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Nove noites

L C
Obras

Bernardo Carvalho

L C
ENTRE ASPAS
Bernardo Carvalho

Bernardo Carvalho nasceu em 1960, no Rio de Janeiro. É escritor, jornalista e colunista. No ano de 1983,
formou-se em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Ainda na década de
1980, radicou-se na cidade de São Paulo e, desde 1986, trabalha na Folha de S.Paulo, jornal no qual exerce a fun-
ção de diretor do suplemento de ensaios Folhetim, é correspondente internacional em Paris e, posteriormente, em
Nova York e, entre 1998 e 2008, foi colunista fixo do caderno de cultura Ilustrada.
Seu último romance é Reprodução, lançado em setembro de 2013. Tem livros editados na França, em Por-
tugal, na Itália e na Suécia.
Com dissertação a respeito da obra de Wim Wenders, obteve grau de mestre em Cinema pela Escola de Co-
municações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), no ano de 1993, quando também lançou a coletânea
de contos Aberração, que marcou sua estreia na literatura. Nos contos de Aberração, já estão presentes alguns
dos temas e dos expedientes formais que marcam seus livros seguintes, tais como o tema do desaparecimento e
a utilização da narrativa epistolar (em música) e a preferência dada a personagens desajustados, como no conto
“O olho no vento“.
Apesar de sua estreia na literatura ter sido como contista, destacou-se e alcançou mais reconhecimento
como romancista. A passagem de um gênero para outro, no entanto, não denota uma ruptura radical entre suas
publicações iniciais e posteriores. Seu primeiro romance saiu em 1995 e, desde então, tem publicado traduções e
exercido a função de crítico literário. Seu mais recente romance, O filho da mãe, é de 2009.
Bernardo Carvalho tem produzido uma literatura, cuja característica marcante é a mistura entre ficção e
realidade, sem deixar muito claro as diferenças entre ambas. Sua narrativa é composta de fatos reais e históricos
misturados com ficção, que sustentam e dão veracidade aos enredos. O desaparecimento, como tema e marca es-
tilística, é fundamental na obra do escritor. A maioria de seus romances, além de parte considerável de seus contos
e crônicas, aludem direta ou indiretamente a este assunto.

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Contexto histórico e Em um primeiro momento, o enredo desen-
volve-se por meio de um autor-narrador (talvez um
escola literária jornalista), que levanta dados documentais acerca de
um personagem verídico, o antropólogo estaduniden-
As obras de Bernardo Carvalho configuram o se Buell Quain, interessado em etnologia, que prova-
que se chama de literatura contemporânea. Sua pri- velmente se suicida aos 27 anos de idade, no ano de
meira obra é de 1993, um período pelo qual o conceito 1939, em meio a uma expedição no Tocantins entre
de escola literária se dissipou num contexto plural e os índios krahô, poucos dias após deixar a aldeia in-
que ainda procura se encontrar enquanto limite esté- dígena.
tico coletivo para que qualquer fator norteador possa Essa pesquisa é feita 62 anos depois, em ou-
aparecer como denominação. Segundo José Castelo tras palavras, no ínterim do presente histórico da pu-
é o “mais radical dos ficcionistas surgidos nos anos blicação do livro, de forma metódica e apurada, por
de 1990, o mais corajoso deles, mas quase não tem meio de cartas, de documentos, de fotos, de testemu-
leitores”. Ele mesmo se conforma com a dificuldade nhos e de relatos, na tentativa de revelar as circuns-
tâncias e as motivações verdadeiras da morte do an-
de se vir a ser um best-seller. Suas tramas apresentam
tropólogo.
aspectos interessantes ao leitor contemporâneo: um
O personagem histórico ”biografado” – Bell
deles é a dissolução, seja de sentidos, de discurso, de
Quain – e o narrador ”biógrafo” não se relacionam
personagens, de cenários ou do tempo narrativo.
alegoricamente, mas sim metonimicamente. A obses-
“Acho difícil. Espero que o editor não saiba,
são pelo suicídio do antropólogo no Xingu revela um
mas acho difícil. Se eu chegar, acho que vai ser por
trauma do próprio narrador, que teria convivido na in-
acaso”, diz Bernardo.
fância com os índios.
Veja um comentário crítico acerca de sua pro- Na busca de dados sobre Quain, o narrador vol-
dução contemporânea: ta ao Xingu para ouvir o que os índios lembram do
“Os romances de Carvalho constituem-se como antropólogo. Mas não consegue nenhuma informação,
obras bem-sucedidas em operar com as referências fal- e em troca é ele quem lembra da infância, quando
seadas, tão características da ficção pós-moderna. Em acompanhava o pai nas viagens pelas suas fazendas
sua macroestrutura, eles apresentam aspectos que os de Mato Grosso e Goiás.
aproximam da estrutura da reportagem e da biogra- Já em um segundo momento, paralelamente,
fia: há uma narratividade próxima também de gêneros há um narrador ficcional, Manoel Perna, que convive
como as reportagens mais extensas, que se materiali- com Quain nove noites durante sua estada no Brasil
zam em forma de livro.” (LAGE, 2005, p. 145-146) (daí o título do livro), narrado em itálico no corpo do
romance. Tal estratégia compõe um gênero híbrido que

