Nature">
Relações Ecológicas BERNO
Relações Ecológicas BERNO
Relações Ecológicas BERNO
BIOLOGIA B 08
Relações Ecológicas
A Ecologia (do grego oikos, casa, e logos, estudo) é a parte A tabela a seguir mostra as principais relações que os
da Biologia que estuda as relações de interdependência dos seres vivos podem estabelecer entre si.
seres vivos, bem como suas relações com o meio ambiente.
Arquivo Bernoulli
sobrevivência. Por essa razão, a competição intraespecífica
Indivíduo Indivíduo também exerce papel importante no mecanismo da seleção
reprodutor alimentador natural, já que elimina, dentro da espécie, aqueles indivíduos
Caravela (Physalia physalis). com características menos vantajosas.
Sociedades Mutualismo
Associações entre indivíduos de uma mesma espécie, Associação entre indivíduos de espécies distintas que se
que vivem juntos, organizados de modo cooperativo por meio beneficiam mutuamente. Os associados criam um grau de
de uma divisão de trabalho, não ligados anatomicamente dependência recíproca tão acentuado que a coexistência
uns aos outros. Exemplos: colmeia (sociedade das abelhas), deles passa a ser obrigatória, isto é, os indivíduos não
formigueiro (sociedade das formigas), termiteiro ou cupinzeiro conseguem mais sobreviver isolados uns dos outros.
(sociedade dos térmitas ou cupins), vespeiro (sociedade das Entre os muitos exemplos de mutualismo, destacamos os
vespas), etc. liquens, as micorrizas, as bacteriorrizas, a associação entre
Em muitas sociedades, os indivíduos componentes estão os ruminantes e micro-organismos produtores da celulase
diferenciados em castas (classes sociais). Na sociedade das e a associação entre os cupins e protozoários também
abelhas, por exemplo, existem três castas: rainha, operárias produtores da celulase.
e zangões.
Os liquens são associações entre algas unicelulares
OBSERVAÇÃO
ou cianobactérias e fungos. As algas sintetizam matéria
Alguns autores também usam o termo “colônia” para orgânica por meio da fotossíntese e fornecem aos fungos
designar grupos de indivíduos da mesma espécie que parte do alimento produzido. Os fungos, por sua vez,
constroem ninhos ou criam prole de forma cooperativa.
retiram água e sais minerais do substrato, fornecendo-os
De acordo com esse critério, em que a união dos indivíduos
às algas. Além disso, os fungos envolvem com suas hifas o
está relacionada à reprodução, é comum, no caso dos insetos
sociais, chamar as colmeias, os formigueiros e os cupinzeiros grupo de algas, protegendo-as contra a desidratação.
de colônias. Células de algas
82 Coleção 6V
Relações Ecológicas
Arquivo Bernoulli
Hifas do fungo
Concha de gastrópode
BIOLOGIA
comum em nossas praias, caracteriza-se por ter um abdome
mole e não possuir carapaça protetora. Assim, para obter
Arquivo Bernoulli
maior proteção contra seus predadores, aloja-se no interior
Hifas
Raízes de conchas vazias abandonadas pelos moluscos. Já as actínias
Raízes (anêmonas-do-mar) são cnidários que produzem substâncias
s
Micorriza urticantes e necessitam de um substrato para sua fixação.
O paguro, com frequência, coloca, sobre a concha onde se
Micorrizas. alojou, uma ou mais actínias, estabelecendo com elas uma
A associação de bactérias do gênero Rhizobium com células relação de protocooperação. O paguro se beneficia da proteção
das raízes de plantas leguminosas (soja, feijão, ervilha, etc.) que a actínia lhe dá, pois afasta ou impede a aproximação
se dá o nome bacteriorriza. Nessas raízes, aparecem nódulos dos predadores naturais por causa das substâncias urticantes
(nodosidades, “inchaços”), em que são encontradas bactérias que produz. A actínia, por sua vez, se beneficia da locomoção,
do gênero Rhizobium. Essas bactérias são fixadoras do N2 uma vez que passa a ser transportada pelo paguro e, assim,
atmosférico e, assim, enriquecem o solo com nitratos que amplia o seu território de obtenção de alimento.
