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Patricia Silva Bell Hooks Alem Do Espelho
Patricia Silva Bell Hooks Alem Do Espelho
Patricia Silva Bell Hooks Alem Do Espelho
Editor:
Isabel E. F. M. Veloso
Coordenação:
Patthy Silva (@pretaderodinhas)
Silva, Patrícia
Bell Hooks [livro eletrônico] : além do espelho / Patrícia Silva. -- 1. ed. -- Rio de Janeiro
: Ed. da Autora, 2023. PDF.
ISBN 978-65-00-59748-6
22-140733 CDD-300
“Se há um livro que você quer ler, mas não foi escrito ainda,
então você deve escrevê-lo”. (Toni Morrison)
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BELL HOOKS ALÉM DO ESPELHO 6
Gloria Jean Watkins é o nome de batismo de bell hooks. Ela nasceu em 1952,
em Hopkinsville, uma pequena cidade do estado de Kentucky, no sul dos Estados
Unidos.
A escolha do pseudônimo bell hooks é uma homenagem à sua bisavó Bell Blair
Hooks, conhecida dentro da família pela sua coragem de dizer a verdade. Quando
bell hooks começa escrever, passa a adotar o nome da bisavó como uma forma de
reivindicar esse legado, já que, desde a infância, hooks também gostava de expressar
suas ideias de forma sincera. Adotou a escrita do nome em letras minúsculas como
um posicionamento político que busca romper com as convenções linguísticas e
acadêmicas. bell hooks faleceu em 2021.
bell hooks foi uma intelectual americana, muito conhecida aqui no Brasil por
sua teoria feminista. O que poucos sabem é que, além de teórica feminista, hooks
também foi uma grande crítica cultural.
A heterodoxia de hooks destacou-se aos meus olhos. Para mim, é como se ela
gostasse de pensar à margem, recusando encaixar-se em padrões (até aqueles
estabelecidos pelo movimento feminista). Essa recusa, claro, causou tensões do lado
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de lá e surpresas do lado de cá. Quem poderia imaginar que uma feminista poderia
dizer que “toda mulher quer ser amada por um homem”1?
bell hooks vai “além do espelho”. Ou seja, ela vai além da sua imagem. Sua
honesta busca pela verdade a colocou em confronto com sua autodefinição, a ponto
de parecer, por vezes, contraditória.
Este e-book reúne 11 ensaios que escrevi sobre temas desenvolvidos pela
“bell hooks que está além do espelho”; esses ensaios foram publicados originalmente
no meu blog pessoal (@pretaderodinhas) e aparecem aqui revisados e ampliados.
1
The will to change: men, masculinity and love. Todas as traduções apresentadas aqui, de livros que
ainda não possuem versão em língua portuguesa, foram feitas por mim.
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Nos meados dos anos 1990, o governo canadense não autorizou que o livro
"Olhares negros: raça e representação", de autoria da bell hooks, entrasse no
Canadá; foi considerado pelas autoridades canadenses como literatura que incita o
ódio. Cópias do livro foram adquiridas por uma livraria considerada "radical".
Como acadêmica negra, eu gostaria de usar este espaço para dar meus 20
centavos de contribuição para o debate. De princípio, já declaro que subscrevo a
posição de bell hooks (1994): "(...) o cerne político de qualquer movimento pela
liberdade na sociedade deve ter o imperativo político de proteger a liberdade de
expressão" (p.75)
2
Em 1991, a advogada Anita Hill testemunhou que o indicado à juiz da Suprema Corte dos Estados
Unidos, Clarence Thomas, a havia assediado sexualmente quando ele era presidente da Comissão
de Oportunidades Iguais de Emprego. Em “Olhares Negros: raça e representação”, bell hooks (2019)
conta como esse caso gerou impasse entre os ativismos negro e feminista pois tanto Hill quanto
Thomas eram negros e conservadores: “estamos assistindo a duas pessoas negras conservadoras
que demonstraram, com suas alianças políticas, que se identificam com a cultura e a política
conservadora branca dominante” (p.155)O testemunho de Hill não impediu que Thomas ocupasse o
mais alto cargo da justiça americana, tornando-se o segundo negro a compor a Suprema Corte.
