Tarot">
O Que É o Tarô
O Que É o Tarô
O Que É o Tarô
Constantino K. Riemma
O tarot ou arcanos maiores e menores ou baralho ou cartas de jogar ou naipes e trunfos, consistem numa única e
mesma coisa. Trata-se de um jogo de 78 cartas, que se difunde a partir da segunda metade do século 14, na Europa
cristã, com iconografia cristã.
Não dispomos de registros históricos que indiquem alguma escola ou corporação de ofício que tenha criado esse
conjunto ou feito adaptações de jogos tradicionais anteriores. Tudo indica que ganhou a forma que hoje conhecemos
pelas mãos de artistas e artesões que tinham conhecimentos e habilidades adquiridas entre os edificadores dos
palácios e igrejas no período pré-renascentista, bem como suas pinturas, imagens e vitrais.
É importante lembrar, do ponto de vista histórico, que existe um exemplar de baralho com 52 cartas, anterior às
versões que hoje conhecemos. Trata-se do baralho Mamlûk, utilizado pelos guerreiros mamelucos e que,
evidentemente, tiveram suas cartas copiadas pelos impressores europeus. Continua uma incógnita, até hoje, quais
foram os autores dos 22 trunfos (arcanos maiores) agregados ao modelo do baralho mameluco.
Dada sua origem anônima, isenta de instruções e regras dogmáticas, esse jogo de cartas deu margem a incontáveis
fantasias e re-invenções mais ou menos arbitrárias. Desde seu aparecimento foi utilizado por nobres e plebeus, para
jogos, passatempos e, ao que tudo indica, como instrumento de mancias.
O cenário imaginativo que cerca o Tarô, profuso e contraditório, confunde o iniciante interessado em compreender
sua linguagem simbólica. Esse jogo maravilhoso, portanto, representa um real desafio para o estudo.
Se dependêssemos, por exemplo, apenas dos dicionários para saber o significado do Tarô, teríamos informações
muito pobres e distorcidas. O Aurélio é lacônico: "Tarô. Coleção de 78 cartas, maiores que as do baralho, de
desenho diverso, usadas sobretudo por cartomantes". Essa definição revela o desconhecimento de que "tarô" e
"baralho" vêm da mesma fonte e, também, de que as 78 cartas não ficam apenas em mãos de cartomantes e são objeto
de estudos simbólicos e aplicações terapêuticas, de elaborações de pintores e artistas gráficos.
Os dicionaristas esqueceram, ainda, de informar que a parte do tarô, que constitui o baralho comum, é também
utilizado por cartomantes e, igualmente, como fonte de lazer nos lares, nos clubes e cassinos. São produzidos no
mundo todo e movimentam milhões de dólares.
•
os 22 trunfos ou arcanos maiores são numerados de 1 a 21 e um deles, O Louco, não recebe número na maior parte
dos baralhos;
•
as 56 lâminas, atualmente denominadas arcanos menores, constituem cartas de jogar do baralho comum e se
subdividem em:
–
quatro naipes ou séries: Paus, Ouros, Espadas e Copas – cada um deles com 10 cartas numeradas de 1 a 10, com
desenhos que tornam os significados simbólicos mais abstratos que os dos “arcanos maiores”, num total de 40 cartas;
O Tarô pode, enfim, ser entendido como uma linguagem simbólica que traduz o cosmo em sua constituição e eterna
mudança, em sua estrutura e dinâmica. Ele aparece na Europa, num momento em que várias escolas esotéricas e
corporações de artistas, buscavam transmitir conhecimentos, não por palavras, mas por imagens que convidavam à
reflexão, à investigação, para serem corretamente assimiladas. É o caso, por exemplo, dos mestres e praticantes da
Alquimia, que produziram livros de gravuras, sem maiores comentários por escrito, conhecidos como Mutus Liber,
ou seja, Livro Sem Palavras, livro mudo...
Os 22 arcanos maiores, entre outros significados possíveis, descreveriam as 21 etapas evolutivas que o homem –
representado pelo Louco – pode percorrer em sua vida. O número 21 (= 3 x 7) também resulta da combinação de duas
leis fundamentais do universo: a Lei de Três (“tudo, para existir, necessita de três forças”) e a Lei de Sete, ou Lei
das Oitavas (“tudo se manifesta num processo de sete passos ou fases”).
Do mesmo modo que outros grandes sistemas simbólicos, o Tarô é apreciado como uma instigante fonte de
inspiração e de aplicação em variadas situações e propósitos.
... e um sentido lúdico
Os registros históricos, a partir do século 14, mencionam a utilização das cartas apenas como fonte de lazer, em jogos
e passatempos. Essa função lúdica permanece viva até hoje, pois o que chamamos de jogos de baralho ou baralho
comum, é exatamente o mesmo conjunto que os escritores modernos denominam arcanos menores.
Para mantermos uma atitude aberta em relação ao Tarô é bom não esquecer que esse conjunto simbólico sobreviveu
até hoje e se difundiu, não em razão do seu sentido mais profundo, mas pelo interesse que despertou como jogo de
lazer ou de apostas a dinheiro e, também, como instrumento de cartomancia.
Tal como um verdadeiro Mutus Liber, o Tarô não veio acompanhado de normas ou dogmas, para ser utilizado
obrigatoriamente deste ou daquele modo; todas as regras que hoje conhecemos foram inventadas posteriormente.
Portanto, as normas e regras de utilização que lemos e ouvimos, as afirmações do que é certo ou errado, devem ser
compreendidas de modo muito relativo e flexível. Os verdadeiros autores do Tarô, aqueles que sabiam do que se
tratava, permaneceram anônimos e sem palavras. Ninguém, hoje em dia, pode se arvorar em autoridade para falar em
nome dos mestres originais.
O Tarô permance um desafio em aberto. O que podemos fazer é nos associarmos para tentar decifrar os símbolos e
ensinamentos que se ocultam sob o conjunto das 78 cartas. E para fugir aos erros da subjetividade, nada melhor que
trabalhar em grupo, partilhar, colocar à prova nossas reflexões. É esse o propósito do Clube do Tarô.
Constantino K. Riemma - ckr@clubedotaro.com.br
Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores
Sugestões aos iniciantes no estudo do Tarô
Constantino K. Riemma
Para estudar os símbolos do tarô basta simplesmente ter interesse e reservar um tempo para leitura, tal como acontece
em relação a qualquer outra área de conhecimento. Dispomos para isso de muitos livros publicados e de inúmeras
linhas de abordagem divulgadas pela Internet.
O volume de informações é grande e uma questão inicial aparece: "por onde começar?" Se estivéssemos buscando
por símbolos arquitetônicos, dependendo do grau de profundidade desejado, poderíamos recorrer às escolas de
arquitetura, aos tratados técnicos e aos especialistas nessa área. Já no caso de artes informais, entre as quais se
encontra o jogo de baralho, o cenário pode se mostrar disperso e contraditório.
Dificuldades iniciais
Quando se trata da astrologia e do tarô, que compreendem conhecimentos não organizados em padrões acadêmicos
ou universitários, e cuja aplicação profissional não está sujeita a regulamentação oficial, a situação pode se mostrar
embaralhada para quem deseja iniciar seus estudos. A vantagem da astrologia é a de se tratar de um conhecimento
milenar que se mantém vivo até hoje, respaldado por incontável lista de sábios que registraram seus conhecimentos
sobre essa arte-ciência. Embora a astrologia também seja utilizada de modo simplista em revistas e publicações
populares, existem escolas respeitadas para transmitir o saber disponível.
Já o tarô está longe do respaldo existente na astrologia, pois se trata de um jogo recreativo, sem tradição milenar e
que apenas nos últimos dois séculos e meio passou a ser valorizado simbolicamente. Além disso, nos deparamos com
uma mistura confusa de inúmeras linhas de abordagem das cartas, sem contar os aproveitadores da crendice popular
que inventam de tudo para chamar atenção e que se passam por magos ou videntes.
Os primeiros passos
O que acabo de comentar não impede de encontrarmos estratégias simples para iniciar o estudo das cartas do tarô.
Vejamos quatro indicações básicas.
Se o interesse de estudo for simples e direto — conhecer os significados das cartas para aplicar em tiragens e leituras
— existem bons manuais de autores estrangeiros e brasileiros, como podem ser vistos na seção Livros & Autores.
Entre eles destaco o Manual do Tarô de Hajo Banzhaf.
Se o interesse for pelo o conhecimento simbólico em profundidade, tenho em alta conta dois livros: Jung e o Tarô de
Sallie Nichols e Meditações sobre os Arcanos Maiores do Tarô de Valentin Tomberg. Essas obras dispõem de
material suficiente para meses e meses de reflexão e de intercâmbio entre companheiros de estudo.
É bom lembrar que o Clube do Tarô tem muito material para estudo, com acesso pelo Menu: | O Tarô | Baralhos &
Galerias | Arcanos Maiores | Arcanos Menores | Aplicações-Tiragens. Nesse sentido o site constitui uma verdadeira
biblioteca, com diferentes níveis de textos, que partem de artigos básicos com links para estudos de aprofundamento,
sob vários pontos de vista, apresentados pelos diferentes colaboradores.
Seja estudando manuais ou destrinchando o conteúdo do Clube do Tarô, daremos conta apenas das informações e
significados. Já para a prática e para desenvolver o pensamento simbólico será sempre importante o contato direto
com quem tem experiência. Ou seja, estude tudo o que puder em livros ou no site e, quando tiver oportunidade ou
chegar o momento, procure tarólogos com prática para dar o segundo passo.
Como acontece com todas as habilidades humanas, desde cozinhar para a família até aplicar alguma técnica
terapêutica, existem qualidades que ganham vida apenas pela transmissão direta daqueles que sabem realmente. É
indispensável praticar sob a orientação de quem tem conhecimento e experiência acumulada.
Uma atitude que pode ajudar muito o iniciante é praticar a utilização das cartas de modo despretensioso, como um
verdadeiro aprendiz. O que mais atrapalha é ser engolido pela obrigação de virar adivinho, de surpreender as pessoas
com revelações do outro mundo.
Um recurso que dá ótimos resultados e permite ganhar segurança crescente consiste em fazer leituras para amigos,
colegas e conhecidos próximos. O clima se torna mais leve e estimula o estudo, permitindo-nos inclusive rever
durante as jogadas o que dizem os manuais sobre o significado das cartas. "Pesquise o que desconhece e cuide para
não cair na tentação de se fazer de doutor", dizia um velho mestre.
Tudo ficará mais fácil se o iniciante substituir a pressão de adivinhar pela disposição de estudar, de validar na prática
o que está sendo mostrado pela cartas. E para isso é importante ouvir o nosso interlocutor, como de fato ele vive o
assunto que esta sendo tratado na tiragem. A validação do significado das cartas virá pela vida real e não pela
imaginação.
As tiragens complexas, como "mandala astrológica", "cruz celta", podem aumentar os embaraços do iniciante, pois a
qualidade da leitura não depende de formatos pré-estabelecidos. O rigor e o acerto são estimulados quando o próprio
leitor estabelece previamente a função de cada carta na tiragem. Essa e outras questões técnicas estão detalhadas
em Aplicações & Tiragens e no texto de apresentação do Índice de tiragens. Para ir direto às técnicas simples veja,
por exemplo, Tiragem por três.
Um bom exercício, que combina diferentes caminhos, é o de sortear uma carta toda manhã para retratar como será o
transcurso do dia. No final do período, avaliamos como se passaram as coisas na realidade e comparamos com a
carta. Esse exercício poderá ser muito revelador e ganhar força com a repetição. As conclusões obtidas em cada
experiência também poderão ser comparadas com o que dizem os manuais ou os textos disponíveis no Clube do Tarô.
Tais exercícios combinam prática, vivência direta e leitura, ampliando assim os conhecimentos sobre os significados
práticos e simbólicos do tarô.
Os passos seguintes
À medida que estudamos e entramos em contato com tarólogos e cartomantes experientes vão se tornando mais claras
as nossas afinidades com determinados estilos de leitura, assuntos colocados, níveis de compreensão. Esse processo
de estudo e observação é indispensável para definirmos de modo natural a nossa própria linha de utilização das cartas
e as formas mais adequadas para as tiragens.
O cuidado mais importante que devemos tomar é não nos aprisionarmos nas dezenas de regras arbitrárias que existem
por aí: "Isso não pode", "Só pode ser assim", "Tem que cortar com essa mão", "Embaralhar assim"... Não passam de
praxes discutíveis que nada acrescentam ao esforço de compreensão e de aplicação dos símbolos das cartas.
A seção Aplicações das Cartas e Tiragens oferece muito material para refletirmos sobre o problema dos formalismos
que limitam a relação criativa com o tarô. Quem quiser ir direto ao tópico que sugere a atitude livre em relação às
regras veja: Detalhes
É ótimo trocar experiências. O estudo das linguagens simbólicas mostra-se inesgotável e sempre nos encantam os
segredos revelados pelo caminho.
Cada um dos vinte e dois arcanos maiores do Tarô permitem paralelos com
Alquimia, Astrologia, Sufismo, Cabala, Mística Cristã...
Restaram inúmeras cartas de tarô pintadas à mão, do século XV. São os mais antigos legados históricos,
que estão sob guarda de museus ou em posse de colecionadores.
Registros concretos
Não se sabe ao certo a origem das cartas do baralho tradicional. Nem se pode afirmar, com certeza, se o
conjunto dos 22 trunfos ou Arcanos Maiores – com seus desenhos emblemáticos – e as muito bem
conhecidas 56 cartas dos chamados Arcanos Menores – com seus quatro naipes – foram criados
separadamente e mais tarde combinados num único baralho, ou se, desde seu nascimento, tiveram a
forma de um baralho de setenta e oito cartas.
Tudo indica que as 56 cartas do baralho comum foram copiadas do jogo difundido entre os
guerreiros mamelucos. Os autores da adição das 22 cartas, hoje denominadas "arcanos maiores" entre os
tarólogos, permanecem desconhecidos.
Existe, no entanto, um ponto de concordância entre a maior parte dos estudiosos: raros imaginam que
se trataria de alguma manifestação ingênua de “cultura popular” ou de “folclore”. Ao contrário, a
abstração das 40 cartas numeradas, bem como as evocações simbólicas dos trunfos, permitem
associações surpreendentes com inúmeras outras linguagens simbólicas. Sugerem uma produção muito
bem elaborada, um trabalho de Escola.
A maior parte dos estudiosos considera os 22 trunfos – atualmente denominados "arcanos maiores" –
uma criação do norte da Itália, como atestam as cartas do Tarot Visconti Sforza.
(ludus cartarum) chegou até nós neste ano de 1377”, mas declara expressamente não saber “em que
época, onde e por quem esse jogo havia sido inventado”. Sobre as cartas utilizadas, diz que os
homens “pintam as cartas de maneiras diferentes, e jogam com elas de um modo ou de outro. Quanto à
forma comum, e ao modo como chegaram até nós, quatro reis são pintados em quatro cartas, cada um
deles sentado num trono real e segurando um símbolo em sua mão”.
Há outra menção, ainda no século XIV, embora não tenha restado exemplar algum das referidas cartas:
nos livros de contabilidade de Charles Poupart, tesoureiro de Carlos IV, da França, existe uma passagem
que declara que três baralhos em dourado e variegadamente ornamentados foram pintados
por Jacquemin Gringonneur, em 1392, para divertimento do rei da França.
Variantes
Numa composição diferente, com 50 cartas divididas em 5 séries de 10 cartas cada, existem vários
exemplares do jogo chamado Carte di Baldini (c. 1465), também conhecido como Tarocchi de Mantegna,
nome de um um importante pintor do norte da Itália no séc. XV.
As 50 lâminas do Tarô de Mantegna (c.1465) têm um fino acabamento gráfico.
Suas 5 séries de 10 cartas, porém, não mantêm equivalência nem com seu
contemporâneo Visconti-Sforza, nem com o que hoje se denomina Tarô Clássico.
Alem de estruturas diferentes, exemplificada com o Tarô de Mantegna, existem inúmeros exemplos
posteriores de acréscimo de cartas – como é o caso do I Tarocchi Classici – e também de cortes e
supressões que acabaram por originar jogos reduzidos que se tornaram populares: Baralho Petit
Lenormand, também conhecido como Baralho Cigano.
Hipoteses e paralelos sobre a origem das cartas
C
o
m
p
i
l
a
ç
ã
o
d
e
C
o
n
s
t
a
n
t
i
n
o
K
.
R
i
e
m
m
a
A origem do Tarô continua em questão e são muitas as teorias propostas. Na verdade, porém, nada
existe de idêntico em outras culturas, pintado ou impresso em cartões, que pudesse ter estabelecido um
modelo direto para o jogo de 78 cartas que vem à luz, na Europa, no final do séc. 14. E os desenhos
mais antigos de cartas que chegaram até nós são coerentes com a iconografia cristã dessa época. Se
essa afirmação vale em particular para os 22 arcanos maiores, não cabe inteiramente para o conjunto
das 56 ou 52 cartas do baralho sarraceno, já mencionado no séc. 14.
Cruzados ou árabes?
Há estudos que afirmam que as cartas de jogar foram levadas para a Europa pelos cruzados. Contudo,
a última Cruzada terminou mais ou menos em 1291 e não existem referências que comprovem a
presença de cartas de jogar na Europa até pelo menos cem anos mais tarde.
Uma justificativa para a origem sarracena das cartas é o nome espanhol e português naipe, que
derivaria do árabe naibi. Também a palavra hebraica naibes se assemelha a naibi, o antigo nome italiano
dado às cartas e, em ambas as línguas, a palavra indica bruxaria, leitura da sorte e predição. No
entanto, não se encontram na história dos árabes e judeus referências ao jogo de cartas, anteriores aos
século 15.
Esse tipo de restrição histórica, no entanto, não invalida a hipótese de uma criação ou re-criação "multi-
tradicional" do Tarô. Sabemos que, em especial na Penísula Ibérica, sábios cristãos, árabes e judeus,
mantiveram uma criativa convivência durante o período em que o Tarô dá sinal de vida.
Do ponto de vista das provas históricas, o que se pode afirmar com segurança é que
os árabes utilizavam, já em meados do séc. 14, um baralho de 52 cartas, com estrutura idêntica aos
que hoje conhecemos como "arcanos menores" ou "baralho", cuja procedência, contudo, não está
esclarecida.
Sobre o baralho sarraceno, veja:
Origem cigana?
Hipótese muito difundida no Brasil, porém discutível do ponto de vista histórico, é a que associa a
origem das cartas de ler a sorte aos ciganos provenientes do Hindustão.
É importante lembrar que o jogo de cartas comumente denominado Baralho Cigano, no Brasil, é o Petit
Lenormand (O Pequeno Lenormand), jogo com 36 cartas impresso na França a partir de 1840. Para
saber mais a respeito, veja:
O Clube do Tarô reuniu informações sobre a cultura do povo cigano e sua experiência tradicional com a
cartomancia:
• reune entrevista dada para Bete Torii e exemplos durante os cursos de tarô.
A cultura cigana: Sarani Barrios, cigana de origem Dohm, relata suas experiências de vida em comunidade. O texto
Origem egípcia?
A hipótese da origem egípcia do Tarô foi aventada por Court de Gebelin em sua obra, Le Monde Primitif
analysé et comparé avec le monde moderne, publicada a partir de 1775.
A favor da correção intelectual de Court de Gebelin, é importante lembrar que as cartas utilizadas por
ele continuaram a ser as do Tarô clássico. Ele não falsificou nem inventou um "baralho egípcio" para
justificar suas hipóteses. Sómente após a publicação de seus estudos é que começaram a aparecer
baralhos desenhados com os motivos egípcios, sem maiores compromissos com a história comprovável
desse desafiador jogo de cartas.
Múltiplas influências
Uma boa parte dos estudiosos da origem das cartas jogar e do Tarô reconhecem que não se trata de
uma invenção casual. Indica claramente um fundamento simbólico que, para muitos, traduziria o
significado e as propriedades do Cosmo, bem como o papel do homem na Criação. Seria produto de
uma Escola (escola dos criadores de imagens da Idade Média, como sugere Oswaldo Wirth). Nessa
direção de pensamento, o Tarô seria uma criação de Escolas francesas e/ou italianas, no final do séc.
XII, sem qualquer relação com indianos ou chineses. A favor desse ponto de vista pesa o fato de não ter
sido encontrados jogos iguais aos arcanos maiores em outras culturas.
Boa parte das imagens do dos arcanos maiores do tarô clássico guarda íntima relação
com a iconografia cristã presente nas catedrais góticas, construídas a partir do séc. XI
[Ilustração da mandorla: www.pitt.edu]
Há muitos estudos que apontam as relações entre o Tarô e Cabala. De fato, as 22 lâminas dos
“trunfos”, ou “Arcanos Maiores”, são em igual número ao das letras do alfabeto hebraico e ao dos 22
“caminhos” ou conexões entre os sefirot do desenho simbólico denominado “Árvore da Vida”. As 40
cartas numeradas, dos Arcanos Menores, representam o mesmo número de sefiroth da "Escada de
Jacó", esquema resultante da superposição de quatro "Árvores da Vida".
