Europe">
Historia 2 Cap
Historia 2 Cap
Historia 2 Cap
HISTÓRIA 351
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 352
são singelamente acabados, ritmicamente agradáveis, Maomé se opuseram. Alegavam que era muito parecido
com zimbórios e minaretes contrastando com os com os nichos onde se põem os santos nas igrejas
pátios e interiores profusamente ornamentados. Daí a cristãs. Mas o nicho presta-se de tal forma como um
arquitetura ser desnuda e monótona no exterior e ponto de foco para a oração, que aos poucos se
extremamente luxuosa no interior. incorporou nas mesquitas por todo o Islão.
A originalidade da arte árabe está no detalhe,
Os túmulos
representada por monumentos religiosos, como as
mesquitas e túmulos, palácios e torres.
A mesquita
Ao contrário da igreja cristã, a mesquita não é a
moradia de Deus, mas apenas o lugar de encontro dos
fiéis onde se pode orar em paz. Sem dúvida, é o edifício
mais característico, mais importante e mais difundido da
arquitetura sarracena.
Mesquita em árabe é
“lugar de prostração”. O co-
O Taj Mahal,
ração da mesquita é o san- um dos
tuário, onde os muçulmanos túmulos mais
desenrolam seus tapetes de belos, em
oração e se prostram diante Agra, Índia.
de Deus. Uma parede do
santuário, a parede Quibla, O Taj Mahal, construído no ano 1630, em Agra, na
assinala a direção de Meca Índia, é um dos mais famosos monumentos da história
e, num certo sentido, é da humanidade. É um túmulo real construído em mármo-
Mesquita de Omar, Jerusalém. sagrada, embora se destine re branco, erigido sobre uma plataforma de 6 metros de
apenas a ser funcional, sem nenhum simbolismo místico altura. Possui quatro minaretes de 44 metros, situados
em particular. nos vértices de sua base. Uma cúpula hemisférica
central rege toda a simetria, medindo 26 metros de
altura por 20 metros de diâmetro. Sobre esta apoia-se
uma outra, de aspecto bulbar, que mede 60 metros de
seu ápice até o nível da plataforma.
Os palácios
Os palácios são edifícios de áreas enormes, com pór-
ticos imensos, pátios, salas de música, banheiros e
jardins anexos com apartamentos para hóspede.
O palácio de Alhambra, em Granada, na Espanha, é
o maior dos palácios muçulmanos. É um complexo de
pátios abertos, vestíbulos e salão desorientado pela ex-
tensão e variedade. Há uma série sem paralelo de salões
Minarete da Mesquita de Samarra. suntuosamente adornados. O todo assume um ar de
fantasia, como um país de fatas em que as realidades
O minarete, exemplo típico da arquitetura islâmica, da vida são desconhecidas, embora o exterior se revista
de onde se conclamam os fiéis para as preces diárias. de um aspecto feio, como de uma fortaleza ou de um
castelo medieval.
Como o resto da mesquita, o santuário foi inicial-
mente decorado por tradição, em estilo simples e
austero, pois ao profeta repugnavam sinais de idolatria.
Um nicho, Mihrab, é a única característica marcante da
parede Quibla.
No início do século VIII, quando pela primeira vez in-
troduziu-se a Mihrab, certos seguidores puritanos de
352 HISTÓRIA
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 353
A arquitetura árabe
Sem nunca ter rompido seus estrei- principal, de onde se anuncia a hora das À medida que aumentava o poderio
tos vínculos com a religião de Maomé, a preces – e as fontes destinadas às ablu- político e econômico do Islão, as mesquitas
arte islâmica atingiu sua forma de expres- ções rituais dos muçulmanos, até o quibla, passaram a ser construídas em um estilo
são máxima na arquitetura, com obras de muro que indica a direção de Meca e diante arquitetônico bastante aprimorado e com
grande porte e extraordinária beleza. do qual os fiéis se prostram para orar. uma rica ornamentação, embora conser-
Entre elas destacam-se as mesquitas, o A mais antiga mesquita é a de El vando suas características básicas. Os
tipo de construção mais característico da Acsa, erguida em Jerusalém no fim do minaretes, por exemplo, tornaram-se mais
arquitetura islâmica. século VII. Como todos os primeiros numerosos, ao mesmo tempo que sofriam
Embora as mesquitas apresentem templos islâmicos, assemelha-se muito a alterações em sua forma. Foi somente a
uma grande diversidade de formas e esti- uma igreja cristã. Na realidade, quando a partir do século XI que surgiu, na Pérsia, o
los, de acordo com a época e a região onde dinastia dos Omíadas transferiu a capital seu tipo definitivo: uma torre muito fina e
foram construídas, existem nelas alguns de Medina para Damasco, as principais delicada, com um pequeno balcão no topo.
elementos básicos: desde o minarete – igrejas cristãs da cidade foram transfor- (Abril Cultural. História das
torre geralmente separada do edifício madas em mesquitas. Civilizações. Vol. II. p. 77.)
1 Comente sobre a arte árabe antes de Maomé. B Relacione a arte islâmica com a arte bizantina.
RESOLUÇÃO: RESOLUÇÃO:
Resume-se em raros objetos (vasos, tapetes e joias), destinados Ambas foram essencialmente decorativas.
apenas a serem comercializados.
HISTÓRIA 353
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 354
c)
E Qual é a manifestação artística mais forte entre os árabes?
RESOLUÇÃO:
A arquitetura, representada pelas mesquitas, palácios, monu-
mentos funerários (túmulos) e os minaretes ou torres, utilizados
com finalidade comemorativa.
354 HISTÓRIA
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 355
2. A literatura e a filosofia
A caligrafia
muçulmana
como
elemento Averróis, filósofo e médico que traduziu as obras de
de arte. Aristóteles.
HISTÓRIA 355
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 356
Proibidos de representar imagens, os tes tipos de adorno – lavrados, rendilha- Em relação à pintura, existem magní-
artistas muçulmanos especializaram-se dos e em relevo – para enfeitar as peças ficos exemplares – afrescos, pintura em
em motivos geométricos e figurações que produziam. Além disso, criaram a porcelana, iluminuras – que atestam o alto
abstratas, fazendo com que as próprias técnica de lustro metálico – revestimento nível alcançado pelos muçulmanos nesta
linhas floreadas da escrita árabe passas- fino e brilhante, à base de prata e óxido de arte e, também, o desenvolvimento da
sem a ter um importante valor decorativo. cobre, que espalhavam sobre a superfície cultura árabe sob a dinastia dos Abás-
Mas, além dos temas religiosos, esses já decorada de seus trabalhos. Aplicada sidas. Sob os Omíadas, o estilo pictórico
artistas procuravam inspiração nos pra- em azulejos, essa técnica difundiu-se a dos artistas muçulmanos apresenta ele-
zeres da vida, o que resultou em uma arte partir de Bagdá por toda a Pérsia, alcan- mentos persas, hindus e mesopotâmicos.
que não se afasta da realidade e nem pro- çando o Egito e a Espanha. Nesse período, são particularmente notá-
cura transcendê-la, com soluções esté- O artesanato em metal, por sua vez, veis os mosaicos de influência bizantina,
ticas de extremo bom gosto. explorou os mesmos temas utilizados na de primoroso acabamento.
