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LITERATURA
33 PROVAS DO ENEM
ORGANIZADAS POR DISCIPLINA
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Este material reúne todas estas provas, organizando suas questões segundo a respectiva disci-
plina abordada. No total, temos 12 cadernos: Matemática, Biologia, Física, Química, História,
Geografia, Filosofia/Sociologia, Inglês, Espanhol, Português, Redação e Literatura.
Na sequência apresentamos a relação das provas presentes no Caderno Enem. A sigla no início
de cada questão faz referência ao ano e à ordem de aplicação da prova. Por exemplo, uma
questão com a sigla ENEM 2014.2 foi aplicada nas Unidades Prisionais no ano de 2014, confor-
me explicamos:
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Observações Importantes
Questões Repetidas
Os 12 cadernos somam 6090 questões e 32 propostas de Redação. Há pouquíssimas questões
repetidas, o que não representa nem um por cento do número total de questões. Tal repetição
justifica-se pelo fato de que a própria organização do Enem aproveitou questões de edições
oficiais em provas aplicadas em unidades prisionais ou aos deficientes auditivos. Contudo, re-
forço que é um número irrelevante de questões. No último levantamento que fizemos, só con-
seguimos identificar 10 questões semelhantes, 5 nas provas de Espanhol, 4 nas provas de Por-
tuguês e 1 nas provas de Matemática.
Caderno de Redação
Desde a mudança no formato da prova, em 2009, já ocorreram 33 edições do ENEM, porém o
Caderno de Redação apresenta apenas 32 propostas, pois o tema da prova oficial de 2017 foi o
mesmo da prova aplicada aos deficientes auditivos no mesmo ano. O curioso é que os cadernos
de provas continham questões diferentes, mas a proposta de redação era a mesma: “Desafios
para a formação educacional de surdos no Brasil”.
Entre em Contato
Dúvidas, reclamações, sugestões, elogios, alteração de gabaritos... É só entrar em contato! Es-
tamos à disposição para ajudar e fazer dos cadernos uma ferramenta cada vez mais importante
para os nossos estudantes.
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Questão 04 (2009.1)
Texto 1
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra
[...]
(ANDRADE, C. D. Antologia poética. Rio de Janeiro/ São Paulo: Record, 2000 - fragmento)
Texto 2
(DAVIS, J. Garfield, um charme de gato – 7 Trad. da Agência Internacional Press. Porto Alegre; L&PM, 00)
A comparação entre os recursos expressivos que constituem os dois textos revela que:
A) o texto 1 perde suas características de gênero poético ao ser vulgarizado por histórias em quadrinho.
B) o texto 2 pertence ao gênero literário, porque as escolhas linguísticas o tornam uma réplica do texto 1.
C) a escolha do tema, desenvolvido por frases semelhantes, caracteriza-os como pertencentes ao mes-
mo gênero.
D) os textos são de gêneros diferentes porque, apesar da intertextualidade, foram elaborados com finali-
dades distintas.
E) as linguagens que constroem significados nos dois textos permitem classificá-los como pertencentes
ao mesmo gênero.
Questão 05 (2009.1)
Em uma escola, com o intuito de valorizar a diversidade do patrimônio etnocultural brasileiro, os estudan-
tes foram distribuídos em grupos para realizar uma tarefa referente as características atuais das diferen-
tes regiões brasileiras, a partir do seguinte quadro.
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Questão 07 (2009.1)
Pobre Isaura! Sempre e em toda parte esta
contínua importunação de senhores e de escra-
vos, que não a deixam sossegar um só momen-
to! Como não devia viver aflito e atribulado
aquele coração! Dentro de casa contava ela
quatro inimigos, cada qual mais porfiado em
roubar-lhe a paz da alma, e torturar-lhe o cora-
ção: três amantes, Leôncio, Belchior, e André, e (ANDRADE, C. D. Seleta em Prosa e Verso.
uma êmula terrível e desapiedada, Rosa. Fácil Rio de Janeiro: Record, 1995)
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Com base na leitura do poema, a respeito do O romance romântico teve fundamental impor-
uso e da predominância das funções da lingua- tância na formação da ideia de nação. Conside-
gem no texto de Drummond, pode-se afirmar rando o trecho acima, é possível reconhecer
que: que uma das principais e permanentes contri-
buições do Romantismo para construção da
A) por meio dos versos “Ponho-me a escrever
identidade da nação é a:
teu nome” (v. 1) e “esse romântico trabalho” (v.
5), o poeta faz referências ao seu próprio ofício: A) possibilidade de apresentar uma dimensão
o gesto de escrever poemas líricos. desconhecida da natureza nacional, marcada
B) a linguagem essencialmente poética que pelo subdesenvolvimento e pela falta de pers-
constitui os versos “No prato, a sopa esfria, pectiva de renovação.
cheia de escamas e debruçados na mesa todos B) consciência da exploração da terra pelos
contemplam” (v. 3 e 4) confere ao poema uma colonizadores e pela classe dominante local, o
atmosfera irreal e impede o leitor de reconhecer que coibiu a exploração desenfreada das rique-
no texto dados constitutivos de uma cena realis- zas naturais do país.
ta. C) construção, em linguagem simples, realista e
C) na primeira estrofe, o poeta constrói uma documental, sem fantasia ou exaltação, de uma
linguagem centrada na amada, receptora da imagem da terra que revelou o quanto é grandi-
mensagem, mas, na segunda, ele deixa de se osa a natureza brasileira.
dirigir a ela e passa a exprimir o que sente. D) expansão dos limites geográficos da terra,
D) em “Eu estava sonhando...” (v. 10), o poeta que promoveu o sentimento de unidade do terri-
demonstra que está mais preocupado em res- tório nacional e deu a conhecer os lugares mais
ponder à pergunta feita anteriormente e, assim, distantes do Brasil aos brasileiros.
dar continuidade ao diálogo com seus interlocu- E) valorização da vida urbana e do progresso,
tores do que em expressar algo sobre si mes- em detrimento do interior do Brasil, formulando
mo. um conceito de nação centrado nos modelos da
E) no verso “Neste país é proibido sonhar.” (v. nascente burguesia brasileira.
12), o poeta abandona a linguagem poética para
fazer uso da função referencial, informando
sobre o conteúdo do “cartaz amarelo” (v. 11) Questão 10 (2009.1)
presente no local.
Canção amiga
Eu preparo uma canção,
Questão 09 (2009.1) em que minha mãe se reconheça
O SERTÃO E O SERTANEJO todas as mães se reconheçam
e que fale como dois olhos.
Ali começa o sertão chamado bruto. Nesses [...]
campos, tão diversos pelo matiz das cores, o Aprendi novas palavras
capim crescido e ressecado pelo ardor do sol E tornei outras mais belas.
transforma-se em vicejante tapete de relva, Eu preparo uma canção
quando lavra o incêndio que algum tropeiro, por que faça acordar os homens
acaso ou mero desenfado, ateia com uma faú- e adormecer as crianças.
lha do seu isqueiro. Minando à surda na toucei-
ra, queda a vívida centelha. Corra daí a instan- (ANDRADE, C. D. Novos Poemas. Rio de Janeiro:
tes qualquer aragem, por débil que seja, e le- José Olympio, 1948 - fragmento)
vanta-se a língua de fogo esguia e trêmula,
como que a contemplar medrosa e vacilante os A linguagem do fragmento acima foi empregada
espaços imensos que se alongam diante dela. pelo autor com o objetivo principal de:
O fogo, detido em pontos, aqui, ali, a consumir A) transmitir informações, fazer referência a
com mais lentidão algum estorvo, vai aos pou- acontecimentos observados no mundo exterior.
cos morrendo até se extinguir de todo, deixando B) envolver, persuadir o interlocutor, nesse ca-
como sinal da avassaladora passagem o alva- so, o leitor, em um forte apelo à sua sensibilida-
cento lençol, que lhe foi seguindo os velozes de.
passos. Por toda a parte melancolia; de todos C) realçar os sentimentos do eu lírico, suas
os lados tétricas perspectivas. É cair, porém, daí sensações, reflexões e opiniões frente ao mun-
a dias copiosa chuva, e parece que uma varinha do real.
de fada andou por aqueles sombrios recantos a D) destacar o processo de construção de seu
traçar às pressas jardins encantados e nunca poema, ao falar sobre o papel da própria lingua-
vistos. Entra tudo num trabalho íntimo de espan- gem e do poeta.
tosa atividade. E) manter eficiente o contato comunicativo entre
(Transborda a vida. TAUNAY, A. Inocência. o emissor da mensagem, de um lado, e o recep-
São Paulo: Ática, 1993) tor, de outro.
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Ouvir estrelas
Questão 16 (2009.1)
Ora, direis, ouvir estrelas! Vejo
Observe a obra “Objeto Cinético”, de Abraham
que estás beirando a maluquice extrema.
Palatnik, 1966.
No entanto o certo é que não perco o ensejo
De ouvi-las nos programas de cinema.
Não perco fita; e dir-vos-ei sem pejo
que mais eu gozo se escabroso é o tema.
Uma boca de estrela dando beijo
é, meu amigo, assunto p’ra um poema.
Direis agora: Mas, enfim, meu caro,
As estrelas que dizem? Que sentido
têm suas frases de sabor tão raro?
Amigo, aprende inglês para entendê-las,
Pois só sabendo inglês se tem ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.
(TIGRE, Bastos. Ouvir estrelas. In: Becker, I. Humor e
humorismo: Antologia. São Paulo: Brasiliense, 1961)
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Questão 21 (2009.2)
Os melhores críticos da cultura brasileira trata-
ram-na sempre no plural, isto é, enfatizando a
coexistência no Brasil de diversas culturas. Ar-
thur Ramos distingue as culturas não europeias
(indígenas, negras) das europeias (portuguesa,
italiana, alemã etc.), e Darcy Ribeiro fala de
diversos Brasis: crioulo, caboclo, sertanejo,
caipira e de Brasis sulinos, a cada um deles
correspondendo uma cultura específica.
Questão 22 (2009.2)
Cárcere das almas
Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.
Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.
Ó almas presas, mudas e fechadas
Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!
Nesses silêncios solitários, graves,
que chaveiro do Céu possui as chaves
para abrir-vos as portas do Mistério?!
(CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis:
Fundação Catarinense de Cultura, 1993)
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Os elementos formais e temáticos relacionados nível de ruído permanecem na faixa dos 30 aos
ao contexto cultural do Simbolismo encontrados 40 decibéis.
no poema Cárcere das almas, de Cruz e Sou- E) 1 a 4 apresentam um produto final bastante
sa, são: semelhante, uma vez que as possibilidades de
combinações sonoras ao longo do tempo são
A) a opção pela abordagem, em linguagem sim- limitadas.
ples e direta, de temas filosóficos.
B) a prevalência do lirismo amoroso e intimista
em relação à temática nacionalista.
Questão 24 (2009.2)
C) o refinamento estético da forma poética e o
Gênero dramático é aquele em que o artista usa
tratamento metafísico de temas universais.
como intermediária entre si e o público a repre-
D) a evidente preocupação do eu lírico com a
sentação. A palavra vem do grego drao (fazer) e
realidade social expressa em imagens poéticas
quer dizer ação. A peça teatral é, pois, uma
inovadoras.
composição literária destinada à apresentação
E) a liberdade formal da estrutura poética que
por atores em um palco, atuando e dialogando
dispensa a rima e a métrica tradicionais em
entre si. O texto dramático é complementado
favor de temas do cotidiano.
pela atuação dos atores no espetáculo teatral e
possui uma estrutura específica, caracterizada:
1) pela presença de personagens que devem
Questão 23 (2009.2) estar ligados com lógica uns aos outros e à
A música pode ser definida como a combinação ação; 2) pela ação dramática (trama, enredo),
de sons ao longo do tempo. Cada produto final que é o conjunto de atos dramáticos, maneiras
oriundo da infinidade de combinações possíveis de ser e de agir das personagens encadeadas à
será diferente, dependendo da escolha das unidade do efeito e segundo uma ordem com-
notas, de suas durações, dos instrumentos utili- posta de exposição, conflito, complicação, clí-
zados, do estilo de música, da nacionalidade do max e desfecho; 3) pela situação ou ambiente,
compositor e do período em que as obras foram que é o conjunto de circunstâncias físicas, soci-
compostas. ais, espirituais em que se situa a ação; 4) pelo
tema, ou seja, a ideia que o autor (dramaturgo)
deseja expor, ou sua interpretação real por meio
da representação.
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B) excelente forma física apresentada pelo povo D) a repetição de sons e de construções sintáti-
Xavante. cas semelhantes.
C) multiculturalidade presente na sua manifes- E) a inversão da ordem sintática das palavras.
tação cênica.
D) inexistência de um planejamento da estética
da dança, caracterizada pelo ineditismo. Questão 30 (2009.2)
E) preservação de uma identidade entre a ges- Teatro do Oprimido é um método teatral que
tualidade ancestral e a novidade dos cantos a sistematiza exercícios, jogos e técnicas teatrais
serem entoados. elaboradas pelo teatrólogo brasileiro Augusto
Boal, recentemente falecido, que visa à desme-
canização física e intelectual de seus pratican-
Texto para as questões 28 e 29 tes. Partindo do princípio de que a linguagem
Canção do vento e da minha vida teatral não deve ser diferenciada da que é usa-
da cotidianamente pelo cidadão comum (oprimi-
O vento varria as folhas, do), ele propõe condições práticas para que o
O vento varria os frutos, oprimido se aproprie dos meios do fazer teatral
O vento varria as flores... e, assim, amplie suas possibilidades de expres-
E a minha vida ficava são. Nesse sentido, todos podem desenvolver
Cada vez mais cheia essa linguagem e, consequentemente, fazer
De frutos, de flores, de folhas. teatro. Trata-se de um teatro em que o especta-
[...] dor é convidado a substituir o protagonista e
mudar a condução ou mesmo o fim da história,
O vento varria os sonhos conforme o olhar interpretativo e contextualiza-
E varria as amizades... do do receptor.
O vento varria as mulheres...
(Companhia Teatro do Oprimido. Disponível em:
E a minha vida ficava
www.ctorio.org.br. Acesso em: 1 jul. 2009 - adaptado)
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.
Considerando-se as características do Teatro
O vento varria os meses do Oprimido apresentadas, conclui-se que:
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo! A) esse modelo teatral é um método tradicional
E a minha vida ficava de fazer teatro que usa, nas suas ações cêni-
Cada vez mais cheia cas, a linguagem rebuscada e hermética falada
De tudo. normalmente pelo cidadão comum.
B) a forma de recepção desse modelo teatral se
(BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa.
Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967) destaca pela separação entre atores e público,
na qual os atores representam seus persona-
gens e a plateia assiste passivamente ao espe-
Questão 28 (2009.2) táculo.
Predomina no texto a função da linguagem: C) sua linguagem teatral pode ser democratiza-
da e apropriada pelo cidadão comum, no senti-
A) fática, porque o autor procura testar o canal do de proporcionar-lhe autonomia crítica para
de comunicação. compreensão e interpretação do mundo em que
B) metalinguística, porque há explicação do vive.
significado das expressões. D) o convite ao espectador para substituir o
C) conativa, uma vez que o leitor é provocado a protagonista e mudar o fim da história evidencia
participar de uma ação. que a proposta de Boal se aproxima das regras
D) referencial, já que são apresentadas infor- do teatro tradicional para a preparação de ato-
mações sobre acontecimentos e fatos reais. res.
E) poética, pois chama-se a atenção para a E) a metodologia teatral do Teatro do Oprimido
elaboração especial e artística da estrutura do segue a concepção do teatro clássico aristotéli-
texto. co, que visa à desautomação física e intelectual
de seus praticantes.
Questão 29 (2009.2)
Na estruturação do texto, destaca-se: Questão 31 (2009.2)
No decênio de 1870, Franklin Távora defendeu
A) a construção de oposições semânticas. a tese de que no Brasil havia duas literaturas
B) a apresentação de ideias de forma objetiva. independentes dentro da mesma língua: uma do
C) o emprego recorrente de figuras de lingua- Norte e outra do Sul, regiões segundo ele muito
gem, como o eufemismo. diferentes por formação histórica, composição
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étnica, costumes, modismos linguísticos etc. Por te, a formação moral dos peixinhos. A eles seria
isso, deu aos romances regionais que publicou ensinado que o ato mais grandioso e mais su-
o título geral de Literatura do Norte. Em nossos blime é o sacrifício alegre de um peixinho e que
dias, um escritor gaúcho, Viana Moog, procurou todos deveriam acreditar nos tubarões, sobretu-
mostrar com bastante engenho que no Brasil do quando estes dissessem que cuidavam de
há, em verdade, literaturas setoriais diversas, sua felicidade futura. Os peixinhos saberiam
refletindo as características locais. que este futuro só estaria garantido se apren-
dessem a obediência.
(CANDIDO, A. A nova narrativa. A educação pela
noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 2003) Cada peixinho que na guerra matasse alguns
peixinhos inimigos seria condecorado com uma
Com relação à valorização, no romance regio- pequena Ordem das Algas e receberia o título
nalista brasileiro, do homem e da paisagem de de herói.
determinadas regiões nacionais, sabe-se que:
(BRECHT, B. Histórias do Sr. Keuner.
São Paulo: Ed. 34, 2006 - adaptado)
A) o romance do Sul do Brasil se caracteriza
pela temática essencialmente urbana, colocan-
do em relevo a formação do homem por meio Como produção humana, a literatura veicula
da mescla de características locais e dos aspec- valores que nem sempre estão representados
tos culturais trazidos de fora pela imigração diretamente no texto, mas são transfigurados
europeia. pela linguagem literária e podem até entrar em
B) José de Alencar, representante, sobretudo, contradição com as convenções sociais e reve-
do romance urbano, retrata a temática da urba- lar o quanto a sociedade perverteu os valores
nização das cidades brasileiras e das relações humanos que ela própria criou. É o que ocorre
conflituosas entre as raças. na narrativa do dramaturgo alemão Bertolt
C) o romance do Nordeste caracteriza-se pelo Brecht mostrada. Por meio da hipótese apresen-
acentuado realismo no uso do vocabulário, pelo tada, o autor:
temário local, expressando a vida do homem em
face da natureza agreste, e assume frequente- A) demonstra o quanto a literatura pode ser
mente o ponto de vista. alienadora ao retratar, de modo positivo, as
dos menos favorecidos. relações de opressão existentes na sociedade.
D) a literatura urbana brasileira, da qual um dos B) revela a ação predatória do homem no mar,
expoentes é Machado de Assis, põe em relevo questionando a utilização dos recursos naturais
a formação do homem brasileiro, o sincretismo pelo homem ocidental.
religioso, as raízes africanas e indígenas que C) defende que a força colonizadora e civilizató-
caracterizam o nosso povo. ria do homem ocidental valorizou a organização
E) Érico Veríssimo, Rachel de Queiroz, Simões das sociedades africanas e asiáticas, elevando-
Lopes Neto e Jorge Amado são romancistas as ao modo de organização cultural e social da
das décadas de 30 e 40 do século XX, cuja obra sociedade moderna.
retrata a problemática do homem urbano em D) questiona o modo de organização das socie-
confronto com a modernização do país promo- dades ocidentais capitalistas, que se desenvol-
vida pelo Estado Novo. veram fundamentadas nas relações de opres-
são em que os mais fortes exploram os mais
fracos.
Questão 32 (2009.2) E) evidencia a dinâmica social do trabalho cole-
tivo em que os mais fortes colaboram com os
Se os tubarões fossem homens mais fracos, de modo a guiá-los na realização
Se os tubarões fossem homens, eles seriam de tarefas.
mais gentis com os peixes pequenos?
Certamente, se os tubarões fossem homens,
fariam construir resistentes gaiolas no mar para Questão 33 (2009.2)
os peixes pequenos, com todo o tipo de alimen- Oximoro, ou paradoxismo, é uma figura de retó-
to, tanto animal como vegetal. Cuidariam para rica em que se combinam palavras de sentido
que as gaiolas tivessem sempre água fresca e oposto que parecem excluir-se mutuamente,
adotariam todas as providências sanitárias. mas que, no contexto, reforçam a expressão.
Naturalmente haveria também escolas nas gaio- (Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa)
las. Nas aulas, os peixinhos aprenderiam como
nadar para a goela dos tubarões. Eles aprende- Considerando a definição apresentada, o frag-
riam, por exemplo, a usar a geografia para loca- mento poético da obra Cantares, de Hilda Hilst,
lizar os grandes tubarões deitados preguiçosa- publicada em 2004, em que pode ser encontra-
mente por aí. A aula principal seria, naturalmen- da a referida figura de retórica é:
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drão que me furtou uma vaca de raça. Tenho, canários de Portugal e fazem uma harmonia
portanto, um pouco de religião, embora julgue quando um homem vai por este caminho, que é
que, em parte, ela é dispensável a um homem. para louvar o Senhor, e os bosques são tão
Mas mulher sem religião é horrível. frescos que os lindos e artificiais de Portugal
ficam muito abaixo.
Comunista, materialista. Bonito casamento!
Amizade com o Padilha, aquele imbecil. “Pales- (ANCHIETA, José de. Cartas, informações, fragmen-
tras amenas e variadas”. Que haveria nas pa- tos históricos e sermões do Padre Joseph de Anchi-
lestras? Reformas sociais, ou coisa pior. Sei lá! eta. Rio de Janeiro: S.J., 33, 430-31 p)
Mulher sem religião é capaz de tudo.
A leitura dos textos revela a preocupação de
(RAMOS, Graciliano. São Bernardo. Anchieta com a exaltação da religiosidade. No
Rio de Janeiro: Record, 1981, p. 131) texto 2, o autor exalta, ainda, a beleza natural
do Brasil por meio:
Uma das características da prosa de Graciliano A) do uso tanto de características da narração
Ramos é ser bastante direta e enxuta. No ro- quanto do discurso argumentativo para conven-
mance São Bernardo, o autor faz a análise cer o leitor da superioridade de Portugal em
psicológica de personagens e expõe desigual- relação ao Brasil.
dades sociais com base na relação entre patrão B) do emprego de primeira pessoa para narrar a
e empregado, além da relação conjugal. Nesse história de pássaros e bosques brasileiros,
sentido, o texto revela: comparando-os aos de Portugal.
C) do uso de indicações cênicas do gênero
A) um narrador onisciente que não participa da dramático para colocar em evidência a frescura
história, conhecedor profundo do caráter ma- dos bosques brasileiros e a beleza dos rouxi-
chista de Paulo Honório e da sua ideologia polí- nóis.
tica. D) da adoção de procedimentos típicos do dis-
B) uma narração em terceira pessoa que explo- curso argumentativo para defender a beleza dos
ra o aspecto objetivo e claro da linguagem para pássaros e bosques de Portugal.
associar o espaço interno do personagem ao E) da descrição de elementos que valorizam o
espaço externo. aspecto natural dos bosques brasileiros, a di-
C) um narrador alheio às questões sociocultu- versidade e a beleza dos pássaros do Brasil.
rais e econômicas da sociedade capitalista e
que defende a divisão dos bens e o trabalho
coletivo como modo de organização social e
Questão 44 (2009.3)
política.
D) um discurso em primeira pessoa que trans- Linhas tortas
mite o caráter ambíguo da religiosidade do per- Há uma literatura antipática e insincera que só
sonagem e sua convicção acerca da relação usa expressões corretas, só se ocupa de coisas
que a mulher deve ter com a religião. agradáveis, não se molha em dias de inverno e
E) um narrador-personagem que coloca no por isso ignora que há pessoas que não podem
mesmo plano Deus e o diabo e defende o livre- comprar capas de borracha. Quando a chuva
arbítrio feminino no tocante à religião. aparece, essa literatura fica em casa, bem
aquecida, com as portas fechadas. [...] Acha
que tudo está direito, que o Brasil é um mundo e
Questão 43 (2009.3) que somos felizes. [...] Ora, não é verdade que
tudo vá tão bem [...]. Nos algodoais e nos cana-
Texto 1 viais do Nordeste, nas plantações de cacau e de
José de Anchieta fazia parte da Companhia de café, nas cidadezinhas decadentes do interior,
Jesus, veio ao Brasil aos 19 anos para catequi- nas fábricas, nas casas de cômodos, nos pros-
zar a população das primeiras cidades brasilei- tíbulos, há milhões de criaturas que andam
ras e, como instrumento de trabalho, escreveu aperreadas. [...]
manuais, poemas e peças teatrais.
Os escritores atuais foram estudar o subúrbio, a
Texto 2 fábrica, o engenho, a prisão da roça, o colégio
do professor mambembe. Para isso resignaram-
Todo o Brasil é um jardim em frescura e bosque se a abandonar o asfalto e o café, [...] tiveram a
e não se vê em todo ano árvore nem erva seca. coragem de falar errado como toda gente, sem
Os arvoredos se vão às nuvens de admirável dicionário, sem gramáticas, sem manual de
altura e grossura e variedade de espécies. Mui- retórica. Ouviram gritos, palavrões e meteram
tos dão bons frutos e o que lhes dá graça é que tudo nos livros que escreveram.
há neles muitos passarinhos de grande formo-
sura e variedades e em seu canto não dão van- (RAMOS, Graciliano. Linhas tortas. 8.ª ed.
tagem aos rouxinóis, pintassilgos, colorinos e São Paulo: Record, 1980, p. 92/3.)
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O ponto de vista defendido por Graciliano Ra- C) o contraste entre a beleza física da mulher e
mos: a religiosidade do poeta.
D) o pesar pela transitoriedade da juventude e a
A) valoriza uma literatura que resgate os aspec- certeza da morte ou da velhice.
tos psicológico, simbólico e imaginário dos per- E) a regular alternância temática entre versos
sonagens nacionais. pares e ímpares.
B) denuncia as mentiras que os escritores atu-
ais construíram ao fazer um ufanismo vazio das
culturas nacionais e estrangeiras. Questão 46 (2009.3)
C) critica posturas de escritores que usam tudo
em seus livros: palavrões, palavras erradas e Os poemas
gritos. Os poemas são pássaros que chegam
D) reconhece a importância de uma literatura não se sabe de onde e pousam
que resgate nossa realidade social, que reforce no livro que lês.
a memória e a identidade nacionais. Quando fechas o livro, eles alçam vôo
E) reconhece o perigo de se construir uma lite- como de um alçapão.
ratura engajada que busque na realidade social Eles não têm pouso
sua inspiração e seu estímulo. nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
Questão 45 (2009.3) E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
Lisongeia outra vez impaciente a retenção de
que o alimento deles já estava em ti ...
sua mesma desgraça...
(QUINTANA, Mário. Antologia Poética.
Gregório de Matos Porto Alegre: L&PM Pocket, 2001, p. 104)
Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo claramente O poema sugere que o leitor é parte fundamen-
Na vossa ardente vista o sol ardente, tal no processo de construção de sentido da
E na rosada face a Aurora fria: poesia. O verso que melhor expressa essa ideia
é:
Enquanto pois produz, enquanto cria A) “Os poemas são pássaros que chegam”.
Essa esfera gentil, mina excelente B) “Quando fechas o livro, eles alçam vôo”.
No cabelo o metal mais reluzente, C) “E olhas, então, essas tuas mãos vazias,”.
E na boca a mais fina pedraria: D) “Eles não têm pouso”.
E) “que o alimento deles já estava em ti ...”.
Gozai, gozai da flor da formosura,
Antes que o frio da madura idade
Tronco deixe despido, o que é verdura.
Questão 47 (2009.3)
Resolvo-me a contar, depois de muita hesita-
Que passado o Zenith da mocidade,
ção, casos passados há dez anos — e, antes de
Sem a noite encontrar da sepultura,
começar, digo os motivos por que silenciei e por
É cada dia ocaso de beldade.
que me decido. Não conservo notas: algumas
que tomei foram inutilizadas e, assim, com o
(CUNHA, H. P. Convivência maneirista e barroca na
obra de Gregório de Matos. In: Origens da Literatura decorrer do tempo, ia-me parecendo cada dia
Brasileira. Rio de Janeiro:Tempo Brasileiro, 79.p. 90) mais difícil, quase impossível, redigir esta narra-
tiva. Além disso, julgando a matéria superior às
O Barroco é um movimento complexo, conside- minhas forças, esperei que outros mais aptos se
rado como a arte dos contrastes. O poema de ocupassem dela. Não vai aqui falsa modéstia,
Gregório de Matos, que revela características como adiante se verá. Também me afligiu a
do Barroco brasileiro, é uma espécie de livre- ideia de jogar no papel criaturas vivas, sem
tradução de um poema de Luís de Góngora, disfarces, com os nomes que têm no registro
importante poeta espanhol do século XVII. civil. Repugnava-me deformá-las, dar-lhes
pseudônimo, fazer do livro uma espécie de ro-
Fruto de sua época, o poema de Gregório de mance; mas teria eu o direito de utilizá-las em
Matos destaca: história presumivelmente verdadeira? Que diri-
am elas se se vissem impressas, realizando
A) a concepção de amor que se transforma em atos esquecidos, repetindo palavras contestá-
tormento da alma e do corpo do eu lírico. veis e obliteradas?
B) o uso de antíteses para distinguir o que é (RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere. Rio de
terreno e o que é espiritual na mulher. Janeiro: Record, 2000, v.1, p. 33)
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vras. Tal paradoxo, vale dizer, é o que funda — Na mão dos padres eu corto os deboches
toda literatura clariciana. desse desmazelado.
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racterística, entre outras, a visão do poeta inspi- B) “Nem foi tempo perdido/ Somos tão jovens”.
rado e capaz de mostrar à humanidade, pela C) “O que foi escondido é o que se escondeu,/
poesia, o que esta não percebe. E o que foi prometido, ninguém prometeu”.
D)“Todos os dias quando acordo,/ Não tenho
O trecho do poema de Cruz e Souza que melhor mais o tempo que passou”.
exemplifica o fazer poético, de acordo com as E) “Todos os dias antes de dormir/ Lembro e
características dos simbolistas, é: esqueço como foi o dia”.
A) “Leva consigo esse brasão augusto”.
B) “Os abismos carnais da triste argila/Ela os
vence sem ânsias e sem custo...”. Questão 57 (2009.3)
C) “Fica sereno, num sorriso justo/Enquanto As mãos de Ediene
tudo em derredor oscila”.
