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UDC - Escoramento de Valas

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UDC – Escoramento de Valas

ENGENHARIA & TREINAMENTO


SOBRE ESTA UDC
DISCIPLINA

SERVIÇOS
ESPECIAIS UDC’s QUE FAZEM PARTE DESTA DISCIPLINA
• Parede Diafragma • Barragem - Tratamento De
• Tratamento de Solos Fundacao
• Rebaixamento do Lençol Freático • Instrumentacao de Túneis e
• Pátio De Vigas - Viga Guia – Monotrilho Barragens
• Protensão • Escoramento de Valas
• Perfuração subaquática com Wirth • Sondagens (Planejamento,
• Contenções e Drenagens Execução e Análise)
• Terra Armada • Alvenaria Estrutural
• Raise Boring - Raise Climber • Aplicação de Membrana
• Derrocagem Submersa Tensionada
• Dragagem

ENGENHARIA & TREINAMENTO


INTRODUÇÃO E OBJETIVO
A execução de contenções em escavações é um serviço bastante comum em obras civis,
principalmente quando estas se localizam em áreas limitadas, como em zonas urbanas de
uma maneira geral. São diversas as formas de se conter um maciço, que são escolhidas de
acordo com o tamanho da escavação e o tipo do material contido, assim como as condições a
que ele está submetido.

O objetivo desta UDC é apresentar


os sistemas de escoramento mais
utilizados em obras de escavação,
explicando as diferenças entre as
configurações possíveis e entre os
materiais que podem ser utilizados.

ENGENHARIA & TREINAMENTO


SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Elementos Componentes

Os sistemas de escoramento tratados nesta UDC são aqueles referentes à obras de


pequenas ou médias valas, especificamente. Esses sistemas geralmente são compostos
pelos seguintes elementos:

Parede: é o componente vertical que fica em contato direto com o solo a ser contido. Pode ser
feito de peças de madeira ou aço. Quando composta por pranchas de madeira na vertical,
pode ser classificada como contínua ou descontínua.

Longarina: é o elemento longitudinal em que a parede se apóia. Trata-se de uma viga


horizontal, feita de madeira, aço ou concreto armado, que transfere o carregamento vindo das
paredes até as estroncas.

Estroncas (ou escoras): são os elementos transversais onde as longarinas se apóiam.


Dispõem-se, assim, também no plano horizontal, porém perpendiculares a tais elementos.
Podem ser feitas de aço ou madeira.

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Elementos Componentes

Parede
(pranchas)
Longarinas

Estroncas /
escoras

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Tipos

Pode-se classificar os sistemas de escoramento de acordo com os materiais empregados


em sua construção.

1) Escoramento em madeira;

2) Escoramento em aço;

3) Escoramento misto;

4) Blindagem;

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Madeira

Normalmente se utiliza escoramentos de madeira para valas de menor dimensão, não


sendo comum o seu emprego em grandes profundidades. Por isso, costuma-se encontrá-las,
por exemplo, na contenção de valas destinadas ao assentamento de tubulações de redes de
água ou esgotos.
As pranchas podem ser dispostas na horizontal ou na vertical, dependendo do solo a ser
contido e da profundidade a ser atingida.

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Madeira
Na situação em que as pranchas são verticais, pode-se optar por uma parede contínua
ou descontínua, dependendo das características geotécnicas do maciço.
Em situações mais favoráveis, quando o solo a se conter possui boa coesão e o nível
d´água está abaixo do fundo de escavação, pode-se estudar a aplicação do pontaleteamento
ou do escoramento descontínuo. Em ambos os casos, as pranchas são fixadas
verticalmente na parede do maciço com um certo espaçamento entre elas. Tal espaçamento,
obviamente, deve ser determinado em projeto de forma a permitir a continuidade segura dos
serviços (há também recomendações pré-determinadas para tais espaçamentos, como será
apresentado mais adiante).

(1) (2)

Corte longitudinal – pontaleteamento (1) e escoramento descontínuo (2)


ENGENHARIA & TREINAMENTO
SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Madeira

O pontaleteamento é a técnica de contenção em que as pranchas de madeira (ou


elementos metálicos, como na figura abaixo) são travados apenas por estroncas, também de
madeira ou aço. Existe os espaçamentos entre os elementos verticais de contenção, porém
não existe longarina ligando-os.

A diferença entre o pontaleteamento


e o chamado escoramento descontínuo
reside justamente na existência da
longarina ligando os elementos verticais,
exercendo assim uma função de apoio
para os mesmos e transferindo os
carregamentos do solo para as
estroncas. Além disso, no escoramento
descontínuo o espaçamento entre
pranchas costuma ser menor.
Pontaleteamento metálico

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Madeira

Por outro lado, em cenários com solos granulares finos (areia e silte) e nível do lençol
freático alto, as chances de desmoronamento e/ou carreamento de material para dentro da
vala por fluxos de água passam a ser problemas graves. Por esse motivo, torna-se necessário
o escoramento contínuo, ou seja, sem espaçamento entre as pranchas.
Adicionalmente, como o escoramento contínuo não é um sistema estanque, medidas
como o rebaixamento do lençol freático podem vir a ser necessárias nesses casos,
dependendo do fluxo de água que se formar em direção à vala. Isso será tratado mais adiante.
Para esse tipo de cenário, existem também pranchas com encaixe longitudinal do tipo
macho-fêmea, que fazem uma barreira ainda mais eficiente contra o carreamento de material.
São os chamados escoramentos especiais.

Tipos de encaixe macho-fêmea entre pranchas de madeira (escoramentos especiais)

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Madeira - Execução
A execução de um sistema de escoramento em madeira (vertical) é um processo
relativamente simples. As pranchas de madeira são cravadas no solo na medida em que a
escavação avança, de modo a garantir uma ficha mínima (extensão abaixo do fundo da
escavação) que permita a contenção da parede adjacente. Quando chega o momento em que
a ficha já não é suficiente para garantir deslocamentos aceitáveis (as pranchas funcionando
em balanço apresentam um deslocamento excessivo na superfície), colocam-se as
longarinas em cada lado da vala travadas por estroncas, no plano horizontal, de modo a dar
suporte às pranchas verticais.
𝛿

Carregamento
𝛿= deslocamento máximo do solo
Mesmo com uma ficha
da parede em balanço
(ponto na superfície)
considerável, a escavação
chega a uma
profundidade em que o
deslocamento da parede
no nível da superfície é
FICHA excessiva, demandando o
escoramento da parede.

