Texto 4 - Becker. Olga Schild. Mobilidade Espacial Da População
Texto 4 - Becker. Olga Schild. Mobilidade Espacial Da População
Texto 4 - Becker. Olga Schild. Mobilidade Espacial Da População
'
/ ' '
•
, ..
EXPLORAÇÕES GEOGRÁFICAS .
f;s d§§locamentos d~ 12.2Eulações em con~ varia-
PERCURSOS NO FIM DO SÉCULO . ~ envo endo_ao longo do tem o esc~_espaciais dife-
!enciad~onferiramS..Q!!!plexidade cre~ te_ao co ceita
®-,Olobiliqade como expressão de_organizaç~es sociai~, si-
Juações conju..!lh!Iais e relações de trabalho particulares. A
cada n~ ordem po.líti.ca..mundial c..Qrrespondeu uma IlQYª
Qrdem _econômica com_a ein_ergêncil:!,. de 11ovos fluxos de-
~ográficos .
. . •;
Desde as invasões dos povos bárbaros asiáticos até os
Profº Dieter migrantes dos novos tempos, grupos populacionais põem-
. .:. ' -~'
FLG 115- Mi grações e Trabalho se. em movimento: lutam pela hege~onia de novo~ tef!itÓ::
Texto / o2,, l- Cópias '
rios, fogem de perseguições étnicas e r~ ressões múlti:el~ ,
~himbram a possibilidade de terras e mercados de traba-
r
.
•
IERTRAN. lltASIL
- -----------'~ ----
319
---
l
;
tribais e ditat_Q!jaisi eJ_s-1.1.l.Uls nacionalistas, de gue a guerra fazer com refugiados albaneses gue ocuRam o_ :EQrtQ
- -'· - , iil•~· - - . . •
'i
.i - ---
político-econômica com situações de extrema miséria na
África e América Latina originou fluxos . migratórios de
___magnitude
___..
caracterizando o fenômeno mi-
considerável, .-- -
Europa.
..,__
IMON, 1991).
-
gratório dos anos 90.
---
Entretanto, a ameaça de crescente flexibilização dos
~ificada tem sido a tipologi~ os_de.sJocamento . nte1JS..QS
_fluxos de-=ca~áte,.181C.n.l,rAku}Jiaoo ocorr~ram nas décadas de
mercados de trabalho com o aumento da exclusão social, ao "§O e 60, representativos de um período marcado 2or cres-
lado das já visíveis mudanças nas configurações étnico-c~l- cente concentração fundiária e pela industrialização nos_
turais das áreas de destino, tem impelido a construção de ~ndes centros urbanos do Sudeste Brasileiro. Estak..::....
novos "muros da vergonha". Segundo ARBEX (1991), esse é l~ceram-se mig@ções interestaduais de longa dist~ncia na
um movimento que se opõe aos fluxos migratórios e que ~ a de 70, esi;2ecialmente a de nordestinos para o ~ o
apÕn-:-t_a _p-ar_a_a_fõrmaçâo de um novo "muro" se arando ricos fü9 de Janeiro - São Paulo e a dJLJ,~ para as áreas do
e po res -ps novos "blocos de 12oder" - não mais ideoló- Centro-Oeste e Amazônia, responsáveis pela e;x:pansão e
consolidação do mercado de trabalho a nível nacional.
gicos, mas essencialmente econômicos.
-- •
~pli~aram-se as migrações de assalariados rurais_J eIJl-
• • • • • • • • • • • • • • ••• • •••• • • • •• • •• • • ff
"Q§ moyj.mentos de 2,opulação revelam as feições das .12orário_s (volantes, bóiaBi:iJt§)_Jtspecialmente par~~-.co,..
~ociedades contemporâneas. É a sua 'função de esp;._ !4.eitas da cana e da laran.i-ª, expressão do subempreg0--sa~
_lho' que se situa em tod~~ níveis de análise. Como zonal e das rel~.2.~s de trabalho informais ge~ d2_s_p~
tudo que qesem2enha uma função de revelação, a· r;:~odemização_ capitalista __p.p campo~ F q_m_e n~rp-se_ os ~
. - --
·,·
. :f d~sJocame~t9s sucessiv-9~ de "barrageiros" para a constru-
1!_lig~ção internacional é uma questão ·9.Q_e incomoda_:_
~ la incomoda as sociedades ond~ as saídas, ção_d~ gr~des_obras de in~ra-estrut~ra en~rgéti~a_ao lon-
2elo julgamento que traz, o ''referendo pelos pés", :~
., g_o das Areas de fronteira, seja internacional (Itaipu) ou
:.
gue sanci~na a ditadura ou a inca12acidade de um re- ·.~ nêcional (Tucuruí, Balbina etc.).
Por outro lado, intensificou-se a mobilidade tanto in-
&!!1e. Também incomoda países de if!!_igração. Oque
320
-- 321
(,
·,,
.:.1
EXPLORAÇÕES GEO GRÁFICAS · MOBI LID ADE ES PAC IAL DA POPULAÇÃO
-
tor terra, levando à eclosão de movimentos sociais de resis-
----- - -- -
_!ência, ~<2...Q.1.1e são e~mplos o Movimento dos Sem-Terra_,. ,f.. migração .e_od~~r deflmda como mobilidade ospa-
(M,ST) e o das populações extrativistas da Amazônia Oci- . _cial da po.e_ulação. S e ~ ecanismo de deslocnmcnto
derltal. É a contramobilidade emergm.d_p~mo expre~são 122pulacional, refl~te mud~nças n~~~ações entre as pes-
do direito de "não migrar", ou de permanecer no espa~o soas (relações de produção) e entre essas e o seu .filr.bicnlo
~ origem; é a luta em de.fusa~ "livre-arbítrio: · qu~nto ao físico.
espaço a ocu~ a cultura a Ereservar. É o singul~entãn-" A mobilidade tem sido objeto de diferentes interprc-
_d~ ter seu lugar no espa~conômico global. , _tações ao longo do temP.o, e~ ressando-se, entre outros,
Outras formas e escalas de mobilidade ainda podeliam através dos enfoques neoclássico e neomarxi~
,
ser lembradas. Como ;-emplos, OS JD0~ 1?f .fi~ p~ _dulares
, P$ .,
~ os anos 70, o fenômeno migrató~ rª-92Dsidera-
~ etr.W$tano2_ Pª@. trabalho e/ou estudo_,, assim como do a partir de uma perspectiva neoclássica, * ntro de uma
os deslocamentos intra-urbaOQ.s de caráter residencial. fu-
------ --- - -
ses ~ fletem também a expansão e a multiplicação dos esp.a.: s~
---- --
visão predominante,!!lfillW descritiva e dualista. Estudavam-
·- mo~entos migratórios especialmente através da .•
ços_f_o_çais da _EQbreza e_da violência;_ o rear~anjo do tecido mensuração dos fluxos ê@_mogrãficos e das ...9ara~ risticas
ld!..bano em..funç_ã.o das mudanças no tecido social.:. individuais dos migrantes. Do_ponto de vista espacial, a aná-
Assim, Qarece gue algumas perguntas se impõem ... lise estatística de fluxo0 linhas)_~ de aglomerações (:e.,ontos)
_9ualtem sido, afinal, o significado da mobilidade popu~- era favorecida em detii~ento_da visão histórico-ge_ográfica
..99nal a I2-illiiLdas diferentes concepções teóricas? Q.!_ial o ,de uma formação social._Tal conce_12.Ç_ãg_ levayª a um modelo
papel das migrações ~ onstrução histólica do_Lespa.ÇQ_s ~
redutivo da realidade onde a sociedade era considerada sob
:~, ganizados pelo capitalismo? Quais
.
as suas faces e interfo- um enfoque individualizado, atomístico: cada pessoa busca-
~----- -- - -
ces em diferentes moment'()s, contextos e escalas? Quais as
~-erspectivas da mobilidade da força de traba!?o no mun_g_Q
-~ maximizar suas necessidades. A decisão de migrar era
percebida como decorrente apenas da "decisão pessoal" e
-
atual ? Este estudo se propõe a abordar alguns tópicos_Eara
a discussão dessas- questões. - - -- •
.,....nã2_ pressionada ou produzida por forças sócio-econômicas
~
_A_pru:t.i.L.da.me_ç1dos dos anos 70, o fenômen<2.,!_Il~grat,2-
.~ iderado sob o enfoque neomarxista, do ~ é
~ plo o trabalho d~ GAUDEMAR (1977). A migração
_passou a 2._er concebida como :'=2;obilt._da~~ forçada ~e~ s
322 323
l
EXPLORA(,ÕES GEOGRÁFICAS MOBILIDADE ESPACIAL DA POPULAÇÃO
-~ec~ssi9ades do capita~' e não mais como um ato s~ berano estratégias de mobilização da populaçãQ trabalhªdora,_d~
· de ~ontade pes~ em respost: ~
_, ~rbflla esp~rada~ (TODAR0,11J70).
fil¾IW4*z 42 ~~d! -
· suas lutas salariais, sindicais e_polític~ ?_
Um novo p__aradigma das migrações está em g~staç~
liz~
Entrefanto, a 12aitir dos novos imp~rativos _da_GlQQa-
mo exp ressão do neoliberalismo ~conômico em~r-
como resultante da atual internacionalização da economia;..
