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2019 TCC Jlgpinto
2019 TCC Jlgpinto
2019 TCC Jlgpinto
FUTEBOL E EUROCENTRISMO:
AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE OS CONTINENTES NO
PROGRAMA TELEVISIVO LINHA DE PASSE, DA ESPN, DURANTE A
COPA DO MUNDO DE 2018
FORTALEZA
2019
2
FUTEBOL E EUROCENTRISMO:
AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE OS CONTINENTES NO PROGRAMA
TELEVISIVO LINHA DE PASSE, DA ESPN, DURANTE A COPA DO MUNDO DE 2018
FORTALEZA
2019
3
4
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Prof. Dr. Robson da Silva Braga (Orientador)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
_________________________________________
Prof. Dr. Ricardo Jorge de Lucena Lucas
Universidade Federal do Ceará (UFC)
_________________________________________
Prof. Dr. Rafael Rodrigues da Costa
Universidade Federal do Ceará (UFC)
FORTALEZA
2019
5
A Deus.
Aos meus pais, Antônio Pinto Neto e Maria
Solidade dos Santos Gomes.
6
AGRADECIMENTOS
Nelson Rodrigues
8
RESUMO
Esta monografia analisa de que modo o programa Linha de Passe, da emissora de televisão
ESPN, enfatiza o futebol europeu em detrimento do futebol praticado em outros continentes.
Partimos do pressuposto de que há um maior destaque e exaltação de equipes europeias de
futebol como reforço da noção de superioridade do continente europeu. Para a investigação,
analisamos cinco edições do programa (15, 17, 19 e 24 de junho e 6 de julho) durante a Copa
do Mundo de 2018, realizada de 14 de junho a 15 julho, na Rússia. Para embasar teoricamente
a investigação, adotamos especialmente os conceitos de representações sociais (Serge
Moscovici e Stuart Hall) e identidade nacional (Roberto DaMatta) e a noção de eurocentrismo
(Jack Goody e Shohat e Stam).
ABSTRACT
This monograph analyzes how the ESPN television show, Linha de Passe, emphasizes
European soccer to the detriment of football from other continents. We assume that there is
greater prominence and exaltation of European football teams as a reinforcement of the notion
of European superiority. For the research, five editions of the program (15, 17, 19 and 24 June
and 6 July) were analyzed during the 2018 World Cup, held from June 14 to July 15 in
Russia. To theoretically support the research, the concepts of social representations (Serge
Moscovici and Stuart Hall), national identity (Roberto DaMatta) and the notion of
Eurocentrism (Jack Goody and Shohat and Stam) were used.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 14
2 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 34
2.4 Eurocentrismo 42
CONSIDERAÇÕES FINAIS 75
BIBLIOGRAFIA 77
14
INTRODUÇÃO
Ainda sob efeito da derrota do Brasil sob o Uruguai em pleno Maracanã em 1950,
Nelson Rodrigues publicou, durante a Copa de 1958, uma crônica que serviria como uma
alfinetada contra nós, brasileiros. Em “Complexo de Vira-Latas”, texto publicado à época nas
páginas do jornal Manchete Esportiva, o cronista descreve o sentimento de inferioridade dos
brasileiros em relação ao resto do mundo: “Em Wembley, por que perdemos? Porque, diante
do quadro inglês, louro e sardento, a equipe brasileira ganiu de humildade. Jamais foi tão
evidente e, eu diria mesmo, espetacular o nosso vira-latismo1”.
Embora tal definição trate de um sentimento de inferioridade em relação ao mundo em
geral, o chamado “vira-latismo” tem por base especialmente a centralidade que o continente
europeu exerce sobre nós desde o processo colonizador até os dias de hoje. Mas essa
característica não define apenas a identidade nacional (Roberto DaMatta) brasileira, e sim ao
menos a América Latina em geral, região cujos países passaram por processo similar de
colonização europeia.
Os primeiros relatos sobre futebol (não no formato atual) datam do século III a.C., na
dinastia Han (China, o esporte ts’uh kúh). Naquele momento, o jogo consistia em colocar bola
em uma pequena rede. Existiram variações também no Japão, onde era definido como kemari,
sendo ainda hoje visto em eventos culturais. E, após isso, na Itália, durante o império romano;
e na Grécia.
O futebol teve sua criação no século 19 (1863), na Inglaterra, e aos poucos foi
passando para seus vizinhos, chegando, assim, à Europa como um todo. Todavia, o
fortalecimento do continente perante os outros vem de uma “desigualdade” definida por
Immanuel Kant (1784), que servia como mecanismo de subjugação e fortalecia o sentimento
de colonialismo (principalmente na África e nas Américas).
As ilhas britânicas foram preponderantes para o crescimento do futebol, pois Escócia
(1873), País de Gales (1875) e Irlanda (1880) fundaram suas associações esportivas nacionais.
Após isso, Holanda e Dinamarca (1889), Nova Zelândia (1891), Argentina (1893), Chile,
Bélgica e Suíça (1895), Itália (1898), Alemanha e Uruguai (1900) também fizeram parte do
fortalecimento do futebol em nível mundial.
1
RODRIGUES, Nelson. À sombra das chuteiras imortais. São Paulo: Cia. das Letras, 1993. p.51- 52: Complexo
de vira-latas.
15
No século XX, a Copa do Mundo foi criada (1930), nas três primeiras competições
(com duas conquistas italianas e uma uruguaia). As edições de 1942 e 1946 não foram
disputadas por causa da segunda guerra mundial. Em 1950, o Brasil em casa perdeu para o
Uruguai em um Maracanã lotado. A partir de 1958, a seleção nacional conquistou a Copa em
cinco oportunidades.
Desde outubro de 2015, mantenho um site chamado Mercado do Futebol2, no qual
abordo vários temas relacionados a contratações, pós e pré-jogos e notícias em geral. Utilizo a
plataforma como forma de divulgar o futebol de lugares distantes (fiz matérias sobre Ilhas
Fiji, Ilhas Maldivas, Zimbábue, Panamá, entre outros países pouco conhecidos). Sobre o
objeto, pensava algo parecido com o tema deste trabalho, desde o quarto semestre, durante a
disciplina de Semiótica.
Contudo, após sugestões do professor Ricardo Jorge durante disciplina ministrada por
ele no quarto semestre, decidi abordar o acidente da Chapecoense, deixando de lado minha
ideia inicial. No quinto semestre, na cadeira de Epistemologia com a professora Cida de
Sousa, tratei dos megaeventos esportivos da Eurocopa. No sexto semestre, trabalhei em
conjunto com o professor Diógenes Lycarião os critérios de noticiabilidade na mídia
brasileira.
Ao chegar ao TCC 1, orientado pelo professor Robson Braga, senti-me à vontade para
escolher o tema. Foi então que comecei a pensar sobre o assunto e, tendo como gancho os
trabalhos que desenvolvi nas disciplinas anteriores, formatei o que se tornou uma análise do
futebol em geral, mas com enfoque na noção de “eurocentrismo” empregado nos dias atuais
pela mídia esportiva.
A priori, o objeto seriam as edições de novembro de 2018 do Redação SporTV (É um
dos programas principais do veículo esportivo de maior audiência na TV fechada3). Contudo,
o número de programas disponíveis na internet era reduzido. Por conta disso, decidi analisar o
Linha de Passe, da ESPN, selecionando duas edições de cada mês, de junho a dezembro de
2018. Após considerações do orientador sobre a falta de subsídios para análise dos
comentários dos jornalistas do programa sobre todos os continentes, mudei o recorte
2
Mercado do Futebol. Em: http://mercadodofutebol.net.br/ (Acesso em: 20/10/2015).
3
O povo. Veja quais canais de televisão mais vistos no Brasil em 2019. Em:
https://www.opovo.com.br/divirtase/2019/04/23/veja-quais-os-canais-de-televisao-mais-vistos-no-brasil-em-201
9.html (Acesso: 05/06/2019).
16
temporal, optando agora pelo período da Copa do Mundo de 2018, realizada de 14 de junho a
15 julho, na Rússia, visto que durante esse período o jornal se voltou aos times de todos os
continentes em geral, referindo-se ao menos aos times que estavam participando do evento.
Após esse processo, decidi analisar de que modo o programa Linha de Passe, da
emissora de televisão ESPN, enfatiza o futebol europeu em detrimento do futebol praticado
em outros continentes. Partimos do pressuposto de que há um maior destaque e exaltação de
equipes europeias de futebol como reforço da noção de superioridade do continente europeu.
Ponderei, claro, o fato de o evento estar ocorrendo em um país europeu e o fato de uma parte
considerável dos times serem europeus (14 seleções eram europeias de um total de 32). Para a
investigação, analisamos cinco edições do programa (15, 17, 19 e 24 de junho e 6 de julho)
durante a Copa do Mundo de 2018.
Para análise, combinamos o uso de dois métodos de investigação: a análise de
conteúdo e a análise de discurso. O método de análise de conteúdo advém do positivismo de
Augusto Comte como forma de valorizar as ciências como paradigma de pensamento e
referência do espírito humano. O método busca investigar fenômenos simbólicos por meio de
várias técnicas.
esportivo no país e a questão dos valores-notícia como forma de refletir sobre os critérios para
publicação de matérias.
Já no segundo capítulo, refletimos sobre o conceito de representação social, tendo por
base autores como Serge Moscovici, citando o trabalho do sociólogo Émile Durkheim e as
reflexões de Stuart Hall. Nelson Rodrigues com seu complexo de vira-lata e Roberto DaMatta
com a abordagem a identidade nacional foram importantes na análise. Finalizo com o
imaginário sobre os continentes, o eurocentrismo e o histórico de algumas seleções.
