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Apontamentos RA
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Mas se é verdade que não recebemos dos deuses nada mais requintado que esse poder de falar,
o que pode ser mais digno de cultivar com esforço e trabalho, ou em que aspeto podemos ser
mais desejosos de superar os nossos semelhantes, senão no exercício, exatamente, do poder
através do qual os homens suplantam os animais?
Quintiliano, Instituto Oratória, II, XVI.17
RETÓRICA:
A retórica compreende a disciplina que estuda o modo como comunicamos
persuasivamente com os outros. Consiste, ainda assim, numa atividade persuasiva que
procura influenciar e moldar a forma como alguém perspetiva ou age sobre determinado
assunto. Apresenta uma componente técnica e prática que nos ensina a tornar aquilo que
dizemos mais decisivo e categórico. Todavia, não consiste somente nos meios pelos quais as
ideias são geradas (Toye, 2013:5). Assim, pode concluir-se que é uma atividade comunicativa
pela qual influenciamos os outros.
É também uma contribuição incontornável para o diálogo e compromisso entre as
partes, eloquência, razão, raciocínio e argumentação.
PERSUASÃO:
De acordo com Perloff (in Mateus, 2018: 15) a persuasão carateriza-se por ser “o
processo simbólico no qual os comunicadores procuram convencer outras pessoas a alterar as
suas atitudes ou comportamento em relação a um assunto através da transmissão de uma
mensagem, num ambiente de liberdade”
“A capacidade de descobrir o que é adequado a cada caso com fim de persuadir. É uma rate
teórica que se desdobra da natureza humana – os modos da persuasão são os grandes
constituintes desta arte: tudo o resto é acessório.”
Aristóteles (in Mateus, 2018)
A retórica expressa de forma clara, ornamentada (sempre que necessário) e integral – mas
também persuasiva – as verdades que o pensamento descobriu cuidadosamente. A eloquência é,
assim, uma qualidade ao serviço da retórica enquanto método de buscar o conhecimento e a
verdade – marcador fundamental da moralidade e própria forma de persuasão.
Santo Agostinho
“Aquilo que melhor carateriza [a retórica] é ter sido definida como ciência do bem-dizer (...)
porque isso abrange simultaneamente todas as perfeições de discurso e a própria moralidade do
orador, uma vez que não se pode falar verdadeiramente se não formos homens de bem”
(Quintiliano in Mateus, 2018)
A Retórica é a arte de persuadir pelo discurso. Por discurso não entendemos apenas a
realização concreta e irrepetível da linguagem verbal – escrita ou oral constituída por uma
sequência de frases contendo uma unidade de sentido. Nem discurso é, estritamente, uma
exposição pública de um dado assunto. Pelo contrário, a palavra “discurso” admite
compreensões mais alargadas que incluam não apenas elementos verbais, como elementos
não-verbais e visuais.
“A Retórica não diz respeito a todos os discursos: apenas àqueles que visam persuadir –
incluindo, por exemplo, os tratados de filosofia, os manifestos, o sermão, o cartaz, o ensaio, a
demonstração de vendas, entre muitos outros. Porém, em potência, qualquer atividade
discursiva pode assumir um potencial persuasivo e retórico como poemas, comédias, filmes,
anúncios de televisão, softwares ou jogos de computador” (Mateus, 2018: 21).
“A Retórica tem assim um amplo espectro de aplicação desde o vendedor que desejar persuadir
o potencial cliente a comprar aquele modelo de automóvel, passando pelo médico que tenta
convencer o paciente a adotar uma determinada terapêutica, até ao candidato político que deseja
o apoio da Opinião Pública para a sua política externa. A Retórica assim definida não é uma arte
esquecida ou obsoleta. Nem uma técnica Antiga que se resgata por motivos históricos,
filosóficos ou filológicos. É uma arte eminentemente comunicativa, inerente ao homem
enquanto ser social”. (Mateus, 2018:22)
Críticas de Platão: mais empatia e aproximação com o auditório; palavras belas, estilo
afetado, discursos interferem com o caráter racional da atividade persuasiva, diabolizavam as
palavras (Seja gentil, pois cada pessoa que você encontra está enfrentando uma batalha
difícil.), Górgias (o mais conhecido sofista) era acusado de manipulação. (A persuasão
escraviza todas as coisas por submissão espontânea e não por violência.)
A BOA RETÓRICA:
Transparente: argumentos para problematizar, questionar e atingir um desfecho que
beneficie todas as partes envolvidas
Convoca o interlocutor a problematizar a realidade e a usar a sua lucidez crítica, não para
consentir, mas para permitir ser convencido.
Comunicacional e argumentativa: convida ao dialogismo, às perguntas e às respostas, à
construção conjunta do discurso de persuasão.
Inclusão do auditório na argumentação do orador.
