L. R. (1985). FILE: Family inventory of

67
life events and changes. Family inventories: inventories used in a national survey of
families across the family life cycle/[David H. Olson...[et al.]].
59. Melo, A. C. D., Valero, F. F., & Menezes, M. (2013). A intervenção psicológica em
cuidados paliativos. Psicologia, Saúde & Doenças, 14(3), 452-469.
60. Mendes, J., Silva, L. J. D., & Santos, M. J. (2012). Cuidados Paliativos Neonatais e
Pediátricos para Portugal-Um desafio para o século XXI. Acta Pediátrica Portuguesa,
43(5), 218-222.
61. Monroe, B., & Oliviere, D. (2009). Communicating with family carers. In P. Hudson,
& S. Payne (eds.), Family Carers in Palliative Care. A Guide for Health and Social
Care Professionals. (pp. 1-20). New York: Oxford University Press.
62. Moritz, R. D. (2011). Conflitos bioéticos do viver e do morrer. Conselho Federal de
Medicina.
63. National Cancer Peer Review Programme (NCPRP). (2010). Manual for Cancer
Services. London: NCPRP.
64. National Consensus Project for Quality Palliative Care. (2009). Clinical Practice
Guidelines for Quality Palliative Care. 2nd ed. Pittsburgh: National Consensus Project
for Quality Palliative Care.
65. National Institute for Clinical Excellence (NICE). (2004). Improving supportive and
palliative care for adults with cancer (NICE guideline). London: NICE.
66. O´Connor M. Making Meaning of life events: Theory, evidence and research
directions for an alternative model. Omega. 2002; 46 (1): 51-76.
67. Ordem dos Psicólogos Portugueses. (2012). Contributos da ordem dos Psicólogos
integrados na nova lei de bases dos cuidados paliativos. PSIS21, 4,11-12.
68. Osswald, W. (2013). Sobre a morte e o morrer. Lisboa: Fundação Francisco Manuel
dos Santos.
69. Parkes, C. M. (1998). Luto: estudos sobre a perda na vida adulta (Maria Helena
Franco Bromberg, Trad.). São Paulo: Summus.
70. Parkes, C. M. Guidelines for conducting ethical bereavement research. Death studies,
Filadélfia, v. 19, p. 171-181, 1995.
71. Payne S. Resilient carers and caregivers. In: Monroe B, Oliviere D, ed. by. Resilience
in Palliative Care: Achievement In Adversity. 1st ed. New York: Oxford University
Press; 2007. p. 83-97.
72. Payne, S., & Haines, R. (2002). The contribution of psychologists to specialist
palliative care. International Journal of Palliative Nursing. 2002; 8(8): 401-406.

68
73. Pereira, S. M., Fonseca, A. M., & Carvalho, A. S. (2012). Burnout in the nurses
working in Portuguese palliative care teams: a mixed methods study. International
Journal of Palliative Nursing, 18 (8), 373-381.
74. Pessini, L., & Bertachini, L. (2006). O que entender por cuidados paliativos. São
Paulo: Paulus.
75. Porto, Gláucia, & Lustosa, Maria Alice. (2010). Psicologia Hospitalar e Cuidados
Paliativos. Revista da SBPH, 13(1), 76-93.
76. Prigerson, H., Frank, E., Kasl, S., Reynolds, C., Anderson, M., Zubenko, G., Houck,
P., George, C., & Kupfer, D. (1995). Complicated grief and bereavement-related
depression as distinct disorders: Preliminary empirical validation in elderly bereaved
spouses. American Journal of Psychiatry, 152, 22–30.
77. Queiroz, A. H. A. B., Pontes, R. J. S. & Rodrigues, T. B. (2013). Percepção de
familiares e profissionais de saúde sobre os cuidados no final da vida no âmbito da
atenção primária à saúde. Ciência & Saúde Coletiva, 18(9), 2615-2623.
78. Reverte, L., Gil, J. R., Toro, L. B., García, J., & BATISTE, X. G. (2008). Intervención
psicológica en Cuidados Paliativos. Análisis de los servicios prestados en España.
Medicina Paliativa, 15(1), 39-44.
79. Ritchie, J., & Lewis, J. (2003). Qualitative research practice: A guide for social
science students and researchers. London, UK: SAGE Publications.
80. Saldaña, J. (2015). The coding manual for qualitative researchers. Sage.
81. Santos, G. C. B. F. Intervenção do profissional de saúde mental em situações de perda
e luto no Brasil.
82. Stajduhar, K., & Cohen, R. (2009). Family caregiving in the home. In P. Hudson, & S.
Payne (eds.), Family carers in palliative care. A guide for health and social care
professionals. (pp. 149-168). New York: Oxford University Press.
83. Trancas, B., Cardoso, G., Luengo, A., Vieira, C., & Reis, D. (2010). Depressão no
doente oncológico: considerações diagnósticas e terapéuticas. Acta Médica
Portuguesa, 23(6), 1101-12.
84. Twycross, R. (2001). Cuidados Paliativos. Lisboa: Climepsi Editores.
85. Worden J. Grief Counseling and Grief Therapy: A Handbook for the Mental Health
Practitioner. New York: Springer; 2009.
86. World Health Organization (2002). National cancer control programmes: Policies and
managerial (2nd ed.). Geneva: World Health Organization.

69
87. World Health Organization (WHO) (2015). Cancer. Fact sheet n°297. Retirado do
website da World Health Organization:
http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs297/en/

70

Você também pode gostar