Por fim, no terceiro capítulo, analisamos primeiramente a ESPN como um todo
(jornalistas, programas e os direitos de transmissão). Após isso, centramos esforços na análise
(conteúdo e de discurso) sobre o modo como o programa Linha de Passe conformou
representações sobre os continentes ao tratar dos times que disputaram a Copa do Mundo de
2018.
18
Segundo Beltrão (1980), o jornal tem como obrigação colocar a sua opinião,
valorizando, assim, a atividade além de expressar de forma honesta e digna a intenção de
20
orientação (seja qual for) perante o leitor. O importante também é se posicionar sem mudar os
fatos, contribuindo, assim, com o bem-estar e a harmonia da sociedade como um todo. A
posição adotada não dependerá da concordância ou não do leitor, pois dificilmente agradará à
totalidade do público.
Chaparro (2009) define a rigidez na apuração e a depuração como indispensáveis ao
relato, além das intervenções de valor com intenções e interesses estabelecidos. O autor
defende a separação entre notícia e opinião, além de afirmar que o comentário é ineficaz sem
fontes e dados confiáveis. A criticidade ou a explicação depende do bom trabalho jornalístico
antes da postagem do fato.
Falecido em 2018, Cláudio Abramo considerava que o jornalismo era, sobretudo, a
prática diária da inteligência e o exercício do caráter. Ele afirmava que a profissão em si não
possuía uma ética própria, sendo a ética do jornalista aplicada ao cidadão em geral. Foi um
dos fundadores da ONG Transparência Brasil e atuou fortemente até seus últimos dias no
combate à corrupção no nosso país.
Segundo Melo (2003) o gênero opinativo consiste em, além de informar, deixar
transparente a quem acompanha a opinião do veículo de comunicação ou do profissional,
atribuindo um valor ao acontecimento. Por isso é tão importante a argumentação embasada de
um jornalista, não para afirmar o que seria melhor ou para inflar seu ego, e sim para
apresentar pontos de vista e argumentos ao público.
Épocas como a República Velha (1889-1930), o Estado Novo (1937-1945) e o Regime
Militar (1964-1984) reforçaram o apoio inicial dos jornais a determinado lado ideológico,
com a mudança de pensamento no meio da trajetória, após a censura do governo para com a
imprensa. Getúlio Vargas foi apoiado em 1930, sendo que dois anos depois os periódicos
queriam a redemocratização, obtendo, assim, uma resistência do governo.
Mauro atualmente se desdobra em várias áreas, algo que aos poucos os jornalistas
estão aprendendo a fazer. Ao lado de Alex Muller (Rádio Bandeirantes), fundou o site Nosso
Palestra (voltado ao time do Palmeiras) e é o comentarista oficial do jogo PES (Pro Evolution
Soccer). Publicou a biografia do ex-goleiro Marcos (maior ídolo palmeirense) e faz parte da
UOL Esporte como colunista.
Existe também a promoção de jornalistas a cargos políticos. Jorge Kajuru, por
exemplo, foi vereador primeiramente da cidade de Goiânia e agora é senador (PSB) pelo
estado de Goiás. Antes disso, participou dos programas Bola na Rede, da RedeTV (de 2000 a
2002, retornando em 2008), Cartão Verde (TV Cultura, 2002-2003) e Esporte Total (Rede
Bandeirantes, 2003-2004).
Na TV fechada, o programa Fox Sports Rádio conta com as presenças de Benjamin
Back, Fábio Sormani, Fellipe Facincani, Flávio Gomes, Osvaldo Pascoal, entre outros. Em
2013, contava com narradores fazendo também comentários. Eram os casos de Gustavo
Villani (hoje na Rede Globo), João Guilherme e Marco de Vargas (dono do bordão “tá na
rede”).
Sobre o SporTV, existem dois programas. O Seleção SporTV, no comando de André
Rizek (também conhecido por ser forte ativista político), aos poucos vai aumentando essa
vertente no jornalismo, com comentários dos ex-atletas Petkovic (sérvio com rodagem em
grandes clubes do país) e Grafite. Por sua vez, o Redação SporTV é comandado por Marcelo
Barreto e conta com as presenças de Milton Leite e Carlos Cereto, entre outros.
O futebol é considerado negócio desde o século passado, principalmente ao se
comparar com os clubes e empresas do país em termos de gestão. Desde o início da
profissionalização do esporte no país, os maiores conseguem estar em melhor situação dos
que os menores. Além disso, muitos ficaram por muito tempo nos seus clubes, a exemplo de
Eurico Miranda no Vasco (1944-2019) e Mustafá Contursi no Palmeiras.
Sobre a ética do jornalista, muitas máximas parecem não ser cumpridas. Entre elas,
estão: separar amizade e relacionamento profissional (seja com atletas, empresários ou
gestores de clubes); investigar os setores políticos e econômicos para desmascarar erros que
venham acontecendo no esporte; e, principalmente, manter o interesse público acima do
interesse privado.
Na tabela abaixo, abordamos a evolução do jornalismo esportivo no Brasil. A partir
dos anos 1920 com a profissionalização do futebol, os jornalistas também aprimoraram sua
24
1950 Transmissão da Copa do Mundo de 1950, sediada no país, cuja final foi
marcada pela derrota do Brasil para o Uruguai, com placar de 1 a 2
América foi transmitida pela Globo, que também fez a cobertura dos jogos da seleção
brasileira na Copa do Mundo Feminina.
Sobre a Eurocopa, as transmissões são feitas por emissoras da Dinamarca e Suécia
desde a edição de 1992. Em agosto de 2017, a Globo negociou a exclusividade na competição
em 2020 com a UEFA Pro. Os valores não foram divulgados. Somente se sabe que o
campeonato será em julho e será sediado em 13 países (comemorando os 60 anos do torneio),
sendo a semifinal e final no estádio de Wembley, em Londres.
Há dois anos, Rafael Henzel (1973-2019) ficou famoso, após sobreviver ao acidente
aéreo da Chapecoense (antes da final contra o Atlético Nacional pela Sul-Americana). Ele
aproveitou o período de 849 dias (entre novembro de 2016 e o seu falecimento) para divulgar
um pouco mais sobre o jornalismo no interior (algo pouco difundido atualmente). Além dele,
os atletas Jackson Follmann (embaixador da equipe), Alan Ruschel e Neto sobreviveram.
Em 2016, a Chapecoense venceu o quinto campeonato estadual em sua história, após
vencer o primeiro turno e superar o Criciúma na final, com uma vitória por 1 a 0 fora de casa
e empate dentro de seus domínios. No Brasileiro, terminou em 11º lugar, com 52 pontos. Já na
Sul-Americana, foi campeão ao eliminar Cuiabá, Independiente, Junior Barranquila, San
Lorenzo e na final o Atlético Nacional (que ofereceu o título ao clube catarinense).
Rafael Henzel se tornou um símbolo do “viver cada dia como o último”, como o
próprio traduz em seu livro Viva como se Estivesse de Partida, em que aborda o acidente da
Chapecoense e o seu atual momento. Além disso, trouxe a tônica de que o jornalismo é feito
para todos, independentemente de CEP, pois a cidade de Chapecó tem apenas 216 mil
habitantes, mas já entrou na lista de centros futebolísticos do país.
TABELA 2 - VALORES-NOTÍCIA
SURPRESA Inesperado
1.4.1 Controvérsia
O valor-notícia de controvérsia refere-se a uma notícia cujo tema permite diferentes
análises, dependendo do seu leitor. Exemplos mais explícitos disso são o aborto e a pena de
morte (EILDERS, 1997 apud LYCARIÃO, 2014). Esse critério será representado aqui pela
notícia de que o campeonato moçambicano foi paralisado de 24 de fevereiro a 3 de março de
2018, por conta de dívidas da federação.
Fonte: Globoesporte.com
material aborda um fato controverso, pois se trata de uma interrupção de campeonato por
causa de dívidas de uma federação (algo difícil de ser visto).
1.4.2 Êxito
O valor-notícia de êxito é comparado como notícias positivas em termo de
consequências perante o feito (EILDERS, 1997 apud LYCARIÃO, 2014). O êxito vem
através de um personagem, ou seja, da personalização, temática que iremos abordar nos
próximos pontos. No momento, mostraremos a notícia sobre o atacante Lautaro Martínez.
Fonte: Globoesporte.com
1.4.3 Insucesso
O valor-notícia de insucesso é comparado às notícias negativas que afetam os
personagens, às vezes de forma definitiva (EILDERS, 1997 apud LYCARIÃO, 2014). A
mídia utiliza o fator insucesso para muitas vezes perseguir certas pessoas, como forma de
atrair aqueles os leitores. Às vezes, o fato de querer muitas visualizações faz o jornalismo
atravessar algumas questões éticas.
29
Fonte: Globoesporte.com
O goleiro Alex Muralha, de 29 anos, viveu fases distintas. No Figueirense, fez uma
Série A de destaque e, assim, foi contratado pelo Flamengo. No início de sua passagem,
chegou a ser convocado para a Seleção. Depois disso, viu seu rendimento ser reduzido, sendo
muito hostilizado pela sua torcida pelas falhas, mesmo após empréstimo a um time da 2ª
divisão do Japão. Atualmente está no Coritiba.