Possibilita ao interlocutor diversos patamares de concordância e permite-lhe expressar a sua
livre vontade.
Capaz de dar poder ao auditório, de lhe dar expressão, de o empolgar na realização dos seus
ideais.
Repudia o ardil ao estimular o espírito crítico do auditório.
Retórica franca (proposta de racionalidade do diálogo)
A MÁ RETÓRICA
Visa aproveitar-se e ludibriar o auditório.
Visa passar por verdadeiros os discursos desprovidos de verdade.
Apodítica e concludente.
Transforma assentimento em consentimento.
Ofusca os desejos e interesses do interlocutor.
Manipuladora: procura “passar”, “forçar” ou “ditar” a sua perspetiva acerca do mundo, um
orador não impõe nada: antes, submete ao assentimento, estimula a interrogação e mostra-se
na argumentação desenvolvida.
Exclusão do auditório na argumentação do orador.
Lógica do poder, da redução da diferença à identidade (ex: “É assim e pronto porque eu o
digo”).
Armadilha ao auditório
Retórica ardilosa
TÉCNICA
Conjunto de preceitos que se podem pôr em prática com o fim de convencer o auditório –
perícia
Possui um ordenamento sistemático de conhecimentos, princípios e classificações que permitem
olhá-la como um domínio de perícia de acordo com o qual o orador pode orientar-se no difícil e
sinuoso terreno da influência.
Técnica que consiste numa competência característica: emprego da oratória e da eloquência
segundo alguns padrões discursivos.
Conjunto de regras sobre as quais se explana o método de determinar, em cada caso, os
melhores elementos de persuasão.
De entre os seus principais rudimentos encontramos a distinção entre o logos, ethos e pathos:
estes elementos definem a singularidade da técnica de persuasão em que a retórica consiste.
Quando tenho um público mais crítico e efusivo tenho de apresentar os dois lados da situação
(positivo e negativo).
PLANEAMENTO (págs.40/41)
A retórica é objeto de intensa preparação:
argumentos a invocar (identificar os argumentos a usar, quais são os argumentos que e
vou usar para conversa aquela pessoa);
a ordem porque são apresentados (tentar apresentar o que se considera mais
central/importante primeiro- técnica da pirâmide invertida);
a forma de os explicar (encontrar a melhor forma de justificar os meus argumentos);
estudo e memorização dos argumentos (1º memorizar o que eu quero dizer, 2º treinar para
que o meu discurso seja fluído, confiante e convincente);
apresentação convincente e segura (contacto visual, movimentação no espaço da
apresentação de forma equilibrada, gestos equilibrados e pensar no tom de voz a utilizar: ritmo e
altura da voz);
conhecer melhor o auditório (quem é que queremos convencer – pesquisar o máximo
possível sobre empresa/instituição/público para quem vamos apresentar – perfil do público;
tentar prever as perguntas que me vão ser dirigidas, assim já possível realizar uma preparação);
inteirar-se do local onde o discurso será proferido
prever que perguntas serão endereçadas ao orador.
Conclusão
A Retórica…
É uma disciplina científica de análise da persuasão e uma arena prática onde se manifestam
operações de influência e que funciona através de dispositivos argumentativos e apelativos.
Possui, poe sua vez, uma dimensão dialógica que convida à réplica e, por conseguinte, à
constante reformulação da persuasão. Assim, procura influenciar o auditório a aderir, voluntária
e conscientemente, às propostas do orador.
Primeiros professores
Empédocles de Agrigento, Córax e Tísias. Córax, discípulo de Empédocles, é o autor,
juntamente com Tísias, de uma arte oratória (tekhné rhetoriké) onde apresenta um método e
regras – artem et praecepta – para o desenvolvimento das reuniões públicas: coleção de
princípios básicos e formas exemplares que ensina os pleiteantes a serem convincentes
quando recorrem à justiça (como reivindicar).
Córax: renovação democrática de Siracusa. Criou nova forma de argumentação na qual
se afirma que uma coisa é inverosímil por justamente ser verosímil demais (Reboul,
1998: 3). Quando alguém se declara inocente precisamente porque é tão verosímil
julgarem-no culpado que não é verosímil que ele o seja.
Se o ódio que eu nutri pela vitima tornar verossímeis as suspeitas atuais, não será ainda
verossímil que prevendo essas suspeitas antes do crime, eu me tenha abstido de cometê-lo?
Antifonte, o mais elevado exemplo da Retórica judicária grega, utiliza o argumento de Córax
(Reboul, 1998: 3).
Os sofistas
O ensino da nova arte oratória alastrou-se desde a Sícilia até outras cidade-estado gregas
através dos professores de Retórica (retores) e dos profissionais da oratória pagos para
defender causas (Sofistas).
A Retórica era vista enquanto discurso público e associada à afirmação política do cidadão.