No período da dinastia Abássida, cerâmica, estendendo-se até a Síria e o Entre os séculos XII e XIII, a pintura is-
desenvolveu-se a técnica dos ornatos Egito. As belíssimas peças de bronze com lâmica repete os mesmos temas aborda-
planos, em que os desenhos e motivos forma de animais, em que era usado co- dos em épocas anteriores – caçadas, nus
decorativos se repetem a curtos interva- mo matéria-prima o cobre da Mesopotâ- e desenhos decorativos –, mas já com um
los. Figuras geométricas – sobretudo o mia, constituem praticamente os únicos maior realismo na representação de cenas
polígono estrelado – passaram a conter exemplos da escultura muçulmana. da vida cotidiana ou nas ilustrações para
desenhos estilizados de folhagens, frutos Os artistas muçulmanos destacaram-se, livros científicos e literários. A partir do
e animais. Trabalhados em mármore, ainda, como hábeis tecelões, produzindo século XIII, os artistas da escola persa
estuque, gesso ou madeira, esses orna- peças de linho e seda ricamente bordadas adotam uma grande variedade de estilos
em seus trabalhos, sobretudo em pintu-
mentos revestiam inteiramente as pa- e, sobretudo, magníficos tapetes. No
ras, murais e vasos. Nas iluminuras, per-
redes dos palácios e mesquitas, como se século XV, a produção de tapetes atingiu
cebe-se claramente a evolução de um
fossem peças de tecido de belas pa- seu ponto máximo em quantidade e quali-
lirismo místico, quase irreal, para uma re-
dronagens e tramas delicadas. dade, fazendo dessa mercadoria um verda- descoberta do detalhe anatômico e
Também os ceramistas muçulmanos deiro símbolo da riqueza do Oriente mu- realista.
esmeraram-se na confecção de diferen- çulmano entre os europeus. (Abril Cultural. História das Civilizações. Vol. II. p. 77.)
1 (MODELO ENEM) – Os árabes, entre os d) profetizavam o destino do homem através profeta, as maneiras que tinha de comer, de
séculos VII e XI, ampliaram suas conquistas e das estrelas. beber, de se vestir, de cumprir os seus deveres
forjaram importante civilização. Sob a ação e) desenvolveram uma ciência não submetida religiosos, de lidar com os crentes e os infiéis.”
catalisadora do Islã, foi mantida a unidade aos ensinamentos religiosos. (Anne-Marie Delcambre.
política, enquanto o comércio destacou-se Resolução Maomé: a palavra de Alá.)
como elo do relacionamento tolerante com Boa parte do saber grego chegou ao conhe-
muitos povos. Além disso, argumenta-se que cimento dos cristãos europeus através das O texto deve ser relacionado com o (a)
os valores culturais da Antiguidade Clássica obras dos sábios árabes Avicena e Averróis, a) Alcorão. b) Rubbayat.
chegaram ao conhecimento do Mundo além de contribuírem para a tradução de livros c) Suna. d) Zend Avesta.
Moderno Ocidental porque os árabes importantes de filósofos gregos. e) Torá.
a) traduziram e difundiram entre os europeus Resposta: A Resolução
importantes obras sobre o saber grego. Para muitos muçulmanos, a Suna é o segundo
b) propagaram a obra “Mil e uma Noites”, livro mais importante do islamismo.
mostrando que ela se baseia em lendas 2 (ESPM – MODELO ENEM) – “A obra pode Resposta: C
chinesas. ser considerada autêntica tradição muçulmana
c) introduziram na Europa novas técnicas de formada pelo conjunto das tradições ou
cultivo e a habilidade na representação de narrativas orais fragmentadas chamadas
figuras humanas. ‘hadiths’. Apresenta os comportamentos do
356 HISTÓRIA
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 357
E
vegetais e inscrições em caracteres árabes.
Sobre a cultura árabe, não podemos dizer que
a) influenciou a formação cultural da população ibérica.
b) divulgou o uso da pólvora, da bússola e dos algarismos.
c) foi um elemento de ligação entre o Oriente e o Ocidente.
d) é uma cultura totalmente original.
e) sofreu influência persa depois do califado Omíada.
RESOLUÇÃO:
A cultura árabe recebeu influências persas e helenísticas.
C Com exceção do Corão e do Suna, qual foi a obra literária Resposta: D
de maior expressão no mundo árabe?
RESOLUÇÃO:
As mil e uma noites.
6 (FUVEST) – Durante muito tempo desconhecidos na Europa
Obs: São uma série de histórias narradas por Xerazade, esposa medieval, os textos de Aristóteles se difundiram a partir do século
do rei Xariar. Este rei, furioso por haver sido traído por sua XII. Suas obras chegaram ao Ocidente europeu por intermédio
primeira esposa, desposa uma noiva diferente todas as noites, a) de manuscritos gregos, preservados na Biblioteca do Vati-
mandando-as matar na manhã seguinte. Xerazade consegue cano e, durante longo tempo, mantidos em segredo pela Igreja.
escapar desse destino contando histórias fascinantes sobre
b) dos monges beneditinos da Europa continental, que pre-
diversos temas que estimulavam a curiosidade do rei. Ao
amanhecer, Xerazade interrompia cada conto para continuá-lo servaram a cultura clássica em seus mosteiros.
na noite seguinte, o que a mantém viva ao longo de mil e uma c) de sacerdotes bizantinos, que frequentavam as cortes reais
noites, ao fim das quais o rei se apaixonou, se arrependeu e da Europa e as grandes cidades do Ocidente.
desistiu de executá-la. d) dos centros de cultura muçulmanos, sobretudo da penín-
sula Ibérica, cujos manuscritos, em árabe, foram traduzidos
para o latim.
e) dos venezianos e cavaleiros de França, que atacaram Cons-
tantinopla em 1204 e de lá trouxeram os manuscritos originais.
RESOLUÇÃO:
Os sábios sarracenos que viveram na Península Ibérica eram
fortemente influenciados pela filosofia platônica e aristotélica.
Vivendo nas cortes em Toledo, Alhambra e Córdoba travaram
relações com os cristãos que foram muito além do mero conflito
militar, eles retransmitiram boa parte da cultura grega preservada
pelo mundo árabe.