1.4.4 Personalização
Segundo Galtung e Rage (1965), a personalização é definida como ocorrências que
são retratadas como ações particulares de indivíduos, atraindo um maior interesse humano
pela história definida pelo jornalista. O caso selecionado aqui é o de um atleta que estava em
destaque no país em que atua. As assessorias acabam por colaborar para dar visibilidade ao
nome de seus clientes em alguns veículos de comunicação de forma velada.
Fonte: Globoesporte.com
O atacante Diogo era chamado de “promessa” (atleta que teria tudo para despontar em
grandes centros). Contudo, após passar por algumas equipes expressivas do país e da Europa
(no caso, o Olympiakos, da Grécia), o atleta chegou ao Buriram United, da Tailândia. Em
30
quatro temporadas, já se tornou ídolo da torcida e chegou à marca de 102 gols em 116
partidas no país asiático. Atualmente está no Johor, da Malásia.
1.4.5 Proeminência
O valor-notícia de proeminência diz respeito especificamente ao universo esportivo e
se refere ao nível de fama que uma pessoa detém no futebol, independentemente do seu poder
político. Na hierarquia administrativa, a FIFA é a maior organização, seguida das
organizações continentais (UEFA, CONMEBOL, AFC, CONCACAF, CAF e OFC). Em um
terceiro nível, encontram-se as organizações nacionais (ex: FFF - Federação Francesa de
Futebol) e, por último, as organizações estaduais.
Fonte: Globoesporte.com
Gol, da FIFA, que tem o objetivo de popularizar o esporte nos países onde o investimento é
menor. Ano passado, parou na 1ª fase.
Fonte: Globoesporte.com
O atacante Bobô, de 33 anos, apesar de não ser um nome muito lembrado no país, tem
excelente passagem pelo Besiktas, tendo passado pela seleção nacional em 2008. Ele chegou à
Austrália em 2016 e fez 52 gols em 71 partidas no time mais tradicional do país. O fator
“recorde” é destacado na matéria. Atualmente, o jogador está sem clube, após ser dispensado
do Alanyaspor, da Turquia.
Segundo Alsina (1995), a proximidade geográfica supõe uma maior relevância para si
mesma: quanto menor a distância, maior o círculo noticioso. Exemplo seria o destaque que
um jornal estadual atribui a um time de seu estado ou até mesmo quando um veículo de
comunicação se pauta por um determinado atleta brasileiro que esteja fazendo sucesso em um
país pouco conhecido, o que seria considerado como “proximidade afetiva”.
Quanto a essa questão, destacamos o fato de as assessorias de imprensa colocarem
seus clientes (os atletas) à disposição dos veículos de comunicação. Em alguns deles,
jogadores que atuam em certos países pouco conhecidos ganham visibilidade. No caso da
32
ESPN, em entrevista com Eduardo Tironi (27/03/2019), ele nega o diálogo assessorias: “Não
existe. Observamos os jogadores principais que jogam nos principais centros”.
A tabela de número 4 define os principais destinos de atletas brasileiros (em números
de clubes). O primeiro lugar é Portugal (114), vindo na sequência Japão, Itália, Arábia
Saudita, China e Turquia. Tirando Portugal e Itália, países com menor repercussão estão entre
os principais lugares em termos de contratação.
Portugal 114
Japão 47
Itália 41
Espanha 29
Inglaterra 23
Estados Unidos 21
Tailândia 20
Alemanha e França 18
Grécia 17
México 14
Catar e Bolívia 12
Coreia do Sul 11
Dinamarca 7
Lituânia 5
4
Ogol. Pesquisa jogadores. Em: http://www.ogol.com.br/search_player.php?op=all&nac=6 (Acesso em:
09/02/2019).
33
2 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
O modo mesmo de sua produção se encontra nas instituições, nas ruas, nos meios de
comunicação de massa, nos canais informais de comunicação social, nos
movimentos sociais, nos atos de resistência e em uma série infindável de lugares
sociais. É quando as pessoas se encontram para falar, argumentar, discutir o
cotidiano, ou quando elas estão expostas às instituições, aos meios de comunicação,
aos mitos e à herança histórico - cultural de suas sociedades, que as representações
são formadas (GUARESCHI, 1997, p. 20).
Outra concepção muito utilizada sobre o tema é Sá (1998, p. 50), que considera o
seguinte: “Como modalidade de pensamento prático, as Representações Sociais são alguma
coisa que emerge das práticas em vigor na sociedade e na cultura e que as alimenta,
perpetuando-as ou contribuindo para sua própria transformação”. Então, em termos gerais, o
fenômeno das representações é oriundo da sociedade e da cultura.
Segundo Moscovici (1978), representar um objeto e ao mesmo tempo conferir-lhe um
sentido é conhecer e tornar algo significante, ou seja, familiar. Existem duas formas de
conhecimento que podem explicar este conceito: o universo reificado e o consensual. De
acordo com Oliveira e Werba (2001), o universo reificado são os mundos restritos (onde se
abordam as ciências e a objetividade) e o universo consensual são as noções de senso comum.
Moscovici é o responsável pela mudança metodológica no âmbito da Psicologia Social.
Em linhas gerais, Stuart Hall define a teoria mimética como proposição entre uma
relação transparente de reflexão entre as palavras e as coisas. A teoria intencional como
redução a representação de intenções do autor ao sujeito; e a teoria construtivista como
relação complexa entre as ponderações do mundo, os conceitos em nosso pensamento e
linguagem.
Em termos metodológicos utilizaremos o conceito de Sá para analisar as relações entre
a sociedade, representações e o futebol na Copa do Mundo de 2018 no ponto de vista do
programa Linha de Passe, da ESPN.
As identidades nacionais não são coisas com as quais nós nascemos, mas são
formadas e transformadas; no interior da representação. Nós só sabemos o que
significa ser "inglês"' devido ao modo como a "inglesidade" (Englishness) veio a ser
representada - como um conjunto de significados - pela cultura nacional inglesa.
Segue-se que a nação não é apenas uma entidade política mas algo que produz
sentido - um sistema de representação cultural. As pessoas não são apenas
cidadãos/ãs legais de uma nação; elas participam da idéia da nação tal como
representada em sua cultura nacional (HALL, 1992, p. 49).
Em 1958, o Brasil ainda não era campeão do mundo, mas já havia passado por um
momento triste em sua história. No Maracanã lotado (172 mil espectadores), na final da Copa
do Mundo de 1950, a seleção brasileira perdeu para o Uruguai por 2 a 1. Na época, os
torcedores colocaram a culpa de forma injusta no goleiro Barbosa, que carregou o sentimento
da derrota até o dia de seu falecimento, em 2000. Mesmo sendo campeão pela seleção no ano
anterior, na Copa América.
vejo o lance, mais o absolvo. Aquele jogo o Brasil perdeu na véspera (Trecho da
crônica “1950 de cada um de nós”, de 1994, de Armando Nogueira)5.
O episódio levou Nelson Rodrigues a cunhar, oito anos depois, o termo “complexo de
vira-lata”, uma síndrome da qual o brasileiro em geral sofreria não somente no âmbito do
futebol, mas em geral, sendo definida como uma descrença dos brasileiros em seu potencial e
uma noção de inferioridade perante o mundo, principalmente quando o interlocutor se trata de
um europeu. Mesmo vencendo, as derrotas são mais marcantes para nós. Basta comparar a
lembrança das eliminações de 1950 e 2014 (7 a 1 para Alemanha) em detrimento das
conquistas de 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002.
Rodrigues (1950) exemplificou o complexo na partida amistosa entre Inglaterra e
Brasil em 1956, no estádio Wembley, em Londres. Apesar de historicamente sairmos
vencedores (11 vitórias contra 4 derrotas), a seleção se inferiorizou de forma voluntária e
acabou sendo derrotada. Em 1950, o ex-volante Obdulio Varela (venerado pelos uruguaios e
chamado de El Jefe Negro) foi um dos principais responsáveis pela nossa derrota em campo.
No meio acadêmico, havia uma resistência ao se falar em futebol e, quando se
abordava o tema, era como “ópio do povo”, sob um viés marxista. No entanto, Roberto
DaMatta (1982) trouxe questionamentos acerca da dualidade entre “esporte na sociedade” e
“sociedade no esporte”, o futebol em diferentes sociedades e o subúrbio como celeiro de
craques (caso de Leandro Damião, atualmente no Kawasaki Frontale, entre outros atletas).
5
Ronaldo Helal. Brasil se crê o mais entendido em futebol. Em:
https://comunicacaoeesporte.com/2010/10/30/ronaldo-helal-%E2%80%98brasil-se-cre-o-mais-entendido-em-fut
ebol%E2%80%99/ (Acesso em: 06/05/2019).
39
Podemos obter toda a História da China, Japão, Coreia e outros países, o que seria
impensável em épocas passadas. Desde a antiguidade até os tempos atuais. A
questão é: países importantes no mundo são apenas citados ou omitidos nos livros de
História Geral do Brasil. Mesmo países tão significativos quanto a Austrália não são
estudados. Mesmo países ocidentais são omitidos ou tem uma parcela mínima dentro
dos livros. A Europa é o centro dos estudos no Brasil (ISHIBASHI, 2004, p. 45- 46).
6
eSwatini, o presente que não agrada a todos. Em:
https://www.dw.com/pt-002/eswatini-o-presente-que-n%C3%A3o-agrada-a-todos/a-45385372 (Acesso em:
09/05/2019).
