Protegida Pelo Capo 1
Protegida Pelo Capo 1
Protegida Pelo Capo 1
Ravena
É incrível como nossa vida muda de uma hora para outra, é injusto
como a dor e tristeza parecem tão presentes na vida de quem não merece,
nesse exato momento eu me despeço da melhor parte da minha vida, me
despeço da única pessoa que luta por mim, mamãe partiu de uma forma
muito rápida e me deixou aqui sozinha e desprotegida.
Tento imaginar um mundo diferente onde meu pai e agora a minha
única família se importe o bastante comigo, já que para ele eu sou apenas
um fardo, algo estúpido e sem valor, papai nunca gostou de mim e sempre
fez questão de deixar isso muito claro.
Essas palavras cruéis não deveriam ser ditas por ele, meu pai deveria
me amar e proteger mas não, ele deixa claro com suas ações o quão
desprezível é a minha presença em sua vida.
Agora sinto que tudo piorou de vez com a morte repentina de mamãe
me vejo sozinha com meu pai e Deus sabe o que ele poderá fazer comigo,
me sinto completamente perdida, mamãe me disse antes de partir que eu
devo me manter forte sempre e nunca deixar que os outros tirem os meus
valores, e eu sei que será difícil seguir em frente sem ela, mas pelo menos
irei tentar.
Um mês desde que minha mãe foi morar no céu e eu não aguento
mais apanhar todos os dias, ficar sem comida ou ter que comer lixo que são
as sobras da cozinha, porquê papai diz que esse é o meu castigo, apesar de
não entender ao certo o porque estou sendo castigada eu apenas aceito.
Grey's Anatomy
CAPÍTULO 01
Matteo
Dias atuais!
Itália
Nem percebi que o nascer do dia chegou e lá estava eu mais uma vez
acordado, sem dormir apenas planejando minha vingança, era isso que
movia meus dias há quase dezenove anos e sei que ela está mais perto do
que nunca, com a ajuda do meu subchefe e do meu consigliere, acabamos
descobrindo por acaso uma espécie de casa de prostituição ilegal de
menores comandada diretamente por Ravielle e sua gangue, agora era
esperar o momento certo para atacar.
Olhei para o relógio em meu pulso e constatei que era hora de
levantar e começar o dia, tomei um banho para me livrar do cheiro de
cigarro já que Antonella era estudante de medicina e vivia me alertando
sobre os perigos causados pela nicotina, coloquei meu melhor terno,
aprendi cedo que se você vai para uma guerra deve usar seu melhor terno,
desci para encontrar com Gabriel e Natanael logo após o café da manhã.
Como Antonella estudava de forma integral ela saia extremamente
cedo e sempre rodeada de seguranças, afinal os perigos eram constantes,
Antonella era vista por todos como a princesa da máfia e um alvo fácil para
muitos inimigos, mal sabem eles que minha irmã é uma excelente lutadora,
habilidosa com facas e adagas de diferentes estilos, mas ainda sim é minha
irmã caçula e meu dever é mantê-la segura.
Mal cheguei no escritório dei de cara com Gabriel, ele já me
esperava, encarando-me com seu sorriso largo e ao mesmo tempo
amedrontador. Gabriel era como um irmão para mim, meu pai o resgatou
em um orfanato na periferia da Itália, lá ele era constantemente maltratado e
abusado, foi muito difícil fazer com que Gabriel se adapta-se a sua nova
vida, porém fomos muito pacientes com ele e aos poucos ele se tornou da
família, meu subchefe nasceu na Bulgária e veio parar na Itália por uma
triste obra do destino.
— Bom dia meu querido amigo!
— Caralho dá pra ser menos feliz a essa hora da manhã?
— Quanto estresse a essa hora da manhã! Seu ranzinza.
Meu subchefe era conhecido por seu sarcasmo e senso de humor,
especificamente na hora de matar um inimigo. Já presenciei Gabriel em
uma crise de risos no meio de uma execução, nós capturamos dois irmãos
conhecidos por suas traições a máfia e a suas famílias, Gabriel foi o
encarregado para matá-los e quando ele viu o corpo do irmão mais velho
completamente desfigurado pelos ferimentos causados pelas balas, ele
simplesmente começou a rir e muito, deixando o outro irmão apavorado e
confuso.
— Pelo visto você tirou essa manhã para infernizar a minha vida.
— Calma cara, se estou aqui tão cedo e festejando o quão bela é a
vida é porque tenho uma explicação.
— Espero que sim, agora diz. — Me aconcheguei na poltrona e nos
servi de uma boa dose de uísque.
— Natanael conseguiu a localização exata da casa de prostituição dos
Ravielle, temos que que invadir o local o quanto antes.
— Iremos no próximo mês Gabriel, já foi decidido
— Matteo, você não está entendendo a gravidade da situação, mas eu
vou te explicar calmamente.
Quando Gabriel assumia essa expressão assustadora era porque boa
coisa não viria, já sabia que os Ravielle eram perigosos, mas o que eu ouvi
mudou toda minha concepção, para pior.
— Natanael prendeu um dos frequentadores desse lugar, ele era um
subordinado da máfia, após umas horas de tortura e algumas mutilações, o
desgraçado revelou tudo que acontece por lá.
— Fale logo Gabriel, odeio rodeios.
— As garotas que trabalham lá, a maior parte delas são menores de
idade, algumas foram sequestradas, outras foram capturadas pelo fato da
família possuir alguma dívida com eles, as garotas mais velhas possuem em
torno de vinte e dois anos.
Os Ravielle eram sujos, eram ratos da pior categoria, e sabiam muito
bem quais as regras, crianças, idosos e mulheres são completamente
intocáveis em qualquer lugar, e mesmo assim continuavam infligindo todas
elas, porém ainda eram aclamados, por seus atos por seres nojentos iguais a
eles.
— A pior parte vem agora, quando as garotas completam vinte e dois
anos elas são entregues aos mafiosos mais importantes, em uma espécie de
ritual, são estupradas de forma coletiva, e aquelas que conseguem viver
ganharam sua liberdade, que consiste em viver na Rússia mas não
precisarão trabalhar no prostíbulo, e as que morrem continuam tendo seu
corpo violado até os vermes cansarem.
Porra, isso é o cúmulo da maldade humana, os desgraçados eram
adeptos a necrofilia, estupro e tudo de pior que existiam, no mundo, o pior
disso é que os homens envolvidos eram casados, alguns possuíam filhas de
idades semelhantes, mesmo com tudo isso eram respeitados por seus
seguidores.
— Caralho ! Vamos intervir o quanto antes. Diga a Natanael que
chegaremos lá o mais rápido possível.
— Sim Capo! Como quiser.
— Nós iremos salvar todas, agora ligue para Natanael, a fera deve ter
acordado depois de anos, sabemos como ele fica, em casos como esses.
Nem precisei alongar o assunto, pois Gabriel entendia perfeitamente,
Natanael era conhecido no submundo como Fera, um ex lutador de MMA,
que tornou-se assassino de aluguel, mas acabou perdendo a esposa e filha
de forma cruel.
Finalizei minha reunião com Gabriel, e fui para uma das nossas
empresas, precisava resolver alguns assuntos pendentes antes de partir para
a Rússia.
Papai deixou para mim e para Antonella uma empresa do ramo
imobiliário, era como segunda opção por via das dúvidas, nos últimos anos
tivemos uma melhora significativa no ramo, algo que era de se esperar, já
que eu fazia de tudo para manter a empresa de pé, além disso eu tinha a
ajuda de Natan e Gabriel.
— Bom dia senhor Mattarazzo. — Cumprimentou-me Jaqueline,
minha secretária.
— Bom dia Jaqueline, achei que não a veria por aqui hoje. — Falei
apontando para sua barriga de quase nove meses de gestação.
Jaqueline era minha secretária de anos, tivemos um caso a um tempo,
porém me neguei a continuar já que ela é uma mulher boa e que merece
muito mais do que uma foda de uma noite, tempos depois Jaqueline
conheceu meu segurança Henrique e acabaram se casando e agora ela
estava grávida, em pouco tempo seriam pais de Henry.
— Henry ainda me deixa trabalhar, pelo menos por enquanto.
— Sei! Já liberei sua licença maternidade, pode sair quando quiser,
posso me virar aqui.
— Eu sei senhor, porém por enquanto irei ajudá-lo. Você tem uma
reunião daqui a pouco com um dos compradores do imóvel de Veneza, o
senhor Gonzalez virá dentro de uma hora.
— Algo mais?
— Por hoje não, porém amanhã tem aquela palestra com os
arquitetos da Turquia.
— Cancele por favor, amanhã precisarei viajar e não tenho previsão
de retorno.
— Sim senhor.
Depois da reunião passei o dia inteiro enfurnado na empresa,
resolvendo problemas que no fundo realmente não me interessavam, ao
olhar no relógio notei que já passavam das seis da tarde, desliguei o
notebook e me preparei para ir embora. Meu telefone tocou o nome de
Natanael ou Natan como ele preferia ser chamado brilhou na tela.