Nove noites aponta para a autoficção e a metaficção, criando-se


dados inverídicos a partir de pistas verdadeiras da vida
do antropólogo, em um texto a meio do caminho entre
o romance-reportagem e o romance policial.
O romance foge da tradição de romances que
mostraram o índio como vítima – Quarup, Maíra, entre
outros –, e vai por um caminho contrário em que a
figura do nativo exerce certa ”violência” – psicológica
–, sobre os brancos, constituindo no romance um trau-
ma que se configura como uma máquina do tempo no
que diz respeito à história nacional. O suicídio de Bell
Quain incide sobre o trauma do próprio narrador.
Quando ele está no hospital acompanhando o

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pai no seu leito de morte, testemunha a última hora de pesquisa sobre a morte de Quain e aparece menos
um velho desconhecido, que ocupa a cama ao lado, e como caminho para a verdade do que como constitui-
que está morrendo em solidão. O velho, no seu delírio, ção do trauma ( é a relação traumática da infância que
chama o narrador de ”Bill Cohen”, confundindo-o com aproxima o narrador com Quain).
um amigo da época em que era jovem. Muitos anos É infernal o momento que reencontra os índios
depois, o nome de ”Buell Quain” é mencionado num por conta da pesquisa, e fica evidente que cada do-
jornal, fato que leva o narrador a lembrar daquele ou- cumento que o narrador encontra revela e encobrem
tro nome que ouvira da boca do velho. Porém, não é o as cartas que documentam aspectos da história que
mesmo nome, o narrador o deixa bem claro. teriam sido duvidosamente traduzidas; sobre elas se
Ver o nome do antropólogo no jornal é um ga- constrói o testamento, que sabemos ser falso. O nar-
tilho no enredo para o despertar da experiência trau- rador vai em busca do filho do velho que morrera no
mática, entendendo por ela a resposta a um evento ou hospital, pois pensava que o velho poderia ter sido o
eventos violentos inesperados ou arrebatadores, que fotógrafo amigo de Quain. Porém, quando o encontra,
não são inteiramente compreendidos quando aconte- acha que ele se parece mais com Quain.
cem, todavia, futuramente retornam sob a técnica do Neste ponto, a confiabilidade da narrativa é
flashback, dos fenômenos repetitivos e, claro, pesadelos. colocada à prova e a ficção se desmancha nas arma-
Sobre a morte do pai, a sintaxe escolhida é seca dilhas do texto, que viaja entre diversas possibilidades
e mínima, diminuindo, em algum aspecto, a importân- de gêneros, como pode-se perceber na relação entre o
cia do fato da morte do pai. Porém, se o narrador che- documentário e a ficção e também entre a constituição
ga – na imaginação do velho (substituto de Quain), em de subjetividade e o plano material e histórico.
troca, o velho oferece a possibilidade de testemunhar Em Nove noites, a instância do passado sem-
sua morte, em substituto da morte do pai, que ocorrera pre retoma seu espaço, uma espécie de estrutura em
quando ele já tinha partido. Essa troca de papéis (a abismo na qual o tempo contém a junção cronológica
morte do velho substituindo a do pai, a chegada do do passado e o futuro, por intermédio de aspectos ou
narrador substituindo a do velho amigo Quain) funcio- materiais ou subjetivos, como a configuração de rostos,
na como um deslocamento, que pode explicar por que
experiências vividas e lembranças do passado.
o mistério da morte de Quain provoca uma obsessão,
uma vez que ele remete à cena misteriosa da primeira
vez que o narrador vira um homem morrer e, é claro, Tema
ao mistério da morte silenciosa do pai. O narrador e
sua irmã têm disputado a herança do pai com a última
mulher dele, que é quem acaba ficando com tudo: o
pai só deixa aos filhos seu silêncio como herança.
Esse mistério da morte de Quain e, que também
poderia representar a morte do próprio pai, gera uma
obsessão no narrador, mas não pode senão ficar como
mistério na narrativa. Logo, o testamento de Manoel
Perna é um documento-chave da pesquisa, no entanto,
é escrito – inventado – pelo próprio narrador (segundo
ele próprio confessa quase no final do romance, deses-
tabilizando completamente o estatuto de verdade dos
fatos narrados). A comprovação da história de Quain é
declarada falsa para o leitor, mas que, apesar da decep-
ção, o interesse se mantém, pois o que interessa é mais O romance perpassa temas bastante explora-
a pesquisa do que a suposta verdade sobre Quain. dos atualmente, como identidade, alteridade e sexua-
A trama “quase” policial vai sendo tecida pela lidade. A estética própria do escritor Bernardo Carva-