41
A Europa ocidental exerce no Brasil, desde 1500, uma expressiva força ideológica
(seja no plano político, histórico ou cultural), chegando até a relegar parte de nossa origem
indígena e africana.
Prevalecia a ideia de que a identidade nacional deveria sempre estar calcada na Europa –
o “berço da Nação” – e de que a história nacional havia surgido naquele espaço. Esse
ideário explica a razão de os estudos da História do Brasil começarem fora do espaço
nacional. O Brasil nasce em Portugal e é fruto de sua expansão marítima. O povo
brasileiro, constituído de mestiços, negros e índios, continuava alijado da memória
histórica escolar e da galeria dos heróis fundadores e organizadores do Estado-Nação.
(BITTENCOURT, 2011, p.81).
A viagem e a travessia marítimas ganharam tons hagiográficos (sobre a vida dos santos
da Igreja Católica), na medida em que a literatura registrou o sofrimento e as
dificuldades de homens cristãos a atingir o paraíso perdido. Deus é o leme das
embarcações. Homens que vieram de um mundo pecador estão a caminho de um lugar
puro, perdido, muito mais próximo de Deus, ou seja, da salvação pessoal: “[...] a visão
do paraíso constitui apenas a meta final da peregrinação, o desenlace lógico, a conclusão
convencional do gênero hagiográfico” (GIUCCI, 1992, p. 37).
Segundo Gomes (1997, p. 14), os europeus tinham como objetivo procurar as Índias para,
quem sabe, descobrir o paraíso e desvendar um dos maiores mistérios teológicos: a salvação.
Especular o local exato do Jardim do Éden não era uma questão fútil, mas descobrir um lugar
onde tinha uma vegetação exuberante, águas límpidas e aves raras foi muito mais do que
esperavam de uma “nova terra”.
A América Central é geralmente lembrada somente pelos processos de independência,
pobreza e lugares paradisíacos. Os países são Antígua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize,
Costa Rica, Cuba, Dominica, El Salvador, Granada, Guatemala, Haití, Honduras, Jamaica,
Nicarágua, Panamá, República Dominicana, Santa Lúcia, São Cristóvão e Névis, São Vicente e
Granadinas e Trinidad e Tobago.
Existem também, nesses países, alguns conceitos específicos: quando se vai para
Barbados, associa-se à cantora Rihanna; Cuba, ao ritmo da salsa e aos irmãos Castro; Jamaica,
como lugar de nascimento de Stuart Hall no caso da academia e ao reggae de Bob Marley;
42
Panamá, ao chapéu de mesmo nome e a um povo que comemora um gol mesmo perdendo de seis
na Copa do Mundo.
O imaginário europeu sobre a Oceania é limitado, pois foi o último continente a ser
revelado, tornando-se conhecido como “mundo novo”. Muito parecido com os processos na
África e na América, o povo era composto por indígenas que foram dizimados e, até hoje, os que
restaram lutam por sua sobrevivência. No século 18, a Austrália se tornou uma colônia penal da
Inglaterra, mas a corrida pelo ouro e a indústria agrícola trouxeram outros olhares sobre o local.
A Oceania é basicamente vista como Austrália e Nova Zelândia. Contudo, existem países
como Papua Nova Guiné (que, no século 19, ficou dividida entre Alemanha, Inglaterra e
Holanda), além das presenças de Micronésia, Fiji, Ilhas Marshall, Ilhas Salomão, Kiribati, Nauru,
Palau, Samoa, Tonga, Tuvalu, Vanuatu e Taiti (chamada por muitos de Polinésia Francesa, pois
ainda é um território semi-autônomo da França).
A França declarou o Taiti como sua província em 1842. O rei Pomare V reconheceu
soberania francesa em junho de 1880 (em troca de ser chamado oficial da ordem da legião de
honra). Em 1946, o Taiti se tornou território ultramarino francês e no ano de 2004 um país
ultramarino.
2.4 Eurocentrismo
Com base no livro “O roubo da história”, de Jack Goody, Teixeira (2013) relembra o
processo de genealogia sociocultural, marcado pela expropriação da cultura de países árabes
por parte dos europeus ainda durante o período feudal, reforçando, aos poucos, a ideia de que
a Ásia seria um lugar atrasado. Autores como Needham, Elias e Braudel abordam o mundo
como um todo, mas sempre a Europa era privilegiada.
43
Aos olhos dos ocidentais, o Ocidente, e apenas o Ocidente, não é uma cultura, não é
apenas uma cultura. Por que se vê o Ocidente a si mesmo desta forma? Por que
deveria ser o Ocidente e só o Ocidente não uma cultura? Para compreender a Grande
Divisão entre nós e eles. Devemos regressar a outra Grande Divisão, aquela que se
dá entre humanos e não-humanos. De fato, a primeira é a exportação da segunda.
Nós ocidentais não podemos ser uma cultura mais entre outras, já que nós também
dominamos a natureza. Nós não dominamos uma imagem, ou uma representação
simbólica da natureza, como fazem outras sociedades, mas a Natureza, tal como ela
é, ou pelo menos tal como ela é conhecida pelas ciências –que permanecem no
fundo, não estudadas, não estudáveis, milagrosamente identificadas com a Natureza
mesma (LATOUR, 1993, p. 97).
Joseph Needham (1981) considera que a ciência no Oriente era igual ou superior à do
Ocidente até o século 17, um pensamento que surpreendia naquela época. Fernand Braudel
(1949), ao tratar das várias formas de capitalismo no mundo, considera que a Europa
experimentou o único modelo “verdadeiramente puro” do capitalismo.
Goody (2008) também destaca o fato de os europeus se pretenderem os guardiões de
instituições, valores e emoções como as cidades, universidades, democracia, individualismo e
o amor romântico. O roubo para o autor é no sentido de os europeus escreverem sua própria
história e dos outros continentes com seu ponto de vista, claramente colocando o Ocidente
acima do Oriente.
Para o autor (2008), a Europa encobre a história do mundo que não seja a sua própria,
impondo seus conceitos e períodos históricos, além de mudar nossa visão sobre a Ásia em seu
passado e futuro. O controle é percebido pelas noções de tempo e espaço. Antes da escrita, o
tempo era contado através dos fenômenos naturais, sendo atualmente definido como antes e
depois de Cristo.
Shohat e Stam (2006) apresentam as diferenças geográficas sobre o Oriente. Aquilo
que o Ocidente denota de Oriente Médio, para os chineses se define como Ocidente Asiático.
Em árabe, a palavra “Magreb” significa “oeste” e refere-se ao norte do continente africano (a
parte ocidental do mundo árabe onde ficam Tunísia, Argélia e Marrocos) em oposição a
Mashreq (a parte oriental desde a Líbia até Omã). Tudo parte do eurocentrismo.
44
Para os autores, Israel é um país ocidental, porém Turquia (onde parte do território
está a oeste de Israel), o Egito, Marrocos e Tunísia são considerados orientais. O ocidente
esquece em algumas oportunidades que a América Latina (nome designado pelos franceses no
século 19) lhe pertence. Apesar das etnias originárias, a América Latina é constituída,
também, por línguas europeias e por grupos de descendência europeia.
Atualmente existe uma conjuntura em que o controle político e militar é produzido por
meio de diversos instrumentos, a exemplo do Grupo dos Sete, do FMI, do Banco Mundial e
do GATT (na área econômica), de práticas como o direito de China, Estados Unidos, França,
Rússia e Reino Unido a veto no Conselho de Segurança da ONU (política), da OTAN
(militar) e de Hollywood, United Press International - UPI, Reuters, France Press e CNN
(técnico e cultural).
Neste tópico traremos o histórico das principais seleções, além de outros países citados
de forma superficial na análise do Linha de Passe (ESPN) como forma dos leitores obterem as
informações necessárias para acompanhar o trabalho como maior embasamento. Brasil,
Argentina, França, Inglaterra, Espanha, Portugal e Alemanha (na primeira parte). Panamá,
Peru, Egito, Islândia, Irã e Austrália (logo após).
2.5.1 Brasil
A Seleção Brasileira teve sua primeira partida no dia 21 de julho de 1914 contra o
Exeter City (atual quarta divisão inglesa) no campo do Fluminense, no bairro Laranjeiras, no
Rio de Janeiro. Seu primeiro título foi na Copa Rocca, vencido sobre a Argentina, com placar
de 1 a 0 (com gol de Ruben Salles). Outras conquistas importantes foram a Copa das
Confederações (com quatro títulos), Copa América (oito títulos, sendo o primeiro em 1919) e
os Jogos Olímpicos (em 2016 no Maracanã contra a Alemanha).
45
2.5.2 Argentina
A seleção argentina surge em 1901, tendo atualmente o atleta com maior número de
participações (Javier Mascherano) e de gols (Messi) em mundiais. Os argentinos têm orgulho
das 14 conquistas de Copa América (perdendo somente para o Uruguai) e do bicampeonato
dos Jogos Olímpicos (2004 e 2008, no último superando o Brasil na semifinal em Pequim).
Além disso, o título da Copa das Confederações em 1992 sobre a Arábia Saudita é lembrado.
Na Copa do Mundo, é uma das seleções que mais jogou (17 oportunidades), não
participando em 1938 (por discordar do fato de a competição ser novamente na Europa), em
1950 e em 1954 (por questões internas de sua federação, AFA) e em 1970 (por não se
classificar nas Eliminatórias). Seus dois títulos foram em 1978 (no próprio país, que vivia um
regime militar que perdurou até 1983) e em 1986 (“com a mão de Deus”, definida pelo
próprio Maradona na final).
