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Aula 5 Audiologia Infantil

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Universidade Federal de Santa Maria

Centro de Ciências da Saúde


Curso de Fonoaudiologia

DESENVOLVIMENTO DO COMPORTAMENTO
AUDITIVO
Disciplina: Audiologia Infantil

Profa Dra Eliara Pinto Vieira Biaggio


5° semestre
abril/2017
Integridade
anatômica e
funcional do
AS periférico
e central

Exposição às
experiências
auditivas

Pré requisitos para


aquisição e
desenvolvimento
normal de linguagem
Modelam o
Experiências Exposição a sistema
auditivas + fala = auditivo nos
primeiros anos
HABILIDADES AUDITIVAS

HABILIDADES DE LINGUAGEM

APRENDIZADO
• Extremamente importante investigar COMO o
sistema auditivo periférico e central
RECEBE / ANALISA / ORGANIZA as informações
acústicas do ambiente

Avaliação QUALITATIVA
da audição infantil
• A criança deve ser capaz de:

Prestar atenção
Detectar para atingir o
Discriminar sons reconhecimento
Localizar e a compreensão
Memorizar da fala
Integrar
Desenvolvimento do comportamento auditivo
= Desenvolvimento das habilidades auditivas
• O desenvolvimento e a maturação auditiva de um lactente com
audição normal seguem uma sequência padronizada de
comportamentos que evoluem desde o nascimento até os dois
anos.
• A hierarquia das habilidades auditivas
inclui as seguintes etapas:

Reconhecimento Compreensão
detecção discriminação localização auditivo auditiva
• Precisamos compreender o desenvolvimento
normal do comportamento auditivo em
lactentes com audição normal para sermos
capazes de reconhecer as similaridades e
diferenças com os lactentes com
comprometimentos.
Avaliação comportamental da audição de
neonatos e lactentes

• Estado pré-estimulação: bebê satisfeito e relaxado


• Parâmetros acústicos do estímulo (duração e
frequência):
- neonatos e bebês – estímulos acústicos de espectro de frequência
amplo e de longa duração (> 20s) e elevado nível de pressão sonora
(> 70dB) com latência aumentada para a resposta
Como o decorrer do desenvolvimento, passam a responder
progressivamente para estímulos de menor duração e a níveis de
pressão sonora cada vez menores, com latência menor de
resposta.
• Nível de ruído ambiental
• A observação das respostas comportamentais
a estímulos acústicos parte do princípio de
que um estímulo sonoro produz uma
MUDANÇA detectável de COMPORTAMENTO
na criança.
Classificação das respostas comportamentais
segundo Azevedo (1995, 2005)
• Respostas reflexas e/ou automáticas inatas:

Reflexo cocleopalpebral (RCP) – contração do músculo orbicular


do olho que pode ser observada por meio da movimentação
palpebral

RCP para sons intensos ocorre em 100% das crianças com audição
normal e sua ausência é sugestiva de perda auditiva bilateral ou de
alteração central.

A pesquisa é realizada com estímulo sonoro intenso (agogô – 100


dBNPS) e a resposta é considerada presente quando há contração
do músculo orbicular do olho, observado por movimentação
palpebral.
• Reação de sobressalto (Startle) - reação corporal global que
pode aparecer como a reação de Moro (completo e
incompleto) ou como um estremecimento corporal com
movimentação súbita dos membros.

A criança de até 3 meses que apresentar reação de sobressalto


para sons intensos, deverá habituar a resposta para estímulos
repetidos. É esperado que a resposta diminua ou desapareça na
segunda apresentação com curto intervalo de tempo entre as
apresentações (SAKALOSCKI e cols., 1993; AZEVEDO,1996). A
ausência de habituação também pode ser um sinal de risco para
alteração retrococlear, sugerindo a necessidade da pesquisa do
efeito de supressão das EOA e as PEATE (AZEVEDO, 1997).
• Atenção ao som – respostas indicativas de atenção ao som, tais como
parada de atividade ou de sucção, abrir a rima palpebral ou movimentos
faciais como franzir a testa ou elevar as sobrancelhas

• Procura da fonte sonora ou localização incompleta – considerada quando a


criança busca a direção da fonte sonora, olhando ao redor, sem, entretanto,
localizá-lo corretamente

• Localização lateral – quando a criança volta a cabeça ou o olhar


imediatamente na direção do som ( este é apresentado no plano lateral)

• Localização de sons para baixo – quando a criança localiza a fonte sonora


situada a 20cm abaixo do pavilhão auricular no plano lateral (direta ou
indireta)

• Localização de sons para cima – quando a criança localiza a fonte sonora


situada a 20cm acima do pavilhão auricular no plano lateral (direta ou
indireta)
(NORTHERN, DOWNS, 1984)
Observação do comportamento auditivo:
RN de 0 a 3 meses de vida

