Science">
11527-Texto Do Artigo-50498-1-10-20210713
11527-Texto Do Artigo-50498-1-10-20210713
11527-Texto Do Artigo-50498-1-10-20210713
remoto
Teaching and learning in geography: the challenge of hybrid and remote teaching
RESUMO
No contexto educativo, o ano de 2020 certamente será lembrado em função do processo de
ressignificação da forma de ensinar e de aprender, em função da necessidade do distanciamento
social que exigiu a realização da mediação pedagógica não presencial o que culminou na
reorganização das unidades educacionais mediante as novas possibilidades didático-
pedagógicas, com novas formas de interação pelos espaços e meios virtuais ou remotos. Em se
tratando da disciplina de Geografia, esta não esteve imune aos efeitos da pandemia do Covid 19,
que colocou fim à hegemonia da didática comeniana, para abrir espaço para o ensino híbrido e o
ensino remoto. Este artigo tem por objetivo evidenciar o processo de ressignificação da relação
de ensino e aprendizagem da Geografia na Rede Municipal de Ensino de Cuiabá de forma a
evidenciar as demandas do ensino de Geografia, quais as aprendizagens devem ser
desenvolvidas, as principais dificuldades e possibilidades impostas pelo ensino remoto.
Metodologicamente trata-se de uma pesquisa de natureza bibliográfica, mediante pesquisa
participante via experiência de assessoria pedagógica e elaboração de vídeo aulas desenvolvidas
de forma remota via portal da Escola Cuiabana.
ABSTRACT
In the educational context, the year 2020 will certainly be remembered due to the process of
reframing the way of teaching and learning, due to the need for social distance that required the
realization of non-classroom pedagogical mediation, which culminated in the reorganization of
educational units through the new didactic-pedagogical possibilities, with new forms of
interaction through virtual and remote spaces and media. As far as the subject of Geography is
concerned, it was not immune to the effects of the Covid 19 pandemic, which put an end to the
hegemony of Comenian didactics, to make room for hybrid and remote teaching. This article
aims to highlight the process of reframing the teaching and learning relationship of Geography
in the Municipal Education Network of Cuiabá in order to highlight the demands of teaching
1
Doutora em Educação. Professora do Ensino Básico na Secretaria Municipal de Educação de
Cuiabá- SME. Redatora do Documento de Referência Curricular Para Mato Grosso Ensino
Fundamental Anos Finais Área de Ciências Humanas - Componente Curricular de Geografia e
Formadora da BNCC. email: bernadethluiza@gmail.com
2 Doutora em Educação. Professora do Ensino Básico na Secretaria Municipal de Cuiabá- SME e
Pedagoga do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso. IFMT. email:
silvia.stering@outlook.com
123
Revista Mato-Grossense de Geografia - Cuiabá - v. 19, n. 1 - p. 123 - 140 - jan/jun 2021
LIMA, B. L. S.; STERING, S. M. S. Ensino e aprendizagem de geografia: o desafio do ensino
híbrido e remoto
Geography, what learning should be developed, the main difficulties and possibilities imposed
by the remote teaching.
1- INTRODUÇÃO
Todo novo ano se inicia com projeções, promessas de mudanças e
transformações. E depois de um considerável período festivo que no Brasil culmina com
a maior festa pagã – o carnaval, a vida toma o ritmo do trabalho em prol da edificação e
materialização de novos projetos de vida. O ano de 2020 certamente será lembrado pela
humanidade por inúmeras razões, dentre as quais pela pandemia do Covid 19- SARS-
CoV-2, fenômeno que tem colocado em xeque convicções, posturas e o próprio futuro.
Neste sentido, nos colocamos a refletir quanto à relação entre o ensino e a aprendizagem
no contexto da Geografia, em tempos de pandemia.
A pandemia, evidenciada pela necessidade do distanciamento social, atingiu de
forma direta no ritmo de vida das pessoas em todas as dimensões, o que não exclui o
trabalho e também o processo formativo, bem como a forma de ensinar e de aprender,
culminando no processo de produção do conhecimento, no qual o ensino e a
aprendizagem de geografia não estão imunes.
