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Fitoterápicos e Nutrientes Vitaminas Minerais Aminoác. Bioflav. Enz. e Lact.

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FITOTERÁPICOS E NUTRIENTES (VITAMINAS,

MINERAIS, AMINOÁCIDOS, BIOFLAVONÓIDES, ENZIMAS


E LACTOBACILOS)

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Sumário

FITOTERÁPICOS E NUTRIENTES (VITAMINAS, MINERAIS,


AMINOÁCIDOS, BIOFLAVONÓIDES, ENZIMAS E LACTOBACILOS) ............. 1

NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2

UNIDADE 1 - FITOTERÁPICOS ............................................................. 6

FITOTERÁPICOS .................................................................................... 9

PRESCRIÇÃO DE FITOTERÁPICOS ................................................... 10

RESOLUÇÕES EM FITOTERAPIA ....................................................... 11

MEDICINA INTEGRATIVA: O PAPEL DO BIOMÉDICO ....................... 12

METABOLISMO DAS PLANTAS ........................................................... 14

CONCEITOS IMPORTANTES EM FITOTERAPIA ................................ 16

FORMAS DE APRESENTAÇÃO DOS FITOTERÁPICOS .................... 18

CUIDADOS COM AS PLANTAS MEDICINAIS ..................................... 23

PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS COMUMENTE EM NUTRIÇÃO 26

PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERAPIA NO BRASIL......................... 30

REGULAMENTAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS


NO BRASIL ...................................................................................................... 34

FITOTERÁPICOS APLICADOS À OBESIDADE ................................... 35

UNIDADE 2 – NUTRIENTES................................................................. 48

VITAMINAS ........................................................................................... 48

VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS .......................................................... 52

VITAMINA A (RETINOL): ............................................................... 53

Vitamina D (calciferol) .................................................................... 59

Vitamina E (tocoferol): .................................................................... 63

Vitamina K (filoquinona) ................................................................. 65

VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS ....................................................... 68

Vitamina B1 (tiamina): .................................................................... 69

3
Vitamina B2 (riboflavina): ............................................................... 71

Vitamina B3 (niacina) (Ácido Nicotínico – B3 ou PP) ..................... 73

Vitamina B5 (ácido pantotênico) ..................................................... 75

Vitamina B6 (piridoxina) ................................................................. 76

Vitamina B7 (biotina) ...................................................................... 79

Vitamina B9 (ácido fólico) ............................................................... 80

Vitamina B12 (cobalamina) ............................................................ 85

Vitamina C (ácido ascórbico) .......................................................... 87

MINERAIS .......................................................................................... 91

Cálcio ............................................................................................. 93

Cobre.............................................................................................. 96

Cromo............................................................................................. 97

Ferro ............................................................................................... 99

Fósforo ......................................................................................... 101

Flúor ............................................................................................. 102

Iodo .............................................................................................. 104

Magnésio ...................................................................................... 105

Manganês ..................................................................................... 107

Potássio........................................................................................ 108

Sódio ............................................................................................ 110

Selênio ......................................................................................... 112

Zinco............................................................................................. 113

AMINOÁCIDOS................................................................................ 115

BIOFLAVONOIDES ......................................................................... 118

ENZIMAS ......................................................................................... 120

Enzimas digestivas ....................................................................... 124

LACTOBACILOS.............................................................................. 126

4
REFERÊNCIAS ................................................................................... 135

5
UNIDADE 1 - FITOTERÁPICOS

CONCEITOS IMPORTANTES
Com objetivo de diferenciação, apresentam-se abaixo os principais
conceitos dos métodos terapêuticos.
Alopatia: é o método terapêutico que consiste em utilizar medicamentos
que vão produzir no organismo reação contrária aos sintomas que ele apresenta,
a fim de diminuí-los ou neutralizá-los. Os principais problemas dos
medicamentos alopáticos são os seus efeitos colaterais e a sua toxicidade
(Anvisa, 2010).
Homeopatia: é um método terapêutico seguro e eficaz, baseado na Lei
dos Semelhantes, segundo a qual, para se curar uma doença, o corpo doente
deve receber uma substância que provoque os mesmos sintomas quando
administrada em um corpo saudável (CRF, 2013). Utiliza matérias-primas de
origem animal, vegetal e mineral. Os medicamentos homeopáticos podem ser
utilizados com segurança em qualquer idade, até mesmo em recém-nascidos ou
pessoas com idade avançada, desde que com acompanhamento do clínico
homeopata (Anvisa, 2010).
Fitoterapia: é a terapêutica caracterizada pelo uso de plantas medicinais
em suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas
isoladas, ainda que de origem vegetal, conforme Portaria nº 971 (03/05/2006).
Já fitoterápico é produto obtido de matéria-prima ativa vegetal, exceto
substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa ou paliativa, incluindo
medicamento fitoterápico e produto tradicional fitoterápico, podendo ser simples,
quando o ativo é proveniente de uma única espécie vegetal medicinal, ou
composto, quando o ativo é proveniente de mais de uma espécie vegetal,
conforme RDC nº 26 (13/05/2014). Neste contexto, a fitoterapia é considerada
alopatia.

O Brasil tem uma rica história de uso das plantas medicinais no tratamento
dos problemas de saúde da população, uso este construído com base na
experiência e transmitido de forma oral (BRUNING et al., 2012). Largamente
usada até meados do século XX, a fitoterapia entrou em declínio com a

6
intensificação do uso dos medicamentos industrializados (BRUNING et al.,
2012).
A utilização de determinadas ervas medicinais no combate a doenças é
um costume comum em nossa sociedade. Essa medicina alternativa, sobretudo
no Brasil, é utilizada em larga escala, até porque essa prática remonta a períodos
pré-descobrimento, onde os índios, grandes detentores do conhecimento do
poder de cura pela natureza, faziam da floresta sua farmácia.
Além disso, há uma mescla com o conhecimento e ervas
medicinais trazidos pelos colonizadores, tanto que, segundo Corrêa Junior et
al. (1994) e Martins et al. (1995), a maior parte das espécies medicinais
cultivadas no Brasil é de espécies exóticas, heliófitas e domesticadas em seus
ecossistemas naturais.
O Brasil conta com a maior diversidade genética vegetal do mundo, com
um total estimado entre 350.000 e 550.000 espécies, das quais apenas 55.000
estão catalogadas (SIMÕES et al., 2001).
Sabendo-se que cada espécie desconhecida pode vir a ser um
medicamento importante (e consequentemente um produto lucrativo) não é
nenhuma surpresa que o interesse de empresas farmacêuticas esteja voltado
para essa área. Segundo Farias et al. (1994), várias empresas nacionais vêm
empregando matéria-prima vegetal diretamente na elaboração de seus
medicamentos.

Contudo, na utilização popular, seja como fitoterapia, seja na dieta, na


maioria das vezes não se tem avaliação apropriada dessas plantas,
comprovando a eficácia no tratamento ou possíveis efeitos adversos causados
por elas (SILVEIRA E SÁ et al., 2003).

7
Exatamente por isso, a utilização de qualquer tipo de planta medicinal
requer tanto cuidado quanto o necessário na utilização de medicamentos
industrializados.
A utilização de produtos naturais, particularmente da flora, com fins
medicinais, nasceu com a humanidade. Indícios do uso de plantas medicinais e
tóxicas foram encontrados nas civilizações mais antigas, sendo considerada
uma das práticas mais remotas utilizadas pelo homem para cura, prevenção e
tratamento de doenças, servindo como importante fonte de compostos
biologicamente ativos (ANDRADE; CARDOSO; BASTOS, 2007).
Plantas medicinais, consideradas como toda “espécie vegetal, cultivada
ou não, utilizada com propósitos terapêuticos”, fitoterápicos, o “produto obtido de
planta medicinal, ou de seus derivados, exceto substâncias isoladas, com
finalidade profilática, curativa ou paliativa” (ANVISA; 2013), ou um produto
tradicional fitoterápico que consiste naquele “obtido com emprego exclusivo de
matérias-primas ativas vegetais, cuja segurança seja baseada por meio da
tradicionalidade de uso e que seja caracterizado pela reprodutibilidade e
constância de sua qualidade.” (ANVISA, 2013).
Apesar do grande avanço e evolução da medicina, a partir da segunda
metade do século XX, as plantas ainda apresentam uma grande contribuição
para a manutenção da saúde e alívio às enfermidades em países em
desenvolvimento (SOUZA; FELFILI, 2006). Entre os principais motivos,
encontram-se as condições de pobreza e a falta de acesso aos medicamentos,
associados à fácil obtenção e tradição do uso de plantas com fins medicinais
(VEIGA JUNIOR; PINTO, 2005).
O uso indiscriminado, influenciado muitas vezes pela interpretação
equivocada da mídia do que é um produto natural, constitui uma preocupação
para a saúde dos brasileiros (FERREIRA; PINTO, 2010), uma vez que pode
ocasionar casos de superdosagem,
intoxicação, interação com outros
medicamentos/alimentos, além dos
potenciais efeitos colaterais e
adversos.

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FITOTERÁPICOS

Os fitoterápicos são produtos feitos exclusivamente de matéria-prima


vegetal, que possuem seus efeitos comprovados, bem como seus riscos.

Os fitoterápicos não incluem produtos que possuem substâncias ativas


isoladas.
Os medicamentos fitoterápicos são definidos pela ANVISA (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária) como aqueles que são obtidos a partir de
derivados vegetais e que os riscos, os mecanismos de ação e onde agem no
nosso corpo são conhecidos.
Esses medicamentos são feitos exclusivamente de matéria-
prima vegetal. É importante destacar que não é considerado um fitoterápico
aquele medicamento que contém substâncias ativas isoladas, bem como sua
associação com extratos vegetais.
Todo fitoterápico deve ter sua ação comprovada através de estudos
farmacológicos e toxicológicos. Além disso, deve-se fazer um levantamento dos
artigos publicados, bem como do conhecimento tradicional sobre determinada
espécie vegetal. Só após confirmadas sua ação e qualidade, ele é registrado.

Eles diferenciam-se das plantas medicinais em alguns pontos.


Primeiramente, devemos saber que plantas medicinais são aquelas
usadas tradicionalmente e que possuem capacidade de aliviar sintomas ou até

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curar algumas patologias. Normalmente, a população faz uso desse tipo de
planta através de chás, infusões, macerados, sucos, entre outras formas.
Ao utilizar a planta medicinal de maneira industrial para obtenção de um
medicamento, surge um fitoterápico. O processo de industrialização é importante
porque evita contaminações, além de dosar de maneira correta a quantidade que
uma pessoa pode consumir. Esse último ponto é essencial para evitar
intoxicações com esses produtos, fato que constantemente acontece com
plantas medicinais.
É comum que as pessoas pensem que, por ser um produto natural, ele
não causa problemas à saúde. Entretanto, sabe-se que os fitoterápicos, assim
como qualquer outro medicamento, podem ocasionar problemas que
desencadeiem até mesmo a morte se não forem usados corretamente e em
doses certas.
Os medicamentos fitoterápicos possuem seus benefícios comprovados
pela Organização Mundial de Saúde e, como qualquer medicamento, só devem
ser usados com recomendação médica. Lembre-se também de que o médico
deve ser informado sobre a utilização de qualquer um desses produtos, inclusive
do uso de plantas medicinais. Isso é válido principalmente para pessoas que
realizarão procedimentos cirúrgicos.
Ao utilizar um medicamento fitoterápico, lembre-se de olhar as datas de
validade, bem como as orientações de uso. É importante informar o médico da
ocorrência de qualquer sintoma desagradável. Além disso, deve-se verificar se
o medicamento possui registro na ANVISA. Para isso, acesse o site da Agência
e realize a consulta. Caso ele não tenha registro, comunique a Vigilância
Sanitária.

PRESCRIÇÃO DE FITOTERÁPICOS
Para a prescrição de fitoterápicos é necessário que exista um domínio
sobre um vasto conhecimento acerca das plantas medicinais: efeito terapêutico,
dosagem, posologia, duração do tratamento, forma de apresentação, efeitos
adversos, interações com medicamentos e alimentos. As interações
farmacológicas e fármaco-nutriente podem implicar em toxicidade, ineficácia do
tratamento e deficiências nutricionais.

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RESOLUÇÕES EM FITOTERAPIA
 Resolução CFN 383/2006 – dispõe sobre as especialidades
reconhecidas pelo CFN para efeito de registro no CRN. Reconhecida a
especialidade de fitoterapia na área de Nutrição.
 Resolução CFN 402/2007 – regulamenta a prescrição fitoterápica
pelo nutricionista de plantas in natura frescas ou como droga vegetal nas suas
mais diferentes formas farmacêuticas. O nutricionista somente deverá
prescrever aqueles produtos que sejam exclusivos de indicação terapêutica
relacionada ao seu campo de conhecimento específico, ou seja, não poderá
prescrever produtos que exijam prescrição médica.
 RDC ANVISA 10/2010 – dispõe sobre a notificação de drogas
vegetais junto à ANVISA. Regulamenta todo o processo do uso de plantas
medicinais, desde a produção, distribuição e uso, o que garante melhor
organização, segurança, eficácia e qualidade de acesso a tais produtos.
 Resolução CFN 525/2013 – regulamenta a prática de fitoterapia
pelo nutricionista, atribuindo-lhe competência para prescrição de fitoterápicos.
Regulamenta a especialidade de fitoterapia em Nutrição.
 Resolução CFN 525/2013 (na realidade é a 556/2015) –
acrescentou a obrigatoriedade do título de especialista ou certificado de pós-
graduação para prescrição de fitoterápicos e preparações magistrais.
 Resolução CFN 556/2015 - Altera as Resoluções nº 416, de 2008,
e nº 525, de 2013, e acrescenta disposições à regulamentação da prática da
Fitoterapia para o nutricionista como complemento da prescrição dietética.
 Art. 2º O exercício das competências do nutricionista para a prática
da Fitoterapia como complemento da prescrição dietética deverá observar que:
I - a prescrição de plantas medicinais e chás medicinais é permitida a
todos os nutricionistas, ainda que sem título de especialista;
II - a prescrição de medicamentos fitoterápicos, de produtos
tradicionais fitoterápicos e de preparações magistrais de fitoterápicos,
como complemento de prescrição dietética, é permitida ao
nutricionista desde que seja portador do título de especialista em
Fitoterapia.

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MEDICINA INTEGRATIVA: O PAPEL DO BIOMÉDICO
A medicina integrativa surgiu há aproximadamente 20 anos, quando
algumas instituições consideradas como referência na área de medicina e
filantropia passaram a se reunir nos Estados Unidos para discutir aspectos
relacionados à saúde, por entenderem que precisavam de uma nova abordagem
na prevenção e tratamento de doenças.
Atualmente essa prática é bastante difundida nos EUA e está presente
em diversos centros universitários acadêmicos norte-americanos, como
Harvard, Arizona, Massachusetts, Mayo Clinic e Cleveland Clinic, entre outros.
No Brasil, em maio de 2006, o Ministério da Saúde criou a Política
Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PIC), normatizando, por
meio de uma portaria, a prática de tratamentos complementares, como
homeopatia, fitoterapia, acupuntura e outros, pelo SUS (Sistema Único de
Saúde).
Desde então as terapias alternativas estão ganhando cada vez mais
espaço em hospitais públicos e privados, sendo o Hospital Albert Einstein,
através do seu Instituto de Ensino e Pesquisa, o primeiro a oferecer um curso de
pós-graduação lato sensu em medicina integrativa.

Imagem disponível em: https://www.congresoclamic.com/sin-categoria/medicina-integrativa/

Interdisciplinaridade
A medicina integrativa propõe a interdisciplinaridade por meio da
associação de técnicas e reunião de vários profissionais de áreas e formações
distintas, o que permite ampliar a percepção sobre a doença e definir uma melhor
linha terapêutica, analisando o indivíduo como um todo: corpo, mente e
espírito.

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Nessa modalidade, pode-se lançar mão tanto da medicina convencional
(alopatia), quanto de métodos alternativos e menos invasivos, sempre que
possível, como musicoterapia, homeopatia, acupuntura, uso de fitoterápicos,
aromaterapia, técnicas de respiração, meditação, quiropraxia, reiki e tai chi
chuan, entre várias outros. Porém, sempre com base em estudos criteriosos e
evidências quanto à sua eficácia.
A abordagem terapêutica é compartilhada e integrada entre todos os
profissionais de saúde envolvidos e inclui, entre outros aspectos, orientações
sobre alimentação, exercícios físicos, gerenciamento de estresse e bem-estar
emocional. Isso vai além do manejo de sintomas, englobando todos os fatores
que influenciam o processo da doença e da cura.
Muito embora, na medicina convencional, as figuras do médico e do
enfermeiro sejam muito disseminadas, o que faz com que a presença de outros
profissionais da área de saúde não seja bem compreendida ainda, na medicina
integrativa o trabalho desses outros profissionais torna-se essencial, pois através
dessa interdisciplinaridade é possível olhar e tratar o paciente como um todo.
E, ao olharmos para o indivíduo como um todo, criamos uma conexão
mais profunda que ultrapassa o papel de cura e controle da doença, o que nos
permite estabelecer uma empatia e, consequentemente, uma melhor
compreensão dos fatores envolvidos.
Dentre esses profissionais da saúde, encontra-se o biomédico, cuja
regulamentação da profissão se deu pela Lei nº 6.684, de 3 de setembro de
1979.
Segundo o art. 4º da referida lei, ao biomédico compete
atuar em equipes de saúde, a nível tecnológico e nas
atividades complementares de diagnósticos.

Competências e habilidades do biomédico


A Resolução nº 2, de 18/02/2003, em seu art. 4º, instituiu as
Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Biomedicina,
dispondo que, dentre as competências e habilidades do biomédico, estão o
desenvolvimento de ações para prevenção, promoção, proteção e reabilitação

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da saúde, tomando decisões que visam à eficácia da força de trabalho,
medicamentos, equipamentos, procedimentos e práticas.
Dentre as 35 possíveis habilitações do biomédico, destaca-se a
acupuntura, que abrange não apenas a técnica de mesmo nome, como também
diversas técnicas diagnósticas e terapias integrativas, segundo a Normativa n° 1
do CFBM (Conselho Federal de Biomedicina), publicada em 10/04/2012.
Além disso, o biomédico, devidamente capacitado, pode atuar como
terapeuta ortomolecular, realizando diversos procedimentos, entre eles a
ozonioterapia, fitoterapia, cromoterapia, e bioressonância.
Diante da abrangência dessa profissão, fica evidente que a medicina
integrativa é uma área onde esse profissional não só se encontra apto a atuar,
como tem muito a acrescentar, colaborando com seu conhecimento no campo
da saúde a da ciência, através da multidisciplinaridade de sua atuação, que
engloba o campo da pesquisa, prevenção, tratamento e diagnóstico de inúmeras
doenças e disfunções.
Com essa visão macro, encontra-se perfeitamente chancelado para
perseguir a conquista de adoção de políticas públicas de saúde que tenham
como objetivo a promoção da saúde e bem-estar.

METABOLISMO DAS PLANTAS


Metabolismo: Conjunto de reações químicas que continuamente
ocorrem em cada célula. As reações enzimáticas podem: anabólicas, catabólicas
e de biotransformação.
As rotas metabólicas visam primariamente a obtenção de nutrientes para
a necessidade da célula, como energia (ATP), poder redutor (NADPH) e
biossíntese de compostos essenciais à sua sobrevivência (carboidratos, lipídios
e proteínas).
Os processos essenciais à vida e comuns nos vegetais são denominados
reações do metabolismo primário, que se caracteriza por grande produção,
distribuição universal e com funções essenciais. O metabolismo da célula
vegetal é subdividido em metabolismo primário e metabolismo secundário.
O metabolismo primário refere as reações metabólicas relacionadas
diretamente aos processos vitais do vegetal. Resulta nas seguintes substâncias:

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carboidratos, proteínas, lipídios, celulose e lignina. É comum a todos os vegetais.
Corresponde às reações de fotossíntese e respiração celular.
É o metabolismo secundário que caracteriza-se pela biossíntese de
micromoléculas com diversidade e complexidade estrutural, produção em
pequena escala, distribuição restrita e especificidade. Os metabólitos
secundários por serem fatores de interação entre organismos, frequentemente
apresentam atividades biológicas interessantes, sendo de grande interesse para
o estudo de substâncias oriundas de espécies vegetais. São os produtos do
metabolismo secundário da célula vegetal que possuem função específica na
Nutrição Defensiva (Nutrição Funcional) e na Fitoterapia.
As ações esperadas dos fitoquímicos derivados do metabolismo
secundário das plantas são:
 Adstringentes – cicatrizantes e anti-inflamatórios;
 Antirreumáticas – diminuição de ácido úrico, gota e reumatismo;
 Antissépticas – diminuição de microrganismos;
 Antidiarréicas – controlam a eliminação de água;
 Calmantes – ansiolíticos e diminuidores de estresse mental;
 Carminativas – diminuição de flatulência;
 Coleréticas – aumentam a eliminação de bile;
 Depurativas – aumentam a eliminação de toxinas;
 Digestivas – aumentam a hidrolise em TGI;
 Diuréticas – ação aquarética, com ou sem eliminação de eletrólitos;
 Emagogas – regulam a eliminação menstrual;
 Eméticas – estimulam o vômito;
 Estimulantes – aumentam a energia e o TMB;
 Expectorantes – eliminam catarro do sistema aéreo;
 Laxativas – aceleram o peristaltismo;
 Hepatoprotetoras – atuam em fases de desintoxicação hepáticas;
e
 Oxigenas – estimulam o apetite.

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CONCEITOS IMPORTANTES EM FITOTERAPIA

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Fitoterapia: é um sistema terapêutico (alopático) caracterizado pelo uso
de plantas medicinais ou derivado, em suas diferentes formas farmacêuticas,
sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal.
Planta Medicinal: é uma espécie vegetal, cultivada ou não, utilizada com
propósitos terapêuticos;
Droga Vegetal: é a planta medicinal, ou suas partes, que contenham as
substâncias, ou classes de substâncias, que causam a ação terapêutica, após
processos de coleta, estabilização, quando aplicável e secagem, na forma
íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada.
Derivado Vegetal: é o produto da extração da planta medicinal in natura
ou da droga vegetal o qual se apresenta na forma de extrato, tintura, alcoolatura,
óleo fixo e volátil, cera, exsudado e outros.
Fitocomplexo: é um conjunto de todas as substâncias, originadas do
metabolismo primário (aminoácidos, proteínas, lipídios, nucleotídeos,
carboidratos, vitaminas e hormônios) ou secundário (alcaloides, flavonoides,
saponinas, lignoides, cumarinas, glicosidios cianogênicos, taninos, entre outros)
responsáveis, em conjunto, pelos efeitos biológicos de uma planta medicinal ou
de seus derivados.
Chá Medicinal: são drogas vegetais com fins medicinais a serem
preparadas por meio de infusão, decocção ou maceração em água.
Fitoterápico: é o produto obtido de matéria-prima ativa vegetal ou de
seus derivados, exceto substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa
ou paliativa.
Medicamentos Fitoterápicos: são produtos tecnicamente elaborados
obtidos com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais cuja
segurança e eficácia sejam baseadas em evidências clínicas e que sejam
caracterizados pela constância de sua qualidade.
Produto Tradicional Fitoterápico: são os produtos obtidos com
emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais cuja segurança e
efetividades são baseadas em dados publicados na literatura técnico-científica e
que sejam concebidos para serem utilizados sem a vigilância de um médico para
fins de diagnóstico, de prescrição ou de monitorização.

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Fitofármacos: são substância purificada e isolada a partir de matéria-
prima vegetal com estrutura química definida e atividade farmacológica. Os
fitofármacos não são considerados fitoterápicos.

FORMAS DE APRESENTAÇÃO DOS FITOTERÁPICOS


RASURA  Processo de fragmentação da droga vegetal através de
moinhos.
A droga vegetal rasurada é largamente utilizada no preparo de chás
(infusos ou decoctos) pelo próprio paciente.

Indicação: infusos e decoctos. Podem ser utilizadas para uso externo,


como banhos e cataplasmas.
Vantagens: acondiciona bem grandes doses e plantas volumosas.
Desvantagem: em fórmulas, não há boa homogeneidade.

PÓ  Consiste na droga vegetal, seca, moída finamente. É a forma


farmacêutica em que o princípio ativo encontra-se pulverizado, podendo ser
destinado ao uso interno ou externo.
Droga vegetal  Moagem  Pó

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Limitação de uso: dificuldade de padronização farmacológica e do
controle de qualidade.
Indicação: é usado como infuso (chá) ou misturado diretamente em
bebidas ou frutas amassadas. É especialmente indicado para pacientes com
dificuldade em ingerir cápsulas ou com intolerância gástrica a elas.
Vantagens: garante homogeneidade da mistura, bom acondicionamento,
facilita a extração dos princípios ativos e possui facilidade de administração ao
paciente.
Desvantagens: pode causar irritabilidade em esôfago e promover
náuseas em pessoas sensíveis, em especial para princípios amargos.