• Procedimento: criança em sono leve, deitada


na cama ou no colo da mãe em posição
facilitadora
Estímulos sonoros:
-70 a 80dB (guizo e sino):
apresentação no plano lateral, com
duração de 10 a 20 segundos, à
20cm do pavilhão. Respostas
esperadas: atenção e procura da
fonte
- 90 a 100dB (agogô): apresentação no plano
lateral, com duração de 02 segundos, à 20cm do
pavilhão. Respostas esperadas: RCP e
automática inata (Reação de sobressalto)
- Voz materna: Respostas esperadas: atenção e
procura da fonte
Observação do comportamento auditivo:
3 a 6 meses de vida

• Procedimento: criança em alerta, sentada ou


recostada no colo da mãe
Estímulos sonoros:
-60 a 70dB: apresentação no plano
lateral, com duração de 02 segundos,
à 20cm do pavilhão. Respostas
esperadas em bebês de 3 e 4 meses:
atenção e procura da fonte
-Respostas esperadas em bebês a
partir de 5 meses: localização lateral
- 90 a 100dB (agogô): apresentação no plano
lateral, com duração de 02 segundos, à 20cm
do pavilhão.
Resposta esperada: RCP
Nesta fase a presença da Reação de sobressalto
é patológica

- Voz materna:
Respostas esperadas: procura da fonte e
localização da voz da mãe (ou do pai)
• Detecção de voz em campo livre:
chamar a criança pelo nome;
com técnica ascendente (partindo do silêncio para o
som);
alto-falantes posicionados lateralmente a 50cm do
pavilhão auricular da criança;
criança sentada no colo da mãe.

A resposta aceita é a de localização


correta, ou seja, virar a cabeça para
o lado em que foi chamado.

Crianças de 4 e 5 meses de idade detectam a voz em


campo livre à 40 - 50 dBNA.
• A audiometria com reforço visual (ARV),
realizada por condicionamento estímulo-
resposta-reforço, é indicada para crianças a
partir de 5 meses de idade
(LIDÉM & KANKKUNEN,1969; THOMPSON & WEBER, 1974; MOORE, WILSON &
THOMPSON,1977; ASHA, 1991; AZEVEDO, 1995; GRAVEL & HOOD, 1999).
Observação do comportamento auditivo:
6 a 9 meses de vida

• Procedimento: criança em alerta, sentada no


colo da mãe com brinquedo pouco atrativo
distraindo-a
Estímulos sonoros:

-50 a 60dB (guizo único): apresentação no


plano lateral, com duração de 02 segundos,
à 20cm do pavilhão.

-Respostas esperadas: resposta de


localização (direita e esquerda) e
localização indireta para baixo e para cima
- 90 a 100dB (agogô): apresentação no plano
lateral, com duração de 02 segundos, à 20cm
do pavilhão.
Resposta esperada: RCP

- Detecção de voz em campo livre: Crianças de 6


e 13 meses de idade detectam a voz em campo
livre à 30 - 35 dBNA
Observação do comportamento auditivo:
9 a 24 meses de vida

• Procedimento: criança em alerta, sentada no


colo da mãe com brinquedo pouco atrativo
distraindo-a Estímulos sonoros:
-40 a 50dB (guizo único com aumento da
distância): apresentação no plano lateral, com
duração de 02 segundos, à 20cm do pavilhão.

-Respostas esperadas: resposta de localização


(direita e esquerda) e localização direta para
baixo e localização indireta para cima

-12 meses: localização direta para cima


• Reconhecimento de comandos verbais
Resumo
das
respostas
esperadas
para cada
faixa etária:
Análise da qualidade da resposta: sinais
sugestivos de alteração do
processamento auditivo central

• Respostas exacerbadas – quando ocorre desproporção entre a


magnitude da resposta e o nível de pressão sonora do estímulo
acústico, por exemplo, presença de RCP ou reação de sobressalto
para sons inferiores a 90dBNPS

• Dificuldade de localização sonora com acuidade auditiva normal

• Ausência de habituação do sobressalto a estímulos repetidos

• Aumento de latência de resposta, na ausência de


comprometimento do sistema tímpano-ossicular

• Ausência de RCP com acuidade auditiva normal


Infecções
Hemorragia peri- congênitas
intraventricular Sífilis e
toxoplasmose

hiperbilirrubinemia
em nível de
asfixia
exsangüíneo
transfusão,
alteração do
processamento
auditivo central
Estudo do desenvolvimento auditivo
• Normal– quando as respostas obtidas em
todas as avaliações realizadas se encontram
dentro dos padrões de normalidade.

É frequentemente encontrado em crianças


ouvintes nascidas a termo e sem intercorrências
• Atraso do desenvolvimento – quando as
respostas obtidas se encontram abaixo do
padrão de normalidade, alcançando-o, porém
no último trimestre do primeiro ano.