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Estroncas
O suporte do sistema vem da instalação das estroncas que, depois de encunhadas,
travam as longarinas dos dois lados da vala, e, consequentemente, as paredes de contenção.
As estroncas são as peças de maior responsabilidade no escoramento, devendo ser
dimensionadas atentamente à flexocompressão e à flambagem. Além disso, devem ser
espaçadas longitudinalmente o suficiente para permitir a movimentação de materiais,
ferramentas e equipamentos para dentro e fora da vala.
Estroncas de madeira maciça normalmente são utilizadas em vãos livres pequenos, de
até 4 metros. Para vãos maiores, de até 10 metros, opta-se por estroncamento metálico com
perfis “I”.

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Estroncas
Apesar do perfil metálico com seção “I” ser o mais utilizado na função de estroncas, existe
também a possibilidade de se utilizar perfis metálicos tubulares, que apresentam uma
vantagem quando aplicados nessa função.

Como as estroncas são submetidas a esforços de compressão (e, por vezes,


flexocompressão), a seção circular dos perfis tubulares fazem com que não haja uma direção
mais propensa à flambagem, diferentemente da seção em “I”.

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Estroncas
O momento de inércia (I) é a grandeza que indica essa “fraqueza” da seção em relação
a flexão numa certa direção. Na seção circular, os momentos de inércia em relação aos eixos
x e y, indicados na figura, têm o mesmo valor. Por isso, os raios de giração (i) nessas
direções também são iguais.

 .R 4
Momento de inércia: I xg  I y g 
4

I I xg I yg
Raio de giração: r rxg  ; ry g 
A A A

Assim, a vantagem de se utilizar escoras metálicas tubulares ao invés de perfis com


seção em “I” é justamente o fato de que seu desempenho em relação à flambagem independe
da sua posição, uma vez que o raio de giração da peça em relação a qualquer eixo que passa
pelo centro da seção é o mesmo.
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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Misto: Madeira e Aço

As pranchas de madeira podem ser colocadas na horizontal quando associadas à perfis


metálicos “I” ou “H” de aço cravados ao longo dos planos das faces laterais da vala antes do
início de sua escavação. Por ter sido empregado na construção do metrô de Berlim, esse
sistema de escoramento é também conhecido por “berlinense”.

PRANCHAS DE
MADEIRA
HORIZONTAIS
(PAREDE)

ESCORAS PERFIL
METÁLICO
CRAVADO

CUNHAS

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Misto: Madeira e Aço

À medida que a escavação avança, os pranchões de madeira vão sendo instalados nas
abas dos perfis “I” cravados, com adicional encunhamento para fixar os pranchões na parede
do maciço. O sistema perfil + pranchão vai trabalhando em balanço até atingir a profundidade
(definida em projeto) em que o maciço não possa mais ser contido dessa forma. Nesse
momento, instala-se nas paredes laterais da vala as longarinas, vigas horizontais de aço ou
madeira, apoiadas nos perfis verticais de ambos os lados e paralelas. Com a colocação e
encunhamento das escoras/estroncas, as paredes são então travadas, permitindo a
continuidade da escavação.

PRANCHAS DE ESCORA/ESTRONCA METÁLICA


MADEIRA
(PAREDE)

PRANCHAS DE
MADEIRA
(PAREDE)
PERFIL
LONGARINA METÁLICO

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Misto: Madeira e Aço

Após executados os serviços dentro da escavação, no caso de uma contenção de função


provisória, a vala é reaterrada. Tal processo ocorre em camadas, sendo os pranchões
inferiores, assim como as cunhas que os fixavam, retirados e o solo recolocado, formando um
processo cíclico até se atingir o nível do terreno natural. Da mesma forma, as longarinas e
estroncas também são retiradas na medida em que o aterro atinge a sua cota.
Terminado o reaterro restarão os perfis cravados, que podem ser sacados através de
guindastes. Caso o perfil esteja muito confinado, extratores vibratórios podem ser utilizados
para diminuir o atrito entre o perfil e o solo, facilitando a sua retirada. Ao final do processo,
todos os elementos retirados podem ser reaproveitados em outras escavações, dependendo
do estado de conservação que apresentarem.

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Misto: Madeira e Aço
O caminhamento de esforços se inicia nas pranchas horizontais, que recebem o empuxo
do terreno e transmitem às abas dos perfis metálicos verticais. Estes, por sua vez, empurram
as longarinas aonde se apoiam, fazendo com que as estroncas que as mantêm fixas sejam
comprimidas. L Empuxo do terreno sobre as
Perfis cravados pranchas (parcela transferida
ao perfil metálico central)
Pranchas

Cunhas
L (Vista em planta)

Longarinas

Estroncas trabalham sob


Estroncas compressão.
(perfil “I”)

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Aço: Estacas-prancha

Um sistema de escoramento também pode ser composto por pranchas metálicas. No


caso, as estacas-prancha levam esse nome pelo fato de que são cravadas (como se fossem
estacas) até sua cota final antes da escavação se iniciar, ao contrário das pranchas de
madeira que são colocadas na medida em que a escavação avança.
As estacas-prancha são perfis de aço laminados com seções planas ou em forma de “U”
ou “Z”, com encaixes longitudinais que permitem construir paredes contínuas pela justaposição
das peças que vão sendo encaixadas e cravadas sucessivamente. Podem ter caráter
provisório (sendo reaproveitadas) ou definitivo.

Diferentes seções de
estacas-prancha

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Aço: Estacas-prancha

Por se tratar de uma solução mais sofisticada, ela normalmente se torna competitiva
economicamente na contenção de valas de maior porte, onde a água e o tipo de solo contido
complicam a execução da obra. Isso não impede, porém, que ela seja empregada na
escavação de valas pequenas e médias.