Resposta: D
HISTÓRIA 357
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 358
A chegada dos bárbaros à Europa Ocidental fez No entanto, as grandes correntes de circulação que
desaparecer a unidade romana. Entre os anos 500 e se formavam ao longo das estradas ultrapassaram os
1000, cada região e cada povo começaram a evoluir em limites das províncias em que os homens viviam,
sentidos diferentes e a procurar meios de expressão levando de uma região para outra novas formas e novos
pessoal, como prova o aparecimento das línguas italiana, estilos. Nessa época, muitos peregrinos dirigiam-se a
francesa e espanhola, que pouco a pouco diferenciavam-se Santiago de Compostela, na Espanha – onde acredita-se
do latim, origem comum de todas elas. A arte românica esteja enterrado o apóstolo Tiago; a Roma, sede do
da Alemanha, por exemplo, distingue-se da França ou da Papado; e a Jerusalém, onde morrera Jesus Cristo.
Itália, e encontramos, além disso, em cada país, vários
Os mosteiros
estilos regionais. Em suma, podemos dizer que a cultura
românica é, sem dúvida, a menos homogênea e a que Após o reinado de Carlos Magno, a corte deixou de
apresenta as variantes mais consideráveis. ser o centro cultural e intelectual do Império. As ciências
e o ensino, a arte e a literatura estavam agora centraliza-
dos nos mosteiros. Os mais importantes trabalhos inte-
lectuais eram realizados nas bibliotecas, nos gabinetes
dos copistas e nas suas oficinas.
Os manuscritos ilustrados foram um dos primeiros
títulos de glória. Excluindo a ilustração do livro, conside-
Planta da Catedral de
Saint Sernin, em
rada a arte monástica por excelência, os monges tam-
Toulouse, França. bém se interessavam pela arquitetura, pela escultura e
pela pintura. Eram exímios como ourives e esmaltado-
Assim, parece errado definir o românico como “a res, conhecendo também a arte de tecer a tapeçaria e
arte da Europa romanizada”. Para metade da Europa, a sedas, iniciando o trabalho de encadernação, fundição de
língua latina constitui a base de novos dialetos. Esta é a sinos e fábricas de vidro e cerâmica.
única razão válida para a utilização do termo. Sem dúvida, Os mosteiros, como as grandes casas senhoriais,
o nome permanecerá, não obstante inadequado. Seja aspiravam tornar-se economicamente tão indepen-
qual for o nome que se venha a dar à arte europeia cristã dentes quanto possível e produzir em suas próprias ter-
dos séculos medievais, ela permanecerá com suas ras tudo quanto lhes era necessário à vida. Em geral, um
características ancestrais híbridas, aspecto mutável e mosteiro possuía igreja, cemitério, claustro, jardim,
confusão de estilos. dormitório, refeitório, galinheiro, adega, enfermaria, casa
Um único ponto comum, no entanto – mas capital –, do abade, prisão, tanque de peixes, moinho, casa dos
permite-nos falar da arte românica como uma entidade: hóspedes, estábulos, celeiros, depósitos, escola pública,
a presença em todas essas comunidades de um mesmo capelas, casa do médico, pomar e biblioteca.
sentimento religioso, porque a arte românica foi A contribuição monástica para o progresso da arqui-
essencialmente uma arte sacra. tetura das igrejas é muito importante até o crescimento
das cidades e o advento das catedrais medievais. A
2. A arquitetura românica arquitetura das igrejas concentrava-se quase inteiramen-
te nas mãos do clero, se bem que dos artistas e operá-
Os monumentos anteriores ao século XI são rios empregados na construção de igrejas, somente uma
escassos, em razão das invasões e pilhagens dos nor- parte deles era representada pelos monges. Mas os
mandos, das guerras feudais e também dos incêndios. A dirigentes da maioria das empresas de construção eram
ideia de utilizar a abóbada nos edifícios rapidamente se religiosos. No entanto, parecem ter sido mais superviso-
difundiu, marcando um começo de grande realização. res do que arquitetos.
A arquitetura nesse A Igreja
período foi caracterizada
pelo aspecto regional, A Escola Toscana
traduzido na utilização de
métodos engenhosos, vi-
sando resolver o equilí-
brio arquitetônico na
adaptação das plantas
das igrejas, dos mostei-
ros e dos castelos.
Interior da Catedral
de Santiago de Compostela.
Claustro: galeria que circunda o pórtico principal de uma igreja ou Planta do conjunto Interior da Catedral de Pisa.
arquitetônico de Pisa.
convento; recinto fechado.
358 HISTÓRIA
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 359
HISTÓRIA 359
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 360
6. Conclusão feudal não só pela sua estirpe nobre, mas também pelos
interesses econômicos e políticos.
Erguidos no meio de vastas propriedades, domi-
O estilo românico foi durante muito tempo consi- nando as encostas das montanhas com uma paisagem
derado como um simples preâmbulo do estilo gótico. De que abrangia os vales da região, com as suas muralhas
fato, foi a primeira fase de um processo da arquitetura alcantiladas e maciças como se fossem baluartes, os
medieval, que culminou no gótico. mosteiros eram domínios tão senhoriais e inatingíveis
A arte românica foi uma arte monástica, mas ao como as fortalezas e os castelos dos príncipes e barões.
mesmo tempo uma arte da aristocracia. A combinação Nada mais natural, portanto, de que a arte criada nesses
dessas características mostra bem como era a solidarie- mosteiros apresentasse o caráter e a concepção
dade entre o clero e a nobreza. Os postos mais próprios da aristocracia.
importantes da Igreja Medieval eram reservados, como
na velha Roma, para os membros da aristocracia. Os Alcantilado: rocha escarpada, talhada a pique.
abades e os bispos estavam relacionados com o sistema Baluarte: fortaleza inexpugnável; lugar seguro.
1 (PUCAMP – MODELO ENEM) – “Prepa- e) o teocentrismo: concepção predominante na b) à cultura renascentista, que deturpou o sen-
rando seu livro sobre o imperador Adriano, produção intelectual e artística medieval, que tido das fontes originais, atitude justificada pela
Marguerite Yourcenar encontrou numa carta de considera Deus o centro do Universo. busca extremada do uso da razão, eliminando
Flaubert esta frase: ‘Quando os deuses tinham Resolução qualquer possibilidade de expressão dos
deixado de existir e o Cristo ainda não viera, A Idade Média só pode ser entendida se for indivíduos pelo sentimento, tônica da tradição
houve um momento único na história, entre levada em consideração a religião como antiga, presente nos textos.
