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Análise de Discurso Da Bossa Nova
Análise de Discurso Da Bossa Nova
Análise de Discurso Da Bossa Nova
“O samba, a prontidão e outras bossas, são coisas nossas” (NOEL ROSA, 1930).
Resumo
Neste artigo, realizou-se uma proposta de análise da canção “Desafinado”, de autoria de Tom Jobim e Newton
Mendonça (1959) — cantada por João Gilberto —, sob a perspectiva da Análise do Discurso (AD) de orientação
francesa, com a fundamentação teórica de Pêcheux (1995) e Orlandi (2005). Com base nos conceitos de
interdiscurso, não dito, prosódia, polissemia, formação discursiva (FD) e ideologia, a análise teve como objetivo
elucidar a concepção de Bossa Nova na década de 50; demonstrar como um novo estilo musical passou a existir
no âmbito da construção de uma formação discursiva (FD); e como a canção mencionada foi peça para o constructo
ideológico dos critérios de percepção, aceitabilidade e crítica discursiva do estilo à época. A partir do trabalho
analítico de um corpus composto por 11 trechos da canção, chegou-se à conclusão de que a música referida foi
uma resposta ao cenário musical crítico da época, e marco do próprio estilo Bossa Nova.
Abstract
In this paper, it is conducted a proposal for analysis of the song “Desafinado”, by Tom Jobim and Newton
Mendonça (1959) — sung by João Gilberto — from the perspective of Discourse Analysis (AD) of French
orientation, with the theoretical foundation of Pêcheux (1995) and Orlandi (2005). Based on the concepts of
interdiscourse, unspoken, prosody, polysemy, discursive formation (DF) and ideology, the analysis aimed to
elucidate the Bossa Nova conception in the 1950s; to demonstrate how a new musical style came to exist within
discursive formation construction (DF); and how the song mentioned was part of the ideological construction of
the criteria for perception, acceptability and discursive criticism of the style at the time. Based on the analytical
work of a corpus composed of 11 excerpts from the song, the conclusion was reached that the referred song was a
response to the critical musical scenario of the time, and a landmark of the Bossa Nova style itself.
Resumen
En este artículo, se realizó una propuesta de análisis de la canción “Desafinado”, compuesta por Tom Jobim y
Newton Mendoza (1959) — y cantada por João Gilberto —, desde la perspectiva del Análisis del Discurso (AD)
de orientación francesa, con fundamentación teórica en Pêcheux (1995) y Orlandi (2005). Sobre la base de los
conceptos de interdiscurso, no-dicho, prosodia, polisemia, formación discursiva (FD) e ideología, el análisis tuvo
como objetivo elucidar el concepto de Bossa Nova en la década de 50; demostrar cómo un nuevo estilo musical
1 Mestra em Educação Musical pela Universidade de Campinas (UNICAMP), graduada em Licenciatura em Música pela
Universidade de Campinas (UNICAMP), discente do Curso de Bacharelado em Letras Centro Universitário Internacional
UNINTER. E-mail: ana-lia28@hotmail.com.
2Doutoranda e Mestra em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), professora da área de Linguagens
pasó a existir en el ámbito de la construcción de una formación discursiva (FD); y cómo la canción mencionada
fue pieza para el constructo ideológico de los criterios de percepción, aceptabilidad y crítica discursiva del estilo
de la época. A partir del trabajo analítico de un corpus compuesto por 11 extractos de la canción, se concluye que
la mencionada canción fue una respuesta al escenario musical crítico de la época, y marco del estilo propio de la
Bossa Nova.
1 Introdução
A Bossa Nova nasceu como um novo jeito de tocar e cantar, inovador e polêmico, para
depois se tornar um autêntico gênero musical brasileiro. O estilo trouxe tanto elementos
rítmicos do samba, como a influência de acordes dissonantes do jazz norte-americano, e, esta
combinação de jazz e samba, em conjunto com a forma quase falada de cantar são os principais
fatores que causaram estranhamento no público e nos músicos tradicionais da época.
