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Introdução À Avaliação Psicológica
Introdução À Avaliação Psicológica
Introdução À Avaliação Psicológica
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
Definição
❖ Processo complexo de resolução de problemas (resposta a questões) que utiliza vários procedimentos
de recolha de dados (testes, entrevistas, análise funcional) que são posteriormente integrados na
produção e confirmação de hipóteses acerca do sujeito e do seu problema.
⬥ É um processo de resolução de problemas, que pode ser visto tendo em conta:
▪ A identificação do problema a resolver (o que supõe a clarificação relativamente ao
pedido de ajuda);
▪ No conteúdo das perguntas (que questões formular, relativamente a que áreas);
▪ Na hierarquização das prioridades em função da centralidade dos problemas (que
problemas selecionar primeiro, por onde começar a investigação);
▪ Na complexidade das tarefas de avaliação (que obrigam à necessidade de ajuizar,
efetuar escolhas e tomar decisões).
⬥ Recorre à utilização clínica de testes psicológicos para facilitar a avaliação da personalidade.
❖ Processo variável, flexível e multifatorial (depende da questão colocada, das pessoas envolvidas,
compromissos temporais e de um número infinito de fatores).
⬥ Como tal, não pode ser reduzido a um conjunto finito de regras específicas, de etapas, ou de
instrumentos.
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Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 2º Semestre
Introdução a Avaliação Psicológica
❖ Processo através do qual se procura conhecer, compreender ou formar um juízo ou uma opinião acerca
de um sujeito.
⬥ Procedimento para fazer aprendizagens acerca das pessoas, para medir atributos psicológicos,
ou para obter amostras do comportamento psicológico.
⬥ Estudo descritivo, compreensivo e explicativo (em função do caso) do comportamento dos
sujeitos e dos grupos humanos.
▪ Esta atividade é muitas vezes referida como a medida das diferenças individuais, uma
vez que os resultados do processo de avaliação procuram caracterizar o que em cada
sujeito é diferente e singular (e o que é semelhante) relativamente a outros sujeitos.
⬥ Implica a existência de um processo para compreender e ajudar as pessoas a lidar com os seus
problemas.
⬥ Processo de desenvolvimento de representações, tomada de decisões e verificação de hipóteses
acerca do comportamento de outra pessoa em interação com o meio.
Objetivos
❖ Despistagem/rastreio de problemas
⬥ Descrição/identificação de atributos
❖ Compreensão/explicação do caso
⬥ E comunicar essa compreensão ao sujeito
❖ Verificação de hipóteses
❖ Diagnóstico
⬥ Função necessária à diferenciação das condutas e à classificação em psicopatologia
❖ Prognóstico do comportamento futuro
❖ Intervenção
⬥ Planificação da intervenção
⬥ Execução e medida da eficácia da intervenção
❖ Investigação
Contextos de Aplicação
❖ Escolar/educação
❖ Orientação Vocacional
❖ Aconselhamento Psicológico
❖ Clínica/Saúde
❖ Reabilitação física e sensorial
❖ Forense/Justiça
❖ Trabalho/Organizações
❖ Militar
❖ Tráfego
❖ Desporto
❖ Ambiente
❖ Etc.
Conhecimentos Fundamentais
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❖ A avaliação psicológica é uma tarefa profissional, e uma área de especialização, que distingue os
psicólogos de outros especialistas, conferindo-lhes autonomia profissional.
⬥ Segundo o Código Deontológico da OPP, a avaliação psicológica é um ato exclusivo da psicologia
e um elemento distintivo da autonomia técnica dos psicólogos relativamente a outros
profissionais.
❖ Apresenta uma singularidade técnico-científica.
❖ De certa forma, a avaliação psicológica implica formulação de juízos e tomadas de decisão (pré-requisito
para uma prática rigorosa e eficaz)
⬥ Relativamente:
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▪ Natureza do problema;
▪ Causas, gravidade e significado dos sintomas;
▪ Diagnóstico;
▪ Prognóstico;
▪ Interlocutores;
▪ Construtos/variáveis (a examinar);
▪ Instrumentos/metodologias de avaliação (questões psicométricas).
❖ Tipos de heurísticas
⬥ Heurística da disponibilidade
▪ Quando as inferências formuladas acerca da frequência ou probabilidade de um
acontecimento são excessivamente influenciadas por outros fatores, derivada de uma
facilidade evocação/acesso cognitivo.
● Quanto mais ambíguos são os dados, mais as descrições são influenciadas por
ideias preconcebidas, e que estão mais facilmente disponíveis.
▪ Ou seja, é a tendência para formarmos julgamentos com base na informação mais
rapidamente e facilmente disponível que temos na memória sobre um acontecimento
semelhante, que tenha ocorrido no passado.
● P.e., recordo-me que existem muito mais restaurantes italianos em Lisboa, do
que japoneses. Por isso, assumo que existem mais italianos do que japoneses.
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⬥ Heurística da representatividade
▪ Apreciações relativas à probabilidade de determinada pessoa pertencer a uma
determinada classe ou de determinado acontecimento pode ser prognosticado, a partir
de determinada sequência de antecedentes.
▪ Ou seja, é a tendência para inferir que uma amostra de comportamento num dado
momento é representativo do funcionamento geral da pessoa.
● P.e., assumimos que uma pessoa é sempre ansiosa, por a vermos ansiosa por
ter ficado presa num elevador, quando na verdade não o é, foi apenas naquele
momento específico.
⬥ Heurística do carácter único
▪ Ênfase excessivo no carácter único e singular de casos individuais, havendo uma
negligencia dos dados relativos às distribuições, aos elementos comuns.
▪ É errado assumir que as probabilidades e normas não se aplicam também à avaliação de
casos singulares.
● P.e., assumimos um sintoma como algo nunca visto antes, pois como não
sabíamos, assumimos que é raro/único, e pode não o ser.
❖ Enviesamentos cognitivos
⬥ São erros sistemáticos, traduzidos na tendência para o julgamento se desviar invariavelmente
de uma norma ou critérios de validade aceites.
▪ Preferência subjetivamente fundamentada por uma dada conclusão ou inferência em
detrimento de conclusões alternativas possíveis.
▪ Erros cometidos devido ao uso incorreto da informação disponível.
⬥ Enviesamentos confirmatórios
▪ Associados a um trabalho quase instantâneo de elaboração inicial de concetualizações
ou categorizações acerca do sujeito, tendo por base uma quantidade mínima de
informação.
▪ Ou seja, é tendência para assumir as características de alguém com base em informação
mínima que temos sobre a pessoa. É a formulação de um julgamento inicial que se
mantém inalterado.
● P.e., primeiras impressões são estabelecidas no início da relação e resultam
numa visão da pessoa que se mantém alterada durante imenso tempo.
⬥ Enviesamento a posteriori da previsão
▪ Tendência para assumir, depois do conhecimento de um acontecimento ou dos seus
resultados, que estes são inevitáveis e poderiam ter sido facilmente prognosticados.
▪ Construir racionalmente um caso clínico a posteriori.
● P.e., uma pessoa empregada realiza um mau serviço, logo é inevitável que esta
seja despedida.
⬥ Correlações ilusórias
▪ Interpretações ou atribuições de correlação, ou mesmo de causalidade, entre duas
classes de acontecimentos que não estão correlacionados.
● P.e., uma criança interpreta as manchas do teste de Rorscharch como sendo a
figura de um monstro. O psicólogo irá assumir que essa determinada criança só
possui pensamentos negativos.
❖ Erros
⬥ É definido a partir da existência de consequências indesejadas;
▪ É uma inconsistência entre uma hipótese, conclusão ou inferência.
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▪ É uma crença não comprovada, uma contradição com aquilo que é prescrito por um
modelo de desempenho ótimo.
⬥ Os erro inferenciais sistemáticos podem corresponder ou a uma utilização excessiva de certas
estratégias inferenciais, intuitivas e, geralmente, válidas, ou a um recurso diminuto de
estratégias formais, lógicas ou estatísticas.
⬥ Os erros ocorrem:
▪ Porque as estratégias não são adequadas aos problemas;
▪ Porque a complexidade de informação excede a capacidade cognitiva do avaliador;
▪ Devido a “défices de competência inferencial” ou a “lapsos de desempenho inferencial”
(não utilização de conhecimentos disponíveis).
⬥ Erro fundamental de atribuição
▪ Tendência automática para atribuir a causa de um determinado comportamento a
fatores internos ao indivíduo que o exibiu, em vez de o atribuir a fatores externos ao
mesmo.
● P.e., o professor pode atribuir o insucesso de um aluno seu num determinado
exame a causas internas a si (p.e., falta de competência/capacidade), em vez de
o fazer a causas externas (grau de dificuldade do exame)
Sistemas
❖ Ter conhecimento e consciência da ação das heurísticas, enviesamentos e erros (ainda que, por si só,
esta familiaridade com as fontes de erro não seja suficiente)
❖ Treino, formação e experiência profissional
❖ Oportunidades para observar; exposição direta e prática a situações concretas; partilhar, em voz alta, os
processos de análise/decisão.