O fenômeno pandêmico desnundou a realidade perpassada pelo
desenvolvimento do trabalho humano, dentre os quais destacam-se o trabalho docente,
até então desenvolvido com base na didática comeniana, em que o ensino presencial se
apresentava como uma possibilidade incontestável de ensino e aprendizagem, que de
forma abrupta, passa a ser substituída pelo ensino remoto e mediatizado pelo ensino
híbrido, objeto de reflexão deste artigo.
A organização da Geografia na perspectiva de uma ciência tem passado por
diferentes transformações ao longo do tempo, sobretudo no que diz respeito à evolução
teórico-conceitual. Compreender as transformações conceituais pelas quais a Geografia
tem passado ao longo do tempo, são fundamentais a fim de entender e compreender o
papel da disciplina no que diz respeito às questões sociais contemporâneas aos
contextos da atualidade, tendo em vista que trata-se de uma ciência que envolve
questões que dizem respeito à vida em sociedade, relativas as dimensões espaciais e
territoriais, assim como as interações entre a sociedade e a natureza.
Na busca de soluções para o enfrentamento da situação instaurada em função da
pandemia, com vistas a cumprir as determinações legais e melhorar a qualidade da
124
Revista Mato-Grossense de Geografia - Cuiabá - v. 19, n. 1 - p. 123 - 140 - jan/jun 2021
LIMA, B. L. S.; STERING, S. M. S. Ensino e aprendizagem de geografia: o desafio do ensino
híbrido e remoto
oferta educativa se estabeleceu a utilização de recursos tecnológicos do Ambiente
Virtual de Aprendizagem – AVA, para o enfrentamento da problemática como uma
possível solução de aprimoramento da oferta no ano letivo de 2020. Diante do exposto,
é imprescindível refletir quanto às contribuições que a geografia vem apresentando para
a sociedade na perspectiva de resultados oriundos de intensos debates e reflexões,
análises, e enfrentamentos teóricos metodológicos que contribuem para a revisão dos
paradigmas e conceitos que a ciência geográfica tem enquanto seu objeto científico na
relação entre ensino e aprendizagem, no século XXI, potencializado pelo ensino remoto
e híbrido.
125
Revista Mato-Grossense de Geografia - Cuiabá - v. 19, n. 1 - p. 123 - 140 - jan/jun 2021
LIMA, B. L. S.; STERING, S. M. S. Ensino e aprendizagem de geografia: o desafio do ensino
híbrido e remoto
Tendo em vista a dinâmica da realidade, é mediante o processo de escolarização,
via relação entre o ensino e a aprendizagem que as profundas desigualdades sociais
oriundas do capitalismo passam a ser intensamente discutidas, sobretudo mediante uma
ótica marxista, conforme destacam Costa e Rocha (2010). Nesta direção, podemos
inferir que a Geografia Crítica busca desde então, na sua essência interpretar o espaço
geográfico, considerando as relações epistemológicas de espaço e sociedade, dimensão
que inclui a relação ensino e aprendizagem.
126
Revista Mato-Grossense de Geografia - Cuiabá - v. 19, n. 1 - p. 123 - 140 - jan/jun 2021
LIMA, B. L. S.; STERING, S. M. S. Ensino e aprendizagem de geografia: o desafio do ensino
híbrido e remoto
tecnológica sem precedentes, a transformar a sociedade como um todo, e neste contexto,
a instituição Escola certamente não poderá ficar de fora, principalmente porque dentre
as suas funções está a de preparar o cidadão para os desafios do futuro. Faria e Giraffa
(2012, p. 2), afirmam que “a principal função da docência neste quadro de transição da
era analógica para a era digital é propiciar caminhos que facilitem a apropriação do
conhecimento pelo aluno”. Mais do que nunca os docentes carecem ultrapassar a visão
superada de achar que podem ensinar tudo aos estudantes, como fora um dia
proclamado por Comenius, uma vez que evoluímos, mediante universo informacional
que se criou e que os estudantes têm acesso. Neste sentido, se faz necessário deslocar o
eixo da ação docente do ensinar para enfocar o aprender e, principalmente, o aprender a
aprender (MORAN; MASETTO; BEHRENS, 2013).
O cenário atual, em especial em função da necessidade do distanciamento social,
evidencia a necessidade da qualificação do professor a fim de atuar mediante uso de
recursos tecnológicos disponibilizados pela web global que possibilita o acesso a uma
variedade relativa a conteúdos: textos, apresentações, vídeos, simulações, gráficos, nos
mais diversos formatos midiáticos, além de recursos educacionais abertos – os REAs –
encontram-se disponíveis em quase todas as áreas do conhecimento, via licenças
Creative Commons que disponibilizam para livre acesso mediante citação da fonte
(NASCIMENTO, 2019).