Essa forma inovadora de fazer música surgiu com um grupo de jovens músicos de
Copacabana, no Rio de Janeiro. Na época, a saber, década de 50, o estilo ainda não levava o
nome de Bossa Nova, era apenas uma maneira diferente de tocar e cantar.
Oficialmente, o marco da Bossa Nova foi no final dos anos 50 com o lançamento dos
discos “Canção do Amor Demais'', de Elizeth Cardoso em 1958, e “Chega de Saudade”, de
João Gilberto, em 1959. Em ambos os discos as músicas de maior destaque para o estilo foram
Caderno Intersaberes, Curitiba, v. 11, n. 33, p. 260-270, 2022 261
Ana Lia Della Torre e Crisbelli Domingos
de autoria do compositor Tom Jobim, e o disco de Elizeth Cardoso contou com a presença de
João Gilberto ao violão.
Nesse contexto musical, o destaque maior foi para a música Desafinado, do disco de
João Gilberto (1959), que se tornou alvo de críticas e estranhamentos, visto que além do estilo
musical “diferente”, o compositor parecia desafinar em alguns trechos da música. Conforme
explicou Mello (2001)
[...] houve quem considerasse que João Gilberto desafinava quando surgiu seu
segundo disco, Desafinado. Foram induzidos a essa conclusão porque, justamente nas
notas da palavra “desafino” na letra da canção, havia um intervalo musical estranho
para aquela época, dando aos menos familiarizados uma falsa sugestão de que havia
qualquer coisa errada, possivelmente uma desafinada do cantor. (MELLO, 2001, p.
44).
Na época, o termo bossa era uma gíria usada no Rio de Janeiro, para designar coisas
inesperadas. Como o jeito de tocar “Bossa Nova” era naturalmente inovador, o nome se
cristalizou no uso da língua. Tinhorão (2013) afirmou que além do termo já ter sido utilizado
na música Desafinado, o batismo oficial desse novo gênero musical da música popular brasileira
se deu em 1959, quando o grupo de músicos — João Gilberto, Silvinha Telles e banda — foi
convidado a tocar em uma exibição no bairro carioca Laranjeiras, tinha na entrada do evento
um quadro negro que dizia: “Hoje, João Gilberto, Silvinha Telles e um grupo bossa nova
apresentando sambas modernos” (TINHORÃO, 2013, p. 268-269). O autor destaca ainda que,
segundo relatos, as pessoas, induzidas pelo cartaz, perguntavam aos músicos: “Vocês é que são
os bossa nova?”. A partir disso, o estilo ganhou oficialmente o nome Bossa Nova. É neste
contexto que João Gilberto lançou, em 1959 a música Desafinado, que é per se uma metáfora
da própria história da Bossa Nova.
3 O conceito de canção
O discurso, de modo geral, é formado por linguagem verbal e não verbal, por meio do
uso do código linguístico em suas formas orais e escritas, e, como dito, através de sons, gestos,
entre outros comportamentos. Esse é o caso da canção, em que sons, palavras e a prosódia
constroem um discurso, onde todos os elementos constituintes são importantes, porque
influenciam-se, afetam-se, confluem-se e complementam-se à proposta musical.
Ferreira et al. (2021) explicam que, do ponto de vista biocognitivo, substratos anátomo-
funcionais da linguagem e da música, e suas relações com as emoções e o pensamento, apontam
para o fenômeno musical como elemento de estruturação da linguagem humana. Para esses
pesquisadores, mesmo sem o uso da linguagem verbal, algumas melodias “[...] são capazes de
provocar memórias e identificações semelhantes e recorrentes em um número expressivo de
indivíduos.” (FERREIRA et al., 2021, p. 198). Nesse sentido, torna-se necessário entender o
que é melodia e o que é letra. Segundo Tatit (2006), uma canção é formada por dois elementos
básicos:
A canção não é gênero, mas sim uma classe de linguagem que coexiste com a música,
a literatura, as artes plásticas, a história em quadrinhos, a dança etc. É tudo aquilo que
se canta com inflexão melódica (ou entoativa) e letra. (TATIT, 2006, p. 2).