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negra. Segundo hooks, “(...) ela sentiu que minha crítica à performance de Hill foi uma
traição à solidariedade feminista” (1994, p.78)
“(...) eu escrevi uma crítica sobre o trabalho de uma grande escritora negra.
(...) Quando o texto foi publicado, eu fui informada que a escritora não estava
apenas magoada, mas que não me considerava mais uma aliada. O fato que
o texto não detonou o trabalho dela não importou. Minha insistência em
criticar um trabalho não significa que eu não admire e goste de outros textos
da mesma autora não resultaram em nada. Simplesmente me disseram que
escrever e publicar este texto seria um ato de traição. (hooks, 1994, p.78)
a polícia secreta, que regula ideias, determina quem pode falar onde e
quando, o que precisa ser escrito e por quem, e claro distribuindo
recompensas e punições. Esse grupo não é todo-poderoso, mas busca
censurar vozes que dizem o que não é considerado aceitável." (hooks, 1994,
p.80)
Se os intelectuais negros que possuem largo acesso à mídia usam seu poder
para silenciar, de fato, não há condições para cultivarmos a liberdade de expressão,
acolher a diferença e celebrar a alteridade. Os intelectuais negros de elite estão
Este vazio não poderia ser suprido por um casamento perfeito, pelo alto padrão
de vida ou por filhos e teria elevado os índices de alcoolismo e transtornos mentais
nos Estados Unidos após a Segunda Guerra.
Cada dona de casa suburbana lidava com ele [o problema que não tem
nome] sozinha. Enquanto arrumava as camas, fazia compras, escolhia o
tecido para forrar o sofá, comia sanduíches de pasta de amendoim com as
crianças, fazia as vezes de motorista de escoteiros, deitava-se ao lado do
marido à noite...temia fazer a si mesma a pergunta silenciosa: 'Isso é tudo?
(FRIEDAN,2021, p.13)
A famosa frase de Friedan, "o problema que não tem nome", geralmente
citada para descrever a condição da mulher nessa sociedade, na verdade se
referia ao drama de um seleto grupo de esposas brancas de classes média
e alta, com nível superior - mulheres do lar, entediadas pelas horas de lazer,
atividades domésticas, crianças e compras, e que esperavam mais da vida.
(hooks, 2019, p.27)
BELL HOOKS ALÉM DO ESPELHO 12
(...)ela não discute quem seria chamado a tomar conta das crianças e manter
a casa, no caso de mais mulheres como ela serem liberadas de seu trabalho
doméstico e conseguirem ingressar no mundo profissional em condições
equivalentes às dos homens brancos."(...)ela não fala das necessidades das
mulheres sem homens, sem filhos, sem um lar. Ela simplesmente ignora a
existência de todas as mulheres que não são brancas ou que são brancas,
porém pobres. (...) Ela faz de seu drama e do drama das mulheres brancas
como ela o sinônimo da condição de todas as mulheres da América. Com
isso, disfarçou suas atitudes classistas, racistas e sexistas em relação à
população feminina da América. " (hooks, 2019, p.28)
No contexto em que Friedan escreve seu livro, a maioria das mulheres estava
preocupada com a sobrevivência econômica; mais de um terço das mulheres estavam
na força de trabalho. Ao colocar o vazio existencial no centro do debate dos problemas
das mulheres, Friedan deixa evidente que "(...) as mulheres vistas por ela como
vítimas do sexismo eram as mulheres brancas com ensino superior e condenadas
pelo sexismo ao confinamento doméstico" (hooks,2019, p.28)
Santo Inácio de Loyola é considerado o maior santo do século XVI. Mas não
gostava de estudar. Santo Inácio sabia que Deus tinha confiado a ele um profundo
conhecimento das ciências divinas, necessário para desenvolver sua missão e fundar
a Companhia de Jesus. O domínio das ciências humanas, contudo, não era seu ponto
forte. Em razão disso, entendeu que precisava de uma educação formal para estar
melhor instruído antes de se dedicar a outras almas. Santo Iná cio precisou voltar à
escola para aprender assuntos básicos, como gramática.