Tal constatação, porém, não exclui a hipótese de contribuições árabes, que tiveram um forte e
prolongado impacto, através do sufismo, sobre a mística cristã, em particular na Península Ibérica.
Um período de ouro
Não é implausível, para alguns autores, imaginar o nascimento do Tarô por
volta de 1180, período de grande força criativa na Europa, embora as
primeiras menções registradas ocorram apenas duzentos anos após, em 1391.
A razão para isso, segundo eles, seria simples: na origem, o Tarô não tinha a
função lúdica de jogo de paciência ou de apostas em dinheiro, mas
desempenhava o papel de estimular a reflexão pessoal sobre o caminho
espiritual. Desse modo, ele não poderia ser mencionado como jogo de lazer
nas crônicas da época.
“A essência do Tarô – escreve Kris Hadar – se funde de modo maravilho à
mística que fez do séc. XII um século de luz, de liberdade e de profundidade
da qual não temos mais lembrança. Nessa época, a mulher era mais liberada
que hoje."
É no correr desse período que são erigidas as catedrais góticas, em memória Trovadores,
da elevação do espírito, e que aparece igualmente a busca de um ideal porta-vozes do "Fin'amor"
cavalheiresco que alcançará sua perfeição graças aos trovadores e o Fin’Amor,
www.ocmusic.org/
que colocará em evidência a arte de crescer soc_oc/societ_p.htm
no amor.
Para corroborar tal ponto de vista, pode ser lembrado que nesse mesmo período se desenvolvem os
primeiros romances iniciáticos sobre os cavaleiros da Távola Redonda, a lenda do Rei Artur e a Demanda
do Santo Graal.
Contemporâneo dos primeiros romances, o Tarô poderia ser considerado como um dos livros sem
palavras (comuns na alquimia) para a reflexão e a meditação sobre a salvação eterna e a busca de Si,
mesmo para quem não soubesse ler. Era uma porta aberta à verdade, tal como as catedrais, que
permitiam aos pobres e aos ricos crescerem na comunhão com Deus.
“O Tarô” – afirma Kris Hadar – “é uma catedral na qual cada um pode orar para descobrir, no labirinto
de sua existência, o caminho da Salvação”.
Em meados do séc. XVII existia uma grande quantidade de casas editoras, com
desenhos muitos próximos aos que, atualmente,são designados Tarô Clássico
ou Tarô de Marselha. As lâminas acima, são do Tarô de Jean Noblet,
impressos em Paris, no ano de 1650, e restaurados por Jean-Claude Flornoy.
Segundo boa parte dos historiadores, o jogo do tarô teria entrado na França durante as guerras
contra a Itália, bem no início do séc. XVI. Sua mais antiga menção, nesse país, aparece em Gargantua,
de Rabelais (1534), que cita o "tarau" em sua longa lista de jogos de seu herói. A partir de meados do
séc. XVI, as referências se multiplicam. Estão conservadas, aliás, as 38 cartas de um jogo feito em Lyon,
em 1557, por Catelin Geoffroy. Isso quer dizer que o tarô possui, na França, tal como na Itália,
verdadeiro selo de nobreza. Os gravuristas franceses desempenharam um papel fundamental na difusão
do jogo.
Os jogos eram estampados por meio de gravações em madeira, e pintados à mão. Além disso, por
serem destinadas a jogadores, as cartas eram levemente ensaboadas, para garantir que deslizassem
com facilidade.
O papel especial da França
No séc. XVIII, o tarô é produzido por toda parte, na Europa e, principalmente, na França: Marseille,
Avignon, Lyon, Paris, Rouen, Dijon, Chambéry, Besançon, Colmar, Strasbourg, Belfort, para citar os
centros mais destacados.
Na Itália e na Suíça também aparecem importantes gravadores e impressores das cartas. É o caso do
chamado Tarô Clássico, impresso na Suíça nessa mesma época, cujas gravuras são similares às
produzidas em Marselha. Ainda existem os blocos de madeira originais utilizados para estampagem do
baralho, entalhados em 1751 por Claude Burdel, cujas iniciais CB estão impressas no brasão do Carro
(lâmina 7).
Cartas do tarô denominado “Clássico” que se difundiu pela Europa. Acima, três cartas
restauradas dos “trunfos”originalmente gravados e impressos por Claude Burdel,
na Suíça. O Dois de Ouros é uma foto do original, que traz a informação:
“Claude Burdel - Cartier et Graveur - 1751”.
Um modelo específico dominou amplamente entre os impressores franceses: trata-se do célebre Tarô
de Marselha, assim denominado porque essa cidade era sua principal produtora na segunda metade do
séc. XVIII. Essas cartas foram tão difundidas que até mesmo os italianos se puseram a importar e a
copiar os jogos impressos em Marselha. Uma referência básica dessa linha marselhesa encontra-se nas
gravuras de Nicolas Conver.Esse modelo foi bastante copiado e as cores utilizadas sofreram
inúmeras alterações em razão dos processos tipográficos adotados.
1760 Tarô Conver Desenho do 1880 Tarô Camoin Com 1898 Tarô Besançon Após 1930, o traçado do Tarô
fundador da Maison Camoin, novas máquinas são usadas Não possui as mesmas cores de Besançon é retomado com
impresso por máquina e colorido apenas quatro cores no mesmo do Tarô Clássico e substitui as misturas de cores, sob critérios
à mão em várias cores. gravado de Conver (1760). cartas da Papisa e do Papa. discutíveis.
Persistem até hoje divergências entre os estudiosos e restauradores do Tarô, com respeito à versão
do Tarô de Marselha que seria mais adequada, seja quanto aos detalhes das gravuras, seja em relação
às cores utilizadas.
1931 Grimaud 1997 Camoin 2000 Kris Hadar
Edição compilada por Redesenhado como Proposta do autor
Paul Marteau, com cópia fiel dos gravados de canadense a partir das
quatro cores chapadas. Nicolas Conver, de 1760. ed. Grimaud e Camoin.
A cada século que se seguiu, aumentou a difusão das cartas e a invenção de novos desenhos, mais
ou menos afastados do modelo clássico.
As variações modernas
Jogos e mancias: um percurso de mãos dadas
Constantino K. Riemma
Está ainda por ser feito, no Brasil de hoje, um levantamento para sabermos qual a proporção
quantitativa da utilização das cartas:
(b) para jogos de lazer, nos lares e nos clubes, bem como para o carteado valendo dinheiro, nos
cassinos e outros recintos fechados.
Jogos e lazer
Os registros históricos mais antigos sobre a existência do Tarô são encontrados na Europa, em particular
na Itália e França. E o que neles se mencionam são o jogos e o lazer. Tal utilização das cartas se
estende até hoje, passando pelas apostas retratadas nos filmes de "faroeste" americano, cassinos,
clubes, bares.
Muitos clubes e comunidades organizam torneios de jogos de baralho: buraco, canastra, tranca e bridge,
entre outros, como forma de lazer e de integração.
Cartomancia
A febre da aplicação do Tarô à cartomancia, na Europa, torna-se visível com Etteilla, na seqüência da
divulgação do trabalho de Court de Gebelin (1775).
Etteilla, pseudônimo de Alliette, ora descrito como peruqueiro, ora como professor de álgebra, foi
considerado por muitos como um oportunista. Tornou-se um dos mais ardorosos seguidores de Gebelin
e se dedicou a promover suas idéias para acumular grande fama e fortuna.
Os desenhos do baralho do “Grande Etteilla” afastam-se das figuras simbólicas encontradas na maioria
dos tarôs até então. Hoje em dia, é possível encontrar reproduções, das cartas originais de Etteilla, que
parece ser sido um exemplo marcante de simplificação e popularização dos símbolos.
A prática popular da cartomancia, entretanto, já corria há muito por toda Europa, graças aos ciganos e
sensitivos espalhados por toda parte. E, hoje em dia, todas as pessoas conhecem a utilização mântica do
baralho (seja chamado de "tarô" ou de "jogo de cartas"), quer nos grandes centros urbanos, quer nas
pequenas cidades.
Lazer e Cartomancia no Brasil
Na primeira metade do século passado, com o grande afluxo de imigrantes europeus e árabes, muito
antes da TV e dos eletrônicos, os baralhos dominavam a cena dos jogos de mesa. Sua versatilidade de
regras permitia entreter crianças, adultos competitivos, idosos dispostos aos passamentos, tantos nos
lares, nos encontros familiares, como nos clubes.
Os jogos de baralhos eram e continuam sendo relativamente baratos e acessíveis, o que facilitava e
facilita sua difusão.
Ao lado da utilização lúdica, o baralho comum aparece nas mãos de uma certa parcela de mulheres
interessadas em outra vertente: ler a sorte pelas cartas.
Exemplo de um baralho comum, dos anos 40 ou 50, bem marcado pelo uso, com anotação dos
significados das cartas segundo a cartomancia popular: "Sucesso garantido pela ajuda de um
amigo", "Viagem de negócios", "Inimiga maledicente e invejosa", "União feliz, vantajosa"...
No Interior brasileiro, ainda é possível encontrar curandeiras, benzedeiras, paranormais, que utilizam o
baralhos comuns, muitas vezes sobras dos jogos de carteado dos homens, para realizar seus trabalhos
de ajuda e para fazer predições.
Sob a designação genérica de 'tarólogos' existem, entre nós, inúmeros praticantes que conciliam a
cartomancia com uma visão simbólica mais ampla. Muitos deles são profissionais que dedicam
exclusivamente ao atendimento de pessoas, combinando em diferentes graus e níveis, as previsões com
o aconselhamento psicológico e existencial.
A história do baralho no Brasil ainda está por ser registrada como merece. E o Clube do Tarô oferece
espaço para isso. Aguarda participações.
As múltiplas faces do Esoterismo e o Tarô
Compilação de
Constantino K. Riemma
O jogo de baralho já circulava por volta de quatro séculos na Europa, com finalidade de lazer, quando
começaram a ser divulgados os primeiros estudos sobre seus aspectos simbólicos ou esotéricos e suas
possíveis ou imaginárias origens ocultas.
Apresentamos, a seguir, uma súmula sobre cada figura marcante nessa nova e crescente linha de
abordagem das cartas, incluindo links para estudos de aprofundamento.
Court de Gebelin
• Um bom artigo sobre Gebelin e seu papel na valorização esotérica e simbólica do tarô, foi elababorado por James W.
Revak e traduzido por Alexsander Lepletier em Antoine Court de Gébelin: pai do tarô esotérico moderno : Antoine Court
de Gébelin
• origem egípcia para o tarô e discute o significado e aplicação das cartas : http://www.tarock.info/gebelin.htm
Original, em francês, "Du Jeu des Tarots", p.365-410, vol.8, Monde primitif... no qual Court de Gebelin sugere uma
Etteilla - Jean-Baptiste Alliette
• Etteilla, o primeiro tarólogo profissional. Biografia de Etteilla, elaborada por James W. Revak e publicada no site
Villa Revak: www.villarevak.org/bio/etteilla_1.html. A tradução ao português foi feita por Alexsander de Abreu
Lepletier: Etteilla, um tarólogo profissional
• Etteilla e seu método divinatório. A primeira integração conhecida entre Tarô e Astrologia . Elizabeth
Hazel e James W. Revak apresentam a técnica de tiragem de cartas segundo a proposta de Etteilla, traduzida
por Alexsander de Abreu Lepletier. Para aqueles que têm alguma familiaridade com os símbolos astrológicos, oferece
muitos estímulos para aprofundar a tiragem também conhecida por "Mandala astrológica": 1. Histórico, 2. O Método
de Etteilla e 3. Exemplo
Mais franceses
Eliphas Levi
Autor respeitado, Eliphas Levi (1810-1875) foi um filósofo, esoterista, que se dedicou ao estudo dos
símbolos e que deixou muitos seguidores. Seminarista da Igreja Católica Romana, artista plástico, seu
nome verdadeiro era Alphonse Louis Constant.
•
O Iniciado (ou O Recipiendário). Texto de Eliphas Levi em seu Dogma e Ritual da Alta Magia. Cap. I do 1º volume, em
• Éliphas Lévi, sacerdote, radical, mago. Biografia do ocultista francês que ressalta seu papel no renascimento moderno
da magia como caminho espiritual e no desenvolvimento do tarô esotérico. Elababorada por James W. Revak e traduzida
por Alexsander Lepletier: Mago e tarólogo
• do Tarô: Eliphas Levi
Biografia de Éliphas Lévi. Reprodução de texto da Sociedade de Ciências Antigas com ilustrações recolhidas pelo Clube
• organizações ocultistas, consulte a tese de Rui Sá Silva Barros sobre esse período: Tomando o céu de assalto...
História do esoterismo. Para compreender melhor o clima cultural da Europa nos séculos 18 e 19, e o surgimento de
Stanilas de Guaita
Outros nomes também se destacam nesse período efervescente, como é o caso de Stanislas de
Guaita (1861-1897), fundador da "Ordem Kabalística da Rosacruz", que congregou muitos dos assim
chamados "ocultistas" e "magos".
Oswald Wirth
Nesse sentido, embora fosse maçom, seu trabalho não constituiu um "tarô maçônico", exclusivo, como
alguns defendem, a menos que também se considere os desenhos dos antigos "cartiers" franceses, entre
eles o jogo marselhês, como herdeiros dos antigos construtores das catedrais, o que aí, sim, seria
cabível.
• Oswald Wirth trabalhou os agrupamentos dos arcanos maiores, oferecendo exemplos estimuladores para o estudo de
combinações em pares, grupos e tétrades. Conheça sua visão de conjunto dos arcanos: Indícios reveladores
• Quanto a idéia de um tarô maçônico, além da resenha sobre o Tarô de Marselha, dois textos de Jean-Claude
Flornoy mencionam as vicissitudes das corporações de ofício: O Tarot de Jean Noblet (1650) e Tarôs de Jean Dodal e
Jean-Pierre Payen (1701-15)
Embora seja muito mais popular que Eliphas Levi e Oswald Wirth, há estudiosos, entre entre eles P.
Ouspensky, que apontam deslizes e generalizações indevidas em seus textos.
• Papus, médico e mago. Um apanhado da vida e obra de Gérard-Anaclet-Vincent Encausse (1868-1916) e sua influência
nos estudos sobre a dimensão simbólica do tarô. Texto de James W. Revak traduzido por Alesander Lepletier: Sua vida:
estudante de medicina e de ocultismo
René Guénon
René Guénon teve força e coragem para remar contra a maré e dedicou sua vida ao estudo e à
transmissão do saber que se encontra além da ciência moderna.
• A crise do mundo moderno, por René Guénon. Um estudo publicado pela primeira vez em 1927, mas que mantém uma
inquietante atualidade em razão do agravamento dos indicadores apontados pelo autor: prevalência da quantidade sobre a
qualidade, do profano sobre o sagrado, do poder pessoal sobre o servir. Tradução de Bete Torii: Baixar ou ler
Formato pdf com 495KB. 108 págs. 14x21cm, imprimíveis em 54 folhas tamanho A4.
• Os símbolos da Ciência Sagrada. Quatro textos de René Guénon que tratam dos atributos fundamentais dos símbolos,
que não podem ser confundidos ou reduzidos aos conceitos das ciências ou das psicologias modernas: Simbolismo
tradicional
• René Guénon - dados biográficos, por Antonio Carlos Carvalho, tradutor do livro A crise do mundo moderno para uma
edição portuguesa: Biografia
Os ingleses
Na esteira do que se passa no continente europeu, a Inglaterra é igualmente palco para personagens
que incluem o Tarô em seus estudos.
MacGregor Mathers
• desse baralho que acabou por se tornar uma referência para os re-desenhos modernos: O Tarô de Waite
O Tarô de Arthur Waite & Pamela Smith é situado por Constantino K. Riemma, que focaliza alguns aspectos críticos
•
O Tarô Rider-Waite, texto de Lívia Krassuski de apresentação do baralho e menções ao contexto no qual ele aparece,
como é o caso do movimento Aurora Dourada (Golden Dawn): Introdução
Aleister Crowley
• desenhos: Explicação do baralho
O Tarô de Crowley-Harris ou Tarô de Thoth. Cláudio Carvalho, apresenta e discute a história da elaboração dos
Entre os estudos muito importantes sobre os fundamentos simbólicos do tarô, alguns deles representam
um verdadeiro desafio para os iniciantes. É o caso de dois autores russos – Mebes e Tomberg –
produziram obras que vão muito além do esoterismo para consumo em feiras e bijuterias.
G. O. Mebes
O que nos restou de seus cursos foram anotações de alunos, portanto sem muitas explicações de
detalhes para aqueles que desconhecem a simbólica da Árvore de Vida e não participavam diretamente
do contexto prático em que Mebes realizava o seu trabalho.
Mebes está longe do papel de personalidade popular, mas deixou para a posteridade importantes
estímulos para novas direções de pesquisa sobre as cartas ao estabelecer inusitados nexos entre
símbolos cabalísticos e os arcanos maiores e menores.
• Editora Pensamento: Biografia
Dados biográficos de Mebes, por Martha Pécher, tradutora dos livros de GOM para o português e publicados pela
• Galeria das cartas do tarô de Mebes, reúne as ilustrações originais do livro publicado na China, bem como
restaurações e outros jogos por ele inspirados: 1. Cartas originais, 2. O Tarot Cabalistico de G.O.M. por Yeremyan-
Ayvazians, 3. O Arcanos Maiores no Tarô de Vasily Masiutins,
• El Tarot - Curso Contemporáneo de La Quinta Esencia del Ocultismo Hermético. Texto de Mouni Sadhu, que apresenta
os 22 arcanos maiores do tarô tal como foram ensinados por Mebes em suas aulas. Esse texto está disponível
na Biblioteca Digital.
Valentim Tomberg
Outro nome que permanece afastado do espaço circence cultivado por algumas
personalidades, mas que pode ser considerado como o autor mais consistente na
indicação dos vínculos possível do tarô com diferentes correntes de ensinamento, é o
de Valentim Tomberg, contemporâneo de Mebes e que conseguiu manter-se anônimo
por algumas décadas.
Embora também dependamos de muito estudo para compreender todo o alcance das
afirmações de Tomberg, o seu texto Meditações sobre os arcanos maiores do Tarô foi
especialmente preparado para publicação e, dentro do possível, ele se mostra bem
Valentin didático. Pode ser considerado como o ponto alto dos estudos sobre o Tarô.
Tomberg
• Riemma: Anonimato e reconhecimento
Valentim Tomberg. Apresentação do livro Meditações sobre os 22 arcanos maiores do Tarô por Constantino K.
O cenário nas Américas
Dada a receptividade do tarô nas Américas, muitos livros foram publicados com ampla diversificação de
público e de propósitos. Na maior parte dos casos consistem em manuais de introdução e estudo prático
das cartas. Não vieram à luz pesquisas e tratados como aqueles que foram elaborados por autores
europeus. A notável exceção, nesse sentido, é o trabalho do argentino J. Iglesias Janeiro, autor de La
Cábala de Predición e criador de um tarô egípcio que obteve grande aceitação e que foi reproduzido
inclusive pela USGames, a importante editora norte-americana de baralhos.
Entre os norte-americanos destaca-se a figura de Paul Foster Case, que se vinculou a fontes européias
de linha rosa-cruz e Golden Down, entre outras. Escreve um livro sobre o tarô no qual revê e redesenha
as cartas de Waite.
Também podem ser encontradas muitas adaptações do baralho tradicional às múltiplas referências
culturais que ganharam espaço no continente, como é o caso das tradições africanas, indígenas, e do
cenário cigano. Tratam-se, porém, na grande maioria dos casos de edições dos próprios autores, com
distribuição limitada.
Indicamos, abaixo, links para artigos, resenhas e produções artísticas produzidos nas Américas ligados
ao tarô:
No clima europeu do século XIX, em que o Tarô foi revalorizado pelos estudiosos de temas esotéricos,
torna-se compreensível que seria bem recebida a troca de termos para designar as cartas e o baralho.
De fato foi o que aconteceu a partir da publicação, em 1865, da obra "L’homme rouge des Tuileries" de
Paul Christian, pseudônimo de Jean-Baptiste Pitois (1811-1877). Discípulo de Eliphas Levi, atribui-se a
Paul Christian ter "inventado os termos lâminas e arcanos para designar as cartas dos Tarots".
A partir da segunda metade do século XIX, tornou-se usual a utilização dos termos lâmina e,
principalmente, arcano em substituição a carta.
Nos dois últimos séculos surgiram inúmeros desenhos diferentes, com as mais variadas inspirações
artísticas, que animam os colecionadores de todo o mundo.