Além da melodia e da letra, existem outros elementos adicionais que podem ser
encontrados em alguns tipos de canções. No caso da canção “desafinado”, além desses dois já
citados, outros elementos verbais e não verbais são percebidos, tais como a harmonia, a
prosódia do cantor, a instrumentação e a interpretação dos ouvintes, que de tal modo contribuem
e definem um discurso musical específico. Todos estes elementos constroem, juntos, um
discurso com seus próprios aspectos sociocognitivos, e que se fazem reconhecer como elemento
da linguagem humana, uma vez que trazem memórias e outros elementos mentais à superfície
de um indivíduo.
Sendo assim, existem muitas maneiras de se fazer a análise de uma canção, podendo-se
considerar, separadamente, apenas os elementos musicais partindo da literatura musical, ou,
como propõe-se neste trabalho, analisar a canção sob a ótica da análise do discurso, ação essa
que engloba o gênero musical enquanto fenômeno de linguagem e de convenção social. Nesta
análise, além do contexto histórico brevemente apresentado sobre a música “desafinado”, e o
contexto do estilo musical Bossa Nova, são considerados os elementos linguísticos-discursivos
verbais e não verbais, tais como a letra da música e a prosódia do cantor, com o propósito de
salientar os aspectos ideológicos nela presentes.
Segundo Orlandi (2005), tudo o que já foi dito sobre um objeto está no interdiscurso de
um texto, ou seja, um enunciado carrega consigo informações, ideologias e significados já ditos,
de modo que:
[...] este interdiscurso fala antes, em outro lugar, independentemente. Ou seja, é o que
chamamos memória discursiva: o saber discursivo que torna possível todo dizer e que
retorna sob a forma do pré-construído, o já-dito que está na base do dizível,
sustentando cada tomada da palavra (ORLANDI, 2005, p. 03, grifo nosso).
DESAFINADO
Se você disser que eu desafino, amor
Saiba que isso em mim provoca imensa dor
Só privilegiados têm ouvido igual ao seu
Eu possuo apenas o que Deus me deu
Se você insiste em classificar
Meu comportamento de antimusical
Eu mesmo mentindo devo argumentar
Que isto é bossa nova, que isto é muito natural
O que você não sabe nem sequer pressente
É que os desafinados também têm um coração
Fotografei você na minha Rolleyflex
Revelou-se a sua enorme ingratidão
Só não poderá falar assim do meu amor
Este é o maior que você pode encontrar, viu?
Você com a sua música esqueceu o principal
Que no peito dos desafinados
No fundo do peito bate calado
No peito dos desafinados
Também bate um coração
(TOM JOBIM/ NEWTON MENDONÇA, 1959).
Para supor e/ou projetar a interpretação contextual do trecho (1) Fotografei você na
minha Rolleyflex à época, torna-se necessário buscar informações adicionais, isto é, recorrer
aos elementos da memória discursiva. Trata-se de um enunciado que é uma peça de análise
interessante pelo viés do conceito de interdiscurso por, pelo menos, duas razões: primeiro
fim, no final da canção o cantor brinca com o ritmo musical da percussão e a acentuação métrica
do violão, parecendo representar o som da batida do coração de um modo bem musical e
ritmado, utilizando assim, um recurso de comunicação não verbal. No verso (4)
Evidentemente, o coração humano não produz exatamente este som, mas a harmonia, a
prosódia do cantor, a instrumentação e a interpretação dos ouvintes contribuem e definem esse
som específico, que se faz reconhecer na linguagem porque traz memórias sensoriais à
superfície. Além disso, o discurso não verbal presente nesse trecho relaciona-se,
interdiscursivamente, com outro trecho (5) “Que isto é bossa nova, que isto é muito natural”,
ou seja, a bossa nova é tão natural quanto a batida fisiológica do coração.