❖ Monitorização da prática, de uma forma sistemática (colocar questões, discutir argumentos, etc.)
❖ O juízo clínico não deve, apenas, depender da intuição
❖ Não basta a “capacidade/conhecimentos/competência), é também necessária performance
❖ Diminuir a “confiança” na memória: registar, consultar registos, dados e informações;
❖ Prestar atenção a causas de natureza contextual/ambiental
❖ Prestar atenção às fontes de incerteza
❖ Maior prudência na formulação de juízos definitivos acerca da pessoa e do(s) seu(s) problema(s)
TESTES DE AVALIAÇÃO
❖ Teste: instrumento de medida estandardizado que tem como objetivo a obtenção de dados acerca do
sujeito;
❖ Testagem: conceito mais amplo que o teste, é um processo que engloba a administração, cotação e
eventual interpretação dos resultados individuais de um teste.
❖ Avaliação psicológica
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❖ Conceptualização do teste
⬥ Necessidade de realizar o teste
⬥ Revisão da literatura
▪ Já existe esse teste? As suas propriedades psicométricas são satisfatórias?
▪ O que irá medir?
▪ Qual o objetivo?
▪ Existe uma necessidade para este teste?
▪ Quem o utilizará?
▪ Que conteúdo será abrangido?
▪ Como se aplicará?
▪ Qual o formato ideal? Deverá construir-se mais do que uma forma do teste?
▪ Que requisitos deverão deter os profissionais que aplicarem este teste?
▪ Benefícios/danos potenciais da aplicação do teste.
▪ Como se irá conferir significado às pontuações do teste?
⬥ Estudo piloto
▪ Investigação prévia à elaboração de um protótipo do teste (p.e., estudo individual dos
itens);
▪ Tem como objetivo verificar como medir, da melhor forma, o construto ou a variável em
estudo;
▪ Representa uma etapa decisiva para a qualidade do produto final.
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❖ Construção do teste
⬥ Elaboração de escalas (instrumento utilizado para medir algo)
▪ Tipos de escalas
● Nominal
o Inclui categorias de resposta qualitativamente diferentes e
mutuamente exclusivas.
o Atribui-se um número para codificar a resposta.
▪ P.e., “qual é o seu sexo?” (1) masculino ou (2) feminino
● Ordinal
o Admitem ordenação numérica, estabelecendo ordem entre as
categorias
▪ P.e., escalas likert
● Métrica (intervalo rácio)
o Intervalo
▪ Estabelecem ordem, e o maior número corresponde a uma
maior quantidade da variável
▪ O zero é arbitrário, ou seja, não indica ausência da variável.
● P.e., escalas de temperatura
o Rácio
▪ Iguais às de intervalo, mas o zero é absoluto e indica ausência
da variável
● P.e., escalas de cm ou km
● Escala de estimação: palavras ou símbolos relativos à intensidade de uma
característica, emoção ou atitude, e em relação aos quais o sujeito emite o seu
parecer ou opinião.
▪ P.e., “Gosto do meu curso” ( ) verdadeiro ( ) falso.
o Escala de likert: fornece, tradicionalmente, 5 possibilidades de
resposta ao item; contínuo entre discordância e concordância,
aprovação e desaprovação; são muito utilizadas, fáceis de elaborar,
permitem uma estimação somatória.
o Comparação de pares: são apresentados ao sujeito pares de
estímulos, duas afirmações, duas fotografias ou dois objetos, que o
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❖ Ensaio do teste
⬥ Ensaio com uma amostra com características idênticas à população final;
⬥ Condições de aplicação idênticas (instruções, limite de tempo, etc.);
⬥ 5 a 10 sujeitos por item do teste.
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Introdução a Avaliação Psicológica
▪ Outras considerações
● “Adivinhação”
o É importante reconhecer que o adivinhar a resposta pode não ser
totalmente aleatório (p.e., escolha múltipla);
o O problema dos itens não respondidos;
o Fator sorte.
● Imparcialidade do item
o P.e., se um item discrimina as respostas dadas por dois grupos que
não diferem na pontuação geral (homens/mulheres)
● Provas com limite de tempo
o Existe um conjunto de itens que ficará por responder;
o Pode optar-se por considerar apenas os itens respondidos, sob pena
de prejudicar os itens que aparecem em último lugar.
❖ Revisão
⬥ De um novo instrumento
▪ Informação recolhida é utilizada para refinar a versão inicial
▪ Itens são eliminados/reescritos
▪ Forças/fraquezas de cada item
⬥ De um instrumento já existente
▪ No caso de instrumentos já existentes, os mesmos devem ser revistos quando existem
mudanças significativas no domínio de avaliação, ou quando novas condições de
aplicação e interpretação inviabilizam a normal utilização do teste.
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❖ Consentimento informado
⬥ Obter consentimento informado, isto é:
▪ Dar a conhecer os objetivos da avaliação e os recursos disponíveis para a sua realização;
▪ Obter permissão para conduzir a avaliação.
❖ Identificação/explicitação do pedido
⬥ Identificar o motivo do pedido de avaliação;
⬥ Através de entrevista conhecer o contexto e características da problemática atual;
⬥ Esboçar uma primeira formulação do caso e estabelecer hipóteses;
❖ Planificação da avaliação
⬥ Selecionar de acordo com o ponto 2 as informações que são necessárias recolher através de
instrumentos e outros dados;
▪ Escolher criteriosamente os instrumentos, e outros métodos de recolha de dados.
❖ Recolha de dados (aplicação de provas)
⬥ Identificação da história de desenvolvimento e exame do estado mental;
⬥ Administração dos instrumentos selecionados no ponto 3.
❖ Resultados
⬥ Cotação das provas;
⬥ Redução do problema a pontos fracos e fortes, identificação da quantidade e qualidade dos
problemas.
▪ Isto é, distinguir áreas de bom funcionamento e de mau funcionamento;
▪ Estabelecer a gravidade do problema (ligeira, média ou severa)
▪ E a qualidade (p.e., ter ou não ter depressão)
❖ Validação da formulação
⬥ Formulação mais “definitiva” do caso, com juízos de diagnóstico e prognóstico adequados aos
resultados encontrados;
⬥ Identificar objetivos/hipóteses finais específicas.
❖ Comunicação dos resultados
⬥ Normalmente ocorre sob a forma de um relatório psicológico;
▪ Deve ser adequada/integrada ao motivo do pedido, a quem fez o pedido, e a quem
estamos a devolver a informação;
❖ Tomada de decisão
⬥ Orientação para os próximos passos a seguir (recomendações para seguimento).
❖ Técnicas de intervenção
❖ Monitorização
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ENTREVISTA
DEFINIÇÃO
❖ Entrevista
⬥ Técnica com elevada flexibilidade
▪ No desenrolar da entrevista, apesar dos objetivos pré-estabelecidos, o/a psicológico/a
deve adaptar-se às características únicas do/a cliente.
⬥ Técnica polivalente
▪ Função motivadora
▪ Função clarificadora
▪ Função terapêutica
OBJETIVOS
❖ Geral: desenvolvimento de hipóteses testáveis acerca dos fatores que contribuem para os atuais
problemas do sujeito e que podem ser relevantes para a posterior planificação da intervenção.
❖ Específicos
⬥ Facultar informação acerca dos problemas subjacentes ao pedido de consulta/avaliação
▪ Funcionamento psicológico do sujeito; identificação do modo como os problemas
afetam o sujeito (p.e., relações familiares, sociais, profissionais/escolares…)
⬥ Obter consentimento informado e estabelecer relação necessário e positivo entre avaliador,
sujeito e outros interlocutores.
⬥ Delimitar e explicitar as fases posteriores da avaliação (processo de avaliação, enquadramento
temporal, assegurar confidencialidade, custos/pagamentos).
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TIPOS DE ENTREVISTA
❖ Estruturada
⬥ Vantagens
▪ Maximiza a precisão e a validade;
▪ Minimiza o viés do entrevistador;
▪ Produz dados consistentes;
▪ Especifica o início, duração e quantificação dos sintomas.
⬥ Limitações
▪ Foco no diagnóstico, não na intervenção;
▪ Requer mais treino/formação;
▪ Informação limitada relativa a fatores não diagnósticos;
▪ Entrevistas diagnósticas estruturadas proporcionam resultados dicotómicos acerca da
ausência ou presença de um diagnóstico particular.
❖ Não estruturada, aberta
⬥ Vantagens
▪ Altamente flexível;
▪ Permite adaptação a necessidades de informação mais específicas;
▪ Útil na conceptualização do problema e na planificação da intervenção.
⬥ Limitações
▪ Uma estrutura mínima introduz problemas de fiabilidade e validade;
▪ Dificuldade comparativa entre entrevistas não estruturadas;
▪ Requer nível elevado de competências de entrevista.
❖ Semiestruturada
⬥ Vantagens
▪ Possibilita flexibilidade dentro de um formato estandardizado;
▪ Proporciona um contexto organizativo;
▪ Possibilita seguimento em função de necessidades de informação.
⬥ Limitações
▪ Fiabilidade e validade fracas.