Como na época não havia educação de jovens e adultos, ele ficou sem saída
e precisou se juntar, aos 33 anos de idade, a alunos mais jovens que ele.
Humildemente, reconheceu suas limitações instrucionais e pediu ao professor: "Peço-
lhe, mestre, que me considere como uma criança, me trate como tal e me castigue
severamente, sendo preciso, para me tornar mais atento e mais estudioso!" 3Santo
Inácio passou 2 anos frequentando a escola em busca do aprimoramento de sua
intelectualidade.
3
Trecho extraído do texto “O maior santo do século XVI não gostava de estudar”, publicado pelo
perfil “Minha Biblioteca Católica”. Disponível em: https://www.instagram.com/p/Cd3VU9uMmWU/
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hooks também lembra que muitos ativistas do movimento black power eram
leitores ávidos e pensadores críticos de alta instrução. Os escritos desses ativistas
não tinham qualquer registro de anti-intelectualismo. Muito pelo contrário! A autora
relata o seguinte:
4
CALDEIRA, Rodrigo Coppe. A pandemia do anti-intelectualismo. Março/2020. Disponível em:
https://estadodaarte.estadao.com.br/a-pandemia-do-anti-intelectualismo/ (Acesso em 19/06/22)
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homens negros pobres precisam trilhar para obter educação, mesmo sob o
medo de falhar (hooks, 2022, p.96)
A educação era vista com tanta importância pelo ativismo negro de outrora que
Uma das principais razões que faz com que os militantes do movimento black
power escolhessem trabalhar em escolas administrando o café da manhã
e/ou oferecendo aulas de reforço foi o amplo reconhecimento de que o
sistema educacional não apenas falhava em educar negros pobres, mas
estava satisfeito com tal falha, satisfeito em culpabilizar a vítima (hooks,
2022, p.98)
Em "Rock my soul: black people and self-steem", bell hooks critica o livro de
McWorther (2000) apesar de mostrar pontuais concordâncias:
Enquanto estou, estou de acordo com qualquer crítico social que aponta que
negros demais abraçaram a ideia de que são vítimas sem possibilidade de
ação, é claro que a recusa de assumir a responsabilidade por si mesmo
atingiu proporções epidêmicas na sociedade como um todo. Negros que
percebem a si mesmos sempre e somente como vítimas abraçaram uma
forma de pensar que seus destinos os condenam. (hooks, 2003, p.74)
de pessoas negras prefere ser vistas como vítimas do que não vistas como
coisa alguma. (hooks, 2003, p.74)
Em "Black Boy", Richard Wright narra sua vida durante a infância em Mississipi
(sul-americano) e a juventude em Chicago (norte americano). Dor, humilhação, fome
e ódio são as palavras-chave para compreender a infância de Wright no Sul durante
as duríssimas leis Jim Crow. A narrativa de Wright enfatiza as desigualdades raciais
americanas e expõe como o racismo é capaz de esmagar, com mais intensidade, os
mais pobres.
tinha tido um único ano ininterrupto de escola, e não tinha consciência disso.
Eu podia ler e fazer contas, e isso era o que a maioria das pessoas que eu
conhecia podia fazer, fossem adultas ou crianças. (WRIGHT,1945 apud
hooks, 2022, p.90)
Diante desse cenário, a pergunta sobre quem são os meninos que vão mal na
escola (notas baixas, reprovação, evasão etc.) tem sido feita com insistência por
pesquisadores no Brasil. Essa pergunta também tem sido feita com insistência por
pesquisadores de outros países como Estados Unidos, França, Inglaterra, Canadá e
Austrália há pelo menos 20 anos; há quem aponte, inclusive, estarmos no meio de
uma crise de masculinidade e, até mesmo, um segundo sexismo.
A J. é pardinha, tem o cabelo ruim, hem [ri]. Esse menino aqui eu vou colocar
PA, para você saber que é pardo. O J., a mãe dele é bem preta, retinta, mas
ele é branco, fazer o quê? [ri]. A mãe dele é bem acentuada, o cabelo ruim,
mesmo,daqueles bem “bombril”; mas ele deve ter colocado branco. A L.
também é branca. Esse L. eu classificaria como preto. Como dizia a minha
bisavó – minha bisavó era dona de escravos, então na minha família o
preconceito era muito forte. Pro meu pai, preto para ser bom tinha de ter
alguma coisa de branco, pelo menos a alma. Você lembra disso?