INFUSÃO  Trata-se de uma técnica extrativa que consiste em lançar


sobre a planta água fervente, mantendo-se o líquido e a planta encerrados num
vaso fechado, em contato durante certo tempo.
Esta técnica é utilizada para plantas tenras, folhas, flores reduzidas
normalmente a pó ou rasuradas. É conhecido popularmente como chá por
infusão.
Preparo: separe as partes que lhe interessam e lave-as cuidadosamente.
Pode-se utilizar plantas medicinais variadas, desde que de órgãos vegetais
idênticos (só folhas ou só flores). Ferva a água, desligue e mergulhe as partes
da planta.
Observe a proporção: 5 partes de planta para 95 partes de água!
Cubra e deixe abafado por 5 a 30 minutos. Obs.: É importante abafar,
principalmente quando se utiliza folhas e flores, para evitar a perda das
propriedades medicinais.

DECOCÇÃO  Consiste em manter um sólido (no caso, a planta) em


contato, durante certo tempo, com um solvente, normalmente a água em
ebulição, obtendo-se deste modo, uma solução extrativa denominada decocto
ou cozimento.
É uma técnica empregada para plantas que possuem superfície e partes
lenhosas (cascas, raízes e folhas muito duras). É chamado de chá por fervura.

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Preparo: separe as partes da planta que lhe interessem e lave-as
cuidadosamente. Em um recipiente com água, adicione as partes da planta e
submeta à cocção (10 a 20min).
O tempo de preparo depende da parte da planta utilizada:
 2 minutos para folhas e flores
 7 minutos para raízes e caules
 10 minutos para a planta toda
Observe a proporção: 10 partes de planta para 150 partes de água.
Após este tempo, retire do fogo e deixe o recipiente tampado por alguns
minutos antes de usar. Proceda a filtragem antes de ingerir.

MACERAÇÃO  consiste em um tipo de extração a frio de acordo com


a relação química entre ativo e solvente, no qual certas plantas são deixadas em
repouso em determinado
líquido (água destilada,
vinho, álcool de cereais e
óleos), durante um certo
período, para extração,
exemplo azeite aromatizado
ou vinagre com especiarias.

20
TINTURA  As tinturas são soluções hidroalcoólicas (30º a 96ºGL)
obtidas de vegetais secos por maceração ou por percolação. Geralmente feito
com 20% a 25% de planbtas secas para as tinturas vegetais. A tintura mãe segue
a padronização de 10% e é a base para produção de homeopatias.
Podem ser:
 simples (extração de uma única espécie) ou
 composta (extração de duas ou mais espécies).
As tinturas devem ser administradas diluídas em água, em função do alto
teor alcoólico e sabor forte das plantas.
Indicação: pacientes com dificuldade para ingestão de cápsulas.
Vantagens: redução da quantidade de material ingerido para atingir a
mesma ação medicinal, além da alta biodisponibilidade.
Desvantagens: Alto teor alcoólico e eventuais incompatibilidades físico-
químicas entre algumas plantas.

EXTRATOS SECOS  São preparações sólidas obtidas pela evaporação


do solvente utilizado na extração.
Os extratos secos são obtidos pela evaporação do extrato aquoso ou
alcóolico a uma temperatura que não exceda 50ºC e apresentam, no mínimo,
95% de resíduo seco, calculados como porcentagem de massa, ou seja, não
podem exceder 5% de seu peso em água.
A Farmacopéia Brasileira não estabelece a concentração do extrato seco
em relação à droga vegetal, ficando a critério do produtor. Extrato seco
padronizado: O teor de um ou mais constituintes é ajustado a valores
previamente definidos.

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O objetivo é garantir o controle de qualidade e o desenvolvimento de
produtos fitoterápicos que preenchessem os requisitos de qualidade, eficácia e
segurança, exigidos para qualquer medicamento. Exemplo de extratos
padronizados:
- Ginkgo biloba: 24% de gingkosídeos;
- Glycine max: 40% de isoflavonas.
Normalmente os extratos secos são prescritos em cápsulas.
Indicação: pacientes com intolerância ao cheiro e/ou ao gosto de uma ou
mais plantas da fórmula.
Vantagens: fácil administração e facilidade de transporte.
Desvantagens: dificuldade de uso pediátrico, inviável para algumas
plantas volumosas, fracionamento da dose em grande quantidade de cápsulas,
intolerância gástrica às cápsulas ou desconforto em virtude de agentes de
volume (excipientes).
A relação entre o derivado de droga vegetal e sua concentração pode ser
dada de duas formas:
 a primeira, em que se correlaciona a quantidade de droga vegetal
utilizada para se obter determinada quantidade de extrato; e
 a segunda, em que se explicita a quantidade, em percentual, do
marcador químico e/ou farmacológico daquele extrato.
À primeira situação dá-se o nome do extrato concentrado e, à segunda
situação dá-se o nome do extrato padronizado.

22
CUIDADOS COM AS PLANTAS MEDICINAIS

SABER IDENTIFICAR
• Uma mesma espécie vegetal pode ser conhecida por diferentes nomes
populares de acordo com a região onde são encontradas. Dessa forma é
importante saber o nome científico para a correta identificação. Existem ainda
espécies vegetais que apresentam o mesmo nome popular, porém são espécies
diferentes, para indicações também diferentes. Ex: Erva de São João
(Hypericum perforatum L.) e Erva de São João (Ageratum conyzoides L.).
• É importante utilizar as plantas medicinais mediante a indicação de um
profissional qualificado.
• Cuidado para não confundir a espécie a ser utilizada com outras de
características semelhantes. Ex: Gengibre (Zingiber officinale Roscoe), Zedoária
(Curcuma zedoaria (Christm.) Roscoe), Cúrcuma (Curcuma longa L.).

SABER ONDE COLHER


• As espécies medicinais devem ser colhidas em hortos comunitários,
hortas caseiras ou vasos. Evite colher plantas medicinais em terrenos com
contaminação de poluentes químicos e biológicos;

ALERTA:
• Não colha plantas na beira de rios, córregos poluídos, esgotos, nem às
margens das estradas devido à contaminação dos poluentes (fumaça dos carros,
pesticidas, entre outros).
• Não utilizar herbicidas para controle de pragas. Esse controle pode ser
feito com espécies ricas em óleos essenciais como o capim-santo (Cymbopogon
citratus (DC.). Stapf.), citronela (Cymbopogon winterianus Jowitt ex Bor),
alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham.), etc.

SABER COMO COLHER


• Os cuidados que devem ser tomados durante a colheita visam preservar
a integridade das partes colhidas para evitar perda de princípios ativos. Seguem
algumas recomendações:

23
• A colheita deve ser realizada com o tempo seco, de preferência pela
manhã. Não se recomenda, executá- la com água sobre as partes, por exemplo,
com o orvalho da manhã.
• Para as sementes recomenda-se aguardar o completo amadurecimento,
quando os frutos são de sementes que caem após o amadurecimento, deve-se
antecipar a colheita.
• As cascas são colhidas quando a planta atinge a plenitude de seu
crescimento, ao fim de ciclo anual ou antes da floração (nas perenes). Nos
arbustos as cascas são separadas no outono, e nas árvores, na primavera.
• As ferramentas de colheita variam de acordo com a planta colhida: flores
e hastes utiliza-se tesoura de poda; raízes e parte subterrâneas são utilizadas
pás, enxadas e enxadões.
• Durante a colheita, evitar a incidência direta de raios solares sobre as
partes colhidas, principalmente folhas e flores. No caso de raízes, pode-se deixar
por algum tempo ao sol.

SABER COMO SECAR


• As plantas medicinais devem ser adquiridas secas. O processo de
secagem garante a qualidade da droga vegetal e maior tempo de uso.
• A secagem deve ser iniciada imediatamente após a colheita, devido à
necessidade da estabilização dos metabólitos secundários;
• As folhas e inflorescências de plantas ricas em óleos essenciais devem
ser secas a sombra e em local arejado. As raízes e cascas devem ser lavadas,
cortadas em pequenos pedaços e secas ao sol ou em estufa de ar circulante, a
45°C.

24
• As plantas devem ser secas separadamente e identificadas em estrados
ou bandejas dispostas em camadas finas e revolvidas diariamente para acelerar
a secagem.
• O tempo de secagem natural ou artificial, varia de acordo com cada
espécie e com a parte da planta.

SABER A PARTE DA PLANTA A SER USADA


• É preciso conhecer a planta e saber em que parte da mesma se encontra
a maior concentração de metabólitos secundários para a atividade indicada. Ex:
caules alados de carqueja (Baccharis trimera (Less.) DC.); capítulos florais de
camomila (Matricaria chamomilla L.); cascas de barbatimão (Stryphnodendron
adstringens (Mart.) Coville); rizomas de gengibre (Zingiber officinale Roscoe);
raízes de alcaçuz (Glycyrrhiza glabra L.) e frutos de erva-doce (Pimpinella
anisum L.).

SABER QUANTO USAR


• A quantidade da planta a ser utilizada é importante para a obtenção da
dose correta e para evitar efeitos tóxicos da preparação; Deve-se ficar atento as
doses sugeridas nos Formulários Oficiais.
ALERTA:
• As plantas só devem ser consumidas dentro de um esquema terapêutico
em plena observância da dose utilizada, frequência de uso, via de administração,
forma de preparação e tempo de utilização.

SABER COMO PREPARAR


• Existem diferentes formas de preparação à base de plantas medicinais
a exemplo do infuso, decocto, macerado, entre outros e cada uma delas altera a
liberação dos componentes. Dependendo da planta a ser utilizada, de seus
princípios ativos e da doença a ser tratada, uma forma de preparo pode ser mais
eficaz que outra.

SABER COMO USAR


• Deve ser observado se a indicação é para uso interno ou externo.
Existem espécies vegetais que só devem ser usadas externamente.

25
• A mistura ou associações de plantas medicinais pode ser realizada com
orientação profissional, levando em consideração possíveis interações
medicamentosas. O mesmo deve ser considerado quanto ao uso concomitante
de medicamentos sintéticos e plantas medicinais.

SABER COMO ARMAZENAR


• As espécies vegetais devem ser armazenadas devidamente secas em
sacos plásticos/papéis ou potes de vidro previamente higienizados e
devidamente identificados, em local arejado.
• Renove periodicamente as espécies vegetais que você costuma fazer
uso.

SABER DA TOXICIDADE DA PLANTA


• Espécies vegetais podem induzir intoxicação, dependendo de quem as
toma, do quanto é administrado e do tempo de uso. Muitas plantas medicinais a
depender da dose têm efeito abortivo e teratogênico. Existem plantas que
independente da dose são potencialmente venenosas e não devem ser
utilizadas.
Ex: comigo-ninguém-pode (Diffenbachia picta Schot); mamona (Ricinus
communis L.); espirradeira (Nerium oleander L.).

PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS COMUMENTE EM


NUTRIÇÃO

1.Camomila (Matricaria chamomilla)


É uma planta tradicionalmente utilizada para tratamento de desconfortos
abdominais, como cólicas e como sedativo leve.
Extratos das flores de camomila
possuem efeitos antidiarréicos, antissecretório
e antiespasmódico, por ativação de canais de
potássio e antagonista de canais de cálcio.
A camomila diminui a cólica abdominal
por diminuição do peristaltismo.

26
2.Espinheira-santa (Maytenus ilicifolia)
Possui uso popular para tratamento de distúrbios
gástricos. Suas folhas possuem frações flavônicas que
exercem ações gastroprotetoras. Possui ação na
motilidade gástrica em quadros de diarreia. O
mecanismo por trás desse efeito dá-se pela ação em
receptores muscarínicos e não em dopaminérgicos. O extrato de espinheira-
santa reduz a secreção ácida por inibição da bomba de prótons, sendo
gastroprotetor em hipersecreção ácida. Em paralelo, possui ação anti-
inflamatória em parede de estômago, sendo mais um auxílio no tratamento de
úlceras. A infusão de espinheira-santa pode ser feita por nutricionista, ao passo
que a prescrição de medicamentos à base é exclusiva médica.

3.Guaçatonga (Casearia sylvestris)


Utilizada tradicionalmente para inflamação e
úlceras, por mecanismos diferentes da espinheira-
santa. Suas folhas contém uma classe de terpenos que
inibem fosfolipase A2, evitando lesão de parede
gástrica por meio de atividade antiinflamatória não
esteroidal, ou seja, interferência na cascata química da
ciclo-oxigenases. Possui ação cicatrizante da mucosa
gástrica. Foi demonstrado aumento de deposição de colágeno em pontos de
úlceras, em modelo animal. O efeito é melhor na forma de infusão que extrato
seco, dada a ação direta do infuso na mucosa gástrica.

4.Boldo-do-Chile (Peumus boldus)


Suas folhas contém um grande número de alcalóides boldina e
flavonóides. É utilizada para desordens hepáticas. Possui ação na inibição da
atividade da acetilcolinesterase e ação antioxidante., inclusive na ação SOD
mitocondrial manganês dependente. (MnSOD) em fígado e pâncreas.
A infusão de folhas exerce ação hepatoprotetora contra xenobióticos, uma
vez que agem nas fases de biotransformação hepática e diminuem o processo
de peroxidação lipídica. Sua ação é complementada com alcachofra (Cyanara

27
scolymus), cardo mariano (Sylibum marianum) e
dente-de-Leão (Taraxacum officinale), uma
sinergia que modula enzimas chaves dos
diversos desequilíbrios associados à síndrome
plurimetabólica, como a lípase pancreática e a α-
glucosidase.
Sua ação no estômago se deve à
presença das catequinas, que tem demonstrado
uma potente atividade antiurease e antiaderência
de H. pylori, possuindo ação gastroprotetora, especialmente contra câncer de
estômago.

5.Dente-de-Leão (Taraxacum officinale)


Uso popular para processo de má
digestão de gorduras e como diurético. Suas
folhas são ricas em sesquiterpenos, saponinas,
compostos fenólicos, flavonóides e fibras.
Possui atividade antioxidante e anti-
inflamatória em TGI, além de possível atuação
em fases de biotransformação hepática.
Folhas de dente-de-Leão consumidas
cruas ou como infuso estimulam o crescimento
de lactobacilos e bifidobactérias.
Uso clínico em disbiose.

Erroneamente acredita-se que um fitoterápico ou uma planta medicinal,


por ser natural e não ter sido industrializado está livre de componentes químicos
e efeitos colaterais. Isto faz com que as pessoas adotem a automedicação. No
entanto estes compostos, como outros quaisquer, produzem reações no
organismo, positivas ou negativas (ZANCANARO, 2007). A fitoterapia como
qualquer outra terapêutica, deve ser praticada com prudência e com
conhecimento. Se o uso inadequado de plantas medicinais em patologias
simples pode não trazer maiores danos, o mesmo não ocorre em patologias que
necessita uma intervenção médica rigorosa (FIGUEIREDO, 2007).

28
Uma alimentação equilibrada e variada proporciona a manutenção da
saúde, pois proporciona os nutrientes necessários e os compostos bioativos que
podem reduzir os riscos de doenças. Os alimentos ou ingredientes que alegarem
propriedades funcionais básicas, produzir efeitos metabólicos e ou fisiológicos
devem ser consumidos de forma segura sem supervisão médica.
(BEVILACQUA, HARAGUCHI, WADT, 2010).
Alguns compostos minerais presentes nas plantas possuem um papel
preventivo no combate de doenças. No entanto, níveis elevados desses minerais
podem ser perigosos e tóxicos ao organismo. Alguns minerais como Co, Cr, Cu,
Fe, Mn, Mg, Mo, Se e Zn são considerados essenciais à saúde por atuarem em
importantes vias metabólicas (SILVA et al., 2010).
Os alimentos funcionais devem apresentar propriedades benéficas além
das nutricionais básicas, sendo apresentados na forma de alimentos comuns.
São consumidos em dietas convencionais, mas demonstram capacidade de
regularem funções corporais de forma a auxiliar na proteção contra doenças
como hipertensão, diabetes, câncer, osteoporose e coronariopatias
(HUNGENHOLTZ e SMID, 2002). A maioria dos nutracêuticos e alimentos
funcionais são de origem vegetal, no entanto, há alguns de outras origens, já os
fitoterápicos são exclusivamente de origem vegetal (BRASIL et al., 2008).
Algumas interações com alimentos são benéficas e outras podem
acarretar danos ao organismo. As interações entre nutrientes dependem, na sua
maioria, dos hábitos alimentares do indivíduo, não tendo grandes consequências
clínicas se houver consumo de dieta equilibrada. O desequilíbrio no consumo
dos alimentos e o uso crônico de alguns fármacos devem ser considerados pode
ocasionar algumas destas interações negativas. A ocorrência da interação
depende da natureza física e química do medicamento, da formulação na qual o
medicamento é administrado, do tipo e volume da refeição, da ordem de ingestão
do alimento e medicamento, do intervalo de tempo entre alimentação e a
administração do medicamento, da idade e estado nutricional do indivíduo
antagonismos entre fármacos e nutrientes e fármacos x fármacos são
frequentemente verificados na prática clínica (REIS, 2004).
Com o aumento de doenças crônicas em grande parte da população,
aumentou também a procura por hábitos alimentares mais saudáveis. Uma das
categorias alimentares mais procuradas é a dos novos alimentos/ingredientes,

29
substâncias bioativas, alimentos para fins especiais e até mesmo medicamentos
fitoterápicos derivados de alimentos. (PEREIRA E BAJO, 2012).
As interações de alimentos atrasam o esvaziamento gástrico e reduzem
a absorção de muitos fármacos; a quantidade total absorvida de fármaco pode
ser ou não reduzida (HOEFLER E WANNMACHER, 2010).
Para garantir o uso eficaz e seguro de necessário também identificar os
possíveis riscos de interações a que estão expostos os indivíduos que fazem o
uso concomitante desses compostos com tipos diferenciados de alimentos.

PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERAPIA NO BRASIL


O uso de plantas medicinais é milenar, entretanto, desde o início deste
século, tem ocorrido um crescente interesse pelo estudo de espécies vegetais e
seu uso tradicional em diferentes partes do mundo (Cheikhyoussef et al., 2011),
sobre tudo para garantir que a utilização seja racional e segura.
Desde a declaração de Alma Ata, as organizações públicas
governamentais têm demonstrado grande interesse e reunido esforços para o
estudo e desenvolvimento desse tema, dada a sua magnitude, seja pela grande
e crescente utilização desses recursos na terapêutica, como também por ser
uma alternativa para ampliar o acesso da população ao tratamento terapêutico.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% da
população de países em desenvolvimento utilizam-se de práticas tradicionais na
atenção primária à saúde e, desse total, 85% fazem uso de plantas medicinais
(Rosa et al., 2011). No Brasil, 20% da população consomem 63% dos
medicamentos alopáticos, o restante encontra nos produtos de origem natural,
especialmente as plantas, uma fonte alternativa de medicação (Marinho et al.,
2007).
Dessa forma, com a finalidade de organizar e consolidar a utilização das
plantas medicinais e fitoterápicos, com vistas às recomendações da OMS o
governo brasileiro vem normatizando o assunto no SUS por meio de Políticas
Públicas de Saúde, como a Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares, Política Nacional de Medicamentos, Programa Nacional de
Plantas Medicinais e Fitoterápicos e a própria Lei Orgância da Saúde.

30
O Ministério da Saúde (MS) é o órgão do Poder Executivo Federal
responsável pela organização e elaboração de planos e políticas públicas
voltados para a promoção, prevenção e assistência à saúde dos brasileiros. É
função do ministério dispor de condições para a proteção e recuperação da
saúde da população, reduzindo as enfermidades, controlando as doenças
endêmicas e parasitárias e melhorando a vigilância à saúde, dando, assim, mais
qualidade de vida ao brasileiro. Desta forma, a missão do MS é promover a
saúde da população mediante a integração e a construção de parcerias com os
órgãos federais, as unidades da Federação, os municípios, a iniciativa privada e
a sociedade, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e para o
exercício da cidadania (Ministério da Saúde, 2015).
No Brasil a regulamentação do uso de plantas medicinais e da Fitoterapia
iniciou-se em 2006 com a aprovação da Política de Práticas Integrativas e
Complementares no SUS (PNPIC), que aborda dentre outras práticas
tradicionais a utilização de plantas medicinais e a Fitoterapia. A partir desta
legislação e em conformidade com orientações da OMS, também em 2006 foi
aprovada a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) e
em 2008 o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Outro
marco importante foi a publicação da Relação Nacional de Plantas Medicinais
de Interesse para o SUS (RENISUS).
A Portaria Nº 971 de 03 de maio de 2006 que aprova a Política Nacional
de Práticas Integrativas e Complementares segue o disposto ao inciso II do Art.
198 da Constituição Federal, que dispõe sobre a integralidade da atenção e ao
Art. 3º da Lei 8.080/90 que diz respeito ás ações destinadas a garantir às
pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social, como
fatores determinantes e condicionantes da saúde e ainda ao preconizado pela
OMS com relação ao estimulo ao uso da medicina tradicional (Brasil, 2006a).
Em seu anexo esta portaria apresenta o histórico nacional relacionado
com a sua construção, conceitos acerca da medicina tradicional, inclusive o de
plantas medicinais e Fitoterapia, bem como seus objetivos e diretrizes (Brasil,
2006a).

31
Enquanto que a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos
tem por finalidade estabelecer as diretrizes para a atuação do governo na área
de plantas medicinais e fitoterápicos, elaborou-se a Política Nacional de Plantas
Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF), que se constitui parte essencial das
políticas públicas de saúde, meio ambiente, desenvolvimento econômico e social
como um dos elementos fundamentais de transversalidade na implementação
de ações capazes de promover melhorias na qualidade de vida da população
brasileira (Brasil, 2006b).
Esta política foi aprovada por meio do Decreto 5.813 de 22 de junho de
2006. Este estabelece dentre outras coisas, as diretrizes para as ações voltadas
à garantia do acesso seguro e uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos
em nosso país (Brasil, 2006b), tornando-se um legal e histórico para às áreas
das plantas medicinais e dos fitoterápicos no Brasil.
A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos constitui parte
essencial das Políticas Públicas de Saúde, meio ambiente, desenvolvimento
econômico e social, atuando como um dos elementos fundamentais de
transversalidade na implementação de ações capazes de promover melhorias
na qualidade de vida da população. Esta política estabelece as diretrizes e linhas
prioritárias para o desenvolvimento de ações, pelos diversos parceiros, em torno
de finalidades comuns (Gonçalves et al., 2013).
Outros pontos importantes do Decreto 5.813/2006 é o incentivo ao
desenvolvimento de tecnologias e inovações e o fortalecimento das cadeias e
dos arranjos produtivos, ao uso sustentável da biodiversidade brasileira e ao

32
desenvolvimento do Complexo Produtivo da Saúde (Brasil, 2006b), sendo estes
pontos chaves para desenvolvimento dos medicamentos da biodiversidade.
O objetivo geral da PNPMF é amplo: “Garantir à população brasileira o
acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos,
promovendo o uso sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia
produtiva e da indústria nacional” (Brasil, 2006b), marco legal e histórico, pois
além de se firmar como uma política de saúde pública tem caráter ambiental,
científico, social e econômico.
Considerando o disposto na PNPMF, em 2008 a Portaria 2.960/2008
instituiu o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, e cria
também o Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos.
O Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos estabelece
ações, parceiros em torno de objetivos comuns voltados à garantia do aceso
seguro e uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos no país, ao
desenvolvimento de tecnologias e inovações, assim como ao fortalecimento das
cadeias e dos arranjos produtivos, ao uso sustentável da biodiversidade
brasileira e ao desenvolvimento do Complexo Produtivo da Saúde (Brasil, 2008).
Os princípios do programa englobam a regulamentação do manejo,
distribuição e uso de plantas medicinais e fitoterápicos; a formação técnico-
científica e capacitação na área de plantas medicinais e fitoterápicos; a
capacitação e formação de recursos humanos para pesquisas, tecnologias e
inovação em plantas medicinais e fitoterápicos; estratégias de comunicação e
divulgação do setor de plantas medicinais e fitoterápicos; o fomento da pesquisa,
desenvolvimento tecnológico e inovação com base na biodiversidade brasileira;
o incentivo ao cultivo e produção de fitoterápicos; ações para promover o acesso
seguro e racional, a eficácia e a qualidade das plantas medicinais e fitoterápicos,
dentre outras (Brasil, 2008). Essas diretrizes estão em consonância com a
PNPMF e com as estratégias da atenção primária à saúde, além promover o
desenvolvimento de ações voltadas para os medicamentos da biodiversidade e
são importantes para melhoria dos serviços ofertados pelo SUS no âmbito das
plantas medicinais e fitoterápicos.
O incentivo ao cultivo e à produção de fitoterápicos e medicamentos da
biodiversidade descritos no Programa Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterápicos tem por finalidade diminuir a dependência de matéria prima

33
estrangeira. Para se ter ideia da importância do assunto, em caso de
interrupções abruptas nas importações de matérias-primas e medicamentos
químicos, cerca de 25% dos nossos diabéticos correriam risco de vida, 15% dos
hipertensos e portadores de úlceras gastroduodenais estariam privados de
medicação supostamente adequadas e a quase totalidade dos pacientes
transplantados estaria virtualmente privada de medicamentos
imunossupressores (Panazzi, 2010).

REGULAMENTAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS E


FITOTERÁPICOS NO BRASIL
No Brasil a regulamentação de fitoterápicos remonta dos anos 80, a
Portaria Nº 212 de 11 de setembro de 1981 no item 2.4.3, definiu o estudo de
plantas medicinais como uma das prioridades de investigação clínica, em 1982
o MS lançou o Programa de Pesquisa de Plantas Medicinais da Central de
Medicamentos, a fim de obter o desenvolvimento de uma terapêutica alternativa
e complementar (Brasil, 2008). E mais atual como vimos anteriormente em 2006
foram criadas a PNPIC e a PNPMF.
Em relação ao controle na produção e distribuição de plantas medicinais
e fitoterápicos a normatização do MS ocorre por meio das resoluções elaboradas
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Atualmente a principal
regulamentação sobre plantas medicinais e fitoterápicos é a Resolução Nº 26 de
2014 que revogou as Resoluções Nº 14/2010 e nº 10/2010 (ANVISA, 2014).

Resoluções Relevantes
A produção, prescrição e distribuição de plantas medicinais e fitoterápicos
é regulada pela ANVISA, desta forma algumas legislações devem ser
observadas a fim de atender as normas sanitárias e garantir a qualidade dos
serviços ofertados no âmbito das plantas medicinais e fitoterápicos.
A RDC Nº 26 de 13 de maio de 2014 dispõe sobre o registro de
medicamentos fitoterápicos e o registro e a notificação de produtos tradicionais
fitoterápicos, abrange os produtos industrializados que se enquadram como
medicamentos fitoterápicos e produtos tradicionais fitoterápicos e estabelece os

34
requisitos mínimos para registro e renovação de registro e notificação desses
produtos e conceitos relacionados.
Os medicamentos fitoterápicos são registrados e os produtos tradicionais
fitoterápicos registro ou notificação, as plantas medicinais sob a forma de droga
vegetal, denominadas chás medicinais, serão dispensadas de registros
conforme Art. 22 do Decreto 8.077 de 2013 e devem ser notificadas como
fitoterápico tradicional, estes não podem conter excipientes. As preparações
elaboradas por povos e comunidades tradicionais sem fins lucrativos e não
industrializadas são dispensadas de registro e notificação (ANVISA, 2014).
Além dessas, outras resoluções publicadas pela ANVISA e estão
relacionadas com a produção e distribuição de plantas medicinais e fitoterápicos,
como a RDC Nº 67 de 08 de outubro de 2007, que dispõe sobre as boas práticas
de manipulação de preparações magistrais e oficinais para uso humano em
farmácia (ANVISA, 2007), e a RDC Nº 87 de 21 de novembro de 2008 que altera
a RDC Nº 67/2007 (ANVISA, 2008), que apresenta atualização em relação ao
controle de qualidade de matérias primas vegetais e ainda sobre a prescrição
que medicamentos manipulados. Vale ainda citar, a resolução RDC Nº 17 de 16
de abril de 2010, que estabelece os requisitos mínimos a serem seguidos na
fabricação de medicamentos para padronizar a verificação do cumprimento das
Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos (BPF) de uso humano durante
as inspeções sanitárias nos artigos de 591 a 607 apresenta as boas práticas de
fabricação de medicamentos fitoterápicos (ANVISA, 2010).

FITOTERÁPICOS APLICADOS À OBESIDADE


A incidência da obesidade tem aumentado a um ritmo alarmante nos
últimos anos, tornando-se um problema de saúde, com custos sociais
incalculáveis em todo o mundo.
Os medicamentos fitoterápicos utilizados para emagrecimento agem no
organismo como moderadores de apetite ou aceleradores de metabolismo,
promovendo redução da ingestão alimentar, diminuindo os níveis séricos de
colesterol, além de ação antioxidante, diurética e lipolítica. Uma grande
variedade de materiais naturais tem sido explorada por seus potenciais no
tratamento da obesidade. Estes são principalmente produtos complexos, com
vários componentes de diferentes características químicas e farmacológicas.

35
A obesidade é considerada uma doença moderna, sendo uma das
patologias de maior crescimento nos últimos anos, segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS). O sobrepeso e a obesidade são definidos como
acúmulo anormal ou excessivo de gordura que pode prejudicar a saúde, estando
as pessoas obesas com maior risco de desenvolver doenças graves.
A proporção de pessoas acima do peso no Brasil passou de 42,7% em
2006 para 48,5% em 2011, enquanto o percentual de obesos subiu de 11,4%
para 15,8% no mesmo período. O aumento da obesidade e do excesso de peso
atinge tanto a população masculina quanto a feminina. Em 2006, cerca de 47,2%
dos homens e 38,5% das mulheres estavam acima do peso, enquanto em 2011
as proporções passaram para 52,6% e 44,7% entre os homens. O problema do
excesso de peso começa cedo e atinge 29,4% dos que têm entre 18 e 24 anos.
Entre homens de 25 a 34 anos, a prevalência quase dobra, chegando a 55%.
Dos 35 aos 45 anos, o percentual é 63%. Entre as mulheres, 6,9% das que têm
de 18 a 24 anos são obesas. Observa-se, também, que a prevalência quase
dobra entre mulheres de 25 a 34 anos (12,4%), e quase triplica entre 35 e 44
anos (17,1%). Após os 45 anos, a frequência da obesidade se mantém estável,
atingindo cerca de um quarto da população feminina.
Há algum tempo, o culto à magreza tem gerado nos indivíduos uma busca
incessante por produtos que tentem minimizar ou mesmo erradicar o problema
de sobrepeso e/ou obesidade, mas o consumo de fitoterápicos com finalidade
de emagrecimento tornou-se uma prática excessiva devido, principalmente, à
falta de informações mais conclusivas. O culto à boa forma física leva os
indivíduos ao consumo de produtos que contribuem para a redução de peso,
mas algumas vezes esse consumo ocorre de forma inadequada e sem
acompanhamento de profissional habilitado.
Dentre os tratamentos rotineiramente utilizados para
a obesidade, há aqueles que reduzem a ingestão de
alimentos; os que alteram o metabolismo e aqueles que
aumentam a termogênese, os quais se valem de fármacos
sintéticos ou naturais como os fitoterápicos. Vale destacar,
ainda, a modificação de hábitos alimentares, prática de
atividades físicas, assim como os tratamentos cirúrgicos e
psicológicos.

36
Para combater a obesidade, existe uma série de tratamentos, tanto
medicamentos (sintéticos e semissintéticos), quanto à base de plantas in natura,
como forma complementar. Dentre as terapias alternativas para tratar a
obesidade, podem-se destacar: florais, acupuntura, auriculoterapia, atividade
física e os fitoterápicos.
Em 1978, a OMS reconheceu oficialmente o uso de fitoterápicos para o
tratamento da obesidade. Isso aconteceu devido ao fato de 80% da população
utilizarem as plantas ou preparações contendo as mesmas em uso medicinal. E
ainda, a acessibilidade e o baixo custo em relação aos medicamentos sintéticos
favoreceram o fortalecimento e a difusão do uso de fitoterápicos. No Brasil, a
política de plantas medicinais e fitoterápicos remonta o ano de 1981, por meio
da Portaria n.º 212, de 11 de setembro, do Ministério da Saúde, que define o
estudo das plantas medicinais como uma das prioridades de investigação clínica.
Posteriormente, em 1982, o Ministério da Saúde lançou o Programa de
Pesquisa de Plantas Medicinais da Central de Medicamentos (PPPM/CEME),
visando desenvolver uma terapêutica alternativa e complementar com
embasamento científico, pelo estabelecimento de medicamentos fitoterápicos,
considerando o valor farmacológico de preparações de uso popular, à basede
plantas medicinais.
De acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada nº 48, de 2004, da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), fitoterápicos são todos os
medicamentos preparados exclusivamente com plantas ou partes de plantas
medicinais raízes, cascas, folhas, flores, frutos ou sementes, que possuem
propriedades reconhecidas de cura, prevenção, diagnóstico ou tratamento
sintomático de doenças, validadas em estudos etnofarmacológicos,
documentações tecnocientíficas ou ensaios clínicos de fase III.
Desde 2007, com a implantação da Resolução do Conselho Federal de
Nutricionistas, nº 402, de 6 de agosto de 2007, é permitida a todo profissional
nutricionista a prescrição de medicamentos fitoterápicos e preparações
magistrais, como complemento de prescrição dietética de uso oral, sejam estes
a droga vegetal in natura ou em suas diversas formas farmacêuticas, desde que
o profissional nutricionista seja portador do título de especialista em Fitoterapia.
De acordo com a mesma Resolução, a prescrição fica vedada aos fitoterápicos

37
isentos de prescrição médica inclusos na Resolução nº 89, de 16 de março de
2004.
O emprego da fitoterapia por parte dos profissionais de saúde e o aceite
destes fármacos pela população vêm crescendo a cada dia, e aproximadamente
25% dos medicamentos prescritos no mundo atualmente são de origem vegetal.

Camellia sinensis L.
O chá verde, chá preto, chá da china ou chá inglês, são formas de
apresentações comerciais diferentes das folhas de Camellia sinensis L., que tem
procedência oriental, sendo muito popular na China, Índia e Japão. Esta planta
é uma das bebidas mais consumidas no mundo. Representante da família
Theaceae, é um alimento que possui seu maior consumo pela população como
planta medicinal, o que o torna para muitos um alimento funcional.
Influências culturais, sociais e econômicas repercutem na intensificação
de pesquisas com extratos vegetais e seus componentes bioativos. Nesse
contexto, C. sinensis vem se destacando em várias pesquisas por sua
composição rica em compostos fenólicos, os quais constituem potentes
antioxidantes.
Dependendo do processo de produção utilizado, suas folhas são a base
para a produção de três principais tipos de chás: chá verde, oolong e preto,
sendo que a diferença entre eles depende do grau de inativação das enzimas
foliares durante o processamento.
O chá verde é produzido das folhas
frescas da planta, após uma rápida
inativação da enzima polifenoloxidase,
pelo emprego de vaporização e secagem,
o que mantém preservado o teor de
polifenóis e o torna mais rico em
catequinas que os demais. O chá oolong
ou “parcialmente oxidado” é obtido após
as folhas ficarem em repouso por duas a
quatro horas, sendo depois aquecidas
para que o processo oxidativo seja
interrompido. Já o chá preto é derivado de

38
folhas envelhecidas pela oxidação aeróbica das catequinas, catalisadas
enzimaticamente.
As folhas frescas do vegetal Camellia sinensis que compõem o chá verde
têm elevada quantidade de flavonoides, que são conhecidos como catequinas.
Dentre elas, podem-se destacar como as principais: epicatequina (EC),
epicatequinagalato (ECG), epigalocatequina (EGC) e epigalocatequinagalato
(EGCG), esta última a mais abundade no chá verde e que concentra maiores
interesses. Além disso, possuem antioxidantes que são os polifenóis, manganês,
potássio, ácido fólico, vitamina C, vitamina K, vitamina B1 e B2.
A utilização de produtos à base de C. sinensis tem crescido
significativamente nos últimos anos, e há relatos de inúmeros efeitos colaterais
sérios associados com seu uso. Como exemplo disso, a Agência Espanhola de
Medicina decidiu suspender a comercialização do “Exolise extrato etanólico Dry
Camellia sinensis”, na sequência da notificação de quaro casos de
hepatotoxicidade associados ao extrato. Esse produto foi usado como programa
de ajuda ao tratamento de emagrecimento, e o sistema de farmacovigilância
espanhol passou a exigir que todos os profissionais da saúde atentassem para
detectar e caracterizar potenciais problemas de saúde que sua utilização possa
acarretar.
Catequinas do chá verde (GTC) são compostos polifenólicos presentes
nas folhas secas não fermentadas da planta C. sinensis. Os resultados de
ensaios demonstraram que o consumo de GTC pode reduzir o peso corporal. A
hipótese é que predominam influências GTC na atividade do sistema nervoso
simpático (SNS), aumentando o gasto de energia e promovendo a oxidação de
gorduras.
A cafeína, naturalmente presente no chá verde, também influencia na
atividade do SNS e pode agir sinergicamente com GTC para aumentar o gasto
energético e a oxidação de gordura. Outras possíveis alterações foram: a
diminuição do apetite, aumento da regulação das enzimas envolvidas na
oxidação de gordura hepática e a diminuição da absorção de nutrientes.
Estudo com cultura de células humanas tem demonstrado que os
componentes do chá verde e a cafeína aumentam a oxidação lipídica e a
termogênese, promovendo, dessa forma, aumento no gasto energético,
provavelmente devido ao efeito sinérgico entre as moléculas.

39
Pesquisadores demostraram que houve aumento no gasto energético,
diminuição no quociente respiratório de 24 horas e aumento na excreção urinária
de noradrenalina em humanos que consumiram extrato de chá verde, contendo
90mg de epigalocatequinagalato (EGCG) e 50 mg de cafeína. No entanto, a
mesma quantidade de cafeína 50 mg administrada isolada não afetou o gasto
energético em 24horas. Dessa forma (figura 2), o flavonoide mais abundante no
chá – epicatequinagalato – estimula a oxidação lipídica e termogênese.

Em outro estudo utilizando epigalocatequinagalato associada ou não à


cafeína, estimulou-se a termogênese em células do tecido adiposo marrom
(TAM) de ratos da linhagem Sprague Dawley. Os resultados demonstraram que
o tratamento somente à base de epigalocatequina, na dose de 200 μM, estimulou
o aumento do consumo de oxigênio pelo tecido adiposo marrom. No entanto,
quando foram adicionados 100 μM de cafeína a esta concentração de EGCG, o

40
consumo de oxigênio foi ainda maior do que apenas como fitoterápico isolado.
O tratamento apenas com 100 μM de cafeína, porém, não apresentou nenhum
efeito.
Os efeitos termogênicos do extrato de chá verde resultariam das
interações sinérgicas entre catequinas, cafeína e noradrenalina (figura 3). A
catequina inibiria a catecol-o-metiltransferase (COMT) hepática, enzima
responsável por degradar a noradrenalina na fenda sináptica, o que prolongaria
seu efeito. O AMP-c, segundo mensageiro intracelular para a termogênese
mediada por noradrenalina, prolonga seu efeito na célula, fazendo com que haja
maior consumo de ATP, pois, como se sabe, o AMP-c é oriundo da degradação
do ATP, o que contribui para maior gasto energético.

Em outra pesquisa, observou-se que a associação de cafeína e chá verde


(25 mg de cafeína), 45 mg de epigalocatequinagalato e 380 mg de placebo
induziu a prevenção ou limitação do reganho de peso, com variação de 5 a 10%
em indivíduos obesos. Por outro lado, o tratamento apenas com cafeína 300
mg/dia mostrou-se mais evidente no tocante à perda de peso, bem como na
manutenção da massa corpórea dos indivíduos participantes do estudo. Foi visto

41
também o reganho de peso, que ocorreu em casos onde, provavelmente, pode
ser explicado pela diminuição da sensibilidade à cafeína e a relação com a
saturação do sistema enzimático via da leptina.
Outra pesquisa mostrou a relação entre gordura corporal e o consumo de
chá verde. De acordo com o estudo, de 1.103 indivíduos avaliados, cerca de
43% eram consumidores habituais de chá verde e apresentaram uma
quantidade menor de gordura corporal e menor relação cintura-quadril,
comparados com os que não consumiam o chá verde habitualmente. Este
resultado mostrou-se mais efetivo nos indivíduos que consumiam o chá por mais
de dez anos.
Em outro trabalho, os pesquisadores avaliaram os efeitos do consumo de
chá oolong, que apresenta grandes quantidades de catequinas. O estudo foi do
tipo duplo cego de 12 semanas, no qual japoneses ingeriram uma garrafa de chá
oolong/dia, contendo 690 mg de catequinas ou uma garrafa de chá oolong/dia
contendo apenas 22 mg de catequinas no grupo controle. O grupo controle
apresentou resultados menos satisfatórios, comparado ao grupo de estudo que
consumiu o extrato de chá oolong. Este último grupo apresentou diminuição das
dobras cutâneas, da gordura corporal subcutânea e total, além da diminuição da
circunferência abdominal e redução nas taxas de LDL oxidado.
Estudos semelhantes foram realizados com animais (patos da espécie
Cherry Valley), onde foram constatadas redução da espessura de gordura
subcutânea, largura de gordura intramuscular, e produção de gordura abdominal
e de triglicerídeos no soro.
Estudos com células sugerem que o chá verde pode reduzir a absorção
de glicose e gordura pela inibição de enzimas gastrintestinais. O extrato de chá
verde AR25 inibiu in vitro lipases digestivas marcadas, sendo susceptível de
reduzir a digestão de gordura em seres humanos.
Em pesquisa com extrato metanólico de botões florais de Camellia
sinensis, os pesquisadores mostraram a inibição do ganho de peso e gordura
visceral em ratos diabéticos (TSOD - Tsumura Suzuki Obese Diabetes),
alimentados com dieta rica em gordura. No estudo, os pesquisadores sugeriram
que o efeito antiobesidade ocorreu também devido à chakasaponina II isodada
da fração n-butanólica, que tanto inibiu o esvaziamento gástrico como a ingestão
de alimentos, devido à supressão de RNAm de neuropeptídeo Y, atuando sobre

42
o gastro energético no hipotálamo por meio dos nervos sensoriais, aferentes e
provavelmente vagais, aperfeiçoando a liberação de 5-HT e consequente
redução da ingestão de gordura e ganho de peso corporal.

Citrus aurantium L.
Citrus aurantium é conhecido popularmente
como laranjeira amarga, laranjeira cavalo, laranjeira
azeda e laranjeira de Sevilha. Suas folhas, flores e
frutos têm sido usados, na medicina popular, para o
tratamento de alguns distúrbios como insônia,
ansiedade e como anticonvulsivante.
O C. aurantium é usado desde os tempos
medievais na região do Mediterrâneo como sedativo,
colagogo, estimulante cardíaco e digestivo, além de
antídoto contra venenos. É encontrado em áreas
tropicais quentes de ambos os hemisférios.
Na atualidade, tem-se observado crescente
interesse pelos frutos verdes de C. aurantium, devido
ao caráter emagrecedor em produtos de origem
vegetal. Extratos do fruto imaturo de C.aurantium são, muitas vezes, utilizados
para perda de peso, mas são relatados por produzirem efeitos cardiovasculares
adversos, os quais são menores se comparados aos benefícios referentes ao
emagrecimento, devido ao estímulo dos receptores β-3 tecido adiposo e fígado,
efeito antiespasmódico, sedante e hipnótico. Além disso, em testes, a
administração de C. aurantium e Rhodiolarosea resultou numa elevação nos
níveis de norepinefrina hipotalâmica e elevação de dopamina no córtex frontal,
resultados que sugerem que os tratamentos de C. aurantium com R. rosea têm
ações em vias de monoamina centrais e com potencial de ser benéfico para o
tratamento de obesidade.
O fruto seco imaturo de C. aurantium contém em torno de 10% de
flavonoides e cinco aminas adrenérgicas: sinefrina, hodermina, octopamina,
tiramina e N-metiltiramina. Dentre essas aminas, a sinefrina é a que possui
destaque especial: é vendida na sua forma sintética, desenvolvida como agente

43
simpatomimético, sendo um agonista α-adrenérgico com algumas propriedades
β-adrenérgicas sob o nome de oxedrina. Algumas vezes, é utilizada em doses
maiores, de maneira análoga ao uso de altas doses da efedrina para crises
asmáticas, via intravenosa.
Na natureza, a sinefrina ocorre em todos os produtos derivados de cítricos
Citrus sp., Rutaceae, inclusive em sucos, sendo consumida em pequenas
quantidades se derivados cítricos estiverem inclusos na dieta.
A sinefrina é uma substância presente no extrato de C. aurantium L. com
propriedade termogênica eficaz, possuindo similaridade com os alcaloides da
Ephedra sinica, como a efedrina. Estudos indicam que as aminas adrenérgicas
de C. aurantium L., a exemplo da sinefrina, causam pouco ou nenhum efeito
sobre o SNC e/ou cardiovascular.
Testes realizados em ratos fêmeas Sprague-Dawley com o uso de
sinefrina 95% em extrato, durante 28 dias, demonstraram efeitos mínimos sobre
a frequência cardíaca e pressão sanguínea. Com a adição da cafeína, o aumento
da frequência cardíaca e pressão arterial foram mais pronunciados, sugerindo
que outros componentes botânicos podem alterar esses parâmetros fisiológicos.
O extrato de C. aurantium L. aumenta o metabolismo sem afetar a taxa
de batimentos cardíacos ou a pressão sanguínea, pois pesquisas recentes
confirmam que o mesmo estimula somente o receptor β-3 adrenérgico, evitando
efeitos colaterais negativos no sistema cardiovascular.
A sinefrina (figura 4) é uma substância utilizada para o tratamento da
obesidade devido à habilidade em se ligar aos receptores denominados β-3
adrenérgico em sítios específicos na célula que regulam a perda de gordura.

44
Os receptores β- 3 adrenérgicos aceleram a lipólise e aumentam o
metabolismo basal através da termogênese. Poucas são as substâncias
capazes de ativar diretamente os receptores β-3 adrenérgicos, sem atuar nos
receptores α-1, α-2, β-1, β-2, os quais estão relacionados à pressão sanguínea
e aos batimentos cardíacos.
Os receptores β-3 adrenérgicos estão presentes em diferentes células,
atuando em uma variedade de funções, dentre as quais a modulação da
liberação de hormônios, o controle metabólico e a regulação cardiovascular.
Nos adipócitos, tem sido demonstrado que os receptores β-3
adrenérgicos atuam na liberação de leptina. Além disso, o balanço entre
lipogênese e lipólise está associado à estimulação de receptores α e β-
adrenérgicos, respectivamente.

Carthamus tinctorius L.
O cártamo, Carthamus tinctorius L., pertence à família Compositae e
Asteraceae, sendo do tipo herbácea com origem na Ásia e África. Apresenta em
suas flores um corante vermelho chamado cartamina, bastante usado em
tingimento de tecidos, também possui um amarelo que é muito utilizado na
culinária (quadro 1).

45
A disseminação da espécie dá através das sementes
das quais é obtido o óleo, cuja produção cresceu nos últimos
30 ou 40 anos pelo aumento do seu uso na alimentação em
humanos. Dentre os óleos vegetais, o óleo de cártamo é um
dos mais comuns. As sementes da planta são ricas em ácido
linoleico ômega 6 em torno de 70% e ácido oleico ômega 9
em torno de 20%.
As sementes de cártamo têm sido utilizadas na Coreia
como uma substância que promove a formação óssea e evita
o desenvolvimento de trombos, por diminuir a viscosidade
sanguínea.
Já suas flores são utilizadas popularmente no
tratamento de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares, hepáticas e muito
raramente em problemas ginecológicos.
O óleo de cártamo, através do ácido linoleico, atua da redução da gordura
corporal inibindo a ação da enzima lipase lipoprotéica (LPL), que tem a função
de transferir os lipídios presentes na corrente sanguínea para o interior das
células adiposas. Estas são responsáveis por armazenar a gordura corporal e
compõem o tecido adiposo do corpo humano.
Quanto mais expressiva a atividade da enzima LPL, maior a quantidade
de lipídios armazenada nas células adiposas, aumentando assim o volume do
tecido adiposo. Com o bloqueio da ação da enzima LPL, a transferência de
lipídios para o interior das células também fica inibida, obrigando o organismo a
usar o estoque de gordura já existente como fonte de energia para as atividades
musculares, causando o processo de lipólise.
O ácido linoléico age aumentando atividade de uma enzima presente no
organismo, a carnitinapalmitoil- transferase (CPT). Esta enzima está presente
nos músculos esqueléticos de contração voluntária, como o bíceps, sendo
responsável pela mobilização de lipídios em forma de ácidos graxos para o
interior das mitocôndrias, em prol de realização d a β -oxidação, que aumenta a
quantidade de energia que será fornecida para a célula com a consequente
diminuição dos reservatórios de gordura.
Já o ácido oleico, conhecido como ômega 9, encontrado principalmente
no azeite de oliva, ajuda a controlar a fome e o peso corporal. Estudos da

46
Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, demonstraram que o ácido
oléico estimula a produção do lipídio oleiletanolamida, substância que reduz o
apetite, aumentando assim a perda de peso e diminuição do LDL.
A partir das compilações de informações nos artigos consultados, foi
elaborado o quadro 2, contendo informações sobre componentes químicos,
como alcaloides (sinefrina), em alguns fitoterápicos, bem como suas indicações,
contraindicações e outras informações para o profissional de saúde, como
instrumentos auxiliares na redução de peso.

47
Tanto o sobrepeso como a obesidade podem acarretar elevados riscos à
saúde dos humanos. Este artigo propôs um compilamento de dados referentes
a três fitoterápicos que são bastante utilizados no controle e prevenção da
obesidade.
Foi possível observar que tanto a Camellia sinensis, Citrus aurantium e
Carthamus tinctorius, e suas associações com a cafeína, podem promover perda
de peso, uma vez que a cafeína mostra-se mais efetiva nos processos lipolíticos,
devido à atividade sinérgica sobre o tecido adiposo. Sendo assim, os
fitoterápicos aqui apresentados podem ser alternativas para tratamento da
obesidade e somente devem ser indicados por profissionais habilitados, com
prévio conhecimento das propriedades físico-químicas e farmacológicas, no
manejo de indivíduos em situação de sobrepeso ou obesidade.