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❖ Diagnóstica
❖ Consultiva
❖ Orientação vocacional
❖ Terapêutica/de aconselhamento
❖ Investigação
❖ Inicial
⬥ Corresponde à fase 2 do processo de avaliação psicológica, em que se procura identificar e
explicitar o pedido.
▪ É importante: clarificar o pedido; compreender os problemas e sentimentos do cliente;
elaborar hipóteses pertinentes.
⬥ O tipo de informação recolhida (geral ou específica) depende das competências do psicólogo,
nomeadamente ao nível da escuta ativa e formulação de perguntas.
▪ A entrevista permite passar de um desconhecimento mútuo ao conhecimento do
paciente, através da utilização de conhecimentos, experiências e técnicas por parte do
clínico.
⬥ A entrevista inicial apresenta três etapas:
▪ Pré-entrevista
● Contacto prévio com o cliente que deverá permitir a recolha de dados acerca
do paciente, motivo da consulta e requerente
▪ Entrevista
● Conhecimento mútuo
o Contacto físico/cumprimentar o paciente
o Sentar
o Clarificar os objetivos da consulta (“solicitou uma consulta porque…”)
● Exploração e identificação do problema
o Fase crítica da entrevista
o Cliente formula problema/pedido de ajuda;
o Psicólogo/a escura (ativamente), observa o comportamento do
cliente, formulando hipóteses;
o Síntese dos problemas apresentados
● Despedida
o Enquadrar o plano de trabalho
o Estabelecer novo compromisso
o Despedida física
▪ Pós-entrevista
● Completar notas que tenha tirado no decorrer da entrevista;
● Anotar impressões;
● Elaborar mapa conceptual dos problemas do paciente
❖ Informação complementar
❖ Anamnese
❖ De devolução/restituição da informação
⬥ Corresponde ao ponto 7 das fases do processo de avaliação psicológica, em que se faz a
comunicação dos resultados.
❖ Alta clínica
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❖ Crianças e adolescentes
❖ Adultos
⬥ Avaliam-se os relacionamentos, parentalidade, problemas profissionais, limitações físicas e/ou
psicológicas
❖ Idosos
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Atenção
Benevolência/Bondade
Confidência
❖ Entrevista clínica pode ser representada como um espaço de confidências: discrição/reserva, segredo,
intimidade.
⬥ Falar numa entrevista clínica implica confiar qualquer coisa íntima a alguém disponível para
acolher através e uma escuta atenta e discreta/reservada.
Conselho/aconselhamento
❖ Dar um concelho é fornecer um testemunho da atenção ao sujeito, não deve ser encarado como uma
ordem imperativa ou obrigatória.
⬥ Não é possível aconselhar sem conhecer.
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⬥ Necessário ter-se atenção ao que é dito e ao modo como é dito: os silêncios, as mudanças
temáticas, os aspetos emocionais são tão importantes como a própria narrativa/discurso.
Contradição/Incongruência
❖ A contradição ou incongruência faz parte de toda a experiência subjetiva, e arriscar a sua exclusão do
discurso de um sujeito pode expulsar toda a manifestação da subjetividade na entrevista clínica.
⬥ A aceitação da contradição pelo entrevistador poderá constituir a primeira abordagem aceitável
para quem sofre (postura clínica).
▪ Aceitação incondicional.
❖ É uma das tarefas do entrevistador apresentar benevolência perante o sujeito que apresenta uma
incongruência.
⬥ Sobretudo para aqueles em que a contradição é uma espécie de drama ou catástrofe.
Escuta
❖ É a tarefa principal do entrevistador clínico, sendo uma condição necessária a qualquer forma de
intervenção.
⬥ É a recusa de matar a palavra do outro, mas também a recusa em cessar/descontinuar a
avaliação no sintoma.
▪ O sintoma pode ser um sinal, uma forma de linguagem.
⬥ No entanto, não é uma aceitação plana/niveladora e sem crítica da palavra do sujeito.
▪ Pressupõe uma disponibilidade sem censura prévia, mas não significa aprovação
sistemática das ideias, factos e gestos do sujeito.
▪ A aprovação, quando tem lugar, é relativa a sentimentos e tem como objetivo permitir a
manifestação de fantasmas e desejos.
Mecanismos de defesa
❖ Repressão
❖ Negação
❖ Formação reativa
❖ Projeção
❖ Racionalização
❖ Regressão
❖ Deslocamento
❖ Sublimação
Transferência e contratransferência
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Empatia
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Identificação
INFORMAÇÕES A RECOLHER
Informação demográfica
❖ Documentar:
⬥ Natureza específica
⬥ Frequência, duração e intensidade (gravidade)
⬥ Número e combinação de comportamentos
⬥ Circunstâncias de aparecimento do problema (incluindo a idade de aparecimento dos sintomas)
⬥ Natureza crónica dos comportamentos
⬥ Variação temporal e situação de comportamentos e consequências
⬥ Intervenção
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Introdução a Avaliação Psicológica
❖ História de desenvolvimento
❖ História médica
❖ História escolar
❖ História social
❖ Informação acerca de esforços prévios de intervenção
Determinação de condições, objetos, acontecimentos disponíveis que podem ser utilizados como reforços
❖ Depois da entrevista com a criança, é realizada uma breve discussão com os pais e/ou professores acerca
da avaliação e da intervenção
⬥ Conceptualização do problema, estratégias de modificação do comportamento, avaliações
complementares.
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❖ Características atitudinais
⬥ Empatia
⬥ Proximidade afetiva
⬥ Competência
⬥ Flexibilidade e tolerância
⬥ Honestidade e ética profissional
❖ Competências de escuta
⬥ Deixar falar
⬥ Escuta ativa
⬥ Baixa reatividade verbal (latência prolongada do entrevistador)
⬥ Silêncios instrumentais
❖ Competências de comunicação – gestão das verbalizações
⬥ Técnica de espelho;
⬥ Dar a palavra
▪ “Continue, por favor”
⬥ Comentários confirmatórios
⬥ Feedback
▪ Reformulação
▪ Feedback sobre o comportamento
⬥ Sinalizar/destacar;
⬥ Interpretação
⬥ Aterragem de para-quedas (confrontação)
❖ Conhecimentos técnicos
⬥ Psicopatologia e sistemas de classificação diagnóstica (DSM-5 e CID-10);
⬥ Entrevistas estruturadas de natureza diagnóstica;
⬥ Compreensão do desenvolvimento normal e patológico;
⬥ Consciência da influência do desenvolvimento na apresentação de sintomas;
⬥ Consciência da influência da cultura no desenvolvimento na manifestação de sintomas;
⬥ Conhecimento dos processos de condução da entrevista.
❖ Empatia
⬥ Capacidade para perceber e compreender os sentimentos do cliente, como se o entrevistador os
estivesse a experienciar.
❖ Validação
⬥ Capacidade para usar técnicas verbais e não verbais (expressões faciais, postura corporal) que
comuniquem empatia
❖ Linguagem do entrevistador
⬥ Capacidade para formular questões de uma maneira clara e compreensiva, sem uso do jargão
clínico e considerando o nível escolar, experiências de vida, vocabulário e linguagem do cliente;
▪ A linguagem do entrevistador é o instrumento através do qual os pacientes são
orientados para a especificidade e clareza das suas respostas;
❖ Gestão do tempo
⬥ Capacidade para estimar a duração da entrevista
⬥ Capacidade para estimar o andamento/ritmo apropriado da entrevista
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Introdução a Avaliação Psicológica
❖ O entrevistador deve
⬥ Experimentar um interesse autêntico pelo sujeito
▪ Interesse compreensivo e benevolente que o cliente possa reconhecer imediatamente
como sincero e verdadeiro.
▪ O sujeito deve sentir-se recebido e “aceite” como um amigo.
⬥ Saber escutar
▪ Ser capaz de deixar o sujeito exprimir-se em toda a sua liberdade sem o contrariar com
as suas próprias opiniões, desejos ou teorias.
▪ Ser capaz, pela sua maneira de ser, de persuadir o sujeito que o entrevistador está a ter
um interesse autêntico pelo que o sujeito está a tentar dizer.
⬥ Ser um bom observador dos comportamentos
▪ Estar atento não apenas às repostas verbais, mas, também, aos comportamentos, às
mudanças de expressão.
● A linguagem verbal, o que é dito, não esgota as possibilidades de comunicação
e avaliação.
⬥ Ser capaz de captar a motivação do seu comportamento
▪ O entrevistador deve conhecer os “pontos fracos” e os “pontos fortes”
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Técnicas
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Introdução a Avaliação Psicológica
Funções Mentais
❖ Consciência
⬥ Do mundo externo para mundo interno
▪ Funções aferentes (atenção, sensoperceção, orientação)
⬥ Do mundo interno para o mundo externo
▪ Funções eferentes (aparência geral, linguagem, psicomotricidade)
⬥ No mundo interno
▪ Funções centrais (memória, humor/afeto, pensamento, funcionamento intelectual)
O QUE ANALISAR?
Observações clínicas
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Consciência/pensamento
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Introdução a Avaliação Psicológica
❖ Indica em que medida o discurso do sujeito reflete os seus processos de pensamento (a partir de
observação em contexto de entrevista)
⬥ Refere-se ao estado de consciência e aos padrões de pensamento.