D) “O ser que é ser transforma tudo em flo- Ediene tem 16 anos, rosto redondo, trigueiro,
res.../E para ironizar as próprias dores/Canta índio e bonito das meninas do sertão nordesti-
por entre as águas do Dilúvio!”. no. Vaidosa, põe anéis nos dedos e pinta os
E) “O ser que é ser e que jamais vacila/Nas lábios com batom. Mas Ediene é diferente. Ja-
guerras imortais entra sem susto”. mais abraçará, não namorará de mãos dadas e,
se tiver filhos, não os aconchegará em seus
braços para dar-lhes o calor e o alimento dos
seios da mãe. A razão é simples: Ediene não
Questão 56 (2009.3)
tem braços. Ela os perdeu numa maromba,
Tempo Perdido máquina do século passado, com dois cilindros
Renato Russo de metal que amassam barro para fazer telhas e
tijolos numa olaria. Os dedos que enche de
Todos os dias quando acordo, anéis são os dos pés, com os quais escreve,
Não tenho mais o tempo que passou desenha e passa batom nos lábios. Ela é uma
Mas tenho muito tempo: das centenas de crianças mutiladas todos os
Temos todo o tempo do mundo. anos, trabalhando como gente grande em troca
de minguados cobres.
Todos os dias antes de dormir,
Lembro e esqueço como foi o dia: (UTZERI, F. As mãos de Ediene. Jornal do Brasil,
(...) Caderno B, 2 dez. 1999)
Nosso suor sagrado
É bem mais belo que esse sangue amargo Os recursos estilísticos de um texto servem
(...) para torná-lo esteticamente mais eficaz. Em As
Veja o sol dessa manhã tão cinza: mãos de Ediene, o autor alcança esse objetivo
A tempestade que chega é da cor dos teus ao coordenar adjetivos no 1.° período. Tal pro-
Olhos castanhos cedimento busca:
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(MATTAR, Denise. Catálogo da Exposição: Emma- O poema resgata a memória de fatos históricos
nuel Nassar — A Poesia da Gambiarra. que fazem parte do patrimônio cultural do povo
Rio de Janeiro: CCBB, 2003) brasileiro e faz referência a diversos elementos,
entre os quais, incluem-se:
Considerando-se as informações do texto e a
pintura Arraial, do artista Emmanuel Nassar, A) o trabalho dos escravos no engenho e a li-
percebe-se que: bertação assinada pela coroa.
B) o legado dos africanos no Brasil e a cerimô-
A) a figura contradiz a visão do texto quanto à nia do batismo católico.
utilização de elementos populares na pintura do C) a coragem e a valentia dos africanos e as
artista. suas brincadeiras.
B) os elementos da visualidade popular são D) o espírito guerreiro, os sons e os ritmos afri-
esquecidos pelo artista. canos.
C) o artista retrata em sua pintura o detalhe da E) as batalhas vividas pelos africanos e o Car-
fachada de um prédio histórico de Belém do naval.
Pará.
D) tanto a pintura quanto o texto evidenciam
que é irrelevante reconhecer o valor das mani- Questão 60 (2009.3)
festações populares.
E) o artista retrata de maneira alegre os elemen-
tos presentes em um arraial, ressaltando o ar
festivo de parque de diversões.
Questão 59 (2009.3)
Sou negro
Solano Trindade
Sou negro
meus avós foram queimados
pelo sol da África
minh’alma recebeu o batismo dos tambores
atabaques, gonguês e agogôs
Contaram-me que meus avós
vieram de Loanda
Pintura Rupestre
como mercadoria de baixo preço
plantaram cana pro senhor do engenho novo
A arte é quase tão antiga quanto o ser humano.
e fundaram o primeiro Maracatu
A função decisiva da arte nos seus primórdios
Depois meu avô brigou como um danado foi a de conferir poder mágico: poder sobre a
nas terras de Zumbi natureza, poder sobre os inimigos, poder sobre
Era valente como o quê o parceiro de relações sexuais, poder sobre a
Na capoeira ou na faca realidade, poder exercido no sentido de um
escreveu não leu fortalecimento da coletividade humana. Nos
o pau comeu alvores da humanidade, a arte pouco tinha a ver
Não foi um pai João com a “beleza” e nada tinha a ver com a con-
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templação estética, com o desfrute estético: era D) é o texto preferido pelo homem do povo, que
um instrumento mágico, uma arma da coletivi- aprecia leituras simples e temas corriqueiros.
dade humana em sua luta pela sobrevivência. E) é um gênero literário importante, mas inferior
Por exemplo, a figura apresentada de uma pin- ao romance e ao drama.
tura rupestre comprova que as pinturas de ani-
mais nas cavernas tinham a função de ajudar a
dar ao caçador um sentido de segurança e su- Questão 62 (2009.3)
perioridade sobre a presa. Cândido Portinari, nascido em 1903, em uma
(FISCHER, Ernst. A necessidade da arte. fazenda de café em Brodósqui, no interior do
Rio de Janeiro: Guanabara, p. 45 - adaptado) estado de São Paulo, é um dos ícones das artes
plásticas no Brasil e no mundo. Sua vasta e
Com base nas informações do texto, conclui-se variada obra é um dos valiosos patrimônios da
que a arte, nos seus primórdios, tinha a função cultura brasileira. A seguir, são apresentadas
de: pinturas desse grande artista.
Questão 61 (2009.3)
Desencaixotando Machado: a crônica está no
detalhe, no mínimo, no escondido, naquilo que
aos olhos comuns pode não significar nada,
mas, uma palavra daqui, “uma reminiscência
clássica” dali, e coloca-se de pé uma obra deli-
cada de observação absolutamente pessoal. O
borogodó está no que o cronista escolhe como
tema. Nada de engomar o verbo. É um rabo de
arraia na pompa literária. Um “falar à fresca”,
como o bruxo do Cosme Velho pedia. Muitas
vezes uma crônica brilha, gloriosa, mesmo que
o autor esteja declarando, como é comum, a
falta de qualquer assunto. Não vale o que está
escrito, mas como está escrito.
(SANTOS, Joaquim Ferreira dos (org.). As cem me-
lhores crônicas brasileiras. RJ: Objetiva, 05, p.17)
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C) revela seu apego à cultura rural, mediante Atualmente, os artistas apropriam-se de dese-
imagens impressionistas de tipos regionais re- nhos, charges e até ilustrações de livros para
manescentes em algumas áreas do Brasil. compor obras em que se misturam personagens
D) apresenta uma maneira própria de ver a arte, de diferentes épocas, como na seguinte ima-
à medida que usa traços, luzes, formas, textu- gem:
ras, com impressões de seu estado de espírito
no momento da criação.
E) apresenta figuras humanas em estilo tradici-
onalmente acadêmico, com técnica de óleo
sobre tela, uma influência europeia em sua arte.
Questão 63 (2009.3)
A poesia que floresceu nos anos 70 do século
XX é inquieta, anárquica, contestadora. A “poe-
sia marginal”, como ficou conhecida, não se filia
a nenhuma estética literária em particular, em-
bora seja possível ver nela traços de algumas
vanguardas que a precederam, como no poema
a seguir.
S.O.S
Chacal
(...) nós que não somos médicos psiquiatras
nem ao menos bons cristãos
nos dedicamos a salvar pessoas
que como nós
sofrem de um mal misterioso: o sufoco
Questão 64 (2010.1)
Na busca constante pela sua evolução, o ser
humano vem alternando a sua maneira de pen-
sar, de sentir e de criar. Nas últimas décadas do
século XVIII e no início do século XIX, os artis-
tas criaram obras em que predominam o equilí-
brio e a simetria de formas e cores, imprimindo
um estilo caracterizado pela imagem da respei-
tabilidade, da sobriedade, do concreto e do ci-
vismo. Esses artistas misturaram o passado ao
presente, retratando os personagens da nobre-
za e da burguesia, além de cenas míticas e
histórias cheias de vigor.
(RAZOUK, J. J. (Org.). Histórias reais e
belas nas telas. Posigraf: 2003)
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Questão 67 (2010.1)
Resta saber o que ficou nas línguas indígenas
(MONET,C. Mulher com sombrinha. 1875, 100x81cm) no Português do Brasil. Serafim da Silva Neto
afirma: "No Brasil não há, positivamente, in-
Em busca de maior naturalismo em suas obras fluência das línguas africanas ou ameríndias”.
e fundamentando-se em novo conceito estético, Todavia, é difícil de aceitar que um longo perío-
Monet, Degas, Renoir e outros artistas passa- do de bilinguismo de dois séculos não deixasse
ram a explorar novas formas de composição marcas no português do Brasil.
artística, que resultaram no estilo denominado
(ELIA, S. Fundamentos Histórico-Linguísticos do
Impressionismo. Observadores atentos da natu-
Português do Brasil. Rio de Janeiro: Lucerna, 03 adp)
reza, esses artistas passaram a:
No final do século XVIII, no norte do Egito, foi
A) retratar, em suas obras, as cores que ideali- descoberta a Pedra de Roseta, que continha um
zavam de acordo com o reflexo da luz solar nos texto escrito em egípcio antigo, uma versão
objetos. desse texto chamada “demótico”, e o mesmo
B) usar mais a cor preta, fazendo contornos texto escrito em grego. Até então, a antiga escri-
nítidos, que melhor definiam as imagens e as ta egípcia não estava decifrada. O inglês Tho-
cores do objeto representado. mas Young estudou o objeto e fez algumas
C) retratar paisagens em diferentes horas do descobertas como, por exemplo, a direção em
dia, recriando, em suas telas, as imagens por que a leitura deveria ser feita. Mais tarde, o
eles idealizadas. francês Jean-François Champollion voltou a
D) usar pinceladas rápidas de cores puras e estudá-la e conseguiu decifrar a antiga escrita
dissociadas diretamente na tela, sem misturá- egípcia a partir do grego, provando que, na ver-
las antes na paleta. dade, o grego era a língua original do texto e
E) usar as sombras em tons de cinza e preto e que o egípcio era uma tradução.
com efeitos esfumaçados, tal como eram reali-
zadas no Renascimento. Com base na leitura dos textos conclui-se, so-
bre as línguas, que:
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D) na admiração dos metais por parte de Ru- A substituição pura e simples do antigo pelo
bião, que metaforicamente representam a dura- novo ou do natural pelo técnico tem sido motivo
bilidade dos bens produzidos pelo trabalho. de preocupação de muita gente. O texto enca-
E) na resistência de Rubião aos criados estran- minha uma discussão em torno desse temor ao:
geiros, que reproduz o sentimento de xenofobia.
A) considerar as relações entre o conhecimento
teórico e o conhecimento empírico e acrescenta
Questão 74 (2010.1) que novos gêneros textuais surgiram com o
Após estudar na Europa, Anita Malfatti retornou progresso.
ao Brasil com uma mostra que abalou a cultura B) observar que a língua escrita não é uma
nacional do início do século XX. Elogiada por transcrição fiel da língua oral e explica que as
seus mestres na Europa, Anita se considerava palavras antigas devem ser utilizadas para pre-
pronta para mostrar seu trabalho no Brasil, mas servar a tradição.
enfrentou as duras críticas de Monteiro Lobato. C) perguntar sobre a razão das pessoas visita-
Com a intenção de criar uma arte que valorizas- rem museus, exposições, etc., e reafirma que os
se a cultura brasileira, Anita Malfatti e outros fotógrafos são os únicos responsáveis pela pro-
artistas modernistas: dução de obras de arte.
D) reconhecer que as pessoas temem que o
A) buscaram libertar a arte brasileira das nor- avanço dos meios de comunicação, inclusive
mas acadêmicas europeias, valorizando as co- on-line, substitua o homem e leve alguns profis-
res, a originalidade e os temas nacionais. sionais ao esquecimento.
B) defenderam a liberdade limitada de uso da E) revelar o receio das pessoas em experimen-
cor, até então utilizada de forma irrestrita, afe- tar novos meios de comunicação, com medo de
tando a criação artística nacional. sentirem retrógradas.
C) representaram a ideia de que a arte deveria
copiar fielmente a natureza, tendo como finali-
dade a prática educativa. Questão 76 (2010.1)
D) mantiveram de forma fiel a realidade nas
figuras retratadas, defendendo uma liberdade Texto I
artística ligada a tradição acadêmica. Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza
E) buscaram a liberdade na composição de toda íntima não vos seria revelado por mim se
suas figuras, respeitando limites de temas abor- não julgasse, e razões não tivesse para julgar,
dados. que este amor assim absoluto e assim exagera-
do é partilhado por todos vós. Nós somos ir-
mãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas
Questão 75 (2010.1) cidades, nas aldeias, nos povoados, não porque
É muito raro que um novo modo de comunica- soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a
ção ou de expressão suplante completamente polícia, mas porque nos une, nivela e agremia o
os anteriores. Fala-se menos desde que a escri- amor da rua. É este mesmo o sentimento im-
ta foi inventada? Claro que não. Contudo, a perturbável e indissolúvel, o único que, como a
função da palavra viva mudou, uma parte de própria vida, resiste às idades e às épocas.
suas missões nas culturas puramente orais
tendo sido preenchida pela escrita: transmissão (RIO, J. A rua. In: A alma encantadora das ruas. São
Paulo: Companhia das Letras, 2008 - fragmento)
dos conhecimentos e das narrativas, estabele-
cimento de contratos, realização dos principais
Texto II
atos rituais ou sociais etc. Novos estilos de co-
A rua dava-lhe uma força de fisionomia, mais
nhecimento (o conhecimento “teórico”, por
consciência dela. Como se sentia estar no seu
exemplo) e novos gêneros (o código de leis, o
reino, na região em que era rainha e imperatriz.
romance etc.) surgiram. A escrita não fez com
O olhar cobiçoso dos homens e o de inveja das
que a palavra desaparecesse, ela complexificou
mulheres acabavam o sentimento de sua per-
e reorganizou o sistema da comunicação e da
sonalidade, exaltavam-no até. Dirigiu-se para a
memória social.
rua do Catete com o seu passo miúdo e sólido.
A fotografia substituiu a pintura? Não ainda há [...] No caminho trocou cumprimento com as
pintores ativos. As pessoas continuam, mais do raparigas pobres de uma casa de cômodos da
que nunca, a visitar museus, exposições e gale- vizinhança. [...] E debaixo dos olhares maravi-
rias, compram as obras dos artistas para pendu- lhados das pobres raparigas, ela continuou o
rá-las em casa. Em contrapartida, é verdade seu caminho, arrepanhando a saia, satisfeita
que os pintores, os desenhistas, os gravadores, que nem uma duquesa atravessando os seus
os escultores não são mais – como foram até o domínios.
século XIX – os únicos produtores de imagens.
(BARRETO, L. Um e outro. In: Clara dos anjos.
(LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 99) Rio de Janeiro: Editora Mérito)
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Danças trazidas pelos africanos escravizados, (BUARQUE, C.; CARVALHO, H. B. Chico Buarque de
danças relativas aos mais diversos rituais, dan- Mangueira. Marola Edições Musicais Ltda. 1997)
ças trazidas pelos imigrantes etc. Algumas pre-
servam suas características e pouco se trans- Texto II
formaram com o passar do tempo, como o forró,
o maxixe, o xote, o frevo. Outras foram criadas Quando a escola de samba entra na Marquês
e são recriadas a cada instante: inúmeras in- de Sapucaí, a plateia delira, o coração dos
fluências são incorporadas, e as danças trans- componentes bate mais forte e o que vale é a
formam-se, multiplicam-se. Nos centros urba- emoção. Mas, para que esse verdadeiro espe-
nos, existem danças como o funk, o hip hop, as táculo entre em cena, por trás da cortina de
danças de rua e de salão. fumaça dos fogos de artifício, existe um verda-
deiro batalhão de alegria: são costureiras, ade-
É preciso deixar claro que não há jeito certo ou recistas, diretores de ala e de harmonia, pesqui-
errado de dançar. Todos podem dançar, inde- sador de enredo e uma infinidade de profissio-
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nais que garantem que tudo esteja perfeito na A) medo que as pessoas tinham de serem cas-
hora do desfile. tigadas por falarem a sua língua.
B) número reduzido de índios que continuam
(AMORIM, M.; MACEDO, G. O espetáculo dos basti- falando entre si nas suas reservas.
dores. Revista de Carnaval 2010:Mangueira. Rio de C) contato com falantes de outras línguas e a
Janeiro: Estação Primeira de Mangueira, 2010) imposição de um outro idioma.
D) descaso dos governantes em preservar esse
Ambos os textos exaltam o brilho, a beleza, a patrimônio cultural brasileiro.
tradição e o compromisso dos dirigentes e de E) desaparecimento das reservas indígenas em
todos os componentes com a escola de samba decorrência da influência do branco.
Estação Primeira de Mangueira. Uma das dife-
renças que se estabelece entre os textos é que:
Questão 87 (2010.2)
A) o Texto I sugere a riqueza material da Man-
O “politicamente correto” tem seus exageros,
gueira, enquanto o Texto II destaca o trabalho
como chamar baixinho de “verticalmente preju-
na escola de samba.
dicado”, mas, no fundo, vem de uma louvável
B) a linguagem poética, no Texto I, valoriza
preocupação em não ofender os diferentes. É
imagens metafóricas e a própria escola, en-
muito mais gentil chamar estrabismo de “idios-
quanto a linguagem, no Texto II, cumpre a fun-
sincrasia ótica” do que de vesguice. O linguajar
ção de informar e envolver o leitor.
brasileiro está cheio de expressões racistas e
C) a letra de música privilegia a função social de
preconceituosas que precisam de uma corre-
comunicar a seu público a crítica em relação ao
ção, e até as várias denominações para bêbado
samba e aos sambistas.
(pinguço, bebo, pé-de-cana) poderiam ser subs-
D) ao associar esmeraldas e rosas às cores da
tituídas por algo como “contumaz etílico”, para
escola, o Texto I acende a rivalidade entre esco-
lhe poupar os sentimentos.
las de samba, enquanto o Texto II é neutro.
E) o artigo jornalístico cumpre a função de O tratamento verbal dado aos negros é o melhor
transmitir emoções e sensações, mais do que a exemplo da condescendência que passa por
letra de música. tolerância racial no Brasil. Termos como “criou-
lo”, “negão” etc. são até considerados carinho-
sos, do tipo de carinho que se dá a inferiores, e,
Questão 86 (2010.2) felizmente, cada vez menos ouvidos. “Negro”
também não é mais correto. Foi substituído por
Riqueza ameaçada afrodescendente, por influência dos afro-
americans, num caso de colonialismo cultural
Boa parte dos 180 idiomas sobreviventes está
positivo. Está certo. Enquanto o racismo que
ameaçada de extinção - mais metade (110) é
não quer dizer seu nome continua no Brasil,
falada por menos de 500 pessoas. No passado,
uma integração real pode começar pela lingua-
era comum pessoas serem amarradas em árvo-
gem.
res quando se expressavam em suas línguas,
lembra o cacique Felisberto Kokama, um anal- (VERÍSSIMO, L. F. Peixe na cama.
fabeto para os nossos padrões e um guardião Diário de Pernambuco. 10 jun. 2006)
da pureza de seu idioma (caracterizado por uma
diferença marcante entre a fala masculina e a Ao comparar a linguagem cotidiana utilizada no
feminina), lá no Amazonas, no Alto Solimões. Brasil e as exigências do comportamento “politi-
Outro Kokama, o professor Leonel, da região de camente correto”, o autor tem a intenção de:
Santo Antônio do Içá (AM), mostra o problema
atual: “Nosso povo se rendeu às pessoas bran- A) criticar o racismo declarado do brasileiro, que
cas pela dificuldade de sobrevivência. O contato convive com a discriminação camuflada em
com a língua portuguesa foi exterminando e certas expressões linguísticas.
dificultando a prática da nossa língua. Há pou- B) questionar a condenação de certas expres-
cos falantes, e com vergonha de falar. A língua sões consideradas “politicamente incorretas”, o
é muito preconceituada entre nós mesmos”. que impede os falantes de usarem a linguagem
espontaneamente.
(Revista Língua Portuguesa. C) mostrar que os problemas de intolerância
São Paulo: Segmento, nº 26, 2007) racial, no Brasil, já estão superados, o que se
evidencia na linguagem cotidiana.
O desaparecimento gradual ou abrupto de par- D) defender o uso de termos que revelam a
tes importantes do patrimônio linguístico e cultu- despreocupação do brasileiro quanto ao pre-
ral do país possui causas variadas. Segundo o conceito racial, que inexiste no Brasil.
professor Leonel, da região de Santo Antônio do E) sugerir que o país adote, além de uma postu-
Içá (AM), os idiomas indígenas sobreviventes ra linguística “politicamente correta”, uma políti-
estão ameaçados de extinção devido ao: ca de convivência sem preconceito racial.
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Questão 91 (2011.1)
TEXTO I
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Na passagem citada, Riobaldo expõe uma situ- C) valorizar a fala popular brasileira como patri-
ação decorrente de uma desigualdade social mônio linguístico e forma legítima de identidade
típica das áreas rurais brasileiras marcadas pela nacional.
concentração de terras e pela relação de de- D) mudar os valores sociais vigentes à época,
pendência entre agregados e fazendeiros. No com o advento do novo e quente ritmo da músi-
texto, destaca-se essa relação porque o perso- ca popular brasileira.
nagem-narrador: E) ironizar a malandragem carioca, aculturada
pela invasão de valores étnicos de sociedades
A) relata a seu interlocutor a história de Zé-Zim,
mais desenvolvidas.
demonstrando sua pouca disposição em ajudar
seus agregados, uma vez que superou essa
condição graças à sua força de trabalho. Questão 95 (2011.1)
B) descreve o processo de transformação de A dança é um importante componente cultural
um meeiro — espécie de agregado — em pro- da humanidade. O folclore brasileiro é rico em
prietário de terra. danças que representam as tradições e a cultu-
C) denuncia a falta de compromisso e a deso- ra de várias regiões do país. Estão ligadas aos
cupação dos moradores, que pouco se envol- aspectos religiosos, festas, lendas, fatos históri-
vem no trabalho da terra. cos, acontecimentos do cotidiano e brincadeiras
D) mostra como a condição material da vida do e caracterizam-se pelas músicas animadas
sertanejo é dificultada pela sua dupla condição (com letras simples e populares), figurinos e
de homem livre e, ao mesmo tempo, dependen- cenários representativos.
te.
(SECRETARIA DA EDUCAÇÃO.
E) mantém o distanciamento narrativo condizen-
Proposta Curricular do Estado de São Paulo:
te com sua posição social, de proprietário de Educação Física. São Paulo: 2009)
terras.
A dança, como manifestação e representação
da cultural rítmica, envolve a expressão corporal
Questão 94 (2011.1) própria de um povo. Considerando-a como ele-
mento folclórico, a dança revela:
Não tem tradução
[...] A) manifestações afetivas, históricas, ideológi-
Lá no morro, se eu fizer uma falseta cas, intelectuais e espirituais de um povo, refle-
A Risoleta desiste logo do francês e do inglês tindo seu modo de expressar-se no mundo.
A gíria que o nosso morro criou B) aspectos eminentemente afetivos, espirituais
Bem cedo a cidade aceitou e usou e de entretenimento de um povo, desconside-
[...] rando fatos históricos.
Essa gente hoje em dia que tem mania de exibição
Não entende que o samba não tem tradução no idio-
C) acontecimentos do cotidiano, sob influência
ma francês mitológica e religiosa de cada religião, sobre-
Tudo aquilo que o malandro pronuncia pondo aspectos políticos.
Com voz macia é brasileiro, já passou de português D) tradições culturais de cada região, cujas ma-
Amor lá no morro é amor pra chuchu nifestações rítmicas são classificadas em um
As rimas do samba não são I love you ranking das mais originais.
E esse negócio de alô, alô boy e alô Johnny E) lendas, que se sustentam em inverdades
Só pode ser conversa de telefone históricas, uma vez que são inventadas, e ser-
(ROSA, N. In: SOBRAL, João J. V. A tradução dos vem apenas para a vivência lúdica de um povo.
bambas. Revista Língua Portuguesa.
Ano 4, nº 54. São Paulo: Segmento, abr. 2010)
Questão 96 (2011.1)
As canções de Noel Rosa, compositor brasileiro
de Vila Isabel, apesar de revelarem uma aguça-
da preocupação do artista com seu tempo e
com as mudanças político-culturais no Brasil, no
início dos anos 1920, ainda são modernas.
Nesse fragmento do samba Não tem tradução,
por meio do recurso da metalinguagem, o poeta
propõe:
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Questão 97 (2011.1)
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A) contribuição dos índios na escolarização dos D) procura explicar a própria linguagem que
brasileiros. utiliza para construir a canção.
B) diferença entre as línguas dos colonizadores E) objetiva verificar ou fortalecer a eficiência da
e as dos indígenas. mensagem veiculada.
C) importância do Padre Antônio Vieira para a
literatura de língua portuguesa.
D) origem das diferenças entre a língua portu- Questão 106 (2011.1)
guesa e as línguas tupi. Motivadas ou não historicamente, normas pres-
E) interação pacífica no uso da língua portugue- tigiadas ou estigmatizadas pela comunidade
sa e da língua tupi. sobrepõem-se ao longo do território, seja numa
relação de oposição, seja de complementarida-
de, sem, contudo, anular a interseção de usos
que configuram uma norma nacional distinta da
Questão 105 (2011.1) do português europeu. Ao focalizar essa ao
longo do território, seja numa relação de oposi-
Pequeno concerto que virou canção ção, seja de complementaridade, sem, contudo,
anular a interseção de usos que configuram
Não, não há por que mentir ou esconder uma norma nacional distinta da do português
A dor que foi maior do que é capaz meu cora- europeu. Ao focalizar essa a pensar na bifurca-
ção ção das variantes continentais, ora em conse-
Não, nem há por que seguir cantando só para quência de mudanças ocorridas no Brasil, ora
explicar em Portugal, ora, ainda, em ambos os territó-
Não vai nunca entender de amor quem nunca rios.
soube amar
(CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VI-
Ah, eu vou voltar pra mim EIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs). Ensino de gramá-
Seguir sozinho assim tica: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2007)
Até me consumir ou consumir toda essa dor
Até sentir de novo o coração capaz de amor O português do Brasil não é uma língua unifor-
me. A variação linguística é um fenômeno natu-
(VANDRÉ, G.)
ral, ao qual todas as línguas estão sujeitas. Ao
considerar as variedades linguísticas, o texto
Na canção de Geraldo Vandré, tem-se a mani-
mostra que as normas podem ser aprovadas ou
festação da função poética da linguagem, que é
condenadas socialmente, chamando a atenção
percebida na elaboração artística e criativa da
do leitor para:
mensagem, por meio de combinações sonoras
e rítmicas. A) desconsideração da existência das normas
populares pelos falantes da norma culta.
Pela análise do texto, entretanto, percebe-se, B) difusão do português de Portugal em todas
também, a presença marcante da função emoti- as regiões do Brasil só a partir do século XVIII.
va ou expressiva, por meio da qual o emissor: C) existência de usos da língua que caracteri-
zam uma norma nacional do Brasil, distinta da
A) imprime à canção as marcas de sua atitude de Portugal.
pessoal, seus sentimentos. D) inexistência de normas cultas locais e popu-
B) transmite informações objetivas sobre o tema lares ou vernáculas em um determinado país.
de que trata a canção. E) necessidade de se rejeitar a ideia de que os
C) busca persuadir o receptor da canção a ado- usos frequentes de uma língua devem ser acei-
tar um certo comportamento. tos.
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Cada região do país, por meio de suas danças populares, expressa sua cultura, que envolve aspectos
sociais, econômicos, históricos, entre outros. As danças provocam a associação entre música e ritmo e o
desenvolvimento de maior sensibilidade dos órgãos sensoriais. A ampliação da intensidade da audição
aumenta a concentração, possibilitando o processo de transformação do ritmo musical em movimento
espontâneo. Como exemplo de danças, tem-se o carimbó, na região Norte, e as danças gaúchas, na
região Sul.
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Nesse fragmento, parte de um auto de Natal, o Revolução Industrial e ao pós I Guerra Mundial
poeta retrata uma situação marcada pela: e explora:
A) miséria, à qual muitos nordestinos estão ex- A) a forma robótica dada aos operários, privile-
postos, simbolizada na figura de Severino. giando os aspectos triangulares.
B) opressão socioeconômica a que todo ser B) a força da máquina na vida do trabalhador
humano se encontra submetido. pelo jogo de formas, luz/sombra.
C) descrição sentimentalista de Severino, que C) as formas retilíneas e mecanizadas, sem
divaga sobre questões existenciais. valorização da questão espacial.
D) presença da morte, que universaliza os so- D) os recursos oriundos de um mesmo plano
frimentos dos nordestinos. visual para dar sentido a sua proposta.
E) figura do homem agreste, que encara terna- E) as formas delicadas e sutis, para humanizar
mente sua condição de pobreza. o operário da indústria têxtil.
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baio. As manchas dos juazeiros tornaram a Um dos traços fundamentais da vasta obra lite-
aparecer, Fabiano aligeirou o passo, esqueceu rária de Machado de Assis reside na preocupa-
a fome, a canseira e os ferimentos. Deixaram a ção com a expressão e com a técnica de com-
margem do rio, acompanharam a cerca, subi- posição. Em O nascimento da crônica, Machado
ram uma ladeira, chegaram aos juazeiros. Fazia permite ao leitor entrever um escritor ciente das
tempo que não viam sombra. características da crônica, como:
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A) a separação entre pessoas que desfrutavam religião, as influências também foram numero-
bens e outras que não tinham acesso aos bens sas e permanecem. Os estudos africanos no
de consumo. país remontam ao começo do século XX, mas
B) o isolamento de um número enorme de ín- há, ainda, muito para ser descoberto e compre-
dios durante todo o período da colonização. endido dessas tantas trocas culturais.
C) a supremacia dos colonizadores portugue-
ses, que muito se empenharam para conquistar TEXTO II
os indígenas.
D) a constituição do patrimônio linguístico, uma
vez que representa a identidade nacional do
povo brasileiro.
E) a aceitação da escravidão, em que seres
humanos foram reduzidos à condição de objeto
por seus senhores.
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bicos, pelo que carecia muita cautela e caldo de é uma solenidade de amor. E pode ser instru-
galinha. O melhor era pôr as barbas de molho mento de rir. De outra feita, no meio da pelada
diante de um treteiro de topete, depois de fintar um menino gritou: Disilimina esse, Cabeludinho.
e engambelar os coiós, e antes que se pusesse Eu não disiliminei ninguém. Mas aquele verbo
tudo em pratos limpos, ele abria o arco. novo trouxe um perfume de poesia à nossa
quadra. Aprendi nessas férias a brincar de pala-
(ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. vras mais do que trabalhar com elas. Comecei a
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983 - fragmento) não gostar de palavra engavetada. Aquela que
não pode mudar de lugar. Aprendi a gostar mais
TEXTO II das palavras pelo que elas entoam do que pelo
Palavras do arco da velha que elas informam. Por depois ouvi um vaqueiro
a cantar com saudade: Ai morena, não me es-
creve / que eu não sei aler. Aquele a preposto
ao verbo ler, ao meu ouvir, ampliava a solidão
do vaqueiro.