Cícero e Marco Aurélio, em que o homem elemento estruturador da sociedade. c) ao período bizantino, em que as fontes gre-
ficou sozinho". Os deuses pagãos nunca Resposta: E co-latinas precisavam sofrer um processo de
deixaram de existir, mesmo com o triunfo releitura para se ajustar às concepções
cristão, e Roma não era o mundo, mas no políticas e religiosas que combatiam as
breve momento de solidão flagrado por 2 (PUC-RS – MODELO ENEM) – "Há de se influências orientais presentes no pensamento
Flaubert o homem ocidental se viu livre da notar, em especial, que a dupla necessidade ocidental.
metafísica – e não gostou, claro. Quem quer que os autores [...] sentiram de, por um lado, d) à educação desenvolvida durante o Império
ficar sozinho num mundo que não domina e utilizar a insubstituível utensilagem intelectual Romano, em que a história escrita, antes da
mal compreende, sem o apoio e o consolo de do mundo greco-romano e de, por outro lado, dominação de vastos territórios pelos exércitos
uma teologia, qualquer teologia?’.” vazá-la em moldes cristãos, facilitou ou criou, romanos, precisava sofrer alterações em sua
(Luiz Fernando Veríssimo. Banquete com mesmo, hábitos intelectuais muito análise e interpretação, bem de acordo com a
os deuses) perniciosos: a sistemática deformação do política externa romana: um império, um
A compreensão do mundo por meio da religião pensamento dos autores, o perpétuo pensamento.
é uma disposição que traduz o pensamento anacronismo, o raciocínio por citações isoladas e) ao período de transição do feudalismo para o
medieval, cujo pressuposto é do contexto. O pensamento antigo só capitalismo, no qual a cultura precisava se
a) o antropocentrismo: a valorização do homem humilhado, deformado e atomizado pelo adequar às novas transformações econômicas,
como centro do Universo e a crença no caráter pensamento cristão pôde sobreviver [...]." políticas e sociais, sendo adotada como
divino da natureza humana. (Adaptado de Jacques Le Goff, 1964, p. 151). primeira medida a substituição do pensamento
b) a escolástica: a busca da salvação através do antigo pelo científico.
conhecimento da filosofia clássica e da O fragmento do texto acima se refere Resolução
assimilação do paganismo. a) ao tratamento dado às antigas fontes pagãs Mera interpretação de texto, tendo em vista
c) o panteísmo: a defesa da convivência har- pela maioria dos pensadores medievais da Alta que o cristianismo medieval precisava adequar
mônica de fé e razão, uma vez que o Universo, Idade Média, em que o essencial era o que os todo o conhecimento da Antiguidade aos seus
infinito, é parte da substância divina. autores haviam dito, e que podia ser utilizado propósitos de dominação.
d) o positivismo: submissão do homem aos conforme conviesse pela elite intelectual da Resposta: A
dogmas instituídos pela Igreja e não ques- Igreja Católica para servir aos propósitos do
tionamento das leis divinas. cristianismo.
A O que é o estilo românico? B Sabendo que o estilo românico foi um estilo sacro, cite sua
RESOLUÇÃO: finalidade.
O termo designa vários estilos de arte espalhados pela Europa RESOLUÇÃO:
Ocidental, evidenciado principalmente nas catedrais. Nas catedrais românicas, costumava-se concentrar as esculturas
no portal central que dava acesso ao edifício, com finalidade
didática, isto é, evangelizar por meio de imagens.
360 HISTÓRIA
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 361
HISTÓRIA 361
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 362
362 HISTÓRIA
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 363
Catedral
de Reims,
segundo os
planos do
arquiteto
Jean d’Orbais,
França.
HISTÓRIA 363
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 364
1 (UFSM – MODELO ENEM) – Os estilos Levando em conta que esses templos podem Resolução
arquitetônicos românico e gótico caracte- ser considerados testemunhos históricos, A afirmação III está incorreta, pois esse tipo de
rizaram as construções na Baixa Idade Média. construção apresentado nas imagens eram
podemos afirmar que:
essencialmente religiosas, e não militares.
O estilo românico, que precede o gótico,
I – O templo românico identifica uma so- Resposta: C
caracterizou-se pela grandeza e solidez das
construções de templos identificados como ciedade rural na qual a Igreja foi o centro do 2 (UNIFESP – MODELO ENEM) – Houve,
"fortalezas de Deus". O gótico propiciou a poder, e o estilo gótico reflete o desen- nos últimos séculos da Idade Média Ocidental,
ornamentação das Igrejas com esculturas e volvimento urbano e do comércio. um grande florescimento da literatura e da
vitrais e valorizou a altura e a verticalidade das arquitetura.
II – Esses estilos arquitetônicos teste-
construções, dando a impressão de "contato Contudo, se na primeira predominou a diver-
com os céus". munham uma sociedade hierarquizada, fun-
sidade, na segunda predominou a unidade.
damentada na doutrina cristã, onde o "templo" O estilo que marcou a unidade arquitetônica da
também representa o lugar e o poder que a Baixa Idade Média foi o
instituição "Igreja" exerceu. a) renascentista. b) românico. c) clássico.
d) barroco. e) gótico.
III – A expressão "fortalezas de Deus" justifica-
Resolução
se por serem grandiosas construções que ser- O estilo gótico, dominante nas catedrais da
viram, em primeiro lugar, como espaço reser- Baixa Idade Média, apresentou algumas varia-
vado aos exércitos nacionais dos Estados ções nos países onde floresceu. Essa diver-
sificação, porém, não afetou suas caracte-
absolutistas modernos.
rísticas essenciais: a construção em pedra, a
verticalidade (notadamente na grande altura
Está(ão) correta(as) a(s) afirmação(ões):
das torres), a profusão de esculturas, a ampla
a) I apenas b) II apenas. utilização de vitrais e, mais que tudo, a pre-
c) I e II apenas. d) I e III apenas. sença dos arcos ogivais.
e) II e III apenas. Resposta: E
364 HISTÓRIA
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 365
A Qual é a origem do termo gótico? G Qual a função dos vitrais na arte gótica.
RESOLUÇÃO: RESOLUÇÃO:
Os italianos empregavam o vocábulo “godos” para designar Eles possuem função arquitetônica, preenchendo espaços vazios
todos os povos bárbaros, originando a palavra gótico (coisa de na estrutura de pedra e facilitando a entrada de luz multicolorida
godo). O artista italiano Rafael, que abominava o estilo, deu à que proporciona um ambiente favorável à contrição e devoção.
expressão um sentido pejorativo.
HISTÓRIA 365
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 366
13 Renascimento – I • Individualismo
• Perspectiva
1. Surge o individualismo
Após a grande vaga artística que atingiu a Europa
com o florescer do espírito gótico, a partir do século XIV
e durante os dois séculos seguintes, a arte retomou
fôlego em um movimento que passou a ser denominado
Renascimento Cultural.
O Renascimento é caracterizado por um novo espíri-
to que modificou a mentalidade do pensamento, em
uma época marcada por grandes descobertas e novas
formas de expressão. Os ideais humanistas conduziram
ao individualismo, estimulando a busca de fama e o
desejo de ser conhecido por outros homens, em vida e
depois da morte. Ao mesmo tempo, o homem começou
a olhar o mundo de uma forma científica, buscando expli-
cações que até ali tinham sido admitidas sem provas. Vista do sudoeste
Entre a burguesia e os humanistas havia recipro- da cúpula da
cidade de interesses. Os humanistas faziam parte do Catedral de Florença,
construída por volta
séquito da burguesia e dela recebiam apoio material e
de 1420-1436.
consideração social. Embora os humanistas fossem os
“apóstolos” da Antiguidade, eram homens de seu tem-
para outros fins. A perspectiva, por exemplo, não era
po que pretendiam viver uma vida diferente, e o estudo
senão um meio, que na ocasião devida utilizavam com
da cultura clássica possuía alguns traços dessa vida. O
mestria, mas subordinado a fins rigorosamente indivi-
entusiasmo pela Antiguidade era tão grande que os
duais. A virtuosidade técnica era por assim dizer óbvia.”
príncipes e os papas consideravam os humanistas como
(História Mundial da Arte. Portugal,
secretários indispensáveis.