No século XXI, tem sido perceptível o movimento pela utilização de recursos
tecnológicos na esfera educacional, o que tem sido potencializado pela pandemia. O uso
do ensino remoto abre espaço para combinar práticas pedagógicas já estabelecidas, com
práticas inovadoras e, ao mesclá-las, produzir o que vem sendo denominado de ensino
híbrido, uma possibilidade viável, tendo em vista sua capacidade de fazer a junção dos
aspectos positivos do ensino presencial, com os aspectos inovadores do ensino a
distância, possibilitando a articulação destas duas possibilidades educativas.
É importante considerar que no ensino remoto, assim como no presencial, os
alunos possuem necessidades, trazem em sua bagagem experiências e expectativas que
de uma forma ou de outra precisam ser atendidas, conforme afirma Freire (1981, p. 47):
127
Revista Mato-Grossense de Geografia - Cuiabá - v. 19, n. 1 - p. 123 - 140 - jan/jun 2021
LIMA, B. L. S.; STERING, S. M. S. Ensino e aprendizagem de geografia: o desafio do ensino
híbrido e remoto
qual, anteriormente, gerando-se num outro saber que também se
tornara velho, se havia instalado como saber novo. Há, portanto, uma
sucessão constante do saber, de tal forma que todo novo saber, ao
instalar-se, aponta para o que virá substituí-lo (FREIRE, 1981, p.
47).
Aretio (2002) chama a atenção para o fato de que no ensino remoto existe uma
multiplicidade de agentes que interferem desde o desenho do curso até a avaliação de
aprendizagem dos alunos. Diferente do que ocorre com um professor de ensino
convencional, que em geral trabalha de forma individual, ao passo que na docência
remota se fazem necessárias outras linguagens, além de equipes de especialistas nos
diferentes campos, responsáveis por guiar a aprendizagem, tutores e avaliadores
(ARETIO, 2002).
No ensino remoto o aluno tem o acesso à uma educação mais flexível, uma vez
que tem a opção de gerenciar com autonomia o seu horário e o seu local de estudo,
conforme suas necessidades e seu ritmo pessoais. Tal possibilidade admite que algumas
pessoas, por questões de distância geográfica, horários de trabalho ou por outras razões
não puderam ou não podem cursar o ensino presencial, possam realizar um ensino de
qualidade.
Além disso, o ensino remoto pode contar com a existência de materiais didáticos
de apoio impressos ou digitais; práticas pedagógicas inovadoras; acesso a ambientes
virtuais de aprendizagem a qualquer tempo e lugar; realizar a interatividade entre
alunos, professores e tutores; oportuniza a expressão mesmo dos alunos mais tímidos;
conforto ao estudar; acesso a acervos virtuais de estudo como museus e bibliotecas
virtuais (ARETIO, 2012).
Importante se faz conceituar ensino híbrido:
128
Revista Mato-Grossense de Geografia - Cuiabá - v. 19, n. 1 - p. 123 - 140 - jan/jun 2021
LIMA, B. L. S.; STERING, S. M. S. Ensino e aprendizagem de geografia: o desafio do ensino
híbrido e remoto
129
Revista Mato-Grossense de Geografia - Cuiabá - v. 19, n. 1 - p. 123 - 140 - jan/jun 2021
LIMA, B. L. S.; STERING, S. M. S. Ensino e aprendizagem de geografia: o desafio do ensino
híbrido e remoto
paradigma, diz respeito a uma mudança dinâmica, contínua e em constante
transformação na direção de atender às demandas da sociedade atual, necessariamente
tecnológica. Nesta direção, em se tratando de tais mudanças, os discentes estão
melhores preparados que os professores, tendo em vista que estes pertencem a uma
geração que já nasceu com uma conexão direta com os recursos tecnológicos,
denominados por alguns estudiosos por geração Z, que, na perspectiva de ‘nativos
tecnológicos’, estão familiarizados com as tecnologias e em geral têm maior fluência
tecnológica que parte significativa dos professores.