Hoje podemos encontrar editoras especializadas, em especial nos Estados Unidos e Europa, com
centenas de baralhos redesenhados livremente nos últimos cinqüenta anos. Existe de tudo, e em tal
profusão, que torna difícil para o iniciante distinguir as invenções livres, subjetivas, sem compromisso
com qualquer fonte de conhecimento, e os trabalhos que buscam os vínculos do Tarô com os
Ensinamentos antigos.
Nessa situação, torna-se recomendável aos interessados em estudar e compreender os ensinamentos contidos no Tarô,
que comecem sua investigação pelos desenhos clássicos; estes possivelmente estão mais próximos da fonte e menos
distorcidos pela subjetividade de artistas que nem sempre conhecem a amplitude de significados simbólicos das
antigas figuras que se propõem a reinventar.
Quanto aos manuais e livros sobre o Tarô, é bom lembrar que só começaram a ser publicados nos últimos 200 anos.
Nos séculos anteriores não circulava qualquer "manual de instrução". As cartas talvez fossem entendidas de modo
mais direto e seu sentido transmitido na convivência, de forma espontânea. Hoje, porém, temos necessidade de
manuais e professores e não é muito fácil, à primeira vista, distinguir os diferentes níveis de qualidade e de
compreensão. Uma profusão de fantasias, atraentes do ponto de vista artístico, mas carentes de consistência,
convivem com – e no mais das vezes encobrem – os testemunhos de uma outra ordem de conhecimento.
• Hipóteses livres sobre a origem das cartas: As lendas e o imaginário sobre o tarô
•
Para conhecer detalhes dos baralhos antigos e modernos veja: Baralhos - resenhas e galerias
0 - 22 1 2 3 4 5 6 7
Louco Mago Papisa Imperatriz Imperador Papa Namorados Carro
8 9 10 Roda 11 12 13 14
Justiça Eremita da Fortuna Força Pendurado Morte Temperança
15 16 17 18 19 20 21
Diabo Torre Estrela Lua SoL Julgamento Mundo
Significados simbólicos
A busca e o Filho Pródigo. A experiência de ultrapassar os limites.
Tarô de Marselha (1750)
www.krishadar.com
História e iconografia
Reis e senhores, desde épocas remotas, tinham bufões em seus palácios, verdadeiras caricaturas da
corte. Histórias sobre eles, bem como as representações gráficas desse personagem, podem ser
contadas às dezenas.
Fontes:
Alberto Cousté, O Tarô ou a máquina de imaginar . Rio, Ed. Labor, 1977.
Fonte básica para a descrição inicial dos 22 arcanos maiores e para o ítem História e Iconografia.
Anônimo (Valentin Tomberg), Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô . São Paulo, Ed. Paulinas
O subtítulo da tradução espanhola (Herder, 1987) foi copiado nesta compilação.
Paul Marteau, O Tarô de Marselha .São Paulo, Ed. Objetiva, 1991.
Essa obra serviu de base para o ítem Interpretações usuais na cartomancia.
Para fontes secundárias nesta compilação veja: Bibliografia
• Matto - O Louco
Il Matto - O Louco. Um excelente estudo da história e iconografia das cartas compilado por Iolon - Tarot Wheel : Il
• cartas e suas correspondências com outras fontes simbólicas, entre elas a Árvore da Vida da Cabala: Arcanos I e 0
De Mago e Louco todo mundo tem um pouco... Texto em que João Cláudio Fontes, estabelece relações entre as duas
• Lindalva Rodrigues de Barros, Maria Celeste Rodrigues, Sérgio Barboza, Sérgio Frug, Sônia Blota Belotti: A trouxa
A trouxa do Louco, um segredo abordado com textos e poemas de Betoh Simonsen, Constantino, Flávio Alberoni,
• desejar: Caminhos
O Louco no tarô, em nós e na Astrologia, por Titi Vidal. A liberdade do coringa para estar em qualquer posição que
• "arcano": Semântica
O Tarô e algumas questões semânticas, por Cid Marcus Vasques. Uma aula sobre o significado de
Arte e Iconografia
• Bobos da Corte e o dos Peregrinos. Alguns exemplos podem ser apreciados em O Louco: Arte e Iconografia
As obras de arte antigas que podemos associadar à figura de O Louco no Tarô cabem em dois grupos: o dos Bufões e
•
Arte Moderna. Exemplos da livre reinvenção artística do baralho, que hoje existem aos milhares, podem ser acessados
O Louco : Crônicas & Artes
• Crianças. Crônica de Denise Fernandes Marsiglia envolvendo: O Mago, a Papisa, a Força e o Louco.
• Na seção de Artes e Poemas encontram-se versos inspirados no arcano : O Louco
I. O Mágico ou O Mago
Significados simbólicos
História e iconografia
Desde a Idade Média são bem conhecidos esses personagens que ganhavam a vida com suas
habilidades. Seu ofício combinava frequentemente a apresentação de danças e a prática de
charlatanismo – muitos deles passavam o tempo a vagabundear pelas feiras.
Uma das especulações em torno do personagem do Arcano I pode ser estabelecida a partir da
sua atividade intensa, de seu dinamismo sem repouso (produto de seu caráter de
intermediário entre o sensível e o virtual), atributo que o relaciona de modo estreito ao
simbolismo de Mercúrio.
Hermes (Mercúrio)
Fontes:
Alberto Cousté, O Tarô ou a máquina de imaginar . Rio, Ed. Labor, 1977.
Fonte básica para a descrição inicial dos 22 arcanos maiores e para o ítem História e Iconografia.
Anônimo (Valentin Tomberg), Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô . São Paulo, Ed. Paulinas
O subtítulo da tradução espanhola (Herder, 1987) foi copiado nesta compilação.
Paul Marteau, O Tarô de Marselha .São Paulo, Ed. Objetiva, 1991.
Essa obra serviu de base para o ítem Interpretações usuais na cartomancia.
Para fontes secundárias nesta compilação veja: Bibliografia
• que trata da Unidade do dogma, da Disciplina e das qualidades exigidas do Adepto: A ciência que nos vem dos Magos
O Iniciado (ou O Recipiendário). Texto de Eliphas Levi em seu Dogma e Ritual da Alta Magia. Cap. I do 1º volume, em
• cartas e suas correspondências com outras fontes simbólicas, entre elas a Árvore da Vida da Cabala: Arcanos I e 0
De Mago e Louco todo mundo tem um pouco...Texto em que João Cláudio Fontes, estabelece relações entre as duas
• vida: Talentos e aptidões
O mês do Mago. Significados que Valéria Fernandes destaca quando o Arcano I é selecionado para orientar um mês de
História e iconografia
Fontes:
Alberto Cousté, O Tarô ou a máquina de imaginar . Rio, Ed. Labor, 1977.
Fonte básica para a descrição inicial dos 22 arcanos maiores e para o ítem História e Iconografia.
Anônimo (Valentin Tomberg), Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô . São Paulo, Ed. Paulinas
O subtítulo da tradução espanhola (Herder, 1987) foi copiado nesta compilação.
Paul Marteau, O Tarô de Marselha .São Paulo, Ed. Objetiva, 1991.
Essa obra serviu de base para o ítem Interpretações usuais na cartomancia.
Para fontes secundárias nesta compilação veja: Bibliografia
Outros estudos sobre a Papisa
• dos Santos tece correlações entre o Arcano II e os símbolos da Árvore da Vida da tradição cabalista : O caminho 13
A Sacerdotisa Cabalistica de Arthur Edward Waite: uma interpretação iconográfica. O tarólogo Emanuel José
• Uma experiência. Relato de Flávio Alberoni de uma tiragem com o arcano 2: Papisa.
• Os Arcanos Maiores na Tradição Cigana. Transcrição do curso que Sarani Barrios ministrou no segundo semestre de
2008, em que revela a singular integração dos arcanos maiores aos diferentes ciclos de vida e às particularidades de
cada idade : Os Arcanos Maiores
• lentos e suas correlações com alguns arcanos : Planetas e arcanos maiores - Papisa, Eremita, Morte, Torre...
Saturno, os planetas transaturninos e o Tarot. Betôh Simonsen apresenta os significados dos quatro planetas mais
III. A Imperatriz
Marselha-Camoin (1750)
História e iconografia
O arcano da Imperatriz, adornada com os símbolos atribuídos à
feminilidade triunfante, relaciona-se a um amplo repertório: A Imperatriz
Tarocchi Visconti-Sforza
Restaurado por Scarabeo
Ela é a Madona cristã, a esposa do rei ou mãe do herói; a deusa primordial de todos os ritos matriarcais; as quatro
damas do baralho.
Fontes:
Anônimo (Valentin Tomberg), Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô. São Paulo, Ed.
Paulinas
O subtítulo da tradução espanhola (Herder, 1987) foi copiado nesta compilação.
• de vida: Essência criadora
O mês da Imperatriz. Significados que Valéria Fernandes destaca quando o Arcano IV é sorteado para orientar um mês
• cartas: O Louco
Curso de Tarô com Betoh Simonsen. Texto integral do livro que Betô preparou para a apresentação do jogo completo das
Significados simbólicos
O poder, o portal, o governo, a iniciação, o tetragrama, o quaternário, a pedra cúbica ou
sua base. Proteção paternal.
Firmeza. Afirmação. Consistência. Autoridade. Poder executivo. Influência saturnina-
marciana. Concretização, habilidades práticas, ordem, estabilidade, prestígio.
Fontes:
Alberto Cousté, O Tarô ou a máquina de imaginar . Rio, Ed. Labor, 1977.
Fonte básica para a descrição inicial dos 22 arcanos maiores e para o ítem História e Iconografia.
Anônimo (Valentin Tomberg), Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô . São Paulo, Ed. Paulinas
O subtítulo da tradução espanhola (Herder, 1987) foi copiado nesta compilação.
Paul Marteau, O Tarô de Marselha .São Paulo, Ed. Objetiva, 1991.
Essa obra serviu de base para o ítem Interpretações usuais na cartomancia.
Para fontes secundárias nesta compilação veja: Bibliografia
• uma conversa entre amigas, os atributos do Imperador: O poder físico, material e sexual
Eu poderia pensar como um Imperador? A taróloga e jornalista Cristina Guedes comenta, como em
• 2011 no arcano IV, oferecendo variados significados e aplicações para essa carta:
Aplicações práticas em prognósticos e previsões. Alguns tarólogos apoiaram suas previsões para
Adriana Carneiro: Reverencianado o ano...
Maysa
Rodrigues: O
Imperador e
Dilma
O Imperador e as Artes
• arcanos da Morte e do Julgamento : Eu gosto do cheiro do meu pai
Meu pai, o Imperador. Crônica de Denise Marsiglia Fernades sobre a figura paterna, incluindo os
• depoimento de um bom homem que o fez lembrar do Imperador : Gestos de acolher e de servir
Encontros com o Tarô na Vida. Artigo de Joneth de Carvalho sobre os seus estudos e sobre o
Significados simbólicos
É o arcano da bênção, da iniciação, da demonstração, do ensino.
Tarô de Marselha (1750)
www.camoin.com
Dever. Moral. Consciência. Santidade.
Lei, simbolismo, filosofia, religião. Evoca os níveis mais altos de consciência.
Interpretações usuais na cartomancia
Autoridade moral, sacerdócio, instrução. Proteção, lealdade. Observância das convenções,
respeitabilidade. Ensino, conselhos equilibrados. Benevolência, generosidade, indulgência,
perdão. Mansidão.
Busca de sentido, revelação, hora da verdade, confiança, indicações do
caminho da salvação.
Mental: O Pontífice representa a forma ativa da inteligência humana,
que traz principalmente as soluções lógicas. Significa também os
pensamentos inspirados por um nível mais alto de consciência.
Emocional: Sentimentos poderosos, afetos sólidos, solicitude, sem
cair em sentimentalismos. O Pontífice indica os sentimentos normais,
tal como devem ser manifestados na vida, de acordo com as
circunstâncias.
Físico: Equilíbrio, segurança na situação e na saúde. Segredo
revelado. Vocação religiosa ou cientifica. Especialista em sua área.
Desafios e sombra: Indica um ser desconectado de sua razão e seus
instintos, na obscuridade, carente de apoio espiritual. Projeto
retardado.
Chefe sentencioso, moralista estreito, rígido, prisioneiro das
formalidades, metafísico dogmático, professor autoritário, teórico
limitado, pregador da “boca pra fora”.
Conselheiro desprovido de sentido prático.
Problemas com saúde, indecisão, negligência.
O Papa
Tarô Gringonneur (1455)
História e iconografia
O Arcano V é uma das figuras que permitiram precisar com maior exatidão a antiguidade do Tarô, já que
seus detalhes iconográficos remontam a um modelo perdido em que se inspirou necessariamente o
desenho de Fautrier (Tarô de Marselha), o que é confirmado pelas diferenças e semelhanças com maços
mais antigos, como os de Baldini (1436-1487) e Gringonneur (1450).
Em primeiro lugar, é preciso destacar que o Pontífice do Tarô de Marselha é barbudo, enquanto seus
precursores renascentistas e medievais não o são. Há estudos que estabelecem uma curiosa cronologia
da moda papal neste aspecto. Torna-se assim evidente que o tarô clássico copia um modelo mais antigo
que não chegou até nós, mas que assegura a continuidade evolutiva do Tarô desde os imagiers du
moyen age até a atualidade.
Outro detalhe interessante é o da evolução da tiara papal na iconografia do Tarô. A tiara (com seu
simbolismo sobre a existência dos três reinos ou mundos) não é um elemento litúrgico que permaneceu
invariável ao longo da História. Boa parte dos estudiosos tende a concluir que as composições das tiaras
representadas no Tarô clássico foram inspiradas em gravações anteriores ao século XV, possivelmente
dos fins do primeiro milênio.
Para correlações entre as virtudes e as cartas do Tarô, veja As Sete Virtudes Cristãs e o Tarô com
comentários de vários tarólogos.
Wirth o imagina o Papa como um ancião pleno de indulgência para com as debilidades humanas,
pontificando ante duas categorias de fiéis: aqueles que compreendem (representados pelo personagem
com a mão para o alto); e os que formam o rebanho cego e inconsciente que obedece por temor ao
castigo, e não por autodeterminação (representados pelo personagem que aponta a mão para o chão).
Estas combinações (alto e baixo, direita e esquerda) voltam a colocar a ordem do quaternário como
modelo de organização.
Considerado do ponto de vista do quaternário formado pelos arcanos anteriores, o Pontífice
representaria o conteúdo da forma, a quintessência concebível (se bem que imperceptível), o domínio da
quarta dimensão.
Fontes:
Alberto Cousté, O Tarô ou a máquina de imaginar . Rio, Ed. Labor, 1977.
Fonte básica para a descrição inicial dos 22 arcanos maiores e para o ítem História e Iconografia.
Anônimo (Valentin Tomberg), Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô . São Paulo, Ed. Paulinas
O subtítulo da tradução espanhola (Herder, 1987) foi copiado nesta compilação.
Paul Marteau, O Tarô de Marselha .São Paulo, Ed. Objetiva, 1991.
Essa obra serviu de base para o ítem Interpretações usuais na cartomancia.
Para fontes secundárias nesta compilação veja: Bibliografia
• O Hierofante e a Consciência de Si. João Cláudio Fontes, estabelece correlações do arcano com os cinco elementos da
medicina chinesa, com um caminho da Árvore da Vida da Cabala e com o clássico sufi A Conferência dos
Pássaros: Arcano V
Significados simbólicos
Envolvimento afetivo, disposição amorosa, sentimentos.
Matrimônio, ligação, união. Integração de ambos os sexos ao
poder gerador do universo.
Livre arbítrio, escolha. Maioridade. Prova.
Encadeamento, combinação, equilíbrio, enredo, abraço. Luta,
antagonismo.
No tarô de Marselha da editora Grimaud (1760) as mangas brancas da mulher dão a entender que é
dela o braço em questão, embora o perfil da mão só pudesse ser a do personagem masculino no centro.
Já no jogo restaurado em 1998 por Camoin e Jodorowsky (a primeira ilustração no alto da página), o
homem e a mulher têm mangas azuis e, assim, a ambiguidade persiste. Apenas na versão do tarô de
Marselha restaurado por Kris Hadar (acima, à direita), há uma alteração de detalhe no encontro dos
ombros dos dois personagens e faz com que a cor amarela da manga marque o braço como sendo do
homem, o personagem no centro da carta. Ou seja, como é comum na história das cartas, não faltam
questões e ambiguidades...
História e iconografia
Em vasos e quadros da época romana, encontra-se com frequência a imagem de um casal de
namorados ante uma terceira pessoa ou elemento (em geral um Cupido).
O Arcano VI parece referir-se de forma alegórica a uma ideia diferente: a famosa parábola
de Hércules na encruzilhada entre a Virtude e o Vicio, tal como conta Xenofonte nas suas lembranças
de Sócrates. É bem provável que esta parábola – e suas variantes, como a de Luciano, o Jovem,
disputado pela Arte e pela Ciência, entre as mais conhecidas– tenha sido popular na Idade Média, visto
que é citada por vários autores dessa época (Cícero, no Tratado dos Deveres; São Basílio, no
seu Discurso aos Jovens).
É preciso remontar mais uma vez aos pitagóricos para encontrar o simbolismo gráfico do tema,
representado entre eles pela letra Y, emblema da escolha vital que todo homem realiza no final da
infância.
célebres pintores renascentistas – Rafael, Perugino – deram testemunho dessa cerimônia na vida da
Virgem.
Wirth vê no Enamorado a primeira fase individual da trajetória iniciática, quando o homem terminou a
sua formação, mas não começou ainda o seu trabalho.
Outra vertente de interpretação menciona o simbolismo sexual do “senário”,
partindo do sentido literal do nome da Carta.
“Entre os pitagóricos – disse Clemente de Alexandria – o seis é um numero
sexual, chamando-se por esta razão O Matrimônio”.
Nas analogias geométricas, o Enamorado se identifica ao selo de Salomão, ou
seja, tem claro vínculo com cópula dos triângulos entrelaçados.
Do ponto do vista psicológico, é sem dúvida a metáfora mais transparente do
caminho para a identidade, que apenas se realiza no conflito e no intercâmbio com
o mundo e com os outros.
Selo de Salomão
Fontes:
Alberto Cousté, O Tarô ou a máquina de imaginar . Rio, Ed. Labor, 1977.
Fonte básica para a descrição inicial dos 22 arcanos maiores e para o ítem História e Iconografia.
Anônimo (Valentin Tomberg), Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô . São Paulo, Ed. Paulinas
O subtítulo da tradução espanhola (Herder, 1987) foi copiado nesta compilação.
Paul Marteau, O Tarô de Marselha .São Paulo, Ed. Objetiva, 1991.
Essa obra serviu de base para o ítem Interpretações usuais na cartomancia.
Para fontes secundárias nesta compilação veja: Bibliografia
Frase
• O amor, a dois, fica entre o amor impróprio, a três, e o amor próprio, individual. Millôr Fernandes
• Os Enamorados nas Previsões para 2013. O recurso de definir a carta significativa para cada ano com a soma de
seus algarismos (2013 -> 2 +0+1+3 = 6) pode ser avaliado nas Previsões para 2013, em particular nos artigos de
Bete Torii, Cláudio César de Carvalho, Cristina Guedes, Helena Gerenstadt, Júlio César, Malu Pereira, Prem Mangla
• questões do amor e dos corações : A força motriz das escolhas e das decisões
Nós e Eros apontados para a vida? Cristina Guedes recorre aos mitos e à arte para ampliar nosso olhar para as
• Escolhas e decisões é o tema que Valéria Fernandes trata com base no arcano dos Enamorados incluindo ainda
indicações do Sete de Ouros, Oito de Espadas e Rei de Copas : As escolhas no Tarô
VII. O Carro
Cinco plantas brotam do solo. Não aparecem rédeas ou qualquer outro meio de guiar o carro.
Significados simbólicos
Contemplação ativa, repouso. Vitória, triunfo.
O setenário sagrado, a realeza, o sacerdócio.
Magistério. Superioridade. Realização.
História e iconografia
O desfile dos heróis triunfantes de pé sobre seus carros de guerra é um costume pelo menos tão antigo
quanto os próprios carros de guerra. Court de Gébelin – e com ele os que acreditam numa origem
egípcia do Tarô – imagina que o Arcano VII nada mais é que a reapresentação do Osíris triunfal, e que
os cavalos são uma herança vulgar da Esfinge.
Mais coerente, contudo, é relacionr essa figura às apoteoses lendárias que comoveram a Idade Média,
época em que se localiza sua iconografia.
Os heróis não podem, contudo, sobrepor-se aos deuses: na metade do caminho Alexandre recebeu um
emissário dos deuses, um enfurecido Homem Pássaro que insistiu para que ele desistisse de seu projeto.