A prosódia está relacionada à maneira como falamos, desde a pronúncia até entonações
intencionais dentro de um discurso. Em uma canção, a prosódia é um elemento relevante para
a significação, instrumento para a identificação dos elementos de interdiscurso em algumas
intenções comunicativas dos compositores.
Vinhas (2010), sobre a AD apresentada por Pêcheux (1995) e Orlandi (2005), descreve
que a relação entre os processos discursivos não é integralmente linguístico e não existem
isoladamente, ou seja, eles não são processos individuais de significação, de modo que:
aos empregos e usos gramaticais, quando o compositor utiliza o vocativo (6) “amor”; o
marcador discursivo de intensidade ou intensificador (7) “viu”; e a locução conjuntiva
comparativa (8) “igual ao seu”, nos seguintes versos:
Esses elementos linguísticos são comumente utilizados em uma conversa trivial, por
isso gera a impressão de conversação espontânea. Em (6), a palavra amor, por ser um vocativo
- termo usado no discurso direto -, é apresentado com uma entonação apelativa ou exclamativa,
e, por isso, compõe o conjunto de elementos de causação prosódica da canção. Em (7), o
marcador discursivo de intensidade, ou intensificador, “viu”, assume a condição de discurso de
intensidade prosódica, não apenas porque é um marcador, mas, também porque é per se um
marcador de ritmo. Em (8), a locução conjuntiva comparativa “igual ao seu”, por estabelecer
relação com figura de linguagem e com a prosódia do cantor, possibilita a mudança do sentido
semântico, criando novos efeitos de sentido para o ouvinte, afinal, não há “ouvidos”, “gostos”,
“interpretações” iguais entre indivíduos, mas assemelhadas.
Atrelado a isso, há o elemento comportamental, que são os próprios jogos prosódicos
do cantor. João Gilberto utiliza um tom quase falado para entoar a música, razão pela qual foi
considerado como “desafinado”, forma essa de cantar bastante característica do estilo Bossa
Nova, contrapondo-se ao estilo lírico da música erudita, por exemplo.
Conforme mencionado anteriormente, o termo Bossa Nova ainda não era oficialmente
o nome do estilo musical. No entanto, já havia sido utilizado em músicas para designar uma
nova proposta. Em 1930, o termo foi inaugurado na letra da música Coisas Nossas, de Noel
Rosa: “O samba, a prontidão e outras bossas, são coisas nossas”.
Segundo Orlandi (2005), todos os sentidos e significados das palavras são construídos
ao longo da história, e essa história fala através do nosso discurso. Os sentidos “[...] podem
derivar para outros sítios de significação, produzindo novos sentidos, efeitos do jogo da língua
inscrito na materialidade da história” (ORLANDI, 2005, p. 37). O uso do termo Bossa Nova é
um exemplo dessa materialidade histórica do uso e estabelecimento de termos contextuais na
língua, afinal foi uma gíria usada para indicar coisas novas — conforme a canção de Noel Rosa
(1930) —, de forma despretensiosa, e, anos mais tarde, identificada como tal no verso da música
Desafinado, de Tom Jobim (1959), na condição de estilo musical, como se vê no trecho (9)
Nesse verso da canção Tom Jobim e João Gilberto dão, intencionalmente, uma pista do
que pode ser a Bossa Nova, e se apoiam nos efeitos interdiscursivos para justificar aquela
maneira de cantar, sob a estratégia de uma amada classificá-lo, por recursos do não dito, como
um antimusical sem valor; enquanto, na verdade, ele considerava a sua produção natural e
inovadora, isto é, Bossa Nova. Assim, o termo “Bossa Nova” tornou-se uma construção
histórica e social que se consolidou enquanto estilo musical.