Praticar Retórica era liderar o povo: papel crucial na deliberação política, nas resoluções de
guerra, na determinação dos impostos ou na administração pública.
Os sofistas tinham um papel de relevo na sociedade ateniense: providenciavam o treino
retórico e as competências de persuasão necessárias ao debate entre pares. A retórica
tornou-se imprescindível para quem pretendia ascender politicamente.
Retórica: ferramenta de enorme poder que os Sofistas souberam potenciar aconselhando as
elites políticas, sociais e culturais.
“A democracia é a condição indispensável ao desenvolvimento da eloquência;
reciprocamente, a eloquência é a qualidade superior do indivíduo que pertence a uma
democracia: nenhum dos dois pode passar sem o outro” (Todorov, 1979 a: 56).
Spin doctor: alguém cujo trabalho é fazer com que ideias, eventos, etc. pareçam melhores do
que realmente são, especialmente na política. (Cambridge Dictionary)
Spin doctoring é um termo depreciativo para definir atividades de relações públicas para
instituições políticas, atores políticos ou corporações que enfatizam ou exageram os aspetos
mais positivos de algo. (Wiley Online Library)
Reabilitação da retórica
Aristóteles: fundador da Retórica enquanto prática de comunicação persuasiva
1. A Retórica, não pelo seu poder – como a Sofística – mas pela sua utilidade: ferramenta com
que a razão se dota para discursar publicamente. A Retórica como uma arte legítima, ainda
que os seus usos possam ser desonestos. Aristóteles descreve a Retórica em termos de
defesa pessoal: é absurdo que apenas ensinemos às pessoas a defenderem-se fisicamente (as
artes marciais) e não as eduquemos na defesa pessoal das suas ideias e convicções através
do discurso e da razão (a arte retórica).
2. A Retórica pelo rigor do seu discurso: o que a distingue é uma argumentação austera e
muito. Retórica assume o papel principal da discussão dos assuntos sobre os quais não é
possível erigir um raciocínio lógico e demonstrativo.
3. A Retórica enquanto técnica ou arte da persuasão: método de pensamento persuasivo - não é
a persuasão, mas a competência de persuadir. Como? Antes de mais, identificando os meios
de persuasão que melhor servem o caso a argumentar. O bom orador é aquele que não
atualiza fórmulas padronizadas, mas aquele que trabalha, seleciona e reconfigura essas
fórmulas da persuasão de acordo com cada situação e auditório.
Nova retórica
Critica da Razão e da Lógica Formal: argumentação em princípios próprios, quer seja, a
adesão dos espíritos (Perelman), quer seja, a justificação argumentativa (Toulmin) em
situações quotidianas e de aplicação prática.
Carácter não-coercitivo da argumentação que, ao contrário da lógica formal, convive
bem com o indefinido, o múltiplo e o plural: Retórica enquanto atividade argumentativa, de
pendor justificativo.
Fundamentação dos juízos de valor (“o que nos permite afirmar que isto é justo e aquilo
não é bom”?) assente, não na evidência, demonstração ou em princípios universais, mas na
argumentação em situações práticas nas quais um assunto não se apresenta de forma
unívoca e indubitável, e por isso é regido somente pelo verosímil.
A Retórica não é demonstração nem cálculo lógico de argumentos: é diálogo ou encontro
com o auditório por intermédio da apresentação provável de conclusões permanentemente
justificadas, discutidas e reavaliadas para chegar-se, não à conclusão verdadeira, mas uma
conclusão plausível e provável, capaz de obter o acordo dos interlocutores.
A Dinâmica Retórica
Retórica = persuasão com base em intensa prática argumentativa.
O argumento é o principal instrumento para levar o interlocutor a aceitar a tese do orador.
Argumentação: atividade comunicativa, de base discursiva, na qual uma opinião é
reconhecida ou refutada tendo por base um conjunto de razões bem fundamentadas
(os argumentos) com vista a obter a adesão do auditório e, deste modo, provocar uma
mudança na sua compreensão e/ou comportamento em relação a um dado assunto.
Opinião
Ponto de vista sobre um determinado tópico (seja um eletrodoméstico, teoria, ideologia,
decisão política ou causa humanitária) que pode ser transformado em argumento.
A opinião ou ponto de vista versa um assunto sobre o qual não existe uma resposta cabal
ou evidente. Trata-se de uma opinião situada no domínio do verosímil e da plausibilidade, e
que, por esse mesmo motivo, é objeto de disputa.
Orador
A sua principal tarefa é criar uma argumentação válida e submetê-la à apreciação dos
outros indivíduos: criação e transmissão de um argumento.
O seu objetivo é fazer com que o auditório adira e partilhe a sua tese através do seu
exercício retórico.
O sucesso retórico depende da capacidade do orador em fazer ver e fazer sentir ao auditório
a pertinência, razoabilidade e plausibilidade daquilo que é argumentado.