— Natan?
— Matteo, só liguei para lhe passar os últimos detalhes de amanhã.
— Ok, pode falar.
E assim passei os próximos trinta minutos ouvindo as inúmeras
recomendações de como chegar no local combinado, a boate ficava afastada
da cidade, quase próximo a Vladivostok uma cidade no interior, deveríamos
ter cautela e cuidado para chegarmos ao local sem sermos percebidos.
Natan encerrou a ligação e eu nem notei que já passava da hora de ir
para casa, gostava de chegar e conversar um pouco com minha irmã, ela era
a leveza dos meus dias.
Cheguei na mansão e como já esperava Antonella já estava no quarto,
porém eu sabia que ela só dormia lá pela madrugada, já que seus estudos
sempre eram mais importantes. Fui em direção ao seu quarto e como se
adivinhasse que eu iria vê-la, deixou a porta do quarto entreaberta.
— Você demorou, como você está? — Antonella era a cópia perfeita
de nosso pai na aparência, e de nossa mãe na personalidade, minha menina
estava crescendo, e meu peito doía só de imaginar algo ruim acontecendo
com ela.
— Desculpe, me enrolei na empresa, mas estou bem e você como
está? E a faculdade?
— Estou bem, me sinto cansada, porém realizada.
Abracei a forte, como sempre fazia todas as noites, minha irmã era
tudo que eu tinha e a única que não conhecia o temido coração gelado.
— Preciso que se cuide e tenha cuidado, ok? Amanhã irei para uma
missão na Rússia e não sei quando voltarei e caso algo aconteça comigo,
você já sabe o que fazer.
Minha irmã e eu tínhamos um acordo maluco que ela se negou a
topar de início, caso algo me acontecesse Antonella fugiria para o Brasil
usando identidades falsas, iria largar tudo aqui e partiria, já tínhamos tudo
certo inclusive uma nova faculdade para que ela não se prejudicasse.
— Não diz isso, você sempre volta irmão. E o que vai fazer?
— Desmanchar uma casa de prostituição com garotas sequestradas e
menores de idade.
— Meu Deus! — Antonella levou as mãos à boca com uma
expressão de puro choque.
— Preciso que se cuide, sabe o risco que eu irei correr.
Nos abraçamos mais uma vez, e ali eu fiquei por um tempo, Nella era
minha única família, a única pessoa que eu tinha, seríamos eu e ela para
sempre.
— Sinto falta deles. — Apontou para a foto dos nossos pais que
ficava na sua mesa de estudos. Antonella era praticamente uma bebê
quando mamãe foi morta, porém lembrava das canções de ninar que nossa
mãe cantava todas as noites.
— Eu também, sei que eles vão se orgulhar de você
— De você também, não pense que é menos merecedor da felicidade
só porque faz o que faz, irmão, você salva pessoas, e sabe disso.
Não me considerava um salvador para ninguém, eu causava o caos e
trazia trevas para todos, eu não era um salvador, não fui capaz de salvar
minha própria mãe, então como eu poderia ser o herói de alguém. Deixava a
luz e a felicidade para Antonella, ela sim era um anjo que nunca iria ser
afetada por toda essa sujeira do submundo.
— Não tenho tanta certeza, mas deixaremos esse assunto para outro
dia.
— Boa noite Matt, te amo e se cuida.
— Eu também amo você irmã, tentarei me cuidar, e você juízo.
Sai do seu quarto sem olhar pra trás, eu sabia que Antonella iria
chorar, eu a entendia, o medo era algo constante na vida de quem fazia parte
da máfia, mesmo que indiretamente.
Já no meu quarto observei o jardim, lembrando dos tempos felizes da
minha vida, a época que eu não tinha que me preocupar com nada,
visualizava mamãe sentada na grama, com os cabelos soltos enquanto
alisava sua barriga imensa por conta da gravidez, papai brincava comigo,
naquela época eu não fazia a menor ideia do que era máfia e do inferno que
minha vida se transformaria.
Imagens da minha mãe sendo morta na minha frente começaram a
surgir na minha mente, mamãe implorava pela vida, eu não a salvei. Eu não
pude salvá-la!
— Mãe me perdoa, eu não salvei você.
Me joguei no chão enquanto aquelas imagens entravam cada vez
mais na minha mente, não pude salvá-la, "você não é o herói, você é o
vilão, você é o monstro" essas palavras ressoavam em minha mente como
um lembrete.
Fui até o banheiro do meu quarto, procurei canivete que ficava
escondido no armário e fiz algo que ajudava a amenizar a dor que eu sentia,
desde a morte da minha mãe eu me mutilava, minhas pernas e meus braços
possuíam cicatrizes que ninguém jamais desconfiaria.
Quanto mais eu cortava mas eu sentia vontade de acabar com essa
dor dentro do meu peito.
— Me perdoa mãe, por favor me perdoe.
Quando finalmente recuperei o domínio sobre meus atos, voltei para
o banheiro, me joguei embaixo do chuveiro deixando a dor e o sangue
escorrer.
Era isso que eu era, um fraco, um covarde!
CAPÍTULO 02
Matteo
Como o local ainda não estava aberto ao público havia somente três
capangas, Fera e Demon provavelmente já tinham se livrado deles, porém
esse eu queria vivo ,afinal precisávamos de uma pessoa com informações
do Ravielle, num ato de distração do meu adversário eu consegui me erguer,
começando uma sequência de socos, a adrenalina corria em minhas veias,
ali eu já era o ceifador movido pelo ódio e pelo Sangue.
— Chega Ceifador! Vai matá-lo!
Não conseguia ouvir o que diziam ao meu redor, eu só queria
arrebentar aquele desgraçado até que ele virasse um saco de merda.
— Chega Matteo! — Dessa vez a voz autoritária de Natan conseguiu
me parar, quando o soltei, ele já estava inconsciente, quase morto.
— Cara precisa se controlar! — Gabriel tentou me agarrar pelo
colarinho do terno.
— Vai se foder Demon!
O som de tiro ecoou por todo ambiente, Fera havia matado madame
Cherry para que nossa atenção fosse voltada para ele.
— As garotinhas estéticas podem parar com isso?
— Porra, que velha sinistra. Gabriel riu enquanto olhava o corpo da
mulher no chão.
— Onde estão as garotas?
— No porão, Henrique e Raí já estão tirando elas de lá.
Nesse momento nem percebi que havia um par de olhos
amedrontados me olhando, uma garota pequena estava com o rosto
completamente machucado e as roupas rasgadas, era a mesma garota que a
velha estava espancando quando chegamos aqui.
— Merda! Eu me esqueci que ela ainda estava aqui!
— Porra! — Praguejou Gabriel.
Acabei me esquecendo completamente da moça que estava sendo
agredida pela tal madame, a menina era magra e parecia encolher à medida
que observava tudo ao seu redor, o medo em seus olhos eram nítidos.
— Vou falar com ela.
Natan se pôs a frente, mas eu o impedi, eu era o capo, era meu dever
fazer isso.
— Cuidado para não assustá-la ainda mais. — Advertiu Natan.
Ao me aproximar notava o quão assustada a garota ficava, e no
quanto se retraía para o canto, ela era uma menina praticamente, aparentava
ter bem menos idade do que realmente teria, estava magra e machucada.
— Por favor não me machuque, eu não direi nada do que vi aqui, por
favor. — Sua voz era melodiosa e estava rouca por conta do choro, sua
cabeça se mantinha baixa, ela resistia em fazer qualquer tipo de contato
visual.
Tentei me aproximar mas ela se encolhia ainda mais, sua mão estava
próxima a minha, e parecia estar quase na carne viva, no mesmo instante
veio a imagem de Antonella em minha mente, eu mataria toda a Rússia se
algo assim acontecesse com ela.
— Não irei machucá-la! — Busquei acalmá-la de alguma forma.
— Você vai, todos dizem a mesma coisa e no fim me machucam. —
A garota estava traumatizada, com certeza outros russos prometeram sua
liberdade e a agrediram depois, eu tentava não lembrar da minha mãe em
momentos como esse ou de Antonella, tentei afastar esses pensamentos,
nesse momento o foco era a garota diante de mim. — Eu prometo que não
irei lhe fazer mal pequena, estamos aqui para resgatar você e as outras
meninas.
— Você me causa medo, eu vi o que fez com ele. Disse enquanto
apontava para o sujeito caído no salão. Sua afirmação me causou um
desconforto estranho, não queria que ela sentisse medo de mim, queria que
ela se sentisse segura.
— Não tenha medo, olhe para mim e me diga qual seu nome.
A garota pareceu hesitar em olhar para mim, mas por fim levantou
sua cabeça lentamente.