. --
g~ _en.vollle=S.éLDUJ!!.~-~~E.j.!!Diur.a onde de um lado ocorre a
r.g§uw.Qyas_for_mas de gestão do tra~alho objeti".'~I!~º o con- reestruturação tecnológica e, de outro, o aprofundamentô'
trol_e de ~ dade, mas produzindo simultaneament~ ·da exclusão social. Apesar das novas ·tendências, toma-se
.iixclusãa crescen_!e do trabalhador. O perfil d~ rod]:!ção e o necessário reconhecer que:
giercado_se_reorganizam a partir de novas jornadas de traba-
lho e novos valores de salário. A estrutur~ ão -da _soêi~~de "há certo consenso quanto às dificuldades p resentes
--- -- ---- -
~o trato da categoria trabalho ... as mudanças em cur-
~pitalista como uma sociedade do trabalho está em ~rise._
·- ----- -
~ no capitalismo mundial integra? º de!!~I_!_~i<l!Il u~
"A çrise at:µal_reye_lada.p_~la ~edução _d o trabalho ass_a- profunda crise no mundo do trabalho. No entanto,
.lariado, pela ame.Y-aç~o daUQ!_mas de _trabalho_não- não .dispómos ainda de categorias analíticas que nos
ª-~alariadoJ_p~la redll.ção_çl_o_g_~merq_ ~e J rabalhador~
.----...,.,·
- - - - - - - -~ ----,-
l:.e nnitam incorporar tais mudanças. Por enquanto,
sindicaj.izados, Eelo arrefecimentq da ação sindical,_ utilizamos com cui<!_ado as disponíveis" (CARLEIAL,
pela taxa de desemEr~~-aberta e -12da PI2.12ria ciise 1994: 301).
gg Estado-Previdência não parece ter solução já co-
nhecida" (CARLEIAL, 1994: 300). Nas próximas seções serão tratados _os conceitos de
----- mobilidade espacial aa p__~pu_§:ção se@ndo os enfogues até
~ pital eode escolh ex a loxça--.de trabalho onde
~ lhor lhe convier e da forma que lhe for aind~ mais r~n- -
então disponíveis: o neoclássico e o n,eomarxista.
---
,.___,,,,_
.~ abalho p ela ausência do trabalho? Quais serão as novas tores condicionantes das migrações entendidos como "fato-
- .
324 325
l
EXPLORAÇÕES GEOGRÁFI CAS MOB ILIDADE ESP ACIAL DA POPU LAÇÃO
- -- - as- "Leis
H.á mais de cem anos ogeógrâfo inglê~RAVENSTEIN
- da - -
-- Migração" -
-
leis da migração de Ravenstein a partir da formulação de
- -- - -
m~elos rnatemátícos e estatísticos. Para STOUFFER (1940)
il§filiLap.res~ à Sociedade Real e posteriormente DoRiêo -e TOB LER (1983), a migração
·'·
~ritânica. Analisou a migração inter~ na Inggiterra del}![o '., representava agora o resultado dellm~ uação matemáti- -
.·
do contexto da Revolução Industrial, destacandq os "fato- ca: eram somados e subtraídos efeitos do~tores de eva-
- - --- -- - - -
res ~ atração das cidades". Os principais __!ópícos ~ntão dis- são e atração, mêdiados pela distância, esta considerada o
cutidos foram: migr:a_çã~ distância1-mig!ação por etapas, "oh culo.-intenre;;-nw ;-;e~ ncido. - -
fluxos e~ ntrafluxos_,_d iferença~r~ano: rurais na p~en- _LEE (1966 foi ues:12-o_ sável p~ ção de outro
-~ o -de migrar, predomi~ ia das I!!ulheres nos desloca- esquema ~ ral sobr-~-a~migrações. Sua proposição envolvia
mentos de curta distância, t~cnologia ~migraç_ão, .901r!_i- {i°m conjunto de fatores n~~ltivos· e positiv; s ~ áreas de
"· .. . - -~- - -.-.. -- . -
01igem e destino dos migrantes, um conjunto de obstácu-
nân~~ d <2__motivo econômico para os_ deslocamento~ S~u
trabalho tomou~ e o ponto de p~ ida para o~ estudos e~ JÕsintervenientes e uma série de fatores pessoais. ffaseado
te_?ria da migraçã~_. Eªs Leis de Ravenstcin, Lcc forrn ulou uma série de hipó-t~~=
Desde então, apesar de terem surgido centenas de s~gerais sobre o volu rnc das migruções sob condições va-
trab~ sob esse · enfoque, poucas_ge~erilizações fora~ riadas, o desenvolvimcul o do fluxos e n 011xos populacio-
---------- . -- - - - - - --
adicionadas. A aus-ªncia 1e novos a§pectos generalizantes nais,_assim coill_o sobre novas cur nctcrfs ticus geruls d os rn f-
pesses estudos teóricos foi no_!a~ por ~ Ek (19@)., r~.!l!t grantes, como segue:
do-se ao fa!_Q 9..e qye _g.e\jdo~ ck.senvolvimento das análi-
. . ....--- -- - - ----
_,,-
ses de eg~ líbrio~ os economist~ haviam abandonaslo .QS es- }!íp}5t~ es...se,_q:s:e -owlutne-da llJ4gração: 1) o volume
~~dos de g o~ ação, en uanto os sociólogos~ histori~ ores ~~mig~aç!g_ dentro de._um_deJerminado te.rritó.rio-va,.
---
tomavam-se
. - cada-vez
-·~~ - mais- relutantes
. .
em. lidar com
-
res volumes de dados estatísticos. Ao m~smo temEo, de-
maio_- ria com o grau de_divfil:,filflç__ação_e.fil!"e as área.Llncluí-
~l
j_as nesse tenitó1:!.9; 9 y olum~ da..migmção var.ia
!!_l.Pgrafos_mostravam-se satisfeitos com seus achados empí- _com a diversificação entre os_povos; 3) o volume da
~ pouco inclinadoL a_ gfll~ iza ~ - Qon~ ilente- migração r~lacíona_:se ~oni_a gUl9:!ldade de ~ erar
-mente, até Q.~.J UlQS 3.Q foi Ee ueno ~ avanç~~ ~ mpo da os 2Estácu~ inte~~ ie12t~ 4) o volume illLmi~ o
----
._- - - - ---- - - ----....;::;,,-
teoria e m migração. De acordo com THOMAS (1938), a
326
varia com ~s flutuações da economia; 5) a menos que
327
-- -----
1-
~
freios.,_seve~os
, a- .
sejam
. .'
imp~ tanto o volume como a caso de áreas onde ~ futores n~gativos sã<2_ desalenta-
- -- - -
de destino são sewelhantes; 5) a eficiência das cor-
rentes mi r tórias t de a ser elevada 9.uando os obs-
-balho_que n~o era absorvida pela chamada "economia
moderna". Em verdade, não possuíam um expressivo com-
~ - -----
táculos intervenientes são grandes; 6) a eficiência de
--------....... _ . .
~a corrente migratória varia e~ as condiçõe~ eco-
-
- pÕnente sociãI.
1
·- Com_o respostª' TODARO J l$l6f)) fopnulog_um mode-
- --- . ~ t ~ .
.nômi~ sen±?_ elevada nas épocas de pr9speridad~ e lo ~conôQ1~,99--haseado ne"'c omporta~en~o das mign~ções
baixa n ~ erfodos de depressão.
--- -
Hipóteses sobre as caracterlsticas dos migrantes: 1) Jlj__
----
. rurais.~u~ba___
nas, recGnhecendo o fato da existência de um_.
~~g_!!ifl§iivo_extratq_ge trªl?____alhadores urbanos d~semE:ega-
.
,------
dem principalmente a fatores__positivos_ptevalecentes pa economia urbana, o que caracterizou esse Il!Qdelo como
no local_g~®stino teJ1deIIL.a c~ tituir_uma seleção
. positiva; 3) os migrantes que respondem primordial-
-·~~ a fatÕrê~vos prevalecentes no local
orige~onstituir~ seleç~ ~gativa; no
de --------- ---
probabilístico.
da na ~ ge~
·
Foram considerados os diferenciais de renda espera-
- - .
a~a d~ destino. i\ssip.!.. a de~isão
-~ rrugtar estaria ~ ep~ndênc!~da avaliaçã~~e ~mi-\
·.,
328 ~ 329
EXPLORAÇÕES GEOGRÁFICAS MOBILIDADE ESPACIAL DA POPULAÇÃO
trabalhadores urbanos d~
- - ----=-- .
.
. . . . . · ·- .-.