Argumentos
Os argumentos consistem na apresentação encadeada e rigorosa de razões destinadas a fazer
convencer. Podem ser apresentados:
por escrito (ex: os acórdãos dos tribunais)
oralmente (ex: o discurso de um general às
suas tropas),
de forma direta (presencial)
indireta (através dos meios de comunicação
de massa).
não-verbal (ex: uma imagem, um cartoon
satírico).
Auditório
Conjunto daqueles que o orador visa influenciar através da sua argumentação. Nem sempre
o interlocutor direto do orador é, na verdade, o seu auditório. O ministro parece falar com o
jornalista, porém, provavelmente, o seu auditório será composto pelos cidadãos que deseja
influenciar.
Auditório particular: grupo específico de interlocutores (sala de imprensa cheia de
jornalistas ou pais presentes na reunião com os encarregados de educação)
Auditório universal: ideal ético que deve nortear a Retórica, auditório ideal onde tem lugar
uma argumentação tão rigorosa que se assume como plenamente racional com padrão de
argumentação convincente e elevado nível ético e moral.
Audiências: auditório a distância da retórica mediatizada.
Refletir: os melhores oradores adequam os seus discursos aos diferentes auditórios a que se
dirigem.
Perceção e comportamento
De acordo com os valores, juízos e conhecimentos mobilizados durante a argumentação, o
auditório tenderá a aceitar ou rejeitar as propostas argumentativas do orador. A adesão do
auditório irá manifestar-se de forma passiva (reconhecendo a força da argumentação) ou
de forma ativa (o reconhecimento intelectual transformado em disposição para agir).
Alguns discursos políticos são uma boa ilustração: eles podem ter alterado ou confirmado
determinada perceção; contudo, por vezes, esses discursos são incapazes de transformar a
adesão do auditório em disposição deste para agir (ex: o cidadão votar nesse partido nas
próximas eleições).
Os géneros retóricos
É a Aristóteles que devemos a mais famosa distinção dos géneros retóricos em três
categorias distintas: género deliberativo, género epidíctico e género judiciário.
Cada género é, de acordo com o Livro I da Retórica determinado de acordo com diferentes
critérios: o auditório a que se dirige, a finalidade que o conduz, o tempo a que se
refere, os valores porque se rege.
O local onde os géneros ocorrem é apenas um dos critérios utilizados. Os géneros retóricos
valem, acima de tudo, pelo ordenamento temporal, a sua finalidade e os valores que
sustentam o discurso.
Género Deliberativo
Recomendar ou prescrever, perante uma assembleia, um curso de ação associado ao futuro.
Questão principal é qual o comportamento a adotar (no futuro) que seja mais benéfico e útil.
Pesar os prós e contras de uma decisão: orientada para o futuro - o que deve ser feito.
Quais as ações mais adequadas a tomar para a satisfação e o bem-estar do auditório.
É o género aparentado com a vida cívica: virtudes individuais ao serviço da comunidade.
Orador deve ser alguém informado e sensato que possa contribuir para melhor tomada de
decisão.
Natureza pragmática: procura ajustar no presente um curso de ação com vista ao sucesso
futuro.
Género Epidítico
Discursos de louvor, aclamatórios.
Elogia no Espaço Público, e perante os cidadãos, o carácter ou os feitos de um indivíduo,
mas também pode condená-los.
O orador busca enaltecer a virtude ou mesmo o vício sendo uma oportunidade de reforçar os
valores.
Papel agregador por identificação ou por contraste.
Natureza contemplativa dos códigos de valores e crenças em vigor numa sociedade através
do exemplo particular.
Proclama as virtudes como passíveis de ser imitadas: papel central dessas virtudes para uma
sociedade.
Género Judiciário
Pleitos e arguições acerca da culpabilidade ou inocência de alguém. Sejam de acusação
(kategoria) ou de defesa (apologia), este género concentra-se naquilo que aconteceu.
Natureza inquisitiva: reconstrução do passado e significado dos atos ocorridos.
Associado ao valor da justiça, avaliando se alguém é, ou não, capaz de praticar o ato de que
é acusado.
No centro do género judiciário estão as perguntas: quem fez? porque o fez? quem beneficia?
Entimema
Silogismo: raciocínio (dedutivo) feito a partir de duas proposições (premissas), das quais se
deduz uma terceira, a conclusão:
Todos os homens são mortais; os portugueses são homens. logo, os portugueses
são mortais.
Todos os répteis são animais irracionais. Cobra é um réptil. Logo, cobra é um
animal irracional.
Forma de silogismo ou argumentação em que uma das premissas ou um dos argumentos fica
subentendido. Suprime-se uma das premissas ou, inclusivamente, a conclusão, por se considerar
que estas são do conhecimento comum ou porque não interessa expô-las:
O Marco tem formação universitária, porque é médico.