(BARROS, M. Memórias inventadas: a infância.
São Paulo: Planeta, 2003)
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E assina com o singelo pseudônimo de Mineira, a obra, no entanto, elabora uma refle-
“Mariposa Apaixonada de Guadalupe” xão mais ampla sobre a seguinte relação entre
Ela nos conta que no dia que seria o homem e a linguagem:
o dia mais feliz de sua vida
Arlindo Orlando, seu noivo A) A força e a resistência humanas superam os
Um caminhoneiro conhecido da pequena e danos provocados pelo poder corrosivo das
Pacata cidade de Miracema do Norte palavras.
Fugiu, desapareceu, escafedeu-se B) As relações humanas, em suas múltiplas
Oh! Arlindo Orlando volte esferas, têm seu equilíbrio vinculado ao signifi-
Onde quer que você se encontre cado das palavras.
Volte para o seio de sua amada C) O significado dos nomes não expressa de
Ela espera ver aquele caminhão voltando forma justa e completa a grandeza da luta do
De faróis baixos e para-choque duro... homem pela vida.
(BLITZ) D) Renovando o significado das palavras, o
tempo permite às gerações perpetuar seus valo-
Em relação ao Texto I, que analisa a linguagem res e suas crenças.
do rádio, o Texto II apresenta, em uma letra de E) Como produto da criatividade humana, a
canção, linguagem tem seu alcance limitado pelas inten-
ções e gestos.
A) estilo simples e marcado pela interlocução
com o receptor, típico da comunicação radiofô-
nica. Questão 130 (2012.1)
B) lirismo na abordagem do problema, o que o Pote Cru é meu pastor. Ele me guiará.
afasta de uma possível situação real de comu- Ele está comprometido de monge.
nicação radiofônica. De tarde deambula no azedal entre torsos de
C) marcação rítmica dos versos, o que eviden- cachorro, trampas, trapos, panos de regra, cou-
cia o fato de o texto pertencer a uma modalida- ros, de rato ao podre, vísceras de piranhas,
de de comunicação diferente da radiofônica. baratas albinas, dálias secas, vergalhos de la-
D) direcionamento do texto a um ouvinte especí- gartos, linguetas de sapatos, aranhas dependu-
fico, divergindo da finalidade de comunicação radas em gotas de orvalho etc. etc.
do rádio, que é atingir as massas. Pote Cru, ele dormia nas ruínas de um convento
E) objetividade na linguagem caracterizada pela Foi encontrado em osso.
ocorrência rara de adjetivos, de modo a diminuir Ele tinha uma voz de oratórios perdidos.
as marcas de subjetividade do locutor.
(BARROS, M. Retrato do artista quando coisa.
Rio de Janeiro: Record, 2002)
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Das irmãs
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D) o referente é o elemento que se sobressai na minha alma doente como um longo som re-
em detrimento dos demais. dondo...
E) o enunciador tem como objetivo principal a Cantabona! Cantabona!
manutenção da comunicação. Dlorom...
Sou um tupi tangendo um alaúde!
(ANDRADE, M. In: MANFIO, D. Z. (Org.)
Questão 140 (2012.1) Poesias completas de Mário de Andrade.
Belo Horizonte: Itatiaia, 2005)
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(CHAGALL, M. Eu e a aldeia. Nova York, 1911) A descoberta faz com que a Enceladus torne-se
conhecida, a partir de agora, como a única lua
A arte, em suas diversas manifestações, des- do Sistema Solar capaz de influenciar a compo-
perta sentimentos que atravessam fronteiras sição química do planeta que orbita.
culturais. Relacionando a temática do texto com
a imagem, percebe-se a ligação entre a: O volume despejado a cada segundo não é
pouco. A Enceladus chega a expelir aproxima-
A) alegria e a satisfação na produção das obras damente 250 kg de vapores de água que se
modernistas. formam na região polar sul. Desse total, uma
B) lembrança e o rancor relacionados ao seu parte é perdida no espaço e entre 3% a 5%
ofício original. deslocam-se até Saturno.
C) saudade e o refúgio encontrados pelo ho-
mem na natureza. O fenômeno, de certo modo, pôde ser compre-
D) memória e a lembrança passadas no íntimo endido graças ao avanço da tecnologia. Os
do enunciador. astrônomos não conseguiram detectá-lo até o
E) exaustão e o medo impostos ao corpo de momento por causa da transparência dos vapo-
todo artista. res. Coube às ondas infravermelhas do Hers-
chel esse encargo e achado.
Questão 146 (2012.2)
Agora eu era herói A primeira vez que um telescópio da ESA
E o meu cavalo só falava inglês. (Agência Espacial Europeia) detectou água na
A noiva do cowboy atmosfera superior de Saturno foi em 1997.
Era você, além das outras três.
Eu enfrentava os batalhões, Um texto é construído pela articulação dos vá-
Os alemães e seus canhões. rios elementos que o compõem. Tal articulação
Guardava o meu bodoque pode se dar por meio de palavras ou de expres-
E ensaiava o rock para as matinês. sões que remetem a outras ou, ainda, a seg-
mentos maiores já apresentados ou a serem
(CHICO BUARQUE. João e Maria, 1977) ainda apresentados no decorrer do texto.
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A análise do modo como esse texto foi construí- A) deixam transparecer a preferência de ambos
do revela que a expressão: os artistas pelo futebol enquanto esporte.
B) permitem refletir sobre como as artes visuais
A) “A descoberta” retoma “um problema que
se apropriaram do futebol como uma tradição
ficou sem solução durante 14 anos.”, segmento
nacional.
que aparece na primeira frase do texto.
C) fazem uma reflexão crítica sobre o futebol e
B) “um problema” remete o leitor para “A origem
a violência como temas circulantes na socieda-
dos vapores de água na atmosfera superior de
de.
Saturno”, segmento que se encontra na frase
D) banalizam o esporte ao misturar o futebol e a
seguinte.
pintura em um mesmo campo.
C) “O fenômeno” remete o leitor para “transpa-
E) destacam a importância do esporte como
rência dos vapores”, segmento que é apresen-
atividade física de lazer para a sociedade.
tado na frase seguinte.
D) “esse encargo e achado” retoma “avanço da
tecnologia”, segmento presente na porção ante-
rior do texto. Questão 149 (2012.2)
E) “O volume despejado” retoma “a composição
química do planeta que orbita.”, segmento apre- Cegueira
sentado na frase imediatamente anterior.
Afastou-me da escola, atrasou-me, enquanto os
filhos de seu José Galvão se internavam em
Questão 148 (2012.2) grandes volumes coloridos, a doença de olhos
As imagens representam, respectivamente, as que me perseguia na meninice. Torturava-me
obras Futebol, do artista plástico Nelson Leirner; semanas e semanas, eu vivia na treva, o rosto
e Superhomens, de Rubens Gerchman. São oculto num pano escuro, tropeçando nos mó-
obras representativas de um movimento deno- veis, guiando-me às apalpadelas, ao longo das
minado Pop Art, que ecoou no Brasil na década paredes. As pálpebras inflamadas colavam-se.
de 1960, no qual artistas se apropriaram de Para descerrá-las, eu ficava tempo sem fim
imagens da vida diária e da cultura de massa, mergulhando a cara na bacia de água, lavando-
tornando-as objetos de arte. me vagarosamente, pois o contato dos dedos
era doloroso em excesso. Finda a operação
O futebol na Pop Arte brasileira extensa, o espelho da sala de visitas mostrava-
me dois bugalhos sangrentos, que se molhavam
depressa e queriam esconder-se. Os objetos
surgiam empastados e brumosos. Voltava a
abrigar-me sob o pano escuro, mas isto não
atenuava o padecimento. Qualquer luz me des-
lumbrava, feria-me como pontas de agulha [...].
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Orides Fontela intitula seu poema CDA, sigla de Questão 157 (2012.2)
Carlos Drummond de Andrade, e entre parênte- Todo bom escritor tem o seu instante de graça,
ses indica “imitado” porque, como nos versos de possui a sua obra-prima, aquela que congrega
Drummond, numa estrutura perfeita os seus dons mais pes-
soais. Para Dias Gomes essa hora de inspira-
A) adota tom melancólico para evidenciar a ção veio-lhe no dia que escreveu O pagador de
desesperança com a vida. promessas. Em torno de Zé-do-Burro — herói
B) apresenta o receio de colocar os dramas ideal, por unir o máximo de caráter ao mínimo
pessoais no mundo vasto. de inteligência, naquela zona fronteiriça entre o
C) invoca a tristeza da vida para potencializar a idiota e o santo — o enredo espalha a malícia e
ineficácia da rima. a maldade de uma capital como Salvador, mitifi-
D) expõe o egocentrismo de sentir o coração cada pela música popular e pela literatura, na
maior que o mundo. qual o explorador de mulheres se chama inevi-
E) aponta a insuficiência da poesia para soluci- tavelmente Bonitão, o poeta popular, Dedé
onar os problemas da vida. Cospe-Rima, e o mestre de capoeira, Manuelzi-
nho Sua Mãe. O colorido do quadro contrasta
fortemente com a simplicidade da ação, que
Questão 156 (2012.2) caminha numa linha reta da chegada de Zé-do-
Burro à sua entrada trágica e triunfal na igreja
A rua — não sob a cruz, conforme prometera, mas
sobre ela, carregado pelos capoeiras, “como um
Bem sei que, muitas vezes, crucifixado”.
O único remédio
É adiar tudo. É adiar a sede, a fome, a viagem, (PRADO, D. A. O teatro brasileiro moderno. São
A dívida, o divertimento, Paulo: Perspectiva, 2008 - fragmento)
O pedido de emprego, ou a própria alegria. A avaliação crítica de Décio de Almeida Prado
A esperança é também uma forma destaca as qualidades de O pagador de pro-
De contínuo adiamento. messas. Com base nas ideias defendidas por
Sei que é preciso prestigiar a esperança, ele, uma boa obra teatral deve:
Numa sala de espera.
Mas sei também que espera significa luta e não, A) valorizar a cultura local como base da estru-
apenas, tura estética.
Esperança sentada. B) dialogar a tradição local com elementos uni-
Não abdicação diante da vida. versais.
C) reproduzir abordagens trágicas e pessimis-
A esperança tas.
Nunca é a forma burguesa, sentada e tranquila D) romper com a estrutura clássica da encena-
da espera. ção.
Nunca é figura de mulher E) ressaltar o lugar do oprimido por uma forma
Do quadro antigo. religiosa.
Sentada, dando milho aos pombos.
(RICARDO, C.) Questão 158 (2013.1)
O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária,
O poema de Cassiano Ricardo insere-se no exercida dentro de certos e determinados limites
Modernismo brasileiro. O autor metaforiza a de tempo e de espaço, segundo regras livre-
crença do sujeito lírico numa relação entre o mente consentidas, mas absolutamente obriga-
homem e seu tempo marcada por tórias, dotado de um fim em si mesmo, acom-
panhado de um sentimento de tensão e de ale-
A) uma atitude de perseverança e coragem no gria e de uma consciência de ser diferente da
contexto de estagnação histórica e social. “vida quotidiana”.
B) uma posição em que louva a esperança pas- (HUIZINGA, J. Homo ludens: o jogo como elemento
siva para que ocorram mudanças sociais. da cultura. São Paulo: Perspectiva, 2004)
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Segundo o texto, o jogo comporta a possibilida- Levanta aí que você tem muito protesto pra
de de fruição. Do ponto de vista das práticas fazer
corporais, essa fruição se estabelece por meio E muita greve, você pode, você deve, pode crer
do(a): Não adianta olhar pro chão
Virar a cara pra não ver
A) fixação de táticas, que define a padronização
Se liga aí que te botaram numa cruz e só por-
para maior alcance popular.
que Jesus
B) competitividade, que impulsiona o interesse
Sofreu não quer dizer que você tenha que so-
pelo sucesso.
frer!
C) refinamento técnico, que gera resultados (GABRIEL, O PENSADOR)
satisfatórios.
D) caráter lúdico, que permite experiências inu- As escolhas linguísticas feitas pelo autor confe-
sitadas. rem ao texto:
E) uso tecnológico, que amplia as opções de A) caráter atual, pelo uso de linguagem própria
lazer. da internet.
B) cunho apelativo, pela predominância de ima-
Questão 159 (2013.1) gens metafóricas.
C) tom de diálogo, pela recorrência de gírias.
Olá! Negro D) espontaneidade, pelo uso da linguagem co-
Os netos de teus mulatos e de teus cafuzos loquial.
e a quarta e a quinta gerações de teu sangue E) originalidade, pela concisão da linguagem.
sofredor
tentarão apagar a tua cor!
E as gerações dessas gerações quando apaga- Questão 161 (2013.1)
rem
a tua tatuagem execranda, Manta que costura causos e histórias no seio
não apagarão de suas almas, a tua alma, negro! de uma família serve de metáfora da memória
Pai-João, Mãe-negra, Fulô, Zumbi, em obra escrita por autora portuguesa
negro-fujão, negro cativo, negro rebelde
negro cabinda, negro congo, negro íoruba, O que poderia valer mais do que a manta para
negro que foste para o algodão de USA aquela família? Quadros de pintores famosos?
para os canaviais do Brasil, Joias de rainha? Palácios? Uma manta feita de
para o tronco, para o colar de ferro, para a can- centenas de retalhos de roupas velhas aquecia
ga os pés das crianças e a memória da avó, que a
de todos os senhores do mundo; cada quadrado apontado por seus netos resga-
eu melhor compreenda agora os teus blues tava de suas lembranças uma história. Histórias
nesta hora triste da raça branca, negro! fantasiosas como a do vestido com um bolso
Olá, Negro! Olá. Negro! que abrigava um gnomo comedor de biscoitos;
A raça que te enforca, enforca-se de tédio, ne- histórias de traquinagem como a do calção
gro! transformado em farrapos no dia em que o me-
(LIMA. J, Obras completas: nino, que gostava de andar de bicicleta de olhos
Rio de Janeiro, Aguilar, 1958) fechados, quebrou o braço; histórias de sauda-
des, como o avental que carregou uma carta por
O conflito de gerações e de grupos étnicos re- mais de um mês ... Muitas histórias formavam
produz, na visão do eu lírico, um contexto social aquela manta. Os protagonistas eram pessoas
assinalado por: da família, um tio, uma tia, o avô, a bisavó, ela
A) modernização dos modos de produção e mesma, os antigos donos das roupas. Um dia, a
consequente enriquecimento dos brancos. avó morreu, e as tias passaram a disputar a
B) preservação da memória ancestral e resis- manta, todas a queriam, mais do que aos qua-
tência negra à apatia cultural dos brancos. dros, joias e palácios deixados por ela. Feliz-
C) superação dos costumes antigos por meio da mente, as tias conseguiram chegar a um acor-
incorporação de valores dos colonizados. do, e a manta passou a ficar cada mês na casa
D) nivelamento social de descendentes de es- de uma delas. E os retalhos, à medida que iam
cravos e de senhores pela condição de pobreza. se acabando, eram substituídos por outros reta-
E) antagonismo entre grupos de trabalhadores e lhos, e novas e antigas histórias foram sendo
lacunas de hereditariedade. incorporadas à manta mais valiosa do mundo.
(LASEVICIUS, A. Língua Portuguesa,
Questão 160 (2013.1) São Paulo, n. 76, 2012)
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mais valiosa do mundo”. Essa valorização evi- ções: “Tour”, “En avant”, “Chez des dames”,
dencia-se pela: “Chez des cheveliê”, “Cestinha de flor”, “Balan-
cê”, “Caminho da roça”, “Olha a chuva”, “Gar-
A) oposição entre os objetos de valor, como ranchê”, “Passeio”, “Coroa de flores”, “Coroa de
joias, palácios e quadros, e a velha manta. espinhos” etc.
B) descrição detalhada dos aspectos físicos da
No Rio de Janeiro, em contexto urbano, apre-
manta, como cor e tamanho dos retalhos.
senta transformações: surgem novas figura-
C) valorização da manta como objeto de heran-
ções, o francês aportuguesado inexiste, o uso
ça familiar disputado por todos.
de gravações substitui a música ao vivo, além
D) comparação entre a manta que protege do
do aspecto de competição, que sustenta os
frio e a manta que aquecia os pés das crianças.
festivais de quadrilha, promovidos por órgãos de
E) correlação entre os retalhos da manta e as
turismo.
muitas histórias de tradição oral que os forma-
vam. (CASCUDO. L.C. Dicionário do folclore brasileiro.
Rio de Janeiro: Melhoramentos. 1976)
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se gênero está representado pela obra cujo O capítulo apresenta o instante em que Brás
trecho da letra é: Cubas revive a sensação do beijo trocado com
A) A estrela d’alva / No céu desponta / E a lua Virgília, casada com Lobo Neves. Nesse contex-
anda tonta/ Com tamanho esplendor. (As pasto- to, a metáfora do relógio desconstrói certos
rinhas, Noel Rosa e João de Barro) paradigmas românticos, porque:
B) Hoje / Eu quero a rosa mais linda que houver
/ Quero a primeira estrela que vier / Para enfei- A) o narrador e Virgília não têm percepção do
tar a noite do meu bem. (A noite do meu bem, tempo em seus encontros adúlteros.
Dolores Duran) B) como “defunto autor”, Brás Cubas reconhece
C) No rancho fundo / Bem pra lá do fim do mun- a inutilidade de tentar acompanhar o fluxo do
do / Onde a dor e a saudade / Contam coisas da tempo.
cidade. (No rancho fundo, Ary Barroso e Lamar- C) na contagem das horas, o narrador metafori-
tine Babo) za o desejo de triunfar e acumular riquezas.
D) Baby Baby / Não adianta chamar / Quando D) o relógio representa a materialização do
alguém está tempo e redireciona o comportamento idealista
perdido / Procurando se encontrar. (Ovelha de Brás Cubas.
negra, Rita Lee) E) o narrador compara a duração do sabor do
E) Pois há menos peixinhos a nadar no mar / Do beijo à perpetuidade do relógio.
que os beijinhos que eu darei / Na sua boca.
(Chega de saudade, Tom Jobim e Vinicius de
Moraes) Questão 169 (2013.1)
Tudo no mundo começou com um sim. Uma
molécula disse sim a outra molécula e nasceu a
Questão 168 (2013.1) vida. Mas antes da pré-história havia a pré-
Capítulo LIV - A pêndula história da pré-história e havia o nunca e havia o
sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que
Saí dali a saborear o beijo. Não pude dormir; o universo jamais começou.
estirei-me na cama, é certo, mas foi o mesmo [...]
que nada. Ouvi as horas todas da noite. Usual-
mente, quando eu perdia o sono, o bater da Enquanto eu tiver perguntas e não houver res-
pêndula fazia-me muito mal; esse tic-tac sotur- posta continuarei a escrever. Como começar
no, vagaroso e seco, parecia dizer a cada golpe pelo início, se as coisas acontecem antes de
que eu ia ter um instante menos de vida. Imagi- acontecer? Se antes da pré-pré- história já ha-
nava então um velho diabo, sentado entre dous via os monstros apocalípticos? Se esta história
sacos, o da vida e o da morte, a tirar as moedas não existe, passará a existir. Pensar é um ato.
da vida para dá-las à morte, e a contá-las as- Sentir é um fato. Os dois juntos – sou eu que
sim: escrevo o que estou escrevendo. [...] Felicida-
de? Nunca vi palavra mais doida, inventada
-- Outra de menos... pelas nordestinas que andam por aí aos mon-
-- Outra de menos... tes.
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(NEITZEL. L.C.)
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A) direcionamentos possíveis para uma leitura descartam as pessoas sem avisar. E, para cada
crítica de dados histórico-culturais. site que você pode acessar, há 400 outros invi-
B) forma clássica da construção poética brasilei- síveis, Prepare-se para conhecer o lado oculto
ra. da internet.
C) rejeição à ideia do Brasil como o país do
futebol.
D) intervenções de um leitor estrangeiro no
exercício de leitura poética
E) lembretes de palavras tipicamente brasileiras
substitutivas das originais.
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B) Relacionar os sons do mar ao lamento dos surgindo indivíduos que, na área da visualidade,
derrotados nas batalhas do Atlântico. gerarão uma obra de feição original, autoral,
C) Atribuir as derrotas portuguesas nas batalhas única. O indivíduo-sujeito recorre à memória
às fortes correntes marítimas. para a construção de uma biografia, a fim de
D) Reconhecer as dificuldades técnicas vividas criar seu projeto artístico, a sua identidade soci-
pelos navegadores portugueses. al.
E) Potencializar a importância dos feitos lusita- (FROTA, L. C. Pequeno dicionário da arte do povo
nos durante as grandes navegações. brasileiro (século XX). RJ: Aeroplano, 2005)
TEXTO II
Questão 182 (2013.2)
Grupo escolar
Sonhei com um general de ombros largos
que fedia e que no sonho me apontava a poesia
enquanto um pássaro pensava suas penas
e já sem resistência resistia.
O general acordou e eu que sonhava
face a face deslizei à dura via
vi seus olhos que tremiam, ombros largos,
vi seu queixo modelado a esquadria
vi que o tempo galopando evaporava
(deu para ver qual a sua dinastia) A partir dos textos apresentados, os trabalhos
mas em tempo fixei no firmamento que são pertinentes à criação popular caracteri-
esta imagem que rebenta em ponta fria: zam-se por:
poesia, esta química perversa,
este arco que desvela e me repõe A) criação de técnicas e temas comuns a de-
nestes tempos de alquimia. terminado grupo ou região, gerando movimen-
tos artísticos.
(BRITO, A. C. In: HOLLANDA, H. B. (Org.). 26 Poetas
B) abordagem peculiar da realidade e do con-
Hoje: antologia. Rio de Janeiro: Aeroplano, 1998)
texto, seguindo criação pessoal particular.
C) ligação estrutural com a arte canônica pela
O poema de Antônio Carlos Brito está histori-
exposição e recepção em museus e galerias.
camente inserido no período da ditadura militar
D) produção de obras utilizando materiais e
no Brasil. A forma encontrada pelo eu lírico para
técnicas tradicionais da arte acadêmica.
expressar poeticamente esse momento de-
E) temática nacionalista que abrange áreas
monstra que:
regionais amplas.
A) a possibilidade de resistir está dada na reno-
vação e transformação proposta pela poesia,
química que desvela e repõe. Questão 184 (2013.2)
B) a resistência não seria possível, uma vez que História da máquina que faz o mundo rodar
as vítimas, representadas pelos pássaros, pen-
savam apenas nas próprias penas. Cego, aleijado e moleque,
C) a constituição de dinastias ao longo da histó- Padre, doutor e soldado,
ria parece não fazer diferença no presente em Inspetor, juiz de direito,
que o tempo evapora. Comandante e delegado,
D) a ênfase na força dos militares não é afetada Tudo, tudo joga o dinheiro
por aspectos negativos, como o mau cheiro Esperando bom resultado.
atribuído ao general. Matuto, senhor de engenho,
E) a descrição quase geométrica da aparência Praciano e mandioqueiro,
física do general expõe a rigidez e a racionali- Do agreste ao sertão
dade do governo. Todos jogam seu dinheiro
Se um diz que é mentiroso
Outro diz que é verdadeiro.
Questão 183 (2013.2)
Na opinião do povo
TEXTO I Não tem quem possa mandar
Partindo do chão coletivo da comunidade rural Faça ou não faça a máquina
ou das cidades, à medida que se impregna de O povo tem que esperar
um ethos urbano — seja por migração, seja pela Por que quem joga dinheiro
difusão de novos conteúdos midiáticos —, irão Só espera mesmo é ganhar.
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Questão 191 (2013.2) O texto Meu povo, meu poema, de Ferreira Gul-
Pesquisa da Faculdade de Educação da USP lar, foi escrito na década de 1970. Nele, o diálo-
mostrou que quase metade dos alunos que go com o contexto sociopolítico em que se inse-
ingressam nos cursos de licenciatura em Física re expressa uma voz poética que:
e Matemática da universidade não estão dispos-
tos a tornar-se professores. O detalhe inquietan- A) precisa do povo para produzir seu texto, mas
te é que licenciaturas foram criadas exatamente se esquiva de enfrentar as desigualdades soci-
para formar docentes. ais.
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B) associa o engajamento político à grandeza De acordo com o texto, o blog ultrapassou sua
do fazer poético, fator de superação da aliena- função inicial e vem se destacando como:
ção do povo.
C) dilui a importância das contingências políti- A) estratégia para estimular relações de amiza-
cas e sociais na construção de seu universo de.
poético. B) espaço para exposição de opiniões e circula-
D) reconhece, na identidade entre o povo e a ção de ideias.
poesia, uma etapa de seu fortalecimento huma- C) gênero discursivo substituto dos tradicionais
no e social. diários pessoais.
E) afirma que a poesia depende do povo, mas D) ferramenta para aperfeiçoamento da comuni-
esse nem sempre vê a importância daquela nas cação virtual escrita.
lutas de classe. E) recurso para incentivar a ajuda mútua e a
divulgação da rotina diária.
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metal, usualmente zinco, que era utilizada nos Quanto à abordagem do tema e aos recursos
jornais impressos em rotoplanas. expressivos, essa crônica tem um caráter:
(VICELMO, A.)
A) filosófico, pois reflete sobre as mazelas sofri-
A estratégia gráfica constituída pela união entre das pelos vizinhos.
as técnicas da impressão manual e da confec- B) lírico, pois relata com nostalgia o relaciona-
ção da xilogravura na produção de folhetos de mento da vizinhança.
cordel: C) irônico, pois apresenta com malícia a convi-
vência entre vizinhos.
A) realça a importância da xilogravura sobre o D) crítico, pois deprecia o que acontece nas
clichê. relações de vizinhança.
B) oportuniza a renovação dessa arte na mo- E) didático, pois expõe uma conduta a ser evi-
dernidade. tada na relação entre vizinhos.
C) demonstra a utilidade desses textos para a
catequese.
D) revela a necessidade da busca das origens
dessa literatura. Questão 202 (2014.1)
E) auxilia na manutenção da essência identitária
dessa tradição popular.
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A) “Isso é um desaforo”.
B) “Diz que eu tou aqui com alegria”.
C) “Vou mostrar pr’esses cabras”.
D) “Vai, chama Maria, chama Luzia”.
Na criação do texto, o chargista Iotti usa criati- E) “Vem cá morena linda, vestida de chita”.
vamente um intertexto: os traços reconstroem
uma cena de Guernica, painel de Pablo Picasso
que retrata os horrores e a destruição provoca- Questão 209 (2014.1)
dos pelo bombardeio a uma pequena cidade da No Brasil, a origem do funk e do hip-hop remon-
Espanha. Na charge, publicada no período de ta aos anos 1970, quando da proliferação dos
carnaval, recebe destaque a figura do carro, chamados “bailes black” nas periferias dos
elemento introduzido por Iotti no intertexto. Além grandes centros urbanos. Embalados pela black
dessa figura, a linguagem verbal contribui para music americana, milhares de jovens encontra-
estabelecer um diálogo entre a obra de Picasso vam nos bailes de finais de semana uma alter-
e a charge, ao explorar: nativa de lazer antes inexistente. Em cidades
A) uma referência ao contexto, “trânsito no feri- como o Rio de Janeiro ou São Paulo, forma-
adão”, esclarecendo-se o referente tanto do vam-se equipes de som que promoviam bailes
texto de Iotti quanto da obra de Picasso. onde foi se disseminando um estilo que buscava
B) uma referência ao tempo presente, com o a valorização da cultura negra, tanto na música
emprego da forma verbal “é”, evidenciando-se a como nas roupas e nos penteados. No Rio de
atualidade do tema abordado tanto pelo pintor Janeiro ficou conhecido como "Black Rio”.
espanhol quanto pelo chargista brasileiro. A indústria fonográfica descobriu o filão e, lan-
C) um termo pejorativo, “trânsito”, reforçando-se çado discos de “equipe” com as músicas de
a imagem negativa de mundo caótico presente sucesso nos bailes, difundia a moda pelo res-
tanto em Guernica quanto na charge. tante do país.
D) uma referência temporal, “sempre”, referindo-
se à permanência de tragédias retratadas tanto (DAYRELL, J. A música entra em cena: o rap e o funk
em Guernica quanto na charge. na socialização da juventude. Belo H.: UFMG, 2005)
E) uma expressão polissêmica, “quadro dramá-
tico”, remetendo-se tanto à obra pictórica quanto A presença da cultura hip-hop no Brasil caracte-
ao contexto do trânsito brasileiro. riza-se como uma forma de:
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A) lazer gerada pela diversidade de práticas E que doido que eu fui! como eu pensava
artísticas nas periferias urbanas. Em mãe, amor de irmã! em sossegado
B) entretenimento inventada pela indústria fono- Adormecer na vida acalentado
gráfica nacional. Pelos lábios que eu tímido beijava!
C) subversão de sua proposta original já nos
primeiros bailes. Embora — é meu destino. Em treva densa
D) afirmação de identidade dos jovens que a Dentro do peito a existência finda
praticam. Pressinto a morte na fatal doença!
E) reprodução da cultura musical norte-
americana. A mim a solidão da noite infinda!
Possa dormir o trovador sem crença.
Perdoa minha mãe — eu te amo ainda!
Questão 210 (2014.1) (AZEVEDO, A. Lira dos vinte anos.
A forte presença de palavras indígenas e africa- São Paulo: Martins Fontes, 1996)
nas e de termos trazidos pelos imigrantes a
partir do século XIX é um dos traços que distin-
A produção de Álvares de Azevedo situa-se na
guem o português do Brasil e o português de
década de 1850, período conhecido na literatura
Portugal. Mas, olhando para a história dos em-
brasileira como Ultrarromantismo. Nesse poe-
préstimos que o português brasileiro recebeu de
ma, a força expressiva da exacerbação românti-
línguas europeias a partir do século XX, outra
ca identifica-se com o(a):
diferença também aparece: com a vinda ao
Brasil da família real portuguesa (1808) e, parti-
A) amor materno, que surge como possibilidade
cularmente, com a Independência, Portugal
de salvação para o eu lírico.
deixou de ser o intermediário obrigatório da
B) saudosismo da infância, indicado pela men-
assimilação desses empréstimos e, assim, Bra-
ção às figuras da mãe e da irmã.
sil e Portugal começaram a divergir, não so por
C) construção de versos irônicos e sarcásticos,
terem sofrido influências diferentes, mas tam-
apenas com aparência melancólica.
bém pela maneira como reagiram a elas.
D) presença do tédio sentido pelo eu lírico, indi-
cado pelo seu desejo de dormir.
(ILARI, R.; BASSO, R. O português da gente: a lín- E) fixação do eu lírico pela ideia da morte, o que
gua que estudamos, a língua que falamos.
o leva a sentir um tormento constante.