~
pr egag_os ~ subemp--@gados
-Através da maioria des~e§_ estud9s, a industrialização
vinha sendo consideradª como a força propulsora d~
~ _ges. F~os 2.2pulé!_cionais derivariam da mode ~ção,
- !Di-
if etaria a e_robabilidade do miw nte de~ ncop trar empre- .fato é,_da__ intr~dução de m udanças técnicas no processo
g9 ~ setor !!!.Qdemo. produtivo e, conseqüente mente, do ap_rofundamento na
Ü_.!ltra_q uestão a _$eL enfatizada_era ª - º-corrênciiw!e divisão social do trabalho, articularmente entre as esferas
~ ~ -
.. ..., ___
mudanç~ .. estruturais nas econqnJ~~ - - Jk>~ p.a!s.e_~ J~II.l,,.1 ~sen- rural e urbana da Erodução.
. ----
volvimento. l st~ ~nte significativo, ~~ssa visão neoclássica, a migração era percebida co-
uma vez q~ O COI!_.Çfilt.Q._de- dg.5enyo}V-irnent~ e~~6mico- . _Elº um mecanismo ~ dor de equilíbrio para economias
_§ úentemente era definido em ~e_1:!DO__§_ de transferêncja ~ mudança~pecialmente aquelas mais pobres. A mobili-
qe elevadgs_p_filcentagens de trabalhadores_slas ati vidaj es dade era considerada, portanto2 como fluxo de ª'ustamento,
,,da .,a&if
u_ltu~ª~ l.2~ ª as ind~striais. Assj.~ ~ se _seria um sinal e fator de pJ:Qgresso econômico. 9 AUDEMal3, (1977:
---
~ a-a:l~
-
modelo de transferência de mão-de-obra do setor rural
b a_Q_o "moderno". Tal p..r9ces~o se
- - ..
·'·
18) c~ testa tal conce12ção ao discorrer sobr~ ) 1mJ?bilida-9,e
d.os homens enguanto estratég!a par~,_.p erpetuar as desigual-
'·1
-~ ..·de esµaç_Q.", ~!!!..ª vez que ess~-espaç~ é mudado
·ª aria em duas etapas:
. --- ~?
---
' .
jo harmonioso dos territórios" (GAUD?MAR1 191Z2:8).
trabalho mais mosJerno:-~s_te proces§_Q em dois está-
- __,. ...,._ -.-.. .
.
---
- - ~ - - - ~-~ ~;. _ , ,• r , . • ,,. ,, , •. ~~
---
. renciais alt~:Ila~ivos. d~_ren_d,a_r_eal urbano-ruràlq ua~'- ,
~
_.,..
P-ª.Ç~O dQ...t rabalho
.
na_ecDnomia ~9dema"
_yeis, frac~ 2 rodutividade, produção de bens baseada no
modelo intensivo de mão-de-obra) pura o.s se.t.OJJiS O!.L(e-
-~ D
s, 191!±!~~
~s_des_~ dos (salários rígidos, forte intensidade ca-
_};2italista da p rodução). consti~am processo de ajusta- '
i.
,.
;
330 331, i
1(
EXPLORAÇ~ES GEOGRÁFICAS MOBILIDADE ESPACIAL DA POPULAÇÃO
mento ao equilíbrio ótimo. Os fluxos contrários seriam de- ~e acordo co~ g~ oj~ conjuntos_.de fa-
sê.q..uilibrantes e, portanto, nocivos. ~o~~--relacionados às migraçõ~ as áreas de or!_ge!_Tl: ~s
! EEl,fl._9JJ)~~cutindo esse "equilíbrio" refere_-se ~º- "fo,tox e.S-d.e..JJ).udanç~~ _o.L:f~ ~s de~ ~tag~ ação". O p9-
~gl!m~ to m~ rialista, que considera a desigualdade co- IDJili12.Jip.o_decQr~ ria_ch ~~ relaç~ capitalis.tas
mo necessária para produzir uma força de trabalho diversi- .çe 12.fOdJ!ç_ão, com a ~ __r1ªÇ.ã.Q ?~alhado~:J~S_IJ1rais
da-t®:ª,~®_Q~ tiV(2_ cks~ê_.R: ~ º - -ªu,me1~tq da -
ficada, devido a sua fun_ção de incentivo ao trabalho.; De-
-~ -
~mpreg<2L subem~
- . ---.
o e pobreza s_ão inevitav~ nte ero-
--- _produtividade do_trab_alho_com a conseqüente redução no
duzidos pela mecanização, automação e o desigual_ ~urso ~ de-empr~g~ O J,egundo relackmar-:se:-i~_A__cre.scente
pxessão_d.e.mográfica sobre_as terrq§ utilizadas para culturas
?'õdese nvolvimento e conômiê~ } @ãld :@e acomRa~
nha tQ.go nosso mo,g? de vida''. (~ 977: !}6).
ge subsistência_, egq.ndo_sua dfaponibiliElade limitada a par-
-tir da mono.µolizaçio EelQ§._gr:andes-proprietáriqs.
F inalmente , a visão neocl ·ss1ca das mi iã ões b sea:..
Partindo também de um modelo ·e ·s trutural,
va-se'num e nfoque e erminista: o fenômeno migratório
. --
cau sas e e fêi!9s. Ao considerar a migração de uma forma
-
estava reduzido à identificação e_q uantificação de algu.IML
-(
~
b
..amp_l<Ld~
--------·-----------~~~~~~
inseiiu a análise da mobilidade ·ho contexto mais
utura ~rári~ ~aciq_~ou~~ _!!}igrações._.,a-;-_~
.~ces~ ~dança agráiia nos ~p~ ses'~~r:!!.. des~nvolvi~-
i~Q!ada e p ontual, esse enfoque torna-se a-histórico e pre-
tensamente apolítico, em oposição ao método histórico dia~
~ o,-s.u~
..__ria ocorrendo ~
----.__,__. ---
gricultura ·latino-americana esta-
tran~ ão da rodução . não-capitalista '
----
lético.
j > ~_canitalista. Neste sentido, considerou-q· ~ cresci--
:a. - - - - - - - - - - ---- - ~
--~ ~ capitalis@..exa,~ m_ grand~ :e~ e, de~ n- -
O con_texto de análise da mobiYd3_g_e_e~acial di p~u- -~'b,_g_u i a_emi~~ rur~ ~ $.~si1e!a~a ~com?_y ! esul-
Jaç_ão foi expaodido ao se discutir o seu caráter histórico. A
---
(l973: 2! 7) ..c~_m õ _j
Jenôrneno social histoiicamente condicionado, tomãnâ..Q-~
Q_Iesultado d ~ rocesso_glob-ªUle_mud@ ças, se_earado do
l
..,
.:¼dQ.Apro~ arizaç~ ~IhQ~-Sue ac_º 1!!.12-ª-~!1 ~ .
~ --- -
~ sa transiç.ãQ...J \Jo latifúndio,_§ a conversão do traba-
-~º servil el!!,__t.r@alho assalariadoJ, enquanto Q_O mini-
-f~~ proletarizaçãP_ é º -P! ~c~sso p~ I~ qual ça~pQ~·
----
_gy_al não deve~a ~ considerg_d!{ · A.§sim, o primeiro passo . ~eses crescentemente_precisam vend~ ~ ~ ~ra~afuo__,
na análi_s~ .dos_deslocª-!n§ntos_p._Qpulacion~.J~assou a ser a _ _gQ_g0Ede ~ ário. Deste modo, q emig~açã9_~~-
~ ------ -
i?,entifi5 aç}lo dos_lim!t~s ga su~~ol]_figur_a ~?_!ll~~óf!ca:_ ral é explicada pela análise da~ç_a~ s da_p~ tari~---
·---.