Muito a contragosto, Alexandre aceitou a censura e atirou a lança para a Terra, para onde desceram os
Grifos, impacientes e vorazes.
Essa lenda, nascida certamente no Oriente, foi introduzida na Europa no fim do século II. Estendeu-se
em seguida por todo o Ocidente cristão e era conhecida desde a baixa Idade Média. Numerosas
ilustrações e várias esculturas que a representam chegaram até nós. A Crônica Mundial, de Rudolph von
Ems (século XIII) a reproduz em uma detalhada miniatura; em São Marcos de Veneza está o relevo
talvez mais significativo para rastrear as fontes inspiradoras do Arcano VII: a cesta de Alexandre é ali
uma caixa semelhante à de O Carro; aparecem também as rodas esboçadas.
Durante a Idade Média, a arte dos imagiers parece ter-se servido desta lenda como uma alegoria
do orgulho.
Por sua amplitude simbólica e pela beleza da sua composição, O Carro figura entre os arcanos de maior
prestígio do Tarô. É, também, um dos que oferecem maiores lacunas de interpretação.
O arcano 7 é associado à Zain, sétima letra do alfabeto hebreu, que corresponde ao nosso Z; representa
mobilidade, inquietude, deslocamentos rápidos, ação em ziguezague.
Há quem veja ainda, nos animais presos, uma anfisbena (serpente de duas cabeças), ou poderes
antagônicos que é necessário subjugar para prosseguir – “assim como no caduceu se equilibram as duas
serpentes contrárias”. O veículo representaria o simbolismo do Antimônio (ou a Alma Intelectual dos
alquimistas), mencionado como Currus Triumphalis num tratado de Basílio Valentin (Amsterdã, 1671).
A totalidade do arcano sugere, para Wirth, a ideia do corpo sutil da alma, graças ao qual o espírito pode
se manifestar no campo do material. Esta ideia de um halo ou dupla transubstancial que não pode ser
relacionada a nenhum dos três aspectos do homem (corpo –> alma –> espírito), mas que tende a
relacioná-los entre si, gozou de um vasto prestígio esotérico: é o corpo sideral de Paracelso (ou astral,
na linguagem teosófica), como também o “corpo aromático”, de Fourier, ou o Kama rupa do budismo
soteriológico.
Siglas no escudo
Finalmente, cabe examinar as letras inscritas no escudo – S e M – tal como aparecem no Tarô de
Marselha da Editora Grimaud.
O Carro em tarôs clássicos: sem letras no escudo da carruagem – Jacques Vieville (1650) – e com
letras IN no Jean Noblet (1650), VT no Nicolas Convert (1760) e FT no François Tourcaty (1800)
Ao observamos, porém, as gravuras antigas dos baralhos podemos constatar que existem evidências de
que a inclusão de sílabas têm razões menos esotéricas do que alguns supõe. Há gravuras em que o
escudo permanece vazio, mas em boa parte dos baralhos clássicos, o espaço é preenchido com letras
que variam de jogo para jogo, usualmente com as iniciais do proprietário da casa impressora, como
exemplificam as cartas acima que circularam amplamente pela Europa. Algo semelhante se passa com a
carta Dois de Ouros (veja), que traz uma faixa quase sempre preenchida com o nome dos editores.
Não é este, porém, o único ponto controverso do arcano que Éliphas Lévy chamou de “o mais belo e
mais completo de todos que compõem a chave do Tarô”.
Fontes:
Alberto Cousté, O Tarô ou a máquina de imaginar . Rio, Ed. Labor, 1977.
Fonte básica para a descrição inicial dos 22 arcanos maiores e para o ítem História e Iconografia.
Anônimo (Valentin Tomberg), Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô . São Paulo, Ed. Paulinas
O subtítulo da tradução espanhola (Herder, 1987) foi copiado nesta compilação.
Paul Marteau, O Tarô de Marselha .São Paulo, Ed. Objetiva, 1991.
Essa obra serviu de base para o ítem Interpretações usuais na cartomancia.
Para fontes secundárias nesta compilação veja: Bibliografia
• o movimento
O Carro - luz e sombra. Verbenna Yin aborda aspectos psicológicos e terapêuticos do arcano 7 : O conflito não impede
• Triunfo militar que podem ser associadas ao lado luminoso e à face sombria do Arcano VII: Ganhos e perdas
O Carro ou a Carruagem - vitória garantida. Giancarlo Kind Schmid apresenta referências historicas e imagens do
• O Carro nas Previsões para 2014. Muitos tarólogos focam suas previsões anuais com apoio na soma dos algarismos:
2014 -> 2 +0+1+4 = 7. Esse recurso numerológico pode ser apreciado nas Previsões para 2014, como nos artigos
de Cristina Guedes, Harah Nahuz, Helena Gerenstadt, Lis Silveira, Malu Pereira, Mercedes Requena, Tiago Lopes
•
O mês do Carro. Significados que Valéria Fernandes destaca quando o Arcano VII é selecionado para orientar um mês
• O arcano 7 e sua relação com o 16, por Flávio Alberoni: O Carro e relações
VIII. A Justiça
Uma mulher, sentada num trono, tem em sua mão direita uma espada
desembainhada com a ponta virada para cima, e na esquerda uma
balança com os pratos em equilíbrio. A mão que segura a balança
encontra-se à altura do coração.
Este personagem, que é visto de frente, está vestido com uma túnica cujo
panejamento sugere uma mandorla (figura geométrica em forma de
amêndoa; veja arcano 21 – O Mundo), espaço de conciliação das
polaridades.
Não se veem os pés da mulher nem a cadeira propriamente dita. Aparece,
em compensação, com toda nitidez, o espaldar do trono: as esferas que o
arrematam estão talhadas de maneira diferente.
Significados simbólicos
Justiça, equilíbrio, ordem.
Capacidade de julgamento.
Conciliação entre o ideal e o possível. Harmonia. Objetividade,
regularidade, método.
Balança, avaliação, atração e repulsão, vida e temor, promessa e ameaça.
Tarô Marselha-Camoin
(1750)
História e iconografia
A representação da Justiça como uma mulher com balança e
espada (ou livro) data provavelmente de um período remoto da
arte romana.
Durante a primeira parte da Idade Média, espada e balança
passaram a ser atributos do Arcanjo Miguel, comumente
designado por Micael ou São Miguel, que parece ter herdado as
funções do Osíris subterrâneo, o pesador de almas.
Mais tarde estes elementos passam para as mãos da impassível
Bamberg (1237)
dama, da qual há figurações relativamente antigas na arte
medieval: um alto-relevo da catedral de Bamberg, datado de 1237,
a representa deste modo.
Miguel Arcanjo
IX . O Eremita
Significados simbólicos
O Iniciado, o buscador incansável. Sabedoria, iluminação,
estudo, autoconhecimento.
Meditação, recolhimento, saber desligar-se. Reavaliação da
vida e dos objetivos.
Concentração, silêncio. Profundidade.
Prudência. Reserva. Limites. Influência saturnina.
Tarô de Marselha-Camoin
(1750)
História e iconografia
O Ermitão é, sem dúvida, um dos arcanos menos alegóricos do Tarô. A imagem de um
peregrino em hábito de monge, portando um cajado, pode ser encontrado em dezenas de
iluminuras em manuscritos dos séculos XV e XVI. O único detalhe que o afasta desta
monotonia é a lâmpada que leva na mão direita: por ela imagina-se que seja uma
ilustração da conhecida história de Diógenes em busca de um homem honesto. Esse relato
foi muito popular na alta Idade Média e no Renascimento e, de fato, vários modelos
renascentistas do Tarô chamam o Arcano VIIII de Diógenes.
Alguns estudiosos acreditam que boa parte do simbolismo do Ermitão liga-se aos princípios
fundamentais desse filósofo cínico: desprezo pelas convenções e vaidades, isolamento,
renúncia à transmissão pública do conhecimento.
Mas este mutável personagem teve ainda outras
representações: no tarocchino de Bolonha, aparece com
muletas e asas; no de Carlos VI, tem uma ampulheta no lugar
da lâmpada (o que o associa a Cronos ou Saturno, medidores
do tempo).
Outra interpretação surge ainda do aparente erro ortográfico
que se pode ver no Tarô de Marselha, onde a carta figura
como L'Hermite em lugar de L'Ermite. Etimologicamente, o
nome não derivaria então do grego eremites, eremos = deserto,
mas provavelmente de Hermes e seu polivalente simbolismo. A
esse respeito, podemos lembrar que é precisamente a Thot,
equivalente egípcio de Hermes, que Gébelin e seus seguidores
atribuem a invenção do Tarô.
Wirth explica os atributos do Eremita como termo final do
terceiro ternário do Tarô, relacionando-o com os arcanos VII e
VIII, que o precedem nesse ternário. Nessa relação, O
Carro aparece como o homem jovem e impaciente para realizar
a obra do progresso, que A Justiça se encarrega de retardar,
amiga como é da ordem e pouco amante das improvisações; O
Ermitão seria o conciliador deste antagonismo, evitando tanto a
precipitação quanto a imobilidade.
Fontes:
Alberto Cousté, O Tarô ou a máquina de imaginar . Rio, Ed. Labor, 1977.
Fonte básica para a descrição inicial dos 22 arcanos maiores e para o ítem História e Iconografia.
Anônimo (Valentin Tomberg), Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô . São Paulo, Ed. Paulinas
O subtítulo da tradução espanhola (Herder, 1987) foi copiado nesta compilação.
Paul Marteau, O Tarô de Marselha .São Paulo, Ed. Objetiva, 1991.
Essa obra serviu de base para o ítem Interpretações usuais na cartomancia.
Para fontes secundárias nesta compilação veja: Bibliografia
Outros estudos sobre o Eremita
• Schmid sobre a presença desses répteis em versões modernas dos arcanos : Louco e Eremita
O crocodilo e a serpente no tarô: nossas jornadas e seus riscos. Estudo de Giancarlo K.
• Ribeiro a estabelecer relações do arcano com a natureza e os mito : O tempo em uma canção
A representação do Eremita. A música de Caetano Veloso cantada por Maria Gadú inspira Mara Rubia
• personagem : Luz
Eremita - um guia de luz, por Valéria Fernandes. Trata dos elementos simbólicos portados pelo
• Soares e Tiago Lopes. Cinco ângulos de apreciação do Eremita a propósito do Ano Novo : Previsões
2007: o ano do Eremita, por Giancarlo Kind Schmid, Jaime E. Cannes, Roberto Dantas, Tânia Regina
• de Rupert Sheldrake : Peregrinação
O Eremita, a peregrinação e o turismo, por Fátima Belo. Comentário e apresentação de um texto
• Percurso do Mago ao Eremita. Cinthia Cristina Doula relata sua vivência de infância com a figura do
Papai Noel. Um texto que segundo a autora poderia ser associado ao arcano 13, a Morte. Mas cabe
também como um parelelo ao percurso de amadurecimento do Mago ao Eremita : Papai Noel
Significados simbólicos
Os ciclos sucessivos na natureza e na vida humana. As fases da manifestação, o
movimento de ascensão e de declínio.
A mobilidades da coisas, as Influências lunares e mercurianas.
História e iconografia
Uma das alegorias mais antigas e populares, a imagem que reproduz o Arcano X causa
uma impressão estranha ao observador contemporâneo. Isto se deve ao fato de que nos
últimos séculos a iconografia do tema tornou-se puramente verbal: qualquer um entende o
conceito de “roda do destino”, mas dificilmente se faz dela uma representação visual.
Desde a Antiguidade Clássica, contudo, até o Renascimento, foi justamente o contrário que
aconteceu. Em vários textos romanos descreve-se o Destino como uma mulher cega, louca
e insensível, que atravessa a multidão caminhando sobre uma pedra redonda (para
simbolizar a sua instabilidade); a roda aparece com frequência nos sarcófagos, como
evidente alusão ao caráter cíclico da vida.
Até o final do primeiro milênio não se encontram outros exemplos valiosos sobre o tema,
mas depois de alguns séculos ele ressurge com total esplendor. É na sua plenitude
iconográfica que o reencontramos a partir de meados do século XIII em rosetas de várias
catedrais góticas (Amiens, Trento, Lausanne) e de numerosas igrejas: pequenas figuras,
representando os momentos e estados da vida, que sobem e descem pelos raios de uma
roda.
Roda da Fortuna numa gravura de 1165
Um exemplo muito antigo pode ser visto no Hortus deliciarum, de Herrade de Landsberg,
abadessa do claustro de Santa Odília (Estrasburgo), morta em 1195. Nesta imagem
completa, como em muitas posteriores, quatro personagens que aparecem representados
como reis, são movidos pela roda que é manejada pelo Destino ou Fortuna em pessoa.
As legendas que acompanham os personagens não deixam dúvida sobre o significado da
alegoria: Spes, regnabo (esperança, reinarei), diz o rei ascendente da esquerda; Gaudium,
regno! (Alegria, reino!), exclama o que se encontra sobre a plataforma superior; Timor,
regnavi... (Temor, reinava...) murmura o da direita, que desce de cabeça para baixo;
enquanto que o quarto, que foi atirado da roda e jaz na terra, aceita a evidência da sua
condição: Dolor, sum sine regno (Dor, estou sem reino).
É evidente que, numa leitura alegórica, os quatro personagens não passam de apenas
um, submetido às variações do destino.
René Guénon afirma que a roda é símbolo de origem céltica e assinala seu parentesco com
as flores emblemáticas (rosa no Ocidente, lótus no Oriente), com as rosetas das catedrais
góticas e, em geral, com as figuras mandálicas. No taoísmo aparece como metáfora do
processo ascendente-descendente (evolução e involução, progresso espiritual e regressão).
Fontes:
Alberto Cousté, O Tarô ou a máquina de imaginar . Rio, Ed. Labor, 1977.
Fonte básica para a descrição inicial dos 22 arcanos maiores e para o ítem História e Iconografia.
Anônimo (Valentin Tomberg), Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô . São Paulo, Ed. Paulinas
O subtítulo da tradução espanhola (Herder, 1987) foi copiado nesta compilação.
Paul Marteau, O Tarô de Marselha .São Paulo, Ed. Objetiva, 1991.
Essa obra serviu de base para o ítem Interpretações usuais na cartomancia.
Para fontes secundárias nesta compilação veja: Bibliografia
XI. A Força
Significados simbólicos
Virtude. Coragem. Potência anímica. Integração harmoniosa
das forças vitais.
Força moral, autodisciplina, controle.
Tarô de Marselha-Camoin
(1750)
História e iconografia
A Força, simbolizada pelo homem triunfante sobre os animais ou sobre a natureza, foi
amplamente glorificada na literatura antiga e na arte medieval. No Antigo Testamento
aparece a história de Sansão, e na mitologia greco-latina a saga dos trabalhos
de Hércules. A batalha do herói com o leão de Nemeia foi usada provavelmente como
alegoria da força desde a antiguidade mais remota: nas escavações realizadas nos
arredores de Troia, encontrou-se um capacete do século VII a.C. com o desenho de um
homem que abre com as mãos as mandíbulas de um leão. A Idade Média recorre com
frequência a esta imagem, como símbolo da força moral e espiritual, usando como
protagonista Sansão ou então o Rei Davi.
No Tarô, porém, trata-se de uma
mulher que representa a Força, na
mais difundida alegoria do leão
(versão de Marselha), aos lado da
representação que incluias colunas
(Tarô de Carlos VI e Mantegna).
O antecedente mais ilustre desta
transposição alegórica é a lenda
grega de Cirene, a ninfa caçadora
que envergonhou e seduziu o
instável Apolo.
Píndaro conta de uma excursão do
deus até o monte Pelion, na
Tessália, para a qual ele teria
partido excepcionalmente bem
armado, a fim de se prevenir dos
perigos que poderiam lhe acontecer
em tão longa travessia; ali
encontrou Cirene, que “sozinha e
sem lança alguma combatia um
imenso leão..."
Cirene coroada por Líbia. Baixo relevo do séc. IV
www.ed-dolmen.com
Embora o Arcano XI seja uma ilustração perfeita desta lenda, não se encontra um só
exemplo que a reproduza nos manuscritos medievais. Iconograficamente, a carta da Força
seria assim uma das contribuições mais originais do Tarô.
Uma instrução curiosa, escrita na margem de uma página de La Somme du Roi,
manuscrito do ano de 1295, orienta o pintor que iria ilustrar os textos. Embaixo do número
12, pode-se ler: “Aqui vai uma dama de pé que domina um leão. O nome da dama é
Força”. Mas a miniatura nunca foi executada.
Fontes:
Alberto Cousté, O Tarô ou a máquina de imaginar . Rio, Ed. Labor, 1977.
Fonte básica para a descrição inicial dos 22 arcanos maiores e para o ítem História e Iconografia.
Anônimo (Valentin Tomberg), Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô . São Paulo, Ed. Paulinas
O subtítulo da tradução espanhola (Herder, 1987) foi copiado nesta compilação.
Paul Marteau, O Tarô de Marselha .São Paulo, Ed. Objetiva, 1991.
Essa obra serviu de base para o ítem Interpretações usuais na cartomancia.
Para fontes secundárias nesta compilação veja: Bibliografia
Outros estudos sobre a Força
• dois arcanos e os símbolos astrológicos: Uma visão das cartas através da lente astrológica
O Louco e A Força – nascendo duas vezes. Rose Villanova considera as correlações possíveis entre os
• relações entre as cartas da Justiça e da Força e sua troca de posição em alguns tarôs: 8 versus 11
Rider-Waite e o motivo da troca numérica dos arcanos Justiça e Força . Luna Solis discute as
• O ano da Força. Este arcano serviu de base para várias previsões relativas a 2009:
Abelard Gregorian: A Força nos Três Poderes brasileiros
Alessandra Fonseca: Luz e energia redobrada
Ana Corrêa: De olho em 2009
Bete Torii: Ano de contenção e busca do centro
Giancarlo Schmid: Força ou Fortaleza: ano da resistência
Marcelo Bueno: comentários sobre arcanos X e XI: O Leão, o Sol e a Força
Significados simbólicos
Abnegação. Aceitação do destino ou do sacrifício.
Provas iniciáticas. Retificação do conhecimento. Gestação. Exemplo, ensino, lição pública.
História e iconografia
Em 1591 – tomando como testemunho a História Eclesiástica de Eusébio – Galônio
descreveu as torturas sofridas pelos mártires dos primeiros séculos da cristandade.
“As mulheres cristãs – escreve – eram frequentemente suspensas pelo pé durante
todo um dia, e os algozes faziam de tal modo que suas partes mais íntimas ficavam
a descoberto, de maneira a mostrar o maior desprezo possível à santa religião de
Cristo”.
A suspensão pelo pé foi
amplamente executada pelos
supliciadores romanos e há
testemunhos também de
vítimas medievais. Uma canção
de gesta do século XIII informa
que este castigo foi aplicado a um
trovador por um dos duques de
Brabante, quando este o
surpreendeu em diálogo mais que
musical com a duquesa.
Mas o enforcamento pelo pescoço,
mortal, tem histórias mais
remotas e, no caso de Judas,
trata-se de um gesto autoimposto
na sequência do sacrifício que fez
para que se cumprissem as
profecias.
Uma tradição que vem dos
primórdios da Igreja cristã é a de
que um outro apóstolo, Pedro,
teria insistido em ser crucificado
de cabeça para baixo por não se
sentir digno de reproduzir o
suplício de Cristo.
No que diz respeito às artes
gráficas, há inúmeras miniaturas
dos séculos XIII e XIV com
reproduções de santos e mártires
pregados pelos pés a uma barra
elevada. Mas é preciso chegar aos
fins do século XV para descobrir
uma imagem análoga à do
Crucificação de Pedro. Enforcado do Tarô.
Afrescoi de Filippino Lippi (1457-1504),
na Cappellla Brancacci, Florença, Italia. De outro ponto de vista, pode-se
dizer que a Antiguidade nos
www.jesuswalk.com
deixou vários testemunhos
de figuras invertidas que em
nenhum caso poderiam ser
ligadas ao suplício.
Essa postura é adotada com frequência por divindades nuas assírio-babilônicas, nos
cilindros de argila que reproduzem cenas de conjunto.
É possível imaginar que as deusas nesta posição significavam outra coisa: propunham uma
leitura ritual que, agora, parece absurda ou incompreensível.
Fontes:
Alberto Cousté, O Tarô ou a máquina de imaginar . Rio, Ed. Labor, 1977.
Fonte básica para a descrição inicial dos 22 arcanos maiores e para o ítem História e Iconografia.
Anônimo (Valentin Tomberg), Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô . São Paulo, Ed. Paulinas
O subtítulo da tradução espanhola (Herder, 1987) foi copiado nesta compilação.
Paul Marteau, O Tarô de Marselha .São Paulo, Ed. Objetiva, 1991.
Essa obra serviu de base para o ítem Interpretações usuais na cartomancia.