São Paulo: Contexto, 2006)
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O trecho do rap e o grafite evidenciam o papel O Modernismo representou uma ruptura com os
social das manifestações artísticas e provocam padrões formais e temáticos até então vigentes
a: na literatura brasileira. Seguindo esses aspec-
tos, o que caracteriza o poema Cena como mo-
A) consciência do público sobre as razões da dernista é o(a):
desigualdade social.
B) rejeição do público-alvo à situação represen- A) construção linguística por meio de neologis-
tada nas obras. mo.
C) reflexão contra a indiferença nas relações B) estabelecimento de um campo semântico
sociais de forma contundente. inusitado.
D) ideia de que a igualdade é atingida por meio C) configuração de um sentimentalismo conciso
da violência. e irônico.
E) mobilização do público contra o preconceito D) subversão de lugares-comuns tradicionais.
racial em contextos diferentes. E) uso da técnica de montagem de imagens
justapostas.
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C) O conjunto de portos, que favorecem o trân- Entre eles, considero a enorme realidade.
sito de diferentes influências musicais e credos O presente é tão grande, não nos afastemos.
religiosos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos da-
D) A agricultura das regiões, pois o que é plan- das.
tado exerce influência nas canções de trabalho
durante o plantio. Não serei o cantor de uma mulher, de uma his-
E) O clima dos países em questão, pois as tem- tória.
peraturas influenciam na composição e vivaci- Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem
dade dos ritmos. vista na janela.
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de sui-
cida.
Questão 220 (2014.2) Não fugirei para ilhas nem serei raptado por
serafins.
Fogo frio
O Poeta O tempo é a minha matéria, o tempo presente,
A névoa que sobe dos campos, das grotas, do os homens presentes,
fundo dos vales, a vida presente.
é o hálito quente da terra friorenta.
(ANDRADE, C. D. Sentimento do mundo.
O Lavrador
São Paulo: Cia. das Letras, 2012)
Engana-se, amigo.
Aquilo é fumaça que sai da geada.
Escrito em 1940, o poema Mãos dadas revela
O Poeta um eu lírico marcado pelo contexto de opressão
Fumaça, que eu saiba, política no Brasil e da Segunda Guerra Mundial.
somente de chama e brasa é que sai! Em face dessa realidade, o eu lírico:
O Lavrador
E, acaso, a geada não é A) considera que em sua época o mais impor-
fogo branco caído do céu, tante é a independência dos indivíduos.
tostando tudinho, crestando tudinho, queimando B) desvaloriza a importância dos planos pesso-
tudinho, ais na vida em sociedade.
sem pena, sem dó? C) reconhece a tendência à autodestruição em
(FORNARI, E. Trem da serra. uma sociedade oprimida.
Porto Alegre: Acadêmica, 1987) D) escolhe a realidade social e seu alcance
individual como matéria poética.
Neste diálogo poético, encena-se um embate de E) critica o individualismo comum aos românti-
ideias entre o Poeta e o Lavrador, em que: cos e aos excêntricos.
A) a vitória simbólica é dada ao discurso do
lavrador e tem como efeito a renovação de uma
linguagem poética cristalizada. Questão 222 (2014.2)
B) as duas visões têm a mesma importância e
são equivalentes como experiência de vida e a Sermão da Sexagésima
capacidade de expressão.
C) o autor despreza a sabedoria popular e traça Nunca na Igreja de Deus houve tantas prega-
uma caricatura do discurso do lavrador, simpló- ções, nem tantos pregadores como hoje. Pois
rio e repetitivo. se tanto se semeia a palavra de Deus, como é
D) as imagens contraditórias de frio e fogo refe- tão pouco o fruto? Não há um homem que em
ridas à geada compõem um paradoxo que o um sermão entre em si e se resolva, não há um
poema não é capaz de organizar. moço que se arrependa, não há um velho que
E) o discurso do lavrador faz uma personifica- se desengane. Que é isto? Assim como Deus
ção da natureza para explicar o fenômeno cli- não é hoje menos onipotente, assim a sua pala-
mático observado pelos personagens. vra não é hoje menos poderosa do que dantes
era. Pois se a palavra de Deus é tão poderosa;
se a palavra de Deus tem hoje tantos pregado-
res, por que não vemos hoje nenhum fruto da
Questão 221 (2014.2)
palavra de Deus? Esta, tão grande e tão impor-
Mãos dadas tante dúvida, será a matéria do sermão. Quero
começar pregando-me a mim. A mim será, e
Não serei o poeta de um mundo caduco.
também a vós; a mim, para aprender a pregar; a
Também não cantarei o mundo futuro.
vós, que aprendais a ouvir.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperan- (VIEIRA, A. Sermões Escolhidos, v. 2 .
ças. São Paulo: Edameris, 1965)
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No Sermão da sexagésima, padre Antônio Viei- D) ilustra os diferentes modos que um indivíduo
ra questiona a eficácia das pregações. Para tinha de ascender socialmente.
tanto, apresenta como estratégia discursiva E) critica a educação oferecida às mulheres e
sucessivas interrogações, as quais têm por ob- os maus-tratos dispensados aos negros.
jetivo principal:
Ana Rosa cresceu; aprendera de cor a gramáti- Nesse trecho de uma obra de Guimarães Rosa,
ca do Sotero dos Reis; lera alguma coisa; sabia depreende-se a predominância de uma das
rudimentos de francês e tocava modinhas sen- funções da linguagem, identificada como:
timentais ao violão e ao piano. Não era estúpi-
da; tinha a intuição perfeita da virtude, um modo A) metalinguística, pois o trecho tem como pro-
bonito, e por vezes lamentara não ser mais ins- pósito essencial usar a língua portuguesa para
truída. Conhecia muitos trabalhos de agulha; explicar a própria língua, por isso a utilização de
bordava como poucas, e dispunha de uma gar- vários sinônimos e definições.
gantazinha de contralto que fazia gosto de ouvir. B) referencial, pois o trecho tem como principal
objetivo discorrer sobre um fato que não diz
Uma só palavra boiava à superfície dos seus respeito ao escritor ou ao leitor, por isso o pre-
pensamentos: "Mulato". E crescia, crescia, domínio da terceira pessoa.
transformando-se em tenebrosa nuvem, que C) fática, pois o trecho apresenta clara tentativa
escondia todo o seu passado. Ideia parasita, de estabelecimento de conexão com o leitor, por
que estrangulava todas as outras ideias. isso o emprego dos termos "sabe-se lá" e "to-
— Mulato! me-se hipotrélico".
D) poética, pois o trecho trata da criação de
Esta só palavra explicava-lhe agora todos os palavras novas, necessária para textos em pro-
mesquinhos escrúpulos, que a sociedade do sa, por isso o emprego de "hipotrélico".
Maranhão usara para com ele. Explicava tudo: a E) expressiva, pois o trecho tem como meta
frieza de certas famílias a quem visitara; as mostrar a subjetividade do autor, por isso o uso
reticências dos que lhe falavam de seus ante- do advérbio de dúvida "talvez".
passados; a reserva e a cautela dos que, em
sua presença, discutiam questões de raça e de
sangue. Questão 225 (2014.2)
(AZEVEDO, A. O Mulato. São Paulo: Ática, 1996)
Eu vô transmiti po sinhô logo uma passage mui-
to importante, qu' eu iscutei um velho de nome
O texto de Aluísio Azevedo é representativo do Ricardo Caetano Alves, que era neto do propie-
Naturalismo, vigente no final do século XIX. tário da Fazenda do Buraca. O pai dele, ele
Nesse fragmento, o narrador expressa fidelida- contava que o pai dele assistiu uma cena muito
de ao discurso naturalista, pois: importante aonde ele tava, do Jacarandá, o
chefe dos iscravo do Joaquim de Paula, com o
A) relaciona a posição social a padrões de com- chefe dos iscravo do Vidigal, que chamava, era
portamento e à condição de raça. tratado Pai Urubu. O Jacarandá era tratado
B) apresenta os homens e as mulheres melho- Jacarandá purque ele era um negro mais ver-
res do que eram no século XIX. melho, tá intendeno com' é que é, né? Intão é
C) mostra a pouca cultura feminina e a distribui- uma imitância de cerno de Jacarandá, intão eles
ção de saberes entre homens e mulheres. apilidaro ele de Pai Jacarandá. Agora, o Pai
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Urubu, diz que era o mais preto de todos os Questão 227 (2014.2)
iscravo que era cunhicido nessa época. Intão
ele ficô com o nome Pai Urubu. É quem dirigia, Senhora
de toda confiança dos sinhores. Intão os sinho- — Mãe, noosssa! Esse seu cabelo novo ficou
res cunhiciam eles como "pai": Pai Urubu, Pai lindo! Parece que você é, tipo, mais jovem!
Jacarandá, Pai Francisco, que é o chefe da
Fazenda das Abóbra, Pai Dumingo, que era da — Jura, minha filha? Obrigada!
Fazenda do Buraca.
— Mas aí você vira de frente e aí a gente vê
(SOUZA, J. Negros pelo vale.
Belo Horizonte: Fale-UFMG, 2009)
que, tipo, não é, né?
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A) explora elementos sensoriais para explicar a D) ideia defendida pelo professor Francisco
racionalidade do pós-guerra. Martins, que endossa a proposição do professor
B) recria a realidade para combater os padrões James Bruning.
estéticos da época. E) hipótese apresentada pelo professor James
C) organiza as formas geométricas para inovar Bruning, que é confirmada pelo professor Fran-
as artes visuais. cisco Martins.
D) representa as experiências individuais de
exaltação.
E) utiliza a sensibilidade para retratar o drama Questão 233 (2014.3)
humano.
Antiga viola
A minha antiga viola
Questão 232 (2014.3) Feita de pau de pinhero
Seu nome define seu destino É minha eterna lembrança
Do meu tempo de violero
"O nome pode ter uma força determinante sobre A saudade dos fandango
o seu destino", diz James Bruning, professor da Do meu sertão brasilero.
Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, que O recortado e catira
passou 20 anos estudando a psicologia dos Faiz lembrá dos mutirão
nomes. "Na maioria das vezes, o impacto vem O xote alembro as gaúchas
da expectativa que ele cria nas demais pessoas. O churrasco no galpão
É comum julgarmos alguém com base no nome, As moda de viola é triste
mesmo que isso seja um bocado injusto." Ele Faiz chorá quem tem paixão.
cita um exemplo óbvio: espera-se que alguém O baião é lá do Norte Paulista é o cateretê
com nome oriental seja bom em matemática, Quando escuto Cana-Verde
por isso é possível que um empregador dê pre- Alembro de Tietê
ferência a um nome japonês para uma vaga de Numa festa do Divino
programador. Que me encontrei com você.
A valsa é uma serenata
"O nome próprio da pessoa marca a sua identi- Na janela das morena
dade e a sua experiência social, e por isso é um O rasqueado faiz lembrá
dado essencial na sua vida", diz Francisco Mar- O cantar das siriema
tins, professor do Instituto de Psicologia da Uni- Do tempo de boiadero
versidade de Brasília e autor do livro Nome pró- Nas madrugada serena.
prio (editora UnB). "Mas não dá para dizer que Cantei muitos desafio
ele conduz a um destino específico. É você Já fui cabra fandanguero
quem constrói a sua identidade. Existe um pro- Na congada já fui rei
cesso de elaboração, em que você toma posse Em todo sertão minero
do nome que lhe foi dado. Então, ele pesa, mas Hoje só canto a saudade
não é decisivo." De acordo com Martins, essa Do folclore brasilero.
apropriação do nome se dá em várias fases: na
infância, quando se desenvolve a identidade (TONICO E TINOCO. Cantando para o Brasil, 1963)
sexual; na adolescência, quando a pessoa co-
meça a assinar o nome; no casamento, quando A letra da música de Tonico e Tinoco revela
ela adiciona (ou não) o sobrenome do marido ao que, entre tantas funções da língua, ela contri-
seu. "O importante é a pessoa tomar posse do bui para a preservação da identidade nacional
nome, e não ficar brigando com ele." sertaneja.
(CHAMARY, J.V.; GIL, M. A. Knowledge, jul. 2010) No texto, o que caracteriza linguisticamente
essa identidade?
O título do texto propõe uma discussão em que
são evocadas as opiniões de dois especialistas. A) O uso de adjetivos qualificadores das experi-
Há a relativização do valor dado ao nome pró- ências do enunciador.
prio, a qual se configura na: B) O emprego de palavras contrárias à destrui-
ção da natureza.
A) argumentação desenvolvida pelo professor C) As escolhas lexicais caracterizadoras da fala
James Bruning. coloquial.
B) tese proposta pelo autor do livro Nome pró- D) As palavras sugestivas do caráter romântico
prio, da editora UnB. do homem sertanejo.
C) ideia refutada pelos dois professores univer- E) A marca pronominal indicativa de um interlo-
sitários citados no texto. cutor feminino.
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O texto apresenta uma obra da artista Marina A) a conservação e a valorização dos grupos
Abramovic, cuja performance se alinha a ten- detentores de certos saberes.
dências contemporâneas e se caracteriza pela: B) a preservação e a transmissão dos saberes e
da memória cultural dos povos.
A) inovação de uma proposta de arte relacional C) a manutenção e a reprodução dos modelos
que adentra um museu. estratificados de organização social.
B) abordagem educacional estabelecida na D) a restrição e a limitação do conhecimento
relação da artista com o público. acumulado a determinadas comunidades.
C) redistribuição do espaço do museu, que inte- E) o reconhecimento e a legitimação da impor-
gra diversas linguagens artísticas. tância da fala como meio de comunicação.
D) negociação colaborativa de sentidos entre a
artista e a pessoa com quem interage. Questão 257 (2015.1)
E) aproximação entre artista e público, o que
rompe com a elitização dessa forma de arte. À garrafa
Contigo adquiro a astúcia
de conter e de conter-me.
Questão 256 (2015.1) Teu estreito gargalo
As narrativas indígenas se sustentam e se per- é uma lição de angústia.
petuam por uma tradição de transmissão oral Por translúcida pões
(sejam as histórias verdadeiras dos seus ante- o dentro fora e o fora dentro
passados, dos fatos e guerras recentes ou anti- para que a forma se cumpra
gos; sejam as histórias de ficção, como aquelas e o espaço ressoe.
da onça e do macaco). De fato, as comunidades
indígenas nas chamadas “terras baixas da Amé- Até que, farta da constante
rica do Sul” (o que exclui as montanhas dos prisão da forma, saltes
Andes, por exemplo) não desenvolveram siste- da mão para o chão
mas de escrita como os que conhecemos, se- e te estilhaces, suicida.
jam alfabéticos (como a escrita do português), Numa explosão
sejam ideogramáticos (como a escrita dos chi- de diamantes.
neses) ou outros. Somente nas sociedades
indígenas com estratificação social (ou seja, já (PAES. J. P. Prosas seguidas do odes mínimos.
São Pauto: Cia. das Letras, 1992)
divididas em classes), como foram os astecas e
os maias, é que surgiu algum tipo de escrita. A A reflexão acerca do fazer poético é um dos
história da escrita parece mesmo mostrar cla- mais marcantes atributos da produção literária
ramente isso: que ela surge e se desenvolve – contemporânea, que, no poema de José Paulo
em qualquer das formas – apenas em socieda- Paes, se expressa por um(a):
des estratificadas (sumérios, egípcios, chineses,
gregos etc.). O fato é que os povos indígenas A) reconhecimento, pelo eu lírico, de suas limi-
no Brasil, por exemplo, não empregavam um tações no processo criativo, manifesto na ex-
sistema de escrita, mas garantiram a conserva- pressão “Por translúcida pões”.
ção e continuidade dos conhecimentos acumu- B) subserviência aos princípios do rigor formal e
lados, das histórias passadas e, também, das dos cuidados com a precisão metafórica, como
narrativas que sua tradição criou, através da se observa em “prisão da forma”.
transmissão oral. Todas as tecnologias indíge- C) visão progressivamente pessimista, em face
nas se transmitiram e se desenvolveram assim. da impossibilidade da criação poética, conforme
E não foram poucas: por exemplo, foram os expressa o verso “e te estilhaces, suicida”.
índios que domesticaram plantas silvestres e, D) processo de contenção, amadurecimento e
muitas vezes, venenosas, criando o milho, a transformação da palavra, representado pelos
mandioca (ou macaxeira), o amendoim, as mo- versos “numa explosão / de diamantes”.
rangas e muitas outras mais (e também as de- E) necessidade premente de libertação da pri-
senvolveram muito; por exemplo, somente do são representa da pela poesia, simbolicamente
milho criaram cerca de 250 variedades diferen- comparada à “garrafa” a ser “estilhaçada”.
tes em toda a América).
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ro banquete. Mais do que um pãozinho com A) a disposição visual do poema reflete sua
manteiga, os moradores do bairro de Barreiro, dimensão plástica, que prevalece sobre a ob-
em Belo Horizonte (MG), estão consumindo servação da realidade social.
poesia brasileira no café da manhã. Graças ao B) a reflexão do eu lírico privilegia a memória e
projeto “Pão e Poesia”, que faz do saquinho de resgata, em fragmentos, fatos e personalidades
pão um espaço para veiculação de poemas, da Inconfidência Mineira.
escritores como Affonso Romano de Sant’Anna C) a palavra “esconso” (escondido) demonstra o
e Fernando Brant dividem espaço com estudan- desencanto do poeta com a utopia e sua opção
tes que passaram por oficinas de escrita poéti- por uma linguagem erudita.
ca. São ao todo 250 mil embalagens, distribuí- D) o eu lírico pretende revitalizar os contrastes
das em padarias da região de Belo Horizonte, barrocos, gerando uma continuidade de proce-
que trazem a boa literatura para o cotidiano de dimentos estéticos e literários.
pessoas, além de dar uma chance a escritores E) o eu lírico recria, em seu momento histórico,
novatos de verem seus textos impressos. Cria- numa linguagem de ruptura, o ambiente de
do em 2008 por um analista de sistemas apai- opressão vivido pelos inconfidentes.
xonado por literatura, o “Pão e Poesia” já rece-
beu dois prêmios do Ministério da Cultura.
Questão 260 (2015.1)
(Língua Portuguesa, n. 71, set. 2011) João Antônio de Barros (Jota Barros) nasceu
aos 24 de junho de 1935, em Glória de Goitá
A proposta de um projeto como o “Pão e Poe- (PE). Marceneiro, entalhador, xilógrafo, poeta
sia” objetiva inovar em sua área de atuação, repentista e escritor de literatura de cordel, já
pois; publicou 33 folhetos e ainda tem vários inéditos.
Reside em São Paulo desde 1973, vivendo ex-
A) privilegia novos escritores em detrimento clusivamente da venda de livretos de cordel e
daqueles já consagrados. das cantigas de improviso, ao som da viola.
B) resgata poetas que haviam perdido espaços Grande divulgador da poesia popular nordestina
de publicação impressa. no Sul, tem dado frequentemente entrevistas à
C) prescinde de critérios de seleção em prol da imprensa paulista sobre o assunto.
popularização da literatura.
D) propõe acesso à literatura a públicos diver- (EVARISTO. M. C. O cordel em sala de aula
São Paulo: Cortez, 2000)
sos.
E) alavanca projetos de premiações antes es- A biografia é um gênero textual que descreve a
quecidos. trajetória de determinado indivíduo, evidencian-
do sua singularidade. No caso específico de
uma biografia como a de João Antônio de Bar-
Questão 259 (2015.1) ros, um dos principais elementos que a constitui
é:
Casa dos Contos
A) a estilização dos eventos reais de sua vida,
& em cada conto te cont para que o relato biográfico surta os efeitos
o & em cada enquanto me enca desejados.
nto & em cada arco te a B) o relato de eventos de sua vida em perspec-
barco & em cada porta m tiva histórica, que valorize seu percurso artísti-
e perco & em cada lanço t co.
e alcanço & em cada escad C) a narração de eventos de sua vida que de-
a me escapo & em cada pe monstrem a qualidade de sua obra.
dra te prendo & em cada g D) uma retórica que enfatize alguns eventos da
rade me escravo & em ca vida exemplar da pessoa biografada.
da sótão te sonho & em cada E) uma exposição de eventos de sua vida que
esconso me affonso & em mescle objetividade e construção ficcional.
cada claúdio te canto & e
m cada fosso me enforco &
Questão 261 (2015.1)
(ÁVILA, A. Discurso da difamação do poeta.
Aquarela
São Paulo: Summus, 1978)
O corpo no cavalete
O contexto histórico e literário do período barro- é um pássaro que agoniza
co- árcade fundamenta o poema Casa dos Con- exausto do próprio grito.
tos, de 1975. A restauração de elementos da- As vísceras vasculhadas
quele contexto por uma poética contemporânea principiam a contagem
revela que: regressiva.
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rio. Manaus era o seu mundo visível. O outro No fragmento do conto de Mário de Andrade, o
latejava na sua memória. Imantada por uma voz tom confessional do narrador em primeira pes-
melodiosa, quase encantada, Emilie maravilha- soa revela uma concepção das relações huma-
se com a descrição da trepadeira que espanta a nas marcada por:
inveja, das folhas malhadas de um tajá que
reproduz a fortuna de um homem, das receitas A) distanciamento de estados de espírito acen-
de curandeiros que veem em certas ervas da tuado pelo papel das gerações.
floresta o enigma das doenças mais temíveis, B) relevância dos festejos religiosos em família
com as infusões de coloração sanguínea acon- na sociedade moderna.
selhadas para aliviar trinta e seis dores do corpo C) preocupação econômica em uma sociedade
humano. "E existem ervas que não curam na- urbana em crise.
da", revelava a lavadeira, “mas assanham a D) consumo de bens materiais por parte de
mente da gente. Basta tomar um gole do líquido jovens, adultos e idosos.
fervendo para que o cristão sonhe uma única E) pesar e reação de luto diante da morte de um
noite muitas vidas diferentes". Esse relato pode- familiar querido.
ria ser de duvidosa veracidade para outras pes-
soas, mas não para Emilie.
(HATOUM, M. São Paulo: Cia. das Letras, 2008) Questão 266 (2015.2)
TEXTO I
As representações da Amazônia na literatura
Versos de amor
brasileira mantêm relação com o papel atribuído
à região na construção do imaginário nacional. A um poeta erótico
Pertencentes a contextos históricos distintos, os
Oposto ideal ao meu ideal conservas.
fragmentos diferenciam-se ao propor uma re-
Diverso é, pois, o ponto outro de vista
presentação da realidade amazônica em que se
Consoante o qual, observo o amor, do egoísta
evidenciam:
Modo de ver, consoante o qual, o observas.
A) aspectos da produção econômica e da cura Porque o amor, tal como eu o estou amando,
na tradição popular. É Espírito, é éter, é substância fluida
B) manifestações culturais autênticas e da re- É assim como o ar que a gente pega e cuida,
signação familiar. Cuida, entretanto, não o estar pegando!
C) valores sociais autóctones e influência dos
estrangeiros. É a transubstanciação de instintos rudes,
D) formas de resistência locais e do cultivo das Imponderabilíssima, e impalpável,
superstições. Que anda acima da carne miserável
E) costumes domésticos e levantamento das Como anda a garça acima dos açudes!
tradições indígenas. (ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 1996)
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Então passou Caiuanogue, a estrela da manhã. olhar enquanto segura a presa nas patas. Esse
Macunaíma já meio enjoado de tanto viver pediu o acordo silencioso que tinham: ele chegava em
pra ela que o carregasse pro céu. casa e se queixava que tinha um botão a cair.
Calada, Dulcineusa se armava dos apetrechos
Caiuanogue foi se chegando porém o herói fe- da costura e se posicionava a jeito dos prazeres
dia muito. e dos afazeres.
— Vá tomar banho! — ela fez. E foi-se embora. (COUTO, M. Um rio chamado tempo, uma casa cha-
mada terra. São Paulo: Cia. das Letras, 2002)
Assim nasceu a expressão “Vá tomar banho”
que os brasileiros empregam se referindo a Tema recorrente na obra de Jorge Amado, a
certos imigrantes europeus. figura feminina aparece, no fragmento, retratada
de forma semelhante à que se vê no texto do
(ANDRADE, M. Macunaíma: o herói sem nenhum moçambicano Mia Couto. Nesses dois textos,
caráter. Rio de Janeiro: Agir, 2008) com relação ao universo feminino em seu con-
texto doméstico, observa-se que:
O fragmento de texto faz parte do capítulo VII,
intitulado “Vei, a Sol”, do livro Macunaíma, de A) o desejo sexual é entendido como uma fra-
Mário de Andrade, pertencente à primeira fase queza moral, incompatível com a mulher casa-
do Modernismo brasileiro. Considerando a lin- da.
guagem empregada pelo narrador, é possível B) a mulher tem um comportamento marcado
identificar: por convenções de papéis sexuais.
C) à mulher cabe o poder da sedução, expresso
A) resquícios do discurso naturalista usado pe- pelos gestos, olhares e silêncios que ensaiam.
los escritores do século XIX. D) a mulher incorpora o sentimento de culpa e
B) ausência de linearidade no tratamento do age com apatia, como no mito bíblico da ser-
tempo, recurso comum ao texto narrativo da pente.
primeira fase modernista. E) a dissimulação e a malícia fazem parte do
C) referência à fauna como meio de denunciar o repertório feminino nos espaços público e ínti-
primitivismo e o atraso de algumas regiões do mo.
país.
D) descrição preconceituosa dos tipos popula-
res brasileiros, representados por Macunaíma e
Questão 277 (2015.2)
Caiuanogue.
Um relacionamento de grupo saudável exige um
E) uso da linguagem coloquial e de temáticas do
número de indivíduos trabalhando interdepen-
lendário brasileiro como meio de valorização da
dentemente para completar um projeto, com
cultura popular nacional.
total participação individual e contribuição pes-
soal. Se uma pessoa domina, os outros mem-
bros têm pouco crescimento ou prazer na ativi-
Questão 276 (2015.2) dade, não existe um verdadeiro relacionamento
TEXTO I no grupo. O teatro é uma atividade artística que
Quem sabe, devido às atividades culinárias da exige o talento e a energia de muitas pessoas
esposa, nesses idílios Vadinho dizia-lhe “Meu — desde a primeira ideia de uma peça ou cena
manuê de milho verde, meu acarajé cheiroso, até o último eco de aplauso. Sem esta interação
minha franguinha gorda", e tais comparações não há lugar para o ator individualmente, pois
gastronômicas davam justa ideia de certo en- sem o funcionamento do grupo, para quem iria
canto sensual e caseiro de dona Flor a escon- ele representar, que materiais usaria e que efei-
der-se sob uma natureza tranquila e dócil. Vadi- tos poderia produzir? O aluno-ator deve apren-
nho conhecia-lhe as fraquezas e as expunha ao der que “como atuar”, assim como no jogo, está
sol, aquela ânsia controlada de tímida, aquele intrinsecamente ligado a todas as outras pesso-
recatado desejo fazendo-se violência e mesmo as na complexidade da forma da arte. O teatro
incontinência ao libertarse na cama. improvisacional requer relacionamento de grupo
muito intenso, pois é a partir do acordo e da
(AMADO, J. Dona Flor e seus dois maridos. atuação em grupo que emerge o material para
São Paulo: Martins, 1966)
as cenas e peças.
TEXTO II (SPOLIN, V. Improvisação para o teatro.
As suas mãos trabalham na braguilha das cal- São Paulo: Perspectiva, 2008)
ças do falecido. Dulcineusa me confessou mais
tarde: era assim que o marido gostava de co- Com base no texto, as diferenças e similarida-
meçar as intimidades. Um fazer de conta que des dos atores são aceitas no teatro de improvi-
era outra coisa, a exemplo do gato que distrai o sação quando:
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terra e sementes. Para abrigar a obra e servir lidade, ambição – e matemática! Esse é o insti-
de ponto de partida para a criação dos textos, gante universo apresentado no livro, que resga-
foi construído um pequeno galpão, evocando ta a história dos italianos Tartaglia e Cardano e
uma estufa ou um ateliê de jardinagem. As 1500 da fórmula revolucionária para resolução de
letras-vaso foram produzidas pela cerâmica que equações de terceiro grau. A obra reconstitui
funciona no Instituto Inhotim, em Minas Gerais, um episódio polêmico que marca, para muitos, o
num processo que durou vários meses e contou início do período moderno da matemática.
com a participação de dezenas de mulheres das
Em última analise, A fórmula secreta apresenta-
comunidades do entorno. Plantar palavras, se-
se como uma ótima opção para conhecer um
mear ideias é o que nos propõe o trabalho. No
pouco mais sobre a história da matemática e
contexto de Inhotim, onde natureza e arte dialo-
acompanhar um dos debates científicos mais
gam de maneira privilegiada, esta proposição se
inflamados do século XVI no campo. Mais do
torna, de certa maneira, mais perto da possibili-
que isso, é uma obra de fácil leitura e uma boa
dade.
mostra de que é possível abordar temas como
álgebra de forma interessante, inteligente e
A função da obra de arte como possibilidade de
acessível ao grande público.
experimentação e de construção pode ser cons-
tatada no trabalho de Marilá Dardot porque: (GARCIA, M. Duelos, segredos e matemática)
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mesmo. Mas parecia ter-se perturbado. Passou A) compreensão da efemeridade das convic-
a mão sobre o camafeu filigranado de ouro, ções antes vistas como sólidas.
espetado no peito, passou a mão pelo broche. B) consciência das imperfeições aceitas na
Seca. Ofendida? Perguntou afinal a Angela construção do senso comum.
Pralini: C) revolta das novas gerações contra modelos
tradicionais de educação.
— É por causa de mim que a senhorita deseja D) incerteza da expectativa de mudança por
trocar de lugar? parte das futuras gerações.
E) crueldade atribuída à forma de punição prati-
(LISPECTOR, C. Onde estivestes de noite. cada pelos mais velhos.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980)
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A principal razão pela qual se infere que o espe- coisa ao ler folhas de meio século, bem pode
táculo retratado na fotografia é uma manifesta- crer que não terá nunca uma das mais profun-
ção do teatro de rua é o fato de: das sensações da vida, – igual ou quase igual à
que dá a vista das ruínas de uma civilização.
A) dispensar o edifício teatral para a sua reali- Não é a saudade piegas, mas a recomposição
zação. do extinto, a revivescência do passado.
B) utilizar figurinos com adereços cômicos.
C) empregar elementos circenses na atuação. (ASSIS. M. Bons dias! (Crônicas 1885-1839). Campi-
D) excluir o uso de cenário na ambientação. nas Editora da Unicamp, São Paulo: Hucitec, 1590)
E) negar o uso de iluminação artificial.