332 ., 333
,:J
;
~~~ _fon:!_!as d~
(PEEK,1978: 2) .
rodu ~º-- não-ca italisj:a'.:._
.-
extensões, o espaço geoecon_.ô.mico~sto é,...o espaço através
~qp.al o trabalho se expande pm·a formar o mercado de
.---=::::::::--=:s gabalho.......Entretanto, ao mesmo_Jempo que a força de tra-
"~ob,!dade for~ada" e~ .9pos~ção_à_visão neoclássica das "A 1nobilidade da fora de trabalho é, assim2.... uma
migrações como um ~to de decisão pessoal. A migração Característica do trabalhador submetido ao ca@al e,
passoü a sere ntendid como_~ c_rescent~ s1::1jeição _do_traga- por essa razão,_do roocjg d~ produção c~italista... A
Iho ao ca_eital. força de trabalho deve ser, port~tg, móvel, isto é,
~ • ~~n~ SLAT~R (1~78), ~.?E1º mobi_lidade foi:çada a capaz de manter os locais-_preparados pelo capital,
migração tomou__:se interessante mecanismo na expansão q uer tengg.ID..sidoesZolhidos ou imposto~; móvef quer
.4~ap~smo monopolista nas realidades-então ~ha_!Ila9as dizer apto para a~ caçõe~~o<!!ficpç~ seu
"~?.--:Para~OOElRA-.(1978), a lllQhilidé!i_e do tra- _. emprego" (G4QPEM AR, 1977: 190).
baH10 · de uma fofll)_~_g,e ral, e a ~ paciª1, e.m parti_çajãr, e ra . i.,
~
- - .. --
..~?..~~ d_e te_:,m ~a ~ deterruL~ nte dq_ processo Desta forma, a mobilidade da força de trabalho pode j,
. ~ c~mulaç~12italJ!fil) _2od~gdo ~ r _devidamente j >-' ' ' .... . --
ser percebida como determinada pelas necessidades qg ca-
en_tendid~ des~~c52ntext~ im, o rocesso-9.e desen- j _J?ital. ~ s necessidades irão se refletir em dife renciadas o
vol~~12!_?. capitalista, ao_mesmQJ_empo que. ampliava a alternativas for_!!!as es12aciais de fl~s migratórios, centó-
. ------- -
c~gtava.-
......._
--
--
demanda de trabafu9,_c ·ava a oferta de trabalho que ne-
- -
_jgos ou centrí_peto~
------·
- outra
.A _____
dir.1ensão da rnobilidade, a denominada __
......._._ so-
Para - -
GAUDEMAR (1977). a mobilidade
- ... - é introduzida
- .... ~- ~ taria, por ~~a vez, relacionada à hierarqQ.ia d9 traba-
l
.
---- ---------------
.....__..
Conforme essa visão, a mobilidade do traballio reúne
duas dimensões: a espacial (horizontal) e a social~ erticª1).
Çomo mo.hilidade ~ acial ot_!_m!gração..?-pQ.de2 e..E_consic!_e-
~ fun ções do processo produtivo. Confo_rme Gaude-
mar, a ~x_propriação dos pequenos prod!:!tores deJ eus _
_!!leios de produção, e sua mudança da condição de_campo-
1
e da a capacidade da força de trabalho de conquistar vastas ?ês para assala1iado, constituem elementos da mobilida.9e
--- - --- - ----- - -- -
334 335 •
1 :,
t
~ ocial, mas produzidas ao nível espacial da transformação dispor como pessoa livre de sua _forç~ de !'fabalho
do trabalho. -- e
'"'tomo ·sua mercadori!!, o de-estar livre, inteiramente
------------ --
A discussão apresentada por Gaudemar foi em parte ~espojado de todas as coisas necessárias à materializa-
- ' - ---- - -
-~ por PELIANO (1990: 1482...~ ? ~ ~aq~e-
....
_ção de suª forç11 de trabalho,_não_tendo, além desta,
Je autor refere-se de form~ g~1érica e si112:elista à mobj.li9a.:_ .Q..uJra..merc_a.do.ri.a.para_\C.ender" (MARX, 1887: 147).
1
---
de da força de trabalho como mobilidade do trabalho. Em
__ve_E..d__gde, o gu~ rn possibi~dade de~e_~ bilizar é a for~
-
Entretanto, o gue também pre...ci.s.a_seL.r.egjstrado é o
. .
._de trabalh,Q~ trabalh~ a força de trab~o em~ ção_, donde tipo de liberdade nece~ 12ara o :erocesso de actimula-
,._..--:-: ..
não faria sentido falar de mobilidade do trabalho e sim de .,Ç-ª.9.: A liber.s!ag.~ do trabalhador aparece, pois, como un1a
mobilidade da fo~e ti=ãóalho. -
~
--- -- - -
ntender melhor o fen~~en~ m~gr~ ório a partir
--- qpns€qü.ê hciª_de- sua .~s.e11ar:,aç_ão dos -meios_de ., produção, _
E.ªtli~rm_gnteJl teLfª-· Assim, quando um indi\iduo apro-:
~ ~arxista, ou~ eja, como_"mobil!çlaj _e da fOrça--- ..pJia.nhjetGs-ll1illl_gi~~~ua subsistênci4, :ningu~m-mais
d~ _!ra~ ' , torn3.-se ir g p . . o ~r!1 brar alguns_p~ntos os controla a não ser ele p~ o. Conforme explicado pela
b~~icos sobre a_p~ã~ da _força de _!:abalho, c.9nforme teoria materialista:
~ 0~ 034ginalrp~nte a çonce.beu. Isso implica que
s_e__fQnh~ _de que maneira e sob quais circunstâncias o 'J ~~rtas_c_o.nd.içõ.es hist6.ri~ ão_E~c~ sári~ ~a que
,. ! ~ ~ uma ''mercaçl01ia". Essa, sen~o conside- -~ dutíLpossa tornar-se uma mercadoria. É pre.ci-
. rada como ~ .Erime ira~ m!. de gerar riquez':. no_-s]:ste~ so que n~~~eja produzido como meio imediato de
~ ta de_JttQ.d!::2ão. _ _
---
~_u bsistência do..pr.ó..prio p..rodu.tor,-mas-PZCª-º~~P-ital"
Assim, a _p_os~e do dinheiro, maquinaria e outros meios (MARX, 1887: 517).
_ de 12rodução não conve1teria uma ~ssoa ern_cap~ s~
~ s e ~ fator .::tl;.a~l.lu{ disponível_nq__mercado. Tal De acordo com WAKEFIELD (1833),
_ç.a,i:-acterí-s-t-ica-b.á_filca da_ força_de ti:.~!~alho, segundo a con-
cep_çfuuna1:xis~ ~ ~ ando ela toma-se "li_yre'' _e_)pó:_
vel",jsto é, quando é s~parada__d~ eu~_eios d_§_~odução e
"A
-;---humanidade______
----- -adotou um__.,,,,.....
artifício muito mais sim-
p!e_~P,~J~romo~er a acumula ão do ca ital< -o us.9
..,_
-- ----
-- -- -- - - -
.
~ac.Q@o. Sendo o capital deto~ @al, um ho- _
336 337
EXPLORAÇÕES GEOGRÁFICAS MOBILIDADE ESP AC IAL DA POPULAÇÃO
oupa or ue ele es~ ra enc~ ~utr.o~ µ- ,,_~ _J1~!t nd~ ~er~_g_<_?. s sã9 abertos ...
nados a _trabalhar ~ i ~ou1ome-ns- gastam_ Nestas situações a economia precisa de uma rápida
. -------::----,,_;_---::---:'.:------- -·
porque es~ m encontrar alg~ _disp 0st-0-a-en:Íp1=e- ,transfusão de trabalho: uma r~serva de força de traba-
:i
1
g~ AKEFIELD, 1833: 327). Jho ara ser trazida guando necessária e liberada na . 1
'!l
______, ~---------------------· ----· _medida em que~ rnand·a dimirgli ou a rnecaniz~ção.
1,
339
EXPLORAÇÕiS GEOGRÁFICAS MOBILIDADE ESPACIAL DA POPULAÇÃO
~ ~pr9letariado urban..2..:. Nas áreas ond~ redomina a . . , .n hecer a e~eecificidade histórica do capitalismo n~~9_()_i~ -
.12r~dução 9-e subsig.ência._Q_Çl!pitalista através da "exR~O- çlades em desenvolvimento.
ria · ão" dos e uen
IDJ.ldança
,,
· dt±t:-<:tres-à-a. term, deflagrada pela
nas prévias condiç9 es de_tra_galho, isto é.,_p..cl_a
-- Nesta etaEa da discussão precisa ser enfatizado que
·-- - - -~ - - - - - - - - - -
_es!!..s.e. tratando com conceitos gerais. ~ntre~o~ o -~~
~ç.a-J1.a..-.i:g.lação ~ de-natureza, estaria criando o ~~r ~o-~re _repr~d~ção .da foi:_ÇJ!~ J ; a~~ <?_.e stá s~
tr, a~ 'livre", p~~ o mercado. Desta forma, o movi- considerando um Earticular está~o da produção social dos
mento dos emigrante·s rurais em direção às cidade~Eres~ - indi~duos. Assim,_jLestudo de cadailluação exige que· a
.~
a-
''-
p.unha a ~xistência de um crescente excedente. de_p__o.p_ulq.- mesma seja referenc~ ~ dado período históric.O,
ção no campo._Essa _:p~p ulação latente pode também ae::_ um modo de rodu ão específico e a uma área particular. _
r·~ de tras for ' e !idades chamada. de fu.: .Á mobilidade cksem12enhou funções diferentes em
----~.-,---
meiro Mundo, como, por ex~ plo, a categoria de ~ lhe-_ diferentes n10dos de rodu ão. Nas sociedades rimitivas,
res ®.teri_o_rm.enteioregxad~ a forma de prod1:!_ção e_~- -._;--
_m_ o_1·_li_d_a_d_e_r_
e~aya uma form~
_so_b_~ _vi_v_ên_c_ia__
E,~
·- cl usivam0-me-d-e-m.és.t..ica..~ ~~e_opulações itinerantes ~~ Erecisavam se deslocar p~-
,,:.,..;..-,;--
' A terceira categ~ de população excedente, a "es- ra encontrar alimentos e terras férteis para seus cultivos
tagnada", corr.e.sp0Btk.ria-a-Y-ma._parte da_for_ç-ª-.Q_e t~abalho -c; munitários. Na sociedade ca italista a mobilidade reEre-·
~ sentasse condi ões de ell!p~ go extrema- senta um meiÕ para a reprodução do capital, uma vez ~e_
~eD-t~ irregula.i:.-S.eg.un.da::;;:MARX- WBB7), .!is condições de, uma força de trabalho " · "móvel" orna-se essencial
vida desse grupo est-uiam hem abaixo do nível do restante __ p_m:.a_o_.p.i:~oJ!e_acu~Y açã-º= Nesse sentido, uma massa '
·Ja classe trabalhado ra.__l'iª-c.o.uJ1:m~ pas-sado de trabalhadores "latentes" ou "esta~ados", seguindo os
º!;..de f~-~ ~nsado, esse reservató;io de trªº-ªlho po~ m~ mentos do ca :, ital, represen~ m indicado~ de desen-
~ nte barato, _corr~ a o _ e _mprego irregular. da . volvi~ ªp.italista. ----
ma~_de_pJ 1 ~]2obrecida e às atividades das ge- ---- ~ do....pQr -~ RJ EY (!9] 4), ~ progresso
g_1=1enas ind.1J ticas; ho ·e poderia estar relaciona- · ~da acumulação res uE.!:!!1ha e~-cteÉenderia da exi~
- ?