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lho leva o leitor a vivenciar o que podemos chamar de enunciado este que gera suspense em torno da perso-
“temática do desaparecimento”, em que as narrativas nalidade de um destinatário particular e ausente.
se constituem da não constituição. É uma espécie de
§§ Mistério e ambiguidade
fruição do enredo, que depende da perspicácia de en- Já no primeiro instante, o leitor entra numa tra-
tender expressar a dificuldade de narrar acontecimen- ma de suspense com relação a esse “você”. O prono-
tos e, assim, estabelecer experiências comunicáveis. Os me de tratamento refere-se ao destinatário secreto, ao
romances de Bernardo optam por narradores circuns- mesmo tempo em que se dirige a qualquer um que
critos em investigações que envolvem uma viagem, poderia ter acesso à carta ou à narrativa e, nesse caso,
enfrentam a dificuldade de estabelecer os fatos, de o “você” passa a ser o leitor, grande personagem que
confirmar suspeitas, de averiguar veracidade em suas tenta desvendar os enigmas do texto.
demandas. Os vários gêneros discursivos sustentam Através do olhar ou da imaginação do narrador-
esta característica; por exemplo, é como perceber em -epistolar, tem-se explicitada a intimidade do antropó-
suas obras a conjunção de diários, cartas, fotografias logo, bem como um efeito de cumplicidade entre esse
e notas de viagem. Além disso, outro aspecto que cor- narrador e o destinatário ausente.
robora para este pensamento inicialmente proposto é
a questão estética relativa à pluralidade de narradores Segundo narrador
que aparecem enquanto instâncias de características
próprias e influência direta no enredo.
O segundo narrador é o jornalista que investi-
ga todas as circunstâncias e fatos que giram em torno
Foco narrativo do suicídio no tempo presente. Depois de sua visita ao
Xingu, ele viaja aos Estados Unidos.
A obra possui duas instâncias narrativas; neste A outra narrativa é conduzida pelo trabalho de
sentido, deve-se estar atento à passagem de uma para pesquisa e investigação empreendido por um narrador-
outra. A obra apresenta alternância de duas narrativas, -repórter disposto a descobrir a verdade sobre o suicí-
diferenciadas, inclusive por traços gráficos. dio de Buell Quain. É interessante perceber que o mes-
mo não deixa de recorrer aos mais variados recursos
Primeiro narrador – cartas perdidas, jornais, fotos e depoimentos de con-
temporâneos –, que possam conduzi-lo a um desfecho.
O primeiro narrador é o “engenheiro sertanejo“ Esse narrador, que é também jornalista, visita o Xingu,
Manoel Perna, que manda uma carta ao interlocutor, misturando-se com os índios em busca de informações
mostrando como foram as nove noites com o amigo sobre o convívio do antropólogo com os índios krahô,
antropólogo. Uma carta-testamento direcionada ao seu e, ainda, viaja para os Estados Unidos tentando encon-
amigo Buell. trar algum parente e mais verdades sobre o suicida.
§§ Narrador-personagem É impossível detectar um desfecho para o suicídio de
A primeira narrativa começa escrita em itáli- Quain e, em função de tantas informações, o narrador
co, um traço gráfico importante, que é conduzida por toma a decisão de transformar todo material pesquisa-
um narrador-personagem, um engenheiro sertanejo, do em ficção, mesmo que receoso.
morador de Carolina, contemporâneo e amigo do an-
tropólogo estadunidense Buell Quain. A escrita desse
narrador pode ser caracterizada como uma espécie de
Tempo
carta-testamento, endereçada a um antigo “amante-
O tempo da narrativa leva em consideração as
-amigo” de Quain, cuja chegada é esperada.
duas instâncias narrativas apresentadas. Estas pers-
§§ Narrativa epistolar pectivas paralelas e a pesquisa sistemática acerca do
Essa narrativa epistolar é, na maioria das vezes, etnólogo criam relações com a história e a antropolo-
introduzida pela frase “isto é para quando você vier”,