UNIDADE 2 – NUTRIENTES

VITAMINAS

ORIGEM DO TERMO VITAMINA


Em 1911, um jovem químico do Lister Institute de Londres,
Casimir Funk, isolou, do farelo de arroz, uma substância
cristalizada que possuía uma função amina. Como essa substância
se revelou capaz de prevenir e de curar o “beribéri” experimental,
Funk criou o termo “vitamina”, para salientar que essa amina era
indispensável à vida.

As vitaminas são moléculas orgânicas que ajudam no funcionamento correto do organismo.

48
Vitaminas são moléculas orgânicas que funcionam em uma grande
variedade de processos dentro do organismo. A função mais comum é como
cofatores (São as vitaminas hidrossolúveis as que têm função de coenzimas ou
fazem parte de moléculas de coenzimas) para as reações enzimáticas. A
característica distinguível das vitaminas é que elas geralmente não podem
ser sintetizadas pelas células de mamíferos e, portanto, devem ser
fornecidas pela dieta.
As vitaminas são de dois tipos diferentes:
Hidrossolúveis: Tiamina (B1), Riboflavina (B 2), Niacina (B 3), Ácido
Pantotênico (B 5), Piridoxina (B 6), Biotina (B 7), Cobalamina (B12), Ácido Fólico
(B ) e Ácido Ascórbico (C). VITAMINAS Ácido Fólico (B 9 ) e Ácido Ascórbico
(C).
Lipossolúveis: vitamina A, vitamina D, vitamina E e vitamina K.

As vitaminas são classificadas como hidrossolúveis ou lipossolúveis, de


acordo com a sua solubilidade em água.
As vitaminas são nutrientes extremamente importantes para a nossa
saúde e que podem ser obtidas a partir da nossa alimentação. Sem as vitaminas
necessárias, nosso corpo enfrenta uma série de problemas que vão desde
alterações na pele, anemia, retardo no crescimento, até problemas neurológicos.
As vitaminas são nutrientes reguladores de funções fisiológicas, a
vitamina é, na realidade, qualquer substância orgânica que não consegue ser
produzida por uma determinada espécie e que são necessárias ao organismo.
São necessárias em pequeníssimas quantidades para manter o bom
funcionamento do organismo  são COFATORES ENZIMÁTICOS
Ligam-se às enzimas inativas (apoenzimas), transformando-as em
enzimas ativas (holoenzimas)

49
Grande parte das vitaminas funciona como coenzimas ou cofatores
enzimáticos, mas algumas funcionam como hormônios (vitamina D) ou
participam diretamente de catálises sem a ação de proteínas (vitamina E).

IMPORTÂNCIA DAS VITAMINAS NA ALIMENTAÇÃO


As vitaminas são moléculas orgânicas que são obtidas pelo nosso
corpo por meio, principalmente, da alimentação. Algumas vitaminas são também
produzidas em nosso corpo, como é o caso da vitamina D e K. A vitamina K é
produzida por bactérias em nosso intestino, enquanto a vitamina D é produzida
quando expomos nossa pele à luz solar.
Uma alimentação saudável consegue garantir, na maioria das vezes,
que todas as vitaminas estejam disponíveis para o funcionamento adequado do
nosso organismo. Um fato curioso é que, diferentemente dos outros nutrientes,
as vitaminas não necessitam ser ingeridas em grande quantidade.
Vale destacar que apesar da baixa necessidade diária, elas também são
importantes e sua não ingestão pode levar a problemas graves de saúde. Dá-se
o nome de hipovitaminose ou avitaminose a carência de vitaminas no nosso
corpo.
Alguns dos problemas causados pela baixa quantidade de vitamina no
corpo são:
 Beribéri (deficiência de vitamina B1)
 Anemia (deficiência de vitamina B6, B9, B12)
 Problemas de visão (deficiência de vitamina A)
 Deformações ósseas (deficiência de vitamina D)
 Problemas de coagulação sanguínea (deficiência de vitamina K)
 Escorbuto (deficiência de vitamina C)

Com base no fato da deficiência afetar ou não a saúde, vai depender da


magnitude, onde tem-se os seguintes estágios de deficiência:
1) Preliminar: quantidade insuficiente na dieta, afetada pela
biodisponiblidade ou aumento das necessidades;
2) Deficiência bioquímica: redução do conjunto de vitaminas. Detectado
por exames bioquímicos;

50
3) Deficiência fisiológica: aparecimento de sintomas não específicos,
como perda de peso, fraqueza e fadiga;
4) Deficiência clinicamente manifesta: associada a sintomas
específicos, como anemia.
Os três primeiros estágios são conhecidos como deficiência latente ou
marginal de vitamina ou desnutrição subclínica.

QUAIS ALIMENTOS FORNECEM VITAMINAS?

Saber escolher os alimentos é fundamental para fornecer ao nosso corpo as vitaminas


necessárias para o funcionamento do organismo.

Para se obter as vitaminas necessárias para o funcionamento adequado


do nosso corpo, é fundamental incluir na alimentação, alimentos como frutas,
legumes, verduras, grãos, ovos, carne, leite e derivados. A chave de tudo está
em uma alimentação balanceada, rica em diferentes alimentos. Veja a seguir
algumas vitaminas e suas fontes alimentares:
 Vitamina A (retinol): encontrada em vegetais de cor alaranjada,
hortaliças de coloração verde-escura, leite e derivados, ovos e fígado.
 Vitamina B1 (tiamina): encontrada em carnes, vegetais folhosos,
legumes, cogumelos e grãos integrais.
 Vitamina B2 (riboflavina): encontrada em carnes, hortaliças, grãos
integrais, leites e derivados.
 Vitamina B3 (niacina): encontrada em carnes, vegetais folhosos, grãos,
nozes e ovos.
 Vitamina B5 (ácido pantotênico): encontrada em carnes, hortaliças,
grãos integrais, frutas e leites e derivados.

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 Vitamina B6 (piridoxina): encontrada em carnes, hortaliças, grãos
integrais e nozes.
 Vitamina B7 (biotina): encontrada em carnes, hortaliças, legumes e
ovos.
 Vitamina B9 (ácido fólico): encontrada em hortaliças verdes, legumes,
grãos integrais e nozes.
 Vitamina B12 (cobalamina): encontrada em carnes, ovos, leites e
derivados.
 Vitamina C (ácido ascórbico): encontrada em frutas como acerola,
limão, laranja, maracujá e também no brócolis.
 Vitamina D (calciferol): encontrada em alguns peixes, leite e derivados,
além de gemas de ovo. Além disso, a vitamina D pode ser produzida pelo
organismo quando a pele é exposta à luz solar.
 Vitamina E (tocoferol): encontrada em óleos vegetais, sementes, grãos
integrais e nozes.
 Vitamina K (filoquinona): encontrada em hortaliças verdes e, como
citado anteriormente, é também produzida por bactérias presentes no
intestino.

VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS
As vitaminas lipossolúveis são aquelas que são solúveis em gordura.
Essas vitaminas destacam-se por serem capazes de se acumularem no fígado
e também no nosso tecido adiposo. As vitaminas A, D, E e K são vitaminas
classificadas dessa forma.

Expor-se à luz solar é fundamental para aumentar os níveis de vitamina D.

52
VEJA A SEGUIR A IMPORTÂNCIA DE CADA UMA DESSAS
VITAMINAS:

VITAMINA A (RETINOL):
Está relacionada com a nossa visão, manutenção dos tecidos
epiteliais e da nossa imunidade. Sua deficiência acarreta problemas na visão,
podendo causar até mesmo cegueira, problemas na pele e queda na imunidade,
o que acaba aumentando o risco de doenças.
Foi denominada retinol devido sua função específica na retina do olho. È
um álcool insaturado e sua estrutura permite a formação de 16 isômeros, mas
apenas dois têm importância biológica: trans-retinol (forma biologicamente mais
ativa) e o cis-retinol, com ação biológica na retina e ciclo visual (síntese de
rodopsina).
KRAUSE: O retinal é componente de um pigmento visual dos cones
(iodopsina) e bastonetes (rodopsina) da retina, sendo essencial na
fotorrecepção.
Pode reagir com ácidos graxos formando ésteres de retinol e oxidar-se
em aldeído (retinal) ou ácido retinóico.
Pode ser derivada de carotenóides: alfa, beta e gamacarotenos, além da
criptoxantina.
Características biológicas importantes:
- Insolúvel em água;
- Degradados pela luz, estáveis no calor e à cocção.

A atividade de vitamina A em mamíferos é dada pelo retinol e pelos


carotenóides (PP o betacaroteno).
KRAUSE: Medida de ingestão dietética de referência
O teor de vitamina A dos alimentos é medido em equivalentes de retinol.
1 equivalente de retinol = 1mcg de retinol
ou
12mcg de betacaroteno
ou
3,33UI de atividade de vitamina A

53
Fonte: Msc. Roberpaulo Anacleto. PUC Goiás

Os retinil ésteres devem ser hidrolisados pela enzima retinil éster


hidrolase na borda em escova, reesterificados no enterócito, transportado via
quilomícrons, via linfática, para rins, músculo e fígado.
Do retinol absorvido, 80 a 90% ficam depositados nas células de Kupfer
no fígado, na forma de éster de retinilo.
No fígado, o retinil é mobilizado para atender as necessidades
fisiológicas, sendo hidrolisado a retinol na circulação. O retinol é mobilizado no
fígado pela PTN fixadora de retinol (RBP), dependente de PTN e zinco.

54
Fígado e rins possuem enzimas para converter retinol em ácido retinóico,
que é importante para células epiteliais.

Funções: crescimento, visão, integridade estrutural e funcional de tecido


epitelial, reprodução e formação de dentes e ossos. Atua ainda na síntese
protéica e de membranas celulares, além de proteção de barreira mucosa (ácido
retinóico).
Visão: fotorrecepção em bastonetes (visão noturna) e reações cromóforas
nos cones (sentido da cor à luz brilhante). Nos processos de desintegração da
rodopsina e isomerização do retinol, ocorre liberação de energia que ativa o
nervo óptico, promovendo excitação nervosa que propicia a visão.
Deficiência: quando há diminuição do retinol circulante (<0,35mcmol/L), a
reconstituição da rodopsina torna-se mais lenta, ocasionando cegueira noturna
(nictalopia), que é a forma mais precoce da hipovitaminose A. A deficiência
também causa falha na síntese protéica e na diferenciação de células ósseas.
A deficiência de ácido retinóico promove diminuição da diferenciação das
células epiteliais basais em células produtoras de muco, deste modo, a carência
de vitamina A provoca queratinização das mucosas do TGI e urinário, diminuindo
a barreira contra infecções.

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Fontes: fígado, leite, ovos, queijo, manteiga, frutas (carotenóides),
abóbora, cenoura, pimentão, tomate, alface, banana-comprida, manga, mamão,
dentre outros. Dos alimentos regionais brasileiros, os mais ricos são pupunha,
tucumã e umari (~1500ER/100g).

Fonte: Msc. Roberpaulo Anacleto. PUC Goiás

DEFICIÊNCIA DE VITAMINA A
O corpo humano não pode fabricar vitamina A, portanto, toda a vitamina
A de que necessitamos deve vir dos alimentos. O corpo pode armazenar
vitamina A no fígado, garantindo uma reserva, que será utilizada na medida de
sua necessidade.
Se essa reserva está reduzida e não ingerimos alimentos que contêm
vitamina A suficiente para satisfazer as necessidades nutricionais do nosso
corpo, ocorre a deficiência. A deficiência de vitamina A pode se manifestar como
deficiência subclínica ou como deficiência clínica.

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A DVA clínica (xeroftalmia) é definida por problemas no sistema visual,
atingindo três estruturas oculares: retina, conjuntiva e córnea, tendo, como
consequência, a diminuição da sensibilidade à luz até cegueira parcial ou total.
A primeira manifestação funcional é a cegueira noturna, que constitui a
diminuição da capacidade de enxergar em locais com baixa luminosidade.

Fonte: Msc. Roberpaulo Anacleto. PUC Goiás

A deficiência de vitamina A (DVA) subclínica é definida como uma


situação na qual as concentrações dessa vitamina estão baixas e contribuem
para a ocorrência de agravos à saúde, como diarreia e morbidades respiratórias.
À medida que as reservas de vitamina A diminuem, aumentam as consequências
de sua deficiência. Nesta fase, a suplementação com vitamina A pode reverter a
condição subclínica e impedir o avanço da deficiência para a forma clínica.
A RESERVA ADEQUADA DE VITAMINA A EM CRIANÇAS AUXILIA NA
REDUÇÃO EM 24% DA MORTALIDADE INFANTIL E 28% DA MORTALIDADE
POR DIARREIA.

57
Alguns casos merecem investigação, pois podem evidenciar a deficiência
da vitamina A:
• Criança ou gestante com dificuldade para enxergar à noite ou em baixa
luminosidade (cegueira noturna).
• Presença de alguma alteração ocular sugestiva de xeroftalmia
(ressecamento do olho).
• Ocorrência frequente de diarreia.
• Crianças com desnutrição energético-proteica.

Toxicidade: Ocorre quando uma grande dose (9000mcg/dia) é ingerida


por períodos prolongados.
Em humanos (WAITZBERG, 2009): irritabilidade, anorexia, cefaléia,
diplopia, alopecia, ressecamento de mucosas, descamação, dores ósseas e
musculares, alterações hepáticas e hemorragias.
VITOLO (2014): perda mineral óssea em animais. Em humanos existe
risco de alteração de densidade óssea e de fraturas de quadril quando em alta
ingestão de vitamina A pré-formada (>1,5mg/dia).

KRAUSE: Os sinais de toxicidade envolvem:


- Dor e fragilidade óssea;
- Hidrocefalia/espinha bífida e vômitos em crianças e adolescentes;
- Pele seca e fissurada;
- Unhas quebradiças e queda de cabelo;
- Gengivite e glossite;
- Anorexia;
- Irritabilidade e fadiga;
- Função hepática anormal e hepatomegalia;
- Ascite e hipertensão portal.

Os sinais de toxicidade são observados quando os níveis de Vitamina A


séricos (Retinol sérico) de 75 – 2000UI RE/100mL.
Sinais de hipercarotenemia incluem o depósito de carotenóides nas
superfícies mucosas e palmares e plantares (hipercarotenodermia).

58
Fonte: Msc. Roberpaulo Anacleto. PUC Goiás

Vitamina D (calciferol)
É importante para garantir a absorção e utilização do cálcio e do fósforo.
A deficiência dessa vitamina está relacionada com problemas de raquitismo e
osteoporose. O raquitismo é um problema ósseo que causa deformidades
ósseas em crianças. A osteoporose, por sua vez, deixa os ossos frágeis e mais
porosos.
Entre as várias formas de vitamina D, encontra-se a vitamina D2, ou
ergocalciferol, que é formada a partir de alimentos de origem vegetal, e a
vitamina D3 ou calciferol, que é sintetizada pelo próprio organismo a partir do
colesterol.
Precursores naturais: ergosterol e o 7-desidrocolesterol (esteróides).
Características biológicas importantes:
- Insolúvel em água;
- As vitaminas D2 e D3 são destruídas rapidamente pela luz, oxigênio e
ácidos. Compostos cristalizados são relativamente estáveis.
A vitamina D circulante é proveniente dos alimentos ingeridos, mas
também pode ser sintetizada pela pele a partir da ação dos raios UV a partir do
7-desidrocolesterol (presente nas glândulas sebáceas).

59
Tanto vitamina D absorvida pelos alimentos quanto a produzida pela pele
são transportadas no plasma pela ação da PTN de ligação de vitamina D (PLD),
até o fígado, no qual é transportada em vitamina D ativa. Locais de
armazenamento de vitamina D e de suas formas ativas: fígado, pele, cérebro,
ossos e outros tecidos.
A maior parte da vitamina D é estocada no fígado como 25-
hidroxicolecalciferol [25-OH-D3], que é transportada para os rins para tornar-se
BIOLOGICAMENTE ATIVA, chamada 1,25 diidroxicolecalciferol [1,25-(OH)2-D3]
ou CALCITRIOL.

Imagem: Prof. José Aroldo Filho

O calcitriol pode ser considerado um hormônio, tendo como tecidos alvo


o intestino delgado e os ossos.
Possui importante papel na homeostase de cálcio: quando os níveis de
cálcio caem, as glândulas da paratireóide são estimuladas a secretar PTH
(paratormônio), o qual estimula a síntese de vitamina D ativa (calcitriol). Quando
os níveis de cálcio aumentam, há inibição da mobilização de cálcio pela
calcitonina. Esse mecanismo é fundamental para manter a homeostase do
cálcio.

60
Fonte: Msc. Roberpaulo Anacleto. PUC Goiás

KRAUSE: Medida de ingestão dietética de referência


As unidades preferidas para quantificação de vitamina D são os
microgramas (mcg) de vitamina D3.
As unidades internacionais (UI) são utilizadas para quantificar a vitamina
D total.
1mcg Vitamina D3 = 40UI vitamina D3
As DRIs para a vitamina D são estabelecidas para atingir as necessidades
corporais quando uma pessoa possui exposição solar inadequada.
Supõe-se que o adulto normal obtenha vitamina D suficiente pela
exposição solar e ingestão eventual em pequenas quantidades nos alimentos.

Funções:
- Mineralização óssea, auxílio na absorção de cálcio (lembrando que a
absorção de cálcio também está relacionada ao conteúdo do mineral na dieta).
- Estimula a absorção ativa de cálcio (estímulo da PTN de ligação do
cálcio – PLCa) na borda em escova; a fosfatase alcalina também pode sofrer
ação da vitamina D;
- Estimula o sistema de transporte ativo de fosfato no TGI;
- Associado ao PTH, regula os níveis de cálcio séricos;
- Age na reabsorção renal de cálcio;

61
-Provável papel na regulação das células betapancreáticas e secreção de
insulina.
WAITZBERG (2009)  Casos de deficiência podem desencadear
raquitismo e má formação esqueléticas em crianças e osteomalácia em adultos,
fraqueza muscular, redução de cálcio e fósforo séricos e aumento de fosfatase
alcalina.
É considerado deficiente aquele com concentrações <20ng/mL.
Causas de deficiência: baixa exposição à luz solar e, em idosos, alteração
de metabolismo renal.
Grupos de risco: pacientes em uso de terapia antiepiléptica (fenitoína e
fenobarbital).
Deficiência (KRAUSE)
A deficiência se manifesta como raquitismo nas crianças e animais em
crescimento e osteomalácia nos adultos.

- Raquitismo:
Doença que envolve mineralização prejudicada dos ossos em
crescimento. Pode ocorrer não apenas da privação de vitamina D, mas também
da deficiência de fósforo e cálcio. Caracteriza-se por anormalidades estruturais
dos ossos que sustentam o peso (tíbia, costelas, úmero, rádio e ulna) e está
associada a dor óssea, sensibilidade muscular e tetania hipocalcêmica. Os
ossos frágeis não suportam os esforços, formando pernas arqueadas, costelas
com contas (rosário raquítico), peito de pombo e protuberância frontal do crânio.
Tratamento: concentrados de óleo de peixe (4mL de óleo de fígado de
bacalhau = 360Ui de vitamina D).

- Osteomalácia: Se desenvolve em adultos cujos espaços epifisários


tornam aquela porção do osso resistente à deficiência de vitamina D. A doença
envolve reduções generalizadas na densidade óssea e a presença de
pseudofraturas, especialmente na coluna vertebral, fêmur e úmero. Prevenção:
banho de sol de 10 a 15 minutos, duas a três vezes por semana.
Tratamento: doses de 25 – 125mcg/dia. Naqueles com má absorção de
lipídeos utiliza-se 1250mcg/d.

62
- Osteoporose: Envolve massa óssea diminuída, mas com aparência
histológica normal. Está associada com o envelhecimento e provavelmente a
metabolismo alterado de vitamina D.

Toxicidade (KRAUSE) – níveis superiores a 150ng/dl.


Sinais de toxicidade incluem:
- Calcificação excessiva do osso;
- Cálculos renais;
- Calcificação metastática de tecidos moles (rins, coração, pulmão e
membrana timpânica);
- Hipercalcemia;
- Cefaléia;
- Fraqueza;
- Náusea e vômitos;
- Constipação.
- Poliúria e polidipsia.

Vitamina E (tocoferol):
Atua como importante antioxidante. Sua falta está relacionada com o
desenvolvimento de alterações no sistema nervoso.
Vitamina E é uma mistura de vários compostos relacionados conhecidos
como tocoferóis. O alfa-tocoferol é o mais potente dos tocoferóis.
Foram identificadas inicialmente cinco formas de vitamina E: alfa, beta,
gama e delta tocoferóis e os tocotrienóis. São insolúveis em água.
O acetato de alfa-tocoferol é mais estável no ar, umidade e presença de
ácidos e bases fortes. É estável ao calor, mas instável à luz.
Os tocoferóis, juntamente com as vitaminas A, C e os carotenóides,
possuem ação sinérgica em mecanismo de proteção celular.
Principal propriedade química: antioxidante.
Devido à sua natureza lipofílica, a vitamina E acumula nas membranas
celulares, depósitos de gorduras e outras lipoproteínas circulantes. O principal
sítio de estocagem de vitamina E é o tecido adiposo.

63
A principal função da vitamina E é agir como um antioxidante natural pela
captação de radicais livres e oxigênio molecular. A vitamina E é importante na
prevenção de peroxidação de ácidos graxos poliinsaturados de membranas.
As vitaminas E e C estão interrelacionadas nas suas habilidades como
antioxidantes: o alfa-tocoferol ativo pode ser regenerado pela interação com a
vitamina C após a captação do radical livre peroxil.
Possui processo de digestão semelhante às outras vitaminas
lipossolúveis. É transportada nas lipoproteínas e distribuídas nelas, deste modo,
é fundamental para proteção das lipoproteínas, em função de estresse oxidativo
presente.
Possui importante efeito antioxidante sobre a vitamina A e sobre os
PUFAS, em especial o alfa-linolênico. Esta função antioxidante, em especial
inativando peróxidos, preserva as funções de comunicação celular (intra e
intercelular), de receptores e de mensageiros de sinais celulares como o AMPc.
Quando associada à vitamina C, possui efeito antioxidante ainda mais
estável (pois possuem características de solubilidade diferentes).
O armazenamento é maior em tecido adiposo que no hepático,
diferindo das demais vitaminas lipossolúveis. As glândulas adrenal e hipófise
(pituitária) possuem reservatório desta vitamina.
Defesa endógena antioxidante: vitamina E, selênio e AA sulfurados
(cisteína e cistina). A vitamina E também pode inibir a enzima ciclooxigenase,
responsável pela síntese de prostaglandinas e, deste modo, modular o processo
inflamatório.
Fontes: óleos vegetais (obtidos da soja,
milho e gérmen de trigo, principalmente),
manteiga, ovos, oleaginosas e algumas
hortaliças.

KRAUSE: Medida de ingestão dietética de referência


É quantificada em termos de equivalentes de tocoferol (alfa-TE) e suas
ingestões estão associadas ao consumo de ácidos graxos poli-insaturados,
sendo então definidos para a população americana 0,4mg de alfa-TE/mg de
AGPI.

64
Fonte: Msc. Roberpaulo Anacleto. PUC Goiás

Deficiência: hemólise e anemia em RNPT, em adultos, alterações em


tecido muscular, coordenação, reflexo, visão e fala (sinais de neuropatia
periférica), agregação plaquetária, anemia hemolítica, degeneração neuronal e
redução da creatinina sérica.
Depleção prolongada  lesões musculares e esqueléticas e alterações
hepáticas.
Toxicidade: alterações nos mecanismos de coagulação.

Vitamina K (filoquinona)
Apresenta papel importante na coagulação sanguínea, portanto, sua falta
afeta diretamente esse processo.
Esta vitamina existe na natureza em duas séries: filoquinona (K1) –
presentes nos vegetais verdes - e menaquinona (K2) – produzida pelas bactérias
do cólon.
As menadionas (K3) são compostos sintéticos que possuem atividade
biológica superior a K1 e K2 (3 a 20 vezes superior que as vitaminas K1 e K2) e
sua absorção não depende dos sais biliares e normalmente é trabalhada na
ração animal.

65
Imagem: Prof. José Aroldo Filho

É sensível à luz e lentamente destruída pelo oxigênio, relativamente


estável ao calor e é decomposta por alcoóis.
Função: Coagulação sanguínea . É um fator essencial a carboxilases que
convertem resíduos de ácido glutâmico de PTN em novos AA, o ácido alfa-
carboxiglutâmico das PTNs completas, o que demonstra sua atuação no
metabolismo ósseo.
Fatores de coagulação dependentes de vitamina K: protrombina (fator II)
e os fatores VII, IX e X. Lembrando que a coagulação ocorre em três etapas:
vasoconstricção (diminui a afluência do sangue), aglutinação de plaquetas e
formação de trombina. Existem outros fatores nutricionais envolvidos: PUFAs,
vitamina E e o mineral cálcio.
Os fatores de coagulação dependentes de vitamina K e o fator X circulam
na corrente sanguínea em sua forma inativa, passando à sua forma ativa após
atividade extrínseca (combinação de lipoproteínas do tecido lesado com um
componente das plaquetas sanguíneas – mediado pelo fator VII) ou após
atividade intrínseca (mediante contato das plaquetas com o colágeno exposto –
mediado pelo fator IX). O fator X converte a protrombina em trombina. Outra

66
função da vitamina K é, após interagir com as vitaminas do complexo B, poder
participar da cadeia respiratória.
Fontes: repolho, brócolis, couve, nabo, alface.
Fontes variáveis: queijo, gema de ovo e fígado.