·----
do a empregos extremamenteJnstáv_eiS-€-3..h_aixas remuna-
.Jt1-çiies-clo-tr.abalho em certos g~ ªs
_e_ç_nno mi as-pe-Fi-f:é-1.-iea-s.
u m excedente de trabalho ue udesse alimentar a e~an,,,_
são da produção.
_6,p~r ~ alid~ e desses con8eito ,,. sicos, ao nível "Mecanismos p~~sa_!n _exi~ ~ au_r.nentar o exce-.
-..~ ral são muitas vezes insufi~ e xplicar a reaHda- d_ente j~orça de trab~o 2 trªv~ _por~ e_lo do .
_ge das fo rmações sociais contemp_~_@ ,IlfillS~ acordo ~ estímulo aÕcrescimento da pqe_ulação, da geração de
fí~os m~atório;, do empreg~ errij_~tuações nãO-ca- -
o _p_ensamento de 1-,
LAlfrB-~.lg;B), t~ma-se e~ ial reco- _
340
---------- 341
EXPLORAÇÕES GEOGRÁFICAS MOBILIDADE ESPACIAL DA POPULAÇÃO
pitalistas... ou criando desem:Q_re~ela introdução ~ q enfo~e neomarxista, por sua vez, considerou a
~ adoras de mão-d~.c.Ohi:a.:..( HARVEY, ~igração como um processo social que pode te~o:iga
. 1974: 264). --. duração.
-
um mu~ ara outro (migrante-int~rm.unicipal)~~--=-
e ntre diferentes te orlas de domicílio dentro dos li · es
gientos dos fluxos migratórt.os. A plimcira mol~ ropulsora
destes deslocamentos seria sócio-cconôrnicai. detcrmina~a
. o mesmo municí io ra intram · 'pal)._, pelo processo de acumulação do c~ilul1 .soment e nmn
Entretanto, além dessa definição administ~a, ou- ~egundo momento poderia se falar nas condi_çõcs subjuti-
tra poderia ser considerada a partir da discussão neomar~ :'~s das mjgm_ções e nas características d9s migrantes.
~ i g ran.tes_s.ão todos~JJ.,eles ilJ!!ivíduos que segue:rp ~ m quadro-resum9 (Çuadra JJ foi desenhado o!?jeti-
os movime tos do ca~al sob a c_qndiçãQje força de traba-_ vando identificar algumas diferenças básicas entre os enfo-
~ a ~ otencialmente assalariada. ~ ues neoclássico e neomarx.ista na discussão do fenôme~;
~=~ en,9;:1anto no enfoq~e neoclássico a cat~ migratório.:._
_!!!!grante corresponde ao "indivi_d.}-l~, ~~ visão neomarxista -
-
~ refere a uma classe só"cial, ou melhor, a determinados
grupos sócio-econômicos. Através dos estudos neoclássicos,
a~~ era investigada como o deslocamento de indi~
duos num dadq__período entre dois pontos do espaço geo-
1
j·
342 343
!
J
\i
j
'I
EXPLORAÇÔE~ GEOCRÁF ICAS 'i MOBILIDADE ESPACIAL DA POPULAÇÃO
Dirn.ens<7o es7Jaço-tem7JOrnl:
- Os grnpos so:~éÚS.
DlI!,umst7o eP._aço-temporal:
d_gção na Amazônia ocorreu em decorrência do progressivo
"fechamento da fronteira" par~~ quen~ r~a~t9re~rais,
.-- . .
- DesJocamento <lo in<livíouo e ntre - Movimento ele um cxmjlm~ de i_s!o-é, a crescente dificul~ad~ desses grupos em ter acess.Õ à
dois .129ntos no e::spaço (fluxos, li- in~iví<l~os, -~ _e ~ períod..Q_do terra. o modelo neoclássico das migrações passou a ser
nhas, pontos). ~mp<!.L§O~~_!! ~~lli!Ç~pgrM'ico.
- Visão Hxa de mercado ele trabalho A trnjetôri~ J2<_><le~~@~vários questionado, pois perdi~ poder ?~_e~li~ação g_i~~. üm
homogêneo e pontual. - ~ pontos e se~I~~ <lur-ª.ÇiiO, pois
representa um nrocess,.Q_~~10 ap.e-
novo marco teórico emergia na tentativa de explicar os
'1á.-;- l1u_xgsj~dos. J _noy_Q§_c.ont~. s estudos neomarxi~as em migração. ---
- Merea<lo <le trabalho multidimen-
sional em trnn_sfo~a~o l!2..J eJl!po ·11
Se o enfoque setorial urbano utilizado nas análises
e no espac,;o. ,'
aI!_te~s_passou a ~ questio~ado, ~ssim co~o ~eoc~-
345
344 1
l
EXPLORAÇÕES GEOGRÁFICAS MOBILIDADE ESPACIAL DA POPULAÇÃO
formas re~onaiL_de p r o l e ~ e semiproletarização dª- tizando os problemas da esfera urb01 tn. A preocupaçi'io
,
._,p_ opul~ção migrante.
Essa força de trabalho --~grante, tomada cresce~~
mente disponível, P.Qge .~er objeto de diferentes intemreta-
--
dominante com fluxos ímigrat6rlos urbanos ora ros1>0usávcl
p ela existência de "viés,, nas análises. Como resultado vi-
n ham sendo subestimados os fluxos "de'· e "_rara" áreas ru-
ç~ de acordo
. ~.;:__::__.;.. _ _com
__ o __
estágio de crescimento econômico
,__,_____-:-:------,=----- -.:--e -;ais, e, em especial, o processo sócio-econômico que crimr..a
~
~aracterísticas do contexto espacial no qual está inserida. s!L~~lqcame~s:, .As polític~ . ,~ram formula.d.as p.ara
- c.2~orme MIR9cr..e ..:fiRD.RlGJ.lj:Z {1982) nem sempre ~ fil.~a§ ,de acelerada imjm:ação urbana, mesmo ~abendo-se
.• : ! ' • • •
migração pôde ser vist-ª._9omo funcional ao modelo brasífei- que tanto áreas urbanas como rurais vinham apresentan~o
0. de ac~nulação, ainda 9ue seja provável gue o tenha sido _.!!~?.S.~e~siva, -~eteri~rização nas condições de vida d~ suas
·durante certa etapa ·do crescimento urb -industrial. Se ~ . populações.
~ e a mobilidade serviu de ~mento para ex- - ~ emergência da charnada "marginalidade social ur-
pli~ os ~ os salários numa etap.a_do_capit~mo indus: bana", relacionada ao crescimento da }JQ{2ulação excedeq-
,______
trial, já não o foi num estágio posterior, onde a ~ a s ---- r
___te, 12assou~s_~~ a12ontada_colllQ_Q_IJrinci12al efeito das mi-;
346 347.
t
grações, ainda que fosse reconhecida, a im12ortância da mo- áreas rurais do Oeste Paranaense nos anos 30 e direcionou
-bilidade na manutenção dos padrões de acumulação. Sa- migrantes para a Região Centro-Oeste nos anos 40 .
..,/"
bia-se gue durante os anos 50 e 60, etapa de intenso cresci- - i\ P.ªI"?r do~ anos_60~.a çonçentração da atividade in:_,
~ nto .!:!_rbano-industrial no país, a ampliação do "exército qµs_trial urbana e o estímulo à modemizaçãq da agricultura
industrial d e reserva" atuara como elemento de estabiliza-- foram fenômenos que caminharam juntos no p aís, p rodu-
--
ção dos baixos salários nas cidades.