2.5.3 França
A seleção francesa tem como atleta com maior número de jogos o ex-zagueiro Lilian
Thuram e com o maior número de gols o ex-atacante Thierry Henry. A multiculturalidade
permeia o futebol no país, pois um dos principais atletas da história da seleção nasceu na
Argélia (caso de Zinédine Zidane). Países como Tunísia, Marrocos, Guiana Francesa,
Guadalupe, Mali, Benin, Nova Caledônia, Taiti e Ilhas Maurício foram representadas.
França conquistou o bicampeonato em três campeonatos — na Copa do Mundo, na
Eurocopa e na Copa das Confederações —, sendo um dos dois títulos conquistados em
território nacional nos três campeonatos citados. Em 1998, venceu o Brasil por 3 a 0 na final,
partida em que as atenções mundiais foram dedicadas a Ronaldo. Em 1984, a Eurocopa foi
conquistada com 100% de aproveitamento e triunfo sobre a Espanha e, em 2003, na Copa das
Confederações, ganhou de Camarões por 1 a 0.
46
2.5.4 Inglaterra
A história do futebol é inglesa. Tanto que o primeiro jogo entre seleções foi entre
Inglaterra e Escócia (faz parte do Reino Unido no momento) em 1872. Apesar de ser pioneira,
não acumula muitas conquistas, sendo a maior delas a Copa do Mundo de 1966, nos seus
domínio (com direito a entrega da taça pela Rainha Elizabeth II para o ex-zagueiro Bobby
Moore, mesmo sob polêmica se a bola teria ou não entrado na trave). Também se destaca o
tricampeonato da Inglaterra nos Jogos Olímpicos.
O atleta com maior número de partidas foi o ex-goleiro Peter Shilton (125 partidas
entre 1970 e 1990), enquanto que o maior número de gols é do atacante Wayne Rooney (53
em 119 embates). Os ingleses se orgulham de ter o campeonato entre times mais equilibrado e
forte do mundo. Muito por isso a seleção inglesa tem 22 dos 23 jogadores convocados
atuando na Premier League (o atacante Jadon Sancho, revelado no Manchester City, atua no
Borussia Dortmund).
2.5.5 Espanha
A seleção espanhola, apesar de ter os principais conceitos de toque de bola (tiki-taka
do treinador Guardiola) e até os principais times do mundo (Real Madrid e Barcelona), pouco
obteve títulos ao longo da história. Contudo, existem dois casos emblemáticos: em 1938 a
equipe decidiu não participar da Copa do Mundo (por causa da guerra civil) e em 1960 se
retirou da Eurocopa por não enfrentar a União Soviética (ordem do general Francisco Franco).
Também existiram casos de atletas com muito renome em seus países terem atuado
pela seleção espanhola depois, o ex-atacante Alfredo Di Stéfano (argentino, que atuou na
seleção colombiana) e Ferenc Puskás (húngaro que fez história em seu país, mas foi proibido
de retornar a sua casa na década de 1960). Em 2010, foi campeão da Copa do Mundo na
África do Sul e tem um tricampeonato da Eurocopa (1964 em casa, 2008 e 2012).
2.5.6 Portugal
A seleção portuguesa atualmente tem um nome: Cristiano Ronaldo (detentor do maior
números de jogos e gols pelos Imortais). Contudo, na sua primeira participação em Copas do
Mundo em 1966, o principal atleta era Eusébio (nascido em Moçambique, ex-atacante com
mais de 800 gols na carreira), que venceu Brasil (na época campeão do mundo) e Hungria no
percurso até a semifinal daquela competição.
47
2.5.7 Alemanha
A seleção alemã é o caso de maior sucesso em solo europeu. Primeiramente pelo
modo metódico e organizado que também é implantado no futebol e segundo por ser
tetracampeã da Copa do Mundo (em 1954, na Suíça; em 1974, em seus domínios; em 1990,
na Itália, sendo o primeiro título conquistado após a unificação das duas alemanhas; e em
2014, no Brasil, com direito ao 7x1 do qual o Brasil não deverá esquecer jamais).
Além disso, o tricampeonato da Eurocopa (1972, 1980 e 1996), a Copa das
Confederações na Rússia em 2017 e os Jogos Olímpicos de 1976 em Montreal (Canadá)
colocam mais peso em sua camisa. O ponto positivo da seleção é que, mesmo em momentos
complicados como o atual, manteve seu técnico Jöachim Low, que assumiu a equipe em 2006,
após a Copa do Mundo em casa.
7
Seleção do Panamá na Copa do Mundo - Rússia 2018. Em:
http://www.quadrodemedalhas.com/futebol/copa-do-mundo/copa-mundo-2018-selecao-panama.htm (Acesso em:
07/05/2019).
8
Seleção do Peru na Copa do Mundo - Rússia 2018. Em:
http://www.quadrodemedalhas.com/futebol/copa-do-mundo/copa-mundo-2018-selecao-peru.htm (Acesso em:
07/05/2019).
9
Seleção do Egito na Copa do Mundo - Rússia 2018. Em:
http://www.quadrodemedalhas.com/futebol/copa-do-mundo/selecao-egito-copa-do-mundo.htm (Acesso em:
07/05/2019).
50
Primeiro jogo internacional: Ilhas Faroé 0x1 Islândia (Ilhas Faroé - 29.07.1930)
Primeiro jogo internacional oficial: Islândia 0x3 Dinamarca (Reykjavík, Islândia -
17.07.1946)
Maior vitória: Islândia 9x0 Ilhas Faroé (Keflavík, Islândia - 10.07.2005)
Maior vitória (oficial): Islândia 5x0 Malta (Reykjavík, Islândia - 27.07.2000)
Maior derrota: Dinamarca 14x2 Islândia (Copenhague, Dinamarca - 23.08.1967)
Jogador com mais jogos: Rúnar Kristinsson
Artilheiros: Eiður Guðjohnsen
Melhor posição no Ranking da FIFA: 19º
Pior posição no Ranking da FIFA: 131º
Participações na Copa do Mundo: 1 (2018)
Melhor Resultado na Copa do Mundo: 1ª Fase (2018)
Participações na Eurocopa: 1
Melhor Resultado na Eurocopa: quartas-de-final (2016)
10
Seleção da Islândia na Copa do Mundo - Rússia 2018. Em:
http://www.quadrodemedalhas.com/futebol/copa-do-mundo/copa-mundo-2018-selecao-islandia.htm (Acesso em:
07/05/2019).
11
Seleção do Irã na Copa do Mundo - Rússia 2018. Em:
http://www.quadrodemedalhas.com/futebol/copa-do-mundo/copa-mundo-2018-selecao-ira.htm (Acesso em:
07/05/2019)
51
Primeiro jogo internacional: Nova Zelândia 3x1 Austrália (Dunedin, Nova Zelândia -
17.06.1922)
Maior vitória: Austrália 31x0 Samoa Americana (Coffs Harbour, Australia - 11.04.2001)
Maior derrota: Austrália 0x8 África do Sul (Adelaide, Austrália - 17.09.1955)
Jogador com mais jogos: Mark Schwarzer
Artilheiro: Damian Mori
Melhor posição no Ranking da FIFA: 14º (setembro de 2009)
Pior posição no Ranking da FIFA: 92º (junho de 2000)
Participações na Copa do Mundo: 4
Melhor Resultado na Copa do Mundo: Oitavas-de-final (2006)
Participações na Copa das Nações da Oceania: 6
Melhor Resultado na Copas das Nações da Oceania: Campeã (1980, 1996, 2000 e 2004)
Participações na Copa das Nações da Ásia: 2
Melhor Resultado na Copa das Nações da Ásia: Vice-campeã (2011)
Participações na Copa das Confederações: 3
Melhor Resultado na Copas das Confederações: Vice-campeã (1997)
12
Seleção da Austrália na Copa do Mundo - Rússia 2018. Em:
http://www.quadrodemedalhas.com/futebol/copa-do-mundo/copa-mundo-2018-selecao-australia.htm (Acesso
em: 07/05/2019).
52
Neste capítulo final, analisamos edições do programa Linha de Passe durante a Copa
do Mundo de 2018. O canal ESPN13 em geral (seus direitos de transmissão, características
gerais dos programas e dos seus comentaristas esportivos). Em seguida, apresentamos, em
linhas gerais, o histórico do programa específico com o qual trabalhamos, o Linha de Passe,
traçando o perfil dos principais comentaristas, utilizando como uma das fontes de informação
uma entrevista que realizamos por e-mail com o editor-executivo e comentarista da ESPN, o
jornalista Eduardo Tironi.
No segundo tópico do capítulo, adentramos no tema central da pesquisa:
representações sobre os continentes. Para isso, observamos inicialmente os seguintes
elementos: a) os números colhidos sobre a aparição de cada continente nas edições
selecionadas; b) e os símbolos e personagens citados na análise dos comentaristas. Após isso,
analisamos o compilado de informações gerais apresentadas pelos analistas nos dias 15, 17,
19 e 24 de junho e 6 de julho, como forma de analisar os símbolos dentro de seus contextos
discursivos.
Partindo desse pressuposto, trazemos os tópicos 3 e 4 sob os seguintes aspectos:
descrição do trecho do programa analisado, contexto do fato noticiado (informações básicas
sobre o jogo, sobre os fatos ocorridos e sobre os atores envolvidos), embasamento teórico e
análise com comparativo entre os continentes, sempre considerando o enunciador
(comentaristas da ESPN), o enunciado (discurso sobre o que se fala) e o contexto.