serão absorvidos pelas leguminosas e utilizados como matéria-
-prima na construção de compostos orgânicos nitrogenados O anu é um pássaro que pousa sobre o dorso do gado
(aminoácidos, por exemplo). As leguminosas, por sua vez, para coletar e comer carrapatos. Dessa maneira, o gado se
fornecem a essas bactérias heterotróficas parte das substâncias beneficia por se livrar dos carrapatos parasitos, e o anu, por
orgânicas que sintetizam, isto é, fornecem alimento às bactérias. sua vez, encontra no gado uma fonte de alimento.
Pássaro-palito
espécie.
no ambiente.
Pepino-do-mar
Peixe-agulha A eliminação sistemática de muitos predadores, promovida
pelo homem, tem causado sérios prejuízos ao equilíbrio
natural existente entre as populações de predadores e
presas de diversas regiões. Um bom exemplo disso ocorreu
no Pantanal mato-grossense, onde existiam muitos jacarés,
O peixe-agulha (do gênero Fierasfer), que possui um
que controlavam a população de suas presas (piranhas, por
corpo fino e alongado, quando perseguido pelos inimigos
naturais, procura abrigo e proteção no corpo de uma exemplo). A matança indiscriminada de jacarés nessa região,
Holothuria (equinodermo conhecido popularmente por movida por interesses econômicos na exploração do couro,
“pepino-do-mar”). O peixe-agulha penetra através do ânus da diminuiu consideravelmente a população desses animais.
Holothuria, abrigando-se no tubo digestório desse equinodermo Uma das consequências foi o aumento da população de
sem causar prejuízos a ele. piranhas em muitos rios do Pantanal.
84 Coleção 6V
Relações Ecológicas
O predador pode também atacar e devorar plantas, No mimetismo, os indivíduos de uma espécie se mostram
c o m o é o c a s o d o g a f a n h o t o, q u e , e m b a n d o s , acentuadamente semelhantes aos indivíduos de uma
devora rapidamente toda uma plantação. Quando a espécie outra espécie, levando vantagens com essa semelhança.
predada (presa) é vegetal, costuma-se dar ao predatismo o É o que acontece, por exemplo, com a falsa-coral (Simophis
nome de herbivorismo. No herbivorismo, portanto, animais rhinostoma), cobra não venenosa, mas que se torna temida
(herbívoros) devoram plantas inteiras ou partes delas. e respeitada por outros animais por ser muito semelhante
O gado, ao se alimentar de capim, constitui um bom exemplo à coral-verdadeira (Micrurus frontalis). Outro bom exemplo
de herbivorismo. de mimetismo é encontrado com as borboletas vice-rei
e monarca que, embora de espécies distintas, são
Os predadores, em sua maioria, são animais. No entanto,
extremamente semelhantes. A borboleta monarca tem um
existem na natureza alguns predadores vegetais, como é o
sabor repugnante para as aves, e as vice-rei são comestíveis.
caso das plantas insetívoras.
Em face da semelhança, muitas aves rejeitam a borboleta
Os predadores apresentam uma série de adaptações vice-rei, que se beneficia do mimetismo.
BIOLOGIA
que os possibilitam executar as suas atividades com maior
eficiência. Assim, os dentes afiados dos tubarões, os caninos
Parasitismo
desenvolvidos dos animais carnívoros, as garras da águia,
o veneno das cobras, as teias de aranha e a caça em grupo Relação em que indivíduos de uma espécie vivem às custas
são exemplos de adaptações apresentadas pelos predadores de indivíduos de outra espécie, dos quais retiram alimento,
para facilitar a captura das presas. prejudicando-os. O beneficiado é chamado de parasito ou
bionte, e o prejudicado, hospedeiro ou biosado.