O jornal impresso é parte integrante do que hoje
se compreende por tecnologias de informação e
comunicação. Nesse texto, o jornal é reconheci-
Questão 296 (2016.1)
do como:
O humor e a língua
A) objeto de devoção pessoal.
Há algum tempo, venho estudando as piadas,
B) elemento de afirmação da cultura.
com ênfase em sua constituição linguística. Por
C) instrumento de reconstrução da memória.
isso, embora a afirmação a seguir possa pare-
D) ferramenta de investigação do ser humano.
cer surpreendente, creio que posso garantir que
E) veículo de produção de fatos da realidade.
se trata de uma verdade quase banal: as piadas
fornecem simultaneamente um dos melhores
retratos dos valores e problemas de uma socie-
dade, por um lado, e uma coleção de fatos e Questão 298 (2016.1)
dados impressionantes para quem quer saber o TEXTO I
que é e como funciona uma língua, por outro.
Se se quiser descobrir os problemas com os
quais uma sociedade se debate, uma coleção
de piadas fornecerá excelente pista: sexualida-
de, etnia/raça e outras diferenças, instituições
(igreja, escola, casamento, política), morte, tudo
isso está sempre presente nas piadas que circu-
lam anonimamente e que são ouvidas e conta-
das por todo mundo em todo o mundo. Os an-
tropólogos ainda não prestaram a devida aten-
ção a esse material, que poderia substituir com
vantagem muitas entrevistas e pesquisas parti-
cipantes. Saberemos mais a quantas andam o (BACON, F. Três estudos para um autorretrato. Óleo
machismo e o racismo, por exemplo, se pesqui- sobre tela. 37,5 x 31,8 cm (cada), 1974)
sarmos uma coleção de piadas do que qualquer
outro corpus. TEXTO II
(POSSENTI. S. Ciência Hoje, n. 176, out. 2001) Tenho um rosto lacerado por rugas secas e
profundas, sulcos na pele. Não é um rosto des-
A piada é um gênero textual que figura entre os feito, como acontece com pessoas de traços
mais recorrentes na cultura brasileira, sobretudo delicados, o contorno é o mesmo mas a matéria
na tradição oral. Nessa reflexão, a piada é enfa- foi destruída. Tenho um rosto destruído.
tizada por:
(DURAS, M. O amante. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira. 1985)
A) sua função humorística.
B) sua ocorrência universal.
C) sua diversidade temática. Na imagem e no texto do romance de Margueri-
D) seu papel como veículo de preconceitos. te Duras, os dois autorretratos apontam para o
E) seu potencial como objeto de investigação. modo de representação da subjetividade mo-
derna. Na pintura e na literatura modernas, o
rosto humano deforma-se, destrói-se ou frag-
menta-se em razão:
Questão 297 (2016.1)
BONS DIAS! A) da adesão à estética do grotesco, herdada
14 de junho de 1889 do romantismo europeu, que trouxe novas pos-
sibilidades de representação.
Ó doce, ó longa, ó inexprimível melancolia dos B) das catástrofes que assolaram o século XX e
jornais velhos! Conhece-se um homem diante da descoberta de uma realidade psíquica pela
de um deles. Pessoa que não sentir alguma psicanálise.
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C) da opção em demonstrarem oposição aos partir do grego pyr, significando ‘fogo’, e lam-
limites estéticos da revolução permanente trazi- pas, “candeia”.
da pela arte moderna.
D) do posicionamento do artista do século XX (FERREIRA, M. B. Caminhos do português; exposi-
contra a negação do passado, que se torna ção comemorativa do Ano Europeu das Línguas.
prática dominante na sociedade burguesa. Portugal: Biblioteca Nacional, 2001)
E) da intenção de garantir uma forma de criar
obras de arte independentes da matéria presen- O texto descreve a mudança ocorrida na nome-
te em sua história pessoal. ação do inseto, por questões de tabu linguístico.
Esse tabu diz respeito à:
(ZORZETFI, H. Lições de motim. Goiânia: Kelps. 10) a) Elegíaco, quando trata de assuntos tristes,
quase sempre a morte.
Nesse trecho, o que caracteriza Lições de mo- b) Bucólico, quando versa sobre assuntos cam-
tim como texto teatral? pestres.
c) Erótico, quando versa sobre o amor.
A) O tom melancólico presente na cena.
B) As perguntas retóricas da personagem. O lirismo elegíaco compreende a elegia, a nê-
C) A interferência do narrador no desfecho da nia, a endecha, o epitáfio e o epicédio.
cena. Elegia é uma poesia que trata de assuntos tris-
D) O uso de rubricas para construir a ação dra- tes.
mática.
E) As analogias sobre a solidão feitas pela per- Nênia é uma poesia em homenagem a uma
sonagem. pessoa morta.
Era declamada junto à fogueira onde o cadáver
era incinerado.
Questão 300 (2016.1)
O nome do inseto pirilampo (vaga-lume) tem Endecha e uma poesia que revela as dores do
uma interessante certidão de nascimento. De coração.
repente, no fim do século XVII, os poetas de Epitáfio é um pequeno verso gravado em pe-
Lisboa repararam que não podiam cantar o in- dras tumulares.
seto luminoso, apesar de ele ser um manancial
de metáforas, pois possuía um nome “indecoro- Epicédio é uma poesia onde o poeta relata a
so” que não podia ser “usado em papéis sérios”: vida de uma pessoa morta.
caga-lume. Foi então que o dicionarista Raphael (CESAR, A. C. Poética, São Paulo:
Bluteau inventou a nova palavra, pirilampo, a Companhia das Letras, 2013)
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No poema de Ana Cristina Cesar, a relação ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
entre as definições apresentadas e o processo É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de construção do texto indica que o(a): de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como “este foi difícil”
A) caráter descritivo dos versos assinala uma
“prateou no ar dando rabanadas”
concepção irônica de lirismo.
e faz o gesto com a mão.
B) tom explicativo e contido constitui uma forma
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
peculiar de expressão poética.
atravessa a cozinha como um rio profundo.
C) seleção e o recorte do tema revelam uma
Por fim, os peixes na travessa,
visão pessimista da criação artística.
vamos dormir.
D) enumeração de distintas manifestações líri-
Coisas prateadas espocam:
cas produz um efeito de impessoalidade.
somos noivo e noiva.
E) referência a gêneros poéticos clássicos ex-
pressa a adesão do eu lírico às tradições literá- (PRADO, A. Poesia reunida.
rias. São Paulo: Siciliano, 1991)
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sua beleza, o que lhe dá certa soberba, a jovem pressar uma ideia relativa à literatura, o autor
acredita que terá um destino diferente do de emprega um procedimento singular de escrita,
suas colegas. Cruza o caminho de dois cantores que consiste em:
por quem é apaixonada. E constata, na prática,
que o romantismo dos contos de fada tem perna A) entremear o texto com termos destacados
curta. que se referem ao universo do tecer e remetem
(VOMERO, M. F. Romantismo de araque. visualmente à estrutura de uma trama, tecida
Vida Simples, n. 121, ago. 2012) com fios que retornam periodicamente, para
aludir ao trabalho do escritor.
Reconhece-se, nesse trecho, uma posição críti- B) entrecortar a progressão do texto com termos
ca aos ideais de amor e felicidade encontrados destacados, sem relação com o contexto, que
nos contos de fada. Essa crítica é traduzida: tornam evidente a desordem como princípio
maior da sua proposta literária.
A) pela descrição da dura realidade da vida das C) insinuar, pela disposição de termos destaca-
operárias. dos, dos quais um forma uma coluna central no
B) pelas decepções semelhantes às encontra- corpo do texto, que a atividade de escrever re-
das nos contos de fada. mete à arte ornamental do escultor.
C) pela ilusão de que a beleza garantiria melhor D) dissertar à maneira de um cientista sobre os
sorte na vida e no amor. fenômenos da natureza, recriminando-a por
D) pelas fantasias existentes apenas na imagi- estar perpetuamente em desordem e não criar
nação de pessoas apaixonadas. concatenação entre eles.
E) pelos sentimentos intensos dos apaixonados E) confrontar, por meio dos termos destacados,
enquanto vivem o romantismo. o ato de escrever à atividade dos cientistas mo-
dernos e dos alquimistas antigos, mostrando
que esta é muito superior à do escritor.
Questão 309 (2016.2)
Os que fiam e tecem unem e ordenam materiais
dispersos que, de outro modo, seriam vãos ou Questão 310 (2016.2)
quase. Pertencem à mesma linhagem FIAN- O Google Art é uma ferramenta on-line que
DEIRA CARNEIRO FUSO LÃ dos geômetras, permite a visitação virtual dos mais importantes
estabelecem leis e pontos de união para o de- museus do mundo e a visualização de suas
suno. Antes do fuso, da roca, do tear, das in- obras de arte. Por meio da tecnologia Street
venções destinadas a estender LÃ LINHO CA- View e de um veículo exclusivamente desenvol-
SULO ALGODÃO LÃ os fios e cruzá-los, o al- vido para o projeto, fotografou-se em 360 graus
godão, a seda, era como se ainda estivessem o interior de lugares como o MoMA, de Nova
TECEDEIRA URDIDURA TEAR LÃ imersos no York, o Museu Van Gogh, em Amsterdã, e a
limbo, nas trevas do informe. É o apelo à ordem National Gallery, de Londres. O resultado é que
que os traz à claridade, transforma-os em obras, se pode andar pelas galerias assim como se
portanto em objetos humanos, iluminados pelo passeia pelas ruas com o Street View. Além
espírito do homem. Não é por ser-nos úteis LÃ disso, cada museu escolheu uma única obra de
TRAMA CROCHÊ DESENHO LÃ que o burel ou arte de seu acervo para ser fotografada com
o linho representam uma vitória do nosso enge- câmeras de altíssima resolução, ou gigapixel.
nho; TAPECElRA BASTIDOR ROCA LÃ sim por As imagens contêm cerca de sete bilhões de
serem tecidos, por cantar neles uma ordem, o pixels, o que significa que é mais de mil vezes
sereno, o firme e rigoroso enlace da urdidura, mais detalhada do que uma foto de câmera
das linhas enredadas. Assim é que LÃ COSER digital comum. Além disso, todas as obras vêm
AGULHA CAPUCHO LÃ que suas expressões acompanhadas de metadados de proveniência,
mais nobres são aquelas em que, com ainda tais como títulos originais, artistas, datas de
maior disciplina, floresce o ornamento: no cro- criação, dimensões e a quais coleções já per-
chê, no tapete, FIANDEIRA CARNEIRO FUSO tenceram. Os usuários também podem criar
LÃ no brocado. Então, é como se por uma es- suas próprias coleções e compartilhá-las pela
pécie de alquimia, de álgebra, de mágica, algo- web.
doais e Carneiros, casulos, LÃ TRAMA CASU-
(Disponível em: http://oglobo.globo.com.
LO CAPUCHO LÃ campos de linho, novamente Acesso em: 3 out. 2013 - adaptado)
surgissem, com uma vida menos rebelde, po-
rém mais perdurável. As tecnologias da computação possibilitam um
(LINS, O. Nove, novena: narrativas. novo olhar sobre as obras de arte. A prática
São Paulo: Cia. das Letras, 1998) permite que usuários:
No trecho, retirado do conto Retábulo de Santa A) guiem virtualmente um veiculo especial atra-
Joana Carolina, de Osman Lins, a fim de ex- vés dos melhores museus do mundo.
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elas desenvolvem várias habilidades motoras, A técnica da décollage, utilizada pelo artista
como: motricidade ampla, ritmo, equilíbrio, dire- Mimmo Rotella em sua obra Marilyn, é um pro-
cionalidade, Iateralidade, percepção espaço- cedimento artístico representativo da década de
temporal, tônus muscular, entre outras. E no 1960 por:
cognitivo, as letras e coreografias ajudam a
criança a desenvolver a atenção, a imaginação A) visar a conservação das representações e
e a criatividade. dos registros visuais.
B) basear-se na reciclagem de material gráfico,
(ZOBOLI, F.; FURTUOSO, M. S.; TELLES, C. O contribuindo para a sustentabilidade.
brinquedo cantado na escola: uma ferramenta C) encobrir o passado, abrindo caminho para
no processo de aprendizagem) novas formas plásticas, pela releitura.
D) fazer conviver campos de expressão diferen-
O brinquedo cantado é um importante compo- tes e integrar novos significados.
nente da cultura corporal brasileira, sendo vi- E) abolir o trabalho manual do artista na confec-
venciado com frequência por muitas crianças. ção das imagens recontextualizadas.
Identifica-se o seu valor para a tradição cultural
no(a):
Questão 316 (2016.2)
A) ampliação dada à força motora das crianças O bonde abre a viagem,
devido ao uso da música e das danças. No banco ninguém,
B) condição educativa fundamentada no uso de Estou só, stou sem.
jogos sem regras previamente estabelecidas. Depois sobe um homem,
C) histórico indeterminado dessa forma de brin- No banco sentou,
cadeira representativa do cancioneiro folclórico. Companheiro vou.
D) uso de técnicas, facilmente adotadas por O bonde está cheio,
qualquer criança, que intensificam a motricidade De novo porém
esportiva. Não sou mais ninguém.
E) possibilidade de contribuição para o desen-
volvimento integral do indivíduo. (ANDRADE, M, Poesias completas.
Belo Horizonte: Wa Rica, 1993)
A) solidão e a multidão.
B) a carência e a satisfação.
C) a mobilidade e a lentidão.
D) a amizade e a indiferença.
E) a mudança e a estagnação.
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A) nos traços e formas que representam perso- B) Expressionismo alemão, que criticava a arte
nagens de olhos desproporcionalmente maiores acadêmica, usando a deformação das figuras.
e expressivos, conhecidos como mangá. C) Dadaísmo, que rejeitava a instituição artísti-
B) nas formas de se vestir e de cortar os cabe- ca, propondo a antiarte.
los com objetivos contestadores à ordem social, D) Futurismo, que propunha uma nova estética,
próprios do movimento punk. baseada nos valores da vida moderna.
C) nas frases e dizeres de qualquer espécie, E) Neoplasticismo, que buscava o equilíbrio
rabiscados sobre fachadas de edifícios, que plástico, com utilização da direção horizontal e
marcam a pichação. vertical.
D) nos movimentos leves e sincronizados com
os pés que deslocam o dançarino, denominado
moonwalk. Questão 319 (2016.2)
E) nas declamações rápidas e ritmadas de um
texto, com alturas aproximadas, características Fraudador é preso por emitir atestados com
do rap. erro de português
Mais um erro de português leva um criminoso
às mãos da policia. Desde 2003, M.O.P., de 37
Questão 318 (2016.2) anos, administrava a empresa MM, que falsifi-
cava boletins de ocorrência, carteiras profissio-
TEXTO I nais e atestados de óbito, tudo para anular mul-
tas de trânsito. Amparado pela documentação
fajuta de M.O.P., um motorista poderia alegar às
Juntas Administrativas de Recursos de Infra-
ções que ultrapassou o limite de velocidade
para levar uma parente que passou mal e mor-
reu a caminho do hospital.
O esquema funcionou até setembro, quando
M.O.P. foi indiciado. Atropelara a gramática.
Havia emitido, por exemplo, um atestado de
abril do ano passado em que estava escrito
aneurisma “celebral” (com I no lugar de r) e
“insuficiência” múltipla de órgãos (com um I
desnecessário em “insuficiência” – além do fato
de a expressão médica adequada ser “falência
múltipla de órgãos”)
M.O.P. foi indiciado pela 2° Delegacia de Divi-
são de Crimes de Trânsito. Na casa do acusa-
do, em São Miguel Paulista, zona leste de São
(SEVERINI, G. A hieroglífica dinâmica do Bal Tabarin. Paulo, a polícia encontrou um computador com
Óleo sobre tela, 161,6 x 156,2 cm. Museu de Arte modelos de documentos.
Moderna, Nova Iorque, 1912)
(Língua Portuguesa, n. 12, set. 2006 - adaptado)
TEXTO II
A existência dos homens criadores modernos é O texto apresentado trata da prisão de um frau-
muito mais condensada e mais complicada do dador que emitia documentos com erros de
que a das pessoas dos séculos precedentes. A escrita. Tendo em vista o assunto, a organiza-
coisa representada, por imagem, fica menos ção, bem como os recursos linguísticos, depre-
fixa, o objeto em si mesmo se expõe menos do ende-se que esse texto é um(a):
que antes. Uma paisagem rasgada por um au-
tomóvel, ou por um trem, perde em valor descri- A) conto, porque discute problemas existenciais
tivo, mas ganha em valor sintético. O homem e sociais de um fraudador.
moderno registra cem vezes mais impressões B) notícia, porque relata fatos que resultaram no
do que o artista do século XVIII. indiciamento de um fraudador.
C) crônica, porque narra o imprevisto que levou
(LEGÉR. Funções da pintura. São Paulo: Nobel, 89) a polícia a prender um fraudador.
D) editorial, porque opina sobre aspectos lin-
A vanguarda europeia, evidenciada pela obra e guísticos dos documentos redigidos por um
pelo texto, expressa os ideais e a estética do: fraudador.
E) piada, porque narra o fato engraçado de um
A) Cubismo, que questionava o uso da perspec- fraudador descoberto pela polícia por causa de
tiva por meio da fragmentação geométrica. erros de grafia.
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“Falar ‘caraca!’ a cada surpresa ou aconteci- (ROSA, J. G. São Marcos. Sagarana. Rio de Janeiro:
mento que vemos, bons ou ruins, é invenção do José Olympio, 1967 - adaptado)
carioca, como também o ‘vacilão’.”
João Guimarães Rosa, nesse fragmento de
“Cariocas inventam um vocabulário próprio”. conto, resgata a cultura popular ao registrar:
“Dizer ‘merrmão’ e ‘é merrmo’ para um amigo
pode até doer um pouco no ouvido, mas é tipi- A) trechos de cantigas.
camente carioca.” B) rituais de mantingas.
“Pedir um ‘choro’ ao garçom é invenção cario- C) citações de preceitos.
ca.” D) cerimônias religiosas.
E) exemplos de superstições.
“Chamar um quase desconhecido de ‘querido’ é
um carinho inventado pelo carioca para tratar
bem quem ainda não se conhece direito.” Questão 322 (2016.3)
“O ‘ele é um querido’ é uma forma mais femini-
na de elogiar quem já é conhecido.”
(SANTOS, J. F.)
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C) denuncia a hierarquia de valores que super- camento, crânio alto e comprimido lateralmente
valoriza o dinheiro em detrimento dos seres e longos dentes serrilhados. Agora, em um arti-
vivos. go publicado na versão on-line da revista Creta-
D) revela o distanciamento entre o homem e a ceous Research, um grupo de pesquisadores
natureza, resultante das atividades econômicas. das universidades federais do Rio de Janeiro e
E) questiona o antagonismo entre homens e do Triângulo Mineiro, em Minas Gerais, identifi-
mulheres motivado por questões econômicas. caram mais um membro dessa antiga família.
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A) utiliza técnicas e suportes artísticos inovado- chega algo para quem está assistindo. Não
res. importanto tanto a coreografia e todo esse tra-
B) reflete a percepção da população sobre a balho. O mais importante é isso, o vazio, e co-
realidade. mo você continua com isso...
C) caricaturiza episódios marcantes da história
europeia. (COLLA, A.C. Caminhante, não há caminhos, só
D) idealiza eventos históricos pela ótica de gru- rastros. São Paulo: Perspectiva, 2013)
pos dominantes. O texto considera que um copo vazio (de som,
E) compõe obras com base na visão crítica de sentimento e pensamento) pode fazer qualquer
artistas consagrados. coisa. Nessa concepção, a atuação do dançari-
no alcança o ápice de:
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Vai, vem, volta, vem na vara, vai não volta, vai varando...
Próximo do homem e do sertão mineiro, Guimarães Rosa criou um estilo que ressignifica esses elemen-
tos. O fragmento expressa a peculiaridade desse estilo narrativo, pois:
Quinze de Novembro
A poesia de Murilo Mendes dialoga com o ideário poético dos primeiros modernistas. No poema, essa
atitude manifesta-se na:
Há 300 anos, morar na vila de São Paulo de Piratininga (peixe seco, em tupi) era quase sinônimo de
falar língua de índio. Em cada cinco habitantes da cidade, só dois conheciam o português. Por isso, em
1698, o governador da província, Artur de Sá e Meneses, implorou a Portugal que só mandasse padres
que soubessem “a língua geral dos índios”, pois “aquela gente não se explica em outro idioma”.
Derivado do dialeto de São Vicente, o tupi de São Paulo se desenvolveu e se espalhou no século XVII,
graças ao isolamento e se espalhou no século XVII pouco cristã dos mamelucos paulistas: as bandeiras,
expedições ao sertão em busca de escravos índios.
Muitos bandeirantes nem sequer falavam o português ou se expressavam mal. Domingos Jorge Velho, o
paulista que destruiu o Quilombo dos Palmares em 1694, foi descrito pelo bispo de Pernambuco como
“um bárbaro que nem falar sabe”. Em suas andanças, essa gente batizou lugares como Avanhandava
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(lugar onde o índio corre), Pindamonhangaba (lugar de fazer anzol) e Itu (cachoeira). E acabou inven-
tando uma nova língua.
“Os escravos dos bandeirantes vinham de mais de 100 tribos diferentes”, conta o historiador e antropó-
logo John Monteiro, da Universidade Estadual de Campinas. “Isso mudou o tupi paulista, que, além da
influência do português, ainda recebia palavras de outros idiomas.” O resultado da mistura ficou conhe-
cido como língua geral do sul, uma espécie de tupi facilitado.
O texto trata de aspectos sócio-históricos da formação linguística nacional. Quanto ao papel do tupi na
formação do português brasileiro, depreende-se que essa língua indígena:
A) contribuiu efetivamente para o léxico, com nomes relativos aos traços característicos dos lugares de-
signados.
B) originou o português falado em São Paulo no século XVII, em cuja base gramatical também está a
fala de variadas etnias indígenas.
C) desenvolveu-se sob influência dos trabalhos de catequese dos padres portugueses, vindos de Lisboa.
D) misturou-se aos falares africanos, em razão das interações entre portugueses e negros nas investidas
contra o Quilombo dos Palmares.
E) expandiu-se paralelamente ao português falado pelo colonizador, e juntos originaram a língua dos
bandeirantes paulistas.
TEXTO II
Speto
Paulo César Silva, mais conhecido como Speto, é um grafiteiro paulista envolvido com o skate e a músi-
ca. O fortalecimento de sua arte ocorreu, em 1999, pela oportunidade de ver de perto as referências que
trazia há tempos, ao passar por diversas cidades do Norte do Brasil em uma turnê com a banda O Rap-
pa.
(Revista Zupi, n. 19, 2010)
O grafite do artista paulista Speto, exposto no Museu Afro Brasil, revela elementos da cultura brasileira
reconhecidos:
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TEXTO I
(Disponível em:
https://revistacontemporartes.blogspot.com.br.
Acesso em: 10 dez. 2012)
TEXTO II
Na sua produção, Goeldi buscou refletir seu
caminho pessoal e político, sua melancolia e
paixão sobre os intensos aspectos mais latentes
em sua obra, como: cidades, peixes, urubus, Questão 338 (2017.1)
caveiras, abandono, solidão, drama e medo.
O mundo revivido
(ZULIETTI, L. F. Goeldi: da melancolia ao inevitável -
Revista de Arte, Mídia e Política -
Sobre esta casa e as árvores que o tempo
Acesso em: 24 abr. 2017 - adaptado) esqueceu de levar. Sobre o curral
de pedra e paz e de outras vacas tristes
chorando a lua e a noite sem bezerros.
O gravador Oswaldo Goeldi recebeu fortes in-
fluências de um movimento artístico europeu do
Sobre a parede larga deste açude
início do século XX, que apresenta as caracte-
onde outras cobras verdes se arrastavam,
rísticas reveladas nos traços da obra de:
e pondo o sol nos seus olhos parados
iam colhendo sua safra de sapos.
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No processo de reconstituição do tempo vivido, Foi nesse momento que Fortunato chegou à
o eu lírico projeta um conjunto de imagens cujo porta. Estacou assombrado; não podia ser o
lirismo se fundamenta no: beijo da amizade, podia ser o epílogo de um
livro adúltero […].
A) inventário das memórias evocadas afetiva-
mente. Entretanto, Garcia inclinou-se ainda para beijar
B) reflexo da saudade no desejo de voltar à outra vez o cadáver, mas então não pôde mais.
infância. O beijo rebentou em soluços, e os olhos não
C) sentimento de inadequação com o presente puderam conter as lágrimas, que vieram em
vivido. borbotões, lágrimas de amor calado, e irremedi-
D) ressentimento com as perdas materiais e ável desespero. Fortunato, à porta, onde ficara,
humanas. saboreou tranquilo essa explosão de dor moral
E) lapso no fluxo temporal dos eventos trazidos que foi longa, muito longa, deliciosamente lon-
à cena. ga.
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TEXTO I Naturalmente
Ela sorria
A língua ticuna é o idioma mais falado entre os Mas não me dava trela
indígenas brasileiros. De acordo com o pesqui- Trocava a roupa
sador Aryon Rodrigues, há 40 mil índios que Na minha frente
falam o idioma. A maioria mora ao longo do Rio E ia bailar sem mais aquela
Solimões, no Alto Amazonas. É a maior nação Escolhia qualquer um
indígena do Brasil, sendo também encontrada Lançava olhares
no Peru e na Colômbia. Os ticunas falam uma Debaixo do meu nariz
língua considerada isolada, que não mantém Dançava colada
semelhança com nenhuma outra língua indíge- Em novos pares
na e apresenta complexidades em sua fonologia Com um pé atrás
e sintaxe. Sua característica principal é o uso de Com um pé a fim
diferentes alturas na voz. Surgiram outras
Naturalmente
O uso intensivo da língua não chega a ser ame- Sem nem olhar a minha cara
açado pela proximidade de cidades ou mesmo Tomavam banho
pela convivência com falantes de outras línguas Na minha frente
no interior da própria área ticuna: nas aldeias, Para sair com outro cara
esses outros falantes são minoritários e acabam Porém nunca me importei
por se submeter à realidade ticuna, razão pela Com tais amantes
qual, talvez, não representem uma ameaça
linguística. [...]
(Língua Portuguesa, n. 52, fev. 2010 – adaptado) Com tantos filmes
Na minha mente
TEXTO II É natural que toda atriz
Presentemente represente
Riqueza da língua Muito para mim
“O inglês está destinado a ser uma língua mun-
(CHICO BUARQUE. Carioca. Rio de Janeiro:
dial em sentido mais amplo do que o latim foi na Biscoito Fino, 2006 - fragmento)
era passada e o francês é na presente”, dizia o
presidente americano John Adams no século
XVIII. A profecia se cumpriu: o inglês é hoje a Na canção, Chico Buarque trabalha uma deter-
língua franca da globalização. No extremo opos- minada função da linguagem para marcar a
to da economia linguística mundial, estão as subjetividade do eu lírico ante as atrizes que ele
línguas de pequenas comunidades declinantes. admira. A intensidade dessa admiração está
Calcula-se que hoje se falem de 6 000 a 7 000 marcada em:
línguas no mundo todo. Quase metade delas
deve desaparecer nos próximos 100 anos. A A) “Naturalmente/ Ela sorria/ Mas não me dava
última edição do Ethnologue — o mais abran- trela”.
gente estudo sobre as línguas mundiais —, de B) “Tomavam banho/ Na minha frente/ Para sair
2005, listava 516 línguas em risco de extinção. com outro cara”.
C) “Surgiram outras/ Naturalmente/ Sem nem
(Veja, n. 36, set. 2007 - adaptado) olhar a minha cara”.
D) “Escolhia qualquer um/ Lançava olhares/
Os textos tratam de línguas de culturas comple- Debaixo do meu nariz”.
tamente diferentes, cujas realidades se aproxi- E) “É natural que toda atriz/ Presentemente
mam em função do(a): represente/ Muito para mim”.
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Questão 344 (2017.1) dros mais acolhedores que já pintei, mas sem-
pre tive medo de que alguém quisesse se enfiar
TEXTO I nela” .
Terezinha de Jesus
De uma queda foi ao chão
Acudiu três cavalheiros
Embora o mundo da arte debatesse a inovação O comentário do Texto II sobre o Texto I evoca
de se pendurar uma cama numa parede, Raus- a mobilização da língua oral que, em determi-
chenberg considerava sua obra “um dos qua- nados contextos,
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Contranarciso
em mim
eu vejo o outro
e outro
e outro
enfim dezenas
trens passando
ERNESTO NETO. Dengo. 2010. MAM-SP, 2010 vagões cheios de gente
centenas
(Disponível em: http://espacohumus.com.
Acesso em: 25 abr. 2017) O outro
que há em mim
A instalação Dengo transformou a sala do MAM- é você
SP em um ambiente singular, explorando como você
principal característica artística a: e você
A) participação do público na interação lúdica assim como
com a obra. eu estou em você
B) distribuição de obstáculos no espaço da ex- eu estou nele
posição. em nós
C) representação simbólica de objetos oníricos. e só quando
D) interpretação subjetiva da lei da gravidade. estamos em nós
E) valorização de técnicas de artesanato. estamos em paz
mesmo que estejamos a sós
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Questão 349 (2017.1) ram de bom grado que uma Índia passasse a
comer na mesa da sala, usando os mesmos
TEXTO I talheres e pratos, e comprimindo com os lábios
o mesmo cristal dos copos e a mesma porcela-
Fundamentam-se as regras da Gramática Nor-
na das xícaras de café. Uma espécie de asco e
mativa nas obras dos grandes escritores, em
repulsa tingia-lhes o rosto, já não comiam com a
cuja linguagem as classes ilustradas põem o
mesma saciedade e recusavam-se a elogiar os
seu ideal de perfeição, porque nela é que se
pastéis de picadinho de carneiro, os folheados
espelha o que o uso idiomático estabilizou e
de nata e tâmara, e O arroz com amêndoas,
consagrou.
dourado, exalando um cheiro de cebola tostada.
(LIMA, C. H. R. Gramática normativa da língua portu-
Aquela mulher, sentada e muda, com o rosto
guesa, Rio de Janeiro José Olympio, 1989) rastreado de rugas, era capaz de tirar o sabor e
o odor dos alimentos e de suprimir a voz e o
TEXTO II gesto como se o seu silêncio ou a sua presença
que era só silêncio impedisse o outro de viver.
Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar.