— Me chamo Ravena, senhor. — Nada me preparou para o que eu vi
a seguir, a garota encarou-me revelando os olhos mais diferentes que eu já
vi, os seus olhos tinham um tom violeta vivo, e eram os mais belos que eu
já vi em toda minha vida.
— Irei tirá-la daqui, tudo bem, consegue se levantar?
Fez que sim com a cabeça, um movimento totalmente fraco isso era a
resposta do seu corpo cansado, ajudei-a ficar de pé com muita dificuldade.
— Aí! Não me sinto bem.
— Ravena? A garota estava tão frágil que desmaiou em meus braços.
— Merda, precisamos levá-la para Itália, não podemos ficar aqui com
ela. — Disse Gabriel enquanto Natan concordava.
— Tirem todas as garotas daqui e as levem para o esconderijo, depois
peça para que Raí e Carlos encontrem suas famílias.
— Sim, capo. — Natan seguiu rumo ao porão, enquanto Carlos ia no
seu encalço.
— Gabriel e Henrique levem esse troço para o jatinho, ele será muito
útil para nós. — Apontei para o homem caído no chão.
Segurei Ravena nos meus braços, enquanto sai porta afora. Algo me
dizia que a garota de olhos únicos era um grande mistério a ser desvendado.
— O que fizeram com você menina? — Gabriel olhava para Ravena
e seus machucados, como se aquela fosse sua irmã desaparecida, Katerina
sumiu no mundo logo depois que os dois fugiram e foram mandados para
um orfanato assim que chegaram no país.
— Quem fez isso com ela irá pagar, iremos descobrir quem é o
responsável por isso. Em seguida ela será entregue a sua família.
— Fico imaginando onde minha irmã pode estar uma hora dessas,
poderia ser ela no lugar dessa moça.
— Você ainda irá encontrá-la, tudo no seu tempo, tenho certeza de
que ela está bem.
Fizemos nossa viagem de volta o mais rápido possível, a pulsação e
respiração de Ravena pareciam mais fraco a cada instante, mal tive tempo
para pensar e simplesmente levei a garota para a mansão, foda-se a vida
dela era mais importante.
Ravena
Faziam exatos onze anos que eu tinha sido trazida para esse lugar,
prestes a completar doze para ser um pouco mais específica. Desde então
minha vida, que já era um completo pesadelo, se transformou em um
inferno diário, quando cheguei aqui eu não fazia ideia de que parte do
mundo era essa, até que ouvi uma das empregadas dizer que estávamos na
Rússia.
Foi quando eu percebi que estava completamente perdida e sozinha,
eu estava em um lugar desconhecido, com pessoas desconhecidas e que
com certeza me fariam mal. Assim que cheguei aqui fui mandada para um
tal de madame Cherry, uma velha esquisita que usava uma quantidade
absurda de maquiagem, Bóris lhe recomendou que ela me ensinasse tudo
sobre sexo e sedução, pois segundo ele no momento certo eu seria sua
escrava particular.
Sempre soube que a tal madame Cherry não era uma boa pessoa, eu
via todos os dias o jeito que ela tratava as outras meninas que viviam ali,
todas elas eram mais velhas que eu, éramos obrigadas a ficar nua na frente
dela e de uns homens esquisitos que se tocavam enquanto olhavam para
nós, aquilo me fazia vomitar sempre e por conta disso eu era a que mais
apanhava ali.
Um certo tempo depois percebi que as garotas mais velhas sumiram
repentinamente e nunca mais voltavam, naquele momento algo cresceu
dentro de mim, seria esperança? Talvez! Até eu descobrir o porque elas
sumiram, aparentemente madame Cherry mandava as meninas mais velhas
como presentes para os mafiosos russos, elas eram abusadas até a morte e
se tivessem a sorte de saírem vivas ganhavam a liberdade.
Para ser mais específica, quando uma de nós completava vinte e dois
anos, éramos jogadas na cela do leão para sermos usadas como sacrifício.
Alguns anos depois que fui deixada aqui, Bóris apareceu e disse que quando
chegasse a hora eu seria interinamente dele, cada parte do meu corpo iria
pertencer a ele, eu odiava aquele homem, odiava o jeito que ele me olhava e
o jeito que me tocava, eu sentia nojo do seu toque e não fazia questão de
esconder, em uma dessas vezes eu acabei vomitando no seu rosto e como
brinde ganhei um soco no rosto que fez apagar por dois dias, quando
acordei ele estava ao meu lado dizendo que eu era sua ametista e que eu não
deveria temê-lo e que em breve eu sentiria prazer com seu toque.
Daquele dia em diante Bóris ordenou que Madame Cherry pegasse
ainda mais pesado comigo, me agredindo de forma mais bruta e fazendo o
que fosse necessário para me dominar de certa forma. Naquela altura eu já
não tinha esperanças de liberdade, a única coisa que eu sabia era que, nunca
deixaria Bóris me tocar, preferia a morte do que ser violada por ele. Desde o
dia que cheguei a única coisa que me mantém de pé são os pensamentos em
mamãe, ela sempre dizia que eu deveria me manter forte a todo custo e era
isso que eu vinha fazendo diariamente, nunca mais ouvi falar de Giocondo
Roma o homem que por ser meu pai deveria me proteger, mas que nunca
me amou e na primeira oportunidade me trocou como uma mercadoria
velha.
Ravena
Matteo
Não pude negar o ódio corrosivo que senti ao saber toda a história de
Ravena, eu dificilmente me importava de fato com alguém totalmente
desconhecido, porém com aquela garota de olhos tão doces e diferentes eu
me vi completamente fascinado e me senti na obrigação de fazer algo.
Naquele momento ela não estava mais sozinha, tinha a mim, e a
minha proteção, o primeiro passo a ser feito seria ir atrás do verme do pai
dela, o homem que é o verdadeiro culpado de toda a merda que houve na
vida de Ravena, eu estava disposto a mover o mundo para encontrá-lo.
Peguei meu telefone para fazer uma ligação a Gabriel, ele possuía alguns
bons contatos que seriam úteis para nós.
— Alô, Matteo, o que deseja?
— Preciso que você encontre uma pessoa para mim.
— Certo, algum parente da moça?
— Sim, o pai dela. Preciso que encontre Giocondo Roma, temos
assuntos a acertar.
— Conheço esse tom de voz amigo, o que houve?
— O próprio pai a entregou ao Bóris quando ela tinha apenas dez
anos, tudo isso para quitar uma dívida.
— Filho da puta! Quem tem coragem de entregar a cabeça da
própria filha.
— Só um homem de merda, preciso que o encontre de preferência
vivo, eu mesmo faço questão de matá-lo.
— Como quiser!
Encerrei a ligação e permaneci estático na cama, tinham muitas
coisas a serem assimiladas naquele momento, a principal delas era esquecer
ao máximo a dona dos olhos mais belos que eu já vi.
Pela primeira vez em anos eu finalmente me permiti ter uma boa
noite de sono, acordei completamente atordoado, peguei meu celular e
chequei as mensagens de Natan e Gabriel, em seguida fui para o banheiro
fazer minha higiene matinal, hoje Antonella estava de folga então lhe daria
a missão de ir ao shopping.
Desci para tomar o café e logo notei algo diferente, o som de risadas
vindo da sala, algo que não se ouvia nessa casa desde a morte dos meus
pais.
Para minha total surpresa Ravena havia descido e se juntado a
Antonella, as duas riam enquanto conversavam, pareciam amigas de longos
anos.
— Bom dia! — Anunciei ao entrar no cômodo.
— Bom dia irmão!
— Bom dia senhor Matteo. — Ravena cumprimentou-me com um
sorriso tímido.
— Me chame apenas de Matteo, por favor, e a propósito como se
sente?
— Me sinto melhor, sua irmã disse que as vitaminas estão me
ajudando no processo de recuperação.
— Em breve estará completamente saudável, poderemos fazer
compras juntas. - Acrescentou minha irmã com uma euforia que eu jamais
presenciei.
— Iria adorar, poder sair e ver o mundo ao meu redor.
— Bem, primeiro vamos garantir que esteja cem por cento bem e
saudável, agora diga-me se você possui algum desejo pessoal, algo que
queria muito realizar. Ravena pareceu hesitante e pensativa, mas logo
sentiu-se confiante.
— Bom, quero muito retomar meus estudos, cheguei a concluir a
oitava série enquanto estava sob o domínio russo, quero dar continuidade de
onde parei, quem sabe no futuro eu possa ir a alguma faculdade.
Nenhuma criança merecia passar pelo que Ravena passou, ser
privada de coisas básicas e essenciais para sua formação, agora era meu
dever dar-lhe uma nova oportunidade.
— O que tem vontade de fazer em Ravena?
— Sempre gostei muito de livros e de literatura no geral. Presumo
que a literatura seja minha escolha.
— Ótimo, providenciarei tudo para que tenha aulas particulares, em
casa até que esteja cem por cento, também providenciarei documentos
novos para você.
