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Tex Tots
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Recife
2021
LARA BEZERRA DE SAMPAIO CARVALHO
Recife
2021
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das teorias se transformou em construção matemática. Além disso, o filósofo coloca que
apesar das diferenças em torno do trabalho, detalhes e objetos, as ciências humanas
estruturalmente não seguem um pensamento diferente das tradicionais ciências naturais. O
método dedutivo, sendo aquele que prevalece na matemática acabaria estendido a todas
as ciências, sem distinção. Aparentando não haver até então uma preocupação com a
teoria e sim com a prática, o objetivo geral era pensar os meios para seguir o modelo sem
questioná-los. Dessa forma, tal modelo passa a ser utilizado nas ciências humanas sem
a devida atenção para o conceito de teoria, o que Horkheimer aponta como problemático.
(CARNAÚBA, 2010, P. 198)
Outro fator importante, abordado mais adiante é que a influência do material sobre
a teoria e a aplicação da teoria ao material não são apenas processos intracientificos,
mas também processos sociais. A relação entre hipóteses e fatos se realiza na indústria.
Dentro da divisão social do trabalho, o cientista deve conceber e classificar os fatos em
ordens conceituais de forma que os fatos sejam dominados o mais amplamente possível. A
concepção errônea dos cientistas, chamados por Horkheimer de burgueses, é a de que a
atividade teórica do especialista transformada em uma categoria universal. E, por serem
reduzidas a categorias intelectuais, seus resultados não representam nada consistente
materialmente - sua única função é classificadora e determinante.
Horkheimer defende a necessidade de obter consciência da limitação das atividades
particulares e suas subdivisões, sendo necessário obter uma concepção que elimine a
pacialidade da práxis social, pois a totalidade do mundo perceptível é para seu sujeito
uma faticidade. O autor remete essa contradição à obra de Kant, onde ele aponta que
o modo burguês de economia não possui nenhuma orientação ou planejamento visando
algum objetivo geral, obtendo como resultado uma figura deformada e submetida a grandes
atritos. O duplo caráter dos conceitos kantianos que demonstram tanto a máxima unidade
quanto certa obscuridade e inconsciência, definiria a forma contraditória da atividade
humana: a razão da humanidade existe por causa de sua ação conjunta na sociedade, mas
simultaneamente, os resultados desse processo são estranhos às pessoas. (HORKHEIMER,
1980)
Passando para aqueles que construiriam a Teoria Crítica, o caráter discrepante do
todo social, segundo Horkheimer, passa a ser uma contradição consciente. Ao reconhecer
o modo de produção vigente e os componentes culturais nele baseados como produtos to
trabalho humano, esses sujeitos identificariam-se com esse todo. Dessa forma, categorias
como trabalho, valor e produtividade passam a ser reconhecidos como exatamente o que
são nessa ordem social.
sim uma forma apática do ser, da qual tem que se emancipar“ (HORKHEIMER,
1980, P. 131)
Por isso, Habermas irá procurar reformular os conceitos de Weber e Marcuse, bus-
cando um diagnóstico mais satisfatório para a questão. Abordando inicialmente a concepção
de Weber de “racionalização”. Habermas parte da distinção fundamental entre trabalho
e interação. Dessa forma, ele afirma que os sistemas sociais podem ser classificados
conforme qual desses fundamentos é predominante neles.
Outro ponto importante é que Habermas afirma que a cientifização da técnica surge
como uma característica marcante do capitalismo, no qual o Estado fomenta o progresso
técnico-científico e, a ciência e a técnica tornam-se a primeira força produtiva. Com a
institucionalização do progresso técnico-científico, o potencial produtivo teria assumido
uma forma que leva o dualismo do trabalho e da interação a ocupar um segundo plano na
consciência dos indivíduos - o progresso técnico-científico pareceria praticamente autônomo
e a evolução social aparenta ser determinada por ele. Assim, surge a ideia da tecnocracia,
que permanece de fundo na consciência da população e assim, estabelece sua força
legitimadora. (ZATTI, 2016, P. 38)
A ideologia faria com que a população pense que o bem estar social depende do
desenvolvimento técnico-científico, de forma que os interesses sociais passariam a coincidir
com os interesses sistêmicos. Diante disso, segundo Habermas a consciência tecnocrática
é, por um lado, “menos ideológica” que as ideologias anteriores, pois ela não possui a
violência que joga com a ilusão de satisfação de interesses. Por outro lado, a ideologia de
fundo dominante, que transforma a ciência em fetiche, é mais abrangente que as antigas,
pois com o velamento das questões práticas, ela justifica um interesse de dominação de
uma classe determinada, assim como oprime a necessidade parcial de emancipação por
parte da outra classe, como também atinge o interesse emancipatório da espécie humana
como tal. (HABERMAS, 2014)
Habermas defende que a nova ideologia é diferente da antiga em dois aspectos.
Primeiramente, por estar vinculada ao modo político de distribuição que busca a fidelidade já
deixa de ser o fundamento da exploração e opressão. Segundo, pois a lealdade das massas
só pode ser obtida por compensações destinas à satisfação de necessidades privatizadas.
Dessa forma, a ideologia tecnocrática se distinguiria das antigas por separar os critérios
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Referências