Constata-se que há uma premissa suprimida: «Todos os médicos têm formação
universitária».
Na sua forma canónica este argumento pode ser representado da seguinte maneira:
Todos os médicos têm formação universitária. O Marco é médico. Logo, o Marco tem
formação universitária.
No contexto da Retórica, o entimema é fundamental porque imprime ao discurso agilidade
expositiva.
Conclusões
As três provas artísticas são técnicas que atingem os melhores efeitos quando são utilizadas de
forma complementar e interdependente.
À credibilidade (ethos) que “obriga” o auditório a ponderar as palavras do orador, segue-se a
capacidade, por parte do orador, de gerir as emoções (pathos) e assim cativar o auditório; por
fim, é necessário que a presença e o interesse do auditório sejam transformados em adesão
“lógica” às teses propostas (logos).
Nem sempre precisaremos de utilizar estas três técnicas no mesmo discurso. Mas fazê-lo é
alargar o campo da persuasão desde o carácter moral, passando pelo despertar das emoções até à
racionalidade daquilo que se apresenta perante o auditório.
Produção: “orador irá começar exatamente por delinear e construir a sua alocução através de
uma rigorosa divisão dos cânones retóricos.” (Mateus. 2018: 113).
UM BOM DISCURSO IRÁ PASSAR POR CADA UMA DESTAS DIVISÕES (pág. 114):
- Compreender o assunto mobilizando todos os argumentos e provas que o possam servir
(invenção).
- Articulá-los e relacioná-los (disposição).
- Redigi-los e enunciá-los da melhor forma possível incluindo todas as figuras de estilísticas que
os possam adornar e realçar (elocução).
- Estudá-los em pormenor e decorá-los (memória).
- Dar voz e corpo a esses argumentos através de um desempenho oratório memorável para o
auditório (ação).
OS CÂNONES RETÓRICOS:
- Cada uma das divisões retóricas constituem tarefas que devem ser cumpridas pelo orador sob
pena do seu discurso ser irrelevante, confuso, pobre e mal escrito, interrompido ou inaudível
(Mateus, 2018: 114).
- Estas divisões são, pois, elementos centrais da técnica retórica e deles depende o sucesso que,
na prática, os discursos possuirão (Mateus, 2018: 114).
- Um discurso cujo orador seja muito com a colocar a vos e a entoá-la, mas que, todavia,
apresente ideais frágeis, mas desenvolvidas e inconsequentes não terá o mesmo sucesso do
orador que for capaz de conjugar todas estas tarefas de acordo com os cânones retóricos
(Mateus, 2018: 114).
- “Esta divisão, em cinco partes, é provavelmente a maior contribuição para a técnica retórica e
devemo-la a um dos grandes oradores romanos: Marco Túlio Cícero” (Mateus, 2018: 115).
- Propôs esta divisão no tratado De Inventione sabendo, embora, que outros retores do seu
tempo já a utilizavam, no entanto, Cícero realizou a sua sistematização.
- “[...] dedica o De Inventione quase exclusivamente a desenvolver o treino retórico da
invenção, o cânone mais prezado na Antiguidade Clássica e considerado o mais importante
no treino retórico dos advogados e oradores forenses” (Mateus, 2018: 115).
INVENÇÃO (inventio):
- O orador interroga-se sobre os aspetos mais importantes que devem ser aludidos no discurso
de acordo, naturalmente, com o género e as provas artísticas mais convenientes, previamente
definidas por si (Mateus, 2018: 115).
- Nesta fase, ele (orador) procura encontrar ‘aquilo que irá dizer’, num duplo sentindo: literal e
figurado (Mateus, 2018: 115).
- Literal, uma vez que o discurso ocupar-se-á da enumeração de elementos, factos e eventos
considerados relevantes. Assi, a invenção irá concentrar-se em todas as provas artísticas tidas
por relevantes para afirmar a tese do orador: testemunhas, atos, ocorrências, coincidências,
acontecimentos, autores, obras, documentos, entre outros (Mateus, 2018: 116).
- Sentido figurado, porque orador deve achar o fio do discurso e a sua essência. Ao procurar
‘aquilo que irá dizer’, o orador terá de encontrar a tese que deverá estar em tudo aquilo que ele
invoque (Mateus, 2018: 116).
ELOCUÇÃO (elecutio):
- Corresponde à redação do discurso e, segundo Cícero, é aquela que melhor exprime o
orador.
- O orador poderá ter ideias muito interessante e, até, um acaso convincente de argumentação.
Contudo, enquanto as ideias não adquirirem expressão simbólica (texto, anúncio comercial, etc.)
elas não poderão ser apreciadas pelo auditório.
- Uma boa elocução é aquele que conjuga língua e estilo como adjuvantes da argumentação.
- Os argumentos podem ser bons, mas se são proferidos de forma pouco exta ou erradamente, o
auditório dificilmente aceitá-los-á.