Deficiência: ocorre em casos de disbiose, uso crônico de antibióticos e


carência dietética. Pode ser avaliada bioquimicamente pelo tempo de
protrombina.
Toxicidade - WAITZBERG (2009)  doença hepática, anemia hemolítica
e hiperbilirrubinemia em recém-nascidos, com tratamento com doses 5 – 10
vezes superior à DRI.

Especificidades da Vitamina K – VITOLO, 2014:


Possui função coagulante que pode eliminar o efeito de drogas
anticoagulantes cumarínicas (warfarina). Após estabelecimento da dosagem de
warfarina, o paciente deve manter seu padrão alimentar constante, e mudanças
no uso de suplementos ou alterações alimentares/alimentos enriquecidos em
vitamina K devem ser comunicadas à equipe.

Fonte: Msc. Roberpaulo Anacleto. PUC Goiás

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VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS

As vitaminas hidrossolúveis são aquelas que, como o próprio nome indica,


são solúveis em água. Diferentemente das lipossolúveis, não são armazenadas
no organismo. As vitaminas B e a vitamina C são vitaminas classificadas como
hidrossolúveis.
As vitaminas hidrossolúveis constituem um grupo de compostos
estruturalmente e funcionalmente independentes que compartilham uma
característica comum de serem essenciais para a saúde e bem-estar.
As vitaminas hidrossolúveis, de uma maneira geral, não são normalmente
armazenadas em quantidades significativas no organismo, o que leva muitas
vezes a necessidade de um suprimento diário
dessas vitaminas. São hidrossolúveis as vitaminas
do complexo B e a vitamina C. As vitaminas do
complexo B, são: B1, ou tiamina; B2, ou riboflavina;
niacina, que inclui o ácido nicotínico e a
nicotinamida; B6, que agrupa a piridoxina, piridoxal
e a piridoxamina; B12 ou cobalamina; ácido fólico;
ácido pantotênico e biotina.

A suplementação de vitaminas pode ser recomendada em alguns casos,


como para pessoas que apresentam dificuldade de absorção desses nutrientes.

68
Vitamina B1 (tiamina):
Apresenta importante papel na manutenção do sistema nervoso e
circulatório. A deficiência dessa vitamina relaciona-se com o desenvolvimento de
um problema conhecido como beribéri, o qual se caracteriza por desencadear
perda de apetite, fraqueza, formigamento, falta de ar, inchaço e dor nos
membros.
A tiamina (ou aneurina) age principalmente como tiamina pirofosfato
(TPP), envolvida da ação das enzimas piruvato desidrogenase (glicólise e
oxidação do piruvato), da alfa-cetoglutarato desidrogenase (Ciclo de Krebs) e na
transcetolase (via das pentoses).
É destruída em alta temperatura, a menos que o pH seja inferior a 5. pH
> 7  perda de atividade biológica. É denominada vitamina antineurítica (ação
no SNC).
A presença da enzima tiaminase (presente em peixes e frutos do mar
crus) provoca perda de até 50% do teor de tiamina do alimento. Chás, café, farelo
de arroz, mirtilo e morangos podem disponibilizar fatores antitiamina (polifenóis
e antagonistas de tiamina). Calor  destruição dos fatores antinutricionais.
A absorção de tiamina depende de transporte ativo específico em
intestino delgado proximal. Após ser absorvida no intestino delgado e
transformada em coenzima ativa, o que ocorre principalmente em fígado. Sua
desfosforilação ocorre principalmente no tecido renal, onde é excretada.

FUNÇÃO
Função: Metabolismo energético. É importante no desdobramento do
ácido pirúvico e respiração tecidual. Ela combina-se com o fósforo para formar a
coenzima TPP.
Auxilia na respiração celular  conversão de glicose em energia
Mantem o tônus muscular e o bom funcionamento do sistema nervoso.

A TPP é necessária para a conversão do piruvato em Acetil-CoA e


também na descarboxilação de alfacetoácidos, como o ácido alfa-cetoglutarato
e dos cetoácidos do metabolismo da metionina, leucina, isoleucina e valina. A
TPP também é coenzima da via das pentoses fosfato.

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Nas células nervosas, a tiamina e necessária para deslocar os íons
sódio na membrana. Parece regular ainda a neurotransmissão colinérgica.

Fonte: Msc. Roberpaulo Anacleto. PUC Goiás

Fontes: carne de porco magra, germe de trigo (principais fontes),


vísceras, carnes magras, feijões, ervilhas, gema de ovo e peixes.

Deficiência: beribéri, que pode se apresentar na forma seca, úmida,


aguda ou mista. Perda do apetite e Fadiga muscular.

Manifestação: insuficiência cardíaca e nervosa, com neurite.


Nutrizes com consumo insuficiente  leite materno deficiente 
lactente com beribéri.

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Tabela 1: Deficiência de TIAMINA – resumo segundo KRAUSE:

Toxicidade - WAITZBERG (2009)  rara. Hipersensibilidade e reações


anafiláticas são possíveis quando a tiamina é dada em doses excessivas,
repetidamente, via parenteral.

Vitamina B2 (riboflavina):
Apresenta importante papel na manutenção da pele, sendo sua
deficiência responsável por causar lesões nesse órgão. A vitamina B2 está
relacionada com a prevenção da catarata.
Atua como as coenzimas flavina-adenina-dinucleotídeo (FAD) e flavina-
mononucleotídeo (FMN), utilizadas em reações de oxidação e redução. Utilizada
na cadeia de transportes de eletros e na ação da P-450 hidroxilase.

71
É um pigmento de cor amarela, isolada primeiramente em tecidos
animais, leite e ovos. É estável ao calor e oxidada em meio ácido. Possui baixa
solubilidade em água e pode ser perdida adicionando bicarbonato na cocção ou
exposta ao UV. É fosforilada na absorção e estocada no fígado, baço, rins e
músculo cardíaco.
Sua absorção aumenta na presença de alimentos (60% de eficiência) e,
quando administrada isoladamente, apenas 15% é absorvido eficientemente.

Fonte: Msc. Roberpaulo Anacleto. PUC Goiás

Função: coenzima da oxidação de intermediários de metabolismo de


CHO e LIP. É importante para ativação da B6 e na preservação do folato.
Participa da gliconeogênese, produção de corticoesteróides e formação de
hemácias.
. Auxilia na respiração celular
. Mantem a tonalidade saudável da pele
. Atua na coordenação nervosa e na produção de células sanguíneas

Fontes: leite, queijo, ovos, carnes e hortaliças


verdes. Deficiência: inflamação e quebra tissular,
alterações visuais (perda da acuidade), fotofobia e
lacrimejamento.

72
KRAUSE: Os sintomas mais avançados incluem glossite e queilose
(fissura nos lábios), estomatite angular (rachaduras na pele e cantos da boca),
língua roxa e inchada, crescimento excessivo de capilar em torno da córnea e
neuropatia periférica, além de anemia normocítica normocrômica. A fototerapia
em lactentes com hiperbilirrubinemia (icterícia mononuclear) pode levar a
deficiência de riboflavina.

Avitaminose (carência)
. Ruptura da mucosa da boca, lábios, língua e bochechas
. Inflamação da conjuntiva ocular.

Vitamina B3 (niacina) (Ácido Nicotínico – B3 ou PP)


Apresenta importante papel no funcionamento do sistema imunológico e
nervoso, além de ajudar a reduzir níveis de colesterol e triglicérides. Sua
deficiência provoca problemas gastrointestinais, na pele e pode provocar
confusão mental.
É uma das principais coenzimas de metabolismo energético, pois
participa de reações de oxidação e redução. A niacina é um ácido facilmente
convertido em nicotinamida (composto biologicamente ativo). A niacina possui
alta solubilidade e ponto de fusão alto (236°C).
A niacina é absorvida no intestino, a qual é
convertida em nicotinamida-adenina dinucleotídeo
(NAD) e nicotinamida-adenina dinucleotídeo fosfato
(NADP) no fígado. Aproximadamente 60% do NAD
formado pode ser encontrado no interior das células.

Fontes: carnes, aves, peixes e oleaginosas


(amendoim). Nozes e grãos integrais também são
boas fontes.
Leite e derivados são boas fontes de
triptofano (precursor de niacina  60mg de triptofano
= 1mg de niacina).

73
Funções: As desidrogenases que participam das reações de glicólise,
oxidação de cetoácidos, AG e AA dependem dos co-fatores NAD e NADP.

Funções no organismo:
 Mantém o tônus muscular e o bom funcionamento do sistema
digestório
 Atua na coordenação nervosa.

Fonte: Msc. Roberpaulo Anacleto. PUC Goiás

Deficiência: Foram inicialmente denominada “mal da rosa”, que depois


foi denominada pelagra. Os sinais iniciais incluíam eritema, despigmentação em
membros inferiores (MMIIs) e superiores (MMSSs), conhecidos como luvas de
pelagra.
Na mucosa gástrica provoca acloridria, gastrite, estomatite, glossite,
interferindo diretamente no processo digestivo e absortivo desses órgãos,
exibindo sinais clínicos como vômitos, alternâncias entre constipação e diarréia.
No sistema nervoso causa cefaléia, tremores até demência profunda.
*OBS.: caso o consumo de álcool esteja associado, aumenta a
necessidade da niacina podendo causar doença mental.

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Avitaminose (carência)  PELAGRA
o Fraqueza
o Nervosismo extremo
o Distúrbios digestivos (diarréias)
o Feridas na pele
A deficiência de niacina causa pelagra, uma doença
envolvendo a pele, o trato gastrintestinal e o Sistema
Nervoso Central. Os sintomas da evolução da pelagra compreendem três Ds:
dermatite, diarréia, demência e se não tratada, morte.

KRAUSE: Os sintomas iniciais são fraqueza muscular, anorexia,


indigestão e erupções cutâneas. A deficiência grave leva a pelagra,
caracterizam como síndrome 3D (demência, dermatite e diarreia), tremores
e língua sensível (ou língua carnosa). As alterações dermatológicas são as mais
proeminentes. A pele exposta ao sol desenvolve dermatite rachada, pigmentada
e descamativa.

COZZOLINO & COMINETTI (2013) Casos raros são observados em


pacientes em uso de isoniazida ou azatioprina, pois são medicamentos que
interferem no metabolismo do triptofano.

Toxicidade: WAITZBERG (2009)  hepatite, arritmia, náuseas, vômitos,


diarréia, ulcera péptica, hiperuricemia, intolerância à glicose, miopatia. Há
possibilidade de flushing (rubor em face e liberação de histamina).

Vitamina B5 (ácido pantotênico)


Relaciona-se com a prevenção contra degeneração das cartilagens,
ajuda na imunidade e formação dos glóbulos vermelhos do sangue (eritrócitos).
Sua deficiência pode causar formigamentos de mãos e pés, além de fadigas.
O ácido pantotênico (Figura 7) foi descoberto em 1933 por Roger William,
que observou que era um fator essencial para o crescimento de leveduras e
bactérias ácido láticas. Mais tarde, Elvehjen, Jukes e outros demonstraram que
o ácido pantotênico era essencial para os animais. O ácido pantotênico é um
componente da coenzima A, a qual atua na transferência de grupos acila. A
coenzima A contém um grupo tiol que transporta compostos acila como ésteres

75
do tiol ativados. Exemplos de tais estruturas são a succinil-CoA, a acil-CoA e a
acetil-CoA. O ácido pantotênico é também um componente da sintetase dos
ácidos graxos.
Os ovos, o fígado e as leveduras são as mais importantes fontes de ácido
pantotênico, embora a vitamina seja amplamente distribuída.
É razoavelmente estável na cocção e armazenamento, mas perdido no
refino. Está amplamente distribuído nos alimentos (vegetais e animais).

Estrutura do ácido pantotênico

Função: faz parte da CoA, que atua nos processo de acetilação, em


reações bioquímicas, essencial no metabolismo dos macronutrientes. Atua ainda
como coenzima da proteína acil carreadora (ACP), responsável pela síntese de
AG.
Deficiência: rara. Sintomas associados: dores de cabeça, fadiga,
redução da coordenação motora, câimbras musculares e distúrbios GI.

Fontes: leveduras e vísceras, ovos, leite, vegetais, legumes e cereais


integrais.

Vitamina B6 (piridoxina)
Apresenta papel importante no sistema imunológico e nervoso, além de
redução dos riscos de doença cardíaca. Sua deficiência pode desencadear
anemia, convulsões e espasmos musculares.
A piridoxina é uma vitamina que envolve preferencialmente o metabolismo
de AA, como transaminação, descarboxilação, oxidação do grupo amina e
desaminação. Absorvida por difusão simples e quanto menor o pH, melhor a
retenção e absorção.
É o grupo prostético de transaminases, que removem o grupo alfa-amino
de alanina, arginina, asparagina, ácido aspártico, cisteína, isoleucina, lisina,
fenilalanina, triptofano, tirosina e valina.

76
É um conjunto de três fatores: piridoxina e seus derivados piridoxamina e
piridoxal. É estável ao calor em meio ácido, relativamente instável em meio
alcalino e muito instável na presença de luz.
Congelamento perdas de até 20% no teor.

Função: Papel no SNC. A vitamina B6 é cofator para síntese de


neurotransmissores dopamina, serotonina e GABA.

Fonte: Msc. Roberpaulo Anacleto. PUC Goiás

COZZOLINO & COMINETTI (2013)  Parece ter efeito benéfico no


estresse oxidativo, por neutralizar o radical livre oxigênio singlet; possui atividade
neurológica e de apoio em algumas doenças como na epilepsia sensível à
piridoxina; auxiliar no controle da êmese, em especial a hiperêmese gravídica
(doses de 10 a 50mg/dia) e redução do risco de litíase renal por áicod oxálico
(reduz a hiperoxalúria, em doses de 50 a 100mg/dia).
Atua no metabolismo de lipídeos, na estrutura da fosforilase e no
transporte de AA através da membrana celular. Há diminuição do teor de ácido
araquidônico nas membranas plasmáticas, em especial em hepatócitos, quando
há deficiência de piridoxina.
*Atenção: Excesso de leucina pode aumentar as necessidades de
piridoxina. Caso não aconteça pode levar a deficiência de niacina também (e
desenvolvimento de pelagra).
- Contraceptivos orais e álcool  predispõe à deficiência de B6.

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Fontes: germe de trigo, levedura e produtos
cárneos (carne de porco e frango), vísceras (pp fígado),
cereais integrais, legumes, batatas, bananas e aveia,
vegetais em folhas e frutas, frutos do mar,

KRAUSE: Medida de ingestão dietética de referência: O estado


adequado da vitamina B6 é mantido quando a ingestão for de 0,016mg vitamina
B6/g de proteína.
Deficiência (KRAUSE)
Se manifesta por alterações dermatológicas e neurológicas, que incluem:
- Fraqueza;
- Insônia;
- Neuropatia periférica;
- Queilose, glossite e estomatite;

Deficiência - WAITZBERG (2009): anemia microcítica, distúrbios de SNC


(irritabilidade, depressão e demência), estomatite, glossite e seborréia
nasolabial.
Avitaminose (carência)
 Doenças de pele
 Extrema apatia
 Distúrbios nervosos
Os casos de deficiência estão associados principalmente nas reações
com drogas, por exemplo:
- Reação com tuberculostáticos (isoniazida): interfere no metabolismo da B6;
- Reação com anti-parkinsonianos (levodopa):diminuem a concentração
sérica da B6.
COZZOLINO & COMINETTI (2013)  O consumo de medicamentos
que objetivam aumentar o pH de estomago, como os inibidores de bomba
de prótons, como o omeprazol, pode prejudicar a biodisponibilidade desta
vitamina (a B6 depende do meio ácido para dissociar-se e ficar solúvel para
absorção intestinal). Pelo fato de a B6 estar associada a ação de múltiplos
sistemas, sua deficiência pode se manifestar por uma gama de sintomas e
pode estar até relacionada a algumas doenças, como síndrome do túnel do
carpo, TPM e distúrbios cognitivos.

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Toxicidade (KRAUSE)
A toxicidade é muito rara e está relacionada a sinais de neuropatia
sensorial.
Toxicidade - WAITZBERG (2009): neurotoxicidade e fotossensibilidade
com doses >500mg/dia (500 – 1000mg).

Vitamina B7 (biotina)
Apresenta importante papel na produção de ácidos graxos, redução dos
níveis de glicose no sangue. Sua deficiência pode desencadear alterações na
pele e neuromusculares.
A biotina (Figura 6) é uma coenzima nas reações de carboxilação, nas
quais ela serve como carregador do dióxido de carbono ativado. A biotina liga-
se covalentemente ao grupo ε-amino de resíduos de lisina nas enzimas
dependentes de biotina. A deficiência de biotina não ocorre naturalmente, porque
a vitamina está amplamente distribuída nos alimentos. Além disso, uma grande
porcentagem de biotina necessária para os humanos é suprida por bactérias
intestinais.
A biotina constitui um grupo prostético de várias enzimas que participam
em reações de carboxilação. As mais importantes dessas enzimas são a piruvato
carboxilase (que catalisa a conversão do piruvato em oxalacetato), participando
na via de gliconeogênese, e a acetil-CoA carboxilase (que catalisa a conversão
do acetil-CoA em malonil-CoA), participando na biossíntese de ácidos graxos.
A biotina atua como um cofator para cinco carboxilases envolvidas em
importantes reações metabólicas que incluem o metabolismo dos ácidos graxos,
o catabolismo dos aminoácidos e gliconeogêneses.
Fontes: vísceras, fígado, gema de ovo, leite, frutas, hortaliças e cereais
integrais.
Deficiência: alterações cutâneas (dermatite seborréia e alopecia em
crianças menores de seis meses). Anorexia, náuseas,
vômitos, depressão mental, perda de memória, dor
muscular, queda de cabelo e hipercolesterolemia.
Pode ser por não ingestão ou ingestão do fator
antinutricional avidina, presente na clara do ovo crua.

79
Vitamina B9 (ácido fólico)
É uma vitamina que atua no sistema imunológico, nervoso e circulatório e
também no metabolismo de ácidos nucleicos e aminoácidos. Sua deficiência
está relacionada com problemas congênitos e anemia.
O ácido fólico, o qual desempenha um papel chave no metabolismo dos
grupos de um carbono, é essencial para a biossíntese de vários compostos. A
deficiência de ácido fólico é provavelmente a deficiência vitamínica mais comum
nos Estados Unidos, principalmente entre mulheres grávidas e alcoolistas.
A folacina ou ácido fólico é um precursor do tetrahidrofolato (THF), doador
de carbonos em reações biológicas. THF  formação de purinas e
consequentemente DNA e RNA.
Folacina e B12 são necessários em células de alta atividade celular, ou
seja, de alto poder de replicação, como células de medula óssea. Assim, tanto a
deficiência de folacina quanto de B12 podem ocasionar anemia megaloblástica.
O ácido fólico é a forma mais simples dos folatos. A ativação é
dependente de niacina. Problemas de absorção, como doença celíaca e o
excesso de consumo de álcool podem afetar diretamente a retenção desta
vitamina e sua biodisponibilidade.
O ácido fólico está presente na forma poliglutamato, e deve ser quebrado
por enzimas pancreáticas e de mucosa, formando compostos na forma
monoglutamato, assim, a folacina pode ser absorvida pela mucosa por
transporte ativo, dependente de glicose ou por difusão.

Estrutura do Ácido Fólico

O ácido fólico está envolvido com a formação e metabolismo de “metila


ativa” ou de grupos “monocarbônicos”. Níveis sorológicos inadequados de ácido
fólico podem ser causados por aumento na demanda (por exemplo, durante a
gestação e a lactação), absorção deficiente (causada por patologia do intestino
delgado), alcoolismo ou tratamento com drogas que são inibidoras da
diidrofolato-redutase, como por exemplo, o metotrexato. Uma dieta sem folato

80
pode causar uma deficiência em poucas semanas. O principal resultado da
deficiência de ácido fólico é a anemia megaloblástica, causada pela diminuição
na síntese de purinas e timidina, o que leva a uma incapacidade da célula em
produzir DNA e, assim sendo, essas células não podem se dividir. A deficiência
de ácido fólico também pode causar defeitos do tubo neural ao nascimento,
como espinha bífida e anencefalia.

Fontes: feijões, fígado e vegetais folhosos verdes


frescos, carne magra, cereais integrais, grãos secos,
frutos do mar, produção por bactérias da flora intestinal.

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Função:
 Síntese das bases do DNA
 Multiplicação celular  importante na gravidez.

Fonte: Msc. Roberpaulo Anacleto. PUC Goiás

KRAUSE: Medida de ingestão dietética de referência - DRI para folato


são expressas como equivalentes de folato da dieta (DFE).
1 DFE = 1mcg folato alimentar = 0,6mcg de folato consumido com o
alimento ou 0,5mcg de folato na forma de suplemento ingerido com o estômago
vazio – é 100% biodisponível.

Deficiência: Observa-se quando os níveis de folato em soro são


inferiores a 7nmol/L. Tem-se anemia megaloblástica e alterações em TGI.
Podem ser observadas alterações no metabolismo do DNA, resultando em
conseqüências morfológicas múltiplas em células, envolvendo células de
medula, enterócitos, vagina e colo uterino.

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WAITZBERG (2009): alcoólatras, pacientes em uso de drogas
(anticonvulsivantes, antituberculose e contraceptivos orais), portadores de
queimaduras, hepatopatias, câncer, anemia hemolítica crônica e doença
inflamatória intestinal são grupos de risco para deficiência de B6.

Avitaminose (carência)
 Esterilidade masculina
 Mal formação fetal  espinha bífida
 Obrigatório adição na farinha de trigo

Fonte: Msc. Roberpaulo Anacleto. PUC Goiás

Causas da deficiência de folato


É possível que a deficiência de ácido fólico seja causada por
 Consumo inadequado de ácido fólico (geralmente em pessoas que
ingerem muito álcool ou estão desnutridas)
 Absorção comprometida (síndromes de má absorção tais como doença
celíaca ou determinados medicamentos)
 Um aumento da necessidade de ácido fólico (por exemplo, devido à
gravidez ou amamentação)

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Pessoas que bebem grandes quantidades de álcool não consomem uma
quantidade suficiente de ácido fólico, porque, muitas vezes, substituem a comida
pelo álcool. Essas pessoas são, geralmente, desnutridas. Além disso, o álcool
consumido em grandes quantidades interfere na absorção e no processamento
(metabolismo) do ácido fólico.
As síndromes de má absorção (por exemplo, doença celíaca) interferem
na absorção do ácido fólico.
As gestantes e as mulheres que estejam amamentando e as pessoas
submetidas à diálise podem desenvolver essa deficiência, porque a necessidade
de ácido fólico é maior.
Alguns medicamentos diminuem a absorção dessas vitaminas. Eles
incluem
 Muitos medicamentos anticonvulsivantes (como a fenitoína e o
fenobarbital)
 Medicamentos utilizados para tratar colite ulcerosa (como sulfassalazina)
Outros medicamentos interferem no metabolismo do ácido fólico. Incluem
 Metotrexato (utilizado para tratar câncer e artrite reumatoide)
 Triantereno (utilizado para tratar hipertensão arterial)
 Metformina (utilizada para tratar diabetes)
 Trimetoprima-sulfametoxazol (um antibiótico)

Excesso de ingestão de ácido fólico


O excesso de ingestão de ácido fólico pode exacerbar os prejuízos de
deficiência de B12 (progressões de complicações neurológicas de indivíduos
com deficiência de B12 que recebiam suplemento de ácido fólico).
COZZOLINO & COMINETTI (2013)  toxicidade: embora baixa, doses
superiores a 800 a 1000mcg representam risco de efeitos adversos.

Tomar ácido fólico rejuvenesce?


As vitaminas são muito importantes não só para a saúde do organismo
de forma geral, mas também contribuem com fatores que têm relação estética
— como a saúde da pele e cabelos.
No caso do ácido fólico, ele contribui especialmente para o transporte de
melanina. Essa substância é responsável pela pigmentação da pele, cabelos,
entre outros.

84
Quando se trata dos cabelos e pelos, o ácido fólico pode ajudar a retardar
o aparecimento de fios brancos, considerando que mantém bons níveis da
melanina. Esse pode ser um fator importante para quem não quer, tão cedo, ver
os sinais da idade.
Embora essa vitamina seja muito benéfica também para outras funções,
como a renovação celular (também importante para evitar o envelhecimento),
ela não é rejuvenescedora.
No geral, ela pode ser usada a fim de prevenir determinados sinais da
idade, mas por si só não vai reverter o aparecimento deles.

Vitamina B12 (cobalamina)


Está relacionada com a produção de eritrócitos, atua em células nervosas
e equilíbrio hormonal. Sua ausência pode causar problemas neurológicos,
anemia, perda de equilíbrio e dormências.
É fator extrínseco contra anemia perniciosa. Uma coenzima de reações
de reorganização e metilação. O parâmetro bioquímico para verificar deficiência
de B12 é o acúmulo de ácido metilmalônico. Outro fator é a elevação de
homocisteína no plasma, mas que pode ser decorrente de deficiência de B12,
folato ou ambos.
A deficiência de Fator Intrínseco (FI), por produção de anticorpos contra
esta glicoproteína, observado pelo Teste de Schiling também pode levar a
deficiência de B12.