As palavras são para mim corpos tocáveis, se- (HATOUM, M. Relato de um certo Oriente. São
reias visíveis, sensualidades incorporadas. Tal- Paulo: Cia. das Letras, 2000)
vez porque a sensualidade real não tem para
mim interesse de nenhuma espécie – nem se- Ao apresentar uma situação de tensão em famí-
quer mental ou de sonho -, transmudou-se-me o lia, o narrador destila, nesse fragmento, uma
desejo para aquilo que em mim Cria ritmos Ver- percepção das relações humanas e sociais de-
bais, ou os escuta de Outros. Estremeço se marcada pelo:
dizem bem. Tal página de Fialho, tal página de
Chateaubriand, fazem formigar toda a minha A) predomínio dos estigmas de classe e de raça
vida em todas as veias, fazem-me raivar tremu- sobre a intimidade da convivência.
lamente quieto de um prazer inatingível que B) discurso da manutenção de uma ética do-
estou tendo. Tal página, até, de Vieira, na sua méstica contra a Subversão dos valores
fria perfeição de engenharia sintáctica, me faz C) desejo de superação do passado de escas-
tremer como um ramo ao vento, num delírio sez em prol do presente de abastança.
passivo de coisa movida. D) sentimento de insubordinação à autoridade
representada pela matriarca da família.
(PESSOA, F. O livro do desassossego E) rancor com a ingratidão e a hipocrisia gera-
São Paulo Brasiliense, 1986) das pelas mudanças nas regras da casa.
A linguagem cumpre diferentes funções no pro-
cesso de comunicação. A função que predomi-
Questão 351 (2017.1)
na nos textos I e II:
Zé Araújo começou a cantar num tom triste,
dizendo aos Curiosos que começaram a chegar
A) destaca o “como” se elabora a mensagem,
que uma mulher tinha se ajoelhado aos pés da
Considerando-se a seleção, Combinação e so-
santa Cruz e jurado em nome de Jesus um
noridade do texto.
grande amor, mas jurou e não cumpriu, Fingiu e
B) Coloca o foco no “com o quê” se constrói a
me enganou, pra mim você mentiu, pra Deus
mensagem, sendo o código utilizado o seu pró-
você pecou, o coração tem razões que a própria
prio objeto.
razão desconhece, faz promessas e juras, de-
C) focaliza o “quem” produz a mensagem, mos-
pois esquece.
trando seu posicionamento e suas impressões
pessoais. O Caboclo estava triste e inspirado. Depois
D) O orienta-se no “para quem” se dirige a men- dessa canção que arrepiou os cabelos da Neu-
sagem, estimulando a mudança de seu compor- sa, emendou com uma Valsa mais arretada
tamento. ainda, cheia de palavras difíceis, mas bonita
E) enfatiza sobre “o quê” versa a mensagem, que só a gota serena. Era a história de uma
apresentada com palavras precisas e objetivas. boneca encantadora vista numa vitrine de cristal
sobre o soberbo pedestal. Zé Araújo fechava os
olhos e soltava a voz:
Questão 350 (2017.1)
A lavadeira começou a viver como uma serviçal Seus cabelos tinham a cor/ do sol a irradiar/
que impõe respeito e não mais como escrava. Fulvos raios de amor/ Seus olhos eram circún-
Mas essa regalia súbita foi efêmera. Meus ir- vagos / do romantismo azul dos lagos/ Mãos
mãos, nos frequentes deslizes que adulteravam liriais, Uns braços divinais, / Um corpo alvo sem
este novo relacionamento, eram dardejados par/ E os pés muito pequenos./Enfim eu vi nesta
pelo olhar severo de Emilie; eles nunca suporta- boneca/Uma perfeita Vênus.
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No processo de criação da capa de uma revista, é parte importante não só destacar o tema principal da
edição, mas também captar a atenção do leitor. Com essa capa sobre os desastres naturais, desperta-se
o interesse do leitor ao se apresentar uma ilustração com impacto visual e uma parte verbal que agrega
ao texto um caráter:
A) fantasioso, pois se cria a expectativa de uma matéria jornalística, com a natureza protagonizando
ações espetaculares no futuro.
B) instrucional, pois se cria a expectativa da apresentação de conselhos e orientações para a precaução
contra os desastres naturais.
C) alarmista, pois se reforça a imagem da natureza como um agressor e um inimigo temido pela sua
avassaladora força de destruição.
D) místico, pois se cria uma imagem do espaço brasileiro como ameaçado por uma natureza descontro-
lada, em meio a um cenário apocalíptico.
E) intimista, pois se reforça a imagem de uma publicação organizada em torno das impressões e crenças
do leitor preocupado com os desastres naturais.
Eu não sou preguiçoso. Fui feliz nas primeiras tentativas e obriguei a fortuna a ser-me favorável nas
seguintes.
Depois da morte do Mendonça, derrubei a cerca, naturalmente, e levei-a para além do ponto em que
estava no tempo de Salustiano Padilha. Houve reclamações.
— Minhas senhoras, Seu Mendonça pintou o diabo enquanto viveu. Mas agora é isto. E quem não gos-
tar, paciência, vá à justiça. Como a justiça era cara, não foram à justiça.
E eu, o caminho aplainado, invadi a terra do Fidélis, paralítico de um braço, e a dos Gama, que pande-
gavam no Recife, estudando direito. Respeitei o engenho do Dr. Magalhães, juiz.
Violências miúdas passaram despercebidas. As questões mais sérias foram ganhas no foro, graças às
chicanas de João Nogueira.
Efetuei transações arriscadas, endividei-me, importei maquinismos e não prestei atenção aos que me
censuravam por querer abarcar o mundo com as pernas. Iniciei a pomicultura e a avicultura. Para levar
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os meus produtos ao mercado, comecei uma estrada de rodagem. Azevedo Gondim compôs sobre ela
dois artigos, chamou-me patriota, citou Ford e Delmiro Gouveia. Costa Brito também publicou uma nota
na Gazeta, elogiando-me e elogiando o chefe político local. Em consequência mordeu-me cem mil réis.
(RAMOS, G. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 1990)
O trecho, de São Bernardo, apresenta um relato de Paulo Honório, narrador-personagem, sobre a ex-
pansão de suas terras. De acordo com esse relato, o processo de prosperidade que o beneficiou eviden-
cia que ele:
A) revela-se um empreendedor capitalista pragmático que busca o êxito em suas realizações a qualquer
custo, ignorando princípios éticos e valores humanitários.
B) procura adequar sua atividade produtiva e função de empresário às regras do Estado democrático de
direito, ajustando o interesse pessoal ao bem da sociedade.
C) relata aos seus interlocutores fatos que lhe ocorreram em um passado distante, e enumera ações que
põem em evidência as suas muitas virtudes de homem do campo.
D) demonstra ser um homem honrado, patriota e audacioso, atributos ressaltados pela realização de
ações que se ajustam ao princípio de que os fins justificam os meios.
E) amplia o seu patrimônio graças ao esforço pessoal, contando com a sorte e a capacidade de iniciati-
va, sendo um exemplo de empreendedor com responsabilidade social.
Embora os festejos juninos sejam uma herança da colonização portuguesa no Brasil, grande parte das
tradições da quadrilha tem origem francesa. E muita gente dança sem saber.
As influências estrangeiras são muitas nas festas dos três santos do mês de junho (Santo Antônio, no
dia 13, e São Pedro, no dia 29, completam o grupo). O “changê de damas” nada mais é do que a troca
de damas na dança, do francês “changer”. O “alavantú”, quando os casais se aproximam e se cumpri-
mentam, também é francês, e vem de “en avant tous”. Assim também acontece com o “balancê”, que
também vem de bailar em francês.
Ao discorrer sobre a festa de São João e a quadrilha como manifestações da cultura corporal, o texto
privilegia a descrição de:
No texto, Carlota Cafiero expõe a concepção elaborada por Etienne Decroux, que desafia o ator a esta-
belecer uma comunicação com o público sem as expressões convencionais, por meio da:
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(PEIXOTO, J. Livro. São Paulo: Cia. das Letras, 12) É preciso chegar a qualquer coisa com uma
indiferença tal que você não tenha nenhuma
No texto, observa-se o uso característico do emoção estética. A escolha do ready-made é
português de Portugal, marcadamente diferente sempre baseada na indiferença visual e, ao
do uso do português do Brasil. O trecho que mesmo tempo, numa ausência total de bom ou
confirma essa afirmação é: mau gosto.
A) “Pela primeira vez na vida teve pena de ha- (CABANNE, P. Marcel Duchamp:
ver tantos assuntos no mundo que não compre- engenheiro do tempo perdido. São Paulo:
endia e esmoreceu.” Perspectiva, 1987 - adaptado)
B) “Os assuntos que não compreendia eram
uma espécie de tontura, mas o Ilídio era forte.” Relacionando o texto e a imagem da obra, en-
C) “Essa certeza dava-lhe forças para protestar tende-se que o artista Marcel Duchamp, ao criar
mais, para gritar até, se lhe apetecesse.” os ready-mades, inaugurou um modo de fazer
D) “Se calhar estava a falar de tratar da cabra: arte que consiste em:
nunca esqueças de tratar da cabra.”
A) designar ao artista de vanguarda a tarefa de
E) “O Ilídio não gostava que a mãe o mandasse
ser o artífice da arte do século XX.
tratar da cabra.”
B) considerar a forma dos objetos como ele-
mento essencial da obra de arte.
Questão 361 (2017.2) C) revitalizar de maneira radical o conceito clás-
sico do belo na arte.
TEXTO I D) criticar os princípios que determinam o que é
uma obra de arte.
E) atribuir aos objetos industriais o status de
obra de arte.
Ao ser questionado sobre seu processo de cria- A) medida necessária de intervenção terapêuti-
ção de ready mades, Marcel Duchamp afirmou: ca.
— Isto dependia do objeto; em geral, era preci- B) forma de punição indireta aos hábitos desre-
so tomar cuidado com o seu look. É muito difícil grados.
escolher um objeto porque depois de quinze C) compensação para as desgraças dos indiví-
dias você começa a gostar dele ou a detestá-lo. duos.
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Essa escultura foi produzida durante o período D) busca uma composição reduzida e seus
da ditadura stalinista, na ex-União Soviética, e elementos primários de forma.
representa o(a): E) explora a sobreposição de planos geométri-
cos e fragmentos de objetos.
A) luta do proletariado soviético para sua eman-
cipação do sistema vigente.
B) trabalhador soviético retratado de acordo Questão 370 (2017.2)
com a realidade do período.
C) exaltação idealizada da capacidade de traba- Sou um homem comum
lho do povo soviético. brasileiro, maior, casado, reservista,
D) união de operários e camponeses soviéticos e não vejo na vida, amigo
pela volta do regime czarista. nenhum sentido, senão
E) sofrimento de trabalhadores soviéticos pela lutarmos juntos por um mundo melhor.
opressão do regime stalinista. Poeta fui de rápido destino
Mas a poesia é rara e não comove
nem move o pau de arara.
Questão 369 (2017.2) Quero, por isso, falar com você
de homem para homem,
apoiar-me em você
oferecer-lhe meu braço
que o tempo é pouco
e o latifúndio está aí matando
[...]
Homem comum, igual
a você,
[...]
Mas somos muitos milhões de homens
comuns
e podemos formar uma muralha
com nossos corpos de sonhos e margaridas.
(FERREIRA GULLAR. Dentro da noite veloz. Rio de
Janeiro: José Olympio, 2013 - fragmento)
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Mário Quintana ficou conhecido por seus "quin- Questão 373 (2017.3)
tanares", nome que o poeta Manuel Bandeira Yeda Pessoa de Castro] — Durante três sécu-
deu a esses quartetos com pequenas observa- los, a maior parte dos habitantes do Brasil fala-
ções sobre a vida. Nessa perspectiva, os versos va línguas africanas, sobretudo línguas angola-
do poema Da humana condição ressaltam: nas, e as falas dessas regiões prevaleceram
sobre o português. Antes se ignorava essa par-
A) a desvalorização da cultura popular. ticipação, se dizia que o português do Brasil
B) a falta de sentido da existência humana. ficou assim falado devido ao isolamento, à pre-
C) a irreverência diante das crenças do povo. dominância cultural e literária do português de
D) uma visão irônica das diferenças de classe. Portugal sobre os falantes negros africanos
E) um olhar objetivo sobre as diferenças sociais. analfabetos. Eles realmente não sabiam ler ou
escrever português, mas essas teorias eram
baseadas em fatores extralinguísticos. Eu intro-
Questão 372 (2017.3) duzi nessa discussão a prevalência e a partici-
pação dos falantes africanos, sobretudo das
TEXTO I línguas níger-congo, que são cerca de 1 530
línguas. As mais faladas no Brasil foram as do
Golfo do Benim e da região banto, sobretudo do
Congo e de Angola.
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Essa é uma forma de as pessoas passarem por aqui e olharem duas vezes para aquilo que a sujeira
esconde. E que, na verdade, elas não veem porque não querem”, diz.
(SIMÕES, L. Disponível em: www.otempo.com.br. Acesso em: 3 fev. 2015 - adaptado)
A arte pode representar padrões de beleza ou ter o propósito de questioná-los, permitindo que a socie-
dade reveja valores e preconceitos. O artista Drin Cortes utiliza da técnica do grafite reverso com o obje-
tivo de:
A) ressaltar o descaso do poder público com a limpeza. D) destacar a poética dos espaços públicos.
B) evidenciar a humanidade dos usuários de drogas. E) debater o perigo da poluição.
C) apresentar a estética da paisagem urbana.
(CARAVAGGIO, M. M. Judite e Holoferne. Óleo sobre tela, 144 x 195 cm, Galeria Nacional de Arte Antiga, Roma,
1958. Disponível em: www.wga.hu. Acesso em: 31 jul. 2012)
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A exploração dos contrastes entre o claro e o escuro é própria da arte barroca, como é o caso da obra
Judite e Holoferne. O tratamento de luminosidade empregado por Caravaggio nessa obra:
A) cria uma atmosfera de sonho e imaginação, por deixar algumas regiões do quadro na obscuridade.
B) oculta os corpos na penumbra, eliminando do quadro qualquer traço de sensualidade.
C) produz um envolvimento místico e distanciado da experiência cotidiana.
D) enfatiza o drama e o conflito, conjugando realismo e artificialidade.
E) recorta as figuras contra o fundo escuro, negando a profundidade.
MEIRELLES, V. Batalha dos Guararapes. Óleo sobre tela, 494,5 x 923 cm. 1879.
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
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A) amalgamada pelo processo comum de de- trão vinha? Vinha o encarregado do serviço?
sertificação e de solidão. Calavam o bico, aplicavam-se ao trabalho. Mal
B) fortalecida pela adversidade extensiva à terra viravam as costas, voltavam e taramelar. As
e seres vivos. mãos não paravam, as línguas não paravam.
C) redimensionada pela intensidade da luz e da Nessas conversas intermináveis, de linguagem
exuberância local. solta e assuntos crus, Leniza se completou.
D) imersa num drama existencial de identidade Isabela, Afonsina, Idália, Jurete, Deolinda —
e de origem. foram mestras. O mundo acabou de se desven-
E) imobilizada pela escassez e pela opressão dar. Leniza perdeu o tom ingênuo que ainda
do ambiente. podia ter. Ganhou um jogar de corpo que convi-
da, um quebrar de olhos que promete tudo, à
toa, gratuitamente. Modificou-se o timbre de sua
Questão 381 (2018.1) voz. Ficou mais quente. A própria inteligência se
Vó Clarissa deixou cair os talheres no prato, transformou. Tornou-se mais aguda, mais trepi-
fazendo a porcelana estalar. Joaquim, meu pri- dante.
mo, continuava com o queixo suspenso, baten-
(REBELO,M. A estrela sobe.
do com o garfo nos lábios, esperando a respos- Rio de Janeiro: José Olympio, 2009)
ta. Beatriz ecoou a palavra como pergunta, "o
que é lésbica?". Eu fiquei muda. Joaquim sabia
sobre mim e me entregaria para a vó e, mais O romance, de 1939, traz à cena tipos e situa-
tarde, para toda a família. Senti um calor letal ções que espelham o Rio de Janeiro daquela
subir pelo meu pescoço e me doer atrás das década. No fragmento, o narrador delineia esse
orelhas. Previ a cena: vó, a senhora é lésbica? contexto centrado no:
Porque a Joana é. A vergonha estava na minha
cara e me denunciava antes mesmo da delação. A) julgamento da mulher fora do espaço domés-
Apertei os olhos e contraí o peito, esperando o tico.
tiro. [...] B) relato sobre as condições de trabalho do
Estado Novo.
[...] Pensei na naturalidade com que Taís e eu C) destaque a grupos populares na condição de
levávamos a nossa história. Pensei na minha protagonistas.
insegurança de contar isso à minha família, D) processo de inclusão do palavrão nos hábi-
pensei em todos os colegas e professores que tos de linguagem.
já sabiam, fechei os olhos e vi a boca da minha E) vínculo entre as transformações urbanas e os
vó e a boca da tia Carolina se tocando, apesar papéis femininos.
de todos os impedimentos. Eu quis saber mais,
eu quis saber tudo, mas não consegui pergun-
tar. Questão 383 (2018.1)
(POLESSO, N. B. Vó, a senhora é lésbica? Amora. Eu sobrevivi do nada, do nada
Porto Alegre. Não Editora. 2015 - fragmento) Eu não existia
Não tinha uma existência
A situação narrada revela uma tensão funda- Não tinha uma matéria
mentada na perspectiva do: Comecei existir com quinhentos milhões
e quinhentos mil anos
A) conflito com os interesses de poder. Logo de uma vez, já velha
B) silêncio em nome do equilíbrio familiar. Eu não nasci criança, nasci já velha
C) medo instaurado pelas ameaças de punição. Depois é que eu virei criança
D) choque imposto pela distância entre as gera- E agora continuei velha
ções. Me transformei novamente numa velha
E) apego aos protocolos de conduta segundo os Voltei ao que eu era, uma velha
gêneros.
(PATROCÍNIO, S. In; MOSÉ, V, (Org.).
Reino dos bichos e dos animais é meu nome.
Rio de Janeiro: Azougue, 2009)
Questão 382 (2018.1)
O trabalho não era penoso: colar rótulos, meter
vidros em caixas, etiquetá-las, selá-las, envolvê- Nesse poema de Stela do Patrocínio. a singula-
las em papel celofane, branco, verde, azul, con- ridade fie expressão lírica manifesta-se na:
forme o produto, separá-las em dúzias… Era
fastidioso. Para passar mais rapidamente às A) representação da infância, redimensionada
oito horas havia o remédio: conversar. Era proi- resgate da memória.
bido, mas quem ia atrás de proibições? O pa- B) associação de imagens desconexas, articu-
ladas por uma fala delirante.
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TEXTO I
Também chamados impressões ou imagens
fotogramáticas [...I, os fotogramas são, numa
definição genérica, imagens realizadas sem a
utilização da câmera fotográfica, por contato
direto de um objeto ou material com uma super-
fície fotossensível exposta a uma fonte de luz.
Essa técnica, que nasceu junto com a fotografia
e serviu de modelo a muitas discussões sobre a
ontologia da imagem fotográfica, foi profunda-
mente transformada pelos artistas da vanguar-
da, nas primeiras décadas do século XX. Re-
presentou mesmo, ao lado das colagens, foto-
montagens e outros procedimentos técnicos. a
incorporação definitiva da fotografia à arte mo-
derna e seu distanciamento da representação
figurativa.
(COLUCCI, M. B. Impressões fotogramáticas
e vanguardas: as experiências de
Man Ray. Studium, n 2, 2000)
TEXTO II
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D) importância da correlação entre ações e efei- As duas imagens são produções que têm a
tos causados. cerâmica como matéria-prima. A obra Estrutura
E) valorização da sensibilidade como caracterís- vertical dupla se distingue da urna funerária
tica de gênero. marajoara ao:
A Casa de Vidro
Houve protestos.
Deram uma bola a cada criança e tempo para
brincar. Elas aprenderam malabarismos incrí-
veis e algumas viajavam pelo mundo exibindo
sua alegre habilidade. (O problema é que mui-
tos, a maioria, não tinham jeito e eram feios de
noite, assustadores. Seria melhor prender essa
gente – havia quem dissesse.)
Houve protestos.
Aumentaram o preço da carne, liberaram os
preços dos cereais e abriram crédito a juros
baixos para o agricultor. O dinheiro que sobras-
Urna cerimonial marajoara. Cerâmica. 1400 a se, bem, digamos, ora o dinheiro que sobrasse!
400 a.C. 81 cm. Museu Nacional do Houve protestos.
Rio de Janeiro. Diminuíram os salários (infelizmente aumentou
(Disponível em: www.museunacional.ufrj.br. o número de assaltos) porque precisamos com-
Acesso em: 11 dez. 2017) bater a inflação e, como se sabe, quando os
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de nacional, entende-se que a diversidade lin- C) uma crítica à própria identidade antes da
guística é resultado da: inclusão digital.
D) o gosto pela ilusão em telenovelas transmiti-
A) imposição da língua do colonizador sobre as das na TV.
línguas indígenas. E) o desejo de possuir um aparelho importado.
B) interação entre os falantes de línguas e cultu-
ras diferentes.
C) sobreposição das línguas europeias sobre as Questão 395 (2018.2)
africanas e indígenas.
Quantos há que os telhados têm vidrosos
D) heterogeneidade da língua trazida pelo colo-
E deixam de atirar sua pedrada,
nizador.
De sua mesma telha receiosos.
E) preservação dos sotaques característicos
Adeus, praia, adeus, ribeira,
dos imigrantes.
De regatões tabaquista,
Que vende gato por lebre
Querendo enganar a vista.
Questão 394 (2018.2) Nenhum modo de desculpa
Tendes, que valer-vos possa:
Para que serve a tecnologia Que se o cão entra na igreja,
É porque acha aberta a porta.
Computador
“Com os computadores e a internet, mudei (GUERRA, G. M. In: LIMA, R. T. Abecê de folclore.
muito. A Lian de hoje é totalmente diferente São Paulo: Martins Fontes, 2003 - fragmento)
daquela de antes da informática. Me abriu por- Ao organizar as informações, no processo de
tas e, além de tudo, fui aceita por pessoas que construção do texto, o autor estabelece sua
achava que não iriam me aceitar. Com a inter- intenção comunicativa. Nesse poema, Gregório
net, viajei o mundo. Fui até Portugal e à África. de Matos explora os ditados populares com o
Eu nem sabia que lá a realidade era tão forte. objetivo de:
Perto deles, estamos até muito bem.” – Tânia
“Lian” Silva, 26, índia pankararu. A) enumerar atitudes.
B) descrever costumes.
TV C) demonstrar sabedoria.
“Eu gosto muito de televisão. Assisto às D) recomendar precaução.
novelas, me divirto muito. Mas, ao mesmo tem- E) criticar comportamentos.
po, sei que aquilo tudo que passa lá não é ver-
dade. É tudo uma ilusão.” – Valentina Maria
Vieira dos Santos, 89, índia fulni-ô da aldeia Xixi Questão 396 (2018.2)
a cla. O tradicional ornato para cabelos, a tiara ou
diadema, já foi uma exclusividade feminina. Na
MP3 Player origem, tanto “tiara” quanto “diadema” eram
“Cuido do meu tocador de MP3 como se palavras de bom berço. “Tiara” nomeava o
fosse um tesouro. É um pen drive simples, mas adorno que era o signo de poder entre os pode-
é muito especial para mim. Nele ouço músicas rosos da Pérsia antiga e povos como os frísios,
indígenas e bandas da própria aldeia. Ele vive os bizantinos e os etíopes. A palavra foi incorpo-
emprestado porque acaba sendo a diversão da rada do Oriente pela Grécia e chegou até nós
aldeia inteira. Uso até para exibir uns vídeos por via latina, para quem queria referir-se à mi-
que baixo da internet. Basta colocar no aparelho tra usada pelos persas. Diadema era a faixa ou
de DVD com entrada USB que tenho.” – Jailton tira de linho fino colocado na cabeça pelos anti-
Pankararu, 23, índio pankararu. gos latinos, herança do derivado grego para
diádo (atar em volta, segundo o Houaiss). No
(Disponível em: www2.uol.com.br. Brasil, a forma de arco ou de laço das tiaras e
Acesso em: 1 ago. 2012) alguns usos específicos (o nordestino “gigolete”
faz alusão ao ornato usado por cafetinas, ver-
Os depoimentos apresentados no texto retratam sões femininas do “gigolô”) produziram novos
o modo como diferentes gerações indígenas sinônimos regionais do objeto.
relatam suas experiências com os artefatos
(Os sinônimos da tiara. Língua Portuguesa,
tecnológicos. Os comentários revelam:
n. 23, 2007 - adaptado)
A) uma preferência pela possibilidade de uso do No texto, relata-se que o nome de um enfeite
computador. para cabelo assumiu diferentes denominações
B) um elogio à utilidade da tecnologia no cotidi- ao longo da história. Essa variação justifica-se
ano indígena. pelo(a):
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A) distanciamento de sentidos mais antigos. — Pois sim senhor. Quando V. Exª. vier aqui
B) registro de fatos históricos ocorridos em uma outra vez, encontrará essa gente aprendendo
dada época. cartilha.
C) associação a questões religiosas específicas
de uma sociedade. (RAMOS, G. São Bernardo.
Rio de Janeiro: Record, 1991)
D) tempo de uso em uma comunidade linguísti-
ca.
O fragmento do romance de Graciliano Ramos
E) utilização do objeto por um grupo social.
dialoga com o contexto da Primeira República
no Brasil, ao focalizar o(a):
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queles suscitados pelo advento da escrita e da A técnica artística utilizada para a produção
“revolução do impresso”. Decerto porque as desses revestimentos advém das
mudanças no padrão tecnológico de comunica-
ção alteram práticas e representações culturais. A) confluências de diferentes saberes do Orien-
Contudo, os investigadores insistem que uma te Médio e da Europa.
perspectiva evolutiva e progressiva acaba por B) adequações para aproveitamento da mão de
obscurecer o fato de que as normas, as funções obra local.
e os usos da cultura letrada não são comparti- C) inovações decorrentes da Revolução Indus-
lhados de maneira igual, como também não trial.
anulam as formas precedentes. D) influências das culturas francesa e holande-
sa.
Apesar dos avanços, a história da leitura não E) descobertas de recursos naturais na Colônia.
pode restringir seu interesse ao livro, tendo de
considerar outras formas de impresso de ampla
circulação e suportes de textos não impressos. Questão 402 (2018.2)
Isso é particularmente relevante no Brasil, onde Ocorre que a grande obra nunca é apenas a
a imprensa aportou tardiamente e o letramento tradução do engenho e arte do seu autor, seja
custou a se espalhar pela sociedade. este escritor, filósofo, cientista, pintor, músico,
arquiteto, escultor, cineasta. Em geral, a grande
(SCHAPOCHNIK, N. Cultura letrada: objetos e práti- obra é também, ou mesmo principalmente, a
cas – uma introdução. In: ABREU, M.; SCHAPOCH- expressão do clima sociocultural, intelectual,
NIK, N. (Org.). Cultura letrada no Brasil: objetos e científico, filosófico e artístico da época, confor-
práticas. Campinas: Mercado das Letras, 2005) me se expressa em alguma coletividade, grupo
social, etnia, gênero ou povo.
Nesse texto, ao abordar o desenvolvimento da
cultura letrada no país, o autor defende a ideia (IANNI, O. Variações sobre arte e ciência.
Tempo Social, n. 1, jun. 2004)
de que:
O fragmento define o que é uma grande obra de
A) livros eletrônicos revolucionam ações de
arte. Como estratégia de construção do texto, o
letramento.
autor faz uso recorrente de:
B) veículos midiáticos interferem na formação
de leitores.
A) enumerações para sustentar o ponto de vista
C) tecnologias de leitura novas desconsideram
apresentado.
as anteriores.
B) repetições para retificar as características do
D) aparatos tecnológicos prejudicam hábitos
objeto descrito.
culturais.
C) generalizações para sintetizar as ideias ex-
E) práticas distintas constroem a história da
postas.
leitura.
D) adjetivações para descrever a obra caracteri-
zada.
E) sinonímias para retomar as características da
Questão 401 (2018.2) atividade autoral.
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a mulher com quem eu tinha me casado. Depois B) reside na eventualidade do acaso a condição
de meia hora eles voltaram se abanando, e do indivíduo.
escorria suor pelo colo de Matilde decote abai- C) ocorre uma inversão de papéis entre o dono
xo. Bravô, eu gritei, bravô, e ainda os estimulei e seu cão.
a dançar o próximo tango, mas Dubosc disse D) se instaura um ambiente de caos no mosaico
que já era tarde, e que eu tinha um ar fatigado. urbano.
E) se atribui aos rejeitos uma valorização impre-
(CHICO BUARQUE. Leite derramado. vista.
São Paulo: Cia. das Letras, 2009)
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A letra da canção apresenta o frevo como uma Cheguei a acreditar na independência... Mas foi
expressão da cultura corporal que pode ser uma tragédia! Começaram a me tratar de malu-
reconhecida por meio da descrição de: co. A me olhar de esguelha. A não me receber
mais. As crianças choravam em casa. Tenho
A) diversos ritmos. três filhos. No jornal também não pagavam,
B) diferentes passos. devido à crise. Precisei viver de bicos. Ah! Re-
C) distintos adereços. neguei tudo. Arranjei aquele instrumento (Mos-
D) vários personagens. tra a faca) e fiquei passadista.
E) uso de instrumentos.
(ANDRADE, O. O rei da vela.
São Paulo: Globo, 2003)
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C) importância dos fatos relacionados à história Com apuro formal, o poema tece um conjunto
dos subúrbios. semântico que metaforiza a atitude feminina de:
D) diversidade dos tipos humanos identificados
por seus hábitos. A) tenacidade transformada em brandura.
E) experiência do cotidiano marcado pelas ne- B) obstinação traduzida em isolamento.
cessidades e urgências. C) inércia provocada pelo desejo platônico.
D) irreverência cultivada de forma cautelosa.
E) desconfiança consumada pela intolerância.
Questão 419 (2019.1)
Com o enredo que homenageou o centenário do
Rei do Baião, Luiz Gonzaga, a Unidos da Tijuca Questão 421 (2019.1)
foi coroada no Carnaval 2012.