(CARVALHO,2004, p.18)
hooks (2022) traz também apontamentos sobre a importância do amor dos pais
para as crianças:
Nas famílias chefiadas por mães amorosas e sábias, "(...) elas sabem que
precisam fornecer modelos de masculinidade saudável para os filhos." (hooks, 2022,
p.198)
Muitas pessoas pensam que "(...) tudo o que um pai precisa fazer é colocar
dinheiro em casa. Embora o apoio material seja uma forma de demonstrar cuidado,
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Em "The will to change: men, masculinity, and love", bell hooks (2004) afirma
que "(...)nós precisamos dos homens em nossas vidas(...)" (hooks, 2004,p.xvi)
"Toda mulher quer ser amada por um homem. Toda mulher quer amar e ser
amada pelos homens em sua vida. Seja lésbica ou heterossexual, bissexual
ou celibatária, ela quer sentir o amor do pai, do avô, do tio, do irmão ou de
um amigo homem. Se ela for heterossexual, ela quer o amor de um
companheiro." (hooks, 2004, p.1)
Que toda criança negra possa amar e ser amada pelo seu pai quanto eu amo e sou
amada pelo meu.
Em 2004, bell hooks publicou o livro "The will to change: men, masculinity and
love", como uma espécie de resposta à sua decepção ao ler o livro "About men", da
pensadora feminista Phyllis Chesler. Segundo hooks, o livro de Chesler é
decepcionante, "(...)cheio de citações de numerosas fontes, artigos de jornais sobre
violência masculina (...)há pouca ou nenhuma explicação, nem interpretação".
(hooks,2004, p.xi)
bell hooks aponta que tinha a expectativa que o livro de Chesler pudesse
ajudá-la a compreender os homens para que assim pudesse não os temer. Como a
expectativa não foi atendida, decidiu escrever "The will to change", obra em que
admite que tudo o que o feminismo sabe sobre os homens está relacionado apenas
à violência masculina imposta às mulheres e crianças. E, por sua vez, esse
conhecimento - parcial e, portanto, inadequado - é comumente difundido através de
raiva e ódio aos homens:
(...) minha reconciliação com meu pai começou com meu reconhecimento
que eu queria e precisava de seu amor - e se eu não pudesse ter esse amor,
que eu pudesse, pelo menos, curar a ferida que sua violência criou no meu
coração. (hooks, 2004, p.xvi)
Recobrei meu amor pela masculinidade negra após uma infância na qual o
homem negro de quem eu mais desejava receber amor me considerava
desprezível. Felizmente, Daddy Gus, pai da minha mãe, ofereceu-me o amor
pelo qual meu coração ansiava (...) (hooks, 2022, p.40)
Toda mulher quer ser amada por um homem. Toda mulher quer amar e ser
amada pelos homens em sua vida. Seja lésbica ou heterossexual, bissexual
ou celibatária, ela quer sentir o amor do pai, do avô, do tio, do irmão ou de
um amigo homem. Se ela for heterossexual, ela quer o amor de um
companheiro. (hooks, 2004, p.1)
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5
Veja mais em: https://padrepauloricardo.org/blog/conheca-e-aprenda-a-rezar-a-ladainha-da-
humildade?gclid=CjwKCAjwkYGVBhArEiwA4sZLuLWAqRr-QZLMjdoeoYmhvPytPqCjDJFmnM_XP-
Ohq01qYzVDK_eoAxoCvPsQAvD_BwE (acesso em:08/06/22)
BELL HOOKS ALÉM DO ESPELHO 28
Compromisso com a vida espiritual exige que façamos mais que ler um bom
livro ou ir a um retiro restaurador. Demanda prática consciente, uma
disposição de unir a forma como pensamos e como agimos. (...)Quando falo
do espiritual, me refiro ao reconhecimento dentro de cada um de que existe
um lugar de mistério na nossa vida onde forças que estão além do desejo ou
da vontade humana alteram as circunstâncias e/ou nos guiam e nos
direcionam. Chamo essas forças de "espírito divino". (hooks, 2021, p.115)
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Nota-se uma confusão ao que queremos dizer quando usamos a palavra amor.