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Aço: Estacas-prancha

O ponto de maior atenção numa parede de


estacas-prancha é a qualidade das juntas entre elas.
Numa execução ideal, as estacas-prancha terminam
cravadas de forma que estejam perfeitamente
conectadas umas às outras, em todo o seu
comprimento, e alinhadas vertical e horizontalmente,
garantindo o gabarito interno da vala. A perfeita
conexão entre os elementos torna a junta estanque na
maioria dos casos.
É justamente garantir essa perfeita conexão entre
as pranchas o maior desafio na execução desse
sistema. Quando mal executadas, problemas de
estanqueidade podem surgir, prejudicando o
desempenho da solução como um todo e trazendo Vazamento provocado pelo desalinhamento
das estacas-prancha – L5SP
transtornos à continuidade da obra.
ENGENHARIA & TREINAMENTO
SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Aço: Estacas-prancha

Como ilustrado nas figuras, os projetos de


contenção com estacas-prancha devem levar
em consideração, da mesma forma que nos
sistemas mais tradicionais, a necessidade de
escoramento com longarinas e escoras.

Tais elementos
são essenciais
em valas de
médias e
grandes
dimensões.

Vista do interior de vala contida com estacas-


prancha e dois níveis de estroncamento – L5SP.

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Aço: Estacas-prancha
Comparativo em relação ao sistema de perfis metálicos com pranchões

Vantagens Desvantagens

• Material de elevada relação resistência / peso; • Maior custo;


• Maior reaproveitamento de material • Incerteza quanto ao processo de cravação e à
(até 10 vezes); qualidade das juntas – pode levar a
• Versatilidade: diferentes geometrias e transtornos durante a escavação;
espessuras; • Difícil de se aplicar em locais onde existam
• Soldabilidade; interferências, como redes de serviços;
• Velocidade e facilidade de execução; • Difícil cravação em solos duros ou com
• Pode ser aplicado em terrenos saturados de pedregulhos/matacões;
água;
• Melhor desempenho técnico;
• Atinge maiores profundidades;
• Menos flexível

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Blindagem

Uma outra forma de contenção de valas é a blindagem. Nesse método, o sistema de


contenção é formado por módulos pré-fabricados, constituídos por duas paredes metálicas
conectadas entre si por estroncas, perpendiculares às suas faces.

Geralmente, os módulos são


fornecidos em dimensões padronizadas,
e são normalmente montados na própria
frente de serviço, utilizando-se do
mesmo equipamento que irá realizar a
escavação, ou seja, escavadeiras na
maioria das vezes.

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Blindagem

Utilização da blindagem como sistema de contenção


em obra de assentamento de tubulação enterrada

Utilização da blindagem como sistema de contenção


em obra de assentamento de galerias pré-moldadas

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Blindagem – Método Executivo

A primeira etapa do método executivo é a montagem dos módulos, que, como já citado, é
feita no próprio canteiro de forma muito simples e com a própria escavadeira, como mostrado
nas figuras abaixo.

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Blindagem – Método Executivo
Em seguida, é realizada uma escavação superficial no terreno, somente para encaixe e
posicionamento da blindagem.
Depois disso, inicia-se a escavação da vala. A escavadeira trabalha pelo interior da
blindagem, aprofundando a vala. Ao mesmo tempo, devido à retirada de material, o módulo vai
se acomodando, contendo as laterais da escavação na medida em que esta vai avançando.
Nesse estágio, dependendo do caso, a escavadeira pode auxiliar a descida do módulo
empurrando-a para baixo com sua caçamba.
Finalmente, ao se atingir a cota final de projeto, a blindagem deve estar posicionada como
indicado na figura, contendo lateralmente a vala e permitindo a continuidade dos serviços.

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Blindagem – Método Executivo

Fotos ilustrando o processo de escavação da vala


com a blindagem como sistema de contenção.
A escavadeira trabalha por dentro do módulo de
blindagem, retirando material e fazendo com que
ele se assente por gravidade.

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Blindagem – Método Executivo

Eventualmente, em casos de
escavação mais profunda, pode-se inserir
um módulo de blindagem acima do outro,
assentado anteriormente (figura ao lado).
Tais módulos devem ser travados entre si.

Dependendo da atividade executada, o


processo pode ser reiniciado com a escavação
do trecho seguinte da vala, através de nova
operação de blindagem utilizando-se o mesmo
módulo montado. O transporte do módulo é
realizado com a própria escavadeira.

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Blindagem – Características

• Sistema de escoramento de rápida execução – módulos pré-fabricados de simples


montagem;

• Flexível quanto ao uso – pode ser usada como reforço da vala ou como contenção principal,
em escavações novas;

• Não exige equipamento de cravação;

• Não é um sistema estanque – apesar das paredes metálicas serem impermeáveis, as juntas
entre módulo não são;

• Permite o reaproveitamento em obras lineares como, por exemplo, de assentamento de


tubulações de água e esgoto – o módulo é movimentado pela própria escavadeira,
“avançando” ao trecho seguinte de escavação.

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Escolha
Na fase de concepção do projeto, a escolha pelo melhor sistema de escoramento leva em
consideração os seguintes fatores:

• Custo;
• Profundidade de escavação a ser atingida;
• Qualidade do terreno – características geotécnicas: coesão, granulometria, resistência ao
cisalhamento;
• Existência de construções (ou simplesmente sobrecargas) próximas – nível de
deformação aceitável;
• Profundidade do lençol freático;
• Dimensões/características do elemento a ser enterrado (se for o caso).

Um bom conhecimento dos fatores citados acima é o primeiro passo para a escolha da
solução de escoramento mais adequada. No entanto, a boa execução do escoramento é
fundamental para atingir o esperado desempenho do sistema, sendo, portanto, uma fase
determinante da eficácia da solução escolhida.

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Cuidados Preliminares

• Antes do início das escavações, é de grande


importância que se faça um levantamento
baseado em cadastros de concessionárias
(água, luz, gás, etc.) para se verificar a
existência de interferências no trecho a ser
escavado. Como medida preventiva adicional,
pode-se recorrer à prospecções, feitas
normalmente com retroescavadeira ou de
forma manual, com extrema cautela, para se
certificar da existência e localização das
interferências, minimizando mais ainda os riscos.
Com esses cuidados, evita-se atrasos e
transtornos ocasionados por rompimentos
acidentais de tubulações enterradas pré-
existentes;
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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Cuidados Preliminares

• Vistorias técnicas das edificações lindeiras se fazem importantes na medida em que


evitam-se acidentes sérios através do diagnóstico das condições de tais edificações, e, em
alguns casos, protege-se a empresa construtora de indenizações indevidas;

• Sinalizar durante todo o período de intervenção, de maneira clara e correta, com placas
fixas e sinaleiros, os locais que estejam sob influência da obra e representem algum risco à
comunidade. Evitam-se, assim, acidentes e outros transtornos que possam dificultar a relação
entre moradores e empresa executora.