TEXTO I
A penúltima escola a entrar na Sapucaí, na se- Estratos
gunda noite de desfiles, mergulhou no universo
do cantor e compositor brasileiro e trouxe a Na passagem de uma língua para outra, algo
cultura nordestina com criatividade para a Ave- sempre permanece, mesmo que não haja nin-
nida, com o enredo O dia em que toda a realeza guém para se lembrar desse algo. Pois um idi-
desembarcou na Avenida para coroar o Rei Luiz oma retém em si mais memórias que os seus
do Sertão. falantes e, como uma chapa mineral marcada
por camadas de uma história mais antiga do
(Disponível em: www.cultura.rj.gov.br. que aquela dos seres viventes, inevitavelmente
Acesso em: 15 maio 2012 - adaptado) carrega em si a impressão das eras pelas quais
passou. Se as “línguas são arquivos da histó-
A notícia relata um evento cultural que marca a: ria”, elas carecem de livros de registro e catálo-
gos. Aquilo que contêm pode apenas ser con-
A) primazia do samba sobre a música nordesti- sultado em parte, fornecendo ao pesquisador
na. menos os elementos de uma biografia do que
B) inter-relação entre dois gêneros musicais um estudo geológico de uma sedimentação
brasileiros. realizada em um período sem começo ou sem
C) valorização das origens oligárquicas da cultu- fim definido.
ra nordestina.
D) proposta de resgate de antigos gêneros mu- (HELLER-ROAZEN, D. Ecolalias: sobre o esqueci-
sicais brasileiros. mento das línguas. Campinas: Unicamp, 2010)
E) criatividade em compor um samba-enredo
em homenagem a uma pessoa. TEXTO II
Na reflexão gramatical dos séculos XVI e XVII, a
Questão 420 (2019.1) influência árabe aparece pontualmente, e se
reveste sobretudo de item bélico fundamental
Uma ouriça na atribuição de rudeza aos idiomas português
e castelhano por seus respectivos detratores.
Se o de longe esboça lhe chegar perto, Parecer com o árabe, assim, é uma acusação
se fecha (convexo integral de esfera), de dessemelhança com o latim.
se eriça (bélica e multiespinhenta):
e, esfera e espinho, se ouriça à espera. (SOUZA, M. P. Linguística histórica.
Mas não passiva (como ouriço na loca); Campinas: Unicamp, 2006)
nem só defensiva (como se eriça o gato);
sim agressiva (como jamais o ouriço), Relacionando-se as ideias dos textos a respeito
do agressivo capaz de bote, de salto da história e memória das línguas, quanto à
(não do salto para trás, como o gato): formação da língua portuguesa, constata-se
daquele capaz de salto para o assalto. que:
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D) o árabe e o latim estão na formação escolar — Mamãe, o que é desquitada? — atirou rápida
e na memória dos falantes brasileiros. com uma voz sem timbre. Tudo ficou suspenso,
E) a influência de outras línguas no português se alguém gritasse o mundo acabava ou Deus
ocorreu de maneira uniforme ao longo da histó- aparecia — sentia Ana Lúcia. Era muito forte
ria. aquele instante, forte demais para uma menina,
a mãe parada com a tesoura no ar, tudo sem
solução podendo desabar a qualquer pensa-
Questão 422 (2019.1) mento, a máquina avançando desgovernada
sobre o vestido de seda brilhante espalhando
luz luz luz.
(ÂNGELO, I. Menina. In: A face horrível.
São Paulo: Lazuli, 2017)
Escrita na década de 1960, a narrativa põe em
evidência uma dramaticidade centrada na:
A) insinuação da lacuna familiar gerada pela
ausência da figura paterna.
B) associação entre a angústia da menina e a
reação intempestiva da mãe.
C) relação conflituosa entre o trabalho domésti-
co e a emancipação feminina.
D) representação de estigmas sociais modula-
dos pela perspectiva da criança.
PICASSO, P. Cabeça de touro. Bronze, E) expressão de dúvidas existenciais intensifi-
33,5 cm x 43,5 cm x 19 cm cadas pela percepção do abandono.
Musée Picasso, Paris. França, 1945.
(JANSON, H. W. Iniciação à história da arte.
São Paulo: Martins Fontes, 1988) Questão 424 (2019.1)
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aluna do colégio, que arranja um emprego para B) o tipo de escrita usado pelo soldado era des-
o rapaz. Está acabada a história. É preciso não prestigiado no século XIX.
esquecer que Frederico é moço pobre, isto é, o C) os fenômenos de mudança da língua portu-
pai tem dinheiro, fazenda ou engenho, mas não guesa são historicamente previsíveis.
pode dar uma mesada grande. D) as formas variantes do português brasileiro
atual já figuravam no português antigo escrito.
Está aí o grande drama de amor em nossas E) as origens da norma-padrão do português
letras, e o tema de seu ciclo literário. brasileiro podem ser observadas em textos anti-
gos.
(BARRETO, L. Vida e morte de MJ Gonzaga de Sá.
Disponível em: www.brasiliana.usp.br.
Acesso em: 10 ago. 2017)
Questão 435 (2019.2)
Situado num momento de transição, Lima Barre-
Biografia de Pasárgada
to produziu uma literatura renovadora em diver-
sos aspectos. No fragmento, esse viés se fun- Quando eu tinha meus 15 anos e traduzia na
damenta na: classe de grego do D. Pedro II a Ciropédia fiquei
encantado com o nome dessa cidadezinha fun-
A) releitura da importância do regionalismo. dada por Ciro, o Antigo, nas montanhas do sul
B) ironia ao folhetim da tradição romântica. da Pérsia, para lá passar os verões. A minha
C) desconstrução da formalidade parnasiana. imaginação de adolescente começou a traba-
D) quebra da padronização do gênero narrativo. lhar, e vi Pasárgada e vivi durante alguns anos
E) rejeição à classificação dos estilos de época. em Pasárgada.
Mais de vinte anos depois, num momento de
profundo desânimo, saltou-me do subconsciente
Questão 434 (2019.2)
este grito de evasão: “Vou-me embora pra Pa-
A expansão do português no Brasil, as varia-
sárgada!” Imediatamente senti que era a célula
ções regionais com suas possíveis explicações
de um poema. Peguei do lápis e do papel, mas
e as raízes das inovações da linguagem estão
o poema não veio. Não pensei mais nisso. Uns
emergindo por meio do trabalho de linguistas
cinco anos mais tarde, o mesmo grito de evasão
que estão desenterrando as raízes do português
nas mesmas circunstâncias. Desta vez, o poe-
brasileiro ao examinar cartas pessoais e admi-
ma saiu quase ao correr da pena. Se há belezas
nistrativas, testamentos, relatos de viagens,
em “Vou-me embora pra Pasárgada!”, elas não
processos judiciais, cartas de leitores e anún-
passam de acidentes. Não construí o poema,
cios de jornais desde o século XVI, coletados
ele construiu-se em mim, nos recessos do sub-
em instituições como a Biblioteca Nacional e o
consciente, utilizando as reminiscências da in-
Arquivo Público do Estado de São Paulo. No
fância — as histórias que Rosa, minha ama-
acervo de documentos que servem para estu-
seca mulata, me contava, o sonho jamais reali-
dos sobre o português paulista está uma carta
zado de uma bicicleta etc.
de 1807, escrita pelo soldado Manoel Coelho,
que teria seduzido a filha de um fazendeiro. (BANDEIRA, M. Itinerário de Pasárgada.
Quando soube, o pai da moça, enfurecido, for- São Paulo: Global, 2012)
çou o rapaz a se casar com ela. O soldado,
porém, bateu o pé: “Nem por bem, nem por O texto é um depoimento de Manuel Bandeira a
mar!”, não se casaria. Um linguista pesquisador respeito da criação de um de seus poemas mais
estranhou a citação, já que o fato se passava na conhecidos. De acordo com esse depoimento, o
Vila de São Paulo, mas depois percebeu: “Ele fazer poético em “Vou-me embora pra Pasárga-
quis dizer ‘nem por bem, nem por mal!’. O sol- da!”:
dado escrevia como falava. Não se sabe se
casou com a filha do fazendeiro, mas deixou A) acontece de maneira progressiva, natural e
uma prova valiosa de como se falava no início pouco intencional.
do século XIX.” B) decorre de uma inspiração fulminante, num
momento de extrema emoção.
(FIORAVANTI, C. Ora pois, uma língua bem brasilei- C) ratifica as informações do senso comum de
ra. Pesquisa Fapesp, n. 230, abr. 2015 - adaptado) que Pasárgada é a representação de um lugar
utópico.
O fato relatado evidencia que fenômenos pre- D) resulta das mais fortes lembranças da juven-
sentes na fala podem aparecer em textos escri- tude do poeta e de seu envolvimento com a
tos. Além disso, sugere que: literatura grega.
E) remete a um tempo da vida de Manuel Ban-
A) os diferentes falares do português provêm de deira marcado por desigualdades sociais e eco-
textos escritos. nômicas.
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A função sociocomunicativa desse texto é: E agora Maria Alice voltava outra vez ao Institu-
to. E ao grande amigo que lá conhecera. [...].
A) ilustrar como uma famosa figura dos EUA foi Lembrava-se da ternura daquela voz, da beleza
criada para incentivar jovens a se alistar no daquela voz. De como se adivinhavam entre
exército. dezenas de outros e suas mãos se encontra-
B) explicar como é feita a publicidade na forma vam. De como as palavras de amor tinham ir-
de anúncios para venda de carros, bebidas ou rompido e suas bocas se encontrado... De como
roupas. um dia seus pais haviam surgido inesperada-
C) convencer o público sobre a importância do mente no Instituto e a haviam levado à sala do
consumo. diretor e se haviam queixado da falta de vigilân-
D) esclarecer dois conceitos usados no senso cia e moralidade no estabelecimento. E de co-
comum. mo, no momento em que a retiravam e quando
E) divulgar atividades associadas à dissemina- ela disse que pretendia se despedir de um ami-
ção de ideias. go pelo qual tinha grande afeição e com quem
se queria casar, o pai exclamara, horrorizado:
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A) percepção das cores como metáfora da dis- o velho amigo de seu pai o dissuadisse de re-
criminação racial. questar a moça, não pelas consequências mo-
B) privação da visão como elemento definidor rais do casamento, mas pela obrigação, que
das relações humanas. este lhe impunha, de satisfazer uma dívida de
C) contraste entre as representações do amor vinte contos de réis, quando, apesar de todos os
de diferentes gerações. seus esforços, não conseguira até então pôr de
D) prevalência das diferenças sociais sobre a parte nem o terço daquela quantia.
liberdade das relações afetivas.
E) embate entre a ingenuidade juvenil e a ma- (AZEVEDO, A. A dívida. Disponível em:
www.dominiopublico.gov.br.
nutenção de tradições familiares. Acesso em: 20 ago. 2017)
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D) o uso da descrição como meio de expressivi- Mas quem não vê que seria justo fazê-lo e que
dade. somos injustos não o fazendo? A lei pode orde-
E) o vínculo a temas comuns à Antiguidade nar essa informação ou ignorar o problema,
Clássica. conforme os casos; mas a justiça sempre man-
da fazê-lo.
Dir-se-á que seria difícil, com tais exigências, ou
Questão 444 (2019.2) pouco vantajoso, vender casas... Pode ser. Mas
Canção onde se viu a justiça ser fácil ou vantajosa? Só
o é para quem a recebe ou dela se beneficia, e
No desequilíbrio dos mares, melhor para ele; mas só é uma virtude em quem
as proas giram sozinhas… a pratica ou a faz.
Numa das naves que afundaram Devemos então renunciar nosso próprio interes-
é que certamente tu vinhas. se? Claro que não. Mas devemos submetê-lo à
Eu te esperei todos os séculos justiça, e não o contrário. Senão? Senão, con-
sem desespero e sem desgosto, tente-se com ser rico e não tente ainda por cima
e morri de infinitas mortes ser justo.
guardando sempre o mesmo rosto. (COMTE-SPONVILLE, A. Pequeno tratado das gran-
Quando as ondas te carregaram des virtudes. São Paulo: Martins Fontes, 1995)
meus olhos, entre águas e areias, No processo de convencimento do leitor, o autor
cegaram como os das estátuas, desse texto defende a ideia de que:
a tudo quanto existe alheias.
A) o interesse do outro deve se sobrepor ao
Minhas mãos pararam sobre o ar interesse pessoal.
e endureceram junto ao vento, B) a atividade comercial lucrativa é incompatível
e perderam a cor que tinham com a justiça.
e a lembrança do movimento. C) a criação de leis se pauta por princípios de
E o sorriso que eu te levava justiça.
desprendeu-se e caiu de mim: D) o impulso para a justiça é inerente ao ho-
e só talvez ele ainda viva mem.
dentro destas águas sem fim. E) a prática da justiça pressupõe o bem comum.
Questão 445 (2019.2) KOSUTH J. One and Three Chairs. Museu Rei-
Você vende uma casa, depois de ter morado na Sofia, Espanha, 1965.
nela durante anos; você a conhece necessaria- (Disponível em: www.museoreinasofia.es.
mente melhor do que qualquer comprador pos- Acesso em: 4 jun. 2018 - adaptado)
sível. Mas a justiça é, então, informar o eventual
comprador acerca de qualquer defeito, aparente A obra de Joseph Kosuth data de 1965 e se
ou não, que possa existir nela, e mesmo, embo- constitui por uma fotografia de cadeira, uma
ra a lei não obrigue a tanto, acerca de algum cadeira exposta e um quadro com o verbete
problema com a vizinhança. E, sem dúvida, nem “Cadeira”. Trata-se de um exemplo de arte con-
todos nós fazemos isso, nem sempre, nem ceitual que revela o paradoxo entre verdade e
completamente. imitação, já que a arte:
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A) não é a realidade, mas uma representação Poemas de autoria própria, três minutos, um
dela. microfone. Sem figurino, nem adereços, nem
B) fundamenta-se na repetição, construindo acompanhamento musical. O que vale é modu-
variações. lar a voz e o corpo, um trabalho artesanal de
C) não se define, pois depende da interpretação tornar a palavra “visível”, numa arena cujo obje-
do fruidor. tivo maior é o de emocionar a plateia, tirar o
D) resiste ao tempo, beneficiada por múltiplas público da passividade, seja pelo humor, horror,
formas de registro. caos, doçura e outras tantas sensações.
E) redesenha a verdade, aproximando-se das
definições lexicais. (NOVELLI. O. Poesia incorporada.
Revista Continente, n. 189. set. 2016 - adaptado)
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TEXTO II
A inspiração súbita e certeira do compositor
serve ainda de exemplo do lema antigo: nada
vem do nada. Para ninguém, nem mesmo para
Tom Jobim. Duas fontes são razoavelmente
conhecidas. A primeira é o poema O caçador de
esmeraldas, do mestre parnasiano Olavo Bilac:
“Foi em março, ao findar da chuva, quase à
entrada/ do outono, quando a terra em sede
requeimada/ bebera longamente as águas da
estação [...]”. E a outra é um ponto de macum-
ba, gravado com sucesso por J. B. Carvalho, do
Conjunto Tupi: “É pau, é pedra, é seixo miúdo,
roda a baiana por cima de tudo”. Combinar Ola-
vo Bilac e macumba já seria bom; mas o que se
vê em Águas de março vai muito além: tudo se
transforma numa outra coisa e numa outra mú-
sica, que recompõem o mundo para nós.
(HIRST, O. Motherand Child. Bezerro dividido em
(NESTROVSKI, A, O samba mais bonito do mundo. duas partes: 1029 x 1689 x 625mm, 1993(detalhe).
In: Três canções de Tom Jobim. Vidro, aço pintado, silicone, acrílico, monofilamento,
São Paulo: Cosac Naify, 2004) aço inoxidável, bezerro e solução de formaldeído)
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Curitiba, aquela do Burro Brabo, um cidadão (LENINE; PINHEIRO, P.C. Leão do Norte.
In: LENINE; SUZANO, M. Olho de peixe.
misterioso morreu nos braços da Rosicler, quem
São Paulo: Vetas. 1993 - fragmento)
foi? quem não foi? foi o reizinho do Sião; da
Ponte Preta da estação, a única ponte da cida-
de, sem rio por baixo, esta Curitiba viajo. O fragmento faz parte da canção brasileira con-
temporânea e celebra a cultura popular nordes-
tina. Nele, o artista exalta as diferentes manifes-
Curitiba sem pinheiro ou céu azul, pelo que
tações culturais pela:
Vosmecê é — província, cárcere, lar—, esta
Curitiba, e não a outra para inglês ver, com
amor eu viajo, viajo, viajo. A) valorização do teatro, música, artesanato,
literatura, dança, personagens históricos e artis-
tas populares, compondo um tecido diversifica-
(TREVISAN. D. Em busca de Curitiba perdida.
Rio de Janeiro: Record. 1992) do e enriquecedor da cultura popular como pa-
trimônio regional e nacional.
B) identificação dos lugares pernambucanos,
A tematização de Curitiba é frequente na obra
manifestações culturais, como o bumba meu
de Dalton Trevisan. No fragmento, a relação do
boi, as cirandas, os bonecos mamulengos e
narrador com o espaço urbano é caracterizada
heróis locais, fazendo com que essa canção se
por um olhar:
apresente como uma referência à cultura popu-
lar nordestina.
A) destituído de afetividade, que ironiza os cos- C) exaltação das raízes populares, como a poe-
tumes e as tradições da sociedade curitibana. sia, a literatura de cordel e o frevo, misturadas
B) marcado pela negatividade, que busca de ao erudito, como a Orquestra Armorial, com-
construir perspectivas habituais de representa- pondo um rico tecido cultural, que transforma o
ção da cidade. popular em erudito.
C) carregado de melancolia, que constata a falta D) caracterização das festas populares como
de identidade cultural diante dos impactos da identidade cultural localizada e como represen-
urbanização. tantes de uma cultura que reflete valores históri-
D) embevecido pela simplicidade do cenário, cos e sociais próprios da população local.
indiferente à descrição de elementos de reco- E) apresentação do Pastoril do Faceta, do ma-
nhecido valor histórico. racatu, do bumba meu boi e dos autos como
E) distanciado dos elementos narrados, que representação da musicalidade e do teatro po-
recorre ao ponto de vista do viajante como ex- pular religioso, bastante comum ao folclore bra-
pressão de estranhamento. sileiro.
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As reivindicações dos operários, quanto às con- D) “[...] o ator Rodrigo deverá participar de todos
dições aviltantes de trabalho a que são subme- os filmes do produtor Miguel”.
tidos, recebem algumas tentativas de neutrali- E) “A produção do filme maluco conta com o
zação dos representantes do empregador, das ótimo elenco do Porta dos Fundos [...]”.
quais a mais forte é o(a):
O primeiro filme do grupo humorístico Porta dos No poema, a singularidade da situação repre-
Fundos, conhecido por seus mais de 12 milhões sentada é efeito da correlação entre:
de assinantes no YouTube, estreou para o pú-
blico brasileiro que curte as esquetes na inter- A) a dissipação das identidades e a circulação
net. O desafio do grupo foi transformar os ví- de sujeitos anônimos.
deos curtos em um longa para o cinema, que, B) as relações familiares e a dinâmica da vida
apesar de grande investimento do elenco e dos no espaço urbano.
produtores, não empolga tanto. O enredo conta C) a constatação da incomunicabilidade e a
com a dupla Rodrigo (F. Porchat) e Miguel (G. solidão humana.
Duvivier), que, vencedores em Cannes, no auge D) o trânsito caótico e o impedimento à expres-
de suas carreiras, decidem assinar um contrato são afetiva.
vitalício em que o ator Rodrigo deverá participar E) os lugares de parentesco e o estranhamento
de todos os filmes do produtor Miguel. A produ- social.
ção do filme maluco conta com o ótimo elenco
do Porta dos Fundos: uma famosa blogueira,
um jornalista de fofoca, um agente de celebri- Questão 465 (2020.2)
dades, uma diretora de elenco radical, um dete-
tive, um ajudante e atores. O ponto forte do Indústria cultural da felicidade
filme é satirizar justamente o mundo das cele- Tornou-se perigoso o emprego da palavra felici-
bridades da internet e do cinema, ou seja, eles dade desde seu mau uso pela propaganda. Os
mesmos neste momento. que se negam a usá-la acreditam liberar os
(Disponível em: www.criticasdefilmes.com.br. demais dos desvios das falsas necessidades,
Acesso em: 12 dez. 2017 - adaptado) das bugigangas que se podem comprar em
shoppings grã-finos ou em camelôs na beira da
Nesse texto, um trecho que traz uma marca calçada, que, juntos, sustentam a indústria cul-
linguística da função avaliativa da resenha é: tural da felicidade à qual foi reduzido o que,
antes, era o ideal ético de uma vida justa. Infeli-
A) “Porta dos Fundos: contrato vitalício; Diretor: cidade poderia ser o nome próprio desse novo
Ian SBF; Tempo: 1 h 46 min; Brasil, 2016”. estado da alma humana que se perdeu de si ao
B) “O primeiro filme do grupo humorístico Porta perder-se do sentido do que está a fazer. De-
dos Fundos [...] estreou para o público brasileiro sespero é um termo ainda mais agudo quando
que curte as esquetes na internet.” se trata da perda do sentido das ações pela
C) “O enredo conta com a dupla Rodrigo (F. perda da capacidade de reflexão sobre o que se
Porchat) e Miguel (G. Duvivier) [...].” faz. A felicidade publicitária está ao alcance dos
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dedos e não promete um depois. Resulta disso Passa bonde, passa boiada
a massa de “desesperados” trafegando como Passa trator, avião
zumbis nos shoppings e nas farmácias do país Ruas e reis
em busca de alento.
Guajajaras, Tamoios, Tapuias
(TIBURI, M. Disponível em: Tupinambás, Aimorés
http://revistacult.uol.com.br. Todos no chão
Acesso em: 12 nov. 2014 - adaptado)
A cidade plantou no coração
Ao reprovar a ação da indústria da felicidade e Tantos nomes de quem morreu
um comportamento humano, o texto associa a: Horizonte perdido no meio da selva
Cresceu o arraial, arraial
A) ansiedade recorrente ao lançamento de no-
vidades no mercado. A parede das ruas não devolveu
B) visita frequente ao shopping à resolução de Os abismos que se rolou
problemas cotidianos. Horizonte perdido no meio da selva
C) atitude impensada ao atendimento de neces-
sidades emergenciais. (BORGES, L.; BORGES, M. In: NASCIMENTO, M.
D) postura consumista à crença na promessa Clube da esquina 2. Rio de Janeiro: EMI, 1978)
ilusória de anúncios publicitários.
E) vantagem econômica à venda de produtos Os textos abordam a preservação da memória e
falsificados no mercado ambulante. da identidade nacional, presente na nomeação
das ruas belorizontinas. Quais versos do Texto
II contestam o projeto arquitetônico descrito no
Texto I?
Questão 466 (2020.2)
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Poetar é simples, como dois e dois são quatro Nesse sentido, engana-se quem abre o volume
sei que a vida vale a pena etc. Difícil é não cor- Cartas provincianas: correspondência entre
rer com os versos debaixo do braço. Difícil é Gilberto Freyre e Manuel Bandeira, lançado pela
não cortar o cabelo quando a barra pesa. Difícil, Global Editora, e julga deparar-se apenas com
pra quem não é poeta, é não trair a sua poesia, um livro de cartas. A organizadora preocupou-
que, pensando bem, não é nada, se você está se em contextualizar cada uma das 68 cartas,
sempre pronto a temer tudo; menos o ridículo em um trabalho cuidadoso e pormenorizado de
de declamar versinhos sorridentes. E sair por aí, reconstituição das condições de produção de
ainda por cima sorridente mestre de cerimônias, cada uma delas, um verdadeiro resgate.
“herdeiro” da poesia dos que levaram a coisa (TIN, E. Diálogos intermitentes.
até o fim e continuam levando, graças a Deus. Pesquisa Fapesp, n. 259, set. 2017)
E fique sabendo: quem não se arrisca não pode
De acordo com o texto, o gênero carta tem as-
berrar. Citação: leve um homem e um boi ao
sumido a função social de material de cunho
matadouro. O que berrar mais na hora do perigo
científico por:
é o homem, nem que seja o boi. Adeusão.
(TORQUATO NETO. Melhores poemas de A) constituir-se em um registro pessoal do estilo
Torquato Neto. São Paulo: Global, 2018) de escrita de autores famosos.
B) ser fonte de informações sobre os interlocu-
Expoente da poesia produzida no Brasil na dé- tores envolvidos na interação.
cada de 1970 e autor de composições represen- C) assumir uma materialidade resistente ao
tativas da Tropicália, Torquato Neto mobiliza, aspecto efêmero do tempo.
nesse texto, D) ser um registro de um momento histórico
social mais amplo.
A) gírias e expressões coloquiais para criticar a E) fazer parte do acervo literário do país.
linguagem adornada da tradição literária então
vigente.
B) intenções satíricas e humorísticas para deli-
Questão 476 (2020.2)
near uma concepção de poesia voltada para a
felicidade dos leitores.
C) frases de efeito e interpelações ao leitor para
ironizar as tentativas de adequação do poema
ao gosto do público.
D) recursos da escrita em prosa e noções do
senso comum para enfatizar as dificuldades
inerentes ao trabalho do poeta.
E) referências intertextuais e anedóticas para
defender a importância de uma atitude destemi-
da ante os riscos da criação poética.
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A) constituição da cena artística marcada pela Segundo essa doutrina, tudo é permitido em
paisagem natural, modificada pela multimídia. matéria de amor; e o interesse próprio tem ple-
B) ocupação de um local vazio sem função es- na liberdade, desde que se transija com a lei e
pecífica, passando a existir como arte. evite o escândalo.
C) utilização de equipamentos tradicionais como
suporte para a atividade artística. (ALENCAR, J. Senhora. Disponível em:
D) divulgação de fenômenos científicos que www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 out. 2015)
dialogam com a estética da arte.
E) exposição da obra em locais naturais e insti- A literatura romântica reproduziu valores sociais
tucionais abertos ao público em sintonia com seu contexto de mudanças. No
fragmento de Senhora, as concepções românti-
cas do narrador repercutem a:
Questão 477 (2020.2) A) resistência à relativização dos parâmetros
éticos.
A carroça sem cavalo
B) idealização de personagens pela nobreza de
Conta-se que, em noites frias de inverno, descia atitudes.
um forte nevoeiro trazido pelo mar e, nessa C) crítica aos modelos de austeridade dos es-
noite, ouviam-se muitos barulhos estranhos. Os paços coletivos.
moradores da cidade de São Francisco, que é a D) defesa da importância da família na forma-
cidade mais antiga de Santa Catarina, eram ção moral do indivíduo.
acordados de madrugada com um barulho per- E) representação do amor como fator de aper-
turbador. Ao abrirem a janela de casa, os mora- feiçoamento do espírito.
dores assustavam-se com a cena: viam uma
carroça andando sem cavalo e sem ninguém
puxando... Andava sozinha! Na carroça, havia Questão 479 (2020.2)
objetos barulhentos, como panelas, bules, inclu-
sive alguns objetos amarrados do lado de fora Leia a posteridade, ó pátrio Rio,
da carroça. O medo dominou a pequena cidade. Em meus versos teu nome celebrado,
Conta-se ainda que um carroceiro foi morto a Por que vejas uma hora despertado
coices pelo seu cavalo, por maltratar o animal. O sono vil do esquecimento frio:
Nas noites de manifestação da assombração, a
Não vês nas tuas margens o sombrio,
carroça saía de um nevoeiro, assustava a popu-
Fresco assento de um álamo copado;
lação e, depois de um tempo, voltava a desapa-
Não vês ninfa cantar, pastar o gado
recer no nevoeiro.
Na tarde clara do calmoso estio.
(Disponível em: www.gazetaonline.com.br.
Acesso em: 12 dez. 2017 - adaptado) Turvo banhando as pálidas areias
Nas porções do riquíssimo tesouro
O vasto campo da ambição recreias.
Considerando-se que os diversos gêneros que
Que de seus raios o planeta louro
circulam na sociedade cumprem uma função
Enriquecendo o influxo em tuas veias,
social específica, esse texto tem por função:
Quanto em chamas fecunda, brota em ouro.
A) abordar histórias reais. (COSTA, C. M. Obras poéticas de Glauceste Satúr-
B) informar acontecimentos. nio. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br.
C) questionar crenças populares. Acesso em: 8 out. 2015)
D) narrar histórias do imaginário social.
E) situar fatos de interesse da sociedade. A concepção árcade de Cláudio Manuel da Cos-
ta registra sinais de seu contexto histórico, refle-
tidos no soneto por um eu lírico que:
Questão 478 (2020.2)
A) busca o seu reconhecimento literário entre as
Seixas era homem honesto; mas ao atrito da gerações futuras.
secretaria e ao calor das salas, sua honestidade B) contempla com sentimento de cumplicidade a
havia tomado essa têmpera flexível da cera que natureza e o pastoreio.
se molda às fantasias da vaidade e aos recla- C) lamenta os efeitos produzidos pelos atos de
mos da ambição. cobiça e pela indiferença.
Era incapaz de apropriar-se do alheio, ou de D) encontra na simplicidade das imagens a ex-
praticar um abuso de confiança; mas professava pressão do equilíbrio e da razão.
a moral fácil e cômoda, tão cultivada atualmente E) recorre a elementos mitológicos da cultura
em nossa sociedade. clássica como símbolos da terra.
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discos e o desenvolvimento do circuito das radi- D) anúncio, pois divulga o recebimento do título
olas fizeram o movimento reggae alcançar a de doutor honoris causa pelo professor morto.
solidez em meados da década de 1980. E) notícia, pois seu objetivo é informar o leitor
sobre o acidente, seguido da morte do profes-
(FARIAS, J.; PINTO, T. Da Jamaica ao Brasil: por sor.
uma história social do reggae. Disponível em:
www.eumed.net. Acesso em: 18 nov. 2011)
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quebrados; por fim, um dia ficou lesionado da A representação do discurso intimidador engen-
perna quando foi jogado da laje de um pavilhão. drada no fragmento é responsável por:
Nem todas as vezes ele soube por que apa-
A) ironizar atitudes e ideias xenofóbicas.
nhou, muito menos da última, quando foi deixa-
B) conferir à narrativa um tom anedótico.
do para morrer, mas sobreviveu. Seu corpo,
C) dissimular o ponto de vista do narrador.
moído no inferno, aguarda o fim dos seus dias.
D) acentuar a hostilidade das personagens.
Já não questiona mais. Obedece. Cumpre as
E) exaltar relações de poder estereotipadas.
ordens. Baixa a cabeça e se retira. Apanha, às
vezes com motivo, às vezes sem.
Por onde passou, derramaram seu sangue. Seu Questão 510 (2021.1)
rastro pode ser seguido. Intriga ter sobrevivido
durante tantos anos. Pouquíssimos chegaram à TEXTO I
terceira idade encarcerados.
(MAIA, A. P. Assim na terra como embaixo da terra.
Rio de Janeiro: Record, 2017)
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B) reposicionamento estético de objetos por B) as muitas vidas perdidas nas travessias marí-
meio da mudança de função. timas em embarcações precárias ao longo dos
C) convite aos espectadores para interagir e séculos.
completar obras inacabadas. C) a inovação relativa à construção de um mu-
D) militância com temas da ecologia que mar- seu no fundo do mar, que só pode ser visitado
cam o continente africano. por mergulhadores.