Desde ontem a noite, minha cabeça começou a pensar o que eu
poderia fazer na tentativa de escondê-la de Bóris e de qualquer outro que
viesse atrás dela, cheguei a conclusão mais maluca de todas, daria a ela meu
sobrenome. Ravena tornara-se uma Mattarazzo, de início pensei em um
casamento arranjado depois vi que seria algo muito radical e perigoso.
— Documentos novos, como assim? — Ela pareceu não entender o
que eu havia dito.
— Darei meu sobrenome a você, assim será mais fácil ter minha
proteção aonde quer que vá, será como se você fosse nossa irmã caçula.
Céus eu havia perdido totalmente a noção, Antonella me encarava
com um olhar desconfiado, enquanto Ravena parecia assustada.
— Isso não seria um pouco demais ?
— Claro que não, será o necessário, mas não esquente sua cabeça
com isso.
— Tudo bem.
Terminamos o café de forma totalmente silenciosa, Antonella ficou
responsável por ir até o shopping comprar algumas coisas para Ravena.
Precisava ir para o escritório resolver algumas pendências e deixei
Ravena sob os cuidados de Liza, era incrível como aquela garota conseguia
sorrir e ver a vida com tanta leveza apesar de tanta turbulência em sua vida.
Fui recebido por Natanael e Gabriel, meus fiéis escudeiros, pela cara
de Gabriel ele trazia novidades consigo.
— Bom dia, novidades? — Tratei logo de perguntar.
— Não consegui descobrir nada com as meninas, apenas as deixei em
suas casas, porém Bóris já descobriu o que houve e está furioso,
principalmente por não saber onde Ravena está.
Natanael começou a falar enquanto servia-se de uma boa dose de
whisky.
— O maluco criou uma obsessão pela garota. — Gabriel acrescentou
parecendo incrédulo.
— Podemos nos preparar para uma guerra, Bóris não deixará isso
passar, as notícias correm e logo, logo ele saberá onde nos achar.
— Que a guerra comece, estou disposto a enfrentá-lo, esperei isso
por anos e agora tenho a oportunidade perfeita.
Meus amigos acenaram em concordância, afinal sabiam bem o meu
problema com Bóris.
— Ainda temos que resolver o que será feito com nosso inquilino do
porão. — Meu subchefe referiu-se ao tal Cletus, um dos capangas de Bóris.
— Iremos vê-lo, tentaremos uma comunicação amigável, se não
tivermos sucesso partiremos para a comunicação mais radical. Se é que me
entendem.
— Entendemos perfeitamente meu capo. — Natan e Gabriel
acrescentaram de forma sincronizada.
— Gabriel já conseguiu as informações sobre o pai de Ravena?
— Ela vai voltar para o pai? — Esqueci que Natan não sabia do
monstro que era o pai da pequena.
— Precisamos achá-lo para matá-lo, ele foi o responsável pelo que
aconteceu com a própria filha. Giocondo Roma entregou a filha como um
pagamento de uma dívida, Ravena tinha apenas dez anos e havia acabado
de perder a mãe.
— Desgraçado!
— Tem uma outra coisa que me intriga, Ravena disse que a mãe
morreu repentinamente, algo me diz que o canalha do pai dela está metido
nisso até o pescoço.
— Acha que ele matou a própria esposa? — Gabriel perguntou
curioso
— Tenho quase certeza.
— Bom iremos descobrir mais cedo ou mais tarde. Agora vamos
conversar com nosso hóspede. Faz tempos que não recebemos visitas tão
interessantes.
— Natan está fazendo aquela cara de quem vai colocar fogo no
mundo. — Gabriel caiu na gargalhada, pois era uma grande verdade, Natan
era um homem sanguinário.
— Pois bem, não vamos deixá-lo esperando.
Descemos em direção ao porão, o homem parecia mais morto do que
vivo, o rosto inteiramente deformado, a respiração quase fraca, para minha
total surpresa ele ainda estava consciente e percebeu nossa chegada.
— Bom dia, raio de sol! — Gabriel disse com um sorriso de orelha a
orelha.
— O que vocês querem comigo? Acham que eu vou falar alguma
coisa, estão fodidamente enganados.— O moribundo mal conseguia falar
sem tossir.
— Veremos meu querido, vamos começar temos um dia longo pela
frente.
Peguei um dos baldes com gelo, e sem pensar duas vezes despejei
sob o imundo diante de mim.
— Desgraçados! Podem me torturar o quanto quiserem.
— Tortura quem falou em tortura aqui amigo, estamos apenas
conversando. Gabriel inclinou-se diante dele, que agora tremia de frio.
— Podemos fazer isso de uma forma civilizada, basta colaborar. O
que sabe sobre as garotas que o Boris Ravielle sequestrava? E qual a
ligação dele com Ravena Roma?
— Então é isso. — Falou com dificuldade.
— Você quer saber sobre a putinha do Boris, quer as sobras.
Foi como se uma chave tivesse sido girada dentro de mim, não
consegui enxergar mais nada, apenas o sangue do desgraçado que
manchava minhas mãos à medida que eu o espancava. Não deveria me
descontrolar dessa forma, mas vê-lo falar de Ravena desse jeito, foi algo
que não pude controlar.
— Capo! — Ouvi Natan me chamar, enquanto Gabriel tentava me
tirar de cima de Cletus.
— Matteo, controle-se ou vai matá-lo.
Depois de algum tempo recobrei a consciência dos meus atos,
enquanto minhas mãos estavam completamente sujas e doloridas.
— O que deu em você porra? Quase matou a única fonte de
informação que tínhamos.
Natan pareceu enfurecido com minha reação, enquanto Gabriel
continuava me encarando sem entender meu temperamento.
— Vá a merda Natan, cuidem dele e me deixem em paz. — Gritei,
enquanto saia do porão.
— Aonde você vai porra?
Não respondi, apenas sai sem rumo, eu me sentia eletrizado e algo
em mim parecia fora de órbita. Quando percebi já tinha estacionado o carro
em frente a mansão, entrei enfurecido, atordoado, mas fui parado por uma
voz doce
— Matteo, o que houve? — Ravena estava parada diante de mim,
com uma expressão assustada no rosto, enquanto encarava minhas mãos e
minhas roupas completamente sujas de sangue.
— Nada! — Fui ríspido ao responder.
— Você está machucado e está sangrando, me deixa te ajudar.
— Ravena, eu não quero sua ajuda, agora me deixe em paz, suma da
minha frente.
O arrependimento daquelas palavras eram como se eu tivesse levado
um tiro no peito, ver a expressão de medo e tristeza da pequena mulher, fez
com que eu me odiasse ainda mais.
— Tudo bem, desculpe.
Vi o quanto ela segurava as lágrimas, o modo que eu falei com ela,
meu tom de voz tudo causou nela um medo que me cortou o coração, merda
eu era um completo idiota.
— Ravena me desculpe, eu não quis falar desse jeito com você.
— Não me deve nada Matteo, eu que invadi o seu espaço. Peço
perdão.
Sem me permitir dizer mais nada, Ravena virou-se em direção ao
quarto e me deixou ali me sentindo o pior monstro do mundo.
— Porra!
Praguejei alto, me arrependendo amargamente da minha atitude
grosseira, não que eu fosse um cavalheiro ou fosse conhecido por minha
gentileza, mas Ravena não tinha culpa de nada, ela é só uma vítima que foi
jogada nesse monte de merda.
Fui para meu quarto indo direto para o banheiro, precisava tirar essa
sujeira de mim, avistei em cima do armário o canivete que usava com
frequência para amenizar minha dor, passei um longo tempo encarando o
objeto, cheguei cogitar não usá-lo, mas no mesmo instante as imagens de
Ravena contendo o choro vieram com força, acho que não haveria dor
maior do que machuca-la.
Agora meu maior inimigo era eu mesmo, o monstro sem coração, sai
do banho vesti apenas uma calça moletom, não tinha intenção de sair do
quarto tão cedo, desliguei meu celular e me joguei no chão observando o
pôr do sol pela enorme janela do meu quarto.
Ali eu não era o Ceifador, nem o capo da máfia, ali eu era apenas
Matteo o garotinho que perdeu a mãe e que nunca soube lidar com o trauma
que isso lhe causou. Ali eu era apenas um homem quebrado que não sabia
lidar com seu luto eterno, alguém que jamais conheceria o amor verdadeiro
e a felicidade.
CAPÍTULO 06
Ravena
Matteo
Natan era conhecido por seus inúmeros contatos, não me admira nada
ele fazer a ligação toda em outro idioma.
— Tenho um contato de um casal de hackers em Nova York, em
breve teremos as informações que precisamos. — Explicou ele.
— Agora nosso problema é o amiguinho do porão, ele não quer falar
e precisamos que ele fale tudo que sabe.