⬥ Áreas problemáticas surgem frequentemente associadas a perturbações/desordens de
pensamento, mas também podem ocorrer em perturbações severas de humor.
▪ P.e.,
● Discurso: se é espontâneo, coerente, inibido, lentificado, com bloqueios, vago,
ilógico, desorganizado, disperso
● Pensamento: se é relevante, coerente, dirigido/com uma finalidade,
desregrado
● Processos de pensamento: considerando o número de ideias a comunicar,
hesitação, dispersão, coerência.
⬥ Nível de consciência
▪ Determina e facilita as demais
▪ Modificações ou alterações da intensidade e nitidez da consciência
● Vígil: abertura ocular espontânea, estado alerta e responsivo;
● Sonolência: lentificação dos processos ideacionais;
● Obnubilação: rebaixamento geral da capacidade de perceber o ambiente;
● Torpor: em sono, exceto quando estimulado (estímulo forte – resposta leve)
● Coma
Conteúdo de pensamento
❖ Indica áreas de preocupação do sujeito, quer do domínio cognitivo, quer do afetivo (a partir de questões
que são colocadas no âmbito do processo de entrevista).
❖ Inclui tópicos de preocupação que o sujeito experiencia (considerando se são recentes ou crónicos,
quando ocorrem/em que circunstâncias ocorrem)
⬥ P.e.,
▪ Ideias, preocupações (obsessões, compulsões, fobias, homicídio, antissocial), ideação
suicida (historial, tentativas), alucinações e delírios
Afeto e humor
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Cognição/dimensão cognitiva
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Introdução a Avaliação Psicológica
▪ “Vou fazer-lhe umas perguntas. A maior parte delas são fáceis. Tente responder o
melhor que for capaz” (dar 1 ponto por cada resposta certa)
● Em que ano estamos? Em que mês? Em que dia? Em que estação do ano? Dia
da semana? País? Em que distrito vive? Em que terra vive? Em que se casa
estamos? Em que andar estamos?
⬥ Retenção
▪ “Vou dizer-lhe três palavras. Queria que as repetisse e que procurasse decorá-las
porque dentro de alguns minutos vou-lhe pedir que me diga essas três palavras. Pera,
gato e bola. Repita as três palavras” (dar 1 ponto por cada resposta certa)
⬥ Atenção e cálculo
▪ “Agora peço-lhe que me diga quantos são 30 menos 3 e que ao número encontrado
volte a subtrair 3 até eu lhe dizer para parar” (dar 1 ponto por cada resposta certa. Parar
ao fim de 5 respostas. Se fizer um erro na subtração, mas continuar a subtrair
corretamente a partir do erro, conta-se como um único erro).
⬥ Linguagem
▪ Dar 1 ponto por cada resposta correta.
● “Leia e cumpra o que diz neste cartão” (mostrar o cartão com a frase “feche os
olhos”), caso o sujeito seja analfabeto, o examinador deverá ler-lhe a frase
● “Escreva uma frase” (a frase deve ter sujeito, verbo e ter sentido para ser
pontuada com 1 ponto. Erros gramaticais ou troca de letras não contam como
erros)
⬥ Capacidade visuo-construtiva
▪ “copie o desenho que lhe vou mostrar” (mostrar o desenho num cartão ou na folha”
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Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 2º Semestre
Introdução a Avaliação Psicológica
OBSERVAÇÃO DIRETA
ÂMBITO DE UTILIZAÇÃO
❖ Avaliação Psicológica, enquanto processo que recorre a vários informadores, diversos métodos, múltiplos
contextos
⬥ Distinção entre:
▪ Procedimentos de avaliação indireta (p.e., entrevistas, escalas de avaliação do
comportamento)
▪ Procedimentos de avaliação direta (p.e., observação direta)
⬥ Para compreender/pormenorizar as informações obtidas através de entrevistas, de escalas de
avaliação do comportamento (p.e., ver: natureza das dificuldades, local de ocorrência).
⬥ Pode tornar-se um dos mais importantes meios de avaliação em situações em que se avaliam:
▪ Pessoas com atrasos de desenvolvimento
▪ Pessoas muito “resistentes” ao processo avaliativo
▪ Crianças muito pequenas/muito jovens
DEFINIÇÃO
❖ Método para obter amostras de comportamento e determinar situações que sejam clinicamente
relevantes (em relação à avaliação, ao diagnóstico, ao prognóstico e ao planeamento e medida da
intervenção), numa situação natural ou numa situação análoga.
❖ Processo através do qual observadores humanos, utilizando como referência definições operacionais,
registam comportamentos manifestos verbais e/ou motores.
CARACTERÍSTICAS
❖ Observação direta, enquanto método mais objetivo, rigoroso e exato (comparativamente a outros
métodos de avaliação psicológica)
⬥ Mas:
▪ Só vemos o que procuramos;
▪ As observações são “contaminadas” pelos nossos conhecimentos;
▪ Há muitas variáveis (de natureza cognitiva, subjetiva) que não são acessíveis à
observação direta.
❖ O domínio de interesse está circunscrito a comportamentos objetivos
❖ Exige o registo do comportamento quando ele ocorre
❖ Implica o recurso a observadores independentes/imparciais com treino, que coligem informação acerca
do comportamento objetivo
❖ Supõe a existência quer de regras específicas relativas ao momento e contexto das observações, quer de
sistemas/procedimentos de registo das observações (isto é, uso de regras e procedimentos de registo
claramente especificados)
❖ Requer o uso de definições operacionais do comportamento/descrições complementais objetivas,
previamente definidas, que envolvam um grau mínimo de inferência
❖ Envolve algum procedimento para avaliar a fiabilidade do sistema
OBSERVAÇÃO
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Introdução a Avaliação Psicológica
Tipos de observação
❖ Observação naturalista
⬥ Amostra direta do comportamento “tal como ele ocorre”, no tempo e lugar da sua ocorrência
⬥ Método mais direto, menos inferencial
▪ Exemplos:
● Observações em casa
o Interações pais-criança
o Obedecer a regras e a ordens
o Respostas dos pais ao comportamento da criança
● Observações na escola
o Estar sentada e prestar atenção
o Quantidade de trabalho realizado
o Interações estabelecidas com os professores e com os colegas
o Interações no recreio
▪ Limitações
● Método pouco económico
● Exige muito tempo
● Não é adequado para comportamentos muito pouco frequentes ou que só
ocorrem na ausência de outras pessoas
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Introdução a Avaliação Psicológica
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Introdução a Avaliação Psicológica
O que observar?
❖ Perspetiva ecológico-naturalista
⬥ Não se especificam a priori os comportamentos/atributos a observar
⬥ Observação em tempo real e de forma contínua, sem tempo pré-estabelecido
⬥ A descrição do que é observado realiza-se sobre aspetos verbais e não verbais, podendo ser
encadeados com impressões do observador.
❖ Atributos
⬥ Através da observação comportamental são inferidas determinadas características da pessoa
observada (p.e., nervosismo) e, consequentemente, atributos.
⬥ No momento da observação, o comportamento apresentado (p.e., mexer demasiado as mãos) é
traduzido num determinado atributo (p.e., ansiedade).
❖ Comportamentos
⬥ De um ponto de vista estritamente comportamental, o que devemos observar é o
comportamento manifesto (motor ou verbal), de forma simples ou agrupado em categorias.
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Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 2º Semestre
Introdução a Avaliação Psicológica
▪ P.e., “o aluno está ao telemóvel”, “o aluno está a utilizar o telemóvel para enviar uma
sms”, “o aluno está desatento”.
⬥ Pressupõe a prévia especificação dos comportamentos/classes comportamentais que serão alvo
de observação.
⬥ Esta definição pode ser teórica ou empírica
⬥ O observador deve inferir o mínimo que lhe seja possível
⬥ Deve selecionar-se o período de observação, os sujeitos a observar e registar a duração total de
todo o processo.
❖ Interações
⬥ O foco em termos de unidade de observação é aqui colocado na interação entre pessoas (ou
pessoa e ambiente)
⬥ Particularmente úteis quando se procura estudar relações entre eventos, como seja a interação
entre um casal.
⬥ A unidade de observação (interação) é previamente especificada
⬥ A unidade de observação é, neste caso, constituída por influências recíprocas pessoa-pessoa,
pessoa-grupo ou pessoa-ambiente.
⬥ Deve estar previamente estabelecido quando se irá realizar a observação.
❖ Resultados comportamentais
⬥ Observa-se, normalmente, o resultado de um conjunto de atividades que o sujeito realizou
▪ Em ambientes naturais ou artificiais
⬥ Medidas não reativas
▪ Observação e registo de determinadas respostas sem que o avaliador esteja presente na
situação de avaliação
● Erosão, marca/pegada, arquivo
⬥ Resultados comportamentais do sujeito a partir de tarefas propostas pelo avaliador
⬥ Tanto em ambientes naturais como artificiais, encontramos cenários de recolha de observações
de resultados comportamentais
▪ P.e., número de peças produzidas por um trabalhador
⬥ Algumas características
▪ No caso das medidas não reativas, representam uma excelente forma de recolha de
informação, não sendo afetada pelo enviesamento da presença do psicólogo enquanto
avaliador.