- Assim, a correção linguística é essencial a uma boa elocução, bem como a expressão
rigorosa das ideias através dos vocábulos mais precisos e adequados.
- A retórica literária influenciou bastante a elocução dando valor a uma prosa rica e variada,
digna de rivalizar com vivacidade da poesia.
- Uma boa elocução irá dar imagens mentais vívidas nas quais a escolha das melhores
palavras sem ambiguidade, o ritmo de prenuncia, os desvios alegóricos, as figuras de estilo
empregues e a construção frásica não são apenas adereços, mas a expressão fundamental da
correção do pensamento.
- Cícero, em especial, identificou 3 estilos principais que alimentam a elocução:
Estilo nobre ou elevado (grave) que visava comover (movere) sendo especialmente útil
durante a peroração;
Estilo simples (tenue) que se destinava, sobretudo, a explicar (docere) e, ao assentar no
logos destacava-se na narração;
Estilo ameno (medium) que vidava agradar (delectare) e, ao assentar no ethos,
concentrava-se no exórdio.
- O estilo escolhido pelo orador está, na contemporaneidade, um pouco esquecido, mas isso
não significa que a elocução não desempenhe um papel central no sucesso persuasivo.
MEMÓRIA (memoria):
- É a parte os cânones que torna possível a mestria demonstrada pelo orador na elocução.
- Na Antiguidade Clássica, os discursos eram longos pelo que exercitar a capacidade de
memorização era essencial.
- A memória era o cânone que tornava possível ao orador navegar pelo mar da sua
argumentação sem se perder.
- Parte especialmente importante no contexto da civilização greco-romana onde o orador
discursava perante as assembleias e onde a leitura seria considerado ultraje ou indigno.
- Contudo, ainda hoje, numa cultura logocêntrica da escrita, notamos a importância do
cânone da memória.
- A maioria dos auditórios prefere um orador que discurse livremente sem se ater aos seus
apontamentos. Os auditórios não apreciam os oradores que se limitam a ler os discursos
previamente preparados.
Todavia, o problema, nestes casos, é que os discursos foram escritos para serem lidos e
não para serem objeto de desempenho oratório. A sua leitura costuma, assim, ser
fastidiosa e monótona.
- Quem é o orador? – o orador não é somente uma voz, mas é também é o mestre de
cerimónias do exercício retórico: voz, mas também corpo. É ele que torna viva a palavra
morta do discurso.
- Neste sentido, a memória é a parte essencial do discurso que alimentará a espontaneidade
e improviso do orador perante a reação do auditório. Mas para isso acontecer é necessário
que ele tenha memorizado a preleção para, durante a sua elocução, discursar com autenticidade.
- A memória é relevante, porque permite ao orador ter na sua mente o esboço de todos os
cânones retóricos: trabalhando a sua capacidade de armazenar, o orador disporá da capacidade
de memorização necessária para mobilizar cada argumento, cada retórica, cada prova artística à
medida da sua conveniência.
- A memória opera como uma função primordial que torna possível todos os outros
cânones, ou seja, permite ao orador lembrar-se dos argumentos inventados, da sua ordem
e do estilo que decidiu explorar nos mesmos.
- A memória é ainda, uma parte essencial dos cânones retóricos e um elemento que todo o
orador moderno não deve negligenciar. Confere ao orador fluência, naturalidade e
loquacidade.
AÇÃO (pronuntiatio):
- Designa o desempenho do orador e o modo como ele se apresenta perante o auditório.
- A ação engloba todos os elementos para-verbais e não verbais da comunicação.
- Um orador competente deve dominar a entoação e o volume da voz, o ritmo oratório, as
pausas entre ideias ou o tom com que fala (para-linguagem).
- Deve ainda, atentar na forma como usa todo o material de elementos não verbais como a
linguem corporal, postura, os usos da gestualidade, as expressões faciais ou a aparência física.
- A ação respeita, pois, a proferição do discurso. É muito mais do que a enunciação do
discurso: é verdadeiramente a sua interpretação integral.
- Cícero refere no Brutus que, segundo Demóstenes, havia 3 qualidades básicas num orador:
Dominar a ação.
Dominar perfeitamente a ação.
Dominar ainda mais perfeitamente a ação.
- O orador competente assemelha-se a um ator: a verosimilhança e a credibilidade da sua
mensagem dependem da maneira como ele a encarna.
- O orador é um ator quando age de forma a parecer aquilo que quer fazer parecer.
Se fala de um assunto sensível poderá querer baixar o volume da voz e diminuir o ritmo
oratório.
Se tenta despertar indignação e deseja que o auditório se manifeste ardentemente, o
orador poderá adotar uma postura menos relaxada em que a voz seja mais forte e densa,
e a expressão facial repita a repulsa expressa nas suas palavras.