Fica evidente que diante deste processo dialógico de mudança, a reformulação
da dinâmica das aulas mediante a diversificação no uso de recursos didático-
pedagógicos, em especial por inserir os de cunho tecnológico, articula-se a novas
metodologias de ensino que destacam as peculiaridades de colaboração e interação. Este
é o trajeto indicado por Prensky (2010), a fim de conseguir realizar o desenvolvimento
do que ele denominou de uma pedagogia da parceria, em que, o papel do professor
consiste em criar possibilidades de ensino e aprendizagem, atuar na perspectiva de
orientador do percurso e facilitador da apropriação dos conhecimentos pelos discentes,
de forma a auxiliá-los democraticamente como um sujeito mais experiente
(PERRENOUD, 1999; PERRENOUD, et al., 2002; REGO, 2000; PRENSKY, 2010).
A transformação exigida na função do professor nesta era digital, carece incluir a
inserção dos recursos tecnológicos na sua prática de ensino, uma vez que os discentes
estão afeitos a estes recursos e por meio destes são capazes de produzir aprendizagens
significativas, que atendem aos seus interesses imediatos, como tem demonstrado as
aprendizagens informais obtidas das redes sociais. Como exemplo desta possibilidade
podemos mencionar as visitas on line em países diferentes do Brasil, museus e
bibliotecas virtuais.
A realidade evidencia que na atualidade, experimenta-se na Escola um
significativo descompasso no que diz respeito à sociedade na medida em que os
professores insistem no fato de que ensinar significa transmitir informações
estruturadas, ao passo que, o que os discentes precisam é que se lhes ensinem critérios
para coletar, selecionar, hierarquizar, interpretar, integrar e transformar a informação
com espírito crítico a fim de integrar em suas estruturas intelectuais o que for útil para
seu processo de aprendizagem (MORAN; MASETTO; BEHRENS, 2013). Trata-se de
aprender a pensar por si mesmo, para deliberar, julgar e escolher a base de suas próprias
reflexões, sabendo que só quem pensa por si mesmo pode chegar a ser ele mesmo
130
Revista Mato-Grossense de Geografia - Cuiabá - v. 19, n. 1 - p. 123 - 140 - jan/jun 2021
LIMA, B. L. S.; STERING, S. M. S. Ensino e aprendizagem de geografia: o desafio do ensino
híbrido e remoto
(ZABALA, 2002).
Não obstante, sabendo que existe uma diferença entre informação e
conhecimento, e que, nem toda informação presentes na internet e nas redes sociais é
confiável, caberá ao professor o papel de desenvolver novas maneiras de ensinar seu
aluno a aprender, sem desconsiderar sua autonomia e motivação, como querem os
adeptos das ideias de cunho behavioristas, nem a contribuição que pode advir da
inteligência coletiva presente na internet. Caberá ao professor o papel de desenvolver
nos alunos a criticidade e as habilidades e competências necessárias para filtrar,
selecionar e transformar a abundante informação em conhecimento.
É possível observar que na atualidade, é impossível conceber o ensino sem o uso
dos recursos da internet, mesmo sabendo que no Brasil, o acesso ainda é restrito, em
especial em se tratando de algumas regiões, fato que se caracteriza como um motivo a
mais para as escolas se apropriarem desta tecnologia e participarem ativamente do
processo de democratização dos recursos tecnológicos, fazendo com que os menos
favorecidos tenham contato e possam usufruir na escola, dos benefícios das tecnologias
que muitas vezes lhes são negados devido a sua condição social.
É importante que estes saibam que através da internet é possível empreender
vários projetos, tanto laborais quanto educativos. Apresentar aos ‘analfabetos virtuais’
este recurso imprescindível nos dias atuais é dever da escola, que dentre outras coisas
deveria promover o acesso e a fluência tecnológica em preparação para a cidadania,
uma vez que estes recursos são, cada vez mais requeridos em todas as esferas da vida
social e do trabalho em nossa sociedade.
Nascimento (2019, p. 16), pondera que:
131
Revista Mato-Grossense de Geografia - Cuiabá - v. 19, n. 1 - p. 123 - 140 - jan/jun 2021
LIMA, B. L. S.; STERING, S. M. S. Ensino e aprendizagem de geografia: o desafio do ensino
híbrido e remoto
132
Revista Mato-Grossense de Geografia - Cuiabá - v. 19, n. 1 - p. 123 - 140 - jan/jun 2021
LIMA, B. L. S.; STERING, S. M. S. Ensino e aprendizagem de geografia: o desafio do ensino
híbrido e remoto
na prática pedagógica com fluência e eficiência, um paradigma de ensino híbrido que
está sendo forjado na prática.