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Rebaixamento do Lençol Freático

Poucos sistemas de escoramento são estanques. Por esse motivo, em certas situações,
quando a vala a ser escavada atinge o nível do lençol freático do local, pode tornar-se
necessário o rebaixamento deste lençol para que a escavação possa acontecer de forma
segura. São dois os fatores que ditam essa necessidade:

1) A vazão da água que percola pelo maciço e chega à vala;


2) O fenômeno de carreamento de partículas do solo para a vala.

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Rebaixamento do Lençol Freático

Evidentemente, vazões elevadas de água na vala escavada podem dificultar a execução


dos serviços ou até mesmo impedi-los por completo. Paralelamente, o carreamento de
material particulado do solo pode levar a formação de vazios no maciço, o que pode resultar
em recalques elevados na superfície, danificando construções vizinhas.
Ambas as situações ocorrem em solos não coesivos, nos quais as vazões são mais
elevadas quanto maior for o diâmetro efetivo (D10) de seus grãos. De maneira inversa, o
carreamento de material se faz mais crítico quanto menor for esse diâmetro, sendo um
fenômeno crítico em areias finas siltosas.
argila
Já no caso de solos argilosos (de menor
areia
silte
permeabilidade), as vazões são reduzidas,
podendo o fluxo de água ser controlado
através de um sistema de valetas ou drenos
de brita que conduzam as águas para
pequenos poços, de onde serão esgotadas
por meio de bombas.
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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Rebaixamento do Lençol Freático

Para valas de menores dimensões, que constituem o foco desta UDC, um sistema de
rebaixamento indicado é o de ponteiras filtrantes, para alturas de sucção máxima de 5
metros aproximadamente. Evidentemente, existem sistemas mais potentes, destinados a
obras de escavação de maior porte.
Ponteiras filtrantes

N.A. normal

N.A. rebaixado

Esquema: rebaixamento do lençol freático por ponteiras filtrantes

Para o aprofundamento no assunto, recomenda-se o estudo da UDC – Rebaixamento do


Lençol Freático.
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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Controles de Campo

Os controles de deslocamento dos sistemas de escoramento podem ser divididos em dois


grupos: diretos e indiretos.
Os controles diretos são aqueles feitos através de medidas de instrumentação, instalada
no próprio escoramento para determinar seus deslocamentos. Extensômetros, inclinômetros,
medidores de convergência, entre outros,
são alguns dos equipamentos comumente
utilizados nesses casos.
Já o controle indireto é aquele feito
nas edificações lindeiras, através da
observação do surgimento e da evolução
de trincas/fissuras com o passar do tempo.

Projeto de instrumentação de um poço –


medidores de convergência

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Controles de Campo

Como é de se esperar, o controle mais simples é o indireto, que pode ser feito, por
exemplo, através da aplicação de selos de gesso em pontos específicos das fissuras surgidas
nas paredes das edificações. Dessa forma pode-se acompanhar a evolução das fissuras
observando a situação do selo executado.
O método direto é mais preciso e complexo, e, portanto, mais custoso. Deve ser
empregado sempre que houver estruturas importantes e/ou sensíveis a recalques e distorções
na área de influência da escavação. Nesse cenário, o controle sobre os efeitos da variação de
temperatura sobre peças metálicas do escoramento ganha especial importância (problema
que pode ser preocupante em climas de grande amplitude térmica - não é o caso do Brasil).

Quanto maiores as dimensões da vala e mais próxima ela for de edificações ou zonas
urbanas em geral, mais importante se torna o controle de campo, seja ele direto ou indireto.
Sendo assim, valas pequenas e médias geralmente não demandam um controle muito rígido
de deslocamentos, salvo o caso em que sejam abertas próximas a edificações importantes ou
sensíveis a recalques do solo.
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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Cuidados na Execução

O conceito fundamental que se deve ter em mente para se executar um sistema de


contenção eficaz é o de que este deve suprir ao maciço contido, tanto quanto possível, o
confinamento dado pelo próprio maciço antes da escavação se iniciar. Quanto mais próximo
desse objetivo estiver o sistema, menor serão os deslocamentos e, portanto, melhor será sua
eficácia.
O executor de um sistema de escoramento deve ter duas preocupações principais e
constantes:

1) Instalá-lo o mais rapidamente possível


Deslocamentos laterais ocorrem inevitavelmente no intervalo de tempo que decorre entre a
escavação e a instalação do escoramento. Porém, esses deslocamentos evoluem com o tempo,
fazendo com que a melhor forma de minimizá-los seja executando o mais rapidamente possível
o sistema de contenção.

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Cuidados na Execução

2) Evitar espaços vazios entre a parede de contenção e o maciço correspondente


Espaços vazios representam potencial deslocamento de material no interior do maciço e
consequente recalque na superfície. Por essa razão, deve-se sempre realizar o encunhamento
das pranchas e das escoras de forma cuidadosa e correta, mantendo o sistema fixo como um
todo. Além disso, em locais com grande amplitude de temperatura, o encunhamento deve ser
sempre reforçado, principalmente no caso de escoras metálicas, devido às alterações
dimensionais que as peças possam vir a sofrer (não é um problema preocupante no Brasil). Tais
alterações causam mudanças nas tensões atuantes que podem levar ao “afrouxamento” do
sistema.
As pranchas de contenção devem manter contato contínuo e uniforme com o maciço
contido. Sendo assim, devem ser forçadas por meio de cunhas contra o solo, de forma a evitar
vazios no maciço que podem causar deslocamento de material e consequente recalque do
terreno vizinho à escavação.

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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Cuidados na Execução
Pensando nisso, recomenda-se evitar a fixação das pranchas entre as abas dos perfis,
buscando realizá-la sempre entre a aba externa e o terreno. Dessa forma qualquer fuga de solo
causada por vazios formados atrás da parede de contenção é evidenciada pela queda das
pranchas, permitindo que o problema seja corrigido imediatamente.

Prancha continua fixa, já que está


Maciço contido encunhada no perfil.
Esconde-se a formação do vazio.

Vazio Cunhas

Com a prancha encunhada entre


o perfil e o solo, com a formação
do vazio esta perde a fixação e
cai, evidenciando o problema.