E) realidade precária de suas condições de D) a construção do museu submarino como um
produção artística. memorial para as centenas de imigrantes mor-
tos nas travessias pelo mar
E) a arte como perpetuadora de episódios mar-
Questão 511 (2021.1) cantes da humanidade que têm de ser relem-
brados para que não tornem a acontecer.
A crise dos refugiados imortalizada
Para sempre no fundo do mar
Questão 512 (2021.1)
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— Mas o senhor vai ver como eu toco o meu Nessa obra, que retrata uma cena de Caramuru,
serviço e ainda faço este povo trabalhar... célebre poema épico brasileiro, a filiação à esté-
tica romântica manifesta-se na:
[...]
Pintão suou para desprender um pedrouço, e A) exaltação do retrato fiel da beleza feminina.
teve de pular para trás, para que a laje lhe não B) tematização da fragilidade humana diante da
esmagasse um pé. Pragueja: morte.
C) ressignificação de obras do cânone literário
— Quem não tem brio engorda! nacional.
— É... Esse sujeito só é isso, e mais isso... — D) representação dramática e idealizada do
opina Sidu. corpo da índia.
E) oposição entre a condição humana e a natu-
— Também, tudo p’ra ele sai bom, e no fim dá reza primitiva.
certo... — diz Correia, suspirando e retomando
o enxadão. — “P’ra uns, as vacas morrem ...
p’ra outros até boi pega a
parir...”. Questão 517 (2021.1)
Seu Marra já concordou: Singular ocorrência
— Está bem, seu Laio, por hoje, como foi por — Há ocorrências bem singulares. Está vendo
doença, eu aponto o dia todo. Que é a última aquela dama que vai entrando na igreja da
vez!... E agora, deixa de conversa fiada e vai Cruz? Parou agora no quadro para dar uma
pegando a ferramenta! esmola.
(ROSA, J. G. Sagarana. — De preto?
Rio de Janeiro: José Olympio, 1967)
— Justamente; lá vai entrando; entrou.
Esse texto tem importância singular como pa- — Não ponha mais na carta. Esse olhar está
trimônio linguístico para a preservação da cultu- dizendo que a dama é uma recordação de outro
ra nacional devido: tempo, e não há de ser muito tempo, a julgar
pelo corpo: é moça de truz.
A) à menção a enfermidades que indicam falta
de cuidado pessoal. — Deve ter quarenta e seis anos.
B) à referência a profissões já extintas que ca- — Ah! conservada. Vamos lá; deixe de olhar
racterizam a vida no campo. para o chão e conte-me tudo. Está viúva, natu-
C) aos nomes de personagens que acentuam ralmente?
aspectos de sua personalidade.
D) ao emprego de ditados populares que resga- — Não.
tam memórias e saberes coletivos. — Bem; o marido ainda vive. É velho?
E) às descrições de costumes regionais que
desmistificam crenças e superstições. — Não é casada.
— Solteira?
— Assim, assim. Deve chamar-se hoje D. Maria
Questão 516 (2021.1) de tal. Em 1860 florescia com o nome familiar
de Marocas. Não era costureira, nem proprietá-
ria, nem mestra de meninas; vá excluindo as
profissões e chegará lá. Morava na Rua do Sa-
cramento. Já então era esbelta, e, seguramente,
mais linda do que hoje; modos sérios, lingua-
gem limpa.
(ASSIS, M. Machado de Assis: seus 30 melhores
contos, Rio de Janeiro: Aguillar, 1961)
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C) condiciona seu bem-estar à estabilidade do A) adotar uma perspectiva conceitual como con-
casamento. traposição à tradição de grandes espetáculos.
D) tem sua identidade e seu lugar referendados B) criar novas formas de financiamento ao utili-
pelo homem. zar a internet para divulgação das apresenta-
E) renuncia à sua participação no mercado de ções.
trabalho. C) privilegiar movimentos gerados por computa-
ção gráfica, com a substituição do palco pela
tela.
Questão 518 (2021.1) D) produzir uma arte multimodal, com o intuito
de ampliar as possibilidades de expressão esté-
Que tal transformar a internet tica.
em palco para a dança? E) redefinir a extensão e o propósito do espetá-
culo para adaptá-lo ao perfil de diferentes usuá-
rios.
A draga
A gente não sabia se aquela draga tinha nasci-
do ali, no Porto, como um pé de árvore ou uma
duna.
— E que fosse uma casa de peixes?
Meia dúzia de loucos e bêbados moravam den-
tro dela, enraizados em suas ferragens.
Dos viventes da draga era um o meu amigo
Mário-pega-sapo.
[...]
Quando Mário morreu, um literato oficial, em
necrológio caprichado, chamou-o de Mário-
Captura-Sapo! Ai que dor!
Ao literato cujo fazia-lhe nojo a forma coloquial.
O coreógrafo e bailarino Didier Mulleras se des- Queria captura em vez de pega para não macu-
taca como um dos criadores que descobriram a lar (sic) a língua nacional lá dele...
dança de outro ponto de vista. Mini@tures é
uma experiência emblemática entre movimento, Da velha draga
computador, internet e vídeo. Com os recursos Abrigo de vagabundos e de bêbados, restaram
da computação gráfica, a dança das miniaturas as expressões: estar na draga, viver na draga
pode caber na palma da mão. Pelo fato de usar por estar sem dinheiro, viver na miséria.
a internet como palco, o processo de criação Que ora ofereço ao filólogo Aurélio Buarque de
das miniaturas de dança levou em consideração Hollanda
os limites de tempo de download e o tamanho
de arquivo, para que um número maior de “es- Para que as registre em seus léxicos
pectadores” pudesse assistir. A graça das mi- Pois que o povo já as registrou.
niaturas está justamente na contaminação entre
mídias: corpo/dança/computação e gráfi- (BARROS, M. Gramática expositiva do chão: poesia
ca/internet. De fato, é a rede que faz a maior quase toda. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira, 90)
diferença nesse grupo. Mini@tures explora uma
nova dimensão que descobre o espaço-tempo Ao criticar o preciosismo linguístico do literato e
da web e conquista um novo território para a ao sugerir a dicionarização de expressões lo-
dança contemporânea. A qualquer hora, dança cais, o poeta expressa uma concepção de lín-
on-line. gua que:
(SPANGHERO, M. A dança dos encéfalos acesos.
São Paulo: Itaú Cultural, 2003 -adaptado)
A) contrapõe características da escrita e da fala.
B) ironiza a comunicação fora da norma-padrão.
Considerado o primeiro projeto de dança con- C) substitui regionalismos por registros formais.
temporânea concebido para a rede, esse traba- D) valoriza o uso de variedades populares.
lho é apresentado como inovador por: E) defende novas regras gramaticais.
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[...]
[...]
[...] TEXTO II
Marinheiros e oficiais, num silêncio concentrado, Artista popular, inquieta e sonhadora, mais co-
alongavam o olhar, cheios de interesse, a cada nhecida como a "Rainha do Papel de Bala",
golpe. Efigênia Ramos Rolim dá vida à sua arte usan-
do o lixo como matéria-prima para construir
— Cento e cinquenta! objetos artísticos que refletem seu olhar fantás-
tico do cotidiano. Sua produção inclui peças de
Só então houve quem visse um ponto vermelho, vestuário, carrinhos de madeira customizados e
uma gota rubra deslizar no espinhaço negro do um grande número de personagens realizados
marinheiro e logo este ponto vermelho se trans- com material reciclado que remetem a histórias
formar numa fita de sangue. irreais, surgidas da sua imaginação. Já teve sua
obra exposta ao lado de nomes como Arthur
(CAMINHA, A. O Bom-Crioulo. Bispo do Rosário e recebeu a Ordem do Mérito
São Paulo: Martin Claret, 2006) Cultural do Ministério da Cultura, a mais alta
honraria concedida pelo órgão aos artistas bra-
sileiros.
A prosa naturalista incorpora concepções gera- (Disponível em: http://bienaldecuritiba.com.br
das pelo cientificismo e pelo determinismo. No Acesso em: 18 jun. 2019 - adaptado)
fragmento, a cena de tortura a Bom-Crioulo
reproduz essas concepções expressas pela: A artista Efigênia Ramos Rolim destaca-se por
produzir peças que, ao serem vestidas,
A) exaltação da resistência inata para legitimar
a exploração de uma etnia. A) ironizam a forma idealizada de beleza em que
B) defesa do estoicismo individual como forma roupas de grife são apresentadas por modelos.
de superação das adversidades. B) refletem sua admiração pelo mundo da moda,
C) concepção do ser humano como uma espé- apesar dos limites de sua realidade financeira.
cie predadora e afeita à morbidez. C) salientam a difícil condição financeira dos ido-
D) observação detalhada do corpo para a identi- sos no Brasil no acesso aos bens de consumo.
ficação de características de raça. D) fazem uma crítica social às comunidades que
E) apologia à superioridade dos organismos vivem nos arredores dos aterros sanitários.
saudáveis para a sobrevivência da espécie. E) dão sentido estético a materiais do cotidiano
descartados pela sociedade de consumo.
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Isso ocorre, muitas vezes, sem que sequer te- Considerando-se as características do gênero
nhamos consciência: quando mandamos áudios carta de amor, o conflito gerador do fato relata-
por WhatsApp ou vemos stories no Instagram, do na letra da canção deve-se a:
não é óbvio que esses serviços pertençam à
Facebook Inc. Similarmente, o usuário padrão A) adequação dos interlocutores à situação de
ignora que o sistema Android é desenvolvido comunicação na carta e na letra
pela Google e que ela pertence à Alphabet Inc., B) apropriação das formas de expressão da
conglomerado que também é proprietário do carta pela letra da canção.
YouTube. Os problemas associados a essa C) manutenção do propósito comunicativo da
concentração de poder econômico, político e carta na letra da canção.
cultural têm sido um foco cada vez maior de D) alteração da esfera de circulação específica
atenção pública. Muito se fala sobre como fil- do gênero carta.
tros-bolha, bots e desinformação fragilizam a E) transposição da temática do amor para a
democracia, e manchetes sobre violações da linguagem musical.
privacidade e da liberdade de expressão dos
usuários pelas empresas se tornaram comuns
nesta década. Questão 531 (2021.2)
(Disponível em: https://irisbh.com.br. TEXTO I
Acesso em: 29 maio 2019 - adaptado)
TEXTO II
Questão 530 (2021.2)
Arte japonesa
E. C. T. O zen (chán, em chinês) enfatiza a autoconfian-
Tava com cara que carimba postais ça e a meditação, rejeitando os estudos tradici-
Que por descuido abriu uma carta que voltou onais das escrituras budistas e realização de
Tomou um susto que lhe abriu a boca complicados rituais. O zen foi introduzido no
Esse recado veio pra mim, não pro senhor Japão no século XIII por monges japoneses que
viajaram à China a fim de estudar as mais re-
Recebo o crack, colante, dinheiro parco embru-
centes doutrinas. A simplicidade e a autodisci-
lhado
plina rígida ensinadas pelos mestres zen atraí-
Em papel carbono e barbante e até cabelo cor-
ram a classe dos samurais (guerreiros), e mui-
tado
tos templos zen foram construídos no Japão
Retrato de 3x4
entre os séculos XIII e XV.
Pra batizado distante
Mas isso aqui, meu senhor, é uma carta de (ARICHI, M. In: FARTHING, S. (Ed.). Tudo sobre arte.
amor Rio de Janeiro: Sextante, 2011 - adaptado)
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O seu aspecto infundia terror às crianças e re- D) afetividade demonstrada ao noticiar a morte
pulsão aos adultos; não tanto pela sua altura e do cantador.
extraordinária magreza, mas porque a desgra- E) preocupação do vaqueiro em demostrar sua
çada tinha um defeito horrível: haviam-lhe extra- virilidade.
ído o olho esquerdo; a pálpebra descera mirra-
da, deixando, contudo, junto ao lacrimal, uma
fístula continuamente porejante. Era essa pinta Questão 542 (2022.1)
amarela sobre o fundo denegrido da olheira, era
essa destilação incessante de pus que a torna- O bebê de tarlatana rosa
va repulsiva aos olhos de toda a gente. – [...] Na terça desliguei-me do grupo e caí no
mar alto da depravação, só, com uma roupa
(ALMEIDA, J. L. In: COSTA, F. M. (org.).
Os melhores contos brasileiros de todos os leve por cima da pele e todos os maus instintos
tempos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009) fustigados. De resto a cidade inteira estava as-
sim. É o momento em que por trás das másca-
Que procedimento composicional o narrador ras as meninas confessam paixões aos rapa-
utiliza para caracterizar a aparência da perso- zes, é o instante em que as ligações mais se-
nagem? cretas transparecem, em que a virgindade é
dúbia e todos nós a achamos inútil, a honra uma
A) A descrição marcada pela adjetivação depre- caceteação, o bom senso uma fadiga. Nesse
ciativa. momento tudo é possível, os maiores absurdos,
B) A alternância dos tempos e modos verbais da os maiores crimes; nesse momento há um riso
narrativa. que galvaniza os sentidos e o beijo se desata
C) A adoção de um ponto de vista centrado no naturalmente.
medo das crianças. Eu estava trepidante, com uma ânsia de acana-
D) A objetividade da correlação entre imperfei- lhar-me, quase mórbida. Nada de raparigas do
ções físicas e morais. galarim perfumadas e por demais conhecidas,
E) A especificação da deformidade responsável nada do contato familiar, mas o deboche anô-
pela feição assustadora nimo, o deboche ritual de chegar, pegar, acabar,
continuar. Era ignóbil. Felizmente muita gente
sofre do mesmo mal no carnaval.
Questão 541 (2022.1)
(RIO, J. Dentro da noite. São Paulo: Antíqua, 2002)
Firmo, o vaqueiro
No texto, o personagem vincula ao carnaval
No dia seguinte, à hora em que saía o gado, atitudes e reações coletivas diante das quais
estava eu debruçado à varanda quando vi o expressa
cafuzo que preparava o animal viajeiro:
A) consagração da alegria do povo.
– Raimundinho, como vai ele?... B) atração e asco perante atitudes libertinas.
De longe apontou a palhoça. C) espanto com a quantidade de foliões nas ruas.
D) intenção de confraternizar com desconhecidos.
– Sim. E) reconhecimento da festa como manifestação
O braço caiu-lhe, olhou-me algum tempo como- cultural.
vido; depois, saltando para o animal, levou o
polegar à boca fazendo estalar a unha nos den-
tes: “Às quatro da manhã... Atirei um verso e Questão 543 (2022.1)
disse, para bulir com ele: Pega, velho! Não res-
Esaú e Jacó
pondeu. Tio Firmo, mesmo velho e doente, não
era homem para deixar um verso no chão... Fui Bárbara entrou, enquanto o pai pegou da viola e
ver, coitado!... estava morto. E deu de esporas passou ao patamar de pedra, à porta da es-
para que eu não lhe visse as lágrimas. querda. Era uma criaturinha leve e breve, saia
bordada, chinelinha no pé. Não se lhe podia
(NETTO, C. In: MARCHEZAN, L. G. (Org.). O conto
negar um corpo airoso. Os cabelos, apanhados
regionalista. São Paulo: Martins Fontes, 2009)
no alto da cabeça por um pedaço de fita enxo-
A passagem registra um momento em que a valhada, faziam-lhe um solidéu natural, cuja
expressividade lírica é reforçada pela: borla era suprida por um raminho de arruda. Já
vai nisto um pouco de sacerdotisa. O mistério
A) plasticidade da imagem do rebanho reunido. estava nos olhos. Estes eram opacos, não sem-
B) sugestão da firmeza do sertanejo ao arrear o pre nem tanto que não fossem também lúcidos
cavalo. e agudos, e neste último estado eram igualmen-
C) situação de pobreza encontrada nos sertões te compridos; tão compridos e tão agudos que
brasileiros. entravam pela gente abaixo, revolviam o cora-
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ção e tornavam cá fora, prontos para nova en- Enviadas pelos deuses, serpentes marinhas são
trada e outro revolvimento. Não te minto dizen- vistas matando Laocoonte e seus dois filhos
do que as duas sentiram tal ou qual fascinação. como forma de punição.
Bárbara interrogou-as; Natividade disse ao que (KAY, A. In: FARTHING, S. (Org.). Tudo sobre arte.
vinha e entregou-lhe os retratos dos filhos e os Rio de Janeiro: Sextante, 2011 - adaptado)
cabelos cortados, por lhe haverem dito que bas-
tava. Produzida no início do século XVII, a obra ma-
– Basta, confirmou Bárbara. Os meninos são neirista distingue-se pela
seus filhos?
A) representação da nudez masculina.
– São. B) distorção ao representar a figura humana.
(ASSIS, M. Obra completa. C) evocação de um fato da cultura clássica grega.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994) D) presença do tema da morte como punição da
família.
No relato da visita de duas mulheres ricas a E) utilização da perspectiva para integrar os
uma vidente no Morro do Castelo, a ironia — um diferentes planos.
dos traços mais representativos da narrativa
machadiana — consiste no:
Questão 545 (2022.1)
A) modo de vestir dos moradores do morro cari-
oca. TEXTO I
B) senso prático em relação às oportunidades
de renda.
C) mistério que cerca as clientes de práticas de
vidência.
D) misto de singeleza e astúcia dos gestos da
personagem.
E) interesse do narrador pelas figuras femininas
ambíguas.
TEXTO II
EL GRECO. Laocoonte. Óleo sobre tela, Embora não fosse um grupo ou um movimento
1,37cm x 1,72cm. organizado, o Minimalismo foi um dos muitos
rótulos (incluindo estruturas primárias, objetos
(National Gallery of Art, Washington, unitários, arte ABC e Cool Art) aplicados pelos
Estados Unidos, circa 1610-1614. Disponível em: críticos para descrever estruturas aparentemen-
https://images.nga.gov. Acesso em: 28 jun 2019) te simples que alguns artistas estavam criando.
Quando a arte minimalista começou a surgir,
TEXTO II muitos críticos e um público opinativo julgaram-
Essa impressionante obra apresenta o sacerdo- na fria, anônima e imperdoável. Os materiais
te Laocoonte sendo punido pelos deuses por industriais pré-fabricados frequentemente usa-
tentar alertar os troianos da ameaça do Cavalo dos não pareciam “arte”.
de Troia, que escondia um grupo de soldados (DEMPSEY, A. Estilos, escolhas e movimentos.
gregos. São Paulo: Cosac & Naify, 2003 - adaptado)
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Não é que me desagrade mudar, pelo contrário. Pela ótica do narrador, a trajetória da emprega-
Mas queria que fossem mudanças mais profun- da de sua casa assume um efeito expressivo
das e interiores que não viessem a se refletir no decorrente:
escrever. Mas mudar só porque isso é uma
coluna ou uma crônica? Ser mais leve só por- A) citação a referências literárias tradicionais.
que o leitor assim o quer? Divertir? Fazer pas- B) alusão à inocência das crianças da época.
sar uns minutos de leitura? E outra coisa: nos C) estratégia de questionar a bondade humana.
meus livros quero profundamente a comunica- D) descrição detalhada das pessoas do interior.
ção profunda comigo e com o leitor. Aqui no E) representação anedótica de atos de violência.
Jornal apenas falo com o leitor e agrada-me que
ele fique agradado. Vou dizer a verdade: não
estou contente. Questão 550 (2022.1)
(LISPECTOR, C. In: A descoberta do mundo.
Rio de Janeiro: Rocco, 1999)
Todas as vezes que eu e minha irmã a importu- A instalação In absentia propõe um diálogo com
návamos com nossas demandas de criança o ready-made Roda de bicicleta, demonstrando
mimada, ela nos contava histórias da infância que
de gata-borralheira, fazia-nos apertar seu nariz
quebrado por uma das filhas da “patroa” com A) as formas de criticar obras do passado se
um rolo de amassar pão e nos expulsava da repetem.
cozinha: “Sai pra lá, peste, e me deixa acabar B) a recorrência de temas marca a arte do final
essa janta”. do século XX.
(PRATA, A. Nu de botas. São Paulo: C) as criações desmistificam os valores estéti-
Cia. das Letras, 2013 - adaptado) cos estabelecidos.
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O texto revela que, quando a sociedade promo- A) se ter um notável saber jurídico.
ve o desenvolvimento de uma nova técnica, o B) valorização da inteligência do falante.
que mais impacta seus usuários é a: C) falar difícil para demonstrar inteligência.
D) coesão e da coerência em documentos jurí-
A) dificuldade na apropriação da nova lingua- dicos.
gem. E) adequação da linguagem à situação de co-
B) valorização da utilização da nova tecnologia. municação.
C) recorrência das mudanças tecnológicas.
D) suplantação imediata dos conhecimentos
prévios. Questão 558 (2022.1)
E) rapidez no aprendizado do manuseio das
novas invenções. Assentamento
Zanza daqui
Zanza pra acolá
Questão 557 (2022.1) Fim de feira, periferia afora
O complexo de falar difícil A cidade não mora mais em mim
Francisco, Serafim
O que importa realmente é que o(a) detentor(a) Vamos embora
do notável saber jurídico saiba quando e como
Ver o capim
deve fazer uso desse português versão 2.0, até
Ver o baobá
porque não tem necessidade de alguém entrar
Vamos ver a campina quando flora
numa padaria de manhã com aquela cara de
A piracema, rios contravim
sono falando o seguinte: “Por obséquio, Vossa
Binho, Bel, Bia, Quim
Senhoria teria a hipotética possibilidade de es-
Vamos embora
tabelecer com minha pessoa uma relação de
compra e venda, mediante as imposições dos Quando eu morrer
códigos Civil e do Consumidor, para que seja Cansado de guerra
possível a obtenção de 10 pãezinhos em tempe- Morro de bem
ratura estável para que a relação pecuniária no Com a minha terra:
valor de R$ 5,00, seja plenamente legitima e Cana, caqui
capaz de saciar minha fome matinal?” Inhame, abóbora
Onde só vento se semeava outrora
O problema é que temos uma cultura de valori- Amplidão, nação, sertão sem fim
zar quem demonstra ser inteligente ao invés de Ó Manuel, Miguilim
valorizar quem é. Pela nossa lógica, todo mun- Vamos embora
do que fala difícil tende a ser mais inteligente do
que quem valoriza o simples, e 99,9% das pes- (BUARQUE, C. As cidades.
soas que estivessem na padaria iriam ficar bo- Rio de Janeiro: RCA, 1998 - fragmento)
quiabertas se alguém fizesse uso das palavras
que eu disse acima em plenas 7 da manhã em Nesse texto, predomina a função poética da
vez de dizer: “Bom dia! O senhor poderia me linguagem. Entretanto, a função emotiva pode
vender cinco reais de pão francês?”. ser identificada no verso:
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Queimaram tudo e expulsaram a gente das O recurso linguístico que permite o Machado de
nossas terras. Isso constrange o nosso povo até Assis considerar o capítulo de Memórias Pós-
hoje”, conta Txaywa, estudante da Universidade tumas de Brás Cubas como inventário é a:
Federal de Minas Gerais e professor na aldeia
Barra Velha, região de Porto Seguro (BA). Mais A) enumeração de objetos e fatos
de quatro décadas depois, membros da etnia B) predominância de linguagem objetiva
retornaram ao antigo local e iniciaram um mo- C) ocorrência de período longo no trecho
vimento de recuperação da língua patxôhã. Os D) combinação de verbos no presente e no pretérito
filhos de Sameary Pataxó já são fluentes — e E) presença de léxico do campo semântico de
ela, que se mudou quando já era adulta para a funerais.
aldeia, tenta aprender um pouco com eles. “É a
nossa identidade. Você diz quem você é por
meio da sua língua”, afirma a professora de Questão 561 (2022.2)
ensino fundamental sobre a importância de res- Dentre as músicas clássicas que tinham poten-
taurar a língua dos pataxós. O patxôhã está cial para ganhar as ruas das grandes cidades
entre as línguas indígenas faladas no Brasil: o brasileiras, uma se destacou e acabou se trans-
IBGE estimou 274 línguas no último censo. A formando em um recado ao inconsciente coleti-
publicação Povos indígenas no Brasil vo: se as notas ouvidas lá longe são a melodia
2011/2016, do Instituto Socioambiental, calcula Für Elise, interpretada ao piano, é um caminhão
160. Antes da chegada dos portugueses, elas vendendo gás que se aproxima. Essa história,
totalizavam mais de mil. que torna a obra do compositor alemão Ludwig
(Disponível em: https://brasil.elpais.com. van Beethoven um meme nacional, começou
Acesso em: 11 jun. 2019 adaptado) quando as firmas de venda de gás porta a porta
queriam uma solução para substituir o barulho
O movimento de recuperação da língua patxôhã das buzinas e os gritos de “Ó o gás”.
assume um caráter identitário peculiar na medi-
Com o objetivo de diminuir a poluição sonora, a
da em que
prefeitura de São Paulo promulgou a Lei n.
11 016, em 1991, que institui que “Fica proibido
A) denuncia o processo de perseguição históri-
o uso da buzina, pelos caminhões de venda de
ca sofrida pelos povos indígenas.
gás engarrafado a domicílio, para anunciar a
B) conjuga o ato de resistência étnica à preser-
sua passagem pelas vias e logradouros”. Entre-
vação da memória cultural.
gadores de empresas de distribuição de gás
C) associa a preservação linguística ao campo
recorreram a chips com músicas livres de direi-
da pesquisa acadêmica.
tos autorais.
D) estimula o retorno de povos indígenas a suas
terras de origem. No início, não era apenas Für Elise — notas de
E) aumenta o número de línguas indígenas fa- outros temas clássicos também eram ouvidas.
ladas no Brasil. Mas a força da bagatela beethoveniana com-
posta em 1810 acabou se sobrepondo às de-
mais e virou praticamente um símbolo.
Questão 560 (2022.1) (Disponível em: www.dw.com.
Soluços, lágrimas, casa armada, veludo preto Acesso em: 21 dez. 2020 - adaptado)
nos portais, um homem que veio vestir o cadá-
ver, outro que tomou a medida do caixão, cai- Ludwig van Beethoven (1770-1827) é mundial-
xão, essa, tocheiros, convites, convidados que mente conhecido como um dos maiores repre-
entravam, lentamente, a passo surdo, e aperta- sentantes da música de concerto do período
vam a mão à família, alguns tristes, todos sérios romântico. A adoção de uma de suas obras
e calados, padre e sacristão, rezas, aspersões mais difundidas como anúncio de venda de gás
d’água benta, o fechar do caixão a prego e mar- engarrafado indica a:
telo, seis pessoas que o tomam da essa, e o
levantam, e o descem a custo pela escada, não A) utilização da música erudita como forma de
obstante os gritos, soluços e novas lágrimas da educar a população em geral.
família, e vão até o coche fúnebre, e o colocam B) manutenção da música europeia nos mais
em cima e traspassam e apertam as corrêas, o variados aspectos da cultura brasileira.
rodar do coche, o rodar dos carros, um a um… C) contribuição que a obra do compositor ale-
Isto que parece um simples inventário, eram mão tem na diminuição da poluição sonora.
notas que eu havia tomado para um capítulo D) modificação da função que uma obra artística
triste e vulgar que não escrevo. pode sofrer em diferentes épocas e lugares.
(ASSIS, M. Memórias Póstumas de Brás Cubas. E) articulação entre o poder público e as empre-
Disponível em: www.domíniopúblico.gov.br. sas para contornar as limitações das leis de
Acesso em: 25 jul, 2022) direito autoral.
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Suas obras contêm a característica de dissocia- A) representar com fidelidade os fatos históricos.
ção das cores e gradação dos tons complemen- B) caracterizar a situação com profundidade
tares. As tintas não eram misturadas na palheta, dramática.
dessa forma, a luz emanada das manchas e das C) explorar a sensibilidade dos personagens
pinceladas coloridas impressionava a retina, envolvidos.
formando novas cores. D) assumir a perspectiva irônica e o estilo nar-
(Disponível em:
rativo do personagem.
http://professormarioartes.blogspot.com. E) recorrer a metáforas sutis e comparações de
Acesso em: 12 ago. 2012 - adaptado) sentido filosófico.
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Quando chegava à casa de um, por mais que A sinopse, para convencer o leitor a assistir ao
indagassem, por mais que futricassem, Bonda- filme Domésticas, lança mão da seguinte estra-
de não abria a boca. Desconversava, conversa- tégia de linguagem:
va, e a intriga morria logo. Vivia intensamente
cada lugar em que chegava. Cada casa, cada A) Reflexão sobre a língua utilizada pelas per-
pessoa, cada miséria e grandeza a seu tempo sonagens do filme.
certo, no seu exato momento. B) Avaliação positiva do filme disfarçada de
(EVARISTO, C. Becos da memória.
comparação.
Rio de Janeiro: Pallas, 2018) C) Referência à mídia cinematográfica.
D) Descrição de cenas do filme.
No texto, o apelido dado ao personagem incor- E) Apelação ao leitor.
pora valores humanos relativos à sua:
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GABARITO
1 D 44 D 87 E 130 E
2 A 45 D 88 E 131 D
3 B 46 E 89 A 132 C
4 D 47 D 90 D 133 E
5 D 48 C 91 C 134 B
6 E 49 A 92 A 135 A
7 C 50 D 93 D 136 C
8 A 51 A 94 C 137 C
9 D 52 D 95 A 138 D
10 D 53 E 96 B 139 B
11 E 54 A 97 D 140 D
12 D 55 D 98 C 141 D
13 D 56 A 99 B 142 B
14 C 57 A 100 A 143 C
15 D 58 E 101 E 144 B
16 B 59 D 102 C 145 D
17 D 60 B 103 C 146 D
18 B 61 B 104 E 147 B
19 E 62 A 105 A 148 B
20 C 63 C 106 C 149 A
21 A 64 C 107 A 150 B
22 C 65 D 108 E 151 C
23 A 66 D 109 D 152 A
24 C 67 B 110 D 153 E
25 C 68 E 111 E 154 D
26 C 69 B 112 D 155 E
27 E 70 D 113 E 156 A
28 E 71 B 114 A 157 B
29 D 72 D 115 A 158 D
30 C 73 A 116 B 159 B
31 C 74 A 117 B 160 D
32 D 75 A 118 C 161 E
33 D 76 D 119 C 162 C
34 E 77 A 120 C 163 B
35 C 78 A 121 D 164 B
36 D 79 E 122 A 165 C
37 C 80 B 123 D 166 A
38 C 81 D 124 E 167 D
39 E 82 E 125 D 168 D
40 D 83 B 126 E 169 C
41 E 84 A 127 E 170 E
42 D 85 B 128 A 171 C
43 E 86 C 129 B 172 A
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