▪ A observação dos resultados de execução de tarefas estandardizadas, maximiza a
possibilidade de comparação de resultados.
▪ Corre o risco de se inferirem atributos dos resultados comportamentais.
❖ Ocorrência (sim/não): sem relação com o tempo. Pretende apenas registar a ocorrência (ou não) de um
evento comportamental.
❖ Ordem: explicitar a sequência das observações realizadas
❖ Frequência: extensão da ocorrência de um evento num determinado período de tempo.
❖ Duração: começo e término do comportamento; intervalo entre estímulo-resposta; intervalo entre
manifestações sucessivas observadas.
❖ Dimensões qualitativas
⬥ Intensidade/magnitude: grau no qual se manifesta um determinado comportamento (medido
numa escala ordinal).
▪ P.e., intensidade de um dano provocado
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Introdução a Avaliação Psicológica
Técnicas de registo
❖ De modo a controlar os resultados e permitir a replicabilidade dos mesmos, a observação necessita de ser
estruturada através de um protocolo.
⬥ Estruturação
▪ Registos narrativos
● Registos descritivos das observações
● O que é registado?
o Data de registo
o Dados sobre a sessão
o Duração
o Pessoas presentes
o Outras
● Fontes de erro
o Diferente terminologia
o Atribuição de diferentes significados aos mesmos eventos
▪ Escalas de estimação
● Quando é pretendida a quantificação ou qualificação das atividades (p.e.,
frequência, intensidade) do objeto de observação, utilizando:
o Descrições comportamentais específicas
o Atributos previamente estabelecidos
● Observador participante realiza/ou observação em amplos períodos de tempo
(p.e., mãe/pai que observa o comportamento do filho)
● Informação é recolhida em diferido
● As descrições comportamentais usadas podem variar de acordo com nível de
análise, nível de inferência e objetivos
● Descrições/categorias distintas (p.e., comportamentos, atributos)
▪ Protocolos observacionais de comportamentos
● Registos comportamentais
o Aglomeração de eventos comportamentais bem definidos com
(potencial) relevância
▪ Selecionar unidades de análise e elaborar definição operativa
▪ Unidades de medida (p.e., frequência)
▪ Desenho do formato/protocolo de observação
▪ Formação dos observadores
● Matrizes de interação
o Principais características
▪ Mais simples de aplicar do que os códigos de categorias
▪ Tipo de registo aplicável a diversas situações
▪ É utilizado um número reduzido de categorias
comportamentais
▪ Interações diádicas/triádicas
▪ Maior dificuldade: definição operacional dos
comportamentos
o Constatar interações entre ambiente social e comportamento
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Introdução a Avaliação Psicológica
❖ Conclui-se que a opção por uma determinada técnica de registo deve ter em consideração:
⬥ Complexidade do problema em análise
⬥ Na observação de eventos bem definidos é útil a utilização de catálogos de comportamentos
construídos para o efeito
⬥ Se o problema é interativo, devem ser utilizadas matrizes de interação
⬥ Para problemas complexos, para os quais existam códigos de categorias comportamentais, estes
devem ser utilizados
⬥ Salvaguardando questões éticas, devem ser utilizados registos automáticos sempre que possível
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Introdução a Avaliação Psicológica
Amostragem
Local da observação
❖ Onde observar?
⬥ Situações naturais
▪ Não se eliciam respostas. Qualquer interferência do observador torna esta situação
artificial. Muito útil em situações familiares, institucionais e comunitárias.
▪ A sua aplicação é dificultada quando:
● Os sujeitos não aceitam ser observados na sua vida real;
● Quando os comportamentos a observar sejam de cariz privado;
● Quando existem dificuldades de acesso do psicólogo ao local;
● Os custos são elevados.
⬥ Situações artificiais
▪ Testes situacionais (p.e., assessment centres);
▪ Role-playing, permite a criação de uma situação, como se tivesse ocorrido;
▪ Realidade virtual, permite a recriação (virtual) de uma situação real vivida.
▪ Dependem da qualidade replicável (ou não) da situação;
▪ Apresentam sensibilidade face a intervenções.
▪ Não deve ser utilizada como método isolado.
Cientificidade da avaliação
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Introdução a Avaliação Psicológica
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Introdução a Avaliação Psicológica
❖ Designação/terminologia
⬥ Escalas de avaliação do comportamento
▪ Conjuntos diversificados de itens/perguntas, a serem respondidas por
adultos/mediadores significativos (p.e., pais e professores), em referência ao
comportamento da criança ou do adolescente.
● No caso de adultos, usualmente, respondidas pelo cônjuge.
⬥ Questionários de comportamento
⬥ Inventários de comportamento
❖ Especificidades/características
⬥ Método indireto da avaliação (envolvem descrições retrospetivas do comportamento)
⬥ Forma estandardizada de obter informação junto de pais/professores (avalia a perceção dos
mediadores)
⬥ Juntamente com a entrevista, constituem o principal método de aquisição de informação na fase
inicial do processo de avaliação;
⬥ Podem ser multidimensionais (referentes a larga variedade de problemas/dimensões) ou
unidimensionais (referentes a uma única variável; p.e., hiperatividade).
⬥ Escalas de resposta
▪ Sim/Não
▪ Tipo Likert (neste caso, a permitir avaliar a intensidade, frequência e/ou duração de um
determinado comportamento)
❖ Estratégias de utilização
⬥ Podem ser completadas no início da avaliação
▪ P.e., enviadas previamente pelo correio, para serem preenchidas por pais e/ou
professores
⬥ O recurso a escalas multidimensionais permite:
▪ Despistar pedidos inapropriados;
▪ Clarificar queixas vagas;
▪ Estruturar e focalizar a entrevista (de uma forma mais específica; ou decidir utilizar uma
escala unidimensional).
⬥ Podem ser completadas a seguir à entrevista inicial e à clarificação dos problemas atuais
▪ Ou podem ser usadas como parte de uma entrevista estruturada
⬥ Permite:
▪ Estabelecer linhas para a avaliação funcional do comportamento
▪ Não excluir áreas significativas, de relevância, para a análise e compreensão da situação
problemática
❖ Principais vantagens
⬥ Aplicação e cotação fáceis, rápidas e económicas
⬥ Dados relativamente fáceis de quantificar
⬥ Em geral, boas qualidades psicométricas
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Introdução a Avaliação Psicológica
❖ Principais limitações
⬥ Utilidade limitada para o diagnóstico
⬥ Proporcionam apenas uma estimativa transversal da sintomatologia e uma estimativa parcial da
duração dos padrões de sintomas
⬥ Problemas de validade (p.e., efeito de halo contaminador)
⬥ Dificuldade face a comportamentos “internalizantes” e/ou que dificilmente poderão ser
observadas na escola (no caso de questionários para o professor)
⬥ Estimativas poderão não ser rigorosas por incompreensão dos itens o falta de familiaridade com
a amplitude ou diversidade do comportamento “normal”
❖ Questões psicométricas
⬥ Fiabilidade/precisão
▪ Consistência interna
● Deve ser elevada para as escalas unidimensionais, mas não necessariamente
para as multidimensionais
▪ Acordo inter-informadores
● Mais elevado entre pais de crianças “normais” do que entre pais de crianças
encaminhadas para consulta.
● Mais elevado para fatores externalizantes do que para os internalizantes
● Mais elevado para o resultado total e menor para itens individuais
● É possível desacordo pais-professores, sendo, por vezes, dada maior
credibilidade à estimativa de professores
▪ Teste – reteste/estabilidade temporal
● Efeito de prática, isto é, os mesmos informadores tendem a comunicar menos
problemas da 1ª para a 2ª aplicação – por efeito placebo, regressão estatística
para a média, reatividade, efeito de idade, etc.
o Este efeito não se verifica da 2ª para a 3ª avaliação
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Introdução a Avaliação Psicológica
❖ Achenbach propôs um modelo multiaxial de avaliação, assente na inclusão de diferentes tipos e fontes de
informação relevantes na avaliação dos problemas comportamentais/emocionais e competências das
crianças e adolescentes.
❖ O sistema de avaliação baseado em evidência empírica (ABESA) consiste num conjunto de questionários
baseados na investigação e prática clínica.
⬥ Foram desenvolvidos e aprimorados durante as últimas décadas.
❖ Sugere que a patologia pode ser entendida de melhor tendo por base um modelo dimensional, em
oposição a um modelo categorial.
⬥ A solução dimensional é elaborada a partir de um modelo empírico.
⬥ Assim, o eu determina aquilo que constitui ou não uma síndrome é a agregação de problemas
comportamentais em domínios (subescalas), através da análise fatorial.
▪ Diferente do DSM, em que o constitui ou não a patologia resulta, em larga medida, do
acordo entre clínicos.
❖ O que distingue uma criança de uma amostra normativa, de uma criança de uma amostra clínica é a
frequência dos problemas comportamentais que fazem parte de uma ou mais síndromes.