Para fontes secundárias nesta compilação veja: Bibliografia
Esta carta, comumente designada como “Morte”, não tem nome algum
inscrito no tarô de Marselha ou em suas suas variantes mais recentes. No
entanto, em jogos similares franceses, do século 17, o título "La Mort"
está presente, como se vê, mais abaixo, na carta do baralho impresso por
Jean Noblet.
Um esqueleto revestido por uma espécie de pele tem uma foice nas mãos.
Do chão negro brotam plantas azuis e amarelas entre restos mortais de
seres humanos. O fundo não está colorido.
No primeiro plano, à esquerda, uma cabeça de mulher; à direita, uma
cabeça de homem com uma coroa.
Um pé e uma mão aparecem também no chão; outras duas mãos – uma
mostrando a palma e outra as costas – brotam atrás, ultrapassando a
linha do horizonte.
O esqueleto está representado de perfil e parece dirigir-se para a direita.
Maneja a foice, sobre a qual apoia as duas mãos. Em algumas variantes,
seu pé direito não está visível.
Para o iniciante, mostra-se como a carta mais temível, mas os estudos
simbólicos ajudam a entender um outro sentido no plano da evolução
humana.
Tarô de Marselha (1750)
Camoin-Jodorowsky
Significados simbólicos
Grandes transmutações e novos espaços de realização.
Dominação e força. Renascimento, criação e destruição.
Fatalidade irredutível. Fim necessário.
História e iconografia
E provável que a alegoria da morte representada como um esqueleto com a foice, seja original do Tarô;
se isto for verdade, trata-se de uma das contribuições fundamentais feitas pelas cartas à iconografia
contemporânea, considerando a ampla popularidade desta metáfora macabra.
Van Rijneberk divide o estudo deste arcano em três aspectos: o número treze, o esqueleto, a foice.
Como emissário de uma premonição sombria, o treze tem seu antecedente cristão nos comensais
da Última Ceia, de onde a tradição extraiu um conto bastante popular da Idade Média: quando treze
pessoas se sentam à mesa, uma delas morrerá em breve.
A arte dos primeiros séculos transmite a confiança na proximidade do Juízo Final (e a consequente
ressurreição da carne), o que traduz a absoluta falta de medo frente a um estado transitório.
O esqueleto propriamente dito só aparece em todo o seu esplendor nas Danças da morte,
disseminadas pelos cemitérios e claustros europeus, quase que simultaneamente, e com certeza não
antes do séc. XV.
As pestes, no final do séc. XIV, evocam a morte inelutável. Reis ou vassalos, todos são afetados.
Danse Macabre de Bernt Notke, 1440-1509, na Igreja de S. Nicolau, em Tallinn, Estônia. (www.wikipedia.com)
O tema das composições desse período mostra-se idêntico em todos os lugares: o esqueleto se apodera
(o matiz está apenas no grau de violência ou gentileza) de criaturas humanas de ambos os sexos, de
qualquer idade e condição.
Outro elemento que as Danças da morte têm em comum é que todas são posteriores ao Tarô, de cuja
popularidade puderam extrair o encanto de suas imagens.
Nestas danças, no entanto, não há esqueletos com foices, mas sim com
diversos objetos (uma espada, um arado, um par de tesouras, um arco e
flechas) que se referem em geral ao ofício da pessoa que será levada pela
morte.
Em Joel (4,13), Mateus (13,39), Marcos (4,29) e no Apocalipse (14,14-20)
podem ser encontradas metáforas bíblicas em que se fala
da foice como instrumento de justiça empunhado por Jeová, pelo Filho
do Homem e, mais tarde, pelos anjos: como derivação deste princípio moral.
Oswald Wirth
também não coloca Os esotéricos não veem a morte como falha ou imperfeição: as formas se
nome na carta 13 dissolvem, variam de aparência quando se tornam incapazes de servir ao
seu destino. Desse modo, entre o Imperador e a Morte (primeiros termos
do segundo e do quinto ternário, respectivamente), há apenas uma
diferença de matizes: ao esplendor máximo do poder e da matéria sucede
sua extinção, que é uma conseqüência lógica e também uma necessidade.
Como parábola do processo iniciático em oposição à vida corrente, é talvez o
arcano mais explícito: “O profano deve morrer – lembra Wirth – para que
renasça a vida superior que a Iniciação concede”.
A morte guarda relações simbólicas com a terra, com os quatro elementos, e com a gama de cores
que vai do negro ao verde, passando pelos matizes terrosos. Também é associada ao esterco, menos
pelo que este possa ter de desagradável do que pelo processo de transmutação material que representa.
Fontes:
Alberto Cousté, O Tarô ou a máquina de imaginar . Rio, Ed. Labor, 1977.
Fonte básica para a descrição inicial dos 22 arcanos maiores e para o ítem História e Iconografia.
Anônimo (Valentin Tomberg), Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô . São Paulo, Ed. Paulinas
O subtítulo da tradução espanhola (Herder, 1987) foi copiado nesta compilação.
Paul Marteau, O Tarô de Marselha .São Paulo, Ed. Objetiva, 1991.
Essa obra serviu de base para o ítem Interpretações usuais na cartomancia.
Para fontes secundárias nesta compilação veja: Bibliografia
• A morte é inevitável, o velório é opcional. Artigo de Harah Nahuz sobre os desafios na leitura prática do arcano 13 : A
• Negro no estilo de xilogravura : Galeria dos vinte e dois arcanos
Nosso encontro com a Morte. Denise Fernandes Marsiglia comenta o arcano XIII e apresenta o trabalho de Pedro Indio
• Aprendendo a viver, cuidando de quem está morrendo. Monografia apresentada por Maria Sílvia Junqueira
Wolff para conclusão do Curso de Psico-Oncologia, do Instituto Sedes Sapientiae, em 2004. Um texto bem didático que
nos ajuda a refletir sobre a questão da morte e a aprofundar os conteúdos referentes ao arcano 13 do Tarô. O texto pode
ser lido on-line ou copiado para impressão [26 págs. 14x21cm, para imprimir em 14 folhas tamanho A4.
Formato pdf com 186KB] : baixar
• lentos e suas correlações com alguns arcanos : Planetas e arcanos maiores - Papisa, Eremita, Morte, Torre...
Saturno, os planetas transaturninos e o Tarot. Betôh Simonsen apresenta os significados dos quatro planetas mais
• leituras : História
Minha história com o 13, por Morgand. Comentários sobre o simbolismo dessa carta do Tarô na vida pessoal e nas
Significados simbólicos
A elaboração cuidadosa das polaridades. A transmutação dos elementos e a alquimia.
Renovação da vida, abertura às influências celestes, circulação, adaptação, flexibilidade.
Serenidade. Harmonia. Equilíbrio.
Dellarocca - 1836
Desafios e sombra: Desordem, discordâncias. Indiferença. Falta de personalidade, passividade.
Inconstância, humor irregular, desequilíbrio. Tendência a se deixar levar pela corrente, submissão à
moda e aos preconceitos. Resultados não conformes às aspirações. Derramamento, saída, fluxo
involuntário. As coisas seguem o seu curso.
História e iconografia do arcano da Temperança
Fontes:
Alberto Cousté, O Tarô ou a máquina de imaginar . Rio, Ed. Labor, 1977.
Fonte básica para a descrição inicial dos 22 arcanos maiores e para o ítem História e Iconografia.
Anônimo (Valentin Tomberg), Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô . São Paulo, Ed. Paulinas
O subtítulo da tradução espanhola (Herder, 1987) foi copiado nesta compilação.
Paul Marteau, O Tarô de Marselha .São Paulo, Ed. Objetiva, 1991.
Essa obra serviu de base para o ítem Interpretações usuais na cartomancia.
Para fontes secundárias nesta compilação veja: Bibliografia
Outros estudos sobre a Temperança
No nível em que os dois personagem menores se encontram, o chão é preto, mas na altura do pedestal
torna-se azul (ou ou vermelho) com listras variadas. O fundo é incolor.
Significados simbólicos
As provas e provações. As tentações e seduções.
Magias. Desordem. Paixão. Luxúria. Dependência.
Intercâmbio, eloquência, mistério, força emocional.
Desafios e sombra: A ação parte de uma base má e seus efeitos podem ser calamitosos. Desordem,
inversão de planos, coisas obstruídas. Do ponto de vista da saúde: ampliação do mal, complicações.
Disfunção. Superexcitação, sensualidade. Ignorância, intriga. Emprego de meios ilícitos. Enfeitiçamento,
fascinação repentina, escravidão e dependência dos sentidos. Debilidade, egoísmo.
História e iconografia
Durante a baixa Idade Média o Diabo era representado usualmente como um dragão ou serpente,
imagem derivada, sem dúvida, de seu papel no Gênese.
Baphomet
Gravura de Eliphas Levi (1810-1875)
Fontes:
Alberto Cousté, O Tarô ou a máquina de imaginar . Rio, Ed. Labor, 1977.
Fonte básica para a descrição inicial dos 22 arcanos maiores e para o ítem História e Iconografia.
Anônimo (Valentin Tomberg), Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô . São Paulo, Ed. Paulinas
O subtítulo da tradução espanhola (Herder, 1987) foi copiado nesta compilação.
Paul Marteau, O Tarô de Marselha .São Paulo, Ed. Objetiva, 1991.
Essa obra serviu de base para o ítem Interpretações usuais na cartomancia.
Para fontes secundárias nesta compilação veja: Bibliografia
• Brother Satã. Comentário de Leila Pereira sobre o texto de Nílton Bonder, capítulo O corpo e a ausência de si no
livro Alma Imoral : O corpo e a ausência de si
• Marsiglia em suas leituras das cartas : O Diabo não entende o amor
O Diabo: Paixão e Amor. As diferentes faces desse enigmático arcano maior são trabalhadas por Denise Fernandes
• Diabo ansioso: artigo raro no mercado. Luna Solis discute os significados da carta 15 e suas relações com outros
arcanos maiores. O bom-humor da autora é de grande ajuda : O ardiloso
Na Parte II de seu estudo sobre o arcano XV a autora examina as relações do Diabo com a Lua astrológica, que por sua
vez também pode ser reconhecida em outras cartas : Diabo e Lua
Significados simbólicos
Tarô de Marselha Rompimento das formas aprisionadoras, liberação para um
novo início. Desafios dos momentos de transição.
www.krishadar.com
História e iconografia
A imagem de um homem que se precipita no vazio, do alto de uma torre, é uma das
alegorias mais remotas que se conhece para representar o orgulho. Custa pouco intuir que
esta metáfora – e a aniquilação celeste que a acompanha – tem filiação direta ao destino
da torre de Babel.
Alguns estudiosos pensam que a sua inclusão no
Tarô pode ser devida a uma impressionante
corroboração histórica: o processo contra
os templários e a sua queda vertiginosa,
contemporânea dos imagiers que compuseram o
Tarô.
Mais ambígua parece ser a chuva de esferas
multicolores, cuja leitura não admite outra
interpretação que a da influência do “alto” (com
variações, esta chuva se repete nas cartas XVIII e
XIX, arcanos de evidente simbolismo sideral).
Em uma miniatura pertencente a um manuscrito da
Bíblia Pauperum (1350 a 1370), vê-se que o fogo
do altar é aceso por meio de uma chuva
semelhante à destes três arcanos. “Celita flamma
Baixo relevo do século 13 venit / Et plebis pectora lenit” ("Vem a chama
Catedral de Notre Dame de Amiens celeste / E aplaca o peito do povo"), é o que diz a
França legenda, clara paráfrase do milagre concedido a
Elias diante da multidão cética (I Reis 18, 38-39).
Além do nome com que figura aqui, o Arcano XVI é também
conhecido como A Torre ferida pelo raio, e pelo
enigmático La Maison-Dieu, que aparece no Tarô de Carlos VI,
na versão de Marselha, e que Oswald Wirth aproveita no seu
desenho atualizado.
O próprio Wirth, porém, não dá uma explicação satisfatória
para este último nome, limitando-se a corroborar o evidente
simbolismo arquitetônico da figura, que se refere ao homem
por sua verticalidade; à casa e às obras que ele constrói sobre
a Terra – de onde se poderia deduzir também uma parábola
sutil sobre o orgulho, pelo despropósito da tentativa de imitar o
Grande Arquiteto.
Em certas versões do Tarô, parcialmente conservadas, o Arcano
XVI apresenta um diabo que bate um tambor. Mas sua figura é
secundária porque em primeiro plano aparece a goela de um
monstro, entre cujos dentes se debate um ser humano.
Isso parece indicar que o fundo simbólico desse arcano, vale
dizer, as analogias que se pode estabelecer na série torre-
casa-goela-vagina-gruta-caverna primordial são muito
anteriores à sua representação no jogo de cartas. Tarô Oswald Wirth
Podemos constatar que este é o primeiro edifício que figura no Tarô e, de longe, o mais
destacado. Neste sentido é preciso agregar à série analógica proposta as seguintes
indicações: toda torre é emblemática do simbolismo ascensional e na Idade Média
representou frequentemente a escala intermediária entre a Terra e o Céu. Por seu aspecto
murado, cuidadosamente defendido, também estabelece analogias com a virgindade.
Fontes:
Alberto Cousté, O Tarô ou a máquina de imaginar . Rio, Ed. Labor, 1977.
Fonte básica para a descrição inicial dos 22 arcanos maiores e para o ítem História e Iconografia.
Anônimo (Valentin Tomberg), Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô . São Paulo, Ed. Paulinas
O subtítulo da tradução espanhola (Herder, 1987) foi copiado nesta compilação.
Paul Marteau, O Tarô de Marselha .São Paulo, Ed. Objetiva, 1991.
Essa obra serviu de base para o ítem Interpretações usuais na cartomancia.
Para fontes secundárias nesta compilação veja: Bibliografia
• conjunto dos arcanos com diferentes fontes simbólicas : O binário Sacerdotisa-Torre
Mapa Estático dos Arcanos Maiores Tarot. Estudos de Mauro Franco estabelecendo correlações do
• A necessidade de mudança, por Edgar Ferreira da Costa Neto. O sentido dessa carta : Alerta
Significados simbólicos
Esperança, confiança. Idealismo. Imortalidade. Plenitude. Beleza. Natureza.
O céu da alma. Influência moral da ideia sobre as formas.
Fontes:
Alberto Cousté, O Tarô ou a máquina de imaginar . Rio, Ed. Labor, 1977.
Fonte básica para a descrição inicial dos 22 arcanos maiores e para o ítem História e Iconografia.
Anônimo (Valentin Tomberg), Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô . São Paulo, Ed. Paulinas
O subtítulo da tradução espanhola (Herder, 1987) foi copiado nesta compilação.
Paul Marteau, O Tarô de Marselha .São Paulo, Ed. Objetiva, 1991.
Essa obra serviu de base para o ítem Interpretações usuais na cartomancia.
Para fontes secundárias nesta compilação veja: Bibliografia
• de Netzach a Yesod na Árvore da Vida e sugere visualização : O décimo sétimo caminho
A Estrela como Caminho de Toth. Abraão Zuza Costa apresenta relações do arcano 17 com o caminho
• relações de significados dos detalhes simbólicos com aspectos da saúde : Tarô e Saúde
Estrelinha, estrela minha... Luna Solis faz um exame minucioso do arcano a Estrela para estabelecer
Embaixo da Lua há dois cães e, mais atrás, duas torres. Alguns autores
reconhecem um dos animais como cão e, o outro, como lobo.
A Lua está ao mesmo tempo cheia e crescente; dentro desta última figuração
vê-se o perfil humano; os raios são de dois tamanhos. As dezenove lágrimas
estão dispostas em forma de colar, numa fileira dupla e com a ponta para baixo.
Significados simbólicos
A inteligência instintiva, os ciclos vitais e emocionais.
Tarô de Marselha
www.camoin.com
Os elementos da natureza, o mundo em sua aparência, a luz refletida, as imagens, as
formas materiais, as expressões simbólicas e as analogias.
Imaginação. Reflexão, reflexos e relances. Aparências. Ilusões.
O momento de reavaliar a direção, de buscar inspiração no retorno à fonte.
História e iconografia
Em vários desenhos do Tarô anteriores ao de Marselha –
como é o caso do denominado Gringonneur, de
aproximadamente 1455 – o arcano XVIII representa
dois astrólogos, elaborando cálculos sob uma lua
minguante. Os diversos elementos do baralho de
Marselha – os cães, o caranguejo, o tanque, as torres –
não aparecem neles. A própria Lua só é apresentada ao
contrário do desenho concêntrico (perfil humano,
crescente), tal como aparece no Tarô de Marselha.
Já nos desenhos mais conhecidos, as duas torres podem
ser consideradas como pórticos monumentais, que
defendem ou protegem o espaço interno, no qual se
encontram os animais.
É imporante lembrar que a Lua (Diana-Hécate, na
mitologia grega) é ao mesmo tempo Janua Coeli e Janua
Inferni: a porta do Céu e a porta do Inferno, o que as
coloca em estreita relação com os dois cães (ou lobos) a
uivar. Constituem indicadores da ideia de dualidade,
bipolaridade.
Athanasius Kircher (1601-1680) localizava Anúbis e
Hermanúbis (divindades representadas com cabeça de
chacal) ante as duas portas do Céu: Anúbis no solstício
de inverno, frente à porta da ascensão, indicada pelo
signo de Capricórnio no hemisfério
Tarot Gringonneur norte; Hermanúbis no solstício de verão, frente à porta
ou Charles VI (1445) da descida, ou do homem, indicada pelo signo de Câncer.
Clemente de Alexandria, por outro lado, descreveu as
procissões egípcias, que incluíam o passeio de dois cães-
deuses: “segundo eles, guardiães das portas no Sol, no
norte e no sul”, o que poderia ter relação com os solstícios
do inverno e da primavera.
Embora não haja exemplos de zoolatria entre os gregos, é
verdade que consagraram diversos animais para a
companhia dos deuses. No caso de Artemisa – afirma
Plutarco, em Isis e Osíris – seu cortejo era formado por
dois cães; é significativo lembrar que a caçadora celeste
era, para seu povo, uma divindade lunar.
Quanto ao caranguejo, sua relação com a Lua é antiga e
constante, aparecendo em ritos e lendas em numerosas
culturas. Isto pode ser atribuído à marcha para trás do
animal, comparável ao movimento da Lua na observação
direta do céu.
Do ponto de vista astronômico, o caranguejo se relaciona
com o simbolismo geral da carta e das torres em
particular: Câncer é, como se sabe, signo do solstício de
verão, no hemisfério norte.
Hermanubis
As gotas coloridas em forma de lágrimas que chovem da Lua (ou se dirigem para ela) estão
desenhadas de ponta para baixo; no arcano seguinte (O Sol) aparecem com a ponta para
cima, em particular no Tarô de Marselha.
O que se mostra evidente é que o Arcano XVIII está mais relacionado que qualquer outro
com o plano iniciático da via úmida (lunar). É por essa razão que Oswald Wirth
relaciona a Lua à intuição e ao imaginativo, ainda que entre suas interpretações mais
recorrentes em relação à Lua figure a sensualidade.
A aproximação do Arcano XVIII com o vasto simbolismo lunar seria interminável, desde a
sua relação com o ciclo fisiológico feminino até o panteão das divindades noturnas,
passando por suas implicações cósmicas, mágicas e astrológicas.
Parece mais prudente considerar que a Lua não se refere a tudo que nomeia, mas sim à
situação específica que compõe com os outros elementos da carta. É bom cuidar para não
limitar este arcano ao repertório específico da Astrologia.
Fontes:
Alberto Cousté, O Tarô ou a máquina de imaginar . Rio, Ed. Labor, 1977.
Fonte básica para a descrição inicial dos 22 arcanos maiores e para o ítem História e Iconografia.
Anônimo (Valentin Tomberg), Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô . São Paulo, Ed. Paulinas
O subtítulo da tradução espanhola (Herder, 1987) foi copiado nesta compilação.
Paul Marteau, O Tarô de Marselha .São Paulo, Ed. Objetiva, 1991.
Essa obra serviu de base para o ítem Interpretações usuais na cartomancia.
Para fontes secundárias nesta compilação veja: Bibliografia
Outros estudos sobre a Lua
• Netzach a Malkut na Árvore da Vida e sugere visualização : O décimo oitavo caminho
A Lua como Caminho de Toth. Abraão Zuza Costa apresenta relações do arcano 18 com o caminho de
• Fontes mostra uma das explicações para as gotas serem atraídas pela Lua : Arcano XVIII
O alimento para a Lua. Ao estabelecer correlações do arcano com várias fontes simbólicas, João Cláudio
Significados simbólicos
- Vitalidade, alegria. Ressurreição diária ao final da
noite.
- Intuição, clareza. O princípio celeste. Luz. Razão.
- Concórdia. Influência solar.
Tarô de Marselha (1750)
Interpretações usuais na cartomancia
Discernimento, clareza de juízo e de expressão. Talento
literário ou artístico. Paz, harmonia, bom acordo.