Como parte da estratégia metodológica, utilizamos a entrevista com o comentarista
Eduardo Tironi dentro do terceiro capítulo. Dentre as perguntas, destacamos a linha editorial
do programa, estudo prévio sobre continentes pouco conhecidos (Ásia ou África por
exemplo), a nota de envolvimento do jornalismo esportivo brasileiro perante os locais e se
existe disparidade entre a Europa e os outros lugares do mundo.
13
ESPN. Em: https://www.espn.com.br/ (Acesso em: 21/06/2019).
53
● Campeonato Holandês
● Campeonato Belga
● Campeonato Chinês
● Segunda Divisão Espanhola
● Copa do Rei
● Supercopa da Espanha
● Segunda Divisão da Inglaterra
● Copa da Liga Inglesa
● Copa da Alemanha
● Supercopa da Bélgica
● Campeonato Brasileiro Sub-20
● Copa do Brasil Sub-20
● Copa do Brasil Sub-17
● Campeonato Paulista de Futebol Feminino
● Copa São Paulo de Futebol Júnior
● Eliminatórias CAF da Copa do Mundo FIFA
● Eliminatórias CONCACAF da Copa do Mundo FIFA
● Major League Soccer
● USL Championship
● Copa dos Estados Unidos
● Campeonato Mexicano
● Liga de Ascenso
● Copa México
● Copa Argentina
● Torneio Internacional de Toulon
● Mundial de Clubes Sub-17
● Premier League Asia Trophy
● Emirates Cup
● Copa Audi
55
● Bate-Bola
● Brasileirão ESPN
● Bola da Vez
● ESPN Bom Dia
● Estaduais ESPN
● Futebol no Mundo
● Futebol na Veia
● Linha de Passe
● Mundo Premier League
● Olhar ESPN
● Prorrogação ESPN
● Show da Rodada
● SportsCenter
● Vestiário ESPN
● Alex Tseng
● André Kfouri
● André Plihal
● Antero Greco
● Ari Aguiar
● Arnaldo Ribeiro
● Breiller Pires
● Bruno Vicari
● Celso Unzelte
● Eduardo Tironi
● Everaldo Marques
56
● Fernando Nardini
● Gian Oddi
● Gustavo Hofman
● João Carlos Albuquerque
● Jorge Nicola
● Juca Kfouri
● Juliana Veiga
● Leonardo Bertozzi
● Luciano Amaral
● Luiz Carlos Largo
● Marcela Rafael
● Mario Marra
● Mauro Cezar Pereira
● Paulo Andrade
● Paulo Calçade
● Paulo Soares
● Rafael Rodrigues
● Renato Rodrigues
● Rogério Vaughan
● Rubens Pozzi
● Thiago Simões
● William Tavares
● Zé Elias
O objetivo principal da emissora seria qualificar o debate sobre futebol, motivo pelo
qual a emissora contrata jornalistas renomados para atuar como comentarista. Contudo, em
2006, a imagem do programa foi arranhada por um acirramento dos ânimos durante debate
entre Paulo Soares (atualmente no programa SportsCenter), Juca Kfouri e Paulo Vinícius
Coelho. Sobrou para José Trajano (na época, diretor da ESPN Brasil) resolver a situação nos
bastidores, resultando em um vídeo gravado com o objetivo de amenizar os rumores.
Sul, nota 6; e Europa, nota 7. Na resposta, o comentarista nem chega a se referir à Oceania,
mesmo eu tendo citado o continente em minha pergunta. Ou seja, na avaliação de Tironi,
África está fora dos parâmetros, e Ásia e América do Norte têm relevância pequena.
Se conclui que para os próprios jornalistas que estão nessa mídia, a Europa tem uma
relevância maior (pode-se analisar o futebol europeu comentando sobre as suas equipes),
diferente da América do Sul (geralmente atrelada aos jogos de Libertadores e Sul-Americana
com times brasileiros), Ásia e América do Norte é comentada quando se tem uma notícia fora
da curva (atleta importante indo para os países) e o restante dos continentes nem é lembrada.
14
Paulo Andrade. Em: https://www.portaldosjornalistas.com.br/jornalista/paulo-andrade/ (Acesso em:
09/05/2019).
59
apresentando programas ligados aos times do ABC Paulista (Santo André, São Caetano, São
Bernardo, Grêmio Mauaense entre outros).
André Kfouri15 (nascido em 1973, na cidade de São Paulo) é filho do também
jornalista esportivo Juca Kfouri. Apresenta o programa SportsCenter (ao lado de William
Tavares) da ESPN Brasil, com os comentaristas fazendo seus comentários entre as notícias,
além de trabalhar como repórter de campo na mesma emissora. Atualmente, também possui
uma coluna semanal no Diário LANCE.
Antero Greco16 é um jornalista brasileiro. Atualmente, é comentarista do programa
Sportscenter e Linha de Passe (convidado em algumas oportunidades) ambos da ESPN Brasil
e também participa de jogos transmitidos pelos canais ESPN. Além disto, foi colunista do
jornal O Estado de S. Paulo, um dos mais tradicionais jornais do país, e tem um blog no site
do Estadão.
15
André Kfouri. Em: https://www.portaldosjornalistas.com.br/jornalista/andre-kfouri/ (Acesso em: 09/05/2019).
16
Antero Greco. Em: https://www.portaldosjornalistas.com.br/jornalista/antero-greco/ (Acesso em: 09/05/2019).
60
17
Arnaldo Ribeiro. Em: https://www.portaldosjornalistas.com.br/jornalista/arnaldo-ribeiro/ (Acesso em:
09/05/2019).
18
Eduardo Tironi. Em: https://www.portaldosjornalistas.com.br/jornalista/eduardo-tironi/ (Acesso em:
09/05/2019).
19
Juca Kfouri. Em: https://www.portaldosjornalistas.com.br/jornalista/juca-kfouri/ (Acesso em: 09/05/2019).
20
Leonardo Bertozzi. Em: https://www.portaldosjornalistas.com.br/jornalista/leonardo-bertozzi/ (Acesso em:
09/05/2019).
61
Mauro Cezar21 começou a trabalhar no jornalismo no início dos anos 1980. Trabalhou
na Rádio Tupi (RJ) e passou pelo Sistema Globo de Rádio e pela Rádio Manchete, também no
Rio de Janeiro. Na mídia impressa, foi repórter de O Globo, editor do Jornal dos Sports e
repórter de O Dia e do Jornal do Brasil. É conhecido pela contundência de suas palavras e por
ser torcedor do Racing, ele é um dos comentaristas do Linha de Passe.
Paulo Calçade22 iniciou sua carreira na ESPN em 1994, já tendo exercido as funções
de repórter e chefe de reportagem. Na sua formação, estão os cursos de especialização em
futebol, curso de Administração para profissionais do esporte, curso de gestão técnica de
futebol, curso de arbitragem, além de ser graduado em Comunicação Social. Na ESPN, ele já
participou da cobertura dos Mundiais de Futebol de 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018.
William Tavares é formado em jornalismo em 2005 pela Universidade de Santa
Cecília (Unisanta), em Santos-SP. Ele soma passagens por veículos de comunicação como TV
Tribuna, TV Primeiro, Rede Record e rádio Cacique. Em 2011, chegou aos canais ESPN
como repórter e apresentador de vários programas. Já foi apresentador do Linha de Passe e diz
que teve dificuldade em confessar ser santista por causa do julgamento dos espectadores.
TABELA 14 -
PROGRAMAS SELECIONADOS
COMENTARISTAS EM QUE ELES APARECERAM
21
Mauro Cezar Pereira. Em: https://www.portaldosjornalistas.com.br/jornalista/mauro-cezar-pereira/ (Acesso
em: 09/05/2019).
22
Paulo Calçade. Em: https://www.portaldosjornalistas.com.br/jornalista/paulo-calcade/ (Acesso em:
09/05/2019.
62
A lista acima advém primeiramente de uma sistematização feita com base em apenas
duas edições do programa, entre os meses de junho e dezembro de 2018. Contudo, o recorte
temporal do objeto acabou sendo alterado, limitando-se ao período da Copa do Mundo de
2018 (de 14 de junho a 15 de julho), por considerarmos que, nesse período, os comentaristas
acabariam por explorar de maneira mínima todos os continentes, por se tratar de um evento
mundial, mesmo que não os conheçam a fundo, demonstrando certa falta de domínio sobre as
especificidades relacionadas aos países envolvidos na competição.
Para uma análise de conteúdo e de discurso, foram escolhidas as seguintes edições: 15
de junho (com a presença dos comentaristas Eduardo Tironi, Paulo Calçade, Leonardo
Bertozzi e Mauro Cezar), 17 de junho (Arnaldo Ribeiro, Gian Oddi, Xico Sá e Mauro Cezar),
19 de junho (Arnaldo Ribeiro, Celso Unzelte, Eduardo Tironi e Leonardo Bertozzi), 24 de
junho (Mario Marra, Gian Oddi, Arnaldo Ribeiro e Mauro Cezar) e 6 de julho (Arnaldo
Ribeiro, Gian Oddi, Xico Sá e Mauro Cezar).
demandar uma contagem cautelosa dos símbolos citados, realizamos essa etapa quantitativa
com base apenas nessas duas edições.