⬥ Assim, o que parece diferenciar o comportamento normal do patológico é a frequência e a
intensidade das queixas, muito mais do que o tipo de comportamento por si só.
❖ O modelo ASEBA valoriza os aspetos contextuais: avalia e perceção dos diferentes informadores (pais,
professores, criança/adolescente) e considera a dimensão das competência (a nível escolar, social e de
atividades).
⬥ A solução dimensional resolve problemas levantados pelo diagnóstico categorial:
▪ O problema da comorbilidade
▪ O problema do tratamento de casos subclínicos
▪ A natureza adultocêntrica do DSM
⬥ A solução empírica propõe três níveis distintos de análise:
▪ Problemas comportamentais específicos (itens, p.e., rouba)
▪ Subescalas ou fatores resultantes da análise fatorial (p.e., comportamento delinquente)
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Introdução a Avaliação Psicológica
Objetivos
Instrumentos incluídos
❖ O modelo ASEBA funciona como processo estruturado de recolha de informação, não inviabilizando,
portanto, a elaboração de um diagnóstico formal categorial.
❖ Os questionários da bateria ASEBA podem ser utilizados em diferentes contextos, para:
⬥ Definir uma linha de base sobre o funcionamento da criança/Adolescente e aferir se há
necessidade de intervenção
⬥ Identificar problemas e desvios em relação à norma
⬥ Determinar se há necessidade de aprofundar a avaliação
⬥ Auxiliar na identificação de continuidades e descontinuidades no funcionamento das crianças,
em função aos contextos
❖ Instrumentos
⬥ CBCL (Child Behavior Checklist) - pais
⬥ TRF (Teacher’s Report Form) – professores
⬥ YSR (Youth Self-Report) – criança/adolescente
⬥ DOF (Direct Observation Form) – para observação do comportamento da criança/adolescente
⬥ SCICA (Semistructured Clinical Interview for Children and Adolescents) – criança/adolescente
⬥ A CBCL e a TRF podem ser preenchidas por todos os adultos significativos que interagem com a
criança.
▪ Ajudam os profissionais a documentar as semelhanças e as diferenças relatadas no
comportamento da criança/adolescente.
⬥ A YSR é preenchida pelo próprio adolescente, para documentar as semelhanças e diferenças na
forma como o jovem se vê a si próprio e o modo como os outros o percecionam.
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Introdução a Avaliação Psicológica
❖ Assim,
⬥ As escalas de avaliação do comportamento são elementos fundamentais da avaliação,
principalmente em crianças e adolescentes.
⬥ O modelo ASEBA fornece uma estrutura integrada de avaliação de contextos e competências,
oferecendo uma avaliação multidimensional
⬥ A avaliação a partir dos instrumentos incluídos na ASEBA permite:
▪ Caracterizar a base de funcionamento da criança/adolescente e aferir se há necessidade
de intervenção;
▪ Identificar problemas e desvios em relação à norma;
▪ Determinar o detalhe que é preciso dar à continuidade da avaliação;
▪ Auxiliar na identificação de agentes facilitadores e bloqueadores do comportamento
ajustado da criança/adolescente, em função dos contextos.
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Introdução a Avaliação Psicológica
CONCEITOS DE PSICOMETRIA
Psicometria
❖ A estandardização subjacente ao uso dos testes psicológicos define com precisão as condições de
administração, cotação e interpretação das pontuações obtidas por cada sujeito viabilizando a
comparação dos seus resultados com os obtidos por diferentes indivíduos, com base em normas da
população à qual os indivíduos pertencem considerando variáveis como a idade e/ou a escolaridade,
permitindo assim caracterizar e classificar o sujeito examinado.
❖ A psicometria disponibiliza critérios rigorosos para a fundamentação científica dos testes psicológicos.
❖ O teste psicológico possui um manual técnico: uma publicação elaborada pelos investigadores e/ou
editores que desenvolveram ou adaptaram o teste e que proporciona informação quer relativa à
administração, cotação, interpretação e comunicação dos resultados, quer dados psicométricos relativos
ao desenvolvimento, normas e validação (clínica, educativa…) do instrumento.
⬥ As editoras de teste limitam o acesso a testes psicológicos comercializados de maior
complexidade e exigência de utilização e psicólogos considerando a sua formação e experiência
particulares com esses instrumentos.
❖ A utilização rigorosa de testes psicológicos exige formação especifica, treino supervisionado e certificação.
A exploração aprofundada das pontuações nos testes depende da qualidade dos dados de investigação
psicométrica relativa aos testes utilizados, mas, também, da competência inferencial e do saber do
psicólogo (p.e., diretrizes, linhas orientadoras, normas deontológicas, atualização, uso ético e responsável
dos testes).
⬥ Este quadro referencial contribui para identificar insuficiências das pontuações que devem ser
perspetivadas sempre que possível no âmbito de intervalos de confiança, bem como prevenir
utilizações abusivas.
⬥ As progressivas necessidades de avaliação justificam e explicam o desenvolvimento de novos
testes psicológicos.
❖ O método dos testes é um dos fundamentos da psicologia e um elemento distintivo do seu exercício,
estreitamento associado à identidade profissional dos psicólogos.
Estandardização
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Introdução a Avaliação Psicológica
Aferição
Fidedignidade/Confiabilidade/Fiabilidade/Precisão
❖ Um instrumento é considerado fiável quando os seus resultados estão isentos de erros de medida
ocasionais, não sistemáticos.
⬥ Preocupa-se com a consistência/concordância entre duas pontuações independentes.
⬥ Traduz o grau de confiança que é possível ter nos resultados de um instrumento de avaliação.
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Introdução a Avaliação Psicológica
● Cotação
❖ Critérios de estimação:
⬥ Estabilidade temporal
▪ Teste-reteste
● Pretende-se saber em que medida o instrumento de avaliação (teste, p.e.)
proporciona os mesmos resultados quando ele é administrado ao mesmo
grupo de sujeito em momentos diferentes (método do teste-reteste).
● Cálculo da correlação de Pearson entre dois conjuntos de resultados.
o O coeficiente de estabilidade varia entre -1 e +1
o O intervalo de tempo entre duas aplicações da mesma prova ao
mesmo grupo de sujeitos é variável: 1 semana, 2 semanas, 1 mês, 1
ano.
o O valor do coeficiente de estabilidade tende a diminuir com o
aumento do intervalo de tempo entre as duas aplicações.
▪ Coeficiente de correlação
● Expressa o grau de relacionamento entre duas pontuações independentes;
● Coeficiente de correlação de Pearson (p);
▪ O método da estabilidade temporal considera apenas uma fonte de erro da medida: a
que está associada aos diferentes momentos de aplicação da prova.
▪ Quanto maior a correlação menos suscetível o teste é de ser influenciado por mudanças
externas.
● Qual o intervalo de tempo ideal entre o teste e o reteste?
o Depende da estabilidade do construto/da variável em análise.
⬥ Consistência interna
▪ Grau em que diferentes partes de um instrumento de avaliação, administrado num
determinado momento, proporcionam resultados homogéneos (consistentes) entre si.
● Pode ser estimada através do:
o Coeficiente alfa de Cronbach (variáveis ordinais)
▪ O coeficiente alfa corresponde à correlação estimada entre o
teste e um outro teste hipotético, do mesmo tamanho,
proveniente do mesmo universo de itens.
▪ O resultado neste índice é tanto mais elevado:
● Quanto mais homogénea for a prova (ou seja,
quanto mais elevadas foram as correlações entre os
itens);
● Quando maior for o tamanho da prova (número de
itens presentes)
o Método da bipartição
▪ Consiste em dividir o teste em duas metades e determinar a
correlação entre elas (entre itens pares e itens ímpares, por
exemplo).
▪ Resultado é corrigido pela fórmula de Spearman-Brown.
● Um valor de consistência interna superior a 0,7 é considerado aceitável.
⬥ Acordo entre avaliadores
▪ Consiste na aplicação e cotação do mesmo instrumento por diferentes profissionais. A
obtenção de resultados concordantes fornece um importante indiciador de
fidedignidade do instrumento.
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Introdução a Avaliação Psicológica
Validade
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Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 2º Semestre
Introdução a Avaliação Psicológica
⬥ Posteriormente predição
❖ Inclui todos os aspetos do conceito a medir?
⬥ Uma medida válida é aquela que inclui diversos aspetos ou facetas, refletindo o peso de cada
uma da medida global.
❖ Possibilidade de a escala refletir outras variáveis/conceitos.
❖ Tipos de validade
⬥ Validade aparente/facial
▪ O que parece o teste medir?
▪ Importante para:
● Criar rapport e aceitação da parte dos respondentes;
● Aceitação pública do teste
⬥ Validade de conteúdo
▪ Análise feita por especialistas, para determinar se o teste corresponde às especificações
pormenorizadas daquilo que pretende medir.
▪ Importante para:
● Identificar se a prova tem conteúdo irrelevante;
● Identificar se a prova avalia todas as facetas do conteúdo que pretende medir
⬥ Validade de critério
▪ A validade, baseada na predição de um critério, indica a eficácia do teste de avaliação
em predizer um desempenho individual específico (p.e., inteligência e desempenho
escolar)
● Contaminação do critério
▪ Validade preditiva
● Mede a capacidade de o teste prever um determinado comportamento.