Felicidade conjugal. Fraternidade, inteligência e bons
sentimentos.
Reputação, glória, celebridade. Alegria, sucesso,
vitalidade, força, vivacidade. Compreensão, calor, amor,
crescimento.
Mental: propósitos elevados. Sabedoria nos escritos,
difusão popular harmoniosa; pensamento que alcança
grande altura.
Emocional: Afeto cavalheiresco, desvelo, altruísmo. Os
grandes sentimentos.
Físico: A saúde, a beleza física. Elemento de triunfo,
saída para qualquer situação adversa que se esteja
atravessando.
Desafios e sombra: Grande adversidade, sorte
contrária, tentativas na escuridão.
Deslumbramento. Vaidade, pose, fanfarrice.
Susceptibilidade, amor-próprio.
Miséria dissimulada sob uma fachada exuberante.
Aparência simuladora, decoração. Artista fracassado,
incompreendido.
História e iconografia
Fontes:
Alberto Cousté, O Tarô ou a máquina de imaginar . Rio, Ed. Labor, 1977.
Fonte básica para a descrição inicial dos 22 arcanos maiores e para o ítem História e Iconografia.
Anônimo (Valentin Tomberg), Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô . São Paulo, Ed. Paulinas
O subtítulo da tradução espanhola (Herder, 1987) foi copiado nesta compilação.
Paul Marteau, O Tarô de Marselha .São Paulo, Ed. Objetiva, 1991.
Essa obra serviu de base para o ítem Interpretações usuais na cartomancia.
Para fontes secundárias nesta compilação veja: Bibliografia
XX. O Julgamento
O Arcano da Ressurreição
Compilação de
Constantino K. Riemma
Significados simbólicos
Os julgamentos essenciais, a avaliação dos rumos da
existência.
O despertar. Exame de consciência. Sopro redentor.
Renovação. A promessa da vida eterna.
Fontes:
Alberto Cousté, O Tarô ou a máquina de imaginar . Rio, Ed. Labor, 1977.
Fonte básica para a descrição inicial dos 22 arcanos maiores e para o ítem História e Iconografia.
Anônimo (Valentin Tomberg), Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô . São Paulo, Ed. Paulinas
O subtítulo da tradução espanhola (Herder, 1987) foi copiado nesta compilação.
Paul Marteau, O Tarô de Marselha .São Paulo, Ed. Objetiva, 1991.
Essa obra serviu de base para o ítem Interpretações usuais na cartomancia.
Para fontes secundárias nesta compilação veja: Bibliografia
Outros estudos sobre o Julgamento
Os naipes, ou séries, têm inúmeras correspondências, por exemplo, aos quatro elementos da Astrologia
e da Cabala: fogo (paus), terra (ouros), ar (espadas) e água (copas). Há quem veja, inclusive,
analogia com as quatro classes sociais da Idade
Média: clero (copas), nobreza (espadas), comerciantes (ouros) e camponeses (paus).
Os baralhos modernos
O baralho ocidental, impresso modernamente, mantém constante o número das séries ou naipes:
são sempre quatro, seja no baralho espanhol ou francês, seja no alemão, italiano ou provençal. O
baralho francês, produzido para jogos e passatempos, reduziu os naipes a apenas duas cores —
vermelho e preto — mas o número de naipes permaneceu constante.
Os naipes de Espadas e Copas no Tarô e no baralho moderno para os jogos de lazer.
Para efeito dos jogos de cartas — como passatempo (no lar ou nos clubes) e como jogos “de azar”
(valendo dinheiro, nos cassinos) — não importa o significado simbólico das cartas, mas apenas o valor
que se convenciona para cada tipo de jogo (pôquer, buraco, canastra, tranca, bridge, truco, rouba-
montinho, etc, etc...). Cada jogo define livremente suas próprias regras.
Embora os Arcanos Menores tenham sido muito difundidos pelo mundo afora, como cartas de jogar, seus
significados simbólicos são relativamente mais difíceis de serem traduzidos que os dos Arcanos Maiores.
Para os cartomantes e os estudiosos do Tarô, contudo, não há como fugir da questão dos significados.
De fato, estamos frente a duas ordens de símbolos: os quatro naipes, ou quatro elementos, que se
combinam com o significado numerológico do 1 ao 10. É possível portanto, para as 40 cartas
numeradas, estabelecer uma base de compreensão a partir da associação dos quatro elementos com os
símbolos numéricos.
As quatro figuras de cada naipe, no total de 16, parecem formar um sub-grupo à parte. Têm desenhos
similares aos dos trunfos ("arcanos maiores") e, ao mesmo tempo, reptem-se em quatro naipes, do
mesmo modo que as cartas numeradas ("arcanos menores").
Os Tarôs de hoje
Na prática, reina hoje uma grande profusão de versões e de reinvenções. Já a partir do séc. 19, alguns
interessados no Tarô começam a substituir as representações abstratas das lâminas dos arcanos
menores por ilustrações mais ou menos subjetivas, que traduziriam visualmente, de modo mais
compreensível, o significado das cartas. Se esse recurso ajuda a fixar um sentido possível, levanta na
grande maioria dos casos a questão de alterar drasticamente o leque simbólico da figuração clássica,
sem contar o risco de acentuar, de modo unilteral, apenas um dos múltiplos significados da lâmina.
Um rumo possível
Esse quebra-cabeça de pontos de vista sobre os Arcanos Menores faz parte dos desafios que o estudo do
Tarô nos propõe.
Para dar conta da grande variedade de enfoques, acreditamos que é importante, para
começar, compreender a natureza dos quatro naipes do baralho a partir de uma base simbólica mais
ampla que a do receituário popular. O segundo passo consiste no estudo dos simbolos numéricos de 1
a 10. Também neste caso, o resultado se torna mais consistente quando consegue transpor os
significados corriqueiros da numerologia usual. Caso contrário, corremos o perigo de cair num
esquematismo acanhado e contraditório, feito mais para ser decorado do que compreendido.
Quanto mais ampla for a compreensão do símbolo, mais rica e profunda será sua aplicação prática.
Estudos do conjunto & Correlações simbólicas
• Ao contrário do que ocorre com os Arcanos Maiores, são raros os estudos de profundidade sobre os Arcanos Menores, à luz
de um ensinamento coerente, como fez G. O. Mebes em Os Arcanos Menores do Tarô como caminho iniciático.
Hermetismo Ético. Nesta obra, o autor trata do simbolismo, iniciações e passos para a realização espiritual traduzidos
pela seqüência dos naipes e das cartas numeradas. No entanto, tal como acontece com as grandes obras sobre os arcanos
maiores, não está preocupada com sua utilização nas tiragens práticas e na cartomancia. A ponte entre o ensinamento e
sua aplicação prática exige uma longa elaboração do estudante. Veja: GOM
• Dentre os manuais de introdução ao tarô, um deles apresenta um bom apanhado prático sobre os arcanos menores. Paul
Marteau, em O Tarô de Marselha. Tradição e Simbolismo. São Paulo, Ed. Objetiva, 1991. Dá uma boa atenção à
descrição das cartas clássicas, apresentando dois aspectos principais: Sentido Sintético e Sentido Analítico. Inclui também
indicações para a utilização prática dos arcanos menores sob o título Significados úteis nos três planos: mental, anímico,
físico; invertida.
• Hajo Banzhaf, em Manual do Taro. São Paulo, Ed. Pensamento, [1986], reune de modo coerente os significados usuais
na cartomancia. Faz uma apresentação didática dos dados agrupados em: Interpretação tradicional, Carta Invertida e, no
caso das figuras, Qualidade, Sombra, Profissões típicas.
• Links para textos e artigos sobre a simbologia dos naipes •
• Para ajudar a compreender de modo mais amplo os símbolos das cartas, na seção de Simbologia existem vários estudos
que examinam as relações do Tarô com outras linguagens simbólicas, em especial nos
tópicos Astrologia, Numerologia e Cabala.
Cursos on-line no Clube do Tarô
• Jaime E. Cannes em Arcanos Menores - os mensageiros da Alma apresenta os arcanos menores num resumo bem
diático. Ao identificar as quatorze cartas de cada naipe utiliza como ilustração o Osho Zen Tarot: Os quatro
naipes – Paus – Copas – Espadas – Ouros
• Joana Trautveter trata especificamente das cartas que correspondem ao baralho tradicional em seu Curso sobre os
Arcanos Menores do Tarô e os Símbolos da
Cabala: Naipes: Paus, Copas, Espadas e Ouros. Figuras: Reis, Rainhas, Cavaleiros e Valetes
• Sarani Barrios, no curso dado em 2008 – Cartomancia Cigana – apresenta o modo próprio como os ciganos da tradição
Dohm organizam os significados atribuídos aos arcanos menores:
Os Arcanos Menores
• numeradas dos arcanos menores. Um belo exercício para ampliar os signficados das cartas: Apresentação
Betoh Simonsen em seu O Tarô como caminho de vida propõe paralelos entre os signos zodiacais e as cartas
Os quatro naipes
Compilação de
Constantino K. Riemma
Do mesmo modo que os quatro elementos, os naipes podem ser vistos como
representações das forças ou energias constitutivas do universo: são quatro atributos em
pé de igualdade, tal como os quatro pilares do Trono de Deus; não se pode dizer que um
seja menos importante que os demais. No entanto, os naipes, tal como os elementos,
também podem ser entendidos como um referêncial simbólico para a ordenação evolutiva:
degraus sucessivos no desenvolvimento do homem e do cosmo.
A origem da palavra naipe é incerta. Os registos mais antigos na Europa aparecem no
catalão naíp (1371), no italiano naìbo (1376) e no espanhol naipe (1400). Ao que tudo
indica são termos derivados do árabe naibbe ou naib, que pode ser traduzido por "Vice-rei"
ou "Representante" e que se refere às cartas do "Rei' e do "Vice-Rei" no Baralho Mamlûk.
No baralho comum — hoje denominado "arcanos menores" por aqueles que utilizam as
cartas com sentido simbólico ou de cartomancia — os naipes receberam diferentes
designações nas linguas européias, como retrata o quadro abaixo:
Para oferecer uma visão de conjunto dos significados simbólicos e cartomânticos atribuídos
às cartas, apresentamos um resumo compilado a partir dos manuais mais conhecidos,
indicados na bibliografia.
• Das cimitarras bastardas: para o estudo do naipe de Espadas nos baralhos clássicos. Emanuel J
Santos encara, com bom humor, o desafio de refletir sobre os arranjos das espadas no desenhos antigos
do tarô e associá-las à prática da cartomancia : Espadas bastardas
• dos estudos corpo-psiquismo. Distúrbios e suas relações com o naipe de Espadas : Saúde
As espadas e os distúrbios psicossomáticos e somatopsíquicos. Ricardo Pereira faz um histórico
• Uma reflexão sobre o Naipe de Espadas: Instinto. Ivan Mir apresenta sua versão sobre as
correlações entre os quatro elementos e os naipes com foco nas cartas de espadas : Instinto
• Cinema e Tarô: a relação entre o filme 'Cavaleiro de Copas' e a simbologia tarológica . Trabalho
de conclusão do Curso de Cinema e Vídeo, por Luiz Mira, na Faculdade de Artes do Paraná (FAP -
UNESPAR), para obtenção do título de bacharel em Cinema e Vídeo : Ler ou baixar em PDF
• evolutiva pode ser retratada pela sequência das 40 cartas numeradas: A jornada no mundo prático
A viagem da Alma nos arcanos Menores. Artigo de Jaime E. Cannes indicando como a jornada
• Os naipes. Texto de Joana Trautvetter em que a taróloga apresenta as figuras por grupos de
personagens – Reis, Rainhas, Cavaleiros e Valetes – e estabelece suas relações com o Tetragama da
Cabala. A ilustrações da própria autora: Os naipes dos arcanos menores
• Os elementos, Jean Chevalier e Alain Gheerbrant. Simbolismo dos quatro elementos, tal como aparece
no Dicionário de Símbolos (José Olympio Ed.). Compilação dos dos verbetes Elementos, Água, Ar, Fogo e
Terra: Os elementos
• Os Arcanos Menores e a Kabbalah, por Pedro Henrique. Estabelece correlações entre os quatro naipes
do tarô e o Tetragrama, bem com entre as cartas numeradas e as emanações da Árvore da
Vida: Tetragrama, Árvore da Vida e arcanos menores
• (Copas) e faz um link para o heavy metal : Wash Away The Poison e Holy Water
Água: a música celebra a vida. Simone Gomes Omega apresenta o simbolismo tradicional da Água
As Dezesseis Figuras da Corte
Compilação de
Constantino K. Riemma
As 16 figuras dos arcanos menores – Reis, Rainhas (ou Damas), Cavaleiros e Valetes (ou
Pajens), repetidos em quatro naipes — Paus, Ouros, Espadas e Copas — constituem
personagens intermediários entre a abstração dos números — cartas de 1 a 10 — e os
arcanos maiores com suas representações humanas e animais claramente diferenciadas
entre si. As figuras ocupam, desse modo, um posto duplo no baralho: estão encadeadas à
ordenação dos naipes e, ao mesmo tempo, fazem ponte com os modelos dos arcanos
maiores. Embora repetidas em cada naipe, são muitas vezes consideradas como um
terceiro grupo de cartas.
Essa dualidade talvez explique o fato de encontrarmos poucos estudos de profundidade
sobre as figuras dos arcanos menores. São raros os textos que trazem uma visão de
conjunto das 16 cartas.
Parece coerente que as figuras dos arcanos menores do Tarô obedeçam aoprincípio do
quaternário (quatro séries de quatro figuras). É assim que estão desenhados os mais
antigos tarôs dos quais se tem registros históricos, a partir do final do século XIV. No
entanto, o conjunto das quatro figuras dos tarôs mais antigos foi inexplicavelmente
reduzido no baralho comum, utilizado hoje em dia, com a supressão do Cavaleiro, na maior
parte dos casos, restando apenas o Rei, a Dama e o Valete.
No caso dos jogos destinados à recreação, os baralhos mais difundidos — o francês e o
espanhol — suprimem arbitrariamente uma das figuras de cada série.
O baralho espanhol moderno suprimiu a Rainha.
Foram mantidos o Rei, o Cavaleiro e o Valete.
No que diz respeito ao baralho espanhol, é provável que esta supressão tenha sido
estabelecida para aproveitar as possibilidades combinatórias da dezena (já que neste
baralho as cartas númeradas vão apenas do ás ao sete). Neste caso, cada naipe fica
constituído por 10 cartas: 7 numeradas, mais 3 figuras.
A justificativa que podemos dar para a redução do número de cartas no baralho espanhol
não se aplica ao francês, que soma 13 cartas para cada naipe, isto é, 10 numeradas, mais
3 figuras.
Como não dispomos de registros suficientes, não podemos afirmar categoricamente que
essa redução de quatro para três figuras tenha sido uma simples mutilação dos tarôs mais
antigos, como é o caso do Visconti Sforza (1450). O antecessor árabe, o baralho Mamluk,
traz apenas três personagens da corte, o que pode sugerir que na adaptação européia foi
adicionada uma quarta carta.
Seja como for, uma constatação simbólica pode ser feita. Com apenas três figuras, por
naipe, cada uma delas poderá ser colocada em relação com a ordem do ternário (três
forças: positiva, negativa e neutra) que, combinadas com os 4 naipes (ou os quatro
elementos), resultaria no rico sentido do número 12, do dodecadenário, dos 12 signos do
zodíaco.
"Os doze signos do zodíaco, — como lembra Patrick Paul — os doze meses, os doze
apóstolos, os doze trabalhos de Hércules, os doze meridianos da acupuntura, os doze
semitons da oitava, as doze horas do dia nas civilizações tradicionais, são exemplos das
doze energias do homem em evolução no transcorrer do tempo pela diferenciação e
manifestação do princípio ativo, o espírito, no princípio passivo, a substância". Doze
simboliza os doze lugares nos quais o Tempo circula, ou seja, a interpenetração do Espaço
e do Tempo, que determina o limite do nosso mundo cósmico.
As figuras e os quatro elementos
Os significados simbólicos dos quatro elementos constitui a primeira grande chave para
compreensão dos quatro naipes e de suas respectivas figuras. Embora existam diferentes
pontos de vista sobre as correspondências entre os elementos e as figuras, encontramos
uma relativa concordância com relação aos vínculos entre os elementos e os naipes:
Fogo: naipe de Paus, figura do Rei
Água: naipe de Copas, figura da Dama
Ar: naipe de Espadas, figura do Cavaleiro
Terra: naipe de Ouros, figura do Valete
As 16 figuras também podem ser compreendidas como combinações dos quatro elementos,
ou seja: 4 x 4 = 16:
Nesse quadro de referência, as figuras dos Arcanos Menores podem ser consideradas
expressões dos quatro naipes e dos quatro elementos. Cada uma das quatro figuras de
cada naipe concentra em si as características de um dos elementos, além de possuir as do
naipe a qual pertence. Desse modo, o Rei de Paus representará uma dupla influência de
Paus e do elemento fogo. Pela mesma razão, a Dama de Copas representa a pura essência
desse naipe, o mesmo acontecendo com o Cavaleiro de Espadas e o Valete de Ouros.
Fontes e detalhes sobre as figuras
Nos tópicos sobre as figuras — Reis, Rainhas, Cavaleiros e Valetes — apresentamos
significados que lhes são atribuídos comumente nos manuais sobre o Tarô e a cartomancia.
Constituem uma simples referencia para o estudo e não devem ser consideradas como
tabelas de leitura, nem sínteses adivinhatórias.
Não podemos esquecer que o Tarô é uma linguagem simbólica que nos ajuda a desenvolver
a arte combinatória. Reduzi-lo a um simples receituário é depreciar sua maior riqueza.
Mesmo em sua utilização mais ampla, como orientação prática para situações de vida, cada
carta pode ser lida por oposição, contraste ou analogia com todas as outras restantes que
compõem uma tiragem. O significado de cada carta varia em relação ao conjunto, à
questão colocada e, principalmente, com o nível de compreensão de quem faz a
leitura.
• As Figuras. Texto de Joana Trautvetter em que a taróloga apresenta as figuras por grupos de
personagens – Reis, Rainhas, Cavaleiros e Valetes – e estabelece suas relações com o Tetragama da
Cabala. A ilustrações pertencem ao Tarô da própria autora: As figuras dos arcanos menores
Fontes consultadas para os textos de Introdução
Nos resumos, sobre cada figura, constam comentários de Albert Cousté, em O Tarô ou a máquina de
imaginar. A interpretação de cada carta foi dividida em dois blocos:
O primeiro — Significados gerais — apresenta os conceitos mais amplos, que incluem o material
organizado por Paul Marteau, em O Tarô de Marselha, tradição e simbolismo, publicado pela Editora
Objetiva.
O segundo bloco — Interpretações usuais na cartomancia — apresenta o sentido adivinhatório das
figuras baralho de jogar, sem a Rainha) e são extraídos das definições estudadas por Gwen le
Scouézec (Encyclopédie de la Divination, Paris, 1965; págs. 257; 271), baseadas nos quatro métodos de
leitura mais antigos e populares usados na Europa:
• na primeira linha há a definição do chamado "Antigo Método Simbólico";
• na segunda, a que corresponde ao método sintético italiano;
• na terceira, o método francês;
• e na quarta um extrato do famoso e arbitrário "Grande Eteilla". Exceto no caso do
método italiano, os respectivos oráculos têm sentido positivo (+) e negativo (-).
• uma quinta linha tem como referência diferentes métodos populares de leitura (com as
quatro figuras do Tarô original).
• a última linha traz excertos do antigo livro da Editora Pensamento, Taro Adivinhatório.
Para conhecer as demais fontes veja: Bibliografia
Os Reis
Compilação de
Constantino K. Riemma
Nas tradições primordiais o rei era considerado o modelo do herói. Como imagem
arquetípica é a representação do homem universal; é o Adam Kadmon dos cabalistas, o
Adão terrestre, que leva o propóstito da encarnação ao seu maior potencial. Como Adão, é
também metáfora transparente do pai, do fundador dos povos, do poder gerador.
Rei de Paus
Significados gerais
Sucesso material conquistado através de um trabalho preciso,
equilibrado e executado com firmeza.
• enrola, não faz média : O rei mais charmoso e sedutor de todos
O magnetismo do Rei de Paus. Drika Gomes apresenta essa figura decidida, o tipo de homem que não
• Que Rei você é? Titi Vidal relaciona os tipos masculinos às figuras da corte: O Rei de Paus
• Rei de Paus, o intelecto de fogo. Texto de Jaime E. Cannes : A figura e sua mensagem
Rei de Ouros
Significados gerais
Domínio das construções e realizações materiais, através da ciência e do
conhecimento prático..