Os desafios resultantes da introdução das TIC no contexto escolar, ao mesmo
tempo em que abrem novas perspectivas para a prática pedagógica, acabam por forçar
as mudanças de paradigma (KAMPFF, 2006), exigindo dos professores, não apenas o
uso pedagógico de certas possibilidades tecnológicas, mas também, o domínio dos
meios de apropriação da tecnologia para a superação do paradigma tradicional de
ensino, que já não atende às necessidades dos ‘nativos tecnológicos’ da sociedade do
conhecimento.
Para tal mudança de paradigma, Perrenoud, (1999, p. 62) menciona que:
133
Revista Mato-Grossense de Geografia - Cuiabá - v. 19, n. 1 - p. 123 - 140 - jan/jun 2021
LIMA, B. L. S.; STERING, S. M. S. Ensino e aprendizagem de geografia: o desafio do ensino
híbrido e remoto
recursos disponibilizados pelos ambientes virtuais de aprendizagem como o
AVA/Moodle podem contribuir efetivamente (MORAN; MASETTO; BEHRENS,
2013).
A internet traz no bojo de sua revolução midiática as características de uma
mídia democrática, descentralizada e com um grande potencial, por isso mesmo se
constitui em grande ameaça às elites dominantes que tradicionalmente tem fornecido
suporte ao modelo positivista de educação vigente, que busca reproduzir a sociedade
(LUCKESI, 2006).
O aspecto democrático da internet e suas mídias, traz consigo um grande poder
de transformação de paradigmas, não apenas o escolar, mas o do próprio sistema
capitalista, pois possibilita a criação, por exemplo, de mídias eletrônicas jornalísticas, de
rádio e televisão, sem ter de pedir licença ou estar vinculada a grupos hegemônicos. Um
exemplo disto se vê na música com o surgimento de bandas e outros trabalhos artísticos
que tiveram o seu 'Boom' no ciberespaço, antes de serem lançados pela indústria do
entretenimento. A escola deve valer-se deste potencial para estruturar as possibilidades
de mudanças e transformação da sociedade (ZABALA, 2002, p. 46).
Belloni (1999, p. 65) define “ciberespaço” como um:
[…] termo originário da ficção científica que serve cada vez mais para
descrever e delimitar o espaço virtual de comunicação e informação
onde se cruzam e ‘interagem’ seres virtuais, conhecimentos científicos
e informações prosaicas da vida cotidiana (BELLONI, 1999, p. 65).
134
Revista Mato-Grossense de Geografia - Cuiabá - v. 19, n. 1 - p. 123 - 140 - jan/jun 2021
LIMA, B. L. S.; STERING, S. M. S. Ensino e aprendizagem de geografia: o desafio do ensino
híbrido e remoto
Nesta direção, ao adentrarmos nesse mundo, via computadores – que são as
janelas – o usuário da internet torna-se um pesquisador na busca por informações e na
construção de conhecimentos.
A percepção de Belloni (1999, p.68) é a de que:
135
Revista Mato-Grossense de Geografia - Cuiabá - v. 19, n. 1 - p. 123 - 140 - jan/jun 2021
LIMA, B. L. S.; STERING, S. M. S. Ensino e aprendizagem de geografia: o desafio do ensino
híbrido e remoto
habilidades focadas no contexto regional, no qual os procedimentos, experiências e
vivências da Geografia propicia mais interação entre o espaço vivido, entrelaçando o
regional/local conforme os eixos temáticos e os temas transversais.
O objetivo da SME foi possibilitar que cada unidade educacional, com os
recursos tecnológicos e mídias digitais disponíveis, e considerando a realidade dos
familiares, pudesse se organizar em comunidades colaborativas e de aprendizagem,
mantendo a aproximação e a motivação entre professores e alunos, por meio de uma
rotina de atividades diárias de ensino.