● Útil em contextos onde queremos prever o comportamento
o P.e., recrutamento e seleção; avaliação de risco; prognósticos.
▪ Validade incremental
● Quando acrescentamos novos preditores, quanto é que estes explicam do
critério?
▪ Validade concorrente
● Tem como objetivo o diagnóstico da situação atual
● Sendo relativa a um critério, difere da validade preditiva, uma vez que a
medida do preditor e critério ocorre ao mesmo tempo.
⬥ Validade de construto (convergente e discriminante; análise fatorial)
▪ A validade de construto é um julgamento acerca do quão apropriadas são as inferências
extraídas a partir das pontuações de um teste.
● Requer a acumulação gradual de evidência (informação) proveniente de
múltiplas fontes.
● É o grau em que o teste mede um determinado traço psicológico observável;
● Grau em que o resultado da prova está relacionado significativamente com o
comportamento observável;
● É o tipo de validade mais abrangente e compreensivo uma vez que inclui os
estudo quer da validade de conteúdo, quer da validade empírica a critérios
externos.
▪ Evidência sobre a homogeneidade
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Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 2º Semestre
Introdução a Avaliação Psicológica
▪ Validade convergente
● Podemos dizer que um construto tem validade convergente quando as
pontuações obtidas apresentam uma correlação elevada (no sentido previsto)
com testes similares.
▪ Validade discriminante
● Um construto tem validade discriminante quando apresenta uma correlação
nula (sem significância estatística) com os scores de outros construtos/variáveis
com os quais não é expectável (teoricamente) que exista uma correlação.
▪ Análise fatorial
● Conjunto de procedimentos matemáticos utilizados para identificar
fatores/características/dimensões nas quais as pessoas podem diferir.
● Exploratória
o Implica a estimação/extração de fatores, decidindo quantos fatores
devem ser retidos.
● Confirmatória
o É testado o ajustamento de uma estrutura fatorial que deriva de uma
proposição teórica.
Sensibilidade
❖ Proporção de pessoas com a condição/perturbação alvo que têm resultado positivo no teste.
Especificidade
❖ Proporção de pessoas sem a condição/perturbação alvo que têm resultado negativo no teste.
Responsividade
❖ Proporção de pessoas com resultado positivo no teste que têm a condição alvo
❖ Proporção de pessoas com resultado negativo no teste que não têm a condição alvo.
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Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 2º Semestre
Introdução a Avaliação Psicológica
❖ Teorias
⬥ Visão do mundo/ponto de vista adotado para olhar a realidade.
⬥ Tentativas sistemáticas de explicar fenómenos, postulando as relações entre esses fenómenos e
um certo número de variáveis explicativas, também elas relacionadas entre si
⬥ Etimologicamente, quer dizer “ver” (tarefa prática de “dar a ver”).
❖ Modelos
⬥ Abordagens conceptuais/conceções particulares acerca dos fenómenos
⬥ Mais particularizados que a teoria, mais específicos, representativos de uma realidade bem
determinada, restringindo a objetivos limitados e bem determinados.
▪ A teoria assegura a coerência do modelo.
⬥ Modelos de avaliação psicológica
▪ Existência de diferentes teorias: categorias distintas de entendimento, diferentes
maneiras de conceber a realidade psicológica
● Pluralidade de registos de avaliação
● Nenhuma teoria e/ou modelo de avaliação consegue lidar com todos os níveis
de análise e não existe um nível adequado de análise único
(incompletude/diversificação)
● Mas cada escolha é uma “implicação” – referenciação que “age” sobre o
avaliador/guia a ação de avaliação
● Problematização/interrogação
❖ Ênfase avaliativa centrada no que o sujeito é, o que a pessoa tem, as variáveis inerentes ao organismo
⬥ P.e., o modelo situacional salienta o que o sujeito faz
❖ O objetivo da avaliação é captar a essência da pessoa (aquilo que ela é) com a máxima precisão possível
❖ A conduta é um “sinal”, reflexo externo de variáveis subjacentes/internas (que não podem ser
apreendidas diretamente, mas que determinam o comportamento do sujeito)
⬥ A conduta é relativamente estável, através do tempo e das situações (devido à existência de
traços, fatores, estruturas psicológicas, estruturas de personalidade – construtos hipotéticos com
elevado grau de abstração e possibilidades de operacionalização).
⬥ A conduta é determinada pela organização interna dos traços/fatores (forte componente
constitucional).
❖ A conduta está/é determinada pela organização interna dos traços (variáveis internas/construtos
hipotéticos – capacidades, atributos, traços de personalidade, fatores, etc.) do sujeito que têm uma forte
componente constitucional
❖ As respostas do sujeito são interpretadas como “sinais” da variável interna que se procura analisar
⬥ Fator g (Spearman)
⬥ Temperamento (traços temperamentais; traços dinâmicos – motivos (Cattell); fatores de
personalidade – neuroticismo, extroversão, psicoticismo (Eysenck))
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Introdução a Avaliação Psicológica
❖ Objetivo: identificar a estrutura global de personalidade (análise do conjunto de traços que compõem
esse estrutura)
❖ Perspetiva nomotético: determinar leis gerais (análise tendo como referência um grupo normativa)
❖ Metodologias: modelo correlacional, análise fatorial, quantificação de traços ou dimensões relativamente
a um grupo normativo
⬥ Questionários de personalidade; inventários de interesses; escalas e testes de inteligência;
matrizes progressivas de Raven
❖ Objetivo: descrição (identificar as características mais importantes do comportamento do sujeito a partir
dos dados obtidos através de diferentes técnicas de avaliação); classificação (a organização da informação
em função de critérios previamente estabelecidos); predição (estabelecer a previsão probabilístico de
uma conduta futura a partir da conduta atual);
❖ Principal problema/debate: consistência e estabilidade vs. inconsistência e especificidade do
comportamento
Modelo psicodinâmico/psicanalítico
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Licenciatura em Psicologia | 3º ano | 2º Semestre
Introdução a Avaliação Psicológica
❖ A avaliação centra-se não naquilo que a pessoa é, mas no potencial que tem para chegar a ser.
❖ Aspetos metodológicos
⬥ Observação e experimentação
❖ Objetivos da avaliação
⬥ Predição e controlo da conduta;
⬥ Fases
▪ Avaliação: pré-intervenção (baseline)
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Introdução a Avaliação Psicológica
Modelos mediacionais
❖ Fatores internos (para além das variáveis ambientais) ocupam um papel importante na determinação da
conduta e devem, por isso, ser estudados e analisados.
o Variáveis intervenientes
▪ Motivação
▪ Jogo
▪ Experiências estéticas
o Estímulos, respostas, consequências cobertas/internas vs. intermédias, construtos hipotéticos
❖ Aspetos metodológicos
o Inventários de autorresposta ou autorrelato (meios de acesso no conhecimento de expectativas
e valor do reforço).
o Questionários específicos e criticados por causa do pouco rigor.
Modelo cognitivo-comportamental
Perspetiva piagetiana
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Introdução a Avaliação Psicológica
Avaliação neuropsicológica
Processamento de informação
❖ Visa compreender a ação humana (motivos, valores, crenças, atitudes, intenções, desejos, necessidades e
planos) > processo de construção pessoal e de significado.
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Introdução a Avaliação Psicológica
TÉCNICAS PROJETIVAS
❖ Permitem explorar personalidade humana, vista como uma estrutura básica e estável, organizada de
forma idiossincrática
⬥ A ambiguidade dos estímulos apresentados permite espelhar a personalidade do respondente;
⬥ Análise das respostas é qualitativa/global
MEDIDAS DE AUTORRELATO
❖ Autorrelato permite inferir sobre a informação armazenada e/ou obter informação sobre o evento atual.
⬥ Sujeito fornece informação verbal sobre:
▪ Comportamento motor;
▪ Respostas fisiológicas;
▪ Pensamentos/cognições;
▪ Emoções;
▪ Experiência subjetiva na relação com comportamentos.
▪ Auto descrição;
▪ Atribuição causal;
▪ Estratégias de resolução de problemas;
▪ Descrição narrativa de eventos pessoais;
▪ Expectativas futuras, planos, projetos, etc.
⬥ Acessibilidade: o autorrelato depende da acessibilidade do sujeito à informação (memória curto
e longo prazo)
⬥ Contrastabilidade: em algumas tipologias de informação é possível verificar a sua veracidade
recorrendo a outras técnicas (observação, medidas psicofisiológicas).
▪ Quando o autorrelato é sobre pensamentos/cognições, assume-se como a vida de
acesso direto.
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Introdução a Avaliação Psicológica
▪ Dispositivo de tempo;
▪ Dispositivos eletrónicos.
❖ Pensar em voz-alta
⬥ Verbalizar pensamentos/sentimentos ao mesmo tempo que realiza uma dada tarefa;
⬥ Amostra de pensamentos: o psicólogo seleciona um intervalo de tempo (de uma sessão
experimental) sobre o qual o avaliado se deverá pronunciar;
⬥ Registo de eventos: o próprio avaliado assinala algo que considera relevante.