Orlandi (2005) indica que falamos com palavras já ditas, ou seja, o discurso é permeado
por sentidos previamente conhecidos, em uma dicotomia de estabilização e ruptura de
significações. Em suas palavras, “[...] todo o funcionamento da linguagem se assenta na tensão
entre paráfrase e processos polissêmicos” (ORLANDI, 2005, p. 36), e, deste modo, acontece o
processo de ressignificação dos sentidos e novos conceitos surgem dentro do próprio discurso.
É neste sentido, e através do que foi exposto sobre o termo Bossa, que observamos que
esse conceito se ressignificou através de um processo polissêmico. Na abordagem da AD aqui
exposta, a polissemia é como “[...] a simultaneidade de movimentos distintos de sentidos no
mesmo objeto simbólico” (ORLANDI, 2005, p. 38). Assim sendo, chamamos polissemia uma
palavra que ao longo do tempo ganhou um novo significado, tal como o nome e o conceito de
Bossa Nova que assumiu lugares diferentes, em épocas diferentes — desde Noel Rosa —, e
novas conexões que carregam novos sentidos.
do sujeito que o produz e que o ocupa. Segundo Orlandi, “[...] As palavras simples do nosso
cotidiano já chegam até nós carregadas de sentidos que não sabemos como se constituíram e
que, no entanto, significam em nós e para nós.” (ORLANDI, 2005, p. 20). A formação
discursiva de um sujeito tem relação com o seu contexto histórico e o lugar em que ocupa na
sociedade, e, nela está a ideologia presente no discurso. Assim como não existe discurso sem
sujeito, não existe sujeito sem ideologia.
Orlandi (2005, p. 45) define, ainda, que a ideologia se materializa no fato de que não
existe “sentido sem interpretação”, ou seja, diante de qualquer situação comunicativa somos
levados a interpretar e indagar “o que isto quer dizer?”. Esta indagação, é portanto, o que nos
leva a questões ideológicas que o sujeito deixou marcado no discurso através de sua FD. Neste
trabalho, a ideia de FD pode ser observada mais claramente nos seguintes trechos:
Em termos de FD, como dito anteriormente, remonta-se por Mello (2001) e Tinhorão
(2013) que os compositores e o cantor da canção “Desafinado” estavam se referindo aos críticos
da época, tanto os leigos como os profissionais, sobre a resistência para a recepção,
conhecimento e apreciação do novo estilo musical. O trecho (10) “Você com a sua música
esqueceu o principal”, representa, portanto, as faltas de abertura para o novo, de consideração
pela dinamicidade da música, de credibilidade para os compositores e cantor, e, sobretudo, da
percepção da invenção da mescla entre jazz e samba, o que promoveu o debate crítico que
aconteceu no Brasil sobre o estilo e a aceitação da Bossa Nova, durante a década de 50.
Ao responder estas questões, fomos levados a abordar e elencar as questões ideológicas
presentes na canção. No trecho (11), de acordo com a posição social, histórica e ideológica do
sujeito que ocupa o público da Bossa Nova, há, portanto, o sentimento de ingratidão desse
público e que afeta os compositores e o cantor. São palavras simples do cotidiano deles,
carregadas de sentidos da época, que não sabemos como se constituíram e que, no entanto,
significam neles e em nós, que observamos para realizar essa análise.
5 Conclusão
Referências
MELLO, Zuza Homem de. Folha explica — João Gilberto. São Paulo: Publifolha, 2001.
PÊCHEUX, M. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Trad. Eni Puccinelli
Orlandi et al. 2. ed. Campinas: Unicamp, [1975]1995.
TATIT, Luiz. Cancionistas Invisíveis. Revista Cult, São Paulo, ano 9, n. 105, p. 54-58, 2006.
TINHORÃO, José Ramos. Pequena história da música popular: segundo seus gêneros. 7.
ed. São Paulo: Editora 34, 2013.