Por outro lado, existem muitas adaptações que permitem
Os hospedeiros em geral são, para os parasitos, fontes de
às presas escaparem do ataque de seus predadores.
alimento e habitat (local onde vivem). Por isso, o sucesso de
Algumas espécies são capazes de exibir cores vivas e
um parasito é normalmente tão maior quanto menores forem
marcantes (coloração de advertência ou aposematismo) para os incômodos ou prejuízos causados à espécie hospedeira,
afastar seus possíveis predadores, já que eles as reconhecem uma vez que a morte do hospedeiro representa também
pelo gosto desagradável ou pelos venenos que possuem. a perda do habitat para o parasito. De um modo geral,
A produção de substâncias de odor ou sabor desagradável, a morte do hospedeiro não é conveniente ao parasito. Mas,
o hábito de somente andar em bandos e a grande capacidade a despeito disso, muitas vezes ela ocorre.
de correr e saltar são exemplos de processos utilizados por O parasitismo é uma relação que também exerce
presas para tentar escapar de seus predadores. influência na densidade populacional, uma vez que debilita
o organismo dos hospedeiros, tornando-os mais suscetíveis
A camuflagem e o mimetismo são duas outras adaptações
a outras doenças e infecções, diminuindo o tempo de vida e,
importantes, tanto para predadores quanto para presas. consequentemente, aumentando a taxa de mortalidade na
Na camuflagem, o organismo procura se confundir com população da espécie hospedeira.
o meio físico do ambiente de modo a se tornar menos Quanto ao tamanho, os parasitos podem ser classificados
visível. É um tipo de adaptação na qual o organismo revela como microparasitos ou macroparasitos.
a mesma cor do meio em que vive ou possui forma que • Microparasitos – Microscópicos, isto é, não visíveis
se confunde com coisas do ambiente. Ao ficar parecido a olho nu. É o caso, por exemplo, dos vírus, das
com este, determinado animal pode se esconder de seu bactérias patogênicas (causadoras de doenças) e de
predador; ou, ainda, um predador pode se esconder de muitos protozoários.
sua presa, o que lhe possibilita capturá-la mais facilmente. • Macroparasitos – Visíveis a olho nu. Exemplos:
Muitos animais (insetos, répteis, anfíbios, aves) possuem cor piolho, carrapato, lombriga e tênia (solitária).
verde e, assim, fazem uma perfeita camuflagem em meio Quanto à localização no hospedeiro, os parasitos se
às folhagens onde se escondem. A superfície ventral dos diferenciam em ectoparasitos e endoparasitos.
peixes, por exemplo, costuma ser mais clara do que o dorso. • Ectoparasitos – São encontrados na superfície
Um predador que estiver abaixo do peixe poderá confundi-lo externa (epiderme, pelos, unhas, etc.) do corpo do
com a superfície iluminada da água; por outro lado, hospedeiro. Exemplos: piolho, pulga e carrapato.
se o peixe for visto de cima, seu dorso poderá ser confundido • Endoparasitos – Vivem internamente no corpo
com o fundo. Muitas espécies de lagartos e artrópodes que do hospedeiro. Exemplos: lombrigas, tênia e
vivem na areia têm uma coloração clara, confundindo-se Trypanosoma cruzi (protozoário causador da doença
com a cor do ambiente. de Chagas).
Quanto à necessidade de realização do parasitismo para Quanto ao seu ciclo biológico (ciclo de vida), os parasitos
sua sobrevivência, os parasitos podem ser obrigatórios se classificam em monoxenos e heteroxenos.
ou facultativos. • Monoxenos (monoxênicos) – Completam seu ciclo
• Obrigatórios – Têm no parasitismo a única forma de biológico em um único hospedeiro. Exemplo: Ascaris
obtenção de alimento. A grande maioria dos parasitos lumbricoides (lombriga).