• Rei de Ouros, o intelecto da terra. Texto de Jaime E. Cannes : A figura e sua mensagem
• Que Rei você é? Titi Vidal relaciona os tipos masculinos às figuras da corte : O Rei de Ouros
Rei de Espadas
Significados gerais
Sucesso, homem em sua inclinação para as atividades intelectuais,
mentais, quando acompanhadas pela reflexão.
Rei de Copas
Significados gerais
Renúncia à personalidade voluntária a fim de se abrir confiante ao
Universo.
• personagem nos arcanos menores : As figuras dos reis nos quatro naipes
Os Reis do Tarot. Pais e líderes. Jaime E. Cannes reavalia os significados masculinos desse
• homem que guardou a relíquia de Santo Estevão no Brasil : Um símbolo da coroa real
O Rei de Ouros e a Sagrada Coroa Húngara. Jorge Purgly repassa a história da Vovó Dora sobre o
Compilação de
Constantino K. Riemma
A Rainha de Espadas apóia a mão esquerda sobre o ventre, num gesto que a iconografia
relaciona com as mulheres grávidas.
Rainha de Paus
Significados gerais
Princípio feminino e maternal. Fecundidade ou virgindade. Atração e
proteção. Simbolismo lunar; água, mar. Receptividade, temperança,
sabedoria. Mãe, esposa, namorada.
• Que Rainha você é? Titi Vidal relaciona os tipos femininos às figuras da corte: A Rainha de Paus
• Rainha de Paus, o sentimento de fogo. Texto de Jaime E. Cannes: A figura e sua mensagem
* * *
• Rainha de Paus no também chamado Baralho Cigano: Texto completo
Carta 7 - Serpente, no baralho Petit Lenormand. Geraldo Spacassassi apresenta os significados da
Rainha de Ouros
Significados gerais
O trabalho intuitivo que deve preceder qualquer construção, qualquer
troca, a fim de que sejam realizadas do melhor modo possível.
• Rainha de Ouros, o sentimento da terra. Texto de Jaime E. Cannes: A figura e sua mensagem
• Que Rainha você é? Titi Vidal relaciona os tipos femininos às figuras da corte: A Rainha de Ouros
Rainha de Espadas
Significados gerais
Escutar a intuição antes de agir; despertar através da concentração
experiências sobre as questões que devem ser enfrentadas.
• Mental: julgamento baseado na intuição.
• Anímico: proteção dos sentimentos pela percepção íntima de suas
possíveis conseqüências.
• Físico: Físico: sem muita ação no plano material; sua força está mais
no planejamento que na ação. No caso da saúde, pode indicar médicos
ou remédios pouco eficazes.
• (–) injustiças, calúnias.
Interpretações usuais na Cartomancia
• Viúva triste e atormentada. (+) deseja um novo parceiro.
• Viúva triste, morena e invejosa.
• Mulher má, ciumenta e rancorosa. Desfavorável.
• Viuvez, divórcio, separação. (-) mulher má.
• A mulher. Caluniadora. Causa danos
• Viuvez, pobreza, privação, falta. Mulher triste e embaraçada nos seus negócios ou viúva.
Se for uma moça que consulta, será traída por aquele a quem ama. Grandes lutas por
causa de mulheres, ódios femininos, perigos por ciúmes de mulheres.
• Que Rainha você é? Titi Vidal relaciona os tipos femininos às figuras da corte: A Rainha de Espadas
• Rainha de Espadas, o sentimento do ar. Texto de Jaime E. Cannes: A figura e sua mensagem
Rainha de Copas
Significados gerais
Sentimentos de altruísmo que o ser humano tem no fundo de si, mas
que só pode manifestar atráves do esforço cotidiano de dedicação e
afeição.
• paralelo com o arcano menor e propõe questões estimulantes : Uma opção em aberto
Entre a Rainha de Copas e Alice, quem sou eu? Mônica Barcelos coloca o filme de Tim Burton em
• atropelos e desconsiderações que se tornaram usuais : A crise afetiva no mundo moderno
Vossa Majestade, a Rainha de Copas. Cristina Guedes aprofunda sua abordagem do arcano diante dos
• Rainha de Copas, o sentimento da água. Texto de Jaime E. Cannes: A figura e sua mensagem
• Que Rainha você é? Titi Vidal relaciona os tipos femininos às figuras da corte: A Rainha de Copas
• as quatro rainhas
Teste: qual Rainha você é? Michele Serinolli propõe as questões de referência: Os quatro elementos e
• Que Rainha você é? Titi Vidal relaciona os tipos femininos às figuras da corte: Seus atributos
• O que as rainhas indicam. Doze tarólogos comentam uma jogada em que, curiosamente, as quatro
rainhas do arcanos menores sairam ao mesmo tempo. Um rico painel com vários ângulos de
interpretação: Os aconselhamentos das rainhas
Links para os autores: [1] Anamaria Traldi, [2] Betoh Simonsen, [3] Flávio Alberoni,
[4] Isabel Cristina Roveda, [5] Joana Trautvetter, [6] Lya Córdoba, [7] Lívia Krassuski,
[8] Luiz Felipe Camargo Pinheiro, [9] Teca Mendonça, [10] Titi Vidal, [11] Constantino
• para: Iniciantes
Baralho Petit Lenormand e Baralho Cigano. Geraldo Spacassassi faz um resumo das 36 cartas
Os Cavaleiros
Compilação de
Constantino K. Riemma
A figura do cavaleiro talvez seja a mais rica quanto às possibilidades de relatos históricos,
visto responder a um simbolismo relacionado ao ritual das ordens de cavalaria.
Neste sentido, é notável a coincidência entre o
período de formação do Tarô e a histórica e
lendária Ordem dos Templários, fundada sob
os muros de Jerusalém, em 1118, e aniquilada
pela aliança entre o papa Clemente V e o rei
francês Filipe, o Belo, entre 1307 e 1314.
O caráter esotérico dos Templários, seus ritos,
seus contatos comprovados com os
sobreviventes orientais da gnosis alexandrina,
e seu fim espetacular devem ter influído na
visão que os gravuristas — Les imagiers du
Moyen Age — projetaram nas cartas da corte.
A terrível conclamação de Jacques de Molay*,
na fogueira do suplício foi amplamente
comentada entre os iniciados medievais e não
é impossível que a sombra dos cavaleiros
brancos tenha dado origem a esse personagem
que rompe o simbolismo trinitário e familiar
das figuras do Tarô.
Cavaleiro de Paus
Significados gerais
Dinamismo unificador, poder de atuar. Transmissor de vida e atividade.
Os fatos imediatos e transformadores, clima e disposição dos
acontecimentos. Incubação de energias materiais e de ação colocadas à
disposição do ser humano.
Executivo, filho mais velho, namorado.
• Mental: atividade inteligente e intuitiva para lidar com questões
práticas, ação e realizações felizes.
• Anímico: amizades, afetos, associações. Atividade protetora.
• Físico: realização harmoniosa. Sucesso em negócios.
Saúde: restabelecimento, renovação de vida.
Cavaleiro de Ouros
Significados gerais
Condução calma das energias práticas e mentais para construir uma obra
sólida e durável.
• Mental: inteligência para construir na matéria; resolução de problemas
geométrico e arquitetônicos.
• Anímico: sentimentos afetivos, calmos, estáveis, progressivos.
• Físico: orientação segura para resolver problemas nos negócios e nos
empreendimentos. Saúde boa. Cura assegurada.
• (–) impedimentos na ação
• Figuras da corte no naipe de Ouros. Apresentação de Sandra Ayana na Jornada sobre os Arcanos
Menores promovida pelo Clube do Tarô : Realizações de bens materiais
• Cavaleiro de Ouros, a ação da terra. Texto de Jaime E. Cannes : A figura e sua mensagem
• Os rapazes do tarô. Titi Vidal compara a carta com os tipos masculinos : O Cavaleiro de Ouros
Cavaleiro de Espadas
Significados gerais
Comando rápido; prontidão diante de acontecimentos inesperados e dos
imprevistos do destino.
Interpretações usuais na Cartomancia
• Bravura, perícia. Força e ímpeto de um homem jovem. Ação heróica. Investida
impetuosa para o desconhecido, sem temor.
• Antagonismo, guerra.
• O inimigo. Notícia destorcida. Más notícias. Incapacidade, imprudência.
• Ataque, agressão, crítica, sátira, zombaria, calúnia, difamação, oposição, resistência.
Perigo pelo fogo ou por inimigos ocultos, lutas com pessoas de posição. Aptidão para a
carreira militar, porém perigo de morte nesta profissão.
• O Cavaleiro de Espadas: o herói puro. Estudo de Glória Marinho : Todos nascemos para ser heróis
• Cavaleiro de Espadas, a ação do fogo. Texto de Jaime E. Cannes : A figura e sua mensagem
• Os rapazes do tarô. Titi Vidal compara a carta com os tipos masculinos : O Cavaleiro de Espadas
Cavaleiro de Copas
Significados gerais
O elemento sensível e afetivo do ser humano, capaz de impulso generoso
e de devoção.
• Mental: ideias fecundas, inspiração, intuições espontâneas, acuidade,
dom de pressentir.
• Anímico: florescimento de dons artísticos. Ânimo para a realização dos
ideais.
• Físico: casamentos felizes, bem combinados.
Ótima saúde.
• (–) atrasos e embaraços
• diferentes contextos históricos. Inclui significados seus simbólicos : Os Cavaleiros nos quatro naipes
Os Cavaleiros no Tarot : A ação expansiva. Jaime E. Cannes faz apreciações sobre essa figura em
Os Valetes ou Pajens
Compilação de
Constantino K. Riemma
Seu simbolismo básico é o de filho, num
sentido estático, e de mensageiro ou peregrino,
num sentido dinâmico. É o que soluciona os
conflitos emanados das outras três figuras e,
por contraposição, o grau inicial da via
iniciática. Nesta acepção – e também por sua
riqueza potencial – pode ser relacionado aos
arcanos maiores como o 1. O Mago, 12. O
Pendurado e 22. O Louco.
O Valete (ou Pajem), como o próprio nome
sugere, pode ser entendido como o ajudante,
aquele que presta serviços pessoais. Esse nome
vem do francês valet (séc. XII: vaslet, varlet),
e significa "jovem proveniente de uma casa da
nobreza, ainda não armado cavaleiro, que
executava vários trabalhos, em geral funções
de pajem ou de escudeiro a serviço de um
senhor". [Dic. Houaiss]
Dois dos valetes do Tarô clássico (copas e
paus) estão em atitude de marcha: um deles
para a esquerda, e o outro para a direita. Os
dois outros permanecem de pé, de frente, e
com as pernas separadas. Trazem os atributos
das suas séries: chapéu (espadas e ouros) e
gorro (paus).
Valete de Paus
Significados gerais
Fruto, produto, acabamento. Mensageiro, ajudante, servidor. Ofertas e
oportunidades que vêm de fora. Coisas em potencial, ainda sem força
suficiente para se concretizar.
Filho mais novo, o jovem, o dependente.
Fermentação das energias materiais de que o ser humano dispõe e que
sempre o incentivam a agir.
• Mental: coisas levadas ao ponto de realização, prontas para serem
utilizadas. Planejamento de algo que dará certo.
• Anímico: união próxima que prepara sua manifestação, sua realização
física.
• Físico: atividade próxima. Saúde recuperada. Encaminhamento de algum
negócio que está sendo preparado e passará do projeto à concretização.
• (-) atraso, confusão em projetos recentes.
Interpretações usuais na Cartomancia
• Casamento. (-) oposição dos pais à esperada união.
• Amante.
• Filho fiel. Amigo favorável.
• Tentativa de unir. (-) intenção de desunir.
• O parente. (-) fracasso, prisão, desgraça. O mesmo, embora atenuado.
• É o enviado, o empregado; comunicação, aviso, advertência. Um namorado, um jovem
que procura uma moça. Ao lado de uma senhora, anuncia êxito. Ao lado de uma figura
masculina, indica que alguém falará por ele. (-): obstáculo e oposição dos pais do moço
ao casamento. É o símbolo da ruína por empreendimentos infrutíferos e combinações
errôneas. Profissões inferiores. Mau emprego das faculdades. Este Arcano diz: “Seus
trabalhos são infrutíferos; jamais colherá os frutos e a miséria o alcançará, se não
abandona os seus vãos projetos. Desconfia dos interesses egoístas e das paixões dos
que orodeiam, se não quiser cair na servidão”.
• Valete de Paus, o corpo de fogo. Texto de Jaime E. Cannes: A figura e sua mensagem
• Os rapazes do tarô. Titi Vidal compara a carta com os tipos masculinos: O Pajem de Paus
Valete de Ouros
Significados gerais
Anúncio de realizações dos projetos, concebidos em harmonia com o Alto
e o baixo.
Avaliação dos recursos disponíveis para a execução dos projetos.
• Mental: inteligência realizadora, escolha acertada dos meios
necessários a um empreendimento.
Valete de Espadas
Significados gerais
Planejamento.
Elaboração mental do ser humano quando se dispõe a agir.
Reunião das informações necessárias para os planos futuros.
• Mental: acontecimentos em marcha, que estão próximos.
• Valete de Espadas, o corpo do ar. Texto de Jaime E. Cannes: A figura e sua mensagem
• Os rapazes do tarô. Titi Vidal compara a carta com os tipos masculinos: O Pajem de Espadas
Valete de Copas
Significa
dogerais
Recurso espiritual, feliz, que alcança o ser humano quando sua evolução
psíquica é acompanhada pela oferenda da alma.
• O Números: apresenta um resumo simbólico para iniciantes e oferece links para estudos de
aprofundamento: Símbolos numéricos
• cada naipe e dos significados nas tiragens das cartas : O aval para as cartas numeradas
A imagética dos Ases. Glória Marinho faz um estudo dos quatro ases, de seu simbolismo em relação a
• evolutiva pode ser retratada pela sequência das 40 cartas numeradas: A jornada no mundo prático
A viagem da Alma nos arcanos Menores. Artigo de Jaime E. Cannes indicando como a jornada
• Uma reflexão sobre o Naipe de Espadas: Instinto. Ivan Mir apresenta sua versão sobre as
correlações entre os quatro elementos e os naipes com foco nas cartas de espadas : Instinto
Aqui, os dados sobre as cartas de cada naipe, estão divididos em duas partes:
• Significados gerais, de acordo com Paul Marteau, em O Tarô de Marselha, tradição e simbolismo;
com indicações de significados nos planos Mental, Anímico e Físico, bem como o sentido negativo.
• Para ajudar a compreender de modo mais amplo os símbolos das cartas, na seção
de Simbologia existem vários estudos que examinam as relações do Tarô com outras linguagens
simbólicas, em especial nos tópicos Astrologia, Numerologia e Cabala.
Ás de Paus
Significados gerais
Representa a energia material posta nas mãos do Homem para
permitir que resista aos choques vindos do exterior e para servir de
impulso na construção no plano físico.
• Mental: Inspiração no domínio prático, idéia ativadora que surge no
decorrer de um empreendimento.
• Anímico: Sentimentos além dos limites, um tanto exagerados, mais
expressivos que afetivos.
• Físico: Negócios ativos, brilhantes. Êxito através da força. Saúde
superabundante, excesso de sangue gerando uma atividade
constante.
• (–): Falta de energia. Constante recomeço. Forças que se anulam
entre
si. Impulsividade.
• cada naipe e dos significados nas tiragens das cartas: O aval para as cartas numeradas
A imagética dos Ases. Glória Marinho faz um estudo dos quatro ases, de seu simbolismo em relação a
Dois de Paus
Significados gerais
Simboliza um potencial interior que tende a se expandir.
• Mental: Bom julgamento, compreensão racional, idéias bem
• Também pode significar surpresa, admiração, encantamento, emoção, perturbação,
temor.
• Indica sofrimento físico, doença, tristeza, melancolia, aflição, desolação, temor. Denota
divisão dos empreendimentos, obstáculos imprevistos.
Três de Paus
Significados gerais
Indica o emprego da energia necessária para tomar consciência de
suas próprias resistências a fim de as disciplinar, coordenar, para que
sirvam de apoio aos trabalhos futuros.
• Mental: Discernimento; desvendamento de segredos ou de assuntos
incompreensíveis. Intuição das coisas ocultas.
• Anímico: Demasiado ativo para ser sensível; a pessoa se afasta do
lado afetivo, evita as sutilezas.
• Físico: Negócios ativos, direção exercida com autoridade. Saúde boa,
nervosa, ativa.
• (–): Atividade sem descanso.
Quatro de Paus
Significados gerais
Representa o trabalho proveitoso do Homem para atingir seus fins
através da energia material.
• Mental: Decisão, autoridade nos julgamentos.
• Anímico: Proteção, segurança nos afetos. Espírito de fraternidade.
Cinco de Paus
Significados gerais
Afirmação do livre arbítrio do ser humano para não se estagnar nas
energias opressoras do mundo material e elevar-se a planos
vibratórios mais sutis.
• Mental: Espírito de decisão, podendo voltar-se para a dominação,
para o autoritarismo.
• Anímico: Sentimento dominador, protetor; vontade individualista.
• Físico: Sucesso que repousa em bases sólidas. Negócios de grande
alcance; transportes, importação e exportação. Boa saúde, com
excesso de energia vital.
Seis de Paus
Significados gerais
Simboliza o esforço do ser humano para disciplinar seus instintos e,
com isso, garantir segurança para o seu futuro.
• Mental: Invenções, capacidade para concretizar os projetos.
• Anímico: Amor profundo. Perpetuação, renascimento das cinzas.
Sete de Paus
Significados gerais
Representa a possibilidade de sucesso para o Homem através do
esforço e do trabalho ativo e contínuo.
• Mental: Determinação. Poder de decisão em qualquer assunto.
• Anímico: Grande irradiação, efeito mais em extensão do que em
profundidade. Sentimentos expansivos. Facilidade para falar, realizar
pregações, fazer animações.
• Físico: Negócios em plena atividade e rendimentos, provocando
muita movimentação. Saúde excelente, atividades em excesso.
• (–): Excesso de trabalho.
Nove de Paus
Significados gerais
Simboliza o Homem que sabe aproveitar o equilíbrio que realizou em si
próprio para controlar suas energias e tem condições de determinar o
momento exato para tomar suas decisões.
• Mental: Clareza de julgamento, inspiração no uso das energias.
• Anímico: Sentimentos humanitários, cavalheirescos. Devotamento e
proteção física.
• Físico: Invenções, negócios criativos. Liderança estimuladora e
inovadora. Ótima saúde, harmoniosa.
Dez de Paus
Significados gerais
Representa a vontade enérgica e esclarecida do Homem, que poderá
manifestar, com persistência e independência, as experiência que
acumulou no plano material.
• Mental: Inspiração com relação ao domínio que pode ser alcançado
no plano psíquico.
• Anímico: Sentimentos familiares elevados. Fundação de uma
linhagem, com bases sólidas.
• Físico: Prosperidade nos negócios e empreendimentos. Saúde
equilibrada.
• Significa a opressão, mas é também fortuna, lucro, qualquer espécie de sucesso; pode,
então, representar a pressão das próprias conquistas. E também uma carta de falsa
aparência, disfarce, traição. Se o assunto for uma demanda judicial, pode haver certo
prejuízo.
• (–) Contrariedades, dificuldades, intrigas.
• Indica cidade estrangeira, o exterior. Denota prosperidade, ganho, êxito. Porém, se for
seguida de Nove de Espadas, indica insucesso, perda de processo. Representa viagens,
empreendimentos que têm toda a probabilidade de êxito e estabilidade. Êxito, reputação,
celebridade pelas artes ou ciências. Alta recompensa devida ao mérito. Realização de atos
que darão alegria e segurança.
• maior nº 1 e a décima carta numerada do naipe de paus : Os desafios do excesso de vontade
Quando o Mago encontra o Dez de Paus. Sara Bonfim indica correlações símbólicas entre o arcano
Atu
Ás de Ouros
Significados gerais
Simboliza o reservatório das atividades em todos os planos, em todas as partes do
Cosmo. Representa o desejo que o Homem tem de projetar obras completas feitas à
sua imagem e capazes de vir à luz espontaneamente.
• Mental: Contribuição ativa, bem equilibrada e realizadora.
• Anímico: Brilho, crescimento.
• Físico: Oportunidades que tanto podem ser adiadas ou antecipadas. Lucros
ampliados. Afirmação de sucesso. Saúde exuberante.
• Ás de Ouros, a força do elemento terra. Texto de Jaime E. Cannes: A figura e sua mensagem
• A imagética dos Ases. Glória Marinho faz um estudo dos quatro ases, de seu simbolismo em relação a cada naipe e dos
significados nas tiragens das cartas: O aval para as cartas numeradas
Dois de Ouros
Significados gerais
Representa iluminação íntima que dinamiza a inteligência com vistas a realizações
futuras.
• Mental: Apoio para uma atividade, desde o espiritual ao material, como uma
inspiração que provoca idéias realizadoras e soluções aos problemas.