Bertrand, 1976. pp. 102-104.)
366 HISTÓRIA
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 367
A paz conspirem, de comum acordo e com todas perientes”, das “assembleias e conselhos
O pacifismo é uma das características as forças, contra a guerra, para que mos- criados por nossos antepassados para que
mais permanentes do pensamento de trem o quanto pesa num Estado a união de servissem para alguma coisa”. Assim,
Erasmo. Segundo ele, a natureza criou o todos contra a tirania dos poderosos.” Rousseau editou e publicou postu-
homem para a bondade e para a bene- O outro lado do pacifismo de Erasmo mamente o Projet de Paix Perpétuelle, do
volência, e ele se transforma em animal era seu cosmopolitismo. A guerra é o Abade de Saint-Pierre, e Kant escreveu
feroz quando prega e pratica a guerra. subproduto das rivalidades nacionais. um ensaio com o mesmo nome, Zum
Nada mais indigno do homem, pois Não há como aboli-la, enquanto persisti- Ewigeti Frieden. O título é de uma ironia
considerou o despostismo uma forma de rem essas rivalidades. No Elogio da ao gosto de Erasmo, pois alude à insígnia
governo humano, para não dizer do Loucura, Erasmo satiriza as vaidades de um albergue holandês, chamado de
cristão, cuja religião recomenda o amor e nacionais de cada país, todas igualmente Paz Perpétua, com a imagem de um
a concórdia. “O que é a guerra senão o as- risíveis – os ingleses se julgam com o cemitério. O projeto de Kant prevê
sassinato múltiplo e recíproco, um infante monopólio da beleza, os franceses, da cláusulas preliminares para criar a
banditismo [...]. Onde reina o diabo, senão urbanidade, os italianos, da eloquência e confiança entre os povos, como abster-se
na guerra?” De todos os deuses, Marte é das belas artes. Na Querela Pacis, diz que de adquirir territórios pela força e dissolver
o mais abominável e o mais estúpido, “o inglês odeia o francês unicamente por os exércitos permanentes, e cláusulas
Mars, omnium poeticorum deorum ser francês [...] o alemão não se entende definitivas, como o estabelecimento de
stupidissimus. Os soldados são crimi- com o francês; o espanhol discorda do regimes republicanos, a federação dos
nosos, semelhantes a tigres e lobos — as alemão e do francês. Ó cruel perversidade Estados e a hospitalidade concedida a
mesmas metáforas usadas para carac- humana! [...] Por que uma coisa tão pou- todos os estrangeiros. Em apêndice, há
terizar os tiranos. São devassos, ladrões, a co importante age com mais força sobre uma cláusula “secreta”: os filósofos deve-
escória da sociedade. As guerras são eles que os laços da natureza e do Cristo? riam ser autorizados a manifestar-se livre-
provocadas pelas paixões humanas e A distância que separa um país do outro mente. Além disso, nenhum século levou
principalmente pelas paixões dos Prín- separa os corpos, e não as almas. Outrora mais a sério os ideais cosmopolitas de
cipes, do mesmo modo que os povos são o Reno separava o francês do alemão, Erasmo. Em carta a Hume, Diderot disse
suas vítimas inocentes. Não há guerras mas o Reno não pode separar o cristão”. vangloriar-se de ser, como ele, “cidadão
justas, pois essa ideia deriva da ideia dos Mais uma vez, o Cristianismo funciona da grande cidade do mundo”. Para
direitos dos Príncipes, sempre imagi- como arma da crítica, mas Erasmo tem o Wieland, o Weltburgertum, o cos-
nários, na medida em que não há direitos cuidado de dizer que a guerra é odiosa mopolitismo era o mais nobre dos ideais,
dos governantes contra os direitos dos também contra os pagãos, inclusive pois só o cosmopolita pode “realizar a
povos. A guerra é ilógica, porque a paz porque “aqueles que chamamos turcos grande obra para a qual fomos chamados:
pode ser mantida por uma fração do custo [...] estão provavelmente mais próximos cultivar, ilustrar e enobrecer a raça huma-
de uma guerra, e as conquistas com ela do verdadeiro Cristianismo que a maioria na”. Gibbon disse que o filósofo deveria
obtidas acabam sendo mais onerosas, por- dos cristãos”. “considerar a Europa uma grande repúbli-
que implicam a perda de vidas e a destrui- Paz perpétua ca, cujos vários habitantes atingiram qua-
ção de cidades do próprio principado que Se há tema em que há distância se o mesmo nível de polidez e cultura”.
ambicionava engrandecer-se com a guerra. mínima entre Erasmo e os enciclope- Não obstante, é necessário não
Em qualquer hipótese, ela não pode de distas, é certamente o da paz. Para o exagerar as convergências. O pacifismo
modo algum ser decidida por livre inicia- Abade Prévost, a guerra degrada a razão e de Erasmo era mais intransigente que o
tiva dos governantes: o consentimento do a humanidade. Para Diderot, os soldados de todos os seus contemporâneos,
povo é indispensável. Em caso de conflito, são meros carniceiros, maîtres-bouchers. inclusive More, que admitia em sua Uto-
a solução racional seria a arbitragem, Para Samuel Johnson, generais como pia a guerra justa, e certamente era mais
jamais o confronto armado. César, Xerxes e Alexandre deveriam ser radical que os filósofos, suficientemente
O lamento da paz relegados à obscuridade e ao ódio dos cínicos, apesar de toda sua retórica huma-
Na Querela Pacis, ou Lamento da Paz, homens. Fielding diz que os chamados nitária, para admitirem que o projeto do
um dos mais veementes apelos contra a grandes homens são meros “saqueadores Abade Saint-Pierre era uma fantasia
guerra jamais escritos, Erasmo põe em de cidades e províncias”. Tudo na melhor irrealizável. A condenação da guerra não
cena uma alegoria da Paz, que termina seu tradição erasmiana. O século XVIII foi fértil era unânime: Ferguson achava que ela
plaidoyer convocando Príncipes, sacerdo- em projetos para evitar as guerras, sendo robustecia a fibra das nações, e Adam
tes, bispos, teólogos, magistrados, para nisso mais específico que Erasmo, que se Smith louvava o caráter másculo das
uma grande cruzada em favor da concórdia limitou a sugerir que os conflitos fossem virtudes marciais. Nem todos os filósofos
entre os povos. “Apelo a todos que se submetidos à arbitragem dos “bispos sé- eram cosmopolitas: a exceção mais notó-
glorificam com o título de cristãos, para que rios e sábios”, dos homens “idosos e ex- ria foi Rousseau, citoyen de Genève, que
HISTÓRIA 367
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 368
1 (PUC-PR – MODELO ENEM) – Observe as representações: c) As afirmações estão corretas e descrevem as duas representações.
d) As afirmações descrevem as figuras, mas são incorretas na análise
da arte medieval.
e) As afirmações estão certas, mas não correspondem às represen-
tações.