é desse tipo. Exemplos: lombrigas e tênias. • Heteroxenos (heteroxênicos) – Completam seu
• Facultativos – Podem se adaptar ou encontrar ciclo biológico em mais de um hospedeiro. Exemplo:
outras formas de obtenção de alimentos, diferente do a Taenia saginata (solitária), quando está na fase de
parasito obrigatório. Parasitos desse tipo são raros. larva, é encontrada parasitando o boi, e, quando está
Exemplo: larvas de certas moscas podem viver como na fase adulta, parasita o homem. O seu ciclo biológico
parasitos, desenvolvendo-se em feridas existentes se passa em dois hospedeiros (o boi e o homem).
no corpo do hospedeiro, mas também podem se
Geralmente, os parasitos heteroxenos passam por dois
desenvolver no esterco, que é um meio rico em
hospedeiros, havendo, entretanto, alguns exemplos em que
matéria orgânica (restos orgânicos).
passam por um número maior. É o caso do Diphylobotrium
Quanto ao tempo de permanência junto ao hospedeiro, latum, verme que evolui para larva primeiramente em um
distinguem-se parasitos permanentes, temporários microcrustáceo (Cyclops sp.), depois em um peixe (Perca),
e provisórios. e termina seu desenvolvimento atingindo a maturidade
• Permanentes – Mantêm-se juntos aos seus no homem.
hospedeiros por toda a vida. São os mais comuns e No caso dos parasitos heteroxenos, os diferentes
dispensam exemplos. hospedeiros por que passam são classificados em definitivos
• Temporários (periódicos) – Só procuram o e intermediários.
hospedeiro quando têm fome. Saciado o apetite, eles • Hospedeiro definitivo – É aquele no qual o
abandonam os hospedeiros. Exemplos: pulgas e fêmeas parasito se encontra na fase adulta ou se reproduz
de algumas espécies de mosquitos (pernilongos). sexuadamente.
• Provisórios (intermitentes) – Exercem o parasitismo • Hospedeiro intermediário – É aquele em que o
apenas durante certas fases de suas vidas. Exemplo: parasito se encontra na fase de larva ou se reproduz
as moscas berneiras são parasitos apenas na fase assexuadamente.
larvária, quando causam o berne ou bicheira nos
Os parasitos podem ser animais ou vegetais. Quando
animais. Ao se tornarem adultas, deixam o hospedeiro
um animal parasita outro animal, o parasito é chamado de
e passam a se alimentar de matéria orgânica em
zoótico. O Ascaris lumbricoides é um exemplo.
decomposição, encontrada no meio ambiente.
Quando um animal parasita um vegetal, o parasito é dito
Quanto à capacidade de parasitar uma ou mais espécies
zoofítico. É o caso, por exemplo, dos “pulgões”, insetos que
de hospedeiros, os parasitos podem ser classificados como
parasitam plantas, roubando-lhes a seiva elaborada.
eurixenos e estenoxenos.
Às vezes, encontramos um vegetal parasitando outro
• Eurixenos (eurixênicos) – Parasitam diversas
vegetal. Nesse caso, o vegetal parasito é chamado de fitofítico.
espécies. Exemplo: o protozoário Trypanosoma cruzi
Os parasitos fitofíticos podem ser hemiparasitos ou
é capaz de parasitar o homem, o tatu, o cão, o gambá
holoparasitos.
e muitas outras espécies.
• Hemiparasitos – São aqueles que roubam a seiva bruta
• Estenoxenos (estenoxênicos) – Apresentam
da planta hospedeira. Exemplo: erva-de-passarinho,
acentuada especificidade de hospedeiro, isto é,
uma planta clorofilada cujas raízes penetram os
parasitam sempre uma única e mesma espécie.
troncos das árvores e roubam a seiva bruta. O parasito
Exemplo: o bacilo de Hansen, bactéria causadora da
ainda terá o trabalho de transformar a seiva bruta em
lepra (hanseníase), só parasita o homem. Ele não se
seiva elaborada. O hemiparasito, portanto, realiza um
adapta, por exemplo, ao organismo do cão. Logo, não
existe lepra entre cães e, por conseguinte, a expressão parasitismo incompleto, pela metade.