Já para uma abordagem mais qualitativa, sob a perspectiva da análise de discurso,
analisamos cinco programas: 15, 17, 19 e 24 de junho e 6 de julho. Para a análise de discurso,
verificamos nas cinco edições diversos aspectos relacionados a futebol, cultura e qualidade
dos jogadores (em alguns casos, com opiniões bastante críticas por parte dos comentaristas).
Sobre as diferentes edições para a análise de discurso e conteúdo, decidimos assim
como forma de focar em um objetivo específico. Para se conseguir êxito no número de
referências e pegar informações importantes na análise deveríamos seguir o trajeto de forma
dissociada. O operador da análise de discurso é o ethos presente (mostrado ou dito) pelos
interlocutores do Linha de Passe.
TABELA 15
REFERÊNCIAS AOS CONTINENTES NO
CONTINENTE DA PROGRAMA LINHA DE PASSE
SELEÇÃO CITADA
PROGRAMA DE 14/06 PROGRAMA DE 20/06
SOBRE COPA DO MUNDO SOBRE COPA DO MUNDO
América do Sul 35 47
América Central 3 12
América do Norte 1 1
África 20 5
Ásia 22 12
Oceania 0 4
14/06 20/06
Cristian Rodriguez, Pique, Sérgio Ramos, Alegre, Mascherano, André Silva, Cedric,
Carvajal, Nacho, Odriozola, Hierro, Jorge Isco, Guerreiro, Mario Gomez, Pocchetino,
Mendes, Mino Raiola, Godin, Gimenez, Rodriguez, João Mário, Gonçalo Guedes,
David Silva, Koke, Iniesta, Busquets, Iago Bernardo Silva, Champions League,
Aspas, Thiago, Diego Costa, Isco, Higuain, Biglia, Pavon, Diego Costa,
Dechamps. Aduriz, Cristiano Ronaldo, Llorente, Messi,
Koke, Bielsa, Carlos Queiroz, Shaqiri,
Lichtsteiner, Rebic, Enzo Perez, Lo Celso,
Eriksen, Dybala, Modric, Mandzukic,
Rakitic, Aguero.
Sobre os números apresentados acima, podemos observar que foram feitas 35 (14 de
junho) e 47 (20 de junho) referências a símbolos associados à América do Sul. Em dois dias
de programa, foram citadas 82 vezes as seleções da Argentina, Uruguai, Colômbia e Peru.
Contudo, somente a seleção argentina teve um espaço maior na grade ao analisar o confronto
contra a Nigéria, que decidia a sua vida na competição. Os outros tiveram seu espaço, apesar
de modesto, ao terem suas disputas tematizadas.
Sobre a América Central, foram 15 citações, somando Costa Rica e Panamá. Para os
comentaristas, ambas seleções foram coadjuvantes em seus duelos contra Brasil e Inglaterra,
respectivamente. O Panamá teve maior espaço, pois, ao fazer seu primeiro gol contra os
ingleses, a torcida comemorou de forma intensa, porque era sua primeira participação no
maior campeonato do mundo.
A América do Norte, representada pelo México, foi citada duas vezes, muito pelo
triunfo sobre a Alemanha. Há referências ambíguas quanto ao continente africano, visto que o
Egito, localizado entre o nordeste da África e o sudoeste da Ásia, possui imaginário associado
nacionalmente ao Oriente Médio. O Egito é o país africano mais lembrado no programa por
ter em sua seleção o melhor jogador do Liverpool, Mohamed Salah, o que reforça a
importância atribuída ao continente europeu. As cinco seleções africanas que participaram da
Copa (Egito, Nigéria, Tunísia, Senegal e Marrocos) foram citadas, ao todo, 25 vezes nas duas
edições do programa. Nigéria, por exemplo, no jogo contra a Argentina, foi apresentada como
coadjuvante em relação à adversária.
Naturalmente, a Europa já seria o continente mais citado pelo programa, visto que 14
das 32 seleções que participaram do evento são europeias. No entanto, o número de
referências a símbolos europeus é muito superior, em termos proporcionais, às referências
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feitas aos demais continentes. Enquanto que o percentual de times europeus em relação ao
total de seleções na competição é de 43,75%, o percentual de referências à Europa nas duas
edições do Linha de Passe em relação às referências a todos os continentes é 63,75%. As duas
edições do programa totalizaram 285 referências a símbolos europeus, num universo de 447
referências a todos os continentes.
Os comentaristas do programa se debruçaram extensivamente sobre países como
Espanha, França, Bélgica, Portugal, Inglaterra e Alemanha, nações cujas seleções foram, em
geral, bem avaliadas taticamente. Seleções como a islandesa, russa, croata, suíça e
dinamarquesa obtiveram espaço considerável, sendo tratadas com certa propriedade.
Normalmente não debatemos o futebol destes continentes, a não ser que exista um
acontecimento muito relevante específico. Quanto a Europa e América do Sul, o
futebol deste continentes está presente em nossa programação todos os dias, então a
entrada deles é bem natural (entrevista com Eduardo Tironi em 27 de março de
2019).
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Apesar de ser um país da Oceania, a seleção australiana atua pela confederação asiática.
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Diego da Silva Costa, nasceu no dia 7 de outubro de 1988 na cidade de Lagarto-SE. O atleta nunca atuou por
um clube brasileiro, iniciando sua carreira no Sporting Braga (Portugal). Ele passou por Chelsea e atualmente
está no Atlético de Madrid. Em 2013, recebeu a cidadania espanhola e no ano seguinte começou a atuar pela
seleção.
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A Espanha mostrou, com o empate de 3 a 3, que poderia viver melhores dias, após a
saída de Lopetegui para o Real Madrid (antes da Copa). Cristiano Ronaldo é considerado
“mais líder” em Portugal do que no time madrilenho (citado anteriormente). Para Paulo
Calçade, alguns atletas como Bruno Fernandes, Bernardo Silva e Gonçalo Guedes não
possuem o nível desejado para atuar na seleção portuguesa (Leonardo Bertozzi ponderou que
os atletas não fizeram boa partida, mas em suas equipes são destaques).
Na metade da edição analisada aqui (15 de junho), os comentaristas (principalmente
Arnaldo Ribeiro) chegaram à disputa entre Messi e Cristiano Ronaldo. Alguns ponderam que
o nível dos dois não pode ser comparado atualmente. Mas que atletas como Franz
Beckenbauer, Maradona, Romário, Ronaldo, em suas respectivas épocas, tinham um futebol
também muito apurado.
Vale ressaltar nessa parte a falta de atletas de outros continentes (África, Ásia,
Oceania, América do Sul e do Norte) no rol de grandes jogadores a serem lembrados na
história. O único atleta fora da Europa/América do Sul a ganhar o prêmio de melhor do
mundo foi o liberiano George Weah (atual presidente do país) em 1995 quando atuava no
Milan. Mesmo assim o nome dele é pouco lembrado pelos analistas do esporte.
No dia 17 de junho, a abordagem central foi sobre a seleção brasileira. Contudo, como
esta pesquisa analisa o futebol numa perspectiva intercontinental, buscamos dar ênfase ao que
foi falado sobre a Suíça, a adversária. A seleção suíça, que era conhecida na marcação como
“um ferrolho”, de tão forte, não somente se defendia, como tinha alguns escapes ofensivos
com Stephan Lichtsteiner e a Xherdan Shaqiri. A atual sexta colocada no ranking da FIFA
empatou e dificultou a vida do seu oponente.
Os comentaristas dão destaque às nove faltas cometidas pela Suíça durante a partida,
um número positivo em termos de marcação. Mauro Cezar ainda lembra que a Sérvia (terceira
adversária do Brasil) também “não alivia” defensivamente. Arnaldo Ribeiro e Xico Sá
analisaram o gol da Suíça como falta, mas respeitando quem acreditava em um “lance normal
de Zuber” (que comemorou, após ver a reação do bandeirinha). Eles lembraram que o VAR
(árbitro assistente de vídeo), na época, tinha sido implementado em poucos campeonatos no
mundo, sendo aquele um período de experiência.
A Suíça é um dos retratos do respeito ao futebol europeu. Mesmo não sendo uma das
principais no continente, era tratado com total deferência e respeito. Pois alguns dos nomes da
equipe atuam grandes ligas (clubes), casos de Ricardo Rodríguez (Milan), Xhaka (Arsenal),
68
25
Mário Figueira Fernandes, nasceu na cidade de São Caetano do Sul-SP no dia 19 de setembro de 1990,
lateral-direito revelado no Grêmio e que foi para o CSKA Moscou em 2012. No ano de 2016 conseguiu a
cidadania russa para atuar na seleção.
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A pauta seguinte versou sobre “as surpresas”. Arnaldo e Leonardo avaliaram o Peru
como principal seleção em termos de qualidade (Gareca, seu técnico, “organizou a casa”),
apesar de a “justiça” do resultado ser “a bola na rede”, consideraram. O Senegal também
surpreendeu, na avaliação deles, com seus “jogadores velozes” e a “dancinha característica”.
Lembraram de 2002, quando o time passou de fase ao superar França e Uruguai.
Nos últimos dois comentários da edição, nota-se uma diferença em termos de análise
para cada seleção. Sobre a Islândia, exalta-se o sistema defensivo que segurou o ímpeto
argentino. Sobre o Peru, destacam que, apesar das finalizações erradas (perdeu um pênalti na
estreia), era uma seleção muito qualificada (principalmente por Guerreiro, atacante do
Internacional). Já sobre Senegal, a dança é preponderante na fala dos comentaristas.