Resolução
As duas imagens contrastam os diferentes estilos artísticos.
Obs.: O primeiro quadro não apresenta um tema claramente religioso,
contudo, não compromete a escolha da alternativa correta.
Resposta: C
I – Na pintura Medieval predominavam temas religiosos, nas O valor renascentista expresso nesse texto é
representações da figura humana procurava-se esconder as formas a) o antropomorfismo. b) o hedonismo.
dos corpos. Eram representações planas. c) o humanismo. d) o individualismo.
II – Na pintura Renascentista a figura humana passou a ser valorizada. e) o racionalismo.
O estudo da Anatomia foi utilizado na arte para garantir a fidelidade às Resolução
formas representadas, além do equilíbrio, proporção e simetria. A exaltação do homem e de suas habilidades criadoras é uma das
a) Somente a afirmação I está correta. principais características do Renascimento Cultural.
b) Somente a afirmação II está correta. Resposta: C
1 Qual é o ideal que marca o espírito dos humanistas? 3 Há alguma relação entre a Idade Média e o Renascimento?
RESOLUÇÃO: Explique.
O individualismo, que estimulava a busca da projeção social a RESOLUÇÃO:
partir da arte. Sim, pois durante a Baixa Idade Média muitos autores, como
Dante e Petrarca, preparam as bases do Humanismo que
fundamentou o Renascimento.
368 HISTÓRIA
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 369
4 Não podem ser considerados humanistas 7 (UFG – MODELO ENEM) – Compare as duas imagens.
a) colecionadores (geralmente de manuscritos antigos).
b) eruditos.
c) bispos ligados às ordens monásticas.
d) escritores (imitadores dos clássicos).
e) professores (das literaturas clássicas).
RESOLUÇÃO:
Eram estudiosos que buscavam imitar os clássicos e eram
ardorosos críticos da religião.
Resposta: C
HISTÓRIA 369
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 370
Pietà, uma
das raras obras
concluídas de
A Criação do Homem, de Michelangelo, na Capela Sistina. Michelangelo.
370 HISTÓRIA
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 371
O apogeu da escultura deu-se, porém, com processo de conciliação com o estilo gótico, que
Michelangelo. Em 1501, com 26 anos de idade, escul- perdurou praticamente um século.
piu Davi em um bloco enorme de mármore, em oposição Na Alemanha, Albert Durer (1471 a 1528) destacou-se
às proporções menores preferidas anteriormente. A pela influência exercida por sua própria imagem, realizando
figura retrata um estilo heroico, de corpo musculoso e autorretratos ao longo de toda a sua carreira. Em sua obra,
cheio de emoção da escultura helenística. Outra obra de além de caracterizar a realidade de seu tempo e de seu
extrema criatividade foi a Pietà, conservada atualmente país, teve uma grande influência da tradição medieval,
na Basílica de São Pedro, em Roma. característica na Adoração dos Reis Magos.
Na segunda metade do século XVI, período mais
conturbado dos Países Baixos, produziu-se o maior núme-
3. O Renascimento fora da Itália ro de pintores do norte da Europa. A preocupação dos
artistas era buscar temas que substituíssem o aspecto
Por volta de 1500, as influências italianas expandi- religioso. Destaca-se neste processo, Pieter Brueghel,
ram-se por várias regiões da Europa, iniciando um o Velho, que explorou a vida dos camponeses e a moral.
Autonomia cultural
Nada mais legítimo que a tentativa de não por ser cultura de massas. Inversa- brasileiras, para que mentes brasileiras
desenvolver no país uma cultura autôno- mente, a cultura de massas brasileira é possam aplicá-la à interpretação da
ma. Mas a cultura autônoma é aquela que apoiada pelo mero fato de ser brasileira, realidade brasileira. A verdade é um metal
pode ser posta a serviço de um projeto de por mais alienante que seja. Ora, não me que tem de ser retirado do nosso subsolo,
autonomia, e não vejo porque só a cultura parece que a série infantil He-Man se e que só poderá aceder à sua pureza de
gerada dentro das fronteiras nacionais tornasse menos monstruosa se o herói minério se evitarmos que a jazida seja
possa contribuir para esse objetivo. fosse um robusto gaúcho dos pampas, ou explorada pelas multinacionais do pen-
Da maneira como vem sendo apre- falasse com um simpático sotaque nor- samento. Ora, a verdade não é nem um
sentada, a tese do colonialismo cultural destino. A inteligência não tem pátria, objeto visível a olho nu nem uma essência
parece basear-se numa falsa analogia mas a debilidade mental deveria ter: é ela, a ser destilada do objeto; ela é algo de
entre “bens culturais” e “bens econômi- e não a inteligência, que deve ser consi- parcialmente construido, a partir de certas
cos”. Procura-se proteger a cultura brasi- derada estrangeira, mesmo que suas categorias de análise, que variam confor-
leira e reforçar nossa identidade cultural credenciais de brasilidade sejam indis- me o interesse congnitivo do observador:
da mesma maneira que se procura cutíveis. Americana ou brasileira, a cultura quem quer transformar a realidade verá
estimular a indústria nacional de compu- de massas funciona como kitsch, como coisas que jamais serão vistas por quem
tadores: pela reserva de mercado. Ora, a lixo, como narcótico, do mesmo modo quer conservá-la. Sempre que necessário,
reserva de mercado é a política certa que a alta cultura, nacional ou estrangeira, essas categorias têm de ser adaptadas às
quando se trata de dominar a tecnologia funciona como fermento crítico, como circunstâncias específicas que queremos
da informática, mas não quando se trata fator de reflexão, como instrumento de estudar, mas, no fundamental, importa
de produzir modelos culturais válidos para autotransformação e transformação do pouco se as teorias são ou não nacionais:
o Brasil. Pois, é isso que importa: uma cul- mundo. se elas forem nacionais e conservadoras,
tura relevante para nosso país, e a esta Positivista ou brasileiro? darão acesso a um Brasil com palmeiras,
não cabe exigir nem passaporte nem No plano da teoria, a versão irraciona- mas sem luta de classes; se forem
atestado de naturalização. Todos prefe- lista da tese é especialmente problemáti- estrangeiras, mas críticas, darão acesso a
rem uma cultura autêntica a uma cultura ca. Para ela, pensar o Brasil significa, seja um Brasil cheio de contradições e, portan-
alienada, mas a cultura autêntica pode ser observá-lo como ele é, sem a influência to, como algo a ser transformado, o que
estrangeira, e a cultura brasileira pode ser perturbadora de qualquer a priori, seja não impede que os buritis continuem
alienada. Se a cultura é verdadeiramente interpretá-lo segundo uma teoria deduzida ondeando ao vento. É por isso que, para
universal, ela é ipso facto brasileira: diretamente da nossa realidade. No pri- quem se situa numa perspectiva crítica,
Mozart é tão relevante para o Brasil como meiro caso, o modelo subjacente é o do um autor como Adorno tem mais a ver
se tivesse nascido na ilha de Marajó, e empirismo mais rudimentar: existe de um com o Brasil, com a construção de uma
Silvio Santos é tão irrelevante como se lado uma realidade virginal, e do outro um cultura nacional e com a compreensão
tivesse nascido em Reikjavik. Contamina- olho que a vê em sua inocência e que não dessa cultura, que um sociólogo positivis-
da pelo irracionalismo, a tese anticolonial pode ser toldado por nenhuma lente, so- ta nascido em Vitória de Santo Antão. O
tem uma orientação xenófoba contra a bretudo quando ela foi produzida no que é decisivo é o fato de ele ser positi-
cultura estrangeira, sem que se pergunte exterior. O segundo modelo admite a vista, e não ser brasileiro, ou búlgaro. O
se ela é ou não válida, se ela pode ou não necessidade da teoria, mas ela tem de ser positivismo o desqualifica para entender
contribuir para o nosso próprio enriqueci- brasileira: o Brasil tem uma verdade qualquer realidade: a nossa, e a búlgara.