“cão leproso”, às vezes usada, vem de um equívoco: • Holoparasitos – São aqueles que roubam a seiva
a leishmaniose cutânea (que acomete também os cães) elaborada da planta hospedeira. Exemplo: cipó-
é muito parecida com a lepra (doença grave que causa -chumbo, cujas raízes sugadoras, chamadas haustórios,
destruição dos tecidos). O cão supostamente leproso penetram o caule da planta hospedeira até atingir os
possui, na realidade, a leishmaniose, e não hanseníase. vasos liberianos, dos quais roubam a seiva já elaborada.
86 Coleção 6V
Relações Ecológicas
Competição interespecífica
RELAÇÕES ECOLÓGICAS QUE
É uma disputa entre indivíduos de espécies diferentes
por algum fator (alimento, espaço, abrigo, etc.). Exemplos: SE CONFUNDEM
corujas, cobras e gaviões que atacam pequenos roedores.
Nem sempre é fácil estabelecer limites entre duas relações
Nesse caso, indivíduos de espécies diferentes competem
ecológicas. Muitas vezes, mais de um tipo de relação
pela mesma fonte de alimento. ecológica pode estar presente em uma mesma associação,
Assim como a competição intraespecífica, a competição envolvendo indivíduos de espécies distintas. Isso acontece,
interespecífica ajuda a controlar a densidade populacional por exemplo, na associação entre certas espécies de formigas
das espécies e também é um importante fator de seleção e pulgões. Os pulgões, insetos parasitos de plantas, retiram
natural, levando à manutenção em uma região das espécies seiva elaborada (rica em carboidrato) diretamente dos vasos
mais bem adaptadas, portadoras de características mais liberianos das plantas hospedeiras para usá-la como alimento.
vantajosas, em detrimento daquelas menos adaptadas. Em consequência da ingestão excessiva de açúcar presente na
Se a competição for muito acentuada, a espécie menos seiva elaborada, os pulgões eliminam o seu excesso pelo ânus. Esse
adaptada pode até ser eliminada. açúcar eliminado é aproveitado pelas formigas que, para obtê-lo,
BIOLOGIA
carregam os pulgões para dentro do formigueiro e aí os mantêm em
cativeiro. Feito isso, as formigas passam a fornecer aos pulgões parte
Amensalismo (antibiose) recém-cortada de plantas (folhas, caule, etc.) para que
eles suguem a seiva elaborada e, posteriormente, eliminem
Relação em que indivíduos de uma espécie eliminam produtos açucarados que elas, então, usam como alimento.
substâncias no meio que prejudicam (inibem) o crescimento Muitas vezes, as formigas chegam a acariciar com as suas
ou a reprodução de outras espécies com as quais convivem. antenas o abdome dos pulgões com o objetivo de estimular
A substância liberada pela espécie inibidora pode ter ou não contrações da musculatura abdominal desses insetos, fazendo
efeito letal sobre a espécie amensal (espécie prejudicada que eles eliminem mais rapidamente os produtos açucarados.
pela inibição do seu desenvolvimento ou reprodução). Essa associação entre as formigas e os pulgões tem característica
Algumas espécies de fungos produzem e liberam no desarmônica, já que os pulgões são mantidos em cativeiro.
meio em que vivem substâncias antibióticas que inibem o A partir desse ponto de vista, seria, então, um exemplo de esclavagismo.
crescimento ou a reprodução de bactérias. Por outro lado, existe também uma relação relativamente
harmônica, pois os pulgões são beneficiados pela facilidade
O f e n ô m e n o d a m a r é ve r m e l h a , r e s u l t a n t e d a
de encontrar alimento e pela proteção oferecida pelas
superpopulação de algas microscópicas do grupo das pirrófitas formigas, que chegam, inclusive, a cuidar da sua prole.
ou dinoflagelados, é outro exemplo de amensalismo. Nesse sentido, temos uma relação do tipo protocooperação.