— Tem razão Gabriel, vamos até o porão, juro que dessa vez não o
matarei com minhas mãos. — Pontuei. — Iremos tentar uma conversa
civilizada mais uma vez, do contrário já sabem.
Seguimos rumo ao porão, o lugar agora parecia pior que antes, o
cheiro de vômito, fezes e urina estava impregnado no local, Cletus estava
encolhido num canto, enquanto parecia balbuciar algumas palavras em seu
idioma original.
— Malditos italianos. Você não fugiu dele, Boris virá atrás de você.
— O homem tossia mais do que conseguia falar.
— Diga-me onde ele está. — Perguntei usando o seu idioma.
— Ninguém o encontra, ele ressurge das cinzas.
Senti sua respiração mais ruidosa do que o normal, o homem puxava
o ar com uma força descomunal, só então percebi que o desgraçado havia
feito um corte profundo em seu abdômen usando um canivete
provavelmente escondido em seus sapatos.
— Miserável! — Praguejei.
— O infeliz não tem muito tempo de vida. O corte é profundo e está
infeccionado, além de muita perda de sangue. - Gabriel avisou.
— Prefere morrer feito um covarde do que revelar a verdade.
Cheguei perto dele para encarar seu rosto inchado e deformado.
— Vá para o inferno Ceifador, pois eu estou indo com muito gosto.
Assim ele deu seu último suspiro antes da falta de ar lhe atingir com
força, causando sua morte rápida.
— Porra, ele era a única droga de pista que tínhamos.
A raiva estava me cegando, perdi a nossa última pista por culpa
minha.
— Não poderíamos imaginar que ele faria isso. Mas devemos ficar
atentos, ele disse que Bóris surge das cinzas. Então é lá que estaremos
quando ele resolver chegar.
A voz fria de Natan me fez perceber que estávamos no meio de uma
guerra e que nosso oponente era traiçoeiro como uma serpente.
— Vamos voltar para o escritório, não aguento mais esse cheiro.
Reclamou Gabriel, assim que voltamos o celular de Natan apitou
indicando que tínhamos novidades.
— Então?
Perguntei afoito, não queria admitir, mas nesse momento o
nervosismo era meu pior inimigo.
— O pai dela estava vivíssimo, mora na Espanha há onze anos, aqui
diz que não está casado e... Natan parou de ler como se algo não fizesse
sentido para ele.
— O que? — Perguntei aflito.
— Aqui diz que ele nunca se casou na vida e nem que teve filhos, diz
apenas que ele era um ex militar que foi para Espanha curtir sua
aposentadoria.
— Façam as malas, viajaremos para Espanha.
— Amo essas aventuras, você não adora Natan? — Ironizou Gabriel.
Seja lá qual o mistério que envolve Ravena, não irei sossegar
enquanto não descobrir detalhe por detalhe.
Custe o que custar.
CAPÍTULO 08
Matteo
Ravena
Matteo
Ravena
Matteo
Ravena
Ravena
"
— Minha mãe vai ficar preocupada. Eu estava com medo não
conhecia aquele homem
— Não se preocupe princesa, seu pai me pediu para trazê-la aqui
enquanto conversa com sua mãe. Papai iria machucá-la, ele machucava
a mamãe eu via ela escondendo os hematomas
— Eu quero ir para casa. Comecei a chorar, até que o homem
esquisito puxou meus cabelos.
— Cala a boca pirralha, tem sorte do Giocondo não me autorizar a
machucar você.
O homem se afastou e o telefone tocou, pouco tempo depois ele me
agarrou pelos braços e me jogou no carro, me levando de volta para casa.
Fui correndo até minha mãe, ela estava triste, estava machucada e
chorando.
— Me desculpe minha pequena"
Matteo
Ravena
Máximos Grizzi
19/10/1959 - 24/02/1998
Amado filho, amigo e irmão
Por incrível que pareça ir aquela casa e dar um fim nesse mistério
deixou parte do meu coração em paz, saber que agora mamãe e minha irmã
descansam em paz me confortava.
Com o passar das semanas Matteo e eu marcamos a data do nosso
casamento, que seria apenas uma cerimônia simples entre amigos.
Nella e eu marcamos as provas de vestido e cuidamos de todos os
assuntos relacionados a cerimônia, enquanto Matteo, Gabriel e Natanael
iam atrás de pistas de onde Boris poderia estar, o homem havia
desaparecido e não deixou nenhum rastro.
Matteo queria encontrá-lo antes do casamento para que pudéssemos
ter uma lua de mel tranquila e em paz.
Um mês depois…
POSITIVO!
Eu estava grávida de Matteo, eu seria mãe, e Matteo seria pai,
teríamos um bebê.
— Alô irmão?
— Irmã, onde vocês estão?
— Tive que passar no consultório da doutora Mônica, não se
preocupe só vim buscar uns materiais para um seminário.
— Tudo bem, mas não saia daí sem avisar aos seguranças, e Ravena
onde está?
— Ela está ao meu lado, quer falar com ela?
— Sim, por favor.
— Matteo? — Tentei soar calma e controlada. — Está tudo bem meu
amor
— Só fiquei preocupado com as duas, vocês são tudo que eu tenho,
prezo pela segurança de vocês
— Eu sei.
Conversei com Matteo por mais alguns minutos, evitando o
nervosismo transparecer em minha voz, passei o telefone de volta para
Antonella, os dois se falaram mais um pouco, até que ela decidiu desligar a
chamada.
— Irmão preciso desligar agora, vejo você mais tarde.
A Doutora Mônica entrou novamente na sala com meus exames em
mãos.
— Meus parabéns Ravena, você está cem por cento grávida.
Meu bebê agora eu tinha a mais pura certeza de que ele era real, meu
filho, meu e de Matteo.
— Já amo tanto você meu amor. — Nella pôs a mão em minha
barriga acariciando, se algo acontecesse comigo ele teria a tia e isso me
tranquilizava.
— Bem Ravena agora vamos realizar a transvaginal, certo? Vista isso
aqui e deite-se na maca.
Entregou-me uma camisola hospitalar.
Fui atrás do biombo e retirei as roupas vestindo apenas a camisola
fina do hospital, deitei-me na maca e a doutora começou o procedimento.
Logo uma pequena bolinha preta surgiu no monitor.
— Aqui está o seu bebê Ravena, como sua gestação é apenas de
quatro semanas ainda não é possível ouvir o coração dele.
Aquilo era uma sensação única e surreal, ver algo tão pequeno e que
cresceria dentro de mim, que se formaria e logo estaria comigo, meus olhos
estavam encharcados em lágrimas jamais pensei que viveria esse momento.
Olhei para o lado enquanto Antonella estava aos prantos, assim como
eu.
— Como você é pequenino meu bem, mas quando você crescer, sua
tia aqui irá te mimar tanto, tenho certeza de que você vai ser uma linda
menininha.
Sempre que me imaginava sendo mãe eu visualizava uma garotinha
com cabelos ondulados em que eu a enchia de beijos e fazia vários
penteados.
— Doutora quando posso saber o sexo do bebê e ouvir o
coraçãozinho dele.
— A partir da sétima semana já é possível ouvir os batimentos
cardíacos , quanto ao sexo do bebê dependendo da posição a partir da oitava
semana.
A doutora finalizou o exame e me passou inúmeras vitaminas e
recomendações.
Nella acompanhou-me de volta ao apartamento, estava chegando a
hora de contar a Matteo.
— Fica calma, qualquer coisa liga pra mim
— Tudo bem, obrigada Nella por tudo, sei que meu filho não poderia
ter uma tia e madrinha melhor que você.
Os olhos da minha cunhada iluminaram e ela me puxou para um
abraço antes de ir. Entrei no elevador segurando o exame de sangue nas
mãos, o coração palpitando, acariciei minha barriga dizendo a nós mesmos
que tudo ficaria bem. Assim que abri a porta Matteo já estava à minha
espera.
— Oi meu anjo, demorou.
— Matteo... — Comecei a criar coragem para falar.
— O que houve? Você está bem?
— Eu estou grávida Matteo!
CAPÍTULO 17
Matteo
Ravena
Ravena
As poucas vezes que saí de casa após a manhã do exame estava com
uma estranha sensação de estar sendo observada, e Matteo parecia ter algo
em sua mente que não o deixava em paz e eu temia ser o que eu pensava.
Nossa segurança foi reforçada o que me deixava mais confiante,
embora uma parte de mim ainda temesse, era como se algo ruim estivesse
para acontecer.
Antonella e eu marcamos de ir ao shopping começar o enxoval e os
móveis do quarto de Bella, como Matteo e eu estávamos entre morar no
apartamento e na mansão, decidimos que Bella teria dois quartos, um em
cada casa, principalmente pelo fato de que Nella ficaria com a bebê
algumas vezes então com um quarto pronto para ela na mansão tudo seria
mais fácil.
Ambas decorações seriam iguais, em tons pastéis apenas com as
cortinas mas rosadas, e não foi difícil encontrar tudo que precisávamos.