MELHOR
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SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Cuidados na Execução

3) Tentar garantir ao máximo a verticalidade dos perfis metálicos cravados


No momento de cravação dos perfis, a execução ideal é aquela que leva à verticalidade
perfeita dos elementos em todo o trecho cravado, até pelo menos a cota de fundo de escavação.
Isso garantiria que a distribuição de carregamentos nas longarinas (em todos os níveis) fosse
uniforme, como esperado.

(vista em planta)
Perfis metálicos idealmente cravados – alinhamento e apoio na longarina garantidos.

No entanto, sabe-se que é muito difícil garantir essa exatidão na cravação dos perfis, uma
vez que ela depende de fatores que envolvem incertezas, como, por exemplo, as camadas de
subsolo que serão atravessadas. Dessa forma, faz-se necessário a previsão em projeto de uma
folga construtiva na cravação dos perfis.
ENGENHARIA & TREINAMENTO
SISTEMAS DE ESCORAMENTO
Cuidados na Execução

A folga construtiva é uma distância prevista em projeto que representa um erro “aceitável”
na cravação dos perfis. A determinação desse valor faz-se necessária uma vez que é preciso
garantir que todos os perfis estejam em contato (ou seja, estejam apoiados) nas longarinas
colocadas nos diferentes níveis da vala.

Folga construtiva (vista em planta)


Cunha para o apoio do perfil na longarina

A figura acima representa um corte a certa altura de uma contenção genérica num ponto em
que o perfil cravado não ficou alinhado com os demais. No encontro com a longarina, faz-se
necessária a utilização de uma espécie de cunha para apoiar o perfil desalinhado, de forma a
uniformizar o carregamento na longarina. Assim, a folga construtiva está representada pela letra
“f”, e se trata do desalinhamento entre os perfis.

ENGENHARIA & TREINAMENTO


PONTOS DE ATENÇÃO
• As estroncas devem ser sempre encunhadas contra as longarinas para reduzir qualquer
possibilidade de deslocamento horizontal das paredes laterais.
• Os cuidados citados devem ser redobrados quando houver construções vizinhas muito
próximas a vala, a uma distância igual à metade da profundidade de escavação, a contar do
bordo da vala.
• Na execução de escoramentos em madeira, devem ser sempre utilizadas madeiras duras,
como peroba, canafístula, sucupira, ou similar. Já os pontaletes/estroncas devem ser feitos de
eucalipto.

ENGENHARIA & TREINAMENTO


RECOMENDAÇÕES
CEHOP

A Companhia Estadual de Habitação e Obras Públicas (CEHOP), de Sergipe, faz


recomendações em relação às dimensões mínimas das peças e os espaçamentos máximos em
sistemas de escoramento, na ausência de projeto específico (arquivo disponível como material
de apoio). O documento trata, especificamente, do pontaleteamento e dos escoramentos
contínuos e descontínuos, incluindo, no grupo dos contínuos, os escoramentos especiais.

Vale ressaltar que o setor de Engenharia de cada obra é responsável por detalhar e
aprovar as soluções de escoramento de valas aplicadas, sendo, portanto, responsável no caso
da adoção das recomendações apresentadas a seguir.

ENGENHARIA & TREINAMENTO


RECOMENDAÇÕES
CEHOP

1) Pontaleteamento

Método de escoramento utilizado nos melhores cenários, ou seja, quando o solo a ser
contido apresenta boa coesão e a cota de escavação não atinge o nível d’água (menores
profundidades). Diferencia-se do escoramento descontínuo por não apresentar longarinas
entre as escoras e pranchas verticais, sendo direto o contato entre tais elementos.

Pontaletes /
Estroncas

ENGENHARIA & TREINAMENTO


RECOMENDAÇÕES
CEHOP

A superfície lateral da vala será contida por pranchas verticais de madeira de lei
cravadas nas dimensões 1”x10” ou 6x16 cm, respectivamente para o caso de escavações de
até 2,0 m de profundidade e para escavações de mais de 2,0 m de profundidade, conforme
figura abaixo. As pranchas devem estar espaçadas por no máximo 1,35 m e devem ser
travadas horizontalmente por estroncas com diâmetro mínimo de 20 cm, distanciadas
verticalmente em 1,0 m.

Para profundidades Para profundidades


de até 2,0 metros maiores que 2,0 metros

ENGENHARIA & TREINAMENTO


RECOMENDAÇÕES
CEHOP

2) Escoramentos descontínuos

Tais escoramentos se diferenciam do pontaleteamento pelo fato de apresentarem


longarinas, que são vigas de madeira ou metálicas colocadas na horizontal para distribuir
melhor os carregamentos vindos das pranchas até as escoras. Como as pranchas também
são espaçadas entre si (ou seja, de forma descontínua), essa solução também é utilizada em
casos de solos coesivos e para cotas de escavação acima do nível d´água.

Pontaletes /
Estroncas

ENGENHARIA & TREINAMENTO


RECOMENDAÇÕES
CEHOP

No caso do escoramento descontínuo utilizam-se as mesmas pranchas de madeira


(mesmas dimensões) porém com menor espaçamento: 0,30 m. A longarina, por sua vez,
percorrerá toda a extensão da parede a ser contida e será de madeira de lei de 6x16 cm, para
valas de até 2,0 m de profundidade, ou de 8x18 cm, para profundidades maiores que 2,0 m. As
estroncas devem continuar respeitando o diâmetro mínimo de 20 cm, o espaçamento vertical
máximo de 1,0 m e o espaçamento horizontal máximo de 1,35 m. Deve-se observar, no
entanto, que as estroncas das extremidades da vala devem estar 0,40 m distantes da
respectiva extremidade.
CORTES TRANSVERSAIS

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RECOMENDAÇÕES
CEHOP

3) Escoramentos contínuos

No caso de escavações em solos arenosos, por exemplo, que não possuem coesão, ou
para combater a presença de água que percola pelo maciço, utiliza-se o escoramento
contínuo. Por se tratar do tipo de escoramento mais eficiente e reforçado entre os já
apresentados, é utilizado em cenários mais desfavoráveis.

CORTE LONGITUDINAL

Pontaletes /
Estroncas

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RECOMENDAÇÕES
CEHOP

As pranchas de madeira, assim como nos outros casos, podem ser substituídas por
pranchas metálicas, da mesma forma como as longarinas e pontaletes. A figura abaixo retrata
um escoramento contínuo misto (elementos de madeira e metálicos). As dimensões e
espaçamentos recomendados são os mesmos do escoramento descontínuo, com exceção do
espaçamento entre pranchas que, nesse caso, deixa de existir.