É frequentemente encontrado em crianças ouvintes nascidas


pré-termo que necessitam de cuidados intensivos neonatais.

Este atraso pode estar relacionado ao processo de maturação do


sistema nervoso central e/ou às alterações transitórias do SNC
decorrentes das intercorrências clínicas neonatais.
• Distúrbio do desenvolvimento – quando as
repostas obtidas em todas as avaliações se
mantêm sempre abaixo do padrão de
normalidade.

É frequentemente encontrado em crianças


ouvintes com alteração do processamento
auditivo central.
O monitoramento do desenvolvimento da
audição com aconselhamento familiar periódico
e sistemático interfere de forma favorável no
ambiente, além de permitir a identificação
precoce dos atrasos e distúrbios auditivos
propiciando intervenção imediata (Azevedo, 2011).
Casos clínicos
Caso 1
Criança de 4 meses de idade, nascida a termo, pequena para a idade gestacional (PIG).
Parto domiciliar, com asfixia ao nascimento, tendo permanecido 43 dias na Unidade de
Terapia Intensiva Neonatal

Resultados : EOAT ausentes bilateralmente


EOAPD ausentes bilateralmente
Imitância Acústica Curvas timpanométricas A
Ausência de reflexo acústico bilateralmente
Avaliação Comportamental Não reage a sons de 70 a 100dBNPS
Ausência de RCP

Conclusão : Suspeita de perda auditiva de grau severo a profundo bilateral.


Conduta: PEATE , realizada aos 5 meses com ausência de respostas
Seleção de prótese auditiva e terapia fonoaudiológica
Orientação familiar

Este caso ilustra a compatibilidade entre os resultados da avaliação comportamental e


eletrofisiológica, geralmente observada em perdas auditivas de origem coclear. A
intervenção antes dos 6 meses possibilita melhor prognóstico.
Caso 2
Criança de 8 meses, nascida pré-termo (34 semanas de idade
gestacional)
Encaminhada pelo pediatra após pedido da mãe
Ausência de RCP.

Resultados Localização para sons a partir de 50dBNPS,


indiretamente para baixo e para cima
Audiometria com Reforço Visual:80dBNA (OD e OE)
Detecção de voz em campo em 60dBNA
Ausência de Reflexo Cócleo-palpebral a 100dBNPS
EOAT presentes apenas nas bandas de 2000 e 3000Hz.
Imitânciometria Curvas B com ausência de reflexos
Conclusão Perda Auditiva de grau moderado por
comprometimento condutivo

Conduta Avaliação Otorrinolaringológica


Otite média secretora bilateral

Após tratamento otorrinolaringológico, foi reavaliada


apresentando: RCP presente, audiometria com reforço visual em
60dBNA, detecção de voz a 35dBNA, Curva timpanométrica tipo
A com presença de reflexos e EOA Transitórias presentes
bilateralmente.
Em casos de comprometimento condutivo, o RCP não
aparece ou ocorre apenas para sons superiores a 100dB.

As respostas para sons não verbais parecem


normais e as respostas para tons puros modulados
mostram-se elevadas.

Respostas entre 40 e 60 dBNA seriam esperadas aos 8


meses. As respostas obtidas nesta criança (80 dB)
estavam uma etapa acima do esperado, sugerindo perda
de grau moderado (AZEVEDO, 1996).

As EOAT em geral aparecem restritas a determinadas


bandas de freqüências ou totalmente ausentes.
Caso 3
Criança de 6 meses, nascida a termo, com sífilis congênita

Resultados Não localiza sons ,apresentando somente respostas de atenção


Sorri para a voz materna a 60 dB, porém não localiza a voz.
Reflexo Cócleo Palpebral Ausente
Reação de Sobressalto para sons intensos (100dBNPS)
Não responde para tons puros.
EOAT presentes bilateralmente

Conclusão Suspeita de Alteração Central com


audição periférica normal

Conduta Encaminhamento para PEATE


Acompanhamento do desenvolvimento auditivo e de linguagem
No acompanhamento, criança apresentou atraso de desenvolvimento
de linguagem e auditivo, necessitando de intervenção (orientação
familiar).
Aos 14 meses, necessitou de terapia fonoaudiológica.
Aos 4 anos, ainda apresentava leve atraso de fala.
Aos 5 anos, foi submetida a avaliação do processamento auditivo, a
qual revelou alteração.

O caso enfatiza a importância do acompanhamento do


desenvolvimento de crianças que não respondem bem aos sons,
mesmo com exames objetivos (EOA e PEATE) normais. Estudos têm
revelado que crianças que apresentam dificuldades de localização
sonora com sensibilidade auditiva normal são de risco para alteração
do processamento auditivo.

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