Esta dissociação entre as esferas rural e urbana apare-
ceu não apenas no enfoque__setorialdas políticas_govema-
- --
zindo outra fase de fluxos migratórios de grande magrill:_y-
.fe" direcionados para os contextos urbanos. Ear. a - m ~
~ompreensão desta dinâmica global das migrações convém_
mentais, m as també m nas atividades acadêmicas através da
·tendência metodológica em separar o urbano da problemá-
~ -
.-
ressaltar que: .,
tica maior. MINGI0NE (1981: 67) discutiu tal questã6 ~ o "É_!_~ de uma visão integrada .do_u~bano-rural- _
considerar que "o urbano toma-se u·m instrumento ideoló- ~~gional, como feições de reprodução do cap ital, que
gic o usado para isolar do comp lexo processo sociãl uma os processos de desruralização e rnetroBolização ocor.=-
-
parte da realidade, supostamente separada:__ .
Apesar da ênfase dada aos estudos migratórios para
~ ~-
- ~ s de uma forma acentuada no Brasil passam a ter
s;gmftç.ado. A ué._anização estaria, p ort~ to, nesta fa-
Q§....qllfilh:os urbanos, convém lembrar que já, nos ano~. ao se, muito mais ligada ao fenômeno da exp ulsão do
foram definidas golíticas governamentais_Q}zj_e.ti.yando a re.: hom em do campo do que a um aumento conside.rá~
"'·'·' .......... V"
distribuição dª 1,2Q._I2ulação també m e.ara os quadros rurais. da oferta dos em2regos urbanos, em e~ecial do
~
~B uscava-se evitar te nsões sociais no Sudeste após a crise do industrial" (BECKER,1983: 20),
café, cultura intensiva d e mão-de-obra. -
tylARTIN E (1989) estimou que ap roximadamente 3i ~~tem ainda, tais conj_un turas, estudos migratórios
milhões de pessoas (10% da o ulução rural total mi ra- de caráter predominantemente descritivos objetivando a
j
.,
ram o rur urban r década ~4Ô-'50 em decor-
l identificação e mensuração das p rincipais trajetórias popu-
rê ncia da introdução do processo de in ustrialização no ·lacionais, os diferenciais entre nativos e migrantes, a mar-
~ - Os anos 40 e 50 foram caracterizados 12or inten~os ginaliza~ão da população migrante nos grandes centros e a
d eslocame ntos p opulacionais destinados às áreas urbanes identificação de áreas de atração ou de evasão 2opulacio-
·~ais capitalizadas do p aís (o eixo industrial São Paul - Rio nal, em gêraI tratadas se1.2aradamente.
de Janeiro). Çontudo, sabia-se da influê ncia exercida p elo As investigáções realizadas no Brasil metropolitano
~ tado na deflagração dos fluxos migratórios de destino ~eralmente buscav~ as diferenças e ntre naturais e mi-
ru~ no período 30-50, quando promoveu a ocup}lção das grantes e/ou entre grupos de migrantes se_?;undo o tempo
·-- ---
348 349
.j
J
't
.i
j
:
1
EXPLORAÇÕES GEOGRÁFICAS l MOBILIDADE ESPACIAL DA POPULAÇÃO
'
l
__?e residência no município. A hipótese era a de que ~cor- lidade receptora. Finalmente, estudiosos como MOURA et
ria sensível melhora das condições sócio-econômicas dos ~Íii (1975) e MERRICK & BRITO (_!~74) d~fendiam a idéia
~grantes na medida em que aumentava seu temp_o_de__m- ~e que a dimensão migratória não er.a..s.ignj ficat;iva na cons-
~dência no loçal de destino. Assumia-se._p.ortanto,,_que-â_ ,!!.!.ajç_ão_dos grupos sócio-econômicos,.
~igração era um fenômeno positi.YJu.-- q~ube a MARTINE (1976) explicar tais diferenças, ao
MARTINE (19.~6) alertava para o fato de que se tal hi- lançar a hipótese da "retenção seletiva dos migrantes: J s.to
pótese fosse a~jta_p__rovariª-a~existência _de_ wn_ p.r.Qce_ssQ.. ~' o processo migratório seria tão ou mais sujeito ao pro-
francamente saudável de mobilidade social_p..royocado pela cesso de sobrevi.yência dos mais fortes do que a adaptação
m--º.bJlidade geográfica; a migração estaria cumprindo u m , ~ljlgressiva dos migrantes. Em verdade, o que ocorria eraj
papel.imponante- no_processCLde_modernização,_ j ~ e~e~l,são __dos migrantes menos c~pacit~do1, ~ando origem a
{.uncionaria como_mecanis_m__o através do qual a_sociedfilie_ U_!Il :Brocesso de reemigração ou, segundo esse autor, de
de orientação ..agri_colª-=:.tradiciunal s1L.transform~ em "!!ligr,ações_r.epeti.das" que levariam à emergência de "um
sq_ciedade urbano-indusírial._Assumia-se gue a rn!graçã<?_
- -- s_l!bstrata..de_yerdadeiros nômades em busca de oportuni-
era um fenômeno positivo: "Q,yeJ1J:fil.4da, melhora" sinllü.. dades passageiras de subsistência".
zavam as declarações governamentais, enquanto a Igrêja
'
. .
O urbano metropolitano deixava de ser, assim, o pon-
..,.._.
~.mgressista, através da Conferência Nacional dos Bispos
-to final na .....escalada migratória dentro de_uma. visão tradi-,
do Brasil (CW3B). -~dotaria em 1980 o lema "Quem muda, cional de migração por etapas rural-ure_anas; passava are-
murchá.', _rresentar ~ enas mais uma eta a entre as inúmer.as des.ep.-
Tais estudos de abordagem neoclássica apresentaram..!. volvidas por uma E_opulação tornada forçosamente itine-
-
.....___ -
porém, resultados ~ riag_os e _mJ:rttas v~zes contraditórios. rante.
Para certos autores (SPINDEL, 1974; CASTRO et alii, 1976) _po pontQ_ de vista_erultfs.tico, uma questão metudoló-
~.Qlllilação nativa se encontrava sistematicamente numa ., g!ca ainda se colocava: u impossibilidade de análises com-
_situação sócio-econômica superior à dos migrantes; para ~rativas da evoluç_üo dos inigrantes1 na m~ dida em que os
outros (MATA et alii, 1973; COSTA, M., 1975) eram os mi.. gruE_os em guestão não rep reseutavam § Stoques populacio.::..
__grantes que desfrutavam de melhor posição .sócio-econô- ' })ais comparáveis. Os dados censítários não representayam
mica, uma vez que representavam uma for a de trabalho o mesmo segmento de migrantes ao longo da~ décadas,
se etiva: ~ram os mais jovens e teoricamente mais capa~ s mas gru12os distintos. 1
QS gue migravam. o. .~tros pesquisadores como MARTINE e Outro tipo ~ estudo como estimativas de migração !
,.
1
PELIANO (1975) e KELLER, E. (1976) já encontraram dife- ~da a ~ el micror~g_~nal_p ~ o perf__9do _196_Q-7Q, foi ,;
'
'
renciais variáveis segundo o tipo de fluxo e o nível da loca- reª1izado nor..BEC_KER, B~ ITO~ FRIAS (1~79~ com a ~ on_-
- -
1
i. '
I',•
350 351 -
\
i
j·
---
"
~ g !onais e in_!_r_§l-r_~_gionais de c~ scimento e o conse-
9ia foram o Planalto Central, com a construção da nova
capital Brasília (196.0.)~ a Fronteira Amazônica dos anos
--
qüente aumento çla P-op.ulação_e~dent~,_multiplicavam-
~ - '
70. O primeiro tomou real a esperada "Marcha para o ~ ~ ~ a t o r i o s e_m_bus.e~ de_ter@ ~~~b~o, tor-
Oeste" e~ gestação desde o Governo Vargas, constituindo- .r-~nd_o-se visível a mobilidade da população a nível n.aciÔ'-
-~ a nova capital federal como ponto de partida ara a e n~l._Est~pulação migra3,~ ivre e mó~~ , estavãp'ronta
e'Tansão de novas áreas d~ fronteira: a Região Centro- _l2ª-(a.iiH~~onãdã.
Oeste nos anos 60 e a Região Noite no início dos anos 70. ' 9s eswdQt_de m~ração nesse ~-8?~ foram
1 desenvolvidos a partir de alguns eixos temáticos básicos>~
.í
n~ r io p;r~- ~ Amazônia, a ·
1
·] m~~ ~~
--
i
Mobilidade populacional no contexto recente da política oficial d colonizaç!g _..0 impacto inicial dos gran-
~ZÔJJ,ica ____ 1
1!