Fontes: alimentos protéicos, vísceras, leite, ovos, peixe e queijo.


Principais fontes: origem animal somente
 Carne, frutos do mar
 Ovo
 Leite e derivados

Funções no organismo:
 Renovação celular
 Maturação das hemácias
 Síntese de nucleotídeos

85
Segundo VITOLO, considera-se que 10 a 30% das pessoas de mais de
50 anos apresentam absorção diminuída de B12 (em razão da gastrite atrófica)
e aproximadamente 1 a 2% apresentam ausência de FI (anemia perniciosa).
Altas doses são efetivas mesmo na anemia perniciosa (ausência de FI),
porque 1% da B12 é absorvido passivamente sem necessidade de FI.

COZZOLINO & COMINETTI (2013) A deficiência de cobalamina e


verificada quando os níveis séricos são inferiores a 200pg/ml. As causas
são por redução da capacidade absortiva, aumento das necessidades e
consumo insuficiente.

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Fonte: Msc. Roberpaulo Anacleto. PUC Goiás

Vitamina C (ácido ascórbico)


Apresenta grande importância na síntese de colágeno e também funciona
como antioxidante. Sua ausência pode causar escorbuto, um problema de saúde
que desencadeia sintomas como fraqueza, irrigação na pele e sangramentos nas
gengivas. Essa doença foi muito comum na época das Grandes Navegações.
É um composto facilmente oxidado quanto exposto à luz e calor. Ocorre
maior preservação na cocção rápida, em vapor ou em utensílios tampados.
Congelamento rápido e resfriamento ajudam a reter a vitamina.
A vitamina C é uma vitamina hidrossolúvel e termolábil. Os seres
humanos e outros primatas, bem como a cobaia, são os únicos mamíferos
incapazes de sintetizar ácido ascórbico. Neles, a deficiência, geneticamente
determinada, da gulonolactona oxidase impede a síntese do ácido L-ascórbico a
partir da glicose.
A forma ativa da vitamina C é o ácido ascórbico. A principal função do
ascorbato é como agente redutor em diversas reações diferentes. A vitamina C
tem um papel muito bem documentado como coenzima nas reações de
hidroxilação, como por exemplo, na hidroxilação dos resíduos prolil-elisil do
colágeno. A vitamina C é, dessa forma, necessária para a manutenção normal
do tecido conectivo, assim como para recompor tecidos danificados. A vitamina
C também facilita a absorção do ferro da dieta no intestino.

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Estrutura do ácido ascórbico

A deficiência de ácido ascórbico resulta no escorbuto, uma doença


caracterizada por gengivas doloridas e esponjosas, dentes frouxos, fragilidade
dos vasos sanguíneos, edemas nas articulações e anemia. A maioria dos
sintomas da doença pode ser explicada por uma deficiência na hidroxilação do
colágeno, resultando um tecido conectivo defeituoso.
James Lind, médico escocês da Marinha Britânica, foi o primeiro a
correlacionar a alta morbidade e mortalidade dos marinheiros ingleses com a
deficiência da vitamina C. Em 1747 documentou a ingestão de sucos cítricos no
tratamento do escorbuto, realizando o primeiro estudo controlado de que se tem
notícia na medicina. Em 1928, o cientista húngaro Albert von Szent-Gyorgyi
(1893-1986) descobriu e isolou o fator antiescorbuto em vários alimentos,
denominando-o vitamina C.
O ácido ascórbico tem a capacidade de ceder e receber elétrons, o que
lhe confere um papel essencial como antioxidante. Dessa forma, a vitamina C
participa do sistema de proteção antioxidante, assumindo a função de reciclar a
vitamina E.
A vitamina C está envolvida na hidroxilação da prolina para formar
hidroxiprolina, necessária para a síntese de colágeno. É importante ainda na
cicatrização de feridas, fraturas e no controle de sangramentos gengivais.
O ácido ascórbico é essencial para oxidação da fenilalanina e tirosina;
para a conversão de folacina em ácido tetra-hidrofólico e na formação de
noradrenalina a partir de dopamina. Ele também é necessário para a redução do
ferro férrico a ferroso no trato intestinal.
A vitamina C é um nutriente de um grupo que inclui a vitamina e o β-
caroteno, os quais são conhecidos como antioxidantes. O consumo de uma dieta

88
rica nesses compostos está associado com a diminuição na incidência de
algumas doenças crônicas, tais como doença cardíaca coronariana e alguns
tipos de câncer.

Funções: Destaca-se a função antioxidante e na conversão da prolina do


colágeno em hidroxiprolina (ligação cruzada).

Demais funções incluem:


- Produção e manutenção do colágeno;
- Reduz a suscetibilidade de infecções;
- Participa do processo de cicatrização;
- Essencial para oxidação da fenilalanina em tirosina;
- Participa da conversão da folacina em THF;
- Redução do ferro férrico em ferroso;
- Síntese de serotonina;
- Hidroxilação de certos esteróides sintetizados pela suprarenal. Estresse
metabólico  altas perdas de vitamina C;
- Ação antioxidante, sinérgica à vitamina E e carotenóides;
- Efeito sobre doenças respiratórias e reações alérgicas (diminuição da
síntese de histamina), mas ainda sem conclusão e recomendação precisa;
- Em fumantes, pelo excesso de radicais livres (RL) não apresentam
resposta da vitamina como não fumantes.

Fonte: Msc. Roberpaulo Anacleto. PUC Goiás

89
Fontes: frutas e hortaliças frescas. Teor
depende da forma de cultivo, colheita, forma de
maturação e condições de armazenamento.
Consegue manter estabilidade em sucos e polpas
concentradas, pela interação com compostos
fenólicos e carotenóides.

Deficiência - WAITZBERG (2009): anorexia, fadiga, dor muscular e


suscetibilidade a infecções.
Escorbuto: (distúrbios psicológicos, depressão, histeria, manifestações
hemorrágicas, petequias e equimoses, anemia, prejuízo de cicatrização,
edemas, eritemas e queratinização folicular).

Fonte: Msc. Roberpaulo Anacleto. PUC Goiás

Fonte: Msc. Roberpaulo Anacleto. PUC Goiás

90
Toxicidade: elevação do risco de litíase renal por urato, cistina e oxalato.
Doses além do recomendado podem levar a teste falso positivo para glicosúria.

Especificidades da Vitamina C – (VITOLO 2014): A quantidade


adicional que uma pessoa tabagista precisa é de 35mg/dia a mais que a RDA.
Não há evidências que a vitamina C seja cancerígena ou teratogênica.
Além disso, altas doses possuem baixa toxicidade, foram observados
efeitos adversos com doses superiores a 3g/dia (diarréia, distúrbios TGI,
aumento da excreção de oxalato e urato, risco de cálculo renal, efeitos de
abstinência, efeitos pró-oxidativos).

MINERAIS
Os minerais são substâncias nutritivas indispensáveis ao organismo, pois
promovem desde a constituição de ossos, dentes, músculos, sangue e células
nervosas até a manutenção do equilíbrio hídrico.
Os minerais são, no mínimo, tão
importantes quanto às vitaminas para
auxiliar a manter o organismo em perfeito
estado de saúde.
Porém, como o organismo não pode
fabricá-los, deve-se utilizar fontes
externas, como os alimentos e os
suplementos nutritivos para assegurar uma
ingestão adequada.
Após serem incorporados no
organismo, os minerais não permanecem
estáticos, sendo transportados por todo o
corpo e eliminados por excreção.

Os minerais são elementos inorgânicos (geralmente um metal),


combinados com algum outro grupo de elementos químicos, como por exemplo,
óxido, carbonato, sulfato, fósforo etc. Porém, no organismo, os minerais não
estão combinados desta forma, mas de um modo mais complexo, ou seja,
quelados, o que significa que são combinados com outros constituintes
orgânicos, como as enzimas, os hormônios, as proteínas e, principalmente, os
aminoácidos.

91
Os alimentos naturais são as principais fontes de minerais para o
organismo, tanto os de origem vegetal como animal. Nestes alimentos, o mineral
se apresenta na forma de um complexo orgânico natural que já pode ser utilizado
pelo organismo. Porém, os alimentos nem sempre são suficientes em
qualidade e quantidade para satisfazer a necessidade do organismo e,
nesse caso, é preciso recorrer aos suplementos minerais.
A quelação, definida como um processo onde o mineral é envolvido pelos
aminoácidos, formando uma espécie de esfera com o mineral no centro, evitando
que reaja com outras substâncias. É um processo natural pelo qual os elementos
inorgânicos minerais são transformados em formas orgânicas, que podem ser
perfeitamente absorvidos pelas vilosidades intestinais, passando, desse modo,
à corrente sanguínea. Nesta forma, são absorvidos minerais como o ferro, cálcio,
magnésio, etc., ou seja, unidos a aminoácidos procedentes da digestão da
proteína.
Pesquisas comprovam que a absorção dos quelatos de aminoácidos e
minerais é muito superior a qualquer outro tipo de suplemento mineral.

A importância dos minerais na alimentação


Cálcio e ferro são os dois participantes mais famosos do grupo dos sais
minerais. O corpo humano é composto por 4% a 5% de minerais, sendo que o
cálcio responde por metade desse valor. Já o ferro está envolvido em diversas
atividades importantes para o organismo, entre elas, o transporte de oxigênio
para todas as células. Mas essa dupla não tira o mérito dos demais minerais,
que são igualmente indispensáveis para manter a saúde em dia.
Os minerais não são sintetizados por
organismos vivos, por isso a necessidade de consumir
alimentos que sejam fonte deles, como legumes,
frutas, verduras e leguminosas. A carne vermelha
também é uma ótima fonte de ferro. Mas os animais
também não sintetizam este mineral, que é obtido,
também, a partir da sua alimentação.
A seguir, apresentamos os principais minerais
e o papel de cada um deles no organismo.

92
Cálcio
O cálcio, assim como o magnésio, é um macroelemento. É o mineral mais
abundante do organismo (1.100g a 1.200g), dos quais 90% estão no esqueleto.
O restante é repartido entre os tecidos, sobretudo os músculos e o plasma
sanguíneo. É um elemento primordial da membrana celular, na medida em que
controla sua permeabilidade e suas propriedades eletrônicas. Está ligado às
contrações das fibras musculares lisas, à transmissão do fluxo nervoso, à
liberação de numerosos hormônios e mediadores do sistema nervoso, assim
como à atividade plaquetária (coagulação do sangue).
As trocas entre o tecido ósseo e o plasma sanguíneo se fazem nos dois
sentidos, de maneira equilibrada nos indivíduos normais. A quantidade de cálcio
presente no sangue (calcemia) resulta de vários movimentos: duas entradas (a
absorção do cálcio no intestino delgado e a reabsorção óssea) e duas saídas
(depósito nos ossos e perdas através da urina). A calcemia não é um espelho
fiel destes movimentos e não pode ser o único parâmetro para identificação de
uma patologia cálcica. Pode-se observar uma redução do mineral ósseo
(osteoporose) ou uma anomalia do metabolismo cálcico (doença de Paget) sem
que seja modificado na taxa de cálcio no sangue.
Os principais fatores de regulação do metabolismo cálcico são o
paratormônio, secretado pelas glândulas paratireóides, que tendem a liberar o
cálcio a nível ósseo e favorecer a reabsorção a nível renal, e a vitamina D, que
é indispensável para a mineralização correta.

O paratormônio atua na regulação de cálcio no sangue.


Fonte: https://www.todamateria.com.br/hormonios/

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Enquanto que dificilmente se podem administrar os fatores interiores
(equilíbrio hormonal), que intervém na fisiologia do cálcio, é possível atuar sobre
os fatores externos, o aporte de cálcio e da vitamina D, a relação do cálcio com
o magnésio e o fósforo ou, ainda, a composição da dieta alimentar. Assim, por
exemplo, o excesso de proteínas na refeição aumenta a eliminação urinária do
cálcio. Da mesma forma, a ingestão de alimentos ricos em ácido oxálico (por
exemplo, espinafre) ou em ácido fítico (pão integral) faz diminuir a
disponibilidade do cálcio em razão da formação de sais insolúveis. A cafeína, o
álcool e diversos medicamentos são fatores desfavoráveis à disponibilidade do
cálcio.

Os alimentos naturais são as principais fontes de minerais para o organismo, tanto os


de origem vegetal como animal. Há alimentos ricos em cálcio como o espinafre, castanhas,
feijão, quiabo, mostarda, brócolis, sardinha e semente de gergelim. Aos que questionam sobre
o leite, apesar dele ser rico em cálcio, sua acidez faz com que a biodisponibilidade (absorção do
cálcio) é muito baixa.
Fonte: https://www.drbarakat.com.br/alimentos-ricos-em-calcio-2/

As carências profundas em cálcio (hipocalcemias) são bastante raras,


contudo, as carências moderadas são frequentes. Os sintomas provocados pela
hiperexcitabilidade neuromuscular incluem formigamentos, agulhadas,
entorpecimento dos membros e contrações musculares. A nível ósseo, a
redução da taxa de cálcio no organismo pode ser traduzida por sinais de
descalcificação, como raquitismo, retardamento do crescimento e osteoporose.

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As hipocalcemias são devidas, mais frequentemente, ao déficit de
vitamina D e também à falta de aporte de cálcio. As hipercalcemias (aumento do
cálcio no sangue) se manifestam sob formas diversas, como poliúria
(necessidade frequente de urinar), formação de cálculos renais, perda de apetite,
sonolência, fraqueza muscular e palpitações. Os hipercalcêmicos apresentam
uma patologia subjacente, como câncer com metástase óssea,
hiperparatireoidismo e insuficiência renal, ou um incidente iatrogênico, como nos
casos de utilização prolongada de grandes doses de vitamina D ou de certos
diuréticos.
Normalmente, a concentração do cálcio na célula é pequena, mas em
circunstâncias patológicas (falta de oxigênio) há uma sobrecarga de cálcio
intracelular, pois a membrana celular não preenche mais seu papel de barreira
face ao cálcio extracelular. Esta entrada maciça de cálcio no interior da célula
implanta canais membranários rápidos, que se abrem quando o equilíbrio da
célula é perturbado. A elevação do cálcio livre na célula tem conseqüências
desastrosas, como a vasoconstrição dos vasos sanguíneos, uma diminuição da
deformabilidade dos glóbulos vermelhos (aumento da viscosidade do sangue) e
a tendência à hiperagregação das plaquetas sanguíneas.
Uma dieta alimentar normal fornece cerca de 500mg a 600mg de
cálcio/dia. É importante lembrar que as necessidades em cálcio aumentam no
período de crescimento, durante a gravidez e o aleitamento, chegando a
1.500mg/dia.
O cálcio é também o centro de debate da osteoporose, que se tornou uma
espécie de “epidemia silenciosa”, notadamente entre as mulheres. É difícil
analisar a eficácia do aporte de cálcio nesta doença, devido às divergências
encontradas nos resultados dos estudos. Estas divergências são provenientes,
por um lado, pelo diferente comportamento dos ossos nas várias regiões do
esqueleto; por exemplo, os ossos do rádio não reagem ao suprimento de cálcio,
enquanto que as taxas de fraturas dos outros ossos (fêmur, bacia) diminuem de
maneira significativa. Por outro lado, estudos sugerem que todas as mulheres
menopáusicas não reagem ao aporte adicional de cálcio. Nas mulheres com taxa
normal de estrógenos, o equilíbrio cálcico se estabelece mais rapidamente do
que nas mulheres carentes de estrógenos.

95
Todavia, as pesquisas concordam que é primordial assegurar à massa
óssea a maior densidade possível entre os 20 e 40 anos. Os primeiros anos da
idade adulta são decisivos para uma predisposição futura à osteoporose.
Como fonte de cálcio, os derivados do leite são os mais ricos. Em caso
de intolerância à lactose (enzima hidrolisante), os iogurtes podem substituir o
leite. Pode-se recorrer, ainda, a um complemento alimentar de 500mg a 600mg
de cálcio/dia.
A dose de cálcio recomendada para crianças e adolescentes dos 9 aos
18 anos é de 1.300mg/dia; já os adultos de 19 a 50 anos devem consumir
diariamente 1.000mg do mineral, e pessoas com mais de 50 anos precisam
somar 1.200mg diárias (veja Tabela 1).

Fonte: Food Ingredients Brasil,2018.

Cobre
O cobre é um ótimo antioxidante, além de componente de diversas
enzimas envolvidas na produção de energia celular, na formação de tecidos
conectivos e na produção de melanina.
O organismo humano contém cerca de 80mg de cobre para um homem
de 70 kg. A recomendação das academias científicas considera como mínimo a
absorção diária de cerca de 2mg /dia. Um regime equilibrado contém de 2 a 5
mg/dia.
Os órgãos mais ricos em cobre são o fígado, onde o excesso é estocado,
e o cérebro. Cerca de 1/3 está nos músculos e no esqueleto. O transporte de
cobre é assegurado por uma proteína, a ceruloplasmina. Quando este
transportador está saturado, a absorção do cobre pelos intestinos é diminuída.

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A deficiência de cobre é rara. No entanto, um sinal clínico de sua
manifestação é revelado por um tipo de anemia que não se cura com o consumo
de ferro, mas que é corrigida com uma suplementação de cobre. Outros sintomas
das taxas insuficientes de cobre são a baixa pigmentação e a deficiência no
crescimento. A deficiência do sistema imunológico é outro sintoma, porque as
baixas no mineral levam à diminuição das células de defesa do sangue,
aumentando a suscetibilidade para infecções.
O cobre está ligado ao metabolismo de numerosas enzimas, como a
ceruloplasmina, que permite o transporte do cobre e também a utilização do
ferro; a citocromo oxidase, necessária à etapa terminal das oxidações; as
transaminases, que participam no metabolismo dos aminoácidos; a lisina
oxidase, que favorece a reticulação do colágeno e da elastina (a lisina oxidase
influencia a solidez dos ossos, dos tendões e a elasticidade das paredes das
artérias); as amino oxidases, que permitem o metabolismo das aminas biógenas;
e a tirosinase, que possui um papel na pigmentação da pele.
Os alimentos ricos em cobre são carnes, frutos do mar, sementes e
oleaginosas. A recomendação de consumo de cobre para adultos é de 900mcg
(microgramas) diárias (veja Tabela 2 ).

Fonte: Food Ingredients Brasil, 2018.

Cromo
Apesar de ser reconhecido como um nutriente essencial, as funções do
cromo no organismo ainda não são totalmente conhecidas, com exceção do seu
papel no metabolismo da glicose. O cromo potencializa os efeitos da insulina,
responsável por captar a glicose no sangue, levando-a para dentro das células.

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A falta de cromo pode ocasionar resistência à ação da insulina,
impedindo-a de captar a glicose. Para que isso não aconteça, homens de 19 a
51 anos precisam consumir 35mcg/dia de cobre; mulheres na mesma faixa etária
devem ingerir 25mcg diariamente.
O cromo pode se apresentar sob diferentes formas de oxidação. O cromo
trivalente é o mais estável e o que existe no sistema biológico. A transformação
do cromo inorgânico em uma forma biologicamente ativa é indispensável para
suas funções biológicas.

O cromo é absorvido ao nível do jejuno (primeira porção do intestino


delgado que segue ao duodeno). Menos de 1% do cromo ingerido é absorvido.
Sua absorção é influenciada pela presença de agentes quelantes, sendo, em
particular, diminuída na presença de fitatos. Existem interações com o zinco e o
ferro. O aporte de ferro diminui a absorção do cromo.
Após a absorção, o cromo é transportado pela mesma proteína que
transporta o ferro, ou seja, a transferrina.
Estudos sugerem que o cromo desempenha o papel de ativador das
enzimas e na estabilização das proteínas e ácidos nucléicos (papel na
espermatogênese, ou seja, fabricação do esperma). Contudo, sua principal
atuação é a de potencializar o papel da insulina, não unicamente no metabolismo
dos açúcares, mas também no das proteínas e das gorduras.
Numerosos estudos estabelecem que o cromo tem um efeito favorável
sobre as taxas de colesterol e de lipoproteínas. Pesquisas realizadas com
coelhos submetidos a uma alimentação hiperlipêmica (que produz placas de
aterosclerose), que receberam injeções de cromo, mostraram que houve
redução das taxas de colesterol, assim como do número de placas de ateroma
das artérias.

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Não se observaram sinais aparentes de déficit de cromo na população em
geral, mas se encontram, muito frequentemente, sinais de deficiência em cromo
subliminal com tolerância à glucose alterada e taxas elevadas de lipídeos, sinais
que desaparecem após a suplementação de cromo. Segundo a National
Research Council, os aportes recomendados de cromo para adultos são de
50mcg a 200mcg diários.
Alimentos ricos em cromo são carnes, feijão, brócolis, batata e cereais
integrais (veja Tabela 3).

Fonte: Food Ingredients Brasil, 2018.

Ferro
O ferro é indispensável para o desenvolvimento correto de numerosas
funções fisiológicas. É um constituinte da hemoglobina (pigmento dos glóbulos
vermelhos do sangue transportador do oxigênio) e ocupa o centro do núcleo
pirrolidínico, chamado heme. Com outros constituintes protéicos, o ferro faz parte
da mioglobina, que estoca o oxigênio no músculo, e dos citocromas, que
asseguram a respiração celular. Além disso, ativa numerosas enzimas, como a
catalase, que assegura a degradação dos radicais livres (peróxidos) prejudiciais.
Do total de ferro ingerido, 5% a 10% é absorvido no duodeno e no jejuno,
sendo captado pela ferritina, uma proteína de estocagem que sequestra o ferro
e pode transformar o ferro bivalente em ferro trivalente ativo. Uma outra
molécula, proteína de transporte, a transferrina (sintetizada no fígado) vai se
carregar de ferro junto a ferritina. É a transferrina que fornece o ferro aos
reticulócitos, células precursoras dos glóbulos vermelhos. A dosagem de ferritina
permite avaliar o estado das reservas de ferro no organismo. Um grama de
ferritina pode estocar até 8mg de ferro! Os valores dessas proteínas permitem

99
avaliar o estado do organismo quanto ao metabolismo do ferro. As taxas normais
são de 2 a 4g/litro para a transferrina e de 50 a 250mcg/litro para a ferritina.

A carência de ferro pode ser devida a perdas excessivas (hemorragias


digestivas, hemorróidas, ulcerações digestivas, hipermenorréias), à má
absorção (diarreias, gastrectomia) ou, ainda, a dieta diária insuficiente, causada
por alimentação composta de gorduras, farinhas brancas e açúcar refinado,
todos pobres em ferro.
O déficit de ferro ocasiona diminuição das defesas imunitárias e,
consequentemente, menor resistência às infecções, além de alteração das
estruturas epiteliais.
Os cereais integrais são bastante ricos em ferro, mas o seu refino e
peneiração abaixam consideravelmente o teor (mais de 90% no caso da farinha
branca, por exemplo). Outros alimentos ricos em ferro são espinafre, aspargo,
alho-poró, salsa, batatas, lentilhas, cenouras e cerejas. As gorduras são pobres
em ferro. Como no caso do cromo, o açúcar, à medida que é refinado, perde
ferro (6,7mg para 100g de melaço; 2,6mg para 100g de açúcar bruto). Outras
fontes de ferro incluem as carnes vermelhas, folhas verde-escuras, leite e
derivados (veja Tabela 4).

Fonte: Food Ingredients Brasil, 2018.

100
Fósforo
A maioria do fósforo no organismo se encontra no esqueleto, combinado
ao cálcio, e 10% nos tecidos moles, músculos, fígado e baço. Assim como o
cálcio, o fósforo está sob a influência da vitamina D e do hormônio
paratireoideano. Exerce papel estrutural na célula, notadamente nos
fosfolipídios, constituintes das membranas celulares. Participa de numerosas
atividades enzimáticas e, sobretudo, desempenha papel fundamental para a
célula como fonte de energia sob a forma de ATP (adenosina trifosfato). É graças
ao fósforo que a célula pode dispor de reservas de energia.
O aporte de fósforo é amplamente coberto pela alimentação, uma vez que
este mineral se encontra em quantidade relativamente importante em numerosos
alimentos, notadamente os que contém cálcio (leite, queijo, frutas secas).
A carência em fósforo pode ter causas múltiplas, como diminuição dos
aportes no curso da alimentação parenteral exclusiva, alcoolismo crônico, jejuns
ou desnutrição prolongados, perdas de origem digestiva (diarréias, vômitos,
pancreatite crônica,), ou precipitação por antiácidos gástricos em tratamentos
prolongados (hidróxido de alumínio ou magnésio, tratamentos gástricos
frequentemente prescritos). Enfim, a excreção renal é aumentada no
hiperparatireoidismo, no raquitismo, no déficit de vitamina D ou em casos de
utilização de determinados medicamentos, como os barbitúricos, por exemplo.
As hipofosforemias podem ser assintomáticas ou, ao contrário, provocar
certo número de sinais clínicos dominados por uma forte diminuição dos reflexos,
parestesias (formigamentos) das extremidades e ao redor do orifício bucal,
fraqueza muscular e distúrbios da atenção.
O fósforo é classicamente prescrito em casos de desmineralização óssea,
de sobrecarga física e intelectual e na espasmofilia.