Essas algas liberam toxinas que, em altas concentrações
no meio, provocam a morte de inúmeras outras espécies Outro caso em que as relações se confundem é a associação
marinhas (peixes, crustáceos, moluscos, etc.). Além da entre o pássaro-palito e o crocodilo, que pode ser exemplo de
clorofila, elas possuem pigmentos vermelhos que lhes protocooperação, quando se considera que o pássaro retira
conferem cor avermelhada e rutilante (brilhante). Quando sanguessugas (parasitos) da boca do réptil, mas também pode ser
descrita como exemplo de comensalismo; nesse caso, o pássaro atua
há uma superpopulação dessas algas, formam-se enormes
retirando apenas restos alimentares que ficam entre os dentes do
manchas avermelhadas no oceano, e a concentração das
crocodilo, vindo daí o nome popular da ave: pássaro-palito.
toxinas por elas liberadas aumenta, provocando grande
mortalidade de animais marinhos, além de sérios distúrbios Merece destaque também o significado do termo simbiose,
nervosos nos animais contaminados, inclusive no homem, criado em 1879 por Anton de Bary, que, muitas vezes,
acarretando-lhes a morte. aparece caracterizando uma determinada relação ecológica.
Simbiose (do grego, viver junto) designa qualquer associação
Certas plantas, como o eucalipto, liberam de suas raízes
permanente entre indivíduos de espécies diferentes que,
substâncias que impedem a germinação de sementes de
normalmente, exerce influência recíproca no metabolismo. É a vida
outras plantas ao redor. Isso evita que outras plantas venham
em conjunto de duas ou mais espécies em uma relação ecológica
a competir com os eucaliptos pela água e por outros recursos
prolongada e íntima. Assim, o parasitismo, o comensalismo e o
do solo.
mutualismo podem ser considerados diferentes tipos de simbiose.
Esclavagismo (sinfilia)
Relação em que uma espécie se beneficia do trabalho
de outra, que é prejudicada. Exemplo: existem pássaros Relações ecológicas
que botam ovos no ninho de outra espécie, às vezes
Nesse objeto de aprendizagem, você associará
jogando fora os ovos do dono do ninho. A espécie
a descrição de uma relação ecológica à ilustração
“escrava” passa a chocar os ovos estranhos até a eclosão.
Às vezes, também, indivíduos de uma espécie mantêm em que melhor a exemplifique e responderá a
cativeiro indivíduos de outra espécie para obter algum tipo perguntas relacionadas ao tema. A sua pontuação
de vantagem. Algumas espécies de formigas, por exemplo, total será baseada nos acertos e no tempo gasto
sequestram e aprisionam no formigueiro larvas de outras para finalizar o jogo. Boa atividade!
espécies, obtendo, assim, um trabalho escravo.
88 Coleção 6V
Relações Ecológicas
02. (UFPR–2017) Para atrair potenciais polinizadores, as 06. (Mackenzie-SP–2016) Na cidade de São Paulo, temos
KDVX XV7V
plantas comumente armazenam néctar nas suas flores observado, na época chuvosa e com ventos, várias
em estruturas específicas chamadas de nectários. árvores de grande porte tombadas. Essas árvores,
Contudo, várias espécies de plantas também podem geralmente, estão enfraquecidas pelo ataque de cupins
apresentar nectários longe das flores, os chamados que se alimentam da celulose do vegetal. A digestão da
celulose, no aparelho digestório do cupim só é possível
“nectários extraflorais”. Essas estruturas podem ser
porque eles possuem protozoários produtores de celulase,
encontradas em vários locais, como folhas e brotos.
enzima que digere a celulose. Os relacionamentos entre
Durante a sua procura por alimento, formigas se deparam
árvore e cupim e cupim e protozoário são considerados,
com esses nectários, passam a se alimentar do néctar
respectivamente,
produzido, a eles retornando repetidamente. Durante
A) predatismo e parasitismo.
essa atividade, as formigas acabam patrulhando essas
plantas e defendendo-as contra potenciais herbívoros, B) parasitismo e mutualismo.
como lagartas e percevejos. C) parasitismo e inquilinismo.