- A ação é relevante para o orador, porque lhe permitirá ser coerente entre aquilo que afirma
e o modo como se comporta acerca daquilo que declara.
- O orador tem de ser aquilo que quer do auditório. A variedade do tom de voz, o ritmo da
respiração e a rigidez da sua linguagem corporal, tudo tem de estar de acordo com o momento
da argumentação e de acordo com o efeito pretendido no auditório.
- Como refere o manual antigo de retórica Rethorica ad Herennium, não existe nenhum
cânone retórico cujo valor se sobreponha à ação. Sem ação, qualquer dos cânones retóricos
permanecem incompletos e solitários, sem hipótese de chegar às mentes dos indivíduos que os
presenciam.
Formas argumentativas
- Objetivo: construir um conjunto contundente de argumentos para conseguir a adesão do
auditório.
Neste sentido, é necessário afinar os seus argumentos, adequá-los à situação (será coloca-los
no exórdio ou durante a narração?) e harmonizá-los num discurso coerente.
- Não basta estarmos na posse de um conjunto de formar argumentativas que podem ser
utilizadas de forma indiscriminada ou indistinta.
- Os argumentos não são ferramentas que servem para todos os propósitos, em qualquer altura e
para qualquer auditório. Não são formas milagrosas de persuasão.
- Convém separar a utilização dos argumentos, não apenas de acordo com as suas caraterísticas,
mas também segundo a própria conveniência do orador.
- É necessário prestar atenção às premissas que regem a utilização dos argumentos e que
formam o ponto de partida da argumentação.
- Hierarquia de valores:
- Lugares do preferível:
Consenso geral de estabelecer o valor de alguma coisa.
Elementos generalizáveis e facilmente reconhecidos como importantes.
Lugares da quantidade: preferência daquilo que oferece mais coisas, mais prazer, é mais
durável ou mais frequente.
Lugares da qualidade: valorizam ou preferem o acontecimento único e irrepetível, aquilo que
é distinto ou aquilo que é raro.
A Retórica Mediatizada
Após o seu declínio, a Retórica sobreviveu no ensino da oratória, na prática literária e
nos discursos jurídicos.
A renovação da retórica ocorre a partir de meados do séc. XX: numa razão
argumentativa que defende, não a verdade, mas uma razoabilidade plausível.
A Retórica que renasce no Séc. XX e se afirma em pleno séc. XXI já não é
exatamente a mesma técnica retórica que herdámos da antiguidade clássica: ainda está ao
serviço da persuasão, no entanto, persuadir na época da comunicação de massas, é bastante
diferente da persuasão que o orador clássico mobilizava face-a-face com o seu auditório…
RETÓRICA HOJE
Os três géneros oratórios sofrem uma abertura que os remodela ao mesmo tempo que a
Retórica vai anexando todas as formas modernas do discurso persuasivo.
A Retórica deixa de ser encarada somente como persuasão discursiva verbal: estudo da
persuasão para lá da palavra (como a imagem ou o cinema), e incluir a comunicação não-verbal
(para-linguística, proxémica e quinésica).
Faces muito diversas: Retórica da Publicidade, Retórica da Imagem, Retórica da
Comunicação Política, entre muitas outras.
A Retórica atual apresenta-se estilhaçada em vários sentidos: estilhaçada nos
contextos de usos, os quais ultrapassam o discurso do orador perante uma assembleia;
estilhaçada quanto ao foco persuasivo já que comporta agora a prática persuasiva em geral,
desde o discurso e comportamento do vendedor, passando pelos palestrantes e conferencistas
até, por exemplo, ao discurso familiar; estilhaçada na sua própria definição, a qual tem de
incluir a influência incontornável dos dispositivos tecnológicos de mediação simbólica, ou
Media, nas nossas vidas.
Retórica mediática: tipo discursivo característico dos media durante o seu normal
funcionamento (por exemplo, a retórica da informação e do entretenimento, de acordo com os
seus respetivos regimes do objetivo e imediato) (Figueiras, 2017).
Retórica mediatizada: modificações que os meios de comunicação introduzem nos processos
de persuasão (Figueiras, 2017).
Audiências:
Diferimento Espacial e Temporal – tempos de visionamento muito díspares entre si;
assistir repetidas vezes à mesma preleção.
Carácter Múltiplo e Heterogéneo - coexistem diferentes contextos de visionamento,
diferentes objetivos e distintos tempos de receção. Competição pela atenção.
Favorecimento da visão face à audição - tendem a confiar mais no que veem do que
no que escutam. A comunicação não-verbal é tão importante quanto a verbal.
Privilégio do mostrar face à demonstração – tende a mostrar mais do que a narrar.
Condensa-se a mensagem em imagens, ícones e símbolos
Natureza tangível que pode ser medida e quantificada – podem ser quantificadas e
traduzidas em números.