Essa confusão tem origem justamente na nossa dificuldade de amar. Em razão disso,
bell hooks afirma que saber nomear o que é o amor é a condição para que ele exista.
Justiça: lições de amor na infância. As famílias são as nossas primeiras escolas de
6
Agradeço profundamente ao Pedro Sette-Câmara por ter corrigido minha tradução do soneto e por
ter compartilhado comigo um pouco da história da autora e seu marido. O pai do Robert Browning
tinha uma plantação de açúcar na Jamaica. Ele nunca tinha pensado no assunto, até que cresceu e
foi trabalhar no negócio. Chegando na Jamaica, Robert viu a escravidão, voltou para a Inglaterra,
disse para o pai que não queria mais o dinheiro da família e foi trabalhar num banco. Deixou a vida
luxuosa, mas manteve um padrão confortável.
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b) Honestidade
Seja verdadeira com o amor bell hooks ensina que reafirmar o valor de dizer a
verdade é um dever perante a tarefa de construir uma sociedade amorosa e sermos
amorosos. A confiança é a base da intimidade; a verdade é o coração da justiça. Não
há um praticante do amor que engane.
bell hooks ensina que a vida espiritual é necessária para a prática amorosa,
pois nos permite ver a luz do amor em todos os seres vivos. Valores: viver segundo
uma ética amorosa O poder e o domínio são obstáculos para o despertar do amor.
Desapegue-se disso!
bell hooks ensina que viver com simplicidade amplia e intensifica a nossa
capacidade de amar, de praticar a compaixão e afirmar a nossa conexão com a
comunidade. Comunidade: uma comunhão amorosa A amizade é a nossa primeira
experiência com uma "comunidade carinhosa". O amor desenvolvido nas amizades
fortalece, de maneira a potencializar nossos relacionamentos românticos e familiares.
Navegando nas redes sociais, eu tenho notado um levante de negros que não
se consideram progressistas (e eu estou nesse grupo). Apesar de ficar muito feliz com
o #blexit7 (pra lembrar Candace Owens), eu devo dizer que não gosto dos
posicionamentos de todos os negros que estão se levantando contra o establishment
(Sérgio Camargo é um deles; peço desculpas aos fãs dele).
Só que eu tenho percebido que, no debate público, os negros que não estão
alinhados com a agenda progressista são rechaçados. Veja: não estou pedindo para
arrecadar aplausos; a crítica é necessária. O que me parece extravagante é a
violência verbal.
7
Movimento de saída coletiva de negros do partido Democrata (esquerda) nos Estados Unidos. A
palavra junta “black” (negro) com “exit” (saída).
BELL HOOKS ALÉM DO ESPELHO 33
Quero levantar um ponto: a sua militância é pelos negros ou pelos negros que
concordam com a militância? Parece preciosismo, mas há uma diferença substantiva
que demanda honestidade de resposta.
Em “Sisters of Yam: black women and self-recovery”, bell hooks aponta que
algumas
hooks (2015) afirma que a vontade ser honesta é essencial para o nosso bem-
estar. Fala verdadeiramente é essencial. Então por que eu e todos negros que não
são progressistas somos severamente punidos e até mesmo boicotados?
CARVALHO, Marília Pinto de. Quem são os meninos que fracassam na escola?
Cadernos de Pesquisa, v. 34, n. 121, p. 11-40, jan./abr. 2004
________. The will to change: men, masculinity and love. Nova Iorque:
Washington Square Press, 2004
________. Tudo sobre o amor: novas perspectivas. São Paulo: Elefante, 2021.
Mentoria Acadêmica
Se você precisa de orientação extra para seu trabalho acadêmico, contrate a minha
mentoria através do link: https://apoia.se/pretaderodinhaslivros
É uma masterclass com duas horas de duração. Trata-se de uma aula introdutória
sobre feminismo. Expõe-se breve histórico do passado racista do feminismo, suas
bases epistemológicas e exemplos de movimentos de mulheres ao redor do mundo
que não são vinculados ao feminismo.