101
Alimentos ricos em fósforo são leite e derivados, ovo e peixe. (veja Tabela 5)

Fonte: Food Ingredients Brasil, 2018.

Flúor
O flúor é um dos oligoelementos mais conhecidos por seu papel na
prevenção das patologias buco-dentária e óssea. O flúor também atua nos
tecidos e nas células. Os tecidos minerais contêm praticamente 99% de flúor do
organismo com uma grande maioria nos ossos. O componente mineral dos
tecidos duros do organismo é geralmente a apatita, um fosfato de cálcio que
consiste em pequenos cristais encaixados em uma matriz. Mesmo que o flúor
não seja um dos únicos íons suscetíveis de “contaminar” a apatita, tem a
particularidade de ser o único a poder se incorporar facilmente na estrutura dos
cristais, por substituição de uma hidroxila. Definir uma concentração ótima de
flúor nos ossos não é de interesse prático. Podem-se encontrar concentrações
diferentes, como 50ppm na costela de um recém-nascido e 15.000ppm na de
um adulto com fluorose.
Entretanto, a concentração média nos ossos está entre 1.000ppm e
5.000ppm. O nível varia de acordo com a atividade de remodelamento e a
vascularização.
Apesar de seu papel indiscutível na prevenção dentária, a concentração
de flúor no esmalte é menor do que nos ossos. A concentração de flúor no
esmalte dentário diminui em valor à medida que se distancia da superfície, ou
seja, a concentração em flúor é particularmente alta na superfície (1.000ppm),
sendo menor nas camadas mais profundas do esmalte (0,5ppm a 2ppm). Este
gradiente de flúor é estabelecido durante a constituição do mineral e antes da
“saída” do dente, assim como sob a influência da saliva e da água potável.

102
O flúor é rapidamente absorvido ao nível do estômago e do intestino
delgado, por via passiva ligada ao gradiente de concentração. Mesmo não se
falando de mecanismos de regulação homeostásicas, como no caso do cálcio,
sódio ou cloro, há ainda assim uma adaptação às concentrações pelos ossos e
pelos rins. A excreção do flúor se dá pela urina.
É difícil encontrar exemplos de deficiência em flúor determinando uma
patologia particular, mas tende-se a considerar o flúor como um oligoelemento
essencial.
Apesar da quantidade de flúor encontrada na alimentação ser baixa, boas
fontes do micronutriente são chás e peixes de água salgada consumidos com
ossos, como a sardinha, por exemplo.

A ingestão adequada do mineral é de 4mcg diárias (veja Tabela 6).

Fonte: Food Ingredients Brasil, 2018.

103
Iodo
O iodo é um elemento indispensável ao funcionamento de todo o
organismo. Integra a formação de dois fatores hormonais da glândula tireóide
(tiroxina e triiodotiroxina), que agem na maioria dos órgãos e nas grandes
funções do organismo; no sistema nervoso (atua na termogênese), no sistema
cardiovascular, nos músculos esqueléticos, nas funções renais e respiratórias.
Em suma, estes hormônios são indispensáveis ao crescimento e ao
desenvolvimento harmonioso do organismo.
O principal sinal de carência de iodo é a papeira (aumento do volume da
glândula tireóide). Com a carência de iodo, há uma diminuição da formação de
hormônios tireoideanos e, por um mecanismo de feedback (“efeito de retorno”),
um aumento da estimulação da glândula pelo hormônio hipofisiário que rege com
a tireóide, gerando um aumento do volume da glândula tireóide. Quando a
carência atinge crianças, estas ficam raquíticas por deficiência no crescimento
ósseo, são atingidas pelo cretinismo, sua pele se torna seca e edemaciada
(mixedema), e seus traços são grosseiros. A insuficiência tireoideana pode
existir sem papeira. Neste caso, a glândula apresenta frequentemente nódulos.
Os sintomas de hipotireoidismo são cutâneos, (pálpebras inchadas,
tegumentos sem vida e secos, cabelos quebradiços e se rarefazendo),
musculares (astenias e cãimbras), com um metabolismo reduzido (sensação
hipotérmica, anorexia, distúrbios dispépticos), amenorréia ou impotência sexual,
sinais neuropsíquicos (apatia, lentidão de raciocínio). O hipertireoidismo resulta
de um hiper funcionamento da glândula tireóide, cuja etiologia mais frequente é
a doença de Basedow, uma doença de natureza imunológica, cíclica e que evolui
espontânea e lentamente para a cura.
As principais fontes de iodo são os peixes de água salgada e frutos do
mar, como bacalhau, sardinha, molusco, ostra e camarão. O leite e seus
derivados também contêm
quantidade importante de iodo,
assim como os legumes (vagem,
agrião, cebola, alho-porró,
rabanete, nabo) e certas frutas
(ananás, groselhas, ameixas).

104
Sua recomendação diária é de 150mcg para pessoas com mais de 14
anos. Gestantes, no entanto, precisam consumir 220mcg/dia. A quantidade ideal
de iodo para lactantes é de 290mcg diariamente (veja Tabela 7).

Fonte: Food Ingredients Brasil, 2018.

Magnésio
O magnésio é o cátion intracelular mais importante, depois do
potássio. Mesmo sendo menos abundante que os outros três grandes
macroelementos (sódio, potássio e cálcio), tornou-se vedete nos últimos anos.
O papel fisiológico do magnésio é importante, pois intervém para regular
a atividade de mais de 300 reações enzimáticas; intervém, igualmente, na
duplicação dos ácidos nucléicos, na excitabilidade neural e na transmissão de
influxo nervoso, agindo sobre as trocas iônicas da membrana celular. Uma parte
importante do magnésio é fixada sobre os ossos sob a forma de fosfatos e
bicarbonatos, outra pequena parte entra na composição da massa molecular, e
outra fração minúscula, presente no sangue, está ligada às proteínas, ionizadas
e fisiologicamente ativas.
Pesquisas científicas têm demonstrado que, mesmo variações mínimas
da concentração do magnésio nas células, podem afetar o metabolismo, o
crescimento e a proliferação celular. O magnésio também é importante na função
cardíaca. Dados epidemiológicos demonstraram que uma hipomagnesemia
(associada frequentemente a uma hipopotassemia) é acompanhada de um
determinado número de problemas cardiovasculares, notadamente de ritmo
cardíaco. Foi também constatado que após um dano provocado por

105
antiarrítmicos, somente a administração concomitante de magnésio pode
debelar certas arritmias cardíacas. Outra descoberta interessante foi a relação
entre o déficit magnesiano e o prolapso da válvula mitral, que apresentam como
sintomas a clássica bolha na garganta com dificuldade de deglutição, uma
pequena instabilidade com mudanças de posição da cabeça e do corpo (falsas
vertigens), rinites persistentes ligadas a hiperreatividade das mucosas nasais e,
sobretudo, uma fadiga vocal durante o dia. Este último sintoma, acompanhado
às vezes de dores faríngeas e de pigarro na garganta, geralmente ligada a uma
origem infecciosa e a distúrbios psicossomáticos, podem desaparecer com a
magnesioterapia.

A deficiência em magnésio pode causar hiperexcitação neuromuscular,


que apresenta uma espécie de círculo vicioso: um déficit magnesiano crônico
conduz a uma baixa no nível da excitação neuromuscular e a uma maior
sensibilidade ao stress, o que favorece ainda mais uma perda magnesiana. Esta
depleção magnesiana passa por mecanismos muito complexos de
desregulações nervosa e endocrinológica, ligadas ao stress agudo ou crônico.
Outras causas que podem dar origem à depleção de magnésio são intoxicação
por chumbo, uso prolongado de determinados medicamentos, notadamente
diuréticos, problemas intestinais crônicos, alimentação parenteral prolongada,
pancreatite e diabetes. O álcool e alimentação rica em glicídios e em lipídeos
podem igualmente aumentar a eliminação de magnésio.
A indicação de consumo diário de magnésio para homens e mulheres
com 19 a 30 anos é de 400mg e 310mg, respectivamente. Após os 30 anos, a
recomendação diária é de 420mg para os homens e 320mg para as mulheres.

106
Boas opções de magnésio são as verduras e legumes verdes, cereais
integrais e oleaginosas. Carnes e leite apresentam uma quantidade
intermediária, enquanto os alimentos refinados contêm baixo nível de magnésio
(veja Tabela 8).

Fonte: Food Ingredients Brasil, 2018.

Manganês
O manganês é parte constituinte de diversas enzimas e atua como
ativador de outras tantas. Entre outras ações, funciona como antioxidante, ativa
enzimas que participam do metabolismo dos carboidratos, aminoácidos e
colesterol, e colabora na formação da cartilagem e ossos.
A distribuição do manganês é grande nos tecidos e líquidos do organismo,
notadamente onde a atividade das mitocôndrias (centro respiratório das células)
é maior. O papel metabólico do manganês é considerável, pois ativa numerosas
enzimas implicadas na síntese do tecido conjuntivo, na regulação da glicose, na
proteção das células contra os radicais livres e nas atividades neuro-hormonais.
No rol dos benefícios imputados ao manganês estão inclusas a ação
hipoglicemizante, ação sobre o metabolismo das gorduras, ação protetora das
células hepáticas, papel na biossíntese das proteínas e dos
mucopolissacarídeos das cartilagens, assim como implicação no metabolismo
dos neurotransmissores.
O manganês é considerado em oligoterapia como um carro-chefe, pois é
básico no tratamento da diátese alérgica, igualmente presente na associação
manganês-cobre, que constitui o remédio da diátese. Este tratamento melhora
sensivelmente as crianças ditas frágeis, perpetuamente resfriadas e com
problemas de fixação da atenção.

107
O manganês encontra, ainda, excelentes indicações no campo da artrose.
O déficit de manganês no organismo pode interferir no crescimento e causar
anormalidades do esqueleto, disfunções reprodutivas, menor tolerância à glicose
e alteração no metabolismo dos carboidratos e das gorduras.

O manganês é encontrado nos cereais integrais, nozes, leguminosas,


abacaxi e chás. Homens com mais de 19 anos devem ingerir 2,3mg do mineral
diariamente. Já mulheres na mesma faixa etária precisam consumir 1,6mg/dia
(veja Tabela 9).

Fonte: Food Ingredients Brasil, 2018.

Potássio
O potássio é o principal cátion intracelular que contribui para o
metabolismo e para a síntese das proteínas e do glicogênio. Desempenha papel
importante na excitabilidade neuromuscular e na regulação do teor de água
do organismo.

108
O líquido intracelular contém mais de 90% do potássio do corpo. No
plasma sanguíneo, o potássio representa uma parte ínfima do potássio total. No
entanto, a ausência total de potássio sérico é um sinal bastante fiel de um déficit
global deste cátion.
As necessidades de potássio são maiores no período de
crescimento; afora esse período são mínimas e cobertas pela alimentação.
Entretanto, se observam hipopotassemias (taxas baixas de potássio no sangue)
bastante frequentes, raramente ligadas à carência de aporte alimentar, salvo
para os grandes alcoólatras crônicos e pessoas possuidoras de anorexia mental.
Suas causas são mais frequentemente de origem iatrógena (de origem
medicamentosa) e podem se traduzir por distúrbios neuromusculares (cãibras e
paralisias), aumento da pressão arterial ou, às vezes, distúrbios graves do ritmo
cardíaco.
As principais causas medicamentosas de hipopotassemia são a ingestão
de diuréticos, suscetíveis de aumentar a excreção urinária do potássio, e os
laxativos, que aumentam as perdas digestivas. Pode-se, também, observar uma
transferência de potássio para as células, ocasionando uma hipopotassemia nos
tratamentos por insulina. Outra causa iatrogênica da hipopotassemia é a
ingestão prolongada de corticóides.
A relação sódio/potássio desempenha papel fundamental nos
mecanismos da hipertensão. Estudos evidenciam que um regime enriquecido
em potássio ou uma suplementação sob a forma medicamentosa, ocasiona um
rebaixamento da pressão arterial estatisticamente significativo.
Os níveis de concentração entre potássio e sódio criam uma diferença
eletroquímica conhecida como potencial de membrana. O potencial de
membrana das células é mantido, principalmente, pela bomba
sódio/potássio/ATPase. Essa bomba
utiliza energia para jogar sódio para
fora da célula e potássio para dentro.
O perfeito controle do potencial de
membrana das células é essencial
para a transmissão do impulso
nervoso, contração muscular e
funcionamento do coração.

109
A baixa concentração de potássio no plasma é conhecida por
hipocalemia. Os sintomas da deficiência são fadiga, fraqueza, cãibra muscular,
constipação intestinal e dor abdominal. A hipocalemia severa pode levar à
arritmia cardíaca, o que pode ser fatal.
Frutas e legumes em geral, como banana, tomate, batata e laranja, são
ótimas fontes de potássio. Outros alimentos ricos nesse mineral são peixes,
carnes, aves domésticas e damascos. A ingestão adequada para adultos é de
4.700mg/dia (veja Tabela 10).

Fonte: Food Ingredients Brasil, 2018.

Sódio
O sódio, juntamente com o cloreto, forma o sal de cozinha. A dupla se
destaca por estar entre os principais íons do fluído extracelular, importantes para
a manutenção do potencial de membrana, mantido, como mencionado
anteriormente, principalmente pela bomba sódio/ potássio/ATPbase. O sódio
desempenha ainda outras tarefas, como participação na absorção de
aminoácido, glicose e água.
Por ser um micronutriente determinante no volume extracelular, é possível
regular a pressão arterial ajustando o
conteúdo de sódio no organismo, ou seja,
quem sofre de pressão alta deve diminuir
a ingestão de sal, pois é rico no mineral.
Já quem apresenta pressão baixa, precisa
ter um consumo adequado de sódio.

110
As necessidades de sódio são mínimas e largamente cobertas pela
alimentação. Além disso, os rins são capazes de reabsorver praticamente todo
o sódio filtrado anteriormente. Nem mesmo há aumento das necessidades em
caso de forte calor ou de atividades esportivas de alto nível, ou ainda, no
exercício de certas profissões (caldeiraria, minas etc.).
Até há pouco tempo, existia um dogma relativo ao papel do sódio na
gênese da hipertensão; o primeiro reflexo consistia frequentemente em se
preconizar um regime “sem sal”. Isto jamais se confirmou nos estudos
extensivos. Assim, não foram notados aumentos da frequência de hipertensão
nas comunidades indígenas do Amazonas e do Arizona, que consomem água
com forte teor em sódio. Entretanto, foi demonstrado que existem anomalias
genéticas ocasionando distúrbios das trocas iônicas transmembranares, o que
explica porque certas pessoas são sensíveis ao aporte de sal, enquanto que,
para a maioria, a sobrecarga em sal é imediatamente corrigida por sistemas
compensatórios. O sódio não é o único íon implicado na gênese da hipertensão.
São também seus causadores o potássio, o cálcio e o sistema nervoso
simpático.
A deficiência de sódio é rara, sendo observada somente em dietas
excessivamente restritas em sal. Porém, uma grande retenção líquida ou a
constante perda pode levar a baixa concentração de sódio, definida como
hiponatremia, cujos sintomas incluem dor de cabeça, náusea, vômito, cãibra
muscular, fadiga e desorientação.
O consumo diário de sódio para adultos é de 1,3g, quantidade que
equivale a 3,8g de sal/dia (veja Tabela 11).

Fonte: Food Ingredients Brasil, 2018.

111
Selênio
O selênio é o “novo” oligoelemento por excelência. Entre as funções
desempenhadas, destacam-se a participação na síntese de hormônios
tireoideanos, a ação antioxidante e o auxílio a enzimas que dependem dele para
terem um bom funcionamento. Foi provado que o selênio é um componente da
glutationa peroxidase, uma enzima que destrói os peróxidos, ou seja, os agentes
oxidantes que atacam a célula. Não há dúvida, hoje, de que o selênio, por seu
papel na glutationa peroxidase, faz parte dos defensores das células contra a
ação dos agentes oxidantes, como o fazem a vitamina E, a catalase e a
superóxido dismutase. A atividade catalítica do selênio é reforçada na presença
da vitamina E, que é também indispensável na redução dos radicais livres. Sua
associação aparece como fundamentalmente necessária às células na
prevenção de sua degeneração.
Pesquisas recentes colocam em evidência as propriedades
antiinflamatórias e imunoestimulantes do selênio. No homem, a suplementação
em selênio parece ser benéfica para melhorar a forma geral e prevenir o
envelhecimento.
Pesquisas demonstraram que nas regiões de solo carente em selênio,
existe maior frequência de câncer do seio e do cólon, e entre os Asiáticos, que
consomem mais selênio em sua alimentação, uma menor frequência. Existem,
frequentemente junto aos cancerosos, taxas baixas de selênio. Não se sabe se
ocorre por parte do tumor uma utilização ou um sequestro do selênio, ou se há
uma correlação entre as taxas baixas de selênio nos exames efetuados
anteriormente e o aparecimento mais frequente a posteriori de cânceres.
O papel protetor do selênio seria devido a uma imunoestimulação e uma
melhor defesa do organismo em caso de
aparecimento de células cancerosas.
A deficiência de selênio é rara,
mas tem sido observada em condições
em que não há oferta suficiente do
micronutriente, como regiões onde o
solo é pobre no mineral.

112
Castanha de caju e carnes fornecem números significativos de
selênio.
O aporte alimentar diário de selênio varia de acordo com cada país. No
Brasil, a quantidade ideal de ingestão para adultos é de 55mcg/ dia. No Canadá
é de 200mcg, na Finlândia de 300mcg, e na França de 46mcg. Já o Conselho
Nacional Americano de Pesquisas preconiza 1mcg por quilo de peso corporal
(veja Tabela 12).

Fonte: Food Ingredients Brasil, 2018.

Zinco
Diversos aspectos do metabolismo celular são dependentes do zinco.
Aproximadamente 100 enzimas dependem do zinco para realizar reações
químicas vitais. O mineral tem papel importante, por exemplo, no crescimento,
na resposta imune do organismo, na função neurológica e na reprodução. Além
dessas funções, o zinco atua na estrutura das proteínas e membranas celulares
e também está envolvido na expressão dos genes, na síntese de hormônios e
na transmissão do impulso nervoso. Na Antiguidade, era utilizado sob a forma
de óxido de zinco para curar feridas e queimaduras.
O zinco está presente em mais de 100 enzimas, intervém no
funcionamento de determinados hormônios e é indispensável à síntese das
proteínas, à reprodução e ao funcionamento normal do sistema imunitário. É
encontrado em todos os órgãos, mas sua concentração é particularmente
elevada no pâncreas, no fígado, na pele e nos fâneros. No sangue, está ligado
às proteínas e aos aminoácidos.

113
O organismo aproveita apenas de 5% a 10% do zinco contido na
alimentação. O estudo de sua biodisponibilidade é importante, pois há certas
substâncias existentes na alimentação que modificam sua absorção. Assim, os
fitatos que são encontrados em grande número de alimentos vegetais, entre os
quais as fibras, inibem a absorção do zinco. Outros queladores do zinco são o
álcool, os taninos, alguns antibióticos e os contraceptivos orais. A
biodisponibilidade do zinco depende da interação com outros minerais na luz
intestinal.

Quando a falta de zinco acontece, surgem sintomas como atraso da


maturidade sexual, déficit de crescimento, diarréia crônica, pouco apetite e
deficiência do sistema auto-imune.
Estudos recentes concluíram que a carência de zinco produz
modificações importantes no metabolismo dos ácidos graxos e pode constituir-
se em um fator de risco à arteriosclerose.
Boas fontes de zinco são carne bovina, peixes, aves, leite e derivados.
Mariscos, feijão e nozes também são ótimas alternativas (veja Tabela 13).

Fonte: Food Ingredients Brasil, 2018.

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AMINOÁCIDOS
Os aminoácidos desempenham muitas funções no organismo, dentre elas
a formação de peptídeos, proteínas e fosfolipídios; atuação como
neurotransmissores; são precursores de cetoácidos, algumas aminas,
nucleotídeos, grupos Heme e creatina e também agem como transportadores de
grupos NH2.
A estrutura dos aminoácidos é formada por um grupamento amina (-NH2),
um grupamento carboxila (-COOH) e o grupo radical R, sendo que o carbono
central, ligado a esses grupos é chamado de alfa (α). O carbono α é assimétrico,
pois possui quatro ligantes diferentes, fazendo com que os aminoácidos
apresentem isomeria óptica, com exceção da glicina. Quando as duas cargas se
anulam na molécula tem-se no aminoácido a forma iônica que é conhecida de
zwiterion ou íon dipolar.
Os aminoácidos se diferenciam entre si pela cadeia lateral, o grupo R, que
apresentam. Os aminoácidos proteicos são classificados de acordo com as
propriedades de suas cadeias laterais, como a polaridade e pH. Existem 20
tipos de aminoácidos. Os apolares são poucos solúveis em água.

115
Os 20 aminoácidos que ocorrem naturalmente em proteínas de todos os
tipos de organismos são determinados por códons específicos (triplets de
nucleotídeos) no material genético dos seres vivos.
O organismo humano não sintetiza todos os aminoácidos, devendo
adquiri-los pela ingestão de alimentos, fonte de tais aminoácidos. Estes
aminoácidos são chamados de essenciais. São eles: arginina, histidina,
isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, treonina, triptofano.
Os aminoácidos não essenciais são também necessários para o
funcionamento do organismo, sendo sintetizados in vivo a partir de determinados
metabólitos. São eles: alanina, asparagina, ácido aspártico, cisteína, ácido
glutâmico, glutamina, glicina, prolina, serina, tirosina.

PROTEÍNAS
As proteínas são macromoléculas complexas mais abundantes do
organismo humano, ocupando cerca de 50 a 80% do peso seco da célula
eucariótica. Elas são formadas pela união de muitos aminoácidos por meio das
ligações peptídicas. Nas ligações peptídicas ocorre uma reação de
condensação, na qual uma molécula de água é perdida para que se una o grupo
amino de um aminoácido com o grupo carboxila de outro aminoácido.
No exemplo seguinte temos a condensação de cinco aminoácidos, a Ser-
Gly-Tyr-Ala-Leu, formando um polipeptídeo.
As proteínas podem ser classificadas de acordo com sua composição e
forma. Quanto à composição podem ser simples ou conjugadas. Para as
proteínas simples tem-se como exemplo albumina e globulinas. A albumina está
relacionada com a manutenção do equilíbrio osmótico e transporte de fármacos
pelo organismo. As globulinas estão presentes no plasma sanguíneo e só
solubilizam em água na presença de sal.
Existem vários tipos globulinas, as alfa (α), beta (β) e gama (?). As
globulinas α possuem pesos moleculares menores, as β pesos moleculares
intermediários e as com altos pesos moleculares. As globulinas α e β auxiliam
no transporte de lipídeos, hormônios, vitaminas e metais iônicos. Além disso,
elas fornecem fatores de coagulação, inibidores de protease, e as proteínas do

116
sistema complemento. As globulinas ou imunoglobulinas estão relacionadas
com a defesa, constituindo os diversos anticorpos.
As proteínas conjugadas são mais complexas que as mencionadas
acima. Elas estão permanentemente associadas a outros componentes
químicos diferentes de aminoácidos, o que chamamos de grupo prostético.
Exemplo: Lipoproteínas (ligada a lipídeos); Glicoproteínas (ligada a
carboidratos); Metaloproteínas (ligada a um metal).
Quanto à forma, as proteínas podem ser fibrosas ou globulares. As
fibrosas são insolúveis em água, possuem cadeias longas e filamentosas. A
maioria tem função estrutural e protetora. Exemplo: Colágeno e queratina, etc.

As proteínas globulares são geralmente solúveis em água, formam


estruturas compactas fortemente enroladas em forma globular ou esférica.
Função relacionada com manutenção e regularização e processos vitais:
enzimática, transporte, defesa e hormonal. Exemplo: hemoglobina.
Uma proteína pode apresentar diferentes graus de estruturação (primária,
secundária, terciária, quaternária) que são mantidas por vários tipos de ligação
e/ou interações entre os vários grupos funcionais dos aminoácidos que as
compõem. Essas interações poderão ser por ligações de hidrogênio,
eletrostática, pontes de dissulfeto, interações hidrofóbicas, van der Walls, entre
outras, que fazem com que as proteínas tomem várias formas, conforme
mostrado na figura abaixo. Na estrutura primária a união entre os aminoácidos
se faz covalentemente.
As proteínas desempenham diversas funções essenciais dinâmicas e
estruturais em organismos de mamíferos como: estrutural, enzimática, hormonal,

117
transporte, defesa, coagulação sanguínea, regulação, nutrição e
armazenamento.\Proteínas estruturais promovem diferentes formas,
suporte e resistência a tecidos e células, como exemplo temos as
lipoproteínas da parede celular, a flagelina, colágeno, miosina, actina e
queratina.
• Enzimática: são proteínas especiais, com função catalítica. Exemplo:
amilase.
• Hormonal: muitos hormônios são proteínas especializadas em
estimular ou inibir as atividades de determinados órgãos. Exemplo: Insulina e
glucagon.
• Transporte: de nutrientes, e metabólitos entre fluídos e tecidos.
Exemplo: Aquoporinas, hemoglobina – O2 sangue e mioglobina – O2 músculos.
• Defesa: antígenos e anticorpos, toxinas liberadas pelas bactérias.
• Coagulação sanguínea: fibrinogênio.
• Nutritiva e Armazenamento: são fontes de aminoácidos,
indispensáveis aos seres vivos.
• Regulação: função desempenhada por um grupo especial de proteínas,
as vitaminas.