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gia do século XX. Aliás, é possível observar o cotidiano
e as dificuldades na etnologia durante o Estado Novo
(1937) no Brasil.

As nove noites

Foram nove noites que compreendem um inter-


valo de cinco meses, desde o dia em que os dois se
conheceram até à última viagem à aldeia krahô. Trata-
-se de uma carta alusiva e sinuosa, remetendo a fatos
não conhecidos ou simplesmente imaginados: “O que
agora lhe conto é a combinação do que ele me contou
e da minha imaginação ao longo de nove noites”.

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Aprofunde seus conhecimentos
1. A partir da leitura da obra Nove noites, é in- d) Buell Quain conviveu com os mais ilustres
correto afirmar que: antropólogos que lhe foram contemporâ-
a) o relato do narrador-jornalista desdobra-se neos, como o professor Castro Faria e Lévi-
em três tempos diferentes articulados pelo -Strauss.
enigma da morte de Buell Quain.
b) o narrador-epistolar apresenta uma escrita 5. Sobre a narrativa de Nove noites, é incorreto
fidedigna com relação aos depoimentos do afirmar que:
antropólogo estadunidense. a) os três tempos do relato do narrador-jorna-
c) o engenheiro sertanejo escreve em meados lista não absorvem aspectos que marcam a
dos anos 1940, quando pressente a iminên- vida do antropólogo estadunidense.
cia da própria morte e relembra as nove noi- b) em seu primeiro parágrafo uma advertência
tes em que estivera com o etnólogo. ao leitor ou ao pesquisador que decidiu in-
d) o jornalista que escreve em 2002 não é o vestigar as razões do suicídio do antropólo-
único a ocupar a posição de narrador. go: trata-se de um território do indiferencia-
do, em que falso e verdadeiro combinam.
2. Todas as alternativas apresentam caracterís- c) o narrador-repórter, em busca de respostas
ticas de Nove noites, de Bernardo Carvalho, sobre a morte de Quain, entrevistou paren-
exceto: tes e antropólogo, pesquisou documentos e
a) Virtualmente, o “você” a quem a carta se concluiu que imigrar do jornalismo para a
dirige inclui não apenas o esperado amante ficção era uma saída honrosa.
de Quain, como também qualquer um que d) ao procurar traços da identidade de Quain, o
esteja em posição de lê-la. narrador-jornalista expõe a própria intimi-
b) Nessa narrativa tudo é ou se torna suspeito; dade e os mecanismos da criação literária.
todas as personagens aparentam saber mais
do que dizem e toda a investigação parece 6. Todas as alternativas retratam questões
estar fadada a não descobrir e sim e encobrir. abordadas pela obra Nove noites, de Bernar-
c) O narrador-jornalista é o único personagem do Carvalho, exceto:
que apresenta um discurso verossímil, isen- a) Choque cultural
to de suspeitas e de motivos secretos. b) Memorialismo
d) Esse romance retrata a morte violenta e c) Nacionalismo xenófobo
inexplicável que se impôs o jovem antropó- d) Verdade e mentira
logo Buell Quain.
7. Todas as alternativas apresentam uma rela-
3. Com base na leitura de Nove noites, de Ber- ção corretamente estabelecida entre as per-
nardo Carvalho, é incorreto afirmar que, sonagens de Nove noites e suas característi-
nessa obra, a linguagem: cas principais, exceto:
a) reflete uma alternância de fragmentos jor- a) Manoel Perna – o silêncio do sertanejo era a
nalísticos e tons memorialísticos. prova de sua amizade que ia conquistando
b) manifesta-se através de tempos que coexis- Quain.
tem, num ritmo quebrado e não linear. b) Ruth Landes – jovem geógrafa que estava no
c) apresenta-se em diversas passagens como Brasil com o objetivo de estudar os rios e
descritiva e objetiva. florestas da região norte.
d) afirma-se na teatralidade que veicula o com- c) Professor Pessoa – traduziu uma das cartas,
portamento das personagens. em inglês, deixada por Buell e acalmou os
índios, garantindo que eles não tinham ne-
4. A partir da leitura da obra Nove noites, de nhuma responsabilidade na tragédia.
Bernardo Carvalho, é incorreto afirmar que: d) Buell Quain – achava que estava sendo per-
a) o suicídio de Buell Quain trata-se do ponto seguido ou vigiado onde quer que estivesse
de partida dessa narrativa: um caso trágico, e era marcado por uma inquietação existen-
perdido nos anos e na memória. cial.
b) o autor insere fotos e personagens da década
de 1930 na história, como pessoas reais e de 8. Sobre o enredo de Nove noites, todas as al-
um fato real e registrado. ternativas estão corretas, exceto:
c) Buell Quain é personagem do mundo real, a) O antropólogo se cortou e se enforcou, sem
etnólogo reconhecido que deixou estudos explicações aparentes. Diante do horror e do
antropológicos e documentação importante sangue, os dois índios que o acompanhavam
sobre a língua krahô, falada por indígenas na sua última jornada de volta da aldeia
brasileiros. para Carolina fugiram apavorados.