PLANTA

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RECOMENDAÇÕES
CEHOP
* Escoramentos contínuos especiais

As pranchas utilizadas nos escoramentos contínuos, podem possuir encaixes do tipo


macho-fêmea, sendo engastadas lateralmente uma nas outras (conforme figura abaixo). Além
de favorecer a rigidez da parede como um todo, caso o solo contido seja granular (areias e
siltes), esses encaixes combatem o carreamento de material para dentro da vala.

PLANTA

CORTE LONGITUDINAL

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RECOMENDAÇÕES
CEHOP
* Escoramentos contínuos especiais

As recomendações quanto as dimensões de pranchas, estroncas e longarinas, assim


como seus espaçamentos horizontais e verticais, são as mesmas do escoramento contínuo já
apresentado, e estão indicadas nas figuras apresentadas.

CORTE TRANSVERSAL

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RECOMENDAÇÕES
CEHOP – Pontos de Atenção

 A escolha do tipo de escoramento, do processo de cravação, a definição do comprimento


da ficha e outras variáveis devem, sempre que possível, estar definidas em projeto e
serem aprovadas pela área de engenharia da obra;
 A cravação das pranchas metálicas pode ser feita por bate-estacas (queda livre), martelo
vibratório ou pré-furo; as de madeira podem ser cravadas manualmente, com auxílio de
marreta ou com o emprego de martelete pneumático;
 As estroncas devem ficar rigorosamente perpendiculares ao plano do escoramento;
 Para se evitar sobrecarga no escoramento, o material escavado deverá ser colocado a
uma distância da vala equivalente a (no mínimo) sua profundidade;
 Deve-se evitar ao máximo a entrada de águas pluviais nas valas, devendo-se para isso:
 executar, quando necessário, mureta de proteção ao longo da vala, segundo projeto
específico;
 no aparecimento de trincas laterais na vala, providenciar sua vedação e
impermeabilização da área com asfalto;
 vistoriar, junto às sarjetas, se não está havendo penetração de água, e em caso
positivo, vedar com asfalto;

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EXEMPLO DE CÁLCULO
A necessidade de escorar ou não as valas e a determinação das dimensões e posições
das peças são baseadas em um cálculo das pressões máximas sobre esses escoramentos.
A memória desse cálculo deve sempre acompanhar o projeto, indicando o tipo de
escoramento mais adequado para cada trecho da vala escavada.

A seguir, apresenta-se um exemplo de cálculo de pressões máximas sobre um sistema de


escoramento. Vale ressaltar, no entanto, que esse é um exemplo bastante simplificado, cujo
objetivo é introduzir o assunto e o tipo de cálculo ao colaborador menos familiarizado com o
processo. Além do contexto pouco complexo do exemplo, existem diversas outras verificações
e análises que devem ser feitas para se aprovar um sistema de contenção de vala, cabendo
essa responsabilidade à engenharia de cada obra.

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EXEMPLO DE CÁLCULO
Deseja-se escavar uma vala destinada ao assentamento
de uma adutora, que possuirá, como indicado no esquema
1,20
ao lado, 2,0 metros de profundidade e 1,20 metro de
largura. O local aonde a vala deve ser escavada tem em
seu subsolo o predomínio de um solo arenoso, e a mesma
estará totalmente imersa nessa camada, não sendo afetada
2,0
pelas camadas subsequentes. Os parâmetros geotécnicos
adotados para o solo em questão são:

c (coesão) = 0
f (ângulo de atrito) = 30º
g (peso específico) = 17 kN/m³ 0,70

Deseja-se determinar o comprimento de ficha e


dimensionar a estronca de madeira para esse caso, (medidas em metros)

considerando o escoramento contínuo de madeira.


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EXEMPLO DE CÁLCULO
Primeiramente, devemos ter em mente que a base da verificação que faremos é a
determinação dos empuxos laterais do maciço sobre o sistema de escoramento.
Estaremos, portanto, analisando se a parcela do peso próprio do solo que incide sobre a
parede pode ser contrabalanceada com os elementos resistentes (escoras e solo - empuxo
passivo) nas dimensões assumidas previamente.
Para medir essa parcela, precisaremos dos coeficientes de empuxo ativo (ka) e passivo
(kp) desta camada de solo, dados por:

1  senf 1
ka  kp 
1  senf ka

Sendo f = 30º, temos portanto:

ka  0,33 k p  3,0

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EXEMPLO DE CÁLCULO
O maciço contido exerce uma força horizontal sobre
a parede de contenção, força essa que vai aumentando
linearmente com a profundidade. A fórmula que nos dá o
valor da tensão horizontal é

 a  g .h.ka Sendo
h = profundidade
ka = coeficiente de empuxo ativo

Assim, utilizando a fórmula apresentada, encontra-se


o valor de tensão máxima, ao pé da parede de
contenção:

a max
 17 x2,7 x0,33  15,15kN / m²
15,15 kN / m²

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EXEMPLO DE CÁLCULO
Da mesma forma, as tensões do empuxo passivo,
atuante no trecho de ficha da parede de contenção, são
dadas pela mesma fórmula apresentada, que segue:

 p  g .h.k p sendo
h = profundidade
Kp = coeficiente de empuxo passivo

Para encontrar o valor de tensão máxima, ao pé da


parede de contenção, aplicamos a fórmula:

p max
 17 x0,7 x3,0  35,7kN / m²
Agora, precisamos encontrar a resultante de empuxo

35,7 kN / m² 15,15 kN / m² ativo e passivo para tratar estruturalmente a contenção


como uma viga biapoiada.