❖ Entrevista
❖ Autobiografia
⬥ Baseada no modelo construtivista representa uma técnica de avaliação da subjetividade, através
da análise narrativa do sujeito.
▪ Expressão narrativa da vida de uma pessoa interpretada e articulada por ela própria
▪ O sujeito expressa, descreve, explica e interpreta a sua experiência subjetiva ao longo
do ciclo de vida.
▪ Tem, muitas vezes, um objetivo terapêutico ao invés de (estritamente) de avaliação.
● Reminiscência.
▪ Outras aplicações: linha da vida.
REGISTOS PSICOFISIOLÓGICOS
❖ Respostas corporais contêm informação relevante para conhecermos uma dada realidade.
⬥ A perceção, pensamento e ação humana repercutem-se em fenómenos físicos.
⬥ Variante objetiva da observação
❖ Psicofisiologia enquanto área de interface entre comportamento e fisiologia do organismo humano
❖ Embora escondidas, podem ser observáveis graças aos equipamentos que permitem a sua deteção,
amplificação e registo
⬥ Mobilidade dos aparelhos utilizados e naturalidade da observação
❖ Podem ser:
⬥ Periféricas
▪ Resposta eletromiográfica (EMG)
● Avalia nível geral de ativação do organismo, expressões faciais, etc.
● Avalia a atividade elétrica dos músculos estriados;
▪ Movimentos oculares (EOG)
● Atividade resultante da fixação/seguimento visual de um estímulo;
▪ Respiração (profundidade e ritmo)
▪ Atividade cardiovascular
● Ritmo cardíaco
● Volume de contração
● Output cardíaco: ritmo x volume de contração
▪ Temperatura corporal
▪ Excitação sexual
● Útil no tratamento de disfunções
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Introdução a Avaliação Psicológica
● Pletismografia peniana
▪ Respostas eletrodérmicas
● Atividade pré-secretora das glândulas sudoríparas
▪ Respostas pupilográficas
● Mede o tamanho da pupila, que representa um indicador do grau de ativação
emocional
⬥ Centrais
▪ Técnicas eletromagnéticas
● Eletroencefalograma
o Regista a atividade cerebral, através da colocação de elétrodos no
couro cabeludo
● Potenciais evocados
o Sinais elétricos em resposta a um estímulo (sensitivos, visuais,
auditivos)
● Magnetoencefalografia
o Mede o magnetismo gerado pela atividade elétrica do cérebro
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Introdução a Avaliação Psicológica
❖ Preocupações do público
⬥ Desconhecimento/desconfiança face à utilização de testes
❖ Preocupações dos profissionais
⬥ Qualificações dos avaliadores (test-user)
⬥ Avaliação de pessoas com deficiência
⬥ Administração, cotação e interpretação de testes de forma computorizada
❖ Direitos dos avaliados
⬥ Direito ao consentimento informado
⬥ Direito de ser informado dos resultados dos testes
⬥ O direito à privacidade
⬥ O direito ao mínimo de estigmatização possível
⬥ O direito à manutenção da confidencialidade dos resultados
ÉTICA
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Introdução a Avaliação Psicológica
DEONTOLOGIA
Código Deontológico
❖ Este código é um elemento de um edifício constitutivo da dimensão deontológica da Psicologia que será
construído de forma tripartida:
⬥ Legislação (capítulo VI da Lei n.º 57/2008 e demais legislação em vigor aplicável aos diversos
contextos e funções profissionais dos psicólogos.
⬥ O Código Deontológico.
⬥ As diversas linhas específicas de orientação (guidelines), a desenvolver ao longo do tempo, sobre
áreas de aplicação ou problemáticas particulares.
❖ Regulamento n.º 258/2011, nos termos do artigo 77º do Estatuto da Ordem dos Psicólogos Portugueses,
aprovado pela Lei n.º 57/2008, de 4 de setembro, a Ordem elabora, mantém e atualiza o código
deontológico dos psicólogos portugueses.
⬥ Artigo 3.º Atribuições
▪ São atribuições da Ordem dos Psicólogos Portugueses
● A defesa dos interesses gerais dos utentes;
● A representação e a defesa dos interesses gerais da profissão;
● A regulação do acesso e do exercício da profissão;
● Conferir, em exclusivo, os títulos profissionais;
● Conferir, nos termos do seu Estatuto, títulos de especialização profissional;
● A elaboração e a atualização do registo profissional;
● O exercício do poder disciplinar sobre os seus membros;
● A prestação de serviços aos seus membros, no respeitante ao exercício
profissional, designadamente em relação à informação e à formação
profissional;
● A colaboração com as demais entidades da Administração Pública na
prossecução de fins de interesse público relacionados com a profissão;
● A participação na elaboração da legislação que diga respeito à respetiva
profissão;
● A participação nos processos oficiais da acreditação e na avaliação dos cursos
que dão acesso à profissão;
● Quaisquer outras que lhe sejam cometidas por lei.
⬥ Preâmbulo
⬥ Princípios gerais
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Introdução a Avaliação Psicológica
⬥ Princípios específicos
▪ Consentimento informado
● Prática obrigatória
o Proporcionar descrição básica dos objetivos pretendidos com a
prestação de serviços de psicologia;
o Indicar o nome da pessoa que solicita os serviços de psicologia
(quando não se trata do próprio sujeito);
o Explicar os limites da confidencialidade;
o Explicar os serviços para os quais foi solicitado o consentimento
informado em termos compreensíveis.
● Para a avaliação, investigação, terapia
o Consentimento informado para serviços de reabilitação visto como um
contrato relativo a uma tentativa para restaurar o estado pré-mórbido
do paciente
o Direitos e dignidade da pessoa inclui o respeito pela
autodeterminação e autonomia do sujeito;
o Reconhecer e respeitar o direito de a pessoa fazer escolhas relativas a
si própria, mesmo quando o profissional não concorda com uma
decisão particular
o Direito de consentir ou recursar um tratamento ou procedimento
particular no pressuposto que o sujeito é competente para
compreender as escolhas e as respetivas ramificações.
● O consentimento informador é um processo de tomada de decisão partilhara
entre o paciente o psicólogo.
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Introdução a Avaliação Psicológica
o Competência específica
▪ As técnicas e instrumentos de avaliação são utilizados por
psicólogos qualificados com base em formação atualizada,
experiência e treino específicos, exceto quando tal uso é
realizado, com supervisão apropriada, com objetivos de
treino ou formação.
o Utilização apropriada
▪ A utilização apropriada de técnicas e instrumentos de
avaliação refere-se à administração, cotação, interpretação
(incluindo o recurso a programas informáticos) e usos da
informação obtida, e requer investigação e evidência de
utilidade.
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Introdução a Avaliação Psicológica
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Introdução a Avaliação Psicológica
❖ Avaliação Psicológica
⬥ Ato de prestação de serviços especializados
⬥ Identidade e domínio de competência dos psicólogos
⬥ Relação científica e profissional
⬥ Atividade “permanentemente em crise”, exercício complexo feito frequentemente em condições
de incerteza, associado à “produção de um discurso verdadeiro acerca do sujeito”
❖ Problemas/dilemas
⬥ A relação profissional positiva com o sujeito e a assimetria da relação;
⬥ A necessidade de investigação dada a ausência de instrumentos de referência convenientemente
estudados;
⬥ Critérios psicométricos subjacentes à seleção de métodos e instrumentos;
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Introdução a Avaliação Psicológica
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Introdução a Avaliação Psicológica
❖ Obrigação ética do psicológico impedir o uso de técnicas de avaliação psicológica por pessoas não
qualificadas, independentemente da disciplina.
❖ É fácil a identificação, por parte dos psicológicos, desta utilização indevida.
⬥ Difícil é resolver tal situação.
❖ Educação (sensibilização) de técnicos não psicológicos, de maneira não condescendente, através da
realização de seminários, para as complexidades da avaliação (cognitiva, comportamental) pode ajudar a
prevenir ou minimizar tais conflitos.
⬥ Sugerir treino em abordagens alternativas, dentro do alcance das práticas e das competências
dos colegas, pode ajudar a promover uma atmosfera de cooperação.
❖ Confidencialidade das informações vs. multiplicação das avaliações e do recurso a diferentes métodos e
interlocutores;
⬥ Manter a confidencialidade e proteger a privacidade dos pacientes pode constituir uma tarefa
difícil para o psicólogo que trabalha em contexto médico interdisciplinar;
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Introdução a Avaliação Psicológica
⬥ Em avaliação neuropsicológica, a aplicação e cotação de testes por não doutorados deve ser feita
sob supervisão de um neuropsicólogo que é um psicólogo licenciado.
⬥ Técnicos são apenas responsáveis pela aplicação e cotação.
⬥ A seleção de testes, a interpretação, a entrevista clínica de pacientes e membros da família, a
comunicação dos resultados e a sua implicação é da única e exclusiva responsabilidade do
psicólogo.
⬥ Riscos do “uso de técnicas de avaliação psicológica por pessoas não qualificadas”
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