— Ai que gracinha. — Nella apontou para um vestido rose gold que
me ganhou na hora, não pensei duas vezes antes de pegá-lo.
Fomos em mais algumas lojas e decidimos parar na praça de
alimentação, eu estava faminta e Bella parecia reclamar dentro de mim.
— O que vai pedir?
— Hambúrguer com fritas e um copo de refrigerante. —Falei
salivando enquanto minha cunhada me olhava com sua expressão de
desaprovação. — Não me olha assim, é a Bella que está pedindo essa
comida, só quero agradá-la.
— Aham, sei!
Fizemos nossos pedidos e ficamos ali mesmo na praça comendo e
conversando quando disparos vindos do corredor do shopping nos fizeram
entrar em alerta.
— Meu Deus, Ravena, a gente precisa sair daqui.
Nem ligamos para as sacolas de compras apenas queríamos sair dali a
salvas, nossos seguranças estavam se espalhando para descobrir de onde
vinham o tiroteio, ao nosso lado estava apenas Raí e Carlos, corremos até o
estacionamento onde fomos surpreendidas por homens encapuzados, que
atiraram em Raí e Carlos que caíram desacordados, tentamos correr mais
meu braço foi agarrado com força no caminho.
— ANTONELLA? — Gritei minha cunhada que tentava lutar corpo
a corpo com o outro homem
— RAVENA? — E nesse momento de distração ela foi atingida com
uma coronhada na cabeça desmaiando na hora.
— Me soltem, por favor, me soltem. — Comecei a me debater mais
não adiantava, o mais forte entre os dois parecia impaciente. — Se não me
soltarem, eu vou gritar.
— Vá em frente!
— SOCORRO, SOCORRO ME AJUDEM POR FAVOR.
Após terminar a frase tudo que vi foi e senti foi um tapa atingindo-
me em cheio e me fazendo cair no chão na mesma hora. O que eu mais
temia aconteceu.
A escuridão me engoliu pela segunda vez!
Acordei completamente atordoado, meu corpo doía e meu rosto
estava machucado com um leve inchaço, tudo estava escuro mas eu
estranhamente conhecia aquele lugar, não podia ser, eu estava na minha
antiga casa e no meu antigo quarto, e só havia uma única pessoa que sabia
disso.
— Finalmente nos encontramos, meu doce anjo, achou que fugiria de
mim para sempre?
Não, poderia ser um pesadelo virei me para encarar o dono da voz
asqueroso, voz que eu conhecia bem, não poderia ser real meu Deus
— Bóris. — O pânico me atingiu, dor, medo desespero tudo em um
combo completo.
— Surpresa em me ver anjo? Procurei por você por muito tempo, e
me surpreendi ao saber que um Mattarazzo estava envolvido em meus
planos mais uma vez, poderia ter trazido a irmã, mas o que me interessa
realmente é você, minha pedra preciosa.
Ele caminhou em minha direção, me fazendo tremer de medo, sua
mão asquerosa tocou a minha pele me causando repulsa imediata.
— Diga-me como foi montar todo esse circo Ravena? Um
casamento, uma vida e até uma filha, sei que é uma menina Bella não é? Eu
poderia fazer com você o que já fiz diversas vezes, matá-la, e jogar seu
corpo como um presente de paz para meus inimigos.
Minha respiração estava acelerada, minhas pernas buscavam força
para continuar de pé.
— Bóris por favor esqueça essa loucura, Matteo é um homem justo
eu posso convencê-lo a deixar você ileso, mas não machuque a mim nem a
minha filha.
O homem se afastou e soltou uma risada diabólica, balançando a
cabeça em negativa diversas vezes.
— Eu nunca deixaria um Mattarazzo ser vitorioso, mais posso ser
justo com você, mantenho você sobre meu domínio até sua filha nascer ou a
arranco de você agora e a levo comigo para Rússia
— Nunca ouse sonhar com a minha filha, nunca está me ouvindo.
Com uma faca nas mãos ele aproximou-se da minha barriga fazendo
meu coração disparar, em um movimento rápido a faca foi cravada em meu
antebraço me fazendo gritar de dor.
— Isso é só o começo Ravena, você só sairá morta daqui, ou basta se
desfazer dessa aberração que carrega no ventre e ser minha, bem vinda ao
seu inferno meu anjo.
Sentia uma dor terrível em meu braço, por sorte o corte foi
superficial, porém sangrou bastante.
— Aproveite a hospedagem meu amor.
Virou-se saindo do quarto e me trancando ali, me permitir chorar, por
medo não da minha vida, mais por Bella.
— Seu pai vai nos achar meu amor.
Levei a mão na barriga e Bella chutou na hora como se entendesse
toda situação, o outro braço doía pelo corte feito pelo monstro do Boris,
enquanto eu rezava baixinho para que esse pesadelo tivesse um fim.
CAPÍTULO 20
Matteo
Ravena
Num piscar de olhos minha vida desmoronou mais uma vez, Bóris
me tinha como isca e usaria isso até o último minuto, meu coração se
apertava cada vez que eu lembrava da conversa entre Bóris e Matteo por
telefone, tinha de haver outro jeito Matteo não podia se sacrificar dessa
forma.
Bella precisará dele e eu preciso dele ao meu lado, ao lado da nossa
família.
Já estava a domínio de Bóris a quase um dia, e não havia comido
nada desde o shopping, o plano dele era me enfraquecer até que eu cedesse
a ele, mas eu seria forte por mim e por Bella, meu braço ferido por ele
agora dois menos graças aos lembretes de Nella sobre o que fazer em
primeiros socorros, além do braço meu rosto doía por conta do tapa que
aquele miserável me deu, tudo iria ficar bem eu sentia isso, a vida não seria
tão injusta comigo de novo não.
Espero que minha cunhada e os rapazes estejam bem, foi horrível ser
arrastada dali sem ao menos saber se eles estavam bem, no fundo estou em
paz pelo fato da minha cunhada não ter sido trazida junto para servir de
moeda de troca junto comigo.
Estava anoitecendo quando Bóris adentrou o quarto com seu sorriso
diabólico que me causavam náuseas.
— Meu anjo, olhe para mim, gosto de imaginar o seu olhar quando
estiver chupando meu pau depois que eu matar o seu maridinho.
Não olhei em sua direção, pois não queria nem pensar na hipótese de
ver Matteo morto.
— Olhe para mim sua vagabunda.
Meus cabelos foram puxados com um força que fizeram meus olhos
se encherem de lágrimas, o nojo em meu olhar era nítido, eu odiava Bóris
com todas as minhas forças.
— Eu nunca vou ser sua Bóris.
Rebati com uma convicção na minha voz apesar do medo que corria
em minhas veias.
Ele apenas balançou a cabeça de um lado para o outro rindo como
um louco.
— Você vai sim, e quem vai me garantir nisso é a sua filha.
Falou tentando tocar minha barriga mas logo me esquivei de seu
toque fazendo com que ele me jogasse na cama de maneira violenta. Ele
jamais faria comigo o que Giocondo fez com mamãe, usando a seu bel
prazer, a humilhando apenas para que eu ficasse segura.
Eu iria sair daqui e sumiria no mundo se fosse necessário, mas Boris
jamais tocaria em mim ou em Bella.
— Volto amanhã cedo, meu anjo, afinal é o grande dia.
E com isso saiu do quarto trancando-me no quarto, fiquei encolhida
na cama abraçando meu próprio corpo enquanto as lágrimas desciam sem
dó, eu queria acreditar que tudo ficaria bem, mas era impossível aquele
monstro parecia ter tudo ao seu controle.
Passei horas deitada em posição fetal, imersa nos meus próprios
pensamentos e pensando no que poderia fazer para me livrar desse pesadelo
até que um estrondo no andar de baixo fez meu corpo tensionar.
O barulho cessou e de repente tudo ficou num silêncio absurdo, olhei
pela fresta da janela mas não consegui ver absolutamente nada de anormal,
quando menos esperava um chute forte fez a porta abrir-se de uma única
vez.
Uma mulher loira e alta adentrou o cômodo, era Mariah a melhor
amiga de Matteo, meu coração se encheu de alívio.
— Ravena você está bem?
— Estou só um pouco tonta, como chegaram aqui e o Matteo?
— Calma, ele está lá embaixo com Natan e Gabriel, preciso tirá-la
daqui agora.
— Mariah, ele não pode se sacrificar assim.
— Ele não vai, agora vamos.
Juntei toda a força que me restava sendo amparada por Mariah e a
segui escada abaixo, a propriedade deteriorada aliada a má iluminação e
minha fraqueza dificultava ainda mais minha locomoção.
Chegamos no hall de entrada e pude ouvir a voz de Matteo e Bóris
discutindo, um calafrio percorreu minha espinha como se fosse um
presságio ruim.
— Não podemos sair Mariah, Bóris vai matá-lo.