-
es projetos, os~ n •·tos ., fundiários_...,~ ~ ~ ~ rural na --
--
-----
~ como o papel da fronteira no âmbito do
j
---------- ---
Dentre~vasta..bibliogrãfla existen__t_e sobre os aspectos (1~87) e por BECKER &· MAC_!j:ADQJ 1982\_estas discut_in'-
teóricos
__ .--- e ~
---
os da dinâmica populacional .na -Ama-
--
. . -. .
~-9~~ d~ allí9 ~ a mo_!=>ilidade na Amazônia
---
.~uia,..no.s_ª-nfil-'ZQ~_? ptou-se po_r trazer algun~ ~.~tudos ~ rasileira,.as12-ectos retoma.dill._p~R (1990) no con-
--
... mas d,egiã.o.
- ---- .-
cortsid~e_s_entativos dos variados contextos e te-
-e -
-
~-@ front(lli'a urbana dos anos 80.
Outros temas apontados -- --
- por OLIVEIRA (1997) e que 1
i:
·I
1.
~ T (l~
,_1~ 6) so~ o desrovoa!Xlento do-ter- C?_n v ~ ~ . r : . . a impoctância...dos e ~ s de
. --
ritório amazônico e sopre aspectos metodológicos da ob-
- ......._ .
te-nção de dados.. migratórios a partir da rede de pareiitesco
S ~ ~ , 1996) sobre o _Bras_il n.9 ~exto
~l.a~grações internacionais,
. _ _ -- -
e mais recentemente sobre
_____,,...-.-. _,
--- - ~- - - ---=- . ~s~rnigra ões de fronteira entre o s ~_do M-ercôsul.
0rmliar~ _estudo de B:ENTEs· ( 1983) ~~a-P_fu.nca
, o recesso mi ratório~para Manaus, a partir das inter-re- a concluir essa seç~?, arresen~ ~ ~ ues-
---~
.tões.-p@.rc~m'"õ reletr~mtes na discussão das migra-
-
---- --- --- -----
_yiç~s entre~ esso~ d~m~~~cos· ~ o s ;
~ - ....-,-----.;. . -- -
as pesquisas de MARTINE (1978:_i.982rb_981;--1991), discu- çoes na Amazônia: sua importância na criação do mercado
'-- =--- - --.::.--- - -
~ do...JLÇolonização ins~ rida no cr~scimento.....regiona.tê
.,..
ana- dé~ balho regional~~ ª caracterí~t~~a de "desorâem/ que 1
--- ---
lisando os impactos demográficos, sociais e ambientais dos
...... ......
~ --:-- ----.__.,, •l
1.
1
;l
.,
354 355 •
lj
)'
EXPLORAÇQES GEOGRÁFICAS MOBILIDADE ESPACIAL DA POPULAÇÃO
Em relação ao papel da ..!!!!gração na formação io devast4çã_g_ace1ex:ada-da flore~~ mas sem ênfase na desar-.
~ercáctQJie trabalho regio~sabe-se q':e ~clii 12onib!lida-
d,& de uma força de trabalho lllÓYeU§ ap~sentou_ como
----
ticula!rãO da cultura e na deteriorização don fverde viâa---.
- -- - - -
dJ!S_SJ.tas_p.QRulações tradicionais. -~isto certarnente_com
co_ndição básica 12ara a realização material dos investimen- vis.tas_à sua função de r~gulador climático e fonte de g~o:
tos promovidos ptlo Estado_Brasileiro_ <!_entro d~ sua estn~.-. Elasma intemaciónal.
tégia de "oc~ção dos espaços vazios" da Amazônia. En- Em verdade, essa desordem física e populacional
~sta.r@o-de-obra migrante, qu; erª el!W)ento es- ' existe e se e~ressa na iflRnsi_!cação do~ conffitos sociais,
.seI!2_al no estágio inicial de ocupação da Amazônia (anos s~do...em_dec.QI.r ência dª-5_distintas_Jorm~ de apr~priaç_ão
70) _e g!:!_e se tornou pouco demandada na etapa seguinte º-ª- terra, dos recursos_~aturais e do trabalho, por diferentes
q~do ~ fro_E!eira_se ÇQ!}Solidou, pa~u nos anQ_s 90 a in- grupo~
, ..... so~s.
t~rar os crescentes "b0Js,.õet.9e_pobreza: reproduzidos nas A _e~nsãQ_~a _pecl!arização so_bre .tradicionais áreas
·-------
periferias dos centros urbanos da Amazônia.
~nto à "desordem migr~a"~ --:-:--_
-----
1~ - ~em diferentes momentos de ~ história recente,
para justificar a iro~ção _ __
- de _._olíticas diversificadas:
r~Oisl:rf5uição _ge_p.9P-ulação,__valori~ção do capital e_pt;,§:..
seringais~ astanhais nativos, a extração aleatória_e sem
N_?rte~
- -- ------
controle de madeiras_nobres destinada aos mercados do
carvoe~ ento _das in!ltª-s do _Lest~ amazôlitro
servação ambiental, esta última especi~mente direcionada o~je~ndo a p.md~ de ca~ão ~get_al para as fábri:85
à manutenção da biodi~ ~sidade requerida a nível inte~a-
cional. Portanto, a _§lparente _desordem migratória que ca-
- - - -
de ferro-gusa e de cimento dQ_frqgr_Jlma Grande__carajás
- -
~~ a ~ xp~são dest~ "desorc:!_em do progresso" n~ Ama-
·-
racterizou al~ns mQ~to~ 4ª_ traj~ ria eco11ômica hr~i- .
···· ··
leir~foi enfatizada para justifi~~r__Q__ ~gração da ocupa-
zônia Brasileira.
Essa "desordeIILecol6gi~ é útil para ~ vigente....or-
ção da Amazônia: fluxo_Lmigratórios d8sorâenados· de pe- dem_§.ÇPilQ!!!ica, em~z de lhe ser nefasta; ela compõe as
qu~ os _E!..Od~res que precisava~er Qan~zados Pª1!-os duas faces do modelo de desenvolvimento capitalista· em
"espaços vazios" da_front_eira.
Durante algum tempo, a idéia d ª chamada ''desor-
----- --- ---
.
COll§Olidação no Brasil h4_Eluitas décadas e em implanta-
- - - -
ção na ~azônia a E,_artiu;los anos 70. Quanto à aparente
dem ecológica" foi apresentada através de imagens da ---..â ~ m migratória~ nad! m~s é do que a expressão dos
356 357
EXPLORAÇÕES GEOGRÁFICAS MOBILIDADE ESPACIAL DA POPULAÇÃO
~ ---
Alguns tópicos em~rgkam no .dec~r~er dessa discus-
~- . ..
~~o _soor~ mobili_dade espac~~é1. popula~ão. e serãoJJ}gis.:
....de 2roduçã,o_ nos_diferentes rúveis p_glítico; espaciais __(local, .
"reg!gnaL.e-UaGional1-Fela@i0nad.o_s_às espeGifiGi.dade_s sócio-
tr~os_p~ osterior refl.ex~ .:Ê.'.c. onômicas, c~JtJJJais-e-affibi.entais dos. gmpo..s. @ volvidos.
1) Em relação aos mveis de expli_c~ção_cla realidade, 3) Quanto à equaçãQ_migração-meio ambiente, consi-
ambos os métodós "à té ·então utilizados _nos estudos. de
--
~era-se g~ a mobilidade espacia1 rcílotc m11dnnç11s nns '(e-
------ _, , J ; .- • • ."'"'I':" ~ - . '
mig~ ~clássico e p n~rnru::xista)_p_retendem expli- ~ e ~ªs próprias p cs~oas (roluçõos tiocJals de produ-
s,.ai: J>S f~ s.~t! ~s~de-um enfo'1_ue extFemamente geral. o· ,,,-:
ção) e, numa outra dimensão, eutre essas e o moio circun-
~ l o neocl~ sico, se~~do STA~ DING, (l980)._ nã~ ~ lica da~ E nquanto fator de r~distribui_Ção da população e de
<
~ relações sociais de produção e, conse.9.üenJJtm ente~_ig-_ e~ ã o_ d ~ naturats_,...influe_ncia o tipo ele
~ra as relaçõ.e scte dominação na so~ ade. Qu~ to às ge- degradação ambiental em curs_o_..__.,
~~ rxistas,,_p...e rmitem_atingir l:!1,2enas certos ní- _No caso das sociedades mais tradicionais e_particula,ç-.
veis ~de explicação. Desta_~ r!llª,-12.arece___es..s.enciaLque se Illifilte...dos_grupgs~extt.atiYistas,_ª _ck.s.w:tic_ulaç.ãoÀas-PLév:ias
~ e _c_om maio..Lcuidado as abstrações_e que se-traba- ~elações estabeleci.das_pela....sGGiedade-c0m- o-s.eu meio..na-
tural tem levado à perda progressiva dos seus_mciQs de .