• Anímico: Facilidade de aproximação dos seres tanto no espírito como no
sentimento.
• Físico: Confiança, mas de forma sutil. Apoio que tem base no plano da alma,
como a fé, que facilita a realização.
• Por um lado, é apresentada como uma carta de alegria, recreação, diversão; mas também é lida como
notícias e mensagens por escrito, obstáculos, agitação, perturbação, intrigas.
(-) Alegria forçada, prazer simulado, sentido literal, caligrafia, composição, letras de câmbio.
• Representa mensagem, carta, correspondência, bilhete. Obstáculos, embaraços, empreendimentos.
Significa fortuna dividida, porém probabilidade de associação produtiva.
Detalhe iconográfico
Dois de Ouros por: Jean Noblet (1650), Jean Dodal (1701), B.P. Grimaud (1748) e Joseph Feautrier (1762)
As cartas dos tarôs clássicos de Noblet e Dodal foram restauradas por Jean-Claude Flornoy;
a do P.B. Grimaud, revista por Paul Marteau; a de Joseph Feautier é foto da edição original.
Os tarôs clássicos trazem uma faixa que contorna as duas moedas. Em quase todos os exemplares, essa
faixa é preenchida com o nome do impressor e, muitas vezes, informam a data da gravura ou o nome
da cidade em que foi impressa.
Prática semelhante acontecia no escudo da carrugem do arcano VII, onde eram adicionadas as iniciais
dos impressores. Confira as ilustrações na parte final do texto O Carro.
Três de Ouros
Significados gerais
Indica uma expansão mental através de um trabalho construtivo e regenerador.
• Mental: Relação com grandes intuições, com revelações do conhecimento. É a
• (–): Abatimento, adiamentos.
Quatro de Ouros
Significados gerais
Simboliza o ideal interior do homem, que dirige suas manifestações em todos os
planos, dando força realizadora.
• Mental: Grandes inteligências organizadoras e realizadores, capazes de
concretizações importantes.
• Anímico: Realização impessoal, como é o caso do serviço à coletividade. Em
assuntos comuns representa uma corrente superior que pode ultrapassar a
capacidade de utilização pelas pessoas envolvidas.
• Físico: Negócios importantes, com grande repercussão. Boa saúde, vitalidade
excelente, longevidade.
Cinco de Ouros
Significados gerais
Indica o homem diante das solicitações de sua consciência ativa em todos os
domínios, utilizando sua capacidade construtiva com uma atividade harmoniosa e
equilibrada.
• Mental: Ganhos em movimento. Projetos que tomam corpo.
• Anímico: Afinidades que podem levar às parcerias e casamento. Afeições
fortalecidas.
• Físico: Lucro assegurado, aumento de clientela. Segurança quanto à saúde.
• (–): Diminuição do impulso, mas sem impedir a realização dos propósitos.
Seis de Ouros
Significados gerais
Representa o aperfeiçoamento interno que o homem realiza através do esforço de
conciliação das correntes do Alto com as de baixo, que permite o equilíbrio nas
realizações.
• Mental: Esforço ou sacrifício necessário ao sucesso. Capacidade para realizar as
tarefas difíceis quando a obrigação se apresenta.
• Anímico: Renúncia a si mesmo; abnegação afetiva.
Interpretações usuais na Cartomancia
• Presentes, donativos, gratificação. Atenção, vigilância; também o tempo aceito, prosperidade
presente.
• (-) Desejo, cobiça, inveja, ciúme, ilusão.
• Indica aspirações, ambições, esperanças, desejos. Denota bens inesperados, porém perigo de perdê-
los por meio de falsos amigos.
Sete de Ouros
Significados gerais
Indica o estímulo ao homem para a ação e as decisões que deve tomar a fim de
modificar por si mesmo um estado instável.
• Mental: Enorme atividade de espírito com facilidade de exposição e de
organização.
• Anímico: Brilho nos sentimentos, vibração incomum, que pode atingir as massas.
• Físico: Empreendimentos de envergadura e grande atividade. Saúde rica por seu
dinamismo interno.
• (–): Lentidão, entorpecimento. Parada e até falência.
Oito de Ouros
Significados gerais
Simboliza a compreensão do homem que, ao comparar o que está no Alto com o
que está embaixo, atua do conhecido para o desconhecido, recebendo à medida
que dá.
• Mental: Necessidade de um esforço exatamente proporcional ao que se deseja
obter. As coisas não acontecem por si mesmas: é preciso de esforços para obter
um resultado.
• Anímico: Proporciona segurança, mais na amizade do que no amor. Não é um
arcano sentimental.
• Físico: Trocas proporcionais. Empreendimentos bem encaminhados,
principalmente do ponto de vista comercial.
Nove de Ouros
Significados gerais
Representa o trabalho amplo, altruísta e equilibrado do homem com a finalidade de
sua união com o mundo.
• Mental:Conhecimentos vastos, aprofundados. Inteligência que se abre a
concepções amplas, à filosofia, aos ensinamentos.
• Anímico: Sentimentos ricos, elevados. Também amores à primeira vista, intensos.
Brilho.
Interpretações usuais na Cartomancia
• Prudência, segurança, sucesso, consecução, certeza, discernimento.
• (-) Trapaça, decepção, projetos vãos, má fé.
• Pequeno atraso nos negócios, êxito, segurança, realização. Significa fortuna proveniente de
falecimentos, fontes misteriosas e estudos científicos.
Dez de Ouros
Significados gerais
Simboliza a totalização harmoniosa que permite ao homem penetrar no fundo de
algumas coisas e organizá-las para o bem de outras.
• Mental: Espírito universal, sábio, conhecedor dos princípios da matéria.
• Anímico: Brilho, amor pelas grandes causas, apoteose.
Ás de Espadas
Significados gerais
Representa a força ativa que o homem desenvolve com firmeza e
compreensão para o triunfo de seu ideal.
• Mental: Esclarecimento intelectual, precisão e clareza.
• Anímico: Ausência de sentimentalismo. Esta carta coloca o
sentimento apenas na fé, no misticismos ou nas convicções
profundas.
• Físico: Saúde. Desenvolvimento progressivo. Bom estabelecimento
das coisas. Recuperação do potencial nervoso.
• (–): Preguiça mental. Displicência. Falta de energia. Debilidade.
• Triunfo, o grau excessivo de tudo, conquista, vitória pela força. É uma carta de grande
força, tanto no amor como no ódio. A coroa pode ter um significado muito mais alto do
que tem habitualmente na esfera da leitura da sorte. Também é interpretada como
concepção, nascimento, aumento, multiplicidade.
• (-) Triunfo, mas os resultados são desastrosos. Em certos casos significa violência.
Interrupção brusca da vida.
• Relações, encadeamento, conquista, êxito no amor, paixão, vantagens conquistadas à
força. Seguida por Dez e Nove de Espadas, denota notícia de morte, grandes tristezas,
traições íntimas, roubo. Indica grandes lutas, empreendimentos que se realizarão, apesar
dos obstáculos.
No Baralho Lenormand e Baralho Cigano:
Carta 29 - Dama. Se o consulente for uma Mulher indica que está sendo
convidada a se repensar como “Mulher”: avaliar se está conseguindo
harmonizar e equilibrar seu gênero biológico, feminino (Dama), com os
aspectos racionais e masculinos no íntimo de seu ser (Ás de Espadas).
Se for um Homem: representa o chamado para repensar seus conceitos a
respeito das mulheres, ou admitir que o desafio que enfrenta no momento
depende da ação, apoio ou ajuda de uma mulher. [G. Spacassassi - Resumos]
• cada naipe e dos significados nas tiragens das cartas : O aval para as cartas numeradas
A imagética dos Ases. Glória Marinho faz um estudo dos quatro ases, de seu simbolismo em relação a
Dois de Espadas
Significados gerais
Representa a interrupção de uma ação concreta, com vistas a um
posterior enriquecimento, que se destina a amadurecer este
empreendimento.
• Mental: Equilíbrio estático. Ausência de atividade.
• Anímico: Riqueza de sentimentos em potencial.
• Físico: Negócios frustrados, obstáculos, prostração. Hipertensão,
circulação lenta.
Três de Espadas
Significados gerais
Indica o trabalho ativo da consciência determinando ações precisas.
• Mental: Decisão, afastamento da hesitações.
• Anímico: Desprendimento, nitidez nos sentimentos, clara perspectiva
das coisas.
• Físico: Apoio, aporte de energia. Evolução clara e direta nos
negócios. Saúde muito boa.
• (–): Em caso de doença, pode indicar obstáculos, demora na cura.
Quatro de Espadas
Significados gerais
A alegria, o ardor interior do ser humano, criado através do trabalho e
da atividade construtiva.
• Mental: Riqueza de fluidez.
• Anímico: Sentimentos seguros e profundos; união sem perturbação.
• Vigilância, retiro, solidão, repouso do ermitão, exílio, túmulo e féretro. Boa administração,
circunspecção, economia, avareza, precaução, testamento.
• Indica solidão, retiro, ermida, segurança, vigilância, economia, boa conduta. Afastamento
da vida social, em conseqüência de contrariedades e desgostos.
• no tarô Rider-Waite com simbolos das artes marciais : Reflexões sobre a Arte da Guerra
Quatro de Espadas: da desistência à meditação. Giancarlo Kind Schmid mostra as conexões da carta
Cinco de Espadas
Significados gerais
Decisão tomada pelo homem para acabar com as dificuldades trazidas
por sua estagnação no mundo material.
• Mental: Pensamento instintivo, claro. Decisão. Percepção
compreensiva dos acontecimentos.
• Anímico: Tende a ver o lado intelectual dos problemas psicológicos.
ou interrupções muito sérias.
Seis de Espadas
Significados gerais
Atividade mental do ser humano dirigida por ele para realizar a
organização e a conciliação das forças materiais.
• Mental: Idéias criativas, percepção de empreendimentos a serem
realizados, início de idéias renovadoras.
• Anímico: Proteção efetiva e reconfortante. Relações práticas entre as
pessoas.
• Físico: Gestação, maternidade. Negócios que se desenvolvem com
equilíbrio. Harmonia. Segurança.
• (–): Desordens materiais. Problemas nos negócios. Prejuízos e
diminuições. Afinidades com o lado mal e com a discórdia.
Sete de Espadas
Significados gerais
Representa a prova a que o ser humano é obrigado a se submeter para
tomar ciência de um saber sem o qual não conseguiria penetrar em
seu sentido interior.
• Mental: Compreensão das coisas, idéias claras, julgamento
equilibrado.
• Anímico: Harmonia, psiquismo, altruísmo, união, concordância de
pontos de vista.
• Físico: Encaminhamento harmonioso, bons resultados.
• (–): Depressão, dúvidas, falta de inspiração, tentativas tímidas para
se libertar.
Oito de Espadas
Significados gerais
Esforço de libertação do homem através de uma evolução interior,
resultante de suas atividades mentais, como uma recompensa dada
pelo destino.
• Mental: Elevação de espírito, compreensão do esforço espiritual, do
impulso místico.
• Anímico: Desinteresse, amor dirigido às massas, apostolado.
• Físico: Estabilidade na ação, melhores resultados mais de ordem
espiritual que material
• (–): Estagnação devido a uma posição alcançada, que deverá ser
rompida para estender-se em outras direções.
• proposto pelo 8 de Espadas no Waite Tarot : O medo de morrer e o medo de viver
O Oito de Espadas e o medo da morte. Reflexões de Cris Muiños sobre a aceitação ou não do cenário
• Lenormand na Europa e sua versão como Baralho Cigano no Brasil : O Jardim e a Árvore
Jardim x Colheita. Baralho Cigano e Orixás. Observações de Alexsander Lepletier sobre o baralho
Nove de Espadas
Significados gerais
Representa a necessidade do homem realizar um trabalho
perseverante para se livrar daquilo que significaria uma estabilidade
Interpretações usuais na Cartomancia
• Morte, fracasso, malogro, atraso, decepção, desaponto, desespero. Prisão, suspeita,
dúvida, temor fundado, vergonha.
• Decepção, desengano, atraso em negócios. Sendo seguida de Nove de Ouros ou de Ás de
Paus, denota dinheiro que será recebido com atraso. Indica também desgosto, lutas
misteriosas, perigo de morte, moléstia grave, envenenamento, inimizades poderosas. É
necessário prudência e discrição para vencer obstáculos.
Dez de Espadas
Significados gerais
Representa o senso anímico do homem que, quando iluminado pelo
equilíbrio harmonioso de suas experiências, pode agir com
conhecimento de causa e consegue realizar à sua volta envolvimentos
afetivos, que cuidam e protegem suas criações.
• Mental: Julgamento eqüitativo, humanitário.
• Anímico: Satisfação e acordo místico, principalmente sentimento,
num amor depurado. Afeição muito elevada.
• Físico: Atitude feliz diante dos acontecimento, através de
autodomínio e de equilíbrio sentimental. Negócios ajudados
providencialmente. Saúde que precisa mais de apoio nervoso do que
físico; possibilidade de anemia.
• Das cimitarras bastardas: para o estudo do naipe de Espadas nos baralhos clássicos. Emanuel J
Santos encara, com bom humor, o desafio de refletir sobre os arranjos das espadas no desenhos antigos
do tarô e associá-las à prática da cartomancia : Espadas bastardas
• Uma reflexão sobre o Naipe de Espadas: Instinto. Ivan Mir apresenta sua versão sobre as
correlações entre os quatro elementos e os naipes com foco nas cartas de espadas : Instinto
Ás de Copas
Significados gerais
Representa no ser humano a elaboração íntima das riquezas adquiridas
em todos os plano do sentimento.
• Mental: Julgamento claro, inspirado, contra o qual não há recurso.
• cada naipe e dos significados nas tiragens das cartas : O aval para as cartas numeradas
A imagética dos Ases. Glória Marinho faz um estudo dos quatro ases, de seu simbolismo em relação a
Dois de Copas
Significados gerais
Representa o impulso dos desejos materiais que se desagregam e
nutrem as tendências instintivas e egoístas, mas que deixam
experiências, fonte de uma evolução futura.
• Mental: Esclarecimento após um período de obscuridade.
• Indica amor, paixão, inclinação, simpatia, atração, amizade, afeição, benevolência, união,
concórdia.
(–): No amor, este arcano significa que trará rivalidades e obstáculos.
Três de Copas
Significados gerais
Representa a sublimação de uma receptividade instintiva em riquezas
dos sentimentos superiores.
• Mental: Penetração espiritual para organizar assuntos materiais.
• Anímico: Realização psíquica.
• de algum filmes e estabelece relações com o Três de Copas : Os filmes românticos
O Três de Copas e o cinema. Fábio Leite Monteiro comenta uma pesquisa sobre o idealismo romântico
Quatro de Copas
Significados gerais
Simboliza as reservas que o ser humano acumula através de seus
esforços físicos e que para ele se traduzem em proveito quanto a
qualidade e duração.
• Mental: Confiar na intuição e agir sem se perder em análises.
• Anímico: Realização psíquica, contribuições favoráveis e estáveis.
• Físico: Negócio bem estabelecido, bem organizado, que promete ser
estável e duradouro. Segurança quanto à saúde.
• (–): Estagnação, atravancamento, problemas circulatórios.
• Parentesco, família, meio social. Amores sólidos e duráveis, amizades úteis, realização
das esperanças, aproximação de uma grande alegria.
Cinco de Copas
Significados gerais
Representa, por parte do homem, a organização das percepções e da
sensibilidade absorvidas nos níveis mais profundos, para dar impulso
aos sentimentos materiais e atingir o plano espiritual.
• Mental: Clareza de concepção. Domínio sobre os elementos
presentes.
• Anímico: Impulso místico, ternura maternal, sacrifício por amor,
impregnação pelo amor universal.
Seis de Copas
Significados gerais
Representa a evolução dos instintos, dos sentimentos e das intuições
que o homem busca pra realizar o equilíbrio de suas percepções.
• Mental: Julgamento ativo, sólido, completo, definitivo e benéfico,
pois o Arcano representa uma harmonia entre o espiritual e o
material.
• Anímico: Sentimentos fortes, protetores, equilibrados.
• Físico: Negócio estável, garantido, quase inabalável. Saúde robusta,
com tendência a excesso de sangue
• (–): Mal-estar, lentidão, mas momentâneos.
• Uma carta do passado e de lembranças, olhando para trás, para a infância; felicidade,
prazer, porém vindo do passado. Também novas relações, novos conhecimentos, novos
ambientes. O futuro, renovação, que passará logo.
Sete de Copas
Significados gerais
• Pensamento, alma, espírito, entendimento, reflexão. Êxito por meio de uma mulher,
felicidade pelo encontro de uma mulher amorosa, porém depois de muitas lutas e
peripécias.
Oito de Copas
Significados gerais
Representa uma clareza decorrente de um julgamento equilibrado e
seguro que, no entanto, o homem só consegue utilizar quando é
estimulado a abandonar sua passividade.
• Mental: Fixação nos pensamentos e idéias obsessivas.
• Anímico: Afeição de dois seres que não se libertam de si mesmos.
• Físico: Negócios estáveis, que vão bem, mas precisam evoluir.
Saúde: estado doentio que persistirá se não forem tomadas
providências.
Dez de Copas
Significados gerais
• Anímico: Amor equilibrado, sadio. União que se completa em todos
os planos.
• (–): Demoras.
• (Copas) e faz um link para o heavy metal : Wash Away The Poison e Holy Water
Água: a música celebra a vida. Simone Gomes Omega apresenta o simbolismo tradicional da Água
Estudos clássicos
• São raros os estudos de profundidade sobre os Arcanos Menores, à luz de um ensinamento
coerente, como fez G. O. Mebes em Os Arcanos Menores do Tarô como caminho
iniciático. Hermetismo Ético. Nesta obra, o autor trata do simbolismo, iniciações e
passos para a realização espiritual traduzidos pela seqüência dos naipes e das cartas
numeradas. Veja: G.O.M.
• evolutiva pode ser retratada pela sequência das 40 cartas numeradas: A jornada no mundo prático
A viagem da Alma nos arcanos Menores. Artigo de Jaime E. Cannes indicando como a jornada
• Sarani Barrios, no curso dado em 2008 – Cartomancia Cigana – apresenta o modo próprio como os
ciganos da tradição Dohm organizam os significados atribuídos aos arcanos menores:
Os Arcanos Menores
Flamara
Harry Potter Halvorsen
Tarot
Judit Farkas, artista digital
Desenhos de Ellygator inspirados de nacionalidade húngara,
em Harry Potter. recria os arcanos inspirados
em marionetes.
Galeria completa das 78 cartas,
em ótima resolução: Veja sua galeria:
www.ellygator.deviantart. www.flamarahalvorsen.
com/gallery/33789 deviantart.com
Ao lado O Mago Ao
lado O Anjo (Julgamento)
O Tarô de
Commissioned
Vanessa
Cards
Lynyrd-Jym Narciso,
desenhou um tarô As "Cartas Comissárias" de
"feminino" e Crispy-Gypsy seguem o
descompromissado, estilo clássicos das histórias
• Em Promethea do inglês Alan Moore, ilustrados por J. H. Williams III & Mick Gray, a personagem aprende
ocultismo e misticismo. E com o tarô: www.tarotpassages.com/images/PrometheaLovers.jpg e
www.enjolrasworld.com/Annotations/Alan%20Moore/Promethea/Metaphore_files/12pg3.gif
• Morbidly Adorable Tarot Deck (O Jogo de Tarô Morbidamente Adorável) foi criado por Misty Benson com
caveirinhas bem mumoradas: www.behance.net/gallery/Morbidly-Adorable-Tarot-Deck-Images-done-in-
2009/407397
Exemplos de mangás (estilo de quadrinhos
japoneses)
Magic Manga
Manga Tarot
Tarot
A taiwanesa Selena
Criação da suiça Viviane-ch, Lin desenhou uma série de tarô
que informa ter seguido o no estilo Shojo, quadrinhos
estilo de Kaori Yuki japoneses para meninas.
Amostras em: www.viviane- www.aeclectic.net/tarot/
ch.deviantart.com/art/Magic- cards/manga-lin
Manga-Tarot-72159530
Ao lado A Justiça
Ao lado Três de Espadas
O Tarô Mangá Bloop Tarot
Riccardo Minetti & Anna Jogo de cartas desenhado
Lazzarini, criaram um tarô no por Noriyuki Kishi
estilo dos quadrinhos japoneses. O trabalho pode ser
Veja resenha em e apreciado
imagens: www.aeclectic.net/manga em: www.behance.netgallery
-minetti /
bloop-tarot-card/241107
Ao lado Os Namorados
Ao lado a Sacerdotisa
• O Imperador e o Hierofante por LunaticRoseX: www.lunaticrosex.deviantart.com/gallery/?q=tarot
• Um Louco bem elaborado: www.hellobaby.deviantart.com/gallery/?q=tarot