A organização curricular de todos os componentes curriculares foi conduzida da
seguinte forma:
136
Revista Mato-Grossense de Geografia - Cuiabá - v. 19, n. 1 - p. 123 - 140 - jan/jun 2021
LIMA, B. L. S.; STERING, S. M. S. Ensino e aprendizagem de geografia: o desafio do ensino
híbrido e remoto
Quadro 1a - Atividades didático-pedagógicas e recursos utilizados
Atividades e recursos
Atividades de interpretação de textos orientadas por meio do WhatsApp.
Oficina virtual de criação de desenhos orientados passo a passo por meio de áudios de
três a cinco minutos.
Atividades de Língua Portuuesa, Matemática e Ciências dos livros didáticos –
orientadas por meio do WhatsApp.
Atividades de Língua Portuguesa, Matemática e Ciências dos livros didáticos –
orientadas por meio de estudo dirigido copiado ou digitalizado e distribuído na forma
física.
Vídeo aulas de educação física.
Vídeo aulas de Arte.
Leitura Deleite por meio de vídeos de 5 minutos ou mais.
Atividades de todos os componentes curriculares por meio de blogs.
Fonte: SME/DE/COC/EF (2020)
137
Revista Mato-Grossense de Geografia - Cuiabá - v. 19, n. 1 - p. 123 - 140 - jan/jun 2021
LIMA, B. L. S.; STERING, S. M. S. Ensino e aprendizagem de geografia: o desafio do ensino
híbrido e remoto
4- CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realidade brasileira evidencia que a pandemia levou os professores a
ressignificar sua forma de aprender e de ensinar, ao mesmo tempo oportunizou aos
discentes desenvolver novas formas de aprender.
Na prática, a expansão da educação em aulas remotas e híbridas tornou-se uma
realidade nacional. Trata-se de uma experiência inovadora, que exigiu adaptações no
cotidiano da educação, das Professoras e Professores que passaram a lecionar em “home
office”, e dentre disciplinas lecionadas a geografia não ficou de fora.
As aulas mediatizadas por meio de webnários, lives e livros, foram
desenvolvidas com um aspecto de inovação e novidade, sendo que muitas vezes as
adaptações foram mais desafiadoras para os adultos, uma vez que os estudantes já
possuem certa familiaridade com a tecnologia. Trata-se de um tempo de aprendizagem
para todos, oportunidade em que a disciplina de geografia pode ser desenvolvida de
forma dinâmica uma vez que se trata de uma área do conhecimento comprometida em
tornar o mundo e suas dinâmicas compreensíveis aos estudantes.
A geografia se apresenta também como uma disciplina com capacidade para
explicar as mudanças territoriais e apontar soluções e reflexões para uma organização
espacial. Ou seja, consiste em uma disciplina fundamental na formação da cidadania
tendo em vista a heterogeneidade na composição étnica, socioeconômica, cultural e na
distribuição espacial. Nesse sentido o ensino remoto e híbrido potencializa ainda mais o
ensino e a aprendizagem da Geografia.
5- REFERÊNCIAS
ARETIO, Lorenzo García. La educación a distancia – de la teoria a la pratica.
Barcelona/Espanha: Ariel Educación, 2002.
138
Revista Mato-Grossense de Geografia - Cuiabá - v. 19, n. 1 - p. 123 - 140 - jan/jun 2021
LIMA, B. L. S.; STERING, S. M. S. Ensino e aprendizagem de geografia: o desafio do ensino
híbrido e remoto
PR, 2 semestre, 2010, p. 25-56.
FARIA, Kely Cemin; GIRAFFA, Lucia Maria Martins. Ensinando Biologia com o
Moodle: Pedagogia da Parceira na Prática. VIDYA, Santa Maria, v. 32, n. 1, p. 65-77,
jan./jun., 2012.
______. Pedagogia do oprimido. 17ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
______. Ação cultural para a liberdade. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução: Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Editora 34,
1999, 264 p.
POLON, Luana Caroline Künast, Espaço Geográfico: Breve discussão teórica acerca do
139
Revista Mato-Grossense de Geografia - Cuiabá - v. 19, n. 1 - p. 123 - 140 - jan/jun 2021
LIMA, B. L. S.; STERING, S. M. S. Ensino e aprendizagem de geografia: o desafio do ensino
híbrido e remoto
conceito. Revista Geogr. Acadêmica, vol. 10, n 2, (xii2016), p. 82-92.
140
Revista Mato-Grossense de Geografia - Cuiabá - v. 19, n. 1 - p. 123 - 140 - jan/jun 2021