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EXEMPLO DE CÁLCULO
A resultante dos empuxos ativo e passivo vem da multiplicação da área preenchida pelo
diagrama de forças (triangular) pela extensão de influência de cada estronca. Essa extensão é
exatamente o espaçamento entre estroncas (ver figura abaixo), que, neste caso, adotaremos
como sendo 1,30 metros. Assim:
1,30 m

1,30 m

15,15.2,7
Aa   20,5kN / m Ea  20,5.1,3  26,7kN
2
35,7.0,7 EP  12,5.1,3  16,3kN
35,7 kN / m² 15,15 kN / m² Ap   12,5kN / m
2
ENGENHARIA & TREINAMENTO
EXEMPLO DE CÁLCULO
A partir daí, podemos tratar o problema através de um
esquema estrutural de viga biapoiada. Consideraremos a
parede de contenção como sendo a viga, e seus apoios
serão a escora e o solo (empuxo passivo). Para que a
verificação se mostre positiva, duas coisas devem
acontecer
1) O apoio que representa o solo (empuxo passivo),
calculado pelo software Ftool e multiplicado pelo Fator de
Ea
Segurança (F.S.), deve ser menor que o valor de Ep
calculado anteriormente (Ep representa o limite de
0,47 m 0,90 m resistência do solo) .
Ep
2) A estronca deve ser verificada quanto à compressão
pelo esforço no valor encontrado pelo Ftool, multiplicado
35,7 15,15
kN / m² kN / m² também pelo F.S. A estronca deve ser verificada quanto à
compressão e também quanto à flambagem.
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EXEMPLO DE CÁLCULO
Ao lado, então, apresenta-se o modelo estrutural
descrito. Adotou-se a distância de 0,3 metros do nível da
XA 8.2 kN
superfície até o nível do escoramento (poderá ser alterada).
A primeira verificação deve ser feita no apoio referente à
ficha (solo). Calcular as reações nos apoios manualmente é
muito simples:

 F  X  X  26,7kN
x A B
X A  8,2kN
 M  26,7.1,5  X .2,17  X
A B B  18,5kN

26.7 kN A reação encontrada no apoio B foi de 18,5 kN que,


multiplicada pelo F.S. = 1,5 (obras provisórias), nos leva a
uma solicitação de projeto de 27,8 kN. Como o valor de Ep

XB 18.5 kN (esforço resistente), determinado anteriormente, foi de 16,3


kN, concluímos que a solicitação é maior que a
Imagens do software Ftool, utilizado para
cálculos estruturais e gratuito para download. resistência. Portanto, a verificação fracassou.

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EXEMPLO DE CÁLCULO
Ao lado, então, apresenta-se o modelo estrutural
descrito. Adotou-se a distância de 0,3 metros do nível da
XA 8.2 kN
superfície até o nível do escoramento (poderá ser alterada).
A primeira verificação deve ser feita no apoio referente à
ficha (solo). Calcular as reações nos apoios manualmente é
muito simples:

 F Aresistência
x
medida a se tomar agora visa aumentar a
X  X  26,7kN
A B
vinda do apoio no solo, ou seja,
X  8,2kN
 M aumentando-se
26,7.1,5  X .2,17  X  18,5kN
A
aumentar
A
o empuxo
B
passivo. Isso
B
será feito
a ficha da parede de
26.7 kN contenção
A reação encontrada no para
apoio 1,0 metro.
B foi de 18,5 kN que,
multiplicada pelo F.S. = 1,5 (obras provisórias), nos leva a
uma solicitação de projeto de 27,8 kN. Como o valor de Ep

XB 18.5 kN (esforço resistente), determinado anteriormente, foi de 16,3


kN, concluímos que a solicitação é maior que a
Imagens do software Ftool, utilizado para
cálculos estruturais e gratuito para download. resistência. Portanto, a verificação fracassou.

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EXEMPLO DE CÁLCULO
Aumentando a ficha da parede, estaremos
incrementando tanto o empuxo passivo como o ativo,
mas não na mesma medida. O empuxo passivo sofre
mais influência com o incremento da ficha do que o ativo,
e isso é evidenciado por seu maior coeficiente de empuxo
se comparado ao ativo.

amax
 17 x3,0 x0,33  17,0kN / m²
Ea p max
 17 x1,0 x3,0  51,0kN / m²
1,0 m 1,0 m Da mesma forma que antes, calculamos assim os
Ep empuxos ativo e passivo:
0,33 m
Aa  25,5kN / m Ea  25,5.1,3  33,2kN
51,0 kN / m² 17,0 kN / m²
Ap  25,5kN / m EP  25,5.1,3  33,2kN

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EXEMPLO DE CÁLCULO
No novo esquema estrutural, a ficha apresenta 1m de
comprimento e o valor do empuxo ativo foi atualizado. No
9.4 kN
apoio referente à ficha, obteve-se assim uma reação de 23,8
kN que, multiplicado pelo F.S. de 1,5, nos leva a uma força de
35,7 kN. Essa força, no caso, solicitante, continua maior que o
Ep calculado anteriormente, de 33,2 kN. Isso significa que o
solo não suportaria, com a segurança desejada, a parcela do
empuxo ativo que chega até ele. Necessita-se, assim, de nova
adequação do projeto.

Desta vez, pelo fato de que a ficha já chegou a um valor


33.2 kN
relativamente grande comparado à altura de escavação
(metade), a alteração será no nível de escoramento, de forma
a levar maior parcela do peso do solo até ele.
23.8 kN
Determinaremos, assim, qual é o nível ideal para
atendermos ao fator de segurança desejado de 1,5.
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EXEMPLO DE CÁLCULO
Alterando-se a cota do nível de estroncamento, os empuxos ativo e passivo (resistente)
não sofrem alterações. As mudanças serão observadas apenas nas parcelas do empuxo ativo
que chegará aos pontos de apoio, no caso, a ficha e as escoras.
Como queremos que o empuxo
x
x
passivo mobilizado seja exatamente igual à
capacidade resistente do solo

11.07 kN
(considerando o F.S. de 1,5), calculamos a
reação no apoio inferior dessa forma:

EP 33,2
XB    22,13kN
FS 1,5
Ea=33,2 kN
A reação na estronca, Xa, vale então:
1,0 m
1,0 m
Ep
X A  33,2  22,13  11,07kN
22.13 kN
0,33 m
51,0 kN / m² 17,0 kN / m²

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EXEMPLO DE CÁLCULO
Em seguida, podemos calcular a distância “x” através
A x
das equações de equilíbrio, mas especificamente a de
11.07 kN momento em torno do vínculo A (igual a zero):

(2-x)m
M A  33,2.(2  x)  22,13(2,67  x)

11,07 x  7,32  x  0,66m

Chegamos a conclusão, assim, que o nível de


estroncamento que maximiza o espaço interno da vala (entre
33.2 kN
escoras e fundo de escavação) fica 66 centímetros abaixo no
0,67m nível da superfície do terreno.
B