Esse tipo de interação entre formigas e plantas com D) parasitismo e comensalismo.
nectários extraflorais pode ser categorizado como
BIOLOGIA
E) mutualismo e parasitismo.
A) epifitismo. D) predação.
07. (Vunesp) Um gavião, que tem sob suas penas carrapatos
B) mutualismo. E) parasitismo.
e piolhos, traz preso em suas garras um rato, com
C) colonialismo. pulgas em seus pelos. Entre o rato e as pulgas, entre os
carrapatos e os piolhos e entre o gavião e o rato existem
03. (Unesp–2016) O parasitismo é uma relação unilateral, relações interespecíficas denominadas, respectivamente,
desarmônica, que se caracteriza pela dependência do A) inquilinismo, competição e predatismo.
parasita em relação ao hospedeiro. Podemos citar, como
B) predatismo, competição e parasitismo.
exemplo de parasitismo, a relação entre
C) parasitismo, competição e predatismo.
A) a orquídea e o jequitibá.
D) parasitismo, inquilinismo e predatismo.
B) a rêmora e o tubarão.
E) parasitismo, predatismo e competição.
C) o crocodilo e o pássaro-palito.
D) o caranguejo paguro e a anêmona do mar. 08. (Unifor-CE–2016) A presença de algumas algas verdes
prolonga enormemente a sobrevivência de hidras (um
E) a lombriga e o lobo-guará.
tipo de cnidário), em condições de privação de alimentos,
em relação às hidras que as não possuem. Se uma
04. (Cesgranrio) A figura a seguir mostra uma maneira quantidade limitada de alimento for fornecida, hidras
peculiar de pequenos peixes, chamados rêmoras, verdes crescerão mais rapidamente que hidras pálidas,
se deslocarem de um lugar para outro, fixados por uma mostrando novamente que as algas verdes contribuem
ventosa cefálica na região ventral de um tubarão. com a matéria orgânica. E ainda, o consumo de oxigênio
das hidras verdes é menor que em animais que não
possuem algas. As algas, por sua vez, utilizam amônia
liberada pelo hospedeiro para a síntese proteica.
A relação ecológica anterior é do tipo
A) parasitismo. D) amensalismo.
B) simbiose. E) comensalismo.
A) parasitismo. D) mutualismo.
09. (UEMG–2016) No deserto do Arizona nos Estados Unidos
B) competição. E) predatismo. IG8F
algumas espécies de formigas e roedores granívoros
C) comensalismo. (animais que se alimentam de sementes) vivem juntas.
Para entender melhor a relação entre elas, os ecólogos
realizaram três procedimentos:
05. (UFSCar-SP–2016) No intestino grosso humano, existem
bactérias que produzem vitaminas B12 e K. Essas • Removeram as formigas. Como consequência a
vitaminas são fundamentais para o metabolismo humano, densidade de roedores aumentou levemente, mas a
densidade de sementes não variou.
e as bactérias ganham proteção e nutrientes no interior
do intestino. A relação ecológica que ocorre entre esses • Removeram os roedores. Como consequência
micro-organismos intestinais e o homem é chamada a densidade de formigas quase dobrou, mas,
novamente, a densidade de sementes não variou.
A) comensalismo. D) mutualismo.
• Removeram tanto formigas quanto roedores. Como
B) predatismo. E) amensalismo. consequência a densidade de sementes aumentou
C) parasitismo. cinco vezes em relação aos valores anteriores.