— Está tudo sob controle Ravena, Matteo sabe o que está fazendo.
Ignorei todas as recomendações feitas por Mariah e adentrei o
cômodo de uma só vez, eu queria vê-lo precisava ver com meus próprios
olhos que Matteo estava bem.
— Matteo?
Meu marido parecia outra pessoa completamente diferente os olhos
azuis estavam cobertos por uma névoa de raiva e vingança, o terno antes
impecável agora estava completamente sujo de sangue, atrás dele pude ver
Bóris com o rosto inchado e ensanguentado, seus dedos pareciam cortados,
nunca vi uma cena tão macabra em toda minha vida.
— Ravena... Meu amor?.
Seus olhos azuis varreram o meu corpo parando exatamente nos
hematomas causados por Bóris, como se uma trava tivesse sido girada na
mente de Matteo, ele simplesmente pegou Bóris pelo terno e o arremessou
contra a parede.
Virou-se pra mim logo em seguida e como um louco veio em minha
direção.
— Meu amor, você está bem? E a Bella?
— Calma meu amor, eu estou bem, estamos bem.
— Achou mesmo que ia se livrar de mim Mattarazzo?
Como diz o ditado "vaso ruim não quebra" o imundo do Boris
conseguiu se levantar e mesmo mancando e completamente machucado
começou a vir em nossa direção.
— Peguei você Mattarazzo, enquanto a você meu anjo será minha
assim como sua linda Bella.
Tudo aconteceu muito rápido, Bóris sacou uma arma que estava presa
em seu terno e conseguiu atirar em Natan e Gabriel.
— NÃO!
Eu e Mariah gritamos no mesmo instante, Matteo aproximou-se dos
rapazes, mas foi interceptado por Bóris.
— Caiu exatamente como um idiota Mattarazzo.
— Era exatamente isso que eu queria, Bóris, que você acreditasse
fielmente que eu havia caído na sua, você me destruiu uma vez e não vai
fazer de novo, eu sou um Mattarazzo e um Mattarazzo não desiste.
— Seu desgraçado!
O cenário ao meu redor parecia uma cena de filme de terror, Matteo
apontava sua arma para Bóris que seguia com a sua erguida na direção dele.
— Te vejo no inferno querido amigo.
Como se houvesse tido uma sincronia, Boris puxou o gatilho no
mesmo momento em que Matteo. Os dois caíram no chão na mesma hora,
foi como se tudo estivesse em câmera lenta, corri desesperada me
esquivando dos seguranças e de Mariah que tentavam me segurar e me
impedir de chegar até o meu marido.
— Meu amor, não, não por favor fica comigo.
— Ravena... Boris conseguiu me acertar, meu... Amor você está
bem?
— Shiu não fala muito, vamos salvar você.
Esse pesadelo parecia não ter fim, Mariah chamou por reforços e não
demorou muito a chegar, os rapazes haviam sido pegos de raspão pelo tiro e
estavam apenas desmaiados.
— O... Boris?
Sua voz já estava falha e ele fazia um esforço imenso para continuar
conversando. O causador de toda a nossa desgraça havia morrido, tive a
confirmação através de Raí.
— Ele morreu, você conseguiu meu amor, eu te amo Matteo, nós
amamos você.
— Eu amo vocês... Eu... Quero que... — Matteo continuava a tossir
enquanto eu lutava para estancar o sangramento do seu abdômen.
— Shiu não se esforça tanto meu amor.
Meu rosto estava coberto de lágrimas e não sabia se era capaz de
suportar tanta dor mais uma vez.
— Eu estou morrendo meu anjo, quero que saiba que eu amo e
sempre vou amar vocês, diga a Bella que o pai dela a amava muito e que
morreu feliz por saber que seria pai dela.
Continuava chorando convulsivamente, Mariah estava estática com
os olhos azuis completamente tomados pelo choro.
— Diga a Antonella que ela seja feliz e que se cuide, e quando a
Bella nascer fala pra ela que o pai dela a amava muito e que fez isso para
salva...
A tosse se intensificou, sentia o corpo dele cada vez mais molengo,
até que ele fechou os olhos lentamente.
— MATTEO? NÃO! NÃOOOOOO, NÃO.
Comecei a gritar chacoalhando seu corpo.
Isso não, Matteo não pode morrer.
Ele não pode me deixar.
Ele não pode nos deixar.
— Vem Ravena, já chamaram a ambulância.
Relutei para sair do lado dele, Mariah me confortava do jeito que ela
podia. O mundo escureceu de repente, senti tudo girar.
— RAVENA? — Foi tudo que ouvi antes de desmaiar.
Acordei com barulhos de bips e alguns sons bem irritantes, forcei-me
a abrir os olhos e para minha surpresa eu estava num quarto de hospital,
tudo veio com força na minha memória, o shopping, Bóris, Matteo meu
Deus não Matteo estava morto.
Me debati na cama sentindo do meu corpo doer e um enjoo forte diria
até insuportável.
— Ravena, se acalma amiga.
Antonella entrou no quarto, me acalmando, senti um alívio muito
grande ao vê-la bem.
— Nella, aí meu Deus você está bem.
— Ei, eu estou aqui, agora se acalma.
— Matteo, os rapazes como eles estão?
— Natan e Gabriel estão bem, foi só um tiro de raspão, o Matteo…
— Percebi certa relutância de sua parte
— Antonella? Onde está o Matteo?
— O caso do meu irmão não é nada bom Ravena, ele teve uma
perfuração no baço e perdeu muito sangue, passou por cinco cirurgias,
agora depende do corpo dele reagir.
Quando eu finalmente comecei acreditar que todo pesadelo tinha tido
um fim, percebo que estou cada vez mais enterrada nele.
— Eu preciso vê-lo Antonella, por favor. — Supliquei.
— Você vai, mas precisa se recuperar Ravena, você está fraca e ficou
dias sem se alimentar, além disso precisamos monitorar você e a Bella.
Instintivamente levei as mãos à barriga sentindo a protuberância na
região, minha menina precisava estar segura.
— Tudo bem, mas me mantenha informada sobre ele.
— Ok, preciso ir até lá onde ele está, a doutora Mônica virá aqui em
breve, agora descanse.
Nella saiu da sala me deixando ali com a cabeça cheia de dúvidas e
medo, será que tu agora finalmente ficaria bem?
Um tempo depois a Doutora Mônica veio me examinar, fizemos
alguns exames de sangue e ultrassom graças a Deus Bella está bem, eu
precisaria de alguns cuidados extras mais nada demais.
Já estava anoitecendo quando Natan e Gabriel apareceram no quarto
graças a Deus eles estavam bem, os ferimentos foram apenas de raspão,
porém nossa maior preocupação era o estado de saúde de Matteo, ele não
apresentava nenhum sinal de melhora e os médicos já não podiam fazer
nada.
Nella me explicou que Matteo estava em um tipo de coma como se o
próprio organismo dele tivesse feito isso como um modo defensivo.
Mas eu seguia confiante, meu marido ficaria bem e no futuro isso
seria apenas uma triste recordação.
O resto da noite seguiu como um verdadeiro inferno para mim,
Matteo havia voltado para ala de terapia intensiva, Antonella tentava
demonstrar força mais nesse momento era impossível, eu me sentia um
completo caco, cansada física e emocionalmente o que se tornava um
problema para mim por conta da gravidez.
Bella parecia sentir todas as minhas angústias e chutou a noite inteira,
eu estava chegando no sexto mês de gestação e tudo estava um completo
caos, Bella não tinha enxoval, Matteo estava entre a vida e a morte, toda
minha família estava desestabilizada naquele momento e mesmo lutando
contra os pensamentos negativos vez ou outra aquela pequena ponta de
interrogação "E se o Matteo não resistir?" Vinha para me assombrar.
— Ravena?
Minha cunhada adentrou o quarto, seu semblante estava cansado e
abatido, os olhos fundos e vermelhos denunciavam as noites em claro e as
horas contínuas de choro.
— Oi Nella, como você está? Parece tão cansada.
Ela deu um longo suspiro como se quisesse tirar um peso dos ombros
e me encarou.
— Eu estou exausta, estou com medo Ravena, os médicos não me
dão nenhuma notícia animadora Matteo continua na mesma.
Minha cunhada caiu num choro alto, soluçando como se houvesse
perdido as esperanças, meu coração estava partido em mil pedaços, mas eu
precisava me manter forte por ela, nesse momento tudo que tínhamos era
uma a outra.
— Vai ficar tudo bem, o Matteo vai ficar bem. Bella deu mais um
chute como se estivesse concordando com o que eu dizia.
— Ela chutou?
—A noite toda.
Nella levou as mãos a minha barriga buscando algum conforto na
sobrinha que nem havia nascido, mas já era uma pequena guerreira.
— Bella, sua tia está tão preocupada meu amor, o seu papai não ajuda
e nós precisamos que ele fique bem não é?