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b) Na bagagem pessoal de Quain, o narrador
encontrou roupas, sapatos, livros de música
e uma Bíblia. Havia, também, um envelope
com fotografias, com retratos dos negros do
Pacífico sul e dos trumais do alto Xingu.
c) Quain, antes do suicídio, alegou ter recebido
más notícias de casa e comunicou aos índios
a sua decisão de não mais ficar na aldeia.
d) Quain, em momentos de maior distração e
melancolia, falava muito sobre a sua mulher
e seus filhos.

9. Todas as alternativas contêm afirmações cor-


retas sobre a história de Buell Quain, exceto:
a) O antropólogo se matou na noite de 2 de
agosto de 1939, no ano de abertura da Se-
gunda Guerra.
b) Quain, nas últimas horas que precederam o
seu suicídio, escreveu aos prantos pelo me-
nos sete cartas.
c) Buell Quain chegou ao Brasil em fevereiro de
1938 e cinco meses depois estava morto.
d) Buell chegou ao Brasil às vésperas do Car-
naval, no Rio de Janeiro, e foi morar numa
pensão da Lapa, reduto de vícios, malandra-
gem e prostituição.

10. Todas as passagens, do romance Nove noites,


evidenciam uma combinação entre memória
e imaginação, exceto:
a) “O que agora lhe conto é a combinação do
que ele me contou e da minha imaginação
ao longo de nove noites.”
b) “Mas a ideia de uma relação ambígua com
a irmã, embora imaginária, nunca mais me
saiu da cabeça, como uma assombração cuja
verdade nunca poderei saber.”
c) “Assim como o que tento lhe reproduzir ago-
ra, e você terá que perdoar a precariedade
das imagens de um humilde sertanejo que
não conhece o mundo e nunca viu a neve e
já não pode dissociar a sua própria imagina-
ção do eu ouviu.”
d) “Meu pai morreu há mais de onze anos, às
vésperas da guerra que antecedeu a atual
e que de certa forma a anunciou. Hoje, as
guerras são permanentes.”

Gabarito
1. B 2. C 3. D 4. B 5. A
6. C 7. B 8. D 9. C 10. D

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