Existem diferenças históricas entre as seleções, pois o Peru não participava de uma
Copa do Mundo há 36 anos (sendo que em 1978, perdeu de 6 a 0 para a Argentina e em um
jogo “suspeito”, levou os argentinos a final em casa). A Islândia nunca havia disputado uma
Copa e Senegal chegou às quartas-de-final em 2002 vencendo França (na estreia) e a Suécia
(nas oitavas), mas o tratamento na análise não seguiu o reconhecimento histórico.
O comentarista Celso Unzelte demonstrou-se surpreso com o Irã (que venceu
Marrocos e se tornou líder de seu grupo na primeira rodada), principalmente por poucos
apostarem na equipe no duelo. Paulo Andrade escolheu como destaque a vitória do México
sobre a Alemanha e ponderou que, se a França (campeã do torneio) atuasse da mesma forma
que fez diante a Austrália contra o Peru, teria muitas dificuldades de obter aquele resultado.
Tentaram definir o destino do México (apostando que o time venceria a Coréia do Sul,
principalmente pela fragilidade do adversário), da Rússia (que teria um confronto complicado
contra a Espanha ou Portugal; no entanto, a seleção da casa passou de fase dias depois) e da
Inglaterra (que enfrentaria o Senegal; o que não aconteceu, pois o Japão passou para as
oitavas-de-final pelo número de cartões levados em campo, o último critério de classificação).
Os comentaristas demonstram concordar que Arábia Saudita e Panamá destoam em relação às
demais seleções. Para eles, a melhor seleção da América do Sul seria o Peru.
No grupo H, a Colômbia venceu a Polônia, Pekerman colocou o time para frente e
James Rodriguez (manteve o bom momento da copa anterior, onde foi um dos principais
nomes da competição). Falcão García, Cuadrado, Mina e Quintero fizeram uma ótima partida
segundo Mauro Cezar (Arnaldo Ribeiro e Gian Oddi concordaram com ele).
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Às vezes a expectativa sobre os países europeus é tão forte que não foi atendida no
caso da Polônia. O time de Lewandowski, Zielinski e companhia estava entre as dez seleções
melhores do mundo e era favorita a ser líder mesmo num grupo equilibrado com fortes
elencos de outros continentes (Senegal, Japão e Colômbia). No final ficou em último lugar,
muito mais por demérito polonês do que pela evolução das outras seleções (segundo os
comentaristas).
No final do programa, os comentaristas analisaram os principais ataques do
campeonato (Lukaku e Harry Kane), que eram do mesmo grupo e desequilibraram contra o
Panamá (para alguns, a mais fraca de todas). No geral, consideram que a Rússia foi bem na
primeira partida; que o Uruguai, “nem tanto”; que a França teve jogo “tranquilo”; e que
Inglaterra, procurando decidir o primeiro lugar com a Bélgica na terceira rodada, levaria a
uma possível decisão nos cartões (o que não aconteceu).
A Rússia enfrentou a Arábia Saudita e o placar de 5 a 0 confirmou a tese de
superioridade dos comentaristas. Mesmo caso da França, que enfrentou a Austrália (placar de
2 a 1). No grupo G, já na primeira rodada, os analistas faziam projeções sobre o último jogo,
pois para eles Bélgica e Inglaterra passariam facilmente por Panamá e Tunísia. É perceptível,
nas sutilezas, identificar como o olhar sobre uma superioridade europeia aparece nos
comentários, mesmo que em alguns casos o texto dos comentaristas soe muito mais como
informativo do que interpretativo ou opinativo.
No dia 6 de julho, já chegando próximo ao final da competição, a análise é dedicada à
partida entre Brasil e Bélgica. Para eles, os belgas respeitaram o adversário, mas aos poucos
foram entrando no jogo, principalmente após o gol contra de Fernandinho, que deixou os
espaços abertos para as jogadas de Chadli e De Bruyne. No setor defensivo, o treinador
Roberto Martínez utilizou Vertonghen, obtendo resultado positivo, avaliou Mauro Cezar.
O jogo fez lembrar da eliminação do Brasil em 2010 durante partida contra Holanda.
Para os comentaristas, Brasil não fez muito para conter o ímpeto dos belgas, principalmente
de Hazard, que ajudou muito no jogo coletivo. Outros que fizeram uma boa partida foram
Fellaini e Lukaku (que segurou a marcação e tocou para De Bruyne no segundo gol). Para os
analistas, em alguns setores, a Bélgica é superior e tem um goleiro experiente (Courtouis).
Mauro Cezar abordou “mesmo se a pessoas estivesse bêbada, ele escolheria Hazard a
Paulinho, De Bruyne a Fernandinho, é somente ver um pouco de futebol”. Isso demonstra a
evolução do futebol belga e define que o futebol europeu está crescendo todo em conjunto,
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enquanto alguns países de outros continentes diminuíram o ritmo ou evoluem de forma lenta
(principalmente na Oceania).
na Europa). No final de tudo eles (comentaristas) não se lembram dos nomes dos atletas e
desconsideram o fortalecimento da competição nacional (iraniano).
Mauro Cezar destaca que a “redenção” belga ocorreu após a saída do treinador Mark
Wilmots, depois da eliminação para o País de Gales na Eurocopa. Os comentaristas tentaram
traçar a trajetória da seleção que passaria primeira colocada do seu grupo (superando a
Inglaterra), mas pararia no Brasil (o que não aconteceu). Sobre a Espanha, eles abordaram o
fato de o país ter a conquista de maior expressão a partir de 2008 (Eurocopa), passando para a
Copa de 2006, em que venceu três jogos, perdendo, contudo, para a França.
No final do programa do dia 19 de junho, Arnaldo Ribeiro analisou o confronto entre
Alemanha e Suécia. Mesmo sem Ibrahimovic, os suecos “dariam a vida” nesse jogo para
chegar à próxima fase, fazendo uma retomada histórica da classificação para a Copa. Mauro
Cezar afirmou que o antigo técnico da Itália Gianpiero Ventura era um “incapaz” e por isso
não conseguiu passar da Suécia, complicando-se e ficando sem participar da competição.
Mesmo não estando na Copa, as seleções da Itália e da Holanda foram citadas pela sua
tradição (no caso holandês, a dupla vitória sobre o Brasil em 2010 e 2014), o que representa a
força europeia, apesar de não estar nos holofotes do momento. Nenhum outro país foi
lembrado seja de forma positiva ou negativa (vale ressaltar que Estados Unidos, China, Nova
Zelândia, África do Sul, entre outros, não estiveram na Copa de 2018).
No dia 24 de junho, os comentaristas deram ênfase ao grupo da Argentina, no qual a
Croácia (vice-campeã) já estava classificada para a próxima fase. Messi fazia aniversário na
época da partida decisiva contra a Nigéria. Apesar do clima de comemoração, o nível de
tensão estava elevado. De outro lado, estava o adversário africano, que geralmente perde para
o time sul-americano, menos em 1996 nas Olimpíadas, quando Kanu eliminou os “hermanos”
e se tornaram campeões (fala de Mauro Cezar).
O comentarista Mauro Cezar (que é torcedor do Racing) afirma que a indústria
jornalística de boatos é muito latente na Argentina, e os jornais inferem que o técnico Jorge
Sampaoli não consegue lidar com o elenco. Mas em caso de desclassificação (o que não
aconteceu), a visibilidade dos atletas seria prejudicada, principalmente a gerência da AFA
(Associação do Futebol Argentino) por meio do presidente Fábian Tapia (que também gere o
Barracas Central).
Além do diretor máximo da federação, o presidente da Argentina Mauricio Macri foi
presidente do Boca Juniors entre 1995 e 2007 e tem uma aliança com o atual detentor do
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posto Daniel Angelici. A ideia inicial era alavancar o futebol argentino como foi feito no
México, através de grandes empresas e investimentos nos times. Mas no final reinou a
“desorganização”, tendo até contratação de técnico de seleção por currículo (segundo Mauro
Cezar).
O jornalista Mauro Cezar acompanha os times, a seleção e a federação argentina e
mostrou a situação atual do futebol no país. Sobre o adversário da rodada, a Croácia, apesar
de não ter tanta tradição, era respeitada (pelos jogadores Modric, atual melhor jogador do
mundo, Rakitic, entre outros), além disso em 1998 chegou na semifinal do campeonato
mundial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
equipe). Por outro, Portugal ganha destaque no Linha de Passe por contar com um dos
“melhores jogadores” atuais (Cristiano Ronaldo), além de ter uma federação que oferece as
condições necessárias para o trabalho de Fernando Santos.
No decorrer das análises, vemos estereótipos com certa frequência. É o caso de
Senegal (com suas danças), Coreia do Sul (todos sendo iguais para os ocidentais) e o México
(festa dentro e fora dos estádios). No outro lado europeu, países poucos tradicionais como
Croácia e Islândia eram respeitados seja pelo nível dos jogadores ou pela aplicação tática. No
geral, a Europa é apresentada como tendo muito mais acertos do que erros. Já em relação aos
outros continentes, o contrário é o que geralmente acontece.
As seleções consideradas como principais pelos comentaristas foram as europeias
(Bélgica, Inglaterra, França, Espanha entre outras), sendo elevadas a um patamar alto,
possuindo uma conotação positiva de tudo que se fazia em campo. Embora a qualidade dos
times europeus seja um fato, o jornalismo esportivo tende, de modo muito sutil, a naturalizar
uma suposta “superioridade europeia” ao omitir as diferenças históricas que marcam a
formação de cada continente.
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