Um chute dessa vez um pouco mais forte, era incrível essa conexão
dos bebês com os sentimentos à nossa volta.
— Sabe de uma coisa? Vou te levar até o Matteo.
— Não será problema para você?
— Os plantonistas são legais comigo, só não podemos demorar
muito.
Levantei apressada com a ajuda dela e fomos rumo a terapia
intensiva, Nella me deixou devidamente paramentada para entrar no quarto.
— Seja forte Ravena, você tem meia hora com ele é o máximo que
consegui.
— Tudo bem.
Entrei no quarto ainda querendo acreditar que aquele homem era o
meu marido, Matteo parecia mais magro e mais pálido, na sua barriga havia
um curativo gigante cobrindo grande parte do abdômen, além de vários fios
conectados ao seu corpo, mas sua expressão era tranquila como se ele
estivesse apenas dormindo brevemente.
Com as mãos trêmulas e os olhos cheios de lágrimas me aproximei
dele, segurei sua mão fria, era tão estranho vê-lo desse jeito.
— Oi meu amor, sinto sua falta, nós sentimos sua falta. — Continuei
apertando sua mão enquanto com a outra acariciava seus cabelos.
— Bella está inquieta sabe, como se sentisse que você não está bem,
eu estava pensando na nossa viagem de lua de mel depois de tudo isso, para
onde iremos? Deixarei você escolher, prometo.
Conversar com ele acalmou meu coração de um certo modo, eu sabia
lá no fundo que ele estava me ouvindo.
— Quer sentir a Bella chutar?
Coloquei sua mão sobre a minha barriga esperando Bella chutar mais
uma vez, enquanto cantarolava uma música que minha mãe sempre cantava
para mim. Terminei a canção ainda com sua mão sobre minha barriga, até
sentir algo mexendo, a mão dele se mexia levemente de forma quase
imperceptível.
— Antonella, Antonella?
— Ravena, o que houve? — Ela entrou desesperada no quarto.
— Olha!
Nella parecia incrédula, com os movimentos tão suaves do irmão
mais que indicavam que seu corpo estava reagindo.
Até que seus grandes olhos azuis abriram-se fitando os meus
fixamente.
O meu amor tinha voltado para mim e agora eu tinha a mais plena
certeza.
CAPÍTULO 22
Matteo
Ravena
Matteo
Esse último ano foi o mais surreal e incrível da minha vida, tudo
começou quando eu resgatei Ravena ou melhor ela me resgatou, e desde
aquele momento eu me vi completamente perdido e louco pela garota de
olhos violeta, quando me dei conta estava apaixonado por ela e a pedindo
em casamento.
Tivemos altos e baixos causados por Boris e eu quase a perdi por
isso, mas no final as coisas se ajeitaram do jeito que tinha que ser. Ravena
trouxe para minha vida luz, amor e um novo significado e com isso me deu
um dos melhores presentes do mundo, minha princesa Bella.
Minha menina era um anjinho de tão linda, os olhos como Antonella
previu eram idênticos aos dela um tom chocolate e os cabelos mesmo
ralinhos davam indícios de que seriam como os meus, negros como a noite.
Todos na casa estávamos abobalhados com Bella, nossa bebê de braços
gordinhos e riso fácil encantava a todos na casa.
Bella já havia completado um mês de vida e foi bem difícil eu e
Ravena nos adaptarmos ao ritmo dela, na primeira semana foi um caos,
Bella chorou a noite inteira e tivemos que levá-la ao hospital para que
Antonella a examinasse, e como já era de esperar Bella estava com cólicas
fortes, minha mulher chorou com ela no hospital por achar que ela não
estava sendo uma boa mãe, tive que convencê-la do contrário afinal tudo
era novo para nós dois.
Eu faço questão de cuidar da nossa filha durante as madrugadas só
acordo Ravena quando necessário e assim tem sido nossos últimos dias.
— Oi amor, ela dormiu? — Fui até minha mulher que estava sentada
na poltrona de amamentação com Bella aninhada em seu colo.
— Oi, graças a Deus sim, o remédio prescrito pela pediatra é tiro e
queda para essas cólicas, não consigo suportar minha menina chorando e
com dor.
Peguei Bella em seus braços com cuidado para não acordá-la e a
coloquei no berço.
— Boa noite minha pequena, papai ama você.
— Você está se saindo um pai excelente, seus pais se orgulhariam de
você.
— Espero que sim, esses dias eu estava até pensando em ter mais
filhos no futuro.
— Sério? Bem, quem sabe daqui há alguns anos podemos tentar ter
um garotinho ou outra garotinha. — Falou enquanto caminhávamos para o
nosso quarto.
— Que tal um bom banho relaxante de banheira?
— Tenho uma ideia ainda melhor. — Ravena falou em um tom de
voz manhoso e eu sabia exatamente o que ela queria.
— Tipo o que minha querida esposa?
Aproveitei a oportunidade para provocá-la, ela caminhou em minha
direção passando as alças do vestido pelos ombros e os deixando cair no
chão ficando apenas de calcinha, suas mãos delicadas começaram a
percorrer todo meu peito descendo para meu abdômen e parando no meu
pau que já estava reagindo ao seu toque.
— Você vai adorar, tenho certeza.
Sussurrou em meu ouvido, fui empurrado para cama enquanto ela
ficava de joelhos na minha frente, desabotoando minha calça e tirando meu
pau para fora sem perder o contato visual comigo, seus olhos brilhavam de
desejo e luxúria.
Sem nenhum pudor levou ele até sua boca sugando chupando e
lambendo fazendo o que bem entendia me levando ao delírio.
— Chupa gostoso meu amor.
Prendi seus cabelos em minhas mãos guiando seus movimentos,
fodendo sua boca fazendo-a engolir o máximo que conseguia.
Soltei seus cabelos e a deixei livre, hoje ela queria estar no comando
e puta que pariu isso era sexy demais, vê-la se soltando no sexo era algo
maravilhoso. Ela retirou meu pau de sua boca e continuou me masturbando
lentamente.
— Quero que você goze na minha boca, quero engolir toda sua porra.
Levou meu pau novamente a sua boca percebendo que suas palavras
surtiram o efeito desejado em mim, chupando com mais rapidez e sugando
toda a glande, não demorou muito para que eu enchesse sua garganta com
meu gozo, a cena dela ajoelhada e chupando toda porra que escorria do meu
pau era delirante e excitante pra caralho.
— Engoliu tudo como a putinha que você é, agora é minha vez de
chupar você até gozar gostoso na minha boca.
Inverti nossos papéis e a joguei na cama com as pernas abertas, levei
meus dedos por toda boceta já molhada e penetrei sua entrada tirando os
dedos melados e levando a boca.
— Deliciosa, boceta gostosa do caralho.
Abocanhei sua boceta de uma só vez usando os dedos para afastar os
grandes lábios. Usei a língua para foder sua entrada, fazendo movimentos
similares aos das estocadas.
— Que gostoso amor, não para.
Choramingou enquanto se agarrava aos lençóis. Continuei com os
movimentos agora mais rápidos usando os dedos para masturbar seu
clitóris, até sentir seu corpo tremer nesse meio tempo Ravena agarrava-se
ainda mais às cobertas.
— Matteo... Oh céus eu vou...
— Isso meu amor, você vai gozar bem gostoso.
Não demorou muito para que ela explodisse em prazer, me
presenteando com todo gozo dela, chupei sua boceta como um cãozinho
lambendo sua refeição.
Avancei sobre ela tomando sua boca à minha, completamente
faminto, misturando o gosto de sua boceta ao gosto de nossas bocas
tornando tudo um sabor inesquecível.
— Agora vou te comer bem gostoso, até você ficar de pernas bambas
meu amor.
Coloquei ela de quatro e estoquei meu pau de uma só vez, nossos
corpos se chocavam à medida que eu socava com força e rapidez em uma
sintonia única éramos apenas nós dois e nada no mundo importava.
Gozamos juntos mais uma vez, ali suados e exaustos nós dois nos
encaramos , e o que eu sempre constatei sobre Ravena tornou-se ainda mais
real.
Ela era meu lar, minha parceira, a mulher da minha vida, a mãe da
minha filha, Ravena era minha vida e eu morreria por ela.
— Eu amo você com todo meu coração, você será sempre a minha
vida Ravena.
Seus olhos se encheram de lágrimas com a declaração, ela sabia que
minhas ações valiam mais do que simples palavras, mas eu nunca deixaria
de repeti-las.
— Eu amo você Matteo, com toda minha alma e sempre vou amar
você.
— Obrigado por me resgatar de volta à luz e me presentear com
seu amor.
Tudo que eu precisava para o resto da minha vida estava ali naquela
casa, toda minha felicidade estava ali e eu não precisava de mais nada.
EPÍLOGO
Ravena
Fim!
AGRADECIMENTOS!
ELLY:)
SOBRE A AUTORA
OBRAS PUBLICADAS