Uma hipótese plausível que poderia indicar o objetivo 13. (PUC Rio–2016) Peixes leões das espécies Pterois volitans
dos ecólogos ao realizarem tais procedimentos seria a BP8N
e P. miles são nativos do Indo-Pacífico. Esses peixes,
suposição de que as formigas e os roedores, quando no entanto, foram introduzidos no Atlântico Ocidental,
juntos, podem estabelecer uma relação de na costa dos Estados Unidos. A partir dessa introdução,
A) competição pelas mesmas sementes. diversos registros têm sido feitos em localidades mais
B) predatismo em que roedores comem formigas. ao sul da Flórida, como Caribe e, mais recentemente,
C) comensalismo que desfavorece somente as formigas. litoral sudeste do Brasil. Nessas áreas, tais peixes são
considerados espécies exóticas invasoras.
D) mutualismo que favorece principalmente os roedores.
Com relação a essas espécies de peixes e à invasão das
10. (UEA-AM–2016) Duas espécies, A e B, foram observadas novas áreas, não é correto afirmar que
QC1K em duas situações: vivendo separadamente e vivendo A) essas espécies são endêmicas apenas de suas áreas
juntas. de origem.
B) as populações dessas espécies são reguladas pela
6
N° de indivíduos/km2
90 Coleção 6V
Relações Ecológicas
BIOLOGIA
C) exploração de diferentes nichos, evitando a competição v. 36, n. 2, mar./abr. 2011 (Adaptação).
entre as fases da vida.
Qual dos processos biológicos mencionados indica uma
D) ingestão de alimentos em todas as fases da vida, relação ecológica de competição?
garantindo o surgimento do adulto.
A) Fixação de nitrogênio para o tomateiro.
E) utilização do mesmo alimento em todas as fases,
B) Disponibilização de cálcio para o tomateiro.
otimizando a nutrição do organismo.
C) Diminuição da quantidade de ferro disponível para o
fungo.
02. (Enem) Os parasitoides (misto de parasitas e
predadores) são insetos diminutos que têm hábitos muito D) Liberação de substâncias que inibem o crescimento
peculiares: suas larvas podem se desenvolver dentro do fungo.
do corpo de outros organismos, como mostra a figura. E) Liberação de auxinas que estimulam o crescimento
A forma adulta se alimenta de pólen e açúcares. Em geral, cada do tomateiro.
parasitoide ataca hospedeiros de determinada espécie e,
por isso, esses organismos vêm sendo amplamente 04. (Enem) No Brasil, cerca de 80% da energia elétrica
usados para o controle biológico de pragas agrícolas. advém de hidrelétricas, cuja construção implica o
represamento de rios. A formação de um reservatório
Ciclo de vida de um inseto parasitoide de lagartas
para esse fim, por sua vez, pode modificar a ictiofauna
(B) O ovo eclode e a larva local. Um exemplo é o represamento do Rio Paraná,
do parasitoide se desenvolve onde se observou o desaparecimento de peixes cascudos
dentro da lagarta. quase que simultaneamente ao aumento do número de
peixes de espécies exóticas introduzidas, como o mapará
e a corvina, as três espécies com nichos ecológicos
semelhantes.
PETESSE, M. L.; PETRERE, JR. M. Ciência Hoje,
São Paulo, n. 293, v. 49, jun. 2012 (Adaptação).
de outro tipo, o Photinus, fingindo ser desse gênero. Propostos Acertei ______ Errei ______
Quando o macho Photinus se aproxima da fêmea Photuris,
muito maior que ele, é atacado e devorado por ela. • 01. B
• 13. B
Ave • 14. C
tipo 1
15.
Ave
tipo 2 • A) Uma associação é caracterizada pela coexistência
Ave de todos os organismos presentes na interação.
tipo 3
Apenas na imagem B observamos essa situação.
Ave
tipo 4 Em A temos um caso de predação, em que o
organismo menor deixa de existir.
1
Estepe salgada
• 01. C
• 02. B
Com base no esquema, uma classe de alunos procurou
identificar a possível existência de competição alimentar
• 03. C
92 Coleção 6V