------
lhe com um rnontante maior de d_ados ~rupíri_cos em espa-
. - -
ç ~ferenciãaos. Assi~ e_star-se-ia <:!O side.ran.do-o~ parti:-
cularn juntamente CO!!)_ O "geral~' na análise do..s_ d~sloca-
.mentos es.paciais_da-popula.ç~
-
subsistência e a uma ruptura da cultura anterio.r.....ü...ag.i;avlk
m enta de tal situação pode ocorrer a partir das_s_UÇ.essiYas.
~ apas migratórias que a p_9pulação empreep dex.._
~ tro_lap.o, c9pJidera~d<2_~ ql!.e o_f~nôrpepo_mi- . 4) Ao mesmo t~ o em gu~ a,.migm.ç_ã0.-eumpre.-111:r:1a
gr~tõ'rjo_ ..~p,r;_es_enta_ dif~rentes rúveis de explicação, uma f~ p ~0ínca_filLde.gmdaç,~ ntal, reforçw..do_ a ,,.....
· o ~ ~_e§!!_o se coloca: a busca _por e~as geográficas ~re~ o da J2.QJ2Uill.ção s0bre es---i-ecursos e serviços, co11stitui
·~uadas p.JU1L.t.ais_análise~ n~aJ!to _g p~~ç_ess2_ ger~ . também um mecanisrnt>-q.u@ -r.efl@t@-as.J:ransformaçõ.es .em.
·p 9de ser e~licado_tanto a nível intemacionali.11a_çioQ_a_to~ <:_urso no ~ ch=Ltr.ahalbD~_isto _é, as mudan.ça_s_!ill§.J~
---...:
até ~s_mo_maci:onegi.onal,-as_especifi~idades gue. caracte- ~a~ pr~ ç~o. I~!o toma-.se partiQularmente sig!lifi_:
358 359
•
lj
;,,
EXPLORAÇÔE.,5 CEOGRÁFICAS MOBILIDADE ESPAC IAL DA POPULAÇÃO
"m.obilidade for.ç,ada:._
___
obilidade eseacial emei:giria_ç_Q!!!Q_expr.essãG- da
:.:..;;....;....--__,;.;.---...,;...;..._
,.s~ nnitivo considerando-se a crescente fl~xibilização_do
--~.-.-~ -- -- - ---- -
fala-se
_ i-; .. , ~
em
.
medidas
.
de -"militari
-
-
e p-i~o. No caso da migração ~e latino-am3 ricanos _p~~
os EUA _yição_
~ ~
------
de frontei-
Representando importante fator na intensificação das ras',--pa~a impedir sua livre entra~a no p aís. No caso d?
~'-~ gpetidé!S'~ e.~~ecialme.nte Fresente_n~s-~~~j a': ~ cado Comum ~ u~op_iÜ: ao lado da crescente restrição ,
ck.s_pobres dos países do Sul, estaria a chamada "proletari- ~os imigrantes estrangeirQS, espe~ me~te os africanos, tur-
_zaç.ão..-Passiva"_cqn<2_eituada p9_r ~ H~ T ~ OFFP: ( 1984) I . ~ s, ex-iugosla':9s, alb_aneses etc., cabe me12cionar a emer- .
e discutida p.QL_MITS ~ HEIN et alii (1989: 23) como sendo gênc~a de I!lºvim~{!tos se ~acionisté!§ (como exeI!}plQ,_o
"a dissolução das trãd.icionais formas de re(produção), qu© ?~ nazist~ ontra grup~ minoritártos (i~ ~ ' ~ 1Q"OS
Rara a grande maioria dos er~~
diretos~ ~ t~ duz .e ho1nossexuais).
~ uma pers.~ tiva de assalariaqie~ ~o_!Uercado formal 6) Direito humano é também ~ direi!o_de_~'~ã~ _mi-
·.--------... - - - --- -----
~~ grar". Nesse sentido, a resistência à mu~ ça, isto é, a C<!!!:.__
5) No âmbito das migrações internacionais do mundo
'---- -
atual, merecem atenção as velhas e novas fobias que têm
--
·~ de, reflete-se na em~ rgên~ia de conflitos sociais
nas áreas de origem, sugerind9 -~uções ~ anto ~ caQsas
l~va~ ~ nstrução de ~r@~~~~~, ~ontra e~ rais das miirações. 1:~rnam-se, dessaJ~~' rele-
a entrada de i112.!g~antes_ nos países coqsj der~ en~ol- vantes os estudos que vinculem os mo_yj.mentos sociais de
- ~--- - - ---
-
vidos. Com a globalização, _eassam a aumentar os mecanis-
-
---
~ - - -- -----..
mos protecionistas sociais vinculados_à id~ng_dade _c!as na-
. .. ,.
- ~
resistência a emigração, com a-~re~ nte_ Ç_Q_ncentraçao ct~
------_:::.---=- -
_!!!)lgrantes _pobres e in~ gentes ~ m <Í!_fe!~nt:.5 con~extos ~
. .
~------:-----
ções, sendo cada vez mais adverso ao migra12!_e internaçio-
nal sua
-
.
entrada
. . .
no mercado
. .- . . ·--.
. .
- dos_J?aíses "ricos".
--de trabalho
.. ··~ .. . .., .....,, ,~.
-.- ~
escalas.
7) Finalmente, poq.eriam_ ser citadasLjlli!r..e__t,ant~
--
A migração extraQ__ola o contexto acadêmico, uma vez que · ·
~
360
---------
dos diversos grupos en':_olvid~s;_a p~od~ çªo~ e- ~ _arca-
361
..EXP-LORAÇÕES GEOGRÁFICAS MOBILIDADE ESPACIAL DA POPULAÇÃO . ')
bouço es:e..acial das migraç_ões internas no Brasil, com a CARLEIAL, L. M. (1994). Integração Internacional e (I)mobilida-
\,
...,_ I ---...__~ •• • ••
identifica ão dos padrões de mo bili e es acial da ,pg_pu:_ . de da Força de Trabalho. ln: LAVINAS, L.; CARLEIAL, L. M.
_lação na última deca a; e ~JJl es12eciah._~_2-rodução d~ elç_- & NABUCO, M. R. (or_gs.). lntegraçtio, Regüio e Regionalis-
~nto5-par~a. construçãQ: de um noyQ_paradigma do~ estu- mo. Rio de Janeiro, Bertrand Brúsil.
----
dos d e ~ e da força de trabalho.
-- -
. .. . - CASTRO, E. (1995). Industrialização, Transformações Sociais e
Mercado de Trabalho. ln: CASTRO, E.; MAIA, M.; MOURA,
E. (orgs). Industrializaçilo e Grandes Projetos. Desorgani-
Bibliografia zação e Reorganizaçüo do Espaço. UFPA, Belém, Ed. da
UFPA, pp. 91-120.
ARAGON, L. e. & MOUGEOT, L. J. (orgs.) (1983). O despovoa- CASTRO, M. G. et al. (1976):' ·Mudanças na composição do em--
mento do Território Amazônico. NAEA/UFPA, Belém. prego e na distribuiçââ.de renda: efeitos sobre as migrações
ARAGÓN, L. e. & MOUGEOT, L. J. (orgs.) (1986). Migrações in- internas. Brasília, SERFHAU/BNH/OIT, 2 vols.
ternas na A1nazônia: contribuições teóricas e metodológicas. CEDEPLAR (1977). Relatório sobre Migrações Internas na Re-
UFPA/NAEA, Belém, Falangela Ed. gião de Marabá, Belém.
ARBEX, J. (1991). Folha de São Paulo. Caderno Especial, - - - (1979). Relatório sobre fy1igrações Internas no Acre,
18/07/91. Belém.
ARENDT, H. (1993). A Condição Humana. Rio de Janeiro, Fo- COSTA, M. A. (org.) (1975). Estudos de demografia urbana. Série
rense Universitária, sexta edição. monográfica, 18, Rio de Janeiro, IPEA/INPES.
BECKER, B. (1990). A fronteira urbana e a mobilidade do traba- GAUDEMAR, J. P. (1976). Mobilidade do trabalho e aoumulaçcio
lho. ln: Amazônia. São Paulo, Ed. Ática, pp. 44-61. do capital. Lisboa, Editorial Estampa.
BECKER, O. M. S. (1983). O significado das migrações em socie- HARVEY, D. (1974). Population, Resources and the Ideology of
dades periféricas: comentários a partir do caso brasileiro. , Science, Economic Geography, 50: 256-277.
AGB, Boletim Gaúcho de Geografia, 10-11, pp. 18-32. - - - (1975). "The geography of capitalist accumulation: a
BECKER, B. & MACHADO, L. 0. (1982). Relações de trabalho e reconstruction of the marxian theory", ANTIPODE, 7(2):
mobilidade na Amazônia Brasileira: uma contribuição. Bo- 9-21.
letim Carioca de Geografia, 1979/82, Ano XXXII. Amazônia, HEBEITE, J. (1982a). Mobilidade do trabalho: revisüo teórica.
·')
362 363