A EROSÃO MEDIÁTICA DOS GÉNEROS RETÓRICOS (Mateus, 2018)
Negação de uma tripartição, clara, definida e autónoma dos três géneros.
Um discurso demonstrativo ou epidíctico trata de questões ligadas à moral (pense-se
nos discursos elogiosos a Nelson Mandela que sublinhavam a sua integridade moral). Mas não
poderá igualmente respeitar outros fins? Será que, num elogio, também não estaremos
simultaneamente a falar daquilo que é útil e justo?
E as deliberações (pense-se nos discursos políticos acerca do Brexit, a saída por parte
do Reino Unido da União Europeia): estamos a referirmo-nos a questões de utilidade (a mais
vantajosa e proveitosa decisão para o Reino Unido) mas não estaremos igualmente a discutir e
argumentar aspetos morais (como por exemplo, a justiça do Reino Unido abandonar os seus
parceiros europeus)?
Os géneros subsistem. Contudo, vão-se imbricando entre si.
Velocidade retórica: com o avanço da tecnologia, não há limite para a velocidade e distância
em que um discurso pode viajar. As tags, por exemplo, são palavras-chave que os leitores
podem digitar nos mecanismos de busca para ajudá-los a encontrar, visualizar e compartilhar
textos e informações relevantes. É importante prever como o público vai recompor os discursos.
Análise Retórica
A análise retórica permite percebermos as estruturas argumentativas que suportam o processo
geral de persuasão e convencimento.
- Concentra-se nos elementos argumentativos.
- Considera o texto retórico enquanto unidade: decompõe as suas partes revelando a maneira
como essas partes operacionalizam as estratégias de persuasão.
- O objetivo é explicar os modos como o orador procura persuadir o seu público através da
escrita, composição visual ou oratória.
- Explica como determinado texto ou discurso nos persuade acerca da validade do seu ponto de
vista.
- Identifica e investiga o modo como o orador comunica, e as estratégias por si empregues para
conquistar a adesão do auditório, estabelecer as suas teses, justificá-las e persuadir sobre a
necessidade de aceitar aquilo que lhe é proposto.
- É o exame das diversas estratégias (textuais, discursivas, performativas, não-verbais e para-
linguísticas) que o orador usa para comunicar persuasivamente.
O AUTOR / ORADOR
- Quem é o autor ou orador, e que valores, tradições (filosóficas, religiosas, académicas, etc) e
crenças orientam a sua preleção?
- Perceber o seu percurso pessoal e profissional.
- O orador adapta-se ao seu auditório/audiência: é preciso entender essa acomodação. O orador
poderá assumir uma persona e todo o discurso proferido deverá ser compreendido tendo em
conta, não a personalidade do orador, mas a persona que ele representa.
A motivação:
1. Parte de uma confrontação com opiniões contrárias e a necessidade de responder a objeções –
explícita ou implicitamente – levantadas;
2. Baseia-se nos valores do orador (sente que determinada situação deve ser corrigida e o seu
discurso pretende iniciar o processo de mudança);
3. Pode advir de aspetos relacionados com a profissão do orador (o comediante tem como
motivação divertir os espectadores e assim garantir o sucesso que lhe permita viver da
comédia).
Objetivo com que o orador discursa: separe aquilo que despoleta a argumentação daquilo que a
argumentação pretende realizar: a motivação pode ser sensibilizar os cidadãos para a
sustentabilidade ambiental, mas o objetivo ser conseguir que mil pessoas subscrevam uma
petição.
Constrangimentos: limitações envolvidas na conceção argumentativa do discurso. Os oradores
possuem experiências de vida particulares e pautam-se por determinados valores e perspetivas
que moldam a sua compreensão acerca de determinado assunto e determinam o argumento geral
apresentado. Qual, ou quais, os enquadramentos institucionais ou constrangimentos sociais e
culturais que afetam e moldam a perspetiva do orador? Quais os Acordos Prévios sobre o Real e
sobre o Preferível?
O AUDITÓRIO / AUDIÊNCIA
- Para quem é dirigido o discurso retórico?
- Quem é o auditório e quem é a audiência?
- Para quem este discurso foi especialmente concebido e que elementos contém capazes de gerar
a identificação do auditório (ou seja, dos leitores) com as teses a si submetidas?
- Um dos mais basilares elementos na Análise Retórica é conhecer o leitor, auditório/audiência
do discurso investigado para inferir a pertinência e plausibilidade do orador referir certos
assuntos, e de o fazer exatamente daquela forma.
O DISCURSO
- É, propriamente, o objeto da análise. É aqui que se concentram todas as atenções de forma a
descobrir as estratégias persuasivas utilizadas (incluindo a escolha lexical, uso de figuras de
estilo, construções frásicas, etc), e de que maneira cada argumento ou elemento retórico
contribui para o objetivo de gerar a adesão do auditório.