22.13 kN
0,33m

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EXEMPLO DE CÁLCULO
Prossegue-se então ao dimensionamento da estronca de madeira.
Seguindo a recomendação da CEHOP, escolheu-se o Eucalipto como espécie vegetal a
ser empregada para a estronca. A NBR7190 - Projeto de estruturas de madeira traz em seu
anexo “E” uma tabela dos valores médios usuais de resistência e rigidez de algumas
madeiras. Um recorte dessa tabela segue abaixo:

Para este exemplo, foi escolhido o Eucalipto Urophylla pelo fato deste ser um meio termo
em relação à resistência a compressão se comparado aos outros tipos de eucalipto.
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EXEMPLO DE CÁLCULO
Na mesma NBR, estão fixadas as diretrizes para se dimensionar/verificar estruturas de
madeira. De forma geral, precisamos que:

solicitação de projeto S d  Rd resistência de projeto

No caso, para a estronca de madeira sob compressão, a resistência de projeto é dada


pela fórmula:
Rk resistência característica
Rd  k mod.
Coeficiente de modificação
gw coef. de ponderação da
resistência para E.L.U.

O cálculo da solicitação de projeto é mais simples, sendo resumido à aplicação do Fator


de Segurança, como mostra a fórmula abaixo:

Sd  FS .Sk solicitação característica


(tensão atuante)

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EXEMPLO DE CÁLCULO
O cálculo da solicitação característica Sk pode ser feito através da fórmula da tensão
normal atuante, que segue:
Força
 atuante 
Área
A força atuante foi calculada e já apresentada nos slides anteriores,
tendo o valor de 11,1 kN (arrendondado ligeiramente para cima). A área
11.1 kN
da seção da estronca é calculada pela fórmula abaixo, sendo o nosso
objetivo determiná-la (seção circular, de diâmetro D):

 .D² 11,1kN
Área  A  atuante  S k 
4 A

11,1 16,65
22.1 kN S d  FS .S k  1,5. 
A A
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EXEMPLO DE CÁLCULO
Para o cálculo da resistência de projeto Rd, precisamos definir kmod, Rk e gw.

O coeficiente de modificação kmod é composto pelo produto formulado abaixo:

kmod  kmod,1.kmod,2 .kmod,3


Classe de carregamento Qualidade da madeira
Classes de umidade (ambiente)
Os valores de kmod,1 kmod,2 e kmod,3 encontram-se tabelados na NBR 7190.

Assumiu-se as seguintes premissas:


• Tipo de madeira: serrada;
• Eucalipto: dicotiledônea de 1ª categoria;
• Carregamento é de média duração;
• Classe de umidade: 3 (ambiente úmido brasileiro);

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EXEMPLO DE CÁLCULO
Valores de kmod,1

Valores de kmod,2

Valores de kmod,3

Classes de umidade

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EXEMPLO DE CÁLCULO
Assim, definiu-se o valor de kmod:

kmod  0,8.0,8.1,0  0,64


O valor de Rk, a resistência característica, vem da tabela de Classes de Resistência das
Dicotiledôneas, que segue abaixo. Observa-se, então, que a madeira em questão é da classe

C30, e portanto Rk = 30 MPa.


Classes de resistência de algumas espécies de madeiras
(dicotiledôneas)
Finalmente, o coeficiente de

ponderação da resistência gw
depende do tipo de tensão, variando
para compressão, tração ou
cisalhamento. Como estamos num
caso de dimensionamento à
compressão, temos que, segundo a
NBR 7190, gw = 1,4 (= gwc).

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EXEMPLO DE CÁLCULO
Finalmente:
Rk 30
Rd  kmod.  0,64.  13,7 MPa
gw 1,4
Como temos que garantir que

16,65 3
Sd  .10 MPa  Rd  13,7 MPa
A
Então
16,65.103
A  A  1,22.103 m²  12,2cm ²
13,7

Finalmente, o diâmetro D da escora deve ser

 .D²
A  12,2  D  3,94cm  4,0cm
4
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EXEMPLO DE CÁLCULO
Dessa forma, verificamos que um estronca de 4 cm de diâmetro é capaz de resistir sem
romper à compressão imposta pelo carregamento do problema em questão.
No entanto, a esbeltez de tal estronca poderia vir a ser um problema devido à sua
propensão ao fenômeno de flambagem. Por essa razão, faremos em seguida a verificação
em relação à flambagem.
Basta encontrar o valor da força de compressão máxima para que não haja deformação
por flambagem. A fórmula que nos dará o valor dessa força é

 ² Ec 0ef I módulo de elasticidade longitudinal na

N cr 
compressão efetivo

l fl ² comprimento de flambagem

Segue-se aos cálculos:

 .r 4  .24
I   12,6cm 4 seção circular
4 4

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EXEMPLO DE CÁLCULO
Ec 0  13166MPa  1316,6kN / cm² módulo de elasticidade longitudinal na
compressão (tabelado)

Ec 0ef  kmod .Ec 0  0,64.1316,6  842,6kN / cm²


os efeitos deletérios do tipo de carregamento, umidade ambiente e qualidade da madeira
(kmod) também devem ser considerados na determinação da rigidez de projeto.

l fl  1,2m  120cm viga biapoiada

Assim, com todos os valores determinados, temos que

 ².842,6.12,6
N cr   7,3kN
120²

Observa-se assim, pelo resultado dos cálculos, que o carregamento sobre a estronca
seria suficiente para levá-la à flambagem. Dessa forma, faz-se necessário encontrar a
dimensão que evita que esse fenômeno aconteça.
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EXEMPLO DE CÁLCULO
Adotando a solicitação de projeto de 16,65 kN (determinado anteriormente) como
carregamento crítico para flambagem (Ncr), podemos determinar o momento de inércia mínimo
da seção da estronca, e em seguida seu diâmetro mínimo.

 ².842,6.I
N cr  16,65   I  28,83cm 4
120²
 .r 4
I  28,83   rmin  2,5cm  Dmin  5,0cm
4
Assim, chegamos a estroncas de 5,0 centímetros de diâmetro para o problema levantado.

Vale ressaltar que, apesar desse ser o menor diâmetro possível que atende
estruturalmente ao problema, a obra fica livre para adotar qualquer estronca de diâmetro
maior se for conveniente para a construtora, seja por questões de praticidade (medidas
comerciais) ou contratuais.

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