BIOFLAVONOIDES

Apesar de não serem verdadeiras vitaminas, agem no organismo como


potencializadores vitamínicos, principalmente do ácido ascórbico e do alfa-
tocoferol. São, muitas vezes, chamados de vitamina P.
Os bioflavonoides aumentam a absorção da vitamina C, e ambos devem
ser tomados concomitantemente.
Os bioflavonoides por si só têm um efeito antioxidante muito maior do que
vitamina C, vitamina E e betacaroteno, muitas vezes mais que os três juntos, em
especial o picnogenol, um dos mais importantes. Eles existem em diferentes
formas: os mais comuns são os bioflavonoides cítricos, de modo que os mais
utilizados incluem a hesperidina, a quercetina e a rutina, entre outros como o
picnogenol e o Gingko biloba. Eles são utilizados extensamente no tratamento
de lesões durante atividades físicas, pois melhoram dor, edemas e hematomas.

118
Também reduzem as dores localizadas nas pernas e na coluna,
diminuindo os sintomas provocados por hemorragias contínuas ou com
hipocalcemia.
Os bioflavonoides agem sinergicamente com a vitamina C para
proteger e preservar a estrutura dos capilares. Além disso, têm um efeito
antibacteriano e promovem a circulação.

Imagem disponível em: http://fapes.net/medicina-saude/wp-content/uploads/2020/08/Modula%C3%A7%C3%A3o-da-


microbiota-pelos-polifen%C3%B3is.jpg-site.jpg

Eles estimulam a produção da bile e, com isso, diminuem a produção do


colesterol usado no tratamento e na prevenção de cataratas. Quando tomados
com vitamina C, os bioflavonoides também reduzem os sintomas de herpes oral.
A quercetina é um bioflavonoide encontrado principalmente nas algas e, em
geral, em forma de suplementos. Pode ser útil no tratamento e na profilaxia dos
sintomas de asma.
Associados à bromelina, uma enzima do abacaxi, e à vitamina C, além do
ascorbato de magnésio, que é a apresentação da vitamina C, podem ter um
grande efeito, principalmente nos pacientes com bronquite asmática.
As fontes mais importantes de bioflavonoides incluem o material branco
encontrado justamente abaixo da casca de frutas cítricas e as pimentas. Outras
fontes importantes são os pêssegos, cerejas, uvas, limões e laranjas. Entre as
ervas que os contêm, estão os rose hips.

119
ENZIMAS

Enzimas são proteínas que atuam controlando a velocidade e regulando


as reações que ocorrem no organismo. Elas catalizam reações químicas
específicas atuando sobre substratos específicos e em locais específicos
desses substratos.
A ação das enzimas pode ser influenciada por alguns fatores, como
a temperatura elevada. A seguir falaremos um pouco mais sobre elas, sua
importância, seu mecanismo de ação, e sua nomenclatura e classificação.

O que são enzimas?


As enzimas são proteínas globulares especializadas que atuam
controlando a velocidade e regulando as reações químicas do organismo.
É importante destacar que algumas moléculas de RNA, conhecidas
como ribozimas, atuam como enzimas.
Estas ainda apresentam papel catalizador, ou seja, atuam aumentando
a velocidade das reações químicas.

As enzimas apresentam uma estrutura tridimensional, e sua atividade depende das


características do meio em que se encontra.

As enzimas são altamente específicas, sendo que cada uma delas atua
sobre um substrato específico em uma reação.
Atualmente são conhecidas mais de 2.000 enzimas, e cada uma atua em
uma reação específica.

120
Nomenclatura das enzimas
A nomenclatura das enzimas ocorre de diversas maneiras. As três formas
mais utilizadas são:
 Nome clássico ou recomendado: nomeia, geralmente, acrescentando
a terminação -ase ao nome do substrato sobre o qual atua a enzima. Essa é a
forma mais utilizada por quem trabalha com enzimas. Por exemplo, a enzima
amilase atua na reação de hidrólise do amido em moléculas de glicose, e a
urease cataliza a reação de hidrólise da ureia em amônia e CO2.
 Nome usual: utiliza nomes consagrados pelo uso, como tripsina e
pepsina.
 Nome sistemático: forma mais complexa e instituída pela União
Internacional de Bioquímica e Biologia Molecular (IUBMB), apresenta mais
informações que as demais em relação à funcionalidade da enzima. O nome
sistemático apresenta, geralmente, três partes: o nome do substrato, o tipo de
reação catalizada e o sufixo -ase. Por exemplo, a reação de conversão da
glicose-6-fosfato à frutose-6-fosfato é catalizada pela enzima
denominada glicose fosfato isomerase. Além do nome sistemático, a enzima
recebe também um número, que deverá ser utilizado para uma precisa
identificação. Essa numeração segue o modelo: EC XXXX. A sigla EC
representa a Comissão de Enzimas (Enzyme Comission) da União Internacional
de Bioquímica e Biologia Molecular, e a sequência de quatro números é referente
à sua classificação.

Classificação das enzimas


As enzimas podem ser classificadas, segundo a União Internacional de
Bioquímica e Biologia Molecular e de acordo com o tipo de reação que
catalizam, da seguinte maneira:
Classe 1. Óxido-redutases: reações de óxido-redução ou transferências
de elétrons (íons hidreto ou átomos de H). Exemplos: desidrogenases e
peroxidases.
Classe 2. Transferases: reações de transferências de grupos funcionais
entre as moléculas. Exemplos: aminotransferases e quinases.

121
Classe 3. Hidrolases: reações de hidrólise, em que ocorre a quebra de
uma molécula em moléculas menores com a participação da água. Exemplos:
amilase, pepsina e tripsina.
Classe 4. Liases: reações em que pode ocorrer a adição de grupos a
duplas ligações ou a remoção de grupos deixando dupla ligação. Exemplo:
fumarase.
Classe 5. Isomerase: reações em que ocorrem a formação de isômeros.
Exemplo: epimerase.
Classe 6. Ligase: reações de síntese em que ocorre a união de
moléculas com gasto de energia, geralmente, proveniente do ATP. Exemplo:
sintetases.

Mecanismo de ação das enzimas

As enzimas atuam ligando-se a substratos específicos em locais específicos. Ao fim do processo,


elas são liberadas para catalizarem novas reações.

A energia necessária para que uma reação inicie é chamada de energia


de ativação. As enzimas atuam reduzindo essa energia de ativação e fazendo
com que a reação ocorra de forma mais rápida do que na ausência dela. Essa
capacidade catalizadora das enzimas aumenta a velocidade das reações em
cerca de 1014 vezes.
A ação das enzimas ocorre por sua associação temporária com as
moléculas que estão reagindo, aproximando-as. Com isso, as enzimas podem
enfraquecer também as ligações químicas existentes, facilitando a formação de
novas ligações. Elas se ligam a moléculas específicas, denominadas
de substratos, e em locais específicos, os sítios de ativação, formando

122
um complexo transitório. Ao fim do processo, esse complexo decompõe-se,
liberando os produtos e a enzima, que, geralmente, recupera sua forma,
podendo usada novamente para catalisar reações.
As enzimas atuam em cadeia, sendo que diversas delas podem atuar em
sequência, num determinado conjunto de reações, formando as chamadas vias
metabólicas. Uma célula apresenta diversas vias metabólicas, cada uma
responsável por uma função específica, por exemplo, a síntese de substâncias,
como os aminoácidos.

Sítios de ligação
Como dito, as enzimas ligam-se aos substratos nos denominados sítios
de ligação. Elas apresentam resíduos de aminoácidos específicos arranjados
de forma tridimensional, formando os sítios de ligação, locais em que os
substratos ligam-se durante a reação.
Além desse arranjo tridimensional, as enzimas apresentam, nesses
sítios, um arranjo adequado de regiões hidrofílicas (interagem com água)
e hidrofóbicas (não interagem com água), carregadas (apresentam cargas
elétricas) e neutras (não apresentam cargas elétricas).
O substrato deve apresentar uma configuração adequada, estrutural e
química, de forma a alojar-se no sítio de ligação. Esse modelo de encaixe
perfeito é conhecido como modelo chave-fechadura, devido à relação com o
fato de que cada chave encaixa-se em uma fechadura específica. No entanto, é
sabido que a aproximação e a ligação do substrato ao sítio de ligação induzem
na enzima uma mudança conformacional, tornando-a ideal. Esse modelo é
conhecido como modelo do ajuste induzido.

Fatores que regulam a atividade enzimática


As enzimas podem ter sua atividade influenciada por alguns fatores.
Dentre esses podemos destacar a temperatura, o pH e as enzimas
reguladoras.
 Temperatura: Grande parte das enzimas aumenta suas taxas de
reações na medida em que a temperatura em que elas atuam eleva-se em 10
ºC. Entretanto, essa taxa começa a decair a partir do momento em que a

123
temperatura atinge os 40 ºC. A partir dessa temperatura, observa-se que as
enzimas passam a sofrer desnaturação, um desdobramento de sua estrutura.
 pH: Alterações no pH do meio em que a enzima encontra-se leva a
alterações em suas cargas. A manutenção da forma das enzimas deve-se à
atração e repulsão entre as cargas dos aminoácidos que a constituem.
Mudanças nessas cargas alteram a forma da enzima, afetam a ligação entre ela
e substrato e, assim, a sua funcionalidade.
 Enzimas reguladoras: Estas atuam regulando a taxa das vias
metabólicas. Muitas vezes, elas ocupam o primeiro lugar da sequência da via
metabólica e aumentam ou diminuem a atividade mediante alguns sinais, como
os níveis de substrato ou a demanda energética da célula.

Resumo sobre enzimas


 As enzimas são proteínas que atuam como catalisadores biológicos.
 Catalisadores são substâncias que atuam diminuindo a energia de
ativação das reações, aumentando a velocidade em que essas ocorrem
e não sendo consumidas no processo.
 As enzimas apresentam alta especificidade, atuam apenas sobre
substratos específicos.
 As enzimas atuam diminuindo a energia de ativação das reações nas
células.
 A temperatura, o pH e as enzimas reguladoras são fatores que
influenciam na atividade enzimática.

Enzimas digestivas
Quando ingerimos algum alimento, dentro do nosso corpo acontece o
processo de digestão. Durante o percurso, o alimento passa por vários órgãos e
sofre a ação de diversas enzimas.

O que são as enzimas?


As enzimas são proteínas que servem para quebrar as moléculas dos
alimentos em substâncias menores e mais simples, que facilitam o processo de
metabolismo do ser humano. Sem as enzimas, nosso corpo levaria muito mais
tempo para digerir o que foi consumido e gastaria mais energia para completar
o mesmo processo.

124
Tipos de enzimas
Ao longo do dia, consumimos diferentes tipos de alimentos com
componentes diversos, não é mesmo?
Proteínas, carboidratos, gorduras, entre outros.
Por isso, existem tipos diferentes de enzimas, que atuam nesses vários
tipos de alimentos, chamados também de “substratos”.
Veja como elas se chamam:

 Catalese: age no peróxido de hidrogênio.


 Lactase: atua na digestão da lactose.
 Lipase: trabalha na digestão dos lipídios.
 Protase: encontra-se junto às proteínas.
 Urase: ligada à digestão da ureia.
 DNA polimerase: atua na duplicação do DNA.
 Amilase/ptialina: localizada na boca, age na quebra do amido em
moléculas menores chamadas de “maltose”.
 Pepsina/protease: trabalha na quebra da proteína.
 Tripsina: também atua na digestão da proteína que não foi
digerida no estômago.

Durante a digestão, alguns fatores influenciam no tipo de ação da enzima


no substrato.
São eles:
- Temperatura: ela mantém a velocidade da ação das enzimas. Caso a
temperatura esteja muito elevada, algumas enzimas podem se deformar e
perder sua eficácia.
- Tempo: quanto maior o contato entre enzima e substrato, menores eles
vão ficar.
- pH: as enzimas atuam em pHs diferentes. Portanto, quando elas e os
substratos estão alinhados na quantidade de pH, a ação é mais eficiente.
- Concentração: Quanto maior a concentração de enzimas e substratos,
maior será a velocidade da reação.

125
Processo de digestão
O alimento passa por diversos processos até ser totalmente quebrado em
moléculas menores, o corpo absorver todos os nutrientes e expelir o que não é
saudável. Ao longo desse percurso, o alimento passa por diferentes canais e
órgãos, onde sofre a ação das enzimas. Confira o caminho feito pela comida
depois que a colocamos na boca:
1 - Boca: o alimento passa pela mastigação, ato de triturar a comida e
misturá-la com a saliva. A enzima ptialina/amilase, que quebra o amido em
moléculas menores, as transforma em maltose.
2 - Estômago: após sair da boca e passar pela faringe e pelo esôfago, o
alimento chega ao estômago, onde ficará por cerca de uma hora e passará a
sofrer a ação do suco gástrico, líquido bastante ácido, de pH 2, que facilita a
ação de outra enzima, chamada pepsina.
3 - Intestino delgado: a comida chega ao intestino delgado, onde
passará o maior tempo do processo de digestão. Lá ela receberá a influência
das enzimas bile e tripsina, produzidas pelo fígado e pelo pâncreas.
4 - Intestino grosso: é a última etapa do processo de digestão. O órgão
é dividido em três partes: o ceco, o cólon e o reto. Nas duas primeiras são feitas
as absorções da água e dos sais minerais. O reto tem a função de levar o que
sobrou do alimento - e não será absorvido pelo corpo - até o ânus.
A presença das enzimas no processo de digestão dos alimentos é
fundamental para que o corpo consiga absorver todos os nutrientes necessários
e expelir os que não precisamos.

LACTOBACILOS
Em 1991, foi regulamentada uma categoria de alimentos denominada de
“Foods for Specified Health Use”, traduzindo para o português “Alimentos
Funcionais ou Nutracêuticos”. Entre os alimentos funcionais, estão os probióticos
e os prebióticos, vistos como promotores de saúde e que podem estar
associados à redução do risco de doenças crônicas degenerativas e não
transmissíveis. A associação dos probióticos com os prebióticos dá origem a um
produto simbiótico que pode aumentar as chances de crescimento e colonização
das bactérias probióticas no organismo humano.

126
O termo probiótico deriva do grego e significa "para-vida"; a Organização
Mundial de Saúde define probióticos como “organismos vivos que, quando
administrados em quantidades adequadas, conferem benefício à saúde do
hospedeiro” (FAO/WHO, 2001). Passado um tempo o termo foi ampliado para:
organismos vivos que quando ingeridos em determinado número (concentração)
exercem efeitos benéficos para a saúde por sua ação no trato intestinal.
A definição mais atual de probióticos é: microrganismos viáveis usados
como suplemento alimentar, normalmente bactérias ácido-láticas, que afeta de
forma benéfica seu consumidor, através da melhoria do balanço microbiano
intestinal.
Dentre entre os diversos gêneros integrantes desse grupo destacamos o
Bifidobacterium e o Lactobacillus.

Gênero Bifidobacterium
As bifidobactérias foram isoladas pela primeira vez no final do século XIX
por Tissier, sendo, em geral, caracterizadas por serem microrganismos gram-
positivos, não formadores de esporos, desprovidos de flagelos, catalase-
negativos e anaeróbicos.

Atualmente o gênero Bifidobacterium inclui 30 espécies, 10 das quais são


de origem humana (cáries dentárias, fezes e vagina), 17 de origem animal, 2 de
águas residuais e 1 de leite fermentado; esta última tem a particularidade de

127
apresentar uma boa tolerância ao oxigênio, ao contrário da maior parte das
outras do mesmo gênero.
Dentre as bactérias pertencentes ao gênero Bifidobacterium, destacam-
se a B. bifidum, B. breve, B. infantis, B. lactis, B. animalis, B. longum e B.
thermophilum.

Gênero Lactobacillus
Outro dos gêneros que integra o mundo dos agentes probióticos é o
Lactobacillus, isolado pela primeira vez por Moro (1900) a partir das fezes de
lactentes amamentados ao peito materno;
Estes microrganismos são geralmente caracterizados como gram-
positivos, incapazes de formar esporos, desprovidos de flagelos, possuindo
forma bacilar ou cocobacilar, e aerotolerantes ou anaeróbios.
O gênero compreende, neste momento, 56 espécies oficialmente
reconhecidas; as mais utilizadas para fins de aditivo dietético são L. acidophilus,
L. rhamnosus e L. casei.

Dentre as bactérias láticas pertencentes ao gênero Lactobacillus,


destacam-se a L. acidophilus, L. helveticus, L. casei- subsp. paracasei e subsp.
tolerans, L. paracasei, L. fermentum, L. reuteri, L. jensenii, L. plantarum, L.
rhamnosus e L. salivarius.

128
Características

São vários os efeitos benéficos atribuídos aos probióticos:

129
Bifidobacterium bifidum
Bifidobacterium bifidum é uma bactéria probiótica que foi originalmente
isolada no trato intestinal de seres humanos. É um habitante específico do
intestino grosso (especialmente no cólon), onde pode ser encontrado em altas
concentrações.
O Bifidobacterium bifidum é um dos probióticos presentes na flora
intestinal de crianças, ao lado de outras bifidobactérias como B. longum e B.
pseudocatenulatum. Várias espécies de bifidobactérias, entre elas B. bifidum, B.
longum, B. adolescentis, B. animalis (lactis), B. angulatum e B.
pseudocatenulatum colonizam simultaneamente o trato gastrintestinal de adultos
saudáveis.
Bifidobacterium bifidum faz parte da microflora benéfica que produz ácido
(Lático e Acético) para baixar o pH do intestino grosso e retardar a colonização
de bactérias putrefativas indesejáveis tais como E. coli, Clostridium e
Salmonella, além das leveduras. B. bifidum inibe a proliferação de bactérias que
podem alterar os nitratos, transformando-os nos potencialmente danosos nitritos.
Cepas dessa espécie têm sido usadas na produção de alimentos contendo
bifidobactérias, tais como leites fermentados, e em preparações terapêuticas
para o tratamento de vários distúrbios digestivos em crianças.

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Indicações: As cepas de B. bifidum evitam o crescimento de bactérias
indesejáveis, evitando assim a passagem de amônia para a corrente sanguínea,
onde a mesma seria metabolizada e desintoxicada pelo fígado, auxiliando no
funcionamento saudável da função hepática, evitando assim uma provável
sobrecarga do órgão, além de promoverem a síntese de vitaminas do complexo
B, ajudar na absorção de vários minerais, principalmente o cálcio e ajudarem a
assegurar a regularidade dos movimentos peristálticos do intestino.
Posologia: a dose usual é de 2,5 a 7,5bilhões de UFC ao dia, em doses
fracionadas.

Bifidobacterium longum
O Bifidobacterium longum é uma bactéria
probiótica com uma longa lista de benefícios para a
saúde, especialmente para o cólon. É comumente
encontrada em adultos e crianças no trato
gastrointestinal e na vagina feminina. Está presente no
leite materno e é um dos primeiros microganismos a
colonizar o intestino infantil.
Como outras espécies de Bifidobacterium, Bifidobacterium longum é uma
bactéria do ácido lático, que também produz ácido acético, etanol e ácido
fórmico. Bifidobacterium longum é capaz de produzir ácido succínico, também,
desde que consuma nutrientes. O ácido succínico está envolvido na produção
de energia no corpo.
Bifidobacterium longum é um anaeróbio para fermentação, mas é
aerotolerante por isso é mais versátil do que algumas outras espécies de bífido.
É capaz de fermentar uma ampla variedade de carboidratos, incluindo a lactose
e os açúcares em vegetais crucíferos como feijão e alguns grãos de cereais que
o ser humano não pode digerir.
Indicações: desconforto gastrointestinal (gases, obstipação e diarreia),
diarreia associada a antibióticos, infecções por E. colii - capacidade de aderência
reduzida in vitro, infecções por Shigella sonnei - alta atividade in vitro contra ele,
infecções por C. dificile - reduziu as concentrações fecais, alergias a pólen do

131
cedro japonês, possível manutenção de peso, a redução do colesterol total, LDL,
VLDL e excreção do colesterol.
Posologia: a dose diária recomendada deve ser maior do que 1bilhão de
UFC ao dia.

Lactobacillus acidophilus
Os Lactobacillus acidophilus são bactérias probióticas
comumente encontradas em mamíferos, principalmente
no intestino delgado. Produzem ácido lático, diminuindo
o ph do meio intestinal, criando um ambiente favorável
aos organismos benéficos e inibindo o desenvolvimento
e atividade de patógenos.
Os Lactobacillus acidophilus tem ação direta na
melhora da digestão da lactose, através da estimulação da
atividade da lactase da mucosa intestinal e a devido à ação da beta-
galactosidade, que aumenta a digestão da lactose e, assim reduz os sintomas
da intolerância à lactose (formação de gases, mau hálito, cólicas intestinais).
Em um estudo onde o objetivo foi estudar a microbiota intestinal, ácidos
graxos voláteis e ph nas fezes, durante e após a administração de clindamicina
com suplementos de Bifidobacterium longum e Lactobacillus acidophilus,
demonstrou que a suplementação com uma combinação de dois microrganismos
intestinais, B. longum e L. acidophilus, reduziram as mudanças na microbiota
intestinal causada pela administração de clindamicina.
Na síndrome do intestino irritável, o uso de Lactobacillus acidophilus e
bifidobacterias mostrou-se eficiente para diminuir o tempo de diarreia.

Indicações: Tratamento de enterocolites, adjuvante no tratamento de


diarreia, restabelece a microbiota intestinal após antibioticoterapia, regula a flora
intestinal e funções digestivas.
Posologia: Na prevenção e tratamento da diarreia, a dose usual é de 1 a
2 bilhões de UFC ao dia. Para a manutenção da flora intestinal normal a dose
usual é de 1 a 10 bilhões de UFC ao dia. Utilizam-se concentrações de 200
milhões de Lactobacillus acidophilus por supositório vaginal.

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Lactobacillus bulgaricus
Lactobacillus bulgaricus são bactérias gram-positivas,
termofílicas e em forma de bastão; heteroferementadora,
produzindo ácido lático a partir da lactose. Resiste a elevadas
concentrações de ácido lático. Juntamente com o
Streptococcus termophilus melhora a absorção da lactose,
através do aumento da enzima lactase e consequente
diminuição dos sintomas relacionados com a intolerância à lactose.
Indicações: Indicado nos casos de enterocolite, constipação,
coadjuvante nos casos de cirrose hepática, desequilíbrio da flora intestinal após
antibioticoterapia, promoção dos movimentos peristálticos intestinais, prevenção
de alergias.
Posologia: a dose usual é de 1,0 a 4,0 bilhões de UFC ao dia.

Lactobacillus casei
O grupo Lactobacillus casei compreende
bactérias láticas fenotipicamente e
geneticamente heterogêneas, aptas a colonizar
vários ambientes naturais e criados pelo
homem como boca, trato intestinal e vagina
humana, laticínios e produtos vegetais,
ensilagem, esgoto e alimentos deteriorados.
As espécies Lactobacillus casei, Lactobacillus paracasei e Lactobacillus
rhamnosus fazem parte do chamado “Grupos Lactobacillus casei” têm sido
amplamente estudadas com relação a suas propriedades promotoras à saúde,
sendo frequentemente empregadas como probióticos em alimentos
industrializados.
Dentre várias características associadas às bactérias láticas,
particularmente ao grupo Lactobacillus casei, destacam-se, também, o fato delas
possuírem atividade antimicrobiana contra microrganismos patógenos,
contaminantes e deteriorantes em alimentos, incluem coliformes,
Staphylococcus aureus, Listeria monocytogenes, Salmonella e Candida spp,
Zygossacchamoryces bailii e Penicillium sp.

133
Indicações: proteção contra agentes infecciosos pela diminuição da
colonização intestinal por patógenos, atividade das imunidades local e sistêmica,
redução dos sinais clínicos de diarreia por rotavírus, diminuição de triglicérides
séricos e de colesterol, redução da excreção de metano e aumento da
concentração cecal dos ácidos graxos de cadeia curta totais, particularmente,
acetato, propionato e butirato.
Posologia: a dose usual é de 2,5 a 4,0 bilhões de UFC ao dia.

Lactobacillus rhamnosus
O Lactobacillus rhamnosus é muito prolífico, de alta resistência aos sais
biliares, adere à mucosa intestinal e protege o trato intestinal contra a invasão e
atividades de microrganismos nocivos. Entre as estirpes de lactobacillus, os
Lactobacillus rhamnosus são os mais amplamente utilizados e bem
documentados.
É encontrado tanto no intestino delgado quanto no trato vaginal. E
produzem substâncias denominadas bacteriocinas, proteínas metabolicamente
ativas, que auxiliam na destruição de microrganismos indesejáveis.
Indicações: infecções do trato vaginal e urinário e na produção de
imunidade contra vírus e bactérias patogênicas. O L. rhamnosus influencia na
maturação das células dentríticas de maneira que leva a estimulação das células
T. Reduz a duração e gravidade da diarreia infecciosa aguda em crianças e na
diarreia associada a antibióticos.
Posologia: a dose usual é de 2,5 a 4,0 bilhões UFC ao dia.

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