mento cultural. A cultura de massas ame- latente, que dorme em suas entranhas e (ROUANET, Sérgio Paulo. As Razões do
ricana é combatida por ser americana, e que deve ser trazida à luz do dia, por mãos Iluminismo. Companhia das Letras.)
HISTÓRIA 371
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 372
1 (ESPM – MODELO ENEM) – "Não é propriamente Vênus que impressionou Michelangelo (1475-1564) e influenciou seu trabalho
nasce no quadro, mas a alma cristã que emerge das águas do batismo." artístico em Juízo Final.
1 Quem é considerado o maior escultor do século XV? 3 Qual é a diferença entre a escultura de Davi de Donatello
RESOLUÇÃO: e a de Michelangelo?
Donato di Niccoló di Betto Bardi ou simplesmente Donatello. RESOLUÇÃO:
A escultura de Davi, feita por Donatello, é o primeiro nu artístico
desde a época romana, mostrando o naturalismo, com
inspiração notadamente helênica. Por sua vez, a estátua feita
por Michelangelo retrata um estilo heroico, cheio de emoção,
com grande influência da cultura helenística. Outra diferença
está no material; enquanto o Davi de Donatello é forjado em
bronze, o Davi de Michelangelo é esculpido em mármore.
2 Comente sobre a arte de Leonardo da Vinci.
RESOLUÇÃO:
Leonardo da Vinci, reconhecido como “gênio universal” e
polímata (que conhece muitas ciências), destacou-se pela
criação de uma pintura extremamente revolucionária para os
padrões da época, utilizando-se das cores para conseguir
profundidade em seus quadros, como a Mona Lisa e a Santa
Ceia.
372 HISTÓRIA
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 373
HISTÓRIA 373
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 374
Maneirismo
15 • Aristocrático • Pós-clássico
374 HISTÓRIA
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 375
A Após a fase do Renascimento conhecida como Final, quais F Não são pintores do Maneirismo:
manifestações artísticas surgiram? a) Tintoretto e Agnolo Bronzino.
RESOLUÇÃO: b) Parmigianino e Pontormo.
O Maneirismo e o Protobarroco, caracterizados como uma ante- c) Da Vinci e David.
cipação ao Barroco devido a vários de seus aspectos.
d) Rosso Fiorentino e Tintoretto.
e) Pontormo e Agnolo Bronzino.
RESOLUÇÃO:
Da Vinci era renascentista e David, neoclássico.
B Como surgiu o termo “maneirismo”? Resposta: C
RESOLUÇÃO:
Foi utilizado pelo crítico de arte Giorgio Vasari para designar o
modo característico de cada artista trabalhar.
HISTÓRIA 375
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 376
1. Introdução
Por volta do final do século XVI
deu-se uma mudança impres-
sionante na história da arte italiana.
Os maneiristas continuavam a
pintar, mas sua forma estava fora de
moda. Assim, um maneirismo frio e
intelectualista cedeu lugar a um
estilo sensual, emocional e univer-
salmente compreensível, o Barroco,
que surgiu como reação de uma
concepção de arte, em parte
intrinsecamente popular e, em par-
te, apoiada pela classe cultural
dirigente, mas com consideração Na construção da cúpula da Basílica de São Pedro, Interior da Igreja Il Gesù, Roma, uma das primei-
de Roma, por Michelangelo, já se percebia o novo ras construções barrocas.
pelas massas, contra o exclusivismo estilo: Barroco; a fachada e a nave central de
intelectual do período precedente. Maderno e a colunata de Bernini completaram a
O naturalismo de Caravaggio e o obra.
emocionalismo dos Carracci re-
presentavam as orientações. Em ambos os campos, o
elevado nível de cultura atingido pelos maneiristas
declinou, porque, mesmo na oficina dos Carracci, as
obras que foram copiadas dos grandes mestres da
Renascença eram relativamente simples e os pensamen-
tos e sentimentos a expressar não eram complicados.
2. Contexto histórico
Emanação direta da Reforma Católica (Contrarrefor-
ma) do século XVI, o Barroco alcançou a maturidade no
século XVII e se prolongou pelo século XVIII, com o A Pietà, de Gregório Ferdández.
nome de Rococó. Encontra-se, pois, inserido entre dois
surtos classicistas de índole greco-romana, um que lhe A convocação do Concílio de Trento significou o
antecedeu, o Renascimento, e outro que lhe sucedeu, o fim do liberalismo nas relações da Igreja com a arte. A
Neoclassicismo. arte executada para atender as finalidades da Igreja era
Historicamente, apareceu após um período de crise,
colocada sob a supervisão de teólogos e, especialmente,
responsável por grandes mudanças na realidade política
no caso de empreendimentos em larga escala, os pinto-
(Absolutismo) e religiosa (Reforma) europeia.
res tinham de seguir estritamente as instruções dos seus
Lutero condenava a “idolatria” da Igreja Católica, tal
conselheiros espirituais.
como havia condenado a adoração de imagens pagãs.
Nesta condenação, abrangia não só as imagens de Os decretos do Concílio proibiram a representação
devoção da Renascença, que evidentemente tinham do nu, bem como a representação de cenas sugestivas,
muito pouco a ver com a religião, mas todas as exterio- indecentes e profanas nos lugares santos. Mesmo nos
rizações de sentimentos religiosos, fossem quais casos em que o personagem pudesse ser representado
fossem. A “idolatria” era vista até mesmo no simples nu, em total acordo com a referência bíblica, o artista
adorno das igrejas com quadros. devia pelo menos acrescentar-lhe um panejamento.
Panejamento: pôr panos ou roupagens. Intrínseco: que está dentro de uma coisa ou pessoa e lhe é próprio; peculiar.
376 HISTÓRIA
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 377
HISTÓRIA 377
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 378
5. Expansão e ramificação
Vasto e nem sempre homogêneo, o Barroco invadiu
quase todos os países da Europa e da América Latina,
devido à colonização ibérica, assumindo grande
variedade de formas nos diferentes países. Sua duração
também foi diferente nos vários países.
O Maneirismo, como o Gótico, foi um fenômeno
universal, mesmo quando se restringia a círculos muito
mais estreitos do que a arte cristã da Idade Média. Pelo
contrário, o Barroco abraçou tantas ramificações de cará-
ter artístico, apareceu em tão diversas formas, nos
diferentes países e esferas de cultura, que parece duvi-
doso, à primeira vista, ser possível reduzi-lo a um
denominador comum. O Barroco da corte e dos círculos
católicos é totalmente diferente do da classe média e
das comunidades protestantes.
Igreja de São Carlos das O Êxtase de Santa Teresa,
Quatro Fontes, Roma, de Bernini, 1645-48, na Artistas do Barroco
projeto de Borromini, Capela Cornaro,
construída entre 1665-67. Santa Maria della Vittoria, Roma. Os artistas barrocos estavam profundamente
interessados na realidade da existência humana, mas
cada um a via a seu modo. Para Jan Vermeer a realidade
Arquitetura residia no detalhe luminoso; para Rembrandt, no drama
esboçado das personalidades; Frans Hals encontrava-as
A expressão mais típica são as igrejas, cujas nas faces vigorosas de burgueses e camponeses; e para
construções foram incentivadas após a Contrarreforma. Rubens, nos contornos voluptuosos do corpo humano.
Apresenta uma complexidade luxuriante, com Mesmo os altivos aristocratas pintados por Van Dyck,
meandros e retorcidos que revoluteiam sem cessar, Velásquez e Rigaud são pessoas reais e os deuses em
apresentando como elementos: simetria relativa (em mármore de Bernini parecem de carne e osso.
composição, mas não em detalhes); fuga aos
Meandro: suntuosidade; emaranhamento.
esquemas clássicos; linhas de composição espi -
Revolutear: agitar-se em vários sentidos, revolver-se.
raliformes e retorcidas; fachada: portadas trabalhadas Espiraliforme: que tem forma espiral.
(porta grande, geralmente emoldurada com ornatos Ombreira: peça vertical das portas ou janelas.
que se distinguem e se distribuem pelas ombreiras), Coruchéu: zimbório, torre ou torreão que coroa um edifício; remate
envasaduras (vãos de iluminação e ventilação, de piramidal de edifício.
Retábulo: construção de madeira, mármore ou outro material, que fica
formas variadas), padieiras (vergas das portas e janelas)
por trás e/ou acima do altar.
e coruchéus; interior: suntuosidade e profusa Torvelinhante: redemoinhado, agitado.
decoração, variados retábulos, tetos pintados com Torso: representação da figura humana truncada; torcido, sinuoso,
alegorias (preferencial men te imitando o céu, tortuoso.
insinuando falta de cobertura), colunas retorcidas e Convoluto: ato de enrolar para dentro.
Refulgência: resplendor; resplandecente.
arco cruzeiro geralmente muito valorizado.
378 HISTÓRIA
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 379
A descida, de Rubens. O cavaleiro sorridente, de Franz Ades. A pequena vendedora de frutas, de Murillo.
Igreja de Sant’Agnese, de Davi, de Gianlorenzo Velásquez mostra-se a si próprio O Rapto de Europa, Rubens.
Borromini e Ramaldi, com a Bernini, em mármore, trabalhando no quadro As Meninas.
presença de fachadas curvas. de tamanho natural.
No Portal Objetivo
Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO (www.portal.objetivo.br) e, em “localizar”, digite HIST1M211
HISTÓRIA 379
C2_1A_HIST_Prof_Lis_12 12/12/11 13:39 Página 380
A A que período da história o Barroco está ligado? 6 Das alternativas abaixo, qual explica a função do Rococó
RESOLUÇÃO: para o Vaticano:
Para uns, o Barroco exprime o espírito da Contrarreforma, mas, a) Lutar contra a idolatria protestante.
devido à sua penetração no norte da Europa e sendo esta região
b) Exprimir os pensamentos clássicos.
protestante, o estilo não teve características antirreformistas.
Ainda pode ser ligado ao “estilo” do absolutismo, refletindo o c) Evangelizar os fiéis por intermédio das imagens.
Estado centralizado. d) Simplesmente decorativa.
e) Evangelizar com o uso da imprensa.
RESOLUÇÃO:
As imagens apresentavam cenas dos evangelhos para facilitar a
visualização para aqueles que não sabiam ler.
Resposta: C
B Quais as restrições do Concílio de Trento quanto ao
Barroco?
RESOLUÇÃO: 7 (MODELO ENEM) – Qual das obras abaixo pertence ao
Tomaram-se medidas severas para restringir a pintura de corpos estilo Barroco?
nus, submetendo a regulamentos toda a pintura das igrejas, a) b)
dando início ao chamado “nascimento do pudor”.
c) d)
4 Sobre a relação entre o Barroco e a Reforma Protestante,
podemos afirmar que
a) não existe nenhuma relação, pois quase todos os reformis-
tas condenavam a arte, com medo de uma possível idolatria.
b) não existe nenhuma relação, pois após o apoio da Igreja
Católica, os protestantes foram contra o Barroco.
c) é forte, pois com o apoio da burguesia protestante, o
Barroco aumentou suas forças.
d) é fraca, pois os luteranos eram contra a arte, porém os
calvinistas eram a favor.
e) é totalmente relacionada, principalmente após o Concílio de
Trento.
RESOLUÇÃO:
Para muitos, a arte religiosa era objeto de culto.
e)
Resposta: A
RESOLUÇÃO:
Exemplo típico da escultura
barroca, o Davi de Bernini,
5 O Barroco foi considerado como “arte religiosa”, somente apresenta o movimento do
após o corpo jovial e a intensidade
a) Edito de Nantes. b) Concílio de Trento. do seu olhar sugerindo a
presença de Golias de
c) Concílio de Clermont. d) Edito de Milão. maneira que o centro real
e) Edito do Máximo. da obra parece estar fora da
RESOLUÇÃO: estátua, na vizinhança do
Neste Concílio, a Igreja Católica estabelece as regras daquilo que observador.
ela considera arte. Resposta: C
